segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

.: "O Crítico Reencontrado": a história do teatro brasileiro do século 20


Mais do que resgatar a trajetória e a obra de Athos Abramo, um dos pioneiros da crítica teatral paulista, numa época em que esta atividade ainda se formava, o livro “Athos Abramo - O Crítico Reencontrado” é importante documento sobre uma notável família de descendentes de imigrantes italianos, responsável por revolucionar o meio jornalístico no século 20. 

Com seus projetos editoriais nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, os Abramo imprimiram seu nome como uma família influente na arte, na política e na imprensa brasileiras. As resenhas de Athos e o depoimento da filha, a professora Alcione Abramo são registros fundamentais sobre a cultura e a urbanização de São Paulo nas décadas de 1940 a 1970. 

Organização de Alcione Abramo e Jefferson Del Rios, a publicação do selo Lucias tem edição da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), entidade responsável, entre outros projetos, pela gestão da SP Escola de Teatro. Editada, em parceria com a editora Giostri e o Itaú Cultural, a obra terá preço de venda popular, de R$ 30.

Filho mais novo de uma grande família, Athos e seus irmãos deixaram marcas de sua importância -  Claudio foi o jornalista responsável pela reformulação / modernização dos dois principais jornais do país, O Estado de S. Paulo (1948-1963) e Folha de S.Paulo (1965-1987); Fúlvio, também jornalista de longa trajetória, trabalhou na icônica revista "Realidade"; Lívio, ilustrador e gravurista, teve reconhecimento internacional; Lélia, respeitada atriz de teatro, presidiu o Sindicato dos Artistas nos anos 70. Filha de Cláudio com a crítica de arte Radha Abrama, Bárbara Abramo é astróloga, irmã da designer gráfica Berenice Abramo e também do jornalista Cláudio Weber Abramo. Vale citar, ainda, o jornalista Perseu Abramo, sobrinho de Cláudio.

A seleção de críticas, a partir de recortes de jornais guardados em família e fontes documentais do Arquivo Público do Estado de São Paulo, resgata a história de alguns dos artistas mais importantes  do século 20. Em passagem sobre a saga da família, o leitor vai se deliciar ao saber que os irmãos Abramo vivenciaram o rico contato com artistas plásticos, escritores e poetas da Semana de Arte Moderna de 1922. Entre passagens memoráveis, o leitor encontrará informações valiosas sobre a inauguração do Teatro de Arena, o TBC, a estreia de "Roda Viva", além de trechos saborosos a respeito de Cacilda Becker, ainda no início de carreira, e a consagração de Antunes Filho.

Além de reunir as críticas, programas, cartazes e textos, o volume traz Célia Helena (1936-1997), Décio de Almeida Prado (1917-2000), Maria Della Costa (1926-2015), Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), Paulo Autran (1922- 2007); Raul Cortez (1932-2006), Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), Ziembinski (1908-1978) e Nelson Rodrigues (1912-1980), entre outros. 

Jefferson Del Rios
 conta que “os integrantes da família Abramo sempre foram discretos quanto à  vida pessoal. Trabalhei, contratado, treze anos no jornal Folha de S. Paulo, e mais cinco como colaborador. Cláudio Abramo, ao me convidar para ser crítico teatral, não me disse ser irmão de Athos Abramo. Perseu Abramo, sobrinho de Cláudio e editor de Educação, não mencionou ser filho de Athos. Só em conversas com Lélia Abramo, tomei conhecimento do grupo amador ítalo-brasileiro I Guitti, e surgiu o nome de Athos Abramo”.  

Na visão de Del Rios, o livro amplia a documentação publicada sobre a história do teatro paulista “já presente em estudos de Décio de Almeida Prado, Miroel Silveira, Sábato Magaldi, Maria Thereza Vargas, além de teses e biografias escritas por outros estudiosos. Sob o risco de omitir nomes, cito Alberto Guzik, Berta Waldman, Berenice Raulino, Roseli Figaro, Armando Sérgio da Silva e o trabalho dos autores de biografias editadas na  Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial”.

Para Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, “ao leitor contemporâneo, conhecer um período fundamental da história do teatro brasileiro pelas resenhas de Athos Abramo é uma experiência singular”. Ivam ressalta que “o contato com essa obra será capaz de despertar uma impactante nostalgia tanto aos que viveram quanto aos nascidos posteriormente a essa época em que houve a modernização de nosso teatro”.

Marcio Aquiles
, um dos coordenadores editoriais do projeto, ressalta o caráter democrático dos textos de Athos “que abordavam montagens de Cacilda Becker a Ary Toledo, e a impressionante cobertura do trabalho de Procópio Ferreira no ano de 1945 (foram cinco textos sobre encenações das quais o ator participou)”. Para Aquiles, o livro recupera fabulosas narrativas e mostra a militância de Athos em prol da popularização do teatro. Você pode comprar o livro “Athos Abramo - O Crítico Reencontrado” neste link.

Sobre Alcione Abramo
Nasceu na cidade de São Paulo, filha de Athos Abramo e Átea Tommasini Abramo, e irmã do jornalista Perseu Abramo. Cursou o segundo grau na Escola Estadual Presidente Roosevelt, onde teve como professores Décio de Almeida Prado, em filosofia, e Maria Simões, em história. Obteve bacharelado e licenciatura em história na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. No início da década de 1960, fez pós-graduação em evolução urbana na Faculdade3 de Arquitetura e Urbanismo da USP. Exerceu o magistério de história.


Sobre Jefferson Del Rios

É jornalista, crítico teatral e pesquisador na área de cultura. Como repórter, editor, correspondente no exterior e crítico, tem longa atuação na imprensa paulista: Folha de S.Paulo. Isto É, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, revistas Novos Estudos (Ceprap) e Bravo!. Autor de Bananas ao Vento – Meio Década de Cultura e Política em São Paulo (Editora Senac): O Teatro de Victor Garcia – A Vida Sempre em Jogo; e Teatro, Literatura, Pessoas (Edições Sesc). Trinta anos de suas críticas foram publicadas em dois volumes de Coleção Aplauso (Imprensa Oficial).


Ficha técnica
Livro: “Athos Abramo - O Crítico Reencontrado”
Organização: Alcione Abramo
e Jefferson Del Rios.
Lançamento: dia 19 de janeiro de 2023.
SP Escola de Teatro - Praça Roosevelt
Edição: Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), Itaú Cultural e Editora Giostri.
Preço: R$ 30
Coordenação editorial: Selo Lucias - Ivam Cabral, Elen Londero, Joaquim Gama e Marcio Aquiles.
Direção geral e curadoria do projeto: Ivam Cabral.
Produção executiva: Elen Londero e Joaquim Gama.
Assistente de produção: Gustavo Ferreira.
Edição dos textos: Marcio Aquiles.
Revisão: Jorge Emil.
Capa: Tomaz Alencar.
Compre o livro “Athos Abramo - O Crítico Reencontrado” neste link.

.: Entrevista: Paulo Silvestrini, diretor de "Vai na Fé", conta tudo sobre a novela


Paulo Silvestrini, diretor artístico de "Vai na Fé", com Carolina Dieckmann, a Lumiar da novela. Na imagem, um registro da noite de shows no Teatro Rival, que marcou o evento de lançamento da obra. Foto: Globo/João Miguel Júnior


Paulo Silvestrini tem quase 30 anos de carreira na Globo. Em 1997, comandou ‘Malhação’ e, de 1999 a 2002, esteve à frente da direção do seriado "Sandy & Júnior". Em sua trajetória, constam trabalhos como diretor das novelas "Torre de Babel" (1998), "Da Cor do Pecado" (2004), "A Favorita" (2008), "Avenida Brasil" (2012), "Joia Rara" (2013), "O Rebu" (2014) e "A Regra do Jogo" (2015).

Em 2017, assinou a direção artística de "Malhação - Viva a Diferença", que ganhou o prêmio Emmy Internacional Kids de melhor série (2019). Como diretor-geral e artístico também esteve à frente da série Original Globoplay "Eu, a Vó e a Boi", lançada no final de 2019 na plataforma e em 2021 na TV Globo. "Vai na Fé" é a estreia de Paulo Silvestrini como diretor artístico no horário das sete da TV Globo e a primeira parceria com a autora Rosane Svartman. Em comum, diretor e autora tem como marca em suas carreiras sucessos com o público jovem.

Qual a principal mensagem de "Vai na Fé" que você gostaria de passar para o público?
Paulo Silvestrini - 
É uma novela carregada dessa positividade tão característica do povo brasileiro, dessa certeza de que o amanhã será melhor. Nossos personagens seguem “no corre”, na luta e na fé. Acreditam que tudo vai dar certo.  É um olhar otimista pra vida, com esperança e vontade de ser feliz.


Quais os personagens você destaca como principais condutores dessa história?
Paulo Silvestrini - 
Todos os personagens são realmente fundamentais pra nossa história. No centro estão Sol (Sheron Menezzes), Ben (Samuel de Assis), Lumiar (Carolina Dieckmann), Theo (Emílio Dantas) e Lui Lorenzo (José Loreto). 

Conte um pouco sobre o que motivou a escolha de Sheron Menezzes para viver Sol, protagonista dessa história.
Paulo Silvestrini - Sempre quis trabalhar com a Sheron. Eu a conheci num workshop com Robert Castle, do actors studios, na Globo há anos atrás e fiquei muito impressionado com o brilho e carisma dela. Quando li a novela pela primeira vez pensei na Sheron imediatamente para interpretar a Sol. Ela tem a luz e o coração da personagem.


Você destacaria alguma outra escalação desse elenco?
Paulo Silvestrini - Renata Sorrah interpreta Wilma, um personagem delicioso, inteligente e divertido. Regiane Alves é Clara, sensível e complexa. Em todos os núcleos conseguimos reunir atores e atrizes incríveis para personagens muito especiais.


A trama está ambientada em diversas regiões do Rio de Janeiro, o que pretende com isso?
Paulo Silvestrini - Queria mostrar essa cidade plural e misturada, onde as diferentes culturas e identidades sociais se confrontam e convivem, adequando expectativas e revendo valores, mas compondo um único grande grupo, sem hierarquia, onde todos são importantes. A cidade é uma só. Nenhum grupo é mais legal que todos juntos. 


Onde você está buscando referências estéticas e como será a linguagem de direção em "Vai na Fé"? 
Paulo Silvestrini - Nunca elegi em meus trabalhos uma referência específica. São tantas! Nessa novela elenquei os personagens como o principal foco da realização, então é ao elenco que dedico minha maior atenção. Aposto na interpretação sincera e  na integração entre os personagens. Busco imprimir um pulso em suas ações e sentimentos pra que a novela imprima o ritmo da vida contemporânea. E tento contar a história com intensidade e emoção contando com o talento incrível desse elenco maravilhoso que fomos capazes de reunir.


Como está sendo realizar essa parceria com a Rosane pela primeira vez?
Paulo Silvestrini - É uma parceria ensaiada há mais de 10 anos quando desenvolvemos um projeto juntos. A Rosane também é diretora, sua compreensão e colaboração são enormes, é sempre muito respeitosa com a realização. Defendo o texto com rigor, a novela é escrita primorosamente. É também uma relação cheia de afeto. Tem sido o melhor dos mundos, trabalhar com uma pessoa que eu gosto e  admiro.


Como está a elaboração da trilha sonora? E como será o estilo da música de Lui Lorenzo?
Paulo Silvestrini - 
É uma trilha pop, divertida e heterogenia. O repertório do  Lui Lorenzo, um cantor pop de gosto duvidoso, é todo original, composto e produzido especialmente para o personagem. O José Loreto se dedicou muito e o resultado foi  sensacional. A Sol, personagem da Sheron, além de cantar como backing vocal de Lui, pertence ao coral da igreja então vai cantar música gospel também. A Sheron é afinada, possui um timbre lindíssimo e empresta muita emoção ao repertório.


Você está há quase 30 anos na Globo. Agora em "Vai na Fé" é a sua estreia no horário das 19h como diretor artístico. Qual a sua expectativa com esse trabalho para sua carreira?
Paulo Silvestrini - Televisão é a minha paixão. Gosto da experiência de criar com  a equipe e o elenco, da oportunidade de conviver com universos tão diversos, de aprender coisas novas. Respeito profundamente a relação do público brasileiro com as novelas da TV Globo. Estar à frente de um projeto como esse é uma enorme responsabilidade, mas é também um prazer inigualável.


Seu último trabalho em novelas foi "Malhação - Viva a Diferença", em 2017, que conquistou o Emmy Kids Internacional, e esteve à frente de várias temporadas do seriado "Sandy & Junior". Como pretende explorar sua experiência com o público jovem para "Vai na Fé"?
Paulo Silvestrini - Tive a sorte de me relacionar com um público disposto a entrar em contato com o novo, jovens de todas as idades. Nossa novela está atenta às pautas e a agenda da sociedade contemporânea e buscamos lidar com elas de forma responsável e respeitosa. Estou sempre atento às questões sensíveis aos jovens e busco olhar pra elas com delicadeza.


O que o público pode esperar da novela?
Paulo Silvestrini - O público pode esperar uma novela com muito humor, leveza e emoção. Tem relevância, contemporaneidade e informação. É uma história linda contada por personagens apaixonantes com os quais vale a pena conviver.


.: Quem é quem na novela "Vai na Fé": perfil dos personagens


Sol (Sheron Menezzes) dividida entre o marido Carlão (Che Moais) e o grande amor do passado, Ben (Samuel de Assis). Na imagem, os atores na festa de lançamento da novela. Foto: Globo/João Miguel Júnior

Confia, vai dar certo! "Vai na Fé", que estreia nesta segunda-feira, dia 16 de janeiro, no horário das sete, na TV Globo, conta histórias de pessoas que não esmorecem diante das dificuldades da vida, pois acreditam que, no final, tudo vai dar certo. Na novela escrita por Rosane Svartman, com direção artística de Paulo Silvestrin, mesmo na batalha e nos perrengues do dia a dia, elas se cercam de esperança e coragem, na certeza de que o amanhã será melhor. Confira quem é quem nesta superprodução da TV Globo.

A família de Sol
Solange, a Sol (Sheron Menezzes) -
É uma mulher guerreira, moradora de Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro. Ela vende quentinhas no Centro da Cidade. Acorda, todos os dias, sempre com disposição e acreditando que tudo vai dar certo. Casada com Carlão (Che Moais) e mãe de Jenifer (Bella Campos), de 18 anos, e Duda (Manu Estevão), de 12 anos, ela trabalha com a amiga de infância Bruna (Carla Cristina Cardoso). Sol é filha de Marlene (Elisa Lucinda), uma grande referência da família, uma mulher que não se deixou abater quando o marido morreu. Marlene reagiu, se refez e continuou cozinhado todos os dias, investindo no negócio das quentinhas. Moram todos juntos na mesma casa, uma família feliz e unida que vive o dia a dia sempre com positividade. Aos domingos, a família se reúne na igreja da qual Sol faz parte do coral. Foi lá que ela conheceu Carlão. Na juventude, Sol já cantava no coral da igreja e gostava de ir, aos finais de semana, ao baile funk, sem o conhecimento dos pais. Ela era conhecida com a princesa do baile, a gata das gatas. O tempo passou, e Sol seguiu a vida sem nunca perder a doçura, valorizando as alegrias diárias, especialmente em família. Sempre com fé na vida, força e alegria, ela faz tudo com paixão e devoção. Agora, por um acaso do destino, ela vai parar nos palcos pra fazer algo que ama: cantar e dançar.

Marlene (Elisa Lucinda) - Mãe de Sol (Sheron Menezzes), ama incondicionalmente as netas, Jenifer (Bella Campos) e Duda (Manu Estevão). Perdeu o marido, Gonzaga, que sempre a acompanhava em uma de suas paixões de juventude: a dança. Quando ele morre, ela não se deixa abater e trabalha com a filha no negócio das quentinhas. Ao contrário da leveza com que Sol tenta encarar a vida, Marlene é mais séria, mas ao longo da novela ela vai se transformar.

Jenifer Daiane (Bella Campos) - Filha mais velha de Sol (Sheron Menezzes). Jovem estudiosa, sonha em ser advogada. Entra em uma faculdade prestigiada com bolsa de estudos, um grande orgulho para toda a família. Lá, ela vai conhecer um mundo diferente e se sentir desconfortável em alguns momentos e situações. Mas, aos poucos, Jenifer encontra sua turma. Vai se mostrar firme em seus posicionamentos, mas também capaz de ouvir os demais e entender que há outras perspectivas. Feminista e ativista, fica indignada com a apatia do pai Carlão (Che Moais) frente às tarefas domésticas. 

Maria Eduarda, a Duda (Manu Estevão) - Filha caçula de Sol (Sheron Menezzes). É a “menina dos olhos” do pai Carlão (Che Moais), a quem ama loucamente. É boa de briga e tende a ser agressiva com os colegas da escola e do bairro sempre que é contrariada. Vai amadurecer aos poucos e entender que nem tudo se resolve brigando.

Carlão (Che Moais) - Marido de Sol (Sheron Menezzes). Se apaixonou por ela assim que a viu pela primeira vez, cantando no coral da igreja. Carlão conquistou Sol com sua generosidade, dedicação e amor. Perdeu o emprego durante a pandemia. Antes paciente, ele se torna um homem irritadiço. Tenta retomar o trabalho de diversas formas até que encontra nos aplicativos de entrega de encomendas uma alternativa de rendimento.


Núcleo Lumiar e Benjamin
Lumiar (Carolina Dieckmann) -
Advogada respeitada, conheceu o marido Benjamin (Samuel de Assis) na faculdade de Direito e juntos conquistaram o sucesso na profissão como advogados criminalistas. É feliz em seu casamento com Ben e se sente completa com a relação que tem com o marido, o trabalho no escritório e as aulas que ministra na universidade. Antítese de seus pais Dora (Claudia Ohana) e Fábio (Zé Carlos Machado), um casal neo-hippie, Lumiar é controladora, pragmática e metódica. Seu nome (que ela odeia!) é em homenagem à cidade onde nasceu, Lumiar, na Região Serrana do Rio. É lá que seus pais moram e mantêm o Refúgio Paz de Lumiar, um local de contato com a natureza, paz e renovação, mas a advogada não se identifica com nada ali.

Benjamin, o Ben (Samuel de Assis) - Advogado pragmático, Ben sabe que o rapaz idealista que foi na juventude mal reconheceria o homem que se tornou. Tudo mudou na vida de Ben quando o pai morreu. Da noite para o dia, ele se viu responsável pela sua família e teve de assumir o escritório de advocacia deixado pelo pai. Ben não conseguiria isso sem a ajuda de Lumiar (Carolina Dieckmann), a mulher com quem construiu uma vida profissional bem-sucedida. Viveu uma paixão com Sol (Sheron Menezzes) na juventude e ficará mexido ao reencontrá-la. 

Fábio (Zé Carlos Machado) - Era cantor, ator e, principalmente, um galã que levava uma vida agitada até conhecer Dora (Claudia Ohana), que o fez repensar o que realmente é ser feliz. Juntos, eles construíram o Refúgio Paz de Lumiar, local da região serrana do Rio de mesmo nome que deram para a filha, Lumiar (Carolina Dieckmann). É também pai de Lui Lorenzo (José Loreto), com quem não tem muito contato, por causa do ressentimento de Wilma (Renata Sorrah), sua ex-companheira de cena e caso eventual.  

Dora (Claudia Ohana) - Terapeuta holística, se relaciona facilmente com estranhos, mas tem profunda dificuldade para se aproximar de sua própria filha, Lumiar (Carolina Dieckmann). Vive no Refúgio Paz de Lumiar junto com Fábio (Zé Carlos Machado). Ela acredita no amor livre, vive um relacionamento aberto com Fábio, mas, ao longo da novela, começa a ficar com medo de perdê-lo.


Núcleo Theo
Theo (Emilio Dantas) -
Se porta socialmente como um homem respeitável e um pai de família exemplar, mas passa longe disso.  É casado com Clara (Regiane Alves) e pai de Rafa (Caio Manhente). Theo enxerga no amigo Benjamin (Samuel de Assis) a dicotomia de tudo o que gostaria de ser e tudo o que mais despreza. Conheceu Ben e Lumiar (Carolina Dieckmann) na faculdade, mas nunca se formou. Com o amigo, saía das baladas da Zona Sul para os bailes funk da Zona Norte. Nos bailes, ele conheceu Orfeu (Jonathan Haagensen), que se torna seu “sócio oculto” em uma empresa de importação e exportação, que traz mercadorias lícitas pagando menos imposto. Mas ninguém sabe disso.

Clara (Regiane Alves) - Mulher da alta sociedade carioca, é insegura e leva uma vida cercada de futilidades, passando os dias mergulhada em perfis de fofoca, lendo sobre dietas milagrosas ou vendo séries românticas. É casada com Theo (Emilio Dantas), com quem tem o filho Rafa (Caio Manhente), um adolescente melancólico. Culpada, Clara tenta ajudá-lo, mas não sabe como. Até porque precisa se ajudar primeiro. Clara vai precisar amadurecer e encontrar forças para lidar com as dores do filho. Clara se sente perdida, impotente. O casamento com Théo está longe de ser uma relação bonita e saudável, e ela não percebe os danos que ele lhe causa.    

Rafael, o Rafa (Caio Manhente) - Filho de Theo (Emilio Dantas) e Clara (Regiane Alves). Adolescente melancólico e sedentário, Rafael muitas vezes se recusa a fazer terapia. A forma como sua mãe lida com sua personalidade é nociva para o rapaz. Quem consegue tirá-lo, às vezes, de seu desânimo com a vida é o melhor amigo, Fred (Henrique Barreira). 

Helena (Priscila Steinman) - Clara (Regiane Alves) e Helena se conhecem na academia do prédio, onde Helena é personal trainer, e passarão a ter uma relação de cumplicidade e afeto.

Núcleo Lui Lorenzo
Lui Lorenzo (José Loreto) -
Cantor pop, Lui cresceu à sombra de uma mãe intensa e exuberante, sem a presença do pai, Fábio (Zé Carlos Machado). A postura ressentida da mãe, Wilma (Renata Sorrah), foi afastando cada vez mais pai e filho. A fama veio após a participação em um programa de calouros, levado pela babá. Lui é um artista de gosto duvidoso e passou a ser empresariado pela mãe depois que os convites para o trabalho como atriz desapareceram. O menino carente se tornou um homem hedonista e edipiano ao extremo. Bonito e sedutor, é infalível em suas conquistas, desconhece o que é o amor pulando de caso em caso. Isso até encontrar Sol (Sheron Menezzes). 

Wilma Campos (Renata Sorrah) - Mãe de Lui (José Loreto). Wilma é egoísta, vaidosa, durona, sem filtro e tenta ser chique em meio à cafonice ao seu redor. Da carreira de grande atriz de teatro, cinema e televisão ficaram o ressentimento e as lembranças, pois com o passar dos anos os convites para atuar sumiram. Volta e meia, cita alguma fala de uma personagem que interpretou ou de um autor que admira. Ela cuida da carreira do filho, que considera ligeiramente brega, para dizer o mínimo. Mas é Lui quem garante o sustento da mansão em que vivem.

Vitinho (Luis Lobianco) - Irreverente, criativo e um amigo de verdade. Formava, na juventude, o ‘trio do poder’ com Sol (Sheron Menezzes) e Bruna (Carla Cristina Cardoso), quando frequentavam os bailes funk nos anos 2000. Tentou se lançar como MC, mas suas letras não emplacaram. Ao trabalhar numa agência para artistas, conheceu Wilma (Renata Sorrah) e Lui (José Loreto). De mero assistente, se torna o compositor dos hits de Lui.

Érika (Leticia Salles) - Ex-dançarina, backing vocal e affair de Lui (José Loreto), migra para o mundo das notícias de fofocas on-line após ser demitida por Wilma (Renata Sorrah). Não tem pudor, tampouco remorso ao usar de verdades e mentiras para alavancar o engajamento das redes sociais de Anthony Verão (Orlando Caldeira). Érika é linda, sexy e má. 

Anthony Verão (Orlando Caldeira) - Formado em jornalismo, iniciou sua trajetória como assistente de um famoso colunista social. Após brigar com o chefe, resolveu seguir carreira solo explorando o potencial viciante e de amplitude das redes sociais. Anthony tem um bom instinto, sabe enxergar uma boa treta de longe. Começa a ultrapassar os limites éticos quando Érika (Leticia Salles) se torna sua assistente.

Ivy (Azzy) - Dançarina e backing vocal de Lui Lorenzo (José Loreto). Parece avoada e desinteressada, mas é esperta e tem uma moral flexível o bastante para fazer de tudo para segurar seu emprego na banda.  

Naira (Tati Villela) - Segurança de Lui Lorenzo (José Loreto), despachada e durona.

Jairo (Lucas Oradovscki) - Segurança de Lui Lorenzo (José Loreto), muito fiel aos patrões, mas um tanto machista.  


Núcleo universidade
Isabela, a Bela (Clara Serrão) -
Jovem do interior de Minas Gerais, estudou no melhor colégio da cidade, mas se sente desconcertada na grandeza do Rio de Janeiro e da elite da faculdade. O novo contexto e uma decepção a fazem refletir sobre suas angústias e identidade de mulher preta, proporcionando uma transformação na jovem. Vai se apaixonar por Fred (Henrique Barreira), um rapaz de outra realidade social.

Frederico, o Fred (Henrique Barreira) - Faz parte da elite intelectual e socioeconômica da faculdade. Líder do DCE atual, ele rivaliza, inicialmente, com o grupo de bolsistas. Mas a interação com eles vai permitir que Fred amplie sua visão de mundo. 

Otávio, o Tatá (Gabriel Contente) - Vem da periferia, mas estudou em colégio particular. Depois de várias tentativas, conseguiu bolsa no curso de Direito, se identifica com o grupo dos bolsistas e se apaixona por Jenifer (Bella Campos). 

Yuri (Jean Paulo Campos) - Apesar de ser extrovertido e excelente orador, é tímido nas questões do coração, hesitando se aproximar de Jenifer (Bella Campos), seu interesse amoroso. Vai vivenciar dilemas morais na sua vivência política estudantil.

Guilhermina, a Guiga (Mel Maia) - A jovem estudante de Direito é arrogante, esperta, fútil, fashionista e influencer nas redes sociais. Ganha um bom dinheiro com seus perfis on-line. Não sente o menor constrangimento ao fazer publiposts disfarçados ou recomendar produtos de procedência duvidosa. Ela vai sofrer com as peripécias do pai corrupto, que cometeu um sério crime financeiro e vai preso. O caso vai respingar em Guiga.

Simas (Marcos Veras) - Amigo desde a juventude de Ben (Samuel de Assis) e Theo (Emilio Dantas). Está “preso” à sua vida de 20 e poucos anos, quando era o rei das rodinhas de violão. Artista frustrado, ex-DJ, trabalhou fazendo jingles para algumas agências publicitárias. Com o trabalho escasso, investiu suas economias num barzinho perto da faculdade, um clássico point da universidade. Namora Bia (Flora Camolese), uma das alunas. 

Bia (Flora Camolese) - Namorada de Simas (Marcos Veras), estuda na universidade. Vai trabalhar como estagiária no escritório de advocacia de Ben (Samuel de Assis) e Lumiar (Carolina Dieckmann). 

Sabrina (Cris Werson) - Mãe de Bia (Flora Camolese). Quando sua filha chora as pitangas pelo namorado mais velho que partiu seu coração, ela resolve ir tirar satisfações e passa a frequentar seu bar.


Núcleo Piedade
Bruna (Carla Cristina Cardoso) -
Mulher batalhadora e independente, teve a filha Kate (Clara Moneke) um pouco depois de sua amiga Sol (Sheron Menezzes) ter Jenifer (Bella Campos). Chegou a se casar com o pai da menina, mas o relacionamento não avançou. Ele hoje tem uma nova família na Região Serrana e só paga pensão quando Bruna ameaça o colocar na cadeia. Bruna se vira nos trinta para sustentar a casa. 

Kate (Clara Moneke) - Kate sempre acompanhou os perrengues da mãe Bruna (Carla Cristina) para prover a casa e prometeu para si que sua vida seria diferente. Longe do subúrbio, de frente para o mar. E para realizar esse objetivo vai romper pouco a pouco sua barreira moral.  

Hugo (MC Cabelinho) - Parou de estudar quando entrou para o crime. É afilhado de Orfeu (Jonathan Haagensen) e ex-namorado de Kate (Clara Moneke). 

Orfeu (Jonathan Haagensen) - Orfeu trabalhou para o tráfico de drogas da comunidade em que morava e, após cumprir alguns anos de prisão, saiu disposto a mudar de vida. Mas não conseguiu. Se associou a Theo (Emilio Dantas) em uma empresa de importação e exportação, que traz mercadorias lícitas pagando menos imposto.

Bryan Lucas (Felipe Rodrigues) - Se considera o melhor amigo de sua vizinha Duda (Manu Estevão). É o ombro amigo da menina para todas as horas. Extrovertido, vai ser sentir desprezado com a chegada do novo vizinho Gil (Nego Ney), com quem terá de dividir a atenção de Duda. 

Gil (Nego Ney) - Garoto introvertido que chega no bairro e na escola para abalar a relação entre Duda (Manu Estevão) e Bryan (Felipe Rodrigues). Seus pais morreram na pandemia e ele vive agora com o avô.

Meire (Nathalia Costa) - É a garota mais popular da escola, que acabará se tornando amiga de Duda (Manu Estevão).

Neide (Neyde Braga) - Avó de Bryan (Felipe Rodrigues), mãe de Joel (Waldo Piano) e vizinha e amiga de Marlene (Elisa Lucinda). Frequenta a mesma igreja que a família de Sol (Sheron Menezzes).

Joel (Waldo Piano) - Amigo de Carlão (Che Moais) e motorista de aplicativo de entregas. Pai solo de Bryan (Felipe Rodrigues). 

Pastor Miguel (Adriano Canider) - Pastor da igreja de Piedade frequentada pela família de Sol (Sheron Menezzes). Ele realiza vários trabalhos sociais e é uma referência no bairro.  

.: Exposição do Museu da Língua Portuguesa observa a diversidade


Exposição principal do Museu da Língua Portuguesa. Foto: Joca Duarte

Na exposição principal do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o visitante tem a possibilidade de observar a diversidade de nosso idioma, que é falado por mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo. Em experiências audiovisuais e interativas, como o "Beco das Palavras" e o "Palavras Cruzadas", dá para descobrir a origem de vários termos de nosso vocabulário. 

Já na instalação "Português do Brasil", a história da língua portuguesa falada no país ganha destaque, enaltecendo a influência das línguas indígenas, dos negros que vieram ao país escravizados e de imigrantes europeus.  Uma atração imperdível é a Praça da Língua, onde textos literários da língua portuguesa são projetados no teto ou declamados por nomes como Maria Bethânia, Chico Buarque, Tom Zé e Zélia Duncan.  Fique atento: o Núcleo Educativo realiza atividades lúdicas, voltadas para todos os públicos, dentro da exposição principal. 


Sobre o Museu da Língua Portuguesa
Localizado na Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema o patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante construção.  

O Museu da Língua Portuguesa é uma realização do Governo Federal e do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão. A reconstrução do Museu tem patrocínio máster da EDP e patrocínio do Grupo Globo, Itaú Unibanco e Sabesp – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio é da Fundação Calouste Gulbenkian.  

Serviço
Museu da Língua Portuguesa 
Praça da Luz, s/nº - Luz - Centro de São Paulo  

Exposição principal e mostra temporária "Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação"  
Terça a domingo, das 9h às 18h (entrada permitida até as 16h30).  R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Grátis para crianças até 7 anos. Grátis aos sábados. Acesso pelo Portão A. Venda de ingressos na bilheteria e pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/68203. 

domingo, 15 de janeiro de 2023

.: Entrevista: Alexandre Arbex fala sobre a normalidade narrativa


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Alexandre Arbex é autor do livro de contos “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados”, lançado pela editora 7Letras, que reúne 30 contos curtos que mesclam uma pretensa normalidade narrativa com situações insólitas. Ele já foi finalista na categoria contos no Prêmio Jabuti com o livro "Da Utilidade das Coisas". Também foi finalista do Prêmio Off Flip duas vezes e levou o terceiro lugar no Prêmio Rubem Braga de Crônicas, do Sesc, em 2015.

Leitor de literatura latino-americana, do realismo mágico até os contemporâneos, ele nasceu em 1980, em Resende, no Rio de Janeiro, mas cresceu na capital, onde morou até 2009. Desde então, vive em Brasília. Tem contos publicados na revista Gueto e no projeto Máquina de Contos. Nesta entrevista exclusiva, Alexandre Arbex fala sobre a arte que produz e mostra a que veio. Você pode comprar  “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados” neste link. 

Resenhando.com - Dentro do contexto do livro, o que seriam “Pessoas Desaparecidas" e " Lugares Desabitados”? 
Alexandre Arbex - As histórias centradas em personagens têm a forma de verbetes biográficos que se dissolvem na morte ou na perda de paradeiro dos protagonistas, ao passo que as histórias sobre lugares – reinos, ilhas, casas – se descolam pouco a pouco da realidade até tornar puramente ficcionais os espaços físicos onde os acontecimentos se passam.

Resenhando.com - Por que um título tão curioso?
Alexandre Arbex - Acho que o título contempla a maioria dos personagens e dos cenários dos contos que integram o livro. 


Resenhando.com - O que o levou a misturar uma pretensa normalidade narrativa com situações insólitas?
Alexandre Arbex - Gosto do efeito de contraste resultante da conjunção entre, de um lado, um estilo desassombrado e cartorial, com pretensões explicativas, e, de outro, uma situação absurda, uma aberração lógica: o discurso pedagógico às vezes serve como instrumento de normalização do horror. Por mais delirante ou indigno que seja um fato descrito, basta atrelá-lo a uma explicação (ou a um discurso com a aparência formal de uma explicação, estabelecendo causas e efeitos) para torná-lo palatável, para satisfazer as exigências da razão. De modo geral, os nossos critérios de racionalidade se prendem muito mais à forma que ao conteúdo.

Resenhando.com - Você nasceu no Rio de Janeiro e hoje vive em Brasília. De que maneira esses dois ambientes, quase antagônicos, refletem na sua escrita?
Alexandre Arbex - Hoje, depois de 13 anos de Brasília, acho que minha escrita reflete muito mais a experiência de vida na capital federal que o Rio de Janeiro idealizado pelo meu saudosismo. Além disso, comecei a escrever ficção, para valer, aqui em Brasília. Acho que o ambiente burocrático, a geometria despovoada da cidade e a aridez do cerrado têm influído tanto sobre o estilo quanto sobre os temas dos meus contos.


Resenhando.com - O que representa a literatura em sua vida?
Alexandre Arbex - A literatura tornou-se, para mim, uma necessidade orgânica, impositiva, a tal ponto que, mesmo se minha escrita se revelar futuramente um fracasso absoluto, eu continuarei a escrever.

Resenhando.com - Na sua própria literatura, em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos?
Alexandre Arbex - Acho que me exponho completamente no que escrevo, pelo pior lado possível, mas com uma discrição escrupulosa que me permite preservar alguma integridade. De todo modo, me parece que todos os escritores produzem ficção a partir de suas próprias vidas e criam personagens a partir de si mesmos: o que lhes permite preservar-se mais ou menos é o distanciamento artificial que o estilo e o “contrato” ficcional criam em torno da história contada.

Resenhando.com - Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita?
Alexandre Arbex - A gente sempre começa tarde demais.

Resenhando.com - Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritor e leitor?
Alexandre Arbex - "Dom Quixote", "As Viagens de Gulliver" e "Cem Anos de Solidão".

Resenhando.com - Como e quando começou a escrever?
Alexandre Arbex - Comecei a escrever ficção, de modo mais assíduo e determinado, depois dos 30 anos de idade.

Resenhando.com - Quais escritores mais influenciaram a sua trajetória artística e pessoal? Alexandre Arbex - A literatura latino-americana do século XX: Borges, García Marquez, Silvina Ocampo, Alejo Carpentier e, mais recentemente, Roberto Bolaño e Mariana Enriquez. Em língua portuguesa, Machado de Assis, gênio absoluto, Eça de Queiroz, Guimarães Rosa, Saramago e Agustina Bessa-Luís, cuja prosa é insuperável. Entre os clássicos, Cervantes, Swift, Dickens, Tolstói, Kafka e Proust. E tudo de Primo Levi.

Resenhando.com - É difícil ser escritor no Brasil?
Alexandre Arbex - Depende de como se quer viver como escritor, mas, de modo geral, não é algo viável em nenhum lugar.


Resenhando.com - Dá pra viver de literatura no Brasil?
Alexandre Arbex - De novo: depende de como se quer viver. No Brasil, acho que a simples possibilidade de ter a atividade literária como horizonte de futuro exprime já (com raras exceções) uma inserção socioeconômica relativamente segura. A literatura não é, definitivamente, uma atividade marcada pela urgência material da sobrevivência: quando uma pessoa dispõe de tempo para escrever, provavelmente a questão da sobrevivência está resolvida para ela ou, ao menos, equacionada de modo estável no médio prazo. Dito isso: pelas características do mercado editorial brasileiro, acho difícil que um(a) escritor(a) possa, vivendo apenas de literatura, garantir as condições materiais necessárias (incluindo, aí, o “ócio”) ao desenvolvimento de uma atividade literária concebida como trabalho exclusivo. Quando se tem filhos, família ou outros compromissos sociais, além disso, o tempo encurta, os encargos materiais aumentam e as brechas para o exercício da escrita se tornam mais escassas e estreitas.

Resenhando.com - O quanto para você escrever é disciplina? É mais inspiração ou transpiração?
Alexandre Arbex - Em termos de tempo, é muito mais disciplina e transpiração. Mas a inspiração é essencial, muito embora também ela possa ser fabricada.

Resenhando.com - Quanto tempo por dia você reserva para escrever?
Alexandre Arbex - Tento escrever todos os dias, às vezes menos de uma hora, às vezes um pouco mais, mas não passa disso.

Resenhando.com - Você tem um ritual para escrever? 
Alexandre Arbex - Geralmente, leio algum romance ou conto que esteja me ajudando a sanar as dificuldades que encontro na produção de um texto específico – e faço um café. Às vezes, à noite, saio para caminhar.

Resenhando.com - Qual o mote que faz você ficar mais confortável para escrever?
Alexandre Arbex - Tendo a me sentir menos confortável ao escrever algo sentimental.

Resenhando.com - Em um processo de criação, o silêncio e isolamento são primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não lhe atrapalha?
Alexandre Arbex - Quando se pode escolher, o silêncio e o isolamento são preferíveis ao barulho, porque a escrita exige uma capacidade de abstração da realidade que é precondição para a imersão ficcional. Mas às vezes uma boa ideia se impõe no meio da rua, e é preciso correr agarrado a ela até o papel, a tela ou o gravador mais próximo.

Resenhando.com - O que há de autobiográfico nos textos que escreve?
Alexandre Arbex - Não há nada deliberadamente autobiográfico, mas acho que tudo na escrita pertence de uma forma ou de outra à minha vida.

Resenhando.com - Por qual de seus livros - ou personagem - você sente mais carinho?
Alexandre Arbex - Do último livro, tenho carinho especial por todos os personagens que receberam um nome. Do anterior, por todos que conheci.

Resenhando.com - Hoje, quem é o Alexandre Arbex por ele mesmo?
Alexandre Arbex - Dostoievski disse, nas “Memórias do subsolo”, que nenhuma pessoa que se conhece bem pode ter estima por si mesma.


.: Entrevista: Rosane Svartman, autora de "Vai na Fé", a nova novela das sete


Autora dos sucessos "Totalmente Demais" e "Bom Sucesso", autora encara o desafio de escrever a terceira novela das sete como titular. Foto: Globo/João Miguel Júnior
 
Rosane Svartman é uma autora, diretora e produtora. Formada em cinema pela UFF (1991), fez mestrado em Comunicação, Estética e Tecnologia pela UFRJ (2008) e doutorado em Comunicação - Cinema na UFF (2019). Como autora, assinou novelas como "Malhação - Intensa como a Vida" e "Malhação - Sonhos", ambas indicadas ao Emmy Internacional digital e ao Emmy Kids Awards, respectivamente, "Totalmente Demais" - também indicada ao Emmy Internacional como Melhor Telenovela, e "Bom Sucesso" - indicada ao prêmio europeu Rose D´Or. As três últimas obras foram escritas junto com o autor Paulo Halm. 

Na TV Globo, escreveu ainda as séries "Dicas de um Sedutor" e "Guerra e Paz", esta última como colaboradora de Carlos Lombardi. Dirigiu os humorísticos "Casseta & Planeta, Urgente!" e "Garotas do Programa". No cinema, dirigiu as comédias "Como Ser Solteiro" (1997); "Mais Uma Vez Amor" (2005) e "Desenrola" (2010). Estreou no universo infantil na direção do filme "Tainá - A Origem" (2012) e, em 2022, estreou seu quinto longa-metragem, filmado debaixo d'água e em 3D, "Pluft, o Fantasminha".

Escreveu as obras literárias: "Onde os Porquês Têm Resposta" (2003), "Quando Éramos Virgens" (2006), "Melhores Amigas" (2006), "Desenrola" (2011) e "Telenovelas and Transformation: Saving Brazil´s Television Industry" (2021). E as peças teatrais: "Mais Uma Vez Amor" (2004), "O Pacto das 3 Senhoras" (2011) e "Anjos Urbanos" (2012). Rosane também dirigiu com Lírio Ferreira a adaptação para o teatro de "Eu Te Amo", de Arnaldo Jabor, e é autora de "Musa Música", a primeira série musical produzida pelos Estúdios Globo para o Globoplay e Gloob. 

Como você define a história de "Vai na Fé"?
Rosane Svartman - O título já diz muita coisa. 'Vai na Fé' fala de esperança e da fé que as coisas vão melhorar, que tudo vai dar certo, que é possível se reinventar, acreditar, com o forte sentido de positividade. É uma história repleta de conflitos, humor, romance, e que trata de temas contemporâneos que atravessam a vida desde os mais jovens aos mais vividos. Apresentamos personagens com mais camadas, menos maniqueístas, que acertam e erram, aprendem, erram de novo, mesmo tentando acertar...São personagens humanos, que muitas vezes se contradizem, se enrolam, enfim, como nós. E a obra fala de seguir em frente mesmo em meio às adversidades, acreditando num futuro possível, melhor.

Quais serão os principais temas abordados na novela? 
Rosane Svartman - Estamos falando de uma novela contemporânea em que pretendemos, ao longo da trama, iluminar temas diversos que estão muito presentes nos dias atuais. Por exemplo, temos um casal de advogados, a Lumiar (Carolina Dieckmann) e o Ben (Samuel de Assis), que vai retratar a rotina dos tribunais. Justiça é um tema que permeia a novela. Temos o núcleo da universidade que trará a realidade das cotas, da diferença social, da meritocracia, entre outras temáticas que estão presentes na realidade dos jovens de hoje. Estes são dois exemplos de temas da atualidade abordados na novela. Enfim, serão sempre enfoques com perspectivas diferentes, considerando a vivência e a história de cada um, os personagens vão atravessando e vivendo conflitos que qualquer um de nós pode viver.


Você conta com uma equipe de autores, uma pesquisadora e consultores. Como funciona a participação desses parceiros?
Rosane Svartman - Um roteirista quando escreve, o que ele faz é construir pontes de empatia. Para isso, conto com uma equipe talentosa e apaixonada pelo que faz: Mario Viana, Pedro Alvarenga, Renata Corrêa, Renata Sofia, Fabrício Santiago e Sabrina Rosa. Mas por mais que eu tenha uma equipe diversa, de idades, experiências e trajetórias diferentes, não conseguimos dar conta de todos os temas de uma novela através do ponto de vista de nossa própria experiência ou repertório. Então, a melhor forma de construir algumas dessas pontes é escutar alguém que tenha uma experiência diária num determinado tema, isso faz toda a diferença. São assuntos que vão permear a novela e conversamos com várias outras pessoas para escrever sobre eles, temos uma enorme consultoria de pesquisa, além do trabalho maravilhoso da nossa pesquisadora Paula Teixeira, que vai fisicamente nos lugares e faz com que a gente tenha acesso a pessoas que tem tudo a ver com os personagens. Além dela, consultores fixos como César Belieny e Dr. Carlos Lube.

Quais foram as referências e inspirações que a fizeram querer contar essa história?
Rosane Svartman - São várias as minhas inspirações, mas especialmente busquei assuntos que estão presentes na sociedade e que sinto a necessidade de conversar mais sobre. Porque acredito que uma novela é um grande diálogo com a sociedade. De análises de trabalhos anteriores, entendi que o público quer ver personagens mais próximos da realidade, com os quais ele se identifica, que erram, acertam, e que, às vezes, sejam também contraditórios. Creio que o melodrama como narrativa passou a aceitar personagens menos maniqueístas. A mocinha não precisa apenas buscar o seu par romântico, o vilão não faz só maldade, existem várias camadas em cada uma dessas personas. Há uma aproximação maior dos personagens com a realidade.


Como a novela não tem personagens maniqueístas, podemos dizer que o Theo (Emilio Dantas) é um antagonista da trama?
Rosane Svartman - Theo não é um vilão maniqueísta, ele é aquele cara que na juventude era muito gente fina, que resolvia tudo, tinha jogo de cintura, fazia favores, mas sempre com segundas intenções. Uma cara que sabia e queria levar vantagem em tudo. Mas, ao longo da vida, algumas dessas atitudes ganharam outro peso. Uma coisa é colar na prova da escola, a outra é falsificar um documento, por exemplo. O limite ético e moral de Theo foi ficando cada vez mais esgarçado. Theo se tornou um homem egoísta, com traços narcisistas e capaz de atrocidades.

A novela estará ambientada no bairro de Piedade, por que a escolha desse bairro?
Rosane Svartman - Primeiro, o nome ‘Piedade’ tem muito a ver com a história da novela. Queríamos algum lugar na Zona Norte para fazer o contraponto com a realidade da Zona Sul, onde fica a universidade, além de outros territórios da novela. Tinha de ser um bairro operário, tradicional, que tivesse clubes, onde se realizavam eventos de bailes funk nos anos 2000, e identificamos em Piedade muitos pontos em comum com a novela. Além disso, Sol e Bruna trabalham no Centro da Cidade, bem no meio do caminho. O dia a dia de Piedade representa muitos lugares do nosso Brasil.


Como está sendo sua parceria com o diretor artístico Paulo Silvestrini? É a primeira novela em que trabalham juntos. 
Rosane Svartman - Já tínhamos ensaiado trabalhar juntos outras vezes, mas não tinha acontecido...até agora. Paulinho me surpreende com ideias que não havíamos pensado na sala de roteiro e a gente comemora, ao mesmo tempo ele tem a escuta de entender que figurino e cenário têm a ver com construção de personagem, com a trama, e a gente troca muito sobre isso. Já vi algumas cenas da novela e fiquei muito feliz. Ele fez as cenas de humor ficarem mais engraçadas e as cenas dramáticas me fizeram chorar. Temos uma troca e escuta muito bacanas. Há um diálogo bem grande no tripé de autor, direção e produção, comigo, o Paulinho e a Mari Pinheiro, produtora da novela. Acredito que esse diálogo é fundamental para podermos contar essa história da melhor forma possível.


O que o público pode esperar de "Vai na Fé"? 
Rosane Svartman - O que eu espero quando assisto a uma novela é, em parte, entretenimento e um pouco de fantasia e escapismo, então, queremos divertir e emocionar. Mas uma novela também ajuda a gente a refletir sobre o dia a dia, a se informar e se atualizar sobre alguns temas, ter assunto para dialogar dentro e fora de casa, especialmente se for uma trama com assuntos atuais. Uma novela das sete, especialmente, tem como ingrediente muito importante a mistura de gêneros, pois temos um público muito diverso, com adultos, crianças e adolescentes na frente da televisão nesse horário. Então, a história precisa ter um pouco de humor, de drama, de aventura, além de gerações diferentes retratadas para conseguir engajar todas as camadas do público.

.: Filme "Marighella" ganha edição especial em formato de minissérie


Filme conta com cenas extras e exclusivas na TV Globo. Na imagem, Marighella (Seu Jorge) e Clara (Adriana Esteves). Foto: Globo/Ariela Bueno


Produção brasileira mais assistida nos cinemas em 2021, o filme "Marighella", que marca a estreia de Wagner Moura como diretor, terá edição especial na TV Globo. A minissérie será exibida entre os dias 16 e 19, logo após o "Big Brother Brasil", com cenas extras e exclusivas. Derivada do filme homônimo, a obra - uma coprodução com a Globo Filmes - retrata a história de um baiano que luta por seus ideais no período do regime militar, enquanto procura cumprir a promessa de encontrar o filho, de quem manteve distância para protegê-lo. A minissérie é inspirada no livro "Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo",  escrito pelo jornalista Mário Magalhães

Para Wagner, a exibição na TV aberta é um diferencial. “Marighella teve um público extraordinário para um filme lançado ainda durante a pandemia, mas nada se compara ao alcance da TV aberta. Durante, e mesmo depois do lançamento, nós nos esforçamos para que chegasse a lugares onde o cinema tradicionalmente não chega. Foram exibições em acampamentos, movimentos sociais, favelas e zonas rurais. Em quase todos esses lugares havia sinal de televisão”, recorda o diretor. 

 Comandando um grupo de jovens revolucionários na década de 1960, Marighella (Seu Jorge) tenta divulgar sua luta contra a ditadura militar para o povo brasileiro, mas a censura descredita o movimento. Seu principal opositor é Lucio (Bruno Gagliasso), policial que o rotula de inimigo público #1 do país, e empreende uma verdadeira caçada ao personagem. “O Lúcio é a escória da história, um personagem que tem tudo que é mais odioso. Foi muito difícil fazer esse personagem, sofri muito, mas valeu a pena porque o filme mostra a importância de lutar, de resistir, e de entender o que nunca mais podemos voltar a ser”, destaca Gagliasso.

 Para além das cenas de ação que narram as atividades do grupo, a minissérie mostrará mais das relações afetivas entre os personagens. “Não é o filme. É uma obra que nasce do filme, mas que é pensada para a TV. Desde a filmagem sabíamos que teríamos esse compromisso com a série. Há uma quantidade enorme de cenas que não estão no filme. Algumas, inclusive, são das melhores que filmamos, mas que não cabiam na linha narrativa que a montagem foi pedindo. Algumas cenas lindas da relação entre Clara e Marighella, por exemplo, só serão vistas agora na série. Estou louco para Adriana Esteves ver. Tem uma cena da Bella Camero e do Guilherme Ferraz dançando em cima de uma mesa que é uma das minhas favoritas. Quem gostou do filme vai curtir muito ver a série”, comenta Moura.

Eleito o melhor filme no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, "Marighella" levou oito troféus Grande Otelo, inclusive o de melhor ator para Seu Jorge, que interpreta o protagonista. No elenco, estão também Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Humberto Carrão, Luis Carlos Vasconcellos e Bella Camero. O roteiro é de Felipe Braga e Wagner Moura e a produção da 02 Filmes. Você pode comprar o livro "Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", que inspirou o a série e foi escrito pelo jornalista Mário Magalhães, neste link.

.: Livro revela quem foi Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo


Livro que inspirou o filme dirigido por Wagner Moura, que gerou a minisssérie que estreia neste segunda-feira, dia 16 de janeiro, na TV Globo, "Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo",  escrito pelo jornalista Mário Magalhães, reconstitui a trepidante trajetória do revolucionário Carlos Marighella, militante do Partido Comunista Brasileiro e fundador da Ação Libertadora Nacional, o maior grupo armado de oposição à ditadura militar (1964-85).

A vida de Marighella (1911-69) foi tão frenética quanto surpreendente. Militante comunista desde a juventude, deputado federal constituinte e fundador do maior grupo armado de oposição à ditadura militar - a Ação Libertadora Nacional -, esse mulato de Salvador era também um profícuo poeta, homem irreverente e brincalhão.

Nesta narrativa repleta de revelações, o jornalista Mário Magalhães investiga as várias facetas do biografado. Em ritmo de thriller, reconstitui com realismo desconcertante passagens pela prisão, resistência à tortura, operações de espionagem na Guerra Fria e assaltos da guerrilha a bancos, carros-fortes e trem-pagador. Mas também recupera a célebre prova de física respondida em versos no Ginásio da Bahia e poemas de amor.

A controversa vida de Marighella é também uma história dos movimentos radicais e da esquerda no Brasil e no mundo. Coadjuvantes de peso, que tangenciaram a vida do protagonista, povoam estas páginas: Fidel Castro, Getúlio Vargas, Che Guevara, Carlos Lacerda, Stálin, Luiz Carlos Prestes e Carlos Lamarca, além de figuras-chave da cultura, como os escritores Jorge Amado e Graciliano Ramos; os pintores Cândido Portinari e Joan Miró; os dramaturgos Augusto Boal e Dias Gomes; e os cineastas Glauber Rocha, Jean-Luc Godard e Luchino Visconti.

Proclamado pela ditadura militar como seu inimigo número um, o guerrilheiro foi morto em uma emboscada policial em São Paulo, na noite de 4 de novembro de 1969. Esta biografia de tirar o fôlego apresenta informações inéditas sobre a trajetória de Marighella e o atribulado e apaixonante tempo em que ele viveu. Você pode comprar o livro "Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", que inspirou a minissérie e foi escrito pelo jornalista Mário Magalhães, neste link.

.: Tudo sobre Yara Castanha, a doce revelação da novela "Mar do Sertão"


No ar em “Mar do Sertão”, Yara Castanha fala sobre a trajetória do teatro ao empreendedorismo no setor da beleza. Fora da televisão, a paraense escreveu e protagonizou monólogo sobre as dificuldades da carreira artística, e estrelou o longa independente “Tiana”


Atriz, modelo, mãe solo e empreendedora - são diversas as faces da paraense Yara Castanha, que entra na reta final em “Mar do Sertão”, novela das 18h da Globo, escrita por Mário Teixeira e dirigida por Allan Fiterman. Na trama, ela será Dalila, um dos pivôs da briga entre Vespertino (Thardelly Lima) e Mirinho (Lucas Galvino).

"O mais legal é que era pra ser uma participação única, mas depois de ver o resultado a produção decidiu criar uma personagem recorrente. Thardelly e Lucas são de um talento a uma reciprocidade sem igual e a equipe é super atenciosa. É aquele tipo de trabalho que mais parece uma festa, quando acaba fica o desejo de quero mais. Agora podemos ver quem a Dalila é de verdade, com toda sua leveza, alegria e sensualidade", acrescenta.

Com uma infância permeada pela arte, Yara descobriu o teatro nos corais da igreja em Parauapebas, cidade no interior do Pará. Quando fez 20 anos, deixou o conforto de casa e partiu para o Rio de Janeiro, onde se formou em Artes Cênicas pela CAL (Casa de Artes de Laranjeiras). Foi então que decidiu escrever e idealizar seu próprio espetáculo - “Quando Eu Entro em Ebulição”. 

"É um monólogo que surgiu do desejo ardente de falar sobre os percalços da vida do artista, principalmente aqueles que não moram nos grandes centros urbanos. E começa com uma indagação; 'por que diabos alguém acorda um dia e decide ser artista? Decide ter instabilidade financeira. Decide emprestar seu corpo, sua mente e suas emoções para poetizar a vida de outros, muitas vezes se ferindo para ter o melhor resultado. Por quê? Eis a questão'. A partir daí surgem as respostas. Uma das melhores sensações é ver meus companheiros de palco emocionados no final, se reconhecendo naquela narrativa",  detalha.

Além dos palcos, a atriz protagonizou “Tiana” (2018), longa independente dirigido e produzido por Anderson Aguiar, e baseado na personagem criada por Victor Mendes. O filme é uma comédia romântica que fala sobre as diferenças entre querer e poder, e pode ser assistido gratuitamente no Youtube, no canal oficial da produtora (Sete Alfa Produções).

"Tiana é uma baiana arretada, com uma personalidade peculiar. Ela não mede esforços para conquistar o homem que julga ser o grande amor da sua vida, e a partir daí começa com uma artilharia pesada em prol desse objetivo. A trama se baseia nessa paixão de grande fervor, e no final a mensagem principal cai como uma luva na cabeça dela. Mas não vou dar spoiler, vocês precisam assistir", brinca.

Junto da carreira artística, um de seus maiores sonhos era empreender e durante a pandemia sua vida se transformou. Após descobrir que seria mãe, decidiu usar seu conhecimento na área da beleza, na qual trabalhou como modelo e foi intitulada “Miss Parauapebas”, para abrir seu próprio estúdio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

"Não vou mentir, ser mãe e profissional sozinha é um desafio. A profissão de artista é maravilhosa, mas traz consigo uma certa instabilidade. Por isso comecei a estudar bastante empreendedorismo e tudo relacionado ao setor. E sou grata, porque se não fosse meu filho eu iria demorar pra tomar essa decisão, e não teria essa alegria tão grande. De certeza forma, ele me ajudou a ser a pessoa que me tornei hoje", esclarece.

O espaço oferece diversos serviços, para homens e mulheres. Entre eles estão: salão de beleza, barbearia, estética geral e harmonização facial. Em 2023, ela pretende lançar ainda sua própria linha de cosméticos, baseada não apenas em sua imagem, mas na sua história. "Acredito que o valor principal do estúdio é levar autoestima para as pessoas. Eu sempre digo que temos que ser bons, e a maior bondade que existe é nos olhares primeiramente com amor e admiração. E não quero ser apenas um espaço de beleza, mas de pessoas, experiências, felicidade e poder", finaliza.

sábado, 14 de janeiro de 2023

.: Crítica: "I Wanna Dance With Somebody" é "So Emotional"


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em janeiro de 2023


"I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston", em cartaz no Cineflix Cinemas, vai muito além do conhecido talento da artista norte-americana intitulada como "The Voice"O longa dirigido por Kasi Lemmons ("Harriet: O Caminho para a Liberdade" e "O Mistério de Candyman") e mesmo roteirista do sucesso "Bohemian Rhapsody"Anthony McCarten, retrata a conturbada vida amorosa daquela que alcançava quatro oitavas, sendo forte nos melismas e vibratos. 

Em 2h26, os bastidores da vida de Whitney Elizabeth Houston, que atendia pelo apelido de Nippy, são desbravados, porém de modo comedido, como se houvesse muito empenho de um grande fã que dá seu melhor para esconder o vício da diva nas drogas e o empurra para a parte próxima ao fim da produção. No entanto, o filme emociona não somente pela trilha sonora impecável, mas pela entrega completa de Naomi Ackie em cada cena. É nítido o empenho da atriz em retratar a mezzo-soprano dramático com os mínimos detalhes. 

Os movimentos são muito precisos e, caso quem testemunhe o show de interpretação não deixe escapar alguma lágrima ao vê-los na telona, quando alguma canção é acrescida aos trejeitos, a emoção automaticamente provoca ao menos arrepios ou lágrimas de pura emoção, principalmente para quem é fã ou admira Whitney. A parceria entre Naomi Ackie e Stanley Tucci (Clive Davis) também é de tirar o chapéu, assim como quando ela atua ao lado de Ashton Sanders (Bobby Brown) ou Nafessa Williams (Robyn Crawford).

O filme deixa claro que a cantora teve um longo relacionamento com a amiga Robyn, mesmo gostando também de homens. No entanto, confunde quando o empresário Clive (Stanley Tucci) sentencia que Whitney não compõe, sendo que a própria reforça a ideia ao selecionar o que irá gravar, por vezes. A ponto de dizer que para fazer a seleção, ela precisava sentir a história contada ali. No entanto, a falha é levada adiante no filme, sendo que a cantora fez algumas composições. 

A verdade é que toda cinebiografia deleita-se na leitura poética de certas passagens na vida de seus artistas, em "I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston" não é diferente. Muitas situações são floridas para contar a história da menina do coro de New Jersey que chegou até à carreira mundial como uma das artistas mais vendidas e premiadas de todos os tempos, sem excluir o posto dela como esposa e mãe de Bobbi Kristina Brown que faleceu aos 22 anos, em 2015.

A rejeição recebida pelo público que a via com uma intérprete negra de canções muito brancas não é jogada para debaixo do tapete no filme. "I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston" é emocionante e certeiro ao recriar as mais marcantes apresentações da maior cantora de todos os tempos. Ver os bastidores de "How Will I Know" com o cenário recriado é de arrepiar e a montagem do videoclipe de "It´s Not Right, but it´s okay". 

Se é um filme para se ver no cinema?! Sem dúvida! Ainda mais que, com inteligência na edição da entrega da trama, a montanha-russa de emoções acontece não somente na telona, mas é poderosa chegando a mexer com quem está do outro lado. Tanto é que vou rever "I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston", na tentativa de descobrir se irei me emocionar menos e conseguirei cantar junto as músicas. Que trilha sonora! Filme imperdível!!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Filme: I Wanna Dance With Somebody: História de Whitney Houston (I Wanna Dance With Somebody)
Gênero: musical, drama
Classificação: 16 anos
Ano de produção: 
2022
Direção: Kasi Lemmons
Roteiro: Anthony McCarten 
Duração: 2h26
Elenco: Naomie Ackie, Stanley Tucci, Clarke Peters, 
Ashton Sanders, Nafessa Williams e mais

Trailer



.: Sucesso na música e no cinema, Whitney Houston ganha Funkos Pop

Sucesso na música e no cinema, Whitney Houston, a artista mais premiada de todos os tempos, de acordo com o Livro dos Recordes em 2009, ganha três versões de Funko Pop para chamar de seus. As versões colecionáveis da diva da canção retratam a artista em diferentes fases: gata no clipe "I Want to Dance with Somebody"debutando na capa do primeiro álbum, a versão superfofinha com laçarote na cabeça cantando "How Will I Know", e também a a lendária apresentação no Super Bowl cantando o Hino Nacional dos Estados Unidos

Para quem é fã da cantora ou quem se encantou com o filme "I Wanna Dance With Somebody: História de Whitney Houston", uma poderosa e triunfante celebração da incomparável Whitney Houston - nós do Resenhando.com assistimos no Cineflix Cinemas, em Santos - e o que podemos dizer é que Naomi Ackie ar-ra-sa na pele da cantora que marcou época e ainda foi estrela do icônico longa-metragem "O Guarda-Costas"

Cantora, compositora, atriz, produtora, supermodelo e empresária norte-americana. É considerada pela crítica musical como a melhor cantora de todos os tempos. Seus poderosos vocais, que alcançavam extensões muito altas, principalmente nos melismas e vibratos, aliados às tessituras suaves, e seu extremo talento artístico na composição de letras e melodias, fizeram-na ser conhecida como "A Voz" - será que "The Voice" foi inspirado nela? - e "Rainha da Balada". Se quiser ter mais um pouco dessa artista espetacular na sua estante, uma ótima oportunidade. Você pode comprar os Funko Pop de Whitney Houston neste link.





.: Ana Beatriz Nogueira conversa com o público após "Um Dia a Menos"


Baseado em conto de Clarice Lispector, espetáculo "Um Dia a Menos" fala, com humor e fina ironia, da solidão e dos muros que eventualmente levantamos, sem perceber, ao nosso redor. Foto: Dalton Valério


A partir deste sábado, dia 14 de janeiro, e até o final da temporada, logo após cada sessão a atriz bate um papo com o público sobre o trabalho e o encontro com a obra da escritora Clarice Lispector (1920-1977). A permanência não é obrigatória, ficando a critério do espectador. Um dos últimos contos escritos pela autora já no ano de sua morte, "Um Dia a Menos" fala, com humor e fina ironia, da solidão e dos muros que eventualmente levantamos, sem perceber, ao nosso redor. 

Como que por um buraco de fechadura, acompanhamos a história desta mulher que é às vezes engraçada, às vezes patética, mas sempre de uma humanidade reconhecível por qualquer um. Uma mulher aparentemente normal, como muitas que vemos diariamente, conversando numa portaria, pagando uma conta num guichê de banco, comprando uma carne no supermercado. “O que mais me atrai neste texto é a humanidade da personagem criada pela autora. Esta personagem que tem como árdua a tarefa de atravessar um dia inteiro. De uma humanidade, repito, reconhecível por todos”, explica a atriz.

No espetáculo, Margarida Flores (Ana Beatriz Nogueira) vive só desde que sua mãe morreu, na mesma casa onde nasceu e cresceu. A funcionária doméstica da vida inteira está de férias, não há mais ninguém por perto, e ela tem diante de si a árdua tarefa de atravessar mais um dia inteiro sozinha, dentro de casa. Ela cumpre seus rituais diários, esquenta sua comida, almoça, torce para que o telefone toque, e vai buscando o que fazer até a hora do jantar, quando finalmente anoitece e pronto, um dia a menos. Até que, esgotada pela repetição infinita, Margarida tem um rompante inesperado.

Utilizando uma poltrona, uma mesa de apoio e um telefone, Ana Beatriz Nogueira nos faz, com seu trabalho, enxergar uma casa inteira. Para o diretor, Leonardo Netto, a economia de recursos foi uma escolha, um caminho para se chegar ao essencial do teatro: o ator e a idéia contida no texto, que este ator vem dividir com o público.

“'Um Dia a Menos', além de um espetáculo, ouso dizer, complexo na sua simplicidade, é também uma reafirmação da crença no poder de comunicação do teatro que, se resiste há cinco mil anos e sobrevive a todas as crises, é porque pode abrir mão de tudo, menos do humano. Do elemento humano, do questionamento humano, do pensamento humano. Ainda temos muito o que entender sobre nós mesmos. Esperamos estar contribuindo de alguma forma”, diz o diretor, Leonardo Netto. Você pode comprar o livro "Todos os Contos" de Clarice Lispector neste link.


Sobre Ana Beatriz Nogueira
A atriz carioca estreou profissionalmente no longa "Vera" (filmado em 1985 e lançado em 1987), dirigido por Sérgio de Toledo. Por este trabalho, aos 20 anos, foi premiada, entre outras láureas, com o Urso de Prata no Festival de Berlim, prêmio dado somente a três brasileiras - além dela, Marcélia Cartaxo e Fernanda Montenegro.

Desde então contabiliza, em sua trajetória, além de diversos outros prêmios, mais de uma dezena de filmes, 17 trabalhos na televisão, 14 peças de teatro. entre elas “Uma Relação Pornográfica”, do iraniano Philippe Blasband e direção de Victor Garcia Peralta; os solos “Tudo que Eu Queria Te Dizer”, com textos de Martha Medeiros, com direção de Victor Garcia Peralta e “Um Pai (Puzzle)”, sobre livro de Sybille Lacan e direção de Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia; “As Três Irmãs”, de Tchekhov e direção de Bia Lessa; “Fala Baixo, Senão Eu Grito”, de Leilah Assunção e direção de Paulo de Moraes; “O Leitor por Horas”, do espanhol José Sanchis Sinisterra e direção de Christiane Jatahy; “A Memória da Água”, da inglesa Shelagh Stephenson e direção de Felipe Hirsch, entre outras tantas produções.

A atriz esteve recentemente no ar na novela das 21h da TV  Globo “Um Lugar Ao Sol”, de Licia Manzo, como a personagem Elenice, e também foi destaque como a personagem Guiomar na novela "Todas as Flores". No teatro, seus mais recentes trabalhos “Relâmpago Cifrado”, ao lado de Alinne Morais; e “Mordidas”, ao lado de Zelia Duncan, Regina Braga e Luciana Braga.

Ana Beatriz Nogueira também foi idealizadora do projeto pioneiro Teatro Já, no Teatro PetraGold / RJ, que marcou a volta das primeiras peças depois do início da pandemia, em transmissão ao vivo do palco do teatro, e que lhe rendeu o título de Carioca do Ano de 2020 pela Revista Veja Rio, e uma indicação ao Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo. Ainda em 2020 criou o Teatro Sem Bolso, agora rebatizado de Teatro Com Bolso, que apresenta peças e shows em transmissões ao vivo ou pré-filmadas diretamente de sua casa.

Sobre Leonardo Netto
É ator, diretor e dramaturgo. Estreou profissionalmente em 1989 na montagem de “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar O Bicho Come”, de Oduvaldo Vianna Filho, dirigida por Amir Haddad. Integrou por três anos o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, companhia estável dirigida por Aderbal Freire-Filho. Trabalhou com diretores atuantes do teatro carioca, como Gilberto Gawronski, Ana Kfouri, João Falcão, Luiz Arthur Nunes, Enrique Diaz, Celso Nunes e Christiane Jatahy. Seus trabalhos mais recentes incluem “Conselho de Classe” (direção de Bel Garcia e Susana Ribeiro), “A Santa Joana dos Matadouros” (direção de Marina Vianna e Diogo Liberano) e “Entonces Bailemos” (texto e direção do dramaturgo argentino Martín Flores Cárdenas).

Em TV, atuou em episódios das séries “Força-Tarefa”, “As Canalhas”, “Questão de Família” e “O Caçador”. Integrou o elenco dos seriados “A Garota da Moto”, “Magnífica 70” e “Me Chama de Bruna”. Seu trabalho mais recente é a minissérie “Assédio”, de Maria Camargo, na Rede Globo. Em cinema, trabalhou no longa de Sérgio Rezende “Em Nome da Lei”, e nos ainda inéditos” O Buscador”, de Bernardo Barreto, e “Três Verões”, de Sandra Kogut.

Dirigiu os espetáculos “A Guerra Conjugal”, de Dalton Trevisan; “Cozinha e Dependências”, de Agnes Jaoui e Jean-Pierre Bacri; “Um Dia Como os Outros” (também de Jaoui e Bacri); “O Bom Canário”, de Zacharias Helm; “Para Os Que Estão em Casa” e “A Ordem Natural das Coisas”, estes dois últimos de sua autoria.

Ganhou o Prêmio Cesgranrio de Melhor Texto por “A Ordem Natural das Coisas” (além das indicações nas categorias de Melhor Espetáculo e Melhor Direção). Foi também indicado aos Prêmios Shell e APTR pelo mesmo texto.


Ficha técnica
"Um Dia a Menos"
Do conto homônimo de Clarice Lispector
Com: Ana Beatriz Nogueira
Adaptação e direção: Leonardo Netto
Assistente de direção: Clarisse Derzié Luz
Desenho de luz: Aurélio de Simoni
Figurinos: Ana Beatriz Nogueira
Ambientação cênica: Leonardo Netto e Ana Beatriz Nogueira
Trilha sonora: Leonardo Netto
Programação visual: Chico Tomaz
Fotos: Cristina Granato
Produção: Ana Beatriz Nogueira e Maria Ines Vale
Realização: Trocadilhos 1.000 Prod. Art.
Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

Serviço
"Um Dia a Menos"
Teatro Renaissance - Alameda Santos, 2233, Jardim Paulista / São Paulo    
Telefone: (11) 3069-2286
Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia) / Vendas on-line: https://olhaoingresso.showare.com.br/Default.aspx?eventid=494&filter=day&websaleschannelkey=internettr&trk_eventId=494 
Duração: 
45 minutos
Gênero: drama 
Capacidade: 448 espectadores
Classificação indicativa: 14 anos 
Temporada: até 12 de fevereiro

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.