segunda-feira, 6 de outubro de 2025

.: Clássico de García Márquez, "Cem Anos de Solidão" ganha edição ilustrada


Romance fundamental na história da literatura, "Cem Anos de Solidão" ganha edição primorosa em capa dura, com ilustrações inéditas da artista chilena Luisa Rivera. O romance é a obra-prima de Gabriel García Márquez, mestre do realismo mágico latino-americano, um dos autores mais importantes do século XX, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. As obras dele já venderam quase 3 milhões de exemplares só no Brasil e foram adaptadas para filmes e minisséries. A tradução é de Eric Nepomuceno e as lustrações são de Luisa Rivera

"Cem Anos de Solidão", um dos maiores clássicos da literatura latino-americana e mundial, narra a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe de solitários para a qual não será dada “uma segunda oportunidade sobre a terra” - e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo. Para além dos artifícios técnicos e das influências literárias que transbordam do livro, ainda vemos em suas páginas o que por muitos é considerada uma autêntica enciclopédia do imaginário, num estilo que consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores escritores do século XX.

Em nenhum outro livro o autor colombiano empenhou-se tanto para alcançar o tom com que sua avó materna lhe contava os episódios mais fantásticos sem alterar um só traço do rosto. Assim, ao mesmo tempo que a incrível e triste história dos Buendía pode ser entendida como uma enciclopédia do imaginário, ela é narrada de modo a parecer que tudo faz parte da mais banal das realidades.

Gabo, apelido de Gabriel García Márquez, costumava dizer que todo grande escritor está sempre escrevendo o mesmo livro. “E qual seria o seu?”, perguntaram-lhe. “O livro da solidão”, foi a resposta. Apesar disso, ele não considerava "Cem Anos..." sua melhor obra (gostava demais de "O Outono do Patriarca"). O que importa? O certo é que nenhum outro romance resume tão bem o formidável talento desse contador de histórias de solitários - que se espalham e se espalharão por muito mais de cem anos pelas Macondos do mundo inteiro.

Os milhões de exemplares vendidos de uma obra que abriu caminho no “boca a boca”, como gostava de dizer Gabo, são a mais palpável demonstração de que a aventura fabulosa da família Buendía-Iguarán, com milagres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adultérios, rebeldias, descobertas e condenações, representa ao mesmo tempo o mito e a história, o drama e o amor de um mundo inteiro. E a melhor homenagem que se pode fazer a García Márquez é lê-la. Compre o livro "Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez. neste link.


O que disseram sobre o autor

“Nenhum escritor desde Dickens foi tão lido e tão amado quanto Gabriel García Márquez.” – Salman Rushdie

“Pode-se dizer que poucos autores escreveram livros que mudaram todo o curso da literatura. Gabriel García Márquez fez exatamente isso.” – Guardian

“Um dos autores mais visionários – e um dos meus favoritos de quando eu era jovem.” – Barack Obama


Sobre o autor
Gabriel García Márquez
nasceu em 1927 na aldeia de Aracataca, nas imediações de Barranquilla, Colômbia. Autor de alguns dos maiores romances do século XX e mestre do realismo mágico latino-americano, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982. Entre suas principais obras estão "Cem Anos de Solidão", "O Amor nos Tempos do Cólera", "Crônica de Uma Morte Anunciada", "Doze Contos Peregrinos", "Ninguém Escreve ao Coronel" e "Memória de Minhas Putas Tristes". Compre os livros de Gabriel García Márquez neste link.

.: Com Thalles Cabral, espetáculo narra a jornada de filho que investiga memórias


O texto, inspirado no livro "Triste Não É ao Certo a Palavra", de Gabriel Abreu, marca a estreia de Nicolas Ahnert como dramaturgo e diretor em solo protagonizado por Thalles Cabral. A peça estreia em temporada de dois meses no Teatro Do Núcleo Experimental. Foto: Diego Rodrigues


A partir do livro "Triste Não É ao Certo a Palavra", escrito por Gabriel Abreu e publicado em 2023 pela Companhia das Letras, Nicolas Ahnert estreia como dramaturgo e diretor na peça "Triste! Triste… Triste?", que narra as angústias de um jovem vivendo um luto anunciado, ao descobrir que sua mãe tem apenas um mês de vida. A estreia tem data marcada para 11 de outubro no Teatro do Núcleo Experimental. A temporada segue pelo mês de outubro, com sessões aos sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00, e novembro nos mesmos horários aos finais de semana e também às 20h00 das segundas-feiras. 

O espetáculo amplia o universo do livro para explorar os anseios de uma geração anestesiada em busca de sua própria identidade. Muitas perguntas assombram o personagem, no solo vivido pelo ator Thalles Cabral, em uma busca urgente de conhecer a profunda essência da mãe, resgatando e reescrevendo suas memórias, enquanto se depara com a sua própria vulnerabilidade. 

A peça parte, portanto, de um dos maiores dilemas humanos para expor essa crise identitária: a perda da figura materna. O corpo inerte da mãe lança o protagonista nessa autoinvestigação desesperada, explorando as consequências da orfandade prematura na formação do seu caráter. Apesar de tocar em camadas profundas, a peça também traz leveza, requintes de humor e cinismo na construção da personalidade e das vivências do personagem, cuja concepção foi a grande inspiração do autor. 

O encontro de Nicolas Ahnert com o texto se deu de maneira totalmente casual. Ao se deparar com o livro durante um despretensioso passeio à livraria, prontamente se interessou pelo título, sinopse, orelha, até devorá-lo por completo. “Assim que terminei a leitura me veio a ideia de transformar o texto em uma peça. Entre muitas coisas que me chamaram a atenção, tem um hibridismo na linguagem, por usar de recursos como cartas, bilhetes, lembretes, fotos. Ele consegue costurar uma história linear com outros elementos, para além da própria narrativa, e isso soou para mim muito teatral”, pontua. 

Inspirado pela história de "Triste Não É ao Certo a Palavra", o autor e diretor buscou não simplesmente representá-la no palco, mas sim criar uma outra narrativa, focada principalmente em desvendar esse filho, para além do que já existe na literatura original, revelando a profundidade da dor que o atravessa, mesmo quando escondida em seu comportamento cínico e aparentemente arrogante, em alguns momentos. “Meu maior interesse foi desenvolver esse personagem, e a liberdade dramatúrgica que o Gabriel me deu foi fundamental para isso. Para mim era importante que o público pudesse enxergar e entender a dor desse filho, para além do luto. Identificar nele um personagem humano, complexo, e não um herói ou uma vítima. Desejo que as pessoas possam se reconhecer em alguma medida e sair tocadas do teatro”, ressalta.

 
Sinopse de "Triste! Triste… Triste?"
Um filho recebe a notícia de que sua mãe tem apenas um mês de vida. Uma descoberta inesperada o obriga a revirar o passado para conhecer quem essa mulher foi, antes que o tempo acabe. Obcecado em preencher essas lacunas, os limites entre as suas memórias e as da mãe começam a se confundir. Quando uma mãe deixa de existir, o que sobra de um filho? Triste! Triste…Triste? é inspirado no livro Triste não é ao certo a palavra, de Gabriel Abreu, da Companhia das Letras. A peça amplia o universo do livro para explorar os anseios de uma geração anestesiada em busca de sua própria identidade. Siga a peça no Instagram @triste.espetáculo

 
Ficha técnica
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Texto e direção: Nicolas Ahnert. Elenco: Thalles Cabral. Cenário e figurino: Pazetto. Iluminação: Nicolas Caratori. Trilha sonora: Alê Martins. Direção de produção: Nicolas Ahnert. Produção: Laura Sciulli e Victor Edwards. Realização: ZERO TEATRO.

 
Serviço
Epetáculo "Triste! Triste… Triste?"
Estreia dia 11 de outubro de 2025.
Temporada: outubro (sábados, às 20h00, e domingos, às 19h00). Novembro (sábados, às 20h00, domingos, às 19h00, e segundas, às 20h00)
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: R$80
Teatro Do Núcleo Experimental
R. Barra Funda, 637 - Barra Funda/São Paulo
Capacidade: 100 lugares.

.: Montagem inédita de "O Filho", do francês Florian Zeller, estreia no Brasil


Depois do enorme sucesso da peça "O Pai", Léo Stefanini dirige montagem inédita no Brasil de "O Filho", também do francês Florian Zeller, com estreia em outubro no Teatro Vivo Com elenco formado por Maria Ribeiro, Gabriel Braga Nunes, Thais Lago, Andreas Trotta, Marcio Marinello e Luciano Schwab, espetáculo é um novo mergulho na teia complexa das relações familiares. Na imagem. Maria Ribeiro, Andreas Trotta e Gabriel Braga Nunes. Foto: Ronaldo Gutierrez


Montada em mais de 20 países e adaptada ao cinema, "O Filho", peça do premiado cineasta e dramaturgo francês Florian Zeller, ganha finalmente sua versão brasileira, ainda inédita no país, com direção de Leo Stefanini. O espetáculo estreia no dia 9 de outubro no Teatro Vivo, onde segue em cartaz até 7 de dezembro de 2025, com sessões de quinta a sábado, às 20h00, e domingos, às 18h00. No elenco estão Andreas Trotta, Gabriel Braga Nunes, Maria Ribeiro, Thais Lago, Marcio Marinello e Luciano Schwab.

Este é o segundo trabalho de Zeller dirigido por Léo Stefanini, que esteve à frente da montagem de “O Pai”, vista por mais de 120 mil espectadores no Brasil e que rendeu o Prêmio Shell de melhor ator para Fúlvio Stefanini. “Eu conhecia a peça e tinha vontade de montá-la desde 2018. E, graças ao sucesso de 'O Pai', reconhecido pelo próprio Florian, que nos parabenizou pelo trabalho em sua rede social, pudemos trazer 'O Filho', que também ambienta esse conturbado universo das relações familiares”, revela o encenador brasileiro.

A trama acompanha Nicolas (Andreas Trotta), um adolescente de 16 anos que se sente perdido em um difícil processo de depressão. Filho de pais separados (Maria Ribeiro e Gabriel Braga Nunes), ele deixa a casa da mãe para morar com o pai e a madrasta (Thais Lago) enquanto tenta reencontrar o sentido em sua vida. 

O texto provoca uma reflexão sobre as relações familiares e os mistérios insondáveis da mente. “A depressão em adolescentes é tema fundamental na reflexão sobre nossa sociedade atual. Não faltam dados que comprovam o aumento exponencial de casos, em todas as classes sociais, em grande parte dos países do mundo. Não à toa a peça se tornou uma febre, sendo montada em todos os continentes. E poder jogar luz sobre o tema é importante para impactar o público de maneira única, provocando a reflexão sobre os caminhos possíveis para a redução de um quadro alarmante”, explica Stefanini.

O diretor ainda conta que a encenação é completamente pautada pelo trabalho com os atores. “O público vai acompanhar um espetáculo em ‘close’, valorizando cada detalhe da trama através de seus olhares e expressões. Neste sentido, não há ‘pirotecnia’ na cena. O cenário, a luz e a trilha seguem a sinteticidade proposta pelo texto”, acrescenta.


Ficha técnica
Espetáculo "O Filho"
Autor: Florian Zeller
Tradução: Carol Gonzales
Elenco: Maria Ribeiro, Gabriel Braga Nunes, Thais Lago, Andreas Trotta e Marcio Marinello e Luciano Schwab.
Direção Geral: Léo Stefanini.
Direção de Produção: Thiago Wenzler.
Trilha Sonora Original: Sérvulo Augusto.
Desenho de Luz: Cesar Pivetti.
Figurinos: Yakini Rodrigues.
Fotografia: Ronaldo Gutierrez.
Mídias Sociais: Metamorphose Marketing.
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio.


Serviço
Espetáculo "O Filho"
Temporada: 9 de outubro a 07 de dezembro de 2025
De quinta a sábado, às 20h00, e domingos, às 18h00
Teatro Vivo - Av. Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi, São Paulo-SP
Vendas online em Sympla.com
Ingressos: R$ 150 (inteira) R$ 75 (meia)
Bilheteria: (11) 3430-1524.  Funcionamento somente nos dias de peça 2h antes da apresentação. Ponto de Venda Sem Taxa de Conveniência: Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 (antigo 860),  Morumbi
Estacionamento no local - Entrada pela Av. Roque Petroni Junior, 1464. Valor R$30. Funcionamento: 2h antes da sessão até 30 minutos após o término da apresentação.
Capacidade: 274 lugares
Classificação: 16 anos
Duração: 80 minutos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Acessibilidade para deficientes visuais.
Acessibilidade para deficientes auditivos.
Acessibilidade para deficientes intelectuais: monitores treinados para auxiliar esse público.

.: Literalistas: Alex Andrade indica livros de Raul Damasceno e Renata Belmonte


O escritor Alex Andrade começou a se interessar por livros na infância. Leitor nato, ele se aventurou na escrita e hoje tem 17 livros publicados, entre literatura para as infâncias e literatura brasileira contemporânea, romances e contos. O último romance dele, "Meu Nome é Laura", publicado pela editora Confraria do Vento, traz a história da construção de uma identidade. Com delicadeza, o autor consegue captar o leitor para um assunto tão sério e atual, a transição de gênero. Entre tantas leituras, Andrade destaca dois livros que gostaria de compartilhar com os leitores.

As indicações são: "O Rio Que Me Corta por Dentro" do escritor Raul Damasceno. "Um livro que narra a história de amor entre Cícero e Luzimar, ambientada no sertão cearense. Com 162 páginas, a obra explora a complexidade das emoções humanas, a saudade e a busca por identidade em um contexto de amor proibido. À medida que Cícero enfrenta a ausência da mãe, ele descobre sentimentos profundos ao lado de Luzimar, desafiando as normas sociais de sua comunidade. A narrativa sensível e poética promete cativar os leitores, trazendo à tona questões sobre amizade, amor e a luta por aceitação".

"Piscinas Russas", da escritora Renata Belmonte, recém publicado pela editora Tusquets. "Combinando suspense e ousadia de estilo, 'Piscinas Russas' discute as histórias que nos formam enquanto pátrias e pessoas, questiona as fronteiras entre autoria e ficção, enquanto também celebra a beleza maior da literatura: a capacidade de, a partir do contato com o idioma particular do outro, acessarmos nossos próprios espaços desconhecidos".

domingo, 5 de outubro de 2025

.: Kikito na mochila e boletos na bolsa: Isabel Guéron fala sobre as entressafras



Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: Manuel Águas

Atriz e escritora, Isabel Guéron volta aos palcos com o monólogo "Entressafra", uma comédia de sutilezas e dores, construída a partir do livro homônimo escrito por ela. No palco do Teatro Glaucio Gill, em Copacabana, ao longo das quatro quartas-feiras de outubro, 8, 15, 22 e 29, sempre às 20h00, ela transforma o que há de mais comum - boletos, maternidade, reuniões de pais, ônibus lotados e silêncios - em arte.

Com humor e delicadeza, Isabel expõe a rotina sem filtro de uma mulher-atriz de mais de 40 anos, desafiando o estereótipo do glamur e colocando o público diante do avesso do ofício. A conversa a seguir, exclusiva para o portal Resenhando.com, revela bastidores da peça, o equilíbrio entre a artista e a mãe, a parceria familiar em cena e as cicatrizes das “entressafras” da vida. Um diálogo sobre arte, sobrevivência e o riso como forma de resistência.

Resenhando.com - "Entressafra" mostra a vida sem filtro de uma atriz com mais de 40 anos. Qual foi a situação mais “glamurosa” da sua vida que, por dentro, era puro caos e boleto atrasado?
Isabel Guéron -
Quando ganhei em Gramado, foi uma surpresa. Eu não ia ao festival, estava há duas semanas de uma estreia no teatro, Depois da Chuva, que eu fiz com direção do Thierry Tremouroux, com ensaios a todo vapor. Mas a produção do filme me convenceu a ficar só dois dias, eu pedi dispensa dos ensaios e fui. Cheguei no dia da exibição do "Buffo Spallanzani", o filme que eu fiz, e no dia seguinte já era a premiação! Eu não tinha visto os filmes concorrentes, estava totalmente sem expectativa. Aí, de repente, meu nome foi anunciado! Tomei um susto! No caminho da minha cadeira até o palco eu só pensava que não tinha preparado nada pra dizer. Quem me entregou o prêmio foi o Othon Bastos! Foi uma emoção sem fim, noite de gala, fotos, festa de cinema. No dia seguinte voltei correndo pro Rio. Fui do aeroporto pro ensaio com o Kikito na mochila (risos). Aí fiz a graça de no meio do ensaio tirar um Kikito da mochila, assim como quem não quer nada; foi uma alegria!


Resenhando.com - No palco você ri de si mesma e do ordinário. Mas e quando o cotidiano não tem graça nenhuma? Como você segura a atriz que mora dentro de você para não transformar tudo em espetáculo?
Isabel Guéron - 
Eu rio de mim mesma no palco e fora do palco. A peça fala sobre isso também: a graça das coisas que aparentemente são banais, a beleza por trás dos acontecimentos banais. E ser atriz, assim como escrever, me joga muito nesse lugar, de observadora. Uma vez, quando trabalhamos juntos, o Tony Ramos me disse que aceitou fazer o personagem quando leu uma cena singela, onde o detetive (personagem em questão) guardava um bolinho num envelope e punha na gaveta, pra lanchar depois. Ele enxergou a profundidade do personagem aí, nesse momento singelo e sem importância. Achei isso tão bonito, tão particular. A vida é assim: se revela nos detalhes. Eu vou vivendo e sendo atriz, é tudo junto. Às vezes é mesmo um espetáculo, mas na maioria do tempo a gente tá ensaiando. 


Resenhando.com - Você já ganhou um Kikito em Gramado, mas também já contou que enfrentou períodos de vazio profissional. Qual dos dois momentos foi mais difícil de encarar: o auge ou a ausência?
Isabel Guéron - 
O elogio e a crítica não podem ser levados muito a sério. É claro que o reconhecimento é uma alegria, e a entressafra pode ser muito dura. Mas eu não tenho outra opção senão continuar.


Resenhando.com - No espetáculo, a reunião de pais aparece como cena. Na vida real, já aconteceu de uma mãe ou pai te reconhecer ali como “a atriz da novela” e você ter que responder ao boletim escolar com a mesma seriedade de uma protagonista de Nelson Rodrigues?
Isabel Guéron - 
(Risos) Não, nunca aconteceu. Imagina uma personagem rodrigueana numa reunião de pais! Eu sou uma mãe mais leve... (risos).


Resenhando.com - A peça fala do ordinário, mas sua trajetória cruza com gente como Walter Lima Jr. e Maria Ribeiro. O que essas pessoas já disseram de você que não caberia num release, mas que ficou gravado na sua memória?
Isabel Guéron - 
Tenho a felicidade de ter amigos muito especiais e eles me dizem o tempo todo coisas importantes. Maria é minha parceira, amiga que eu amo, ficamos grávidas juntas as duas vezes, criamos um podcast juntas, o Isso não é Noronha foi um barato. Estamos amadurecendo juntas e temos uma relação familiar. O Walter é amigo que admiro muito, tenho profundo afeto. Já fui dirigido por ele algumas vezes e sempre tenho algo a aprender. Certa vez ele viu uma peça minha e me chamou pra um café e me disse Bel, você precisa, sua rapidez de raciocínio, sair do texto se for preciso. Ele estava reclamando do meu jeito CDF, de não querer errar e com isso me enrijecer. Tem anos isso, e eu nunca mais abri mão desse conselho. Ontem mesmo nos encontramos no caixa do mercado. Somos vizinhos!


Resenhando.com - A autoficção pode apresentar um reflexo perigoso: o que você descobriu sobre a Isabel Guerón que preferia não ter revelado ao público - mas que o palco a obrigou a escancarar?
Isabel Guéron - 
Descobri muito sobre mim escrevendo o texto. Na hora de adaptar e ensaiar eu atravessei muitos momentos. Chorei sozinha no ensaio algumas vezes e no processo de criação apresentei um esboço da peça em alguns lugares. Escola noturna, universidade, grupo de alunos de teatro. Foi importante entender o que gerava identificação nas pessoas mais diversas, escolher o que era extrapolação do âmbito pessoal. Eu não queria que fosse uma peça sobre mim, e acho que não é. Sou uma desculpa, um pretexto pra falar o que queria dizer.


Resenhando.com - Seu marido está na trilha sonora, seu filho opera o som. Família no teatro é mais companhia ou mais exposição? Alguma vez você já quis “desescalá-los” do processo criativo?
Isabel Guéron - 
Meu marido está na trilha sonora porque ele é um músico genial, sou muito fã do trabalho dele, e eu tenho essa sorte de ser casada com meu trilheiro oficial. Já trabalhar com o Joaquim é uma experiência nova. Quando a gente vê os filhos cresceram, né? E o Joca além de escrever suas músicas, está estudando teatro. Então, achei que seria uma oportunidade interessante para ele, estar dentro da equipe, encarar uma temporada. E ele estava doido pra trabalhar! Foi lindo de ver a dedicação e seriedade dele. Além da sensibilidade e companhia deliciosa! Eles sempre estiveram próximos. Quando eu fazia turnê com eles pequenos, de vez em quando, levava um filho comigo. Eu gosto dessa onda família de circo. E gosto também de viajar sozinha, de sair de casa, de ficar fora um tempo.


Resenhando.com - 
Você vive a entressafra como estado natural da existência. Mas, sinceramente: qual foi a entressafra mais dolorida, aquela que fez você cogitar largar tudo?
Isabel Guéron - 
Depois do meu primeiro filho fiquei assustada. Eu fiquei um ano e meio cuidando dele e depois foi difícil voltar. Porque não é só voltar a trabalhar, é se reencontrar depois da maternidade e ter estrutura pra deixar a criança. Aí fui fazer aulas, oficinas e fui voltando. Outro momento difícil foi a pandemia. Foi pânico total. Eu e Rodrigo somos artistas, ele trabalha com Carnaval, tudo parado. Nós, profissionais da cultura, fomos os primeiros a parar e os últimos a voltar. Eu montei estúdio caseiro e gravei um audiolivro atrás do outro pra fazer algum dinheiro, Rodrigo fazia show e aula on-line, as crianças tendo aula em casa, aquele cenário desolador no país com Bolsonaro, foi um momento que eu pensei: Acabou! Não vamos mais conseguir viver disso que a gente sabe fazer. Mas passou porque tudo passa. A gente ainda se sente meio reconstruindo, mas acho que isso é inerente.


Resenhando.com - A desigualdade social atravessa sua narrativa, do ônibus ao palco. Como atriz e cidadã, você sente que a arte que faz consegue tocar essa ferida ou, no fundo, ainda se fala para uma bolha privilegiada?
Isabel Guéron - 
Eu sou uma mulher ligada em política de modo geral. Meus pais eram professores universitários, de esquerda. Meus três irmãos trabalham com educação. Na minha casa sempre se discutiu política na mesa de jantar, todo mundo sempre tinha uma opinião sobre as coisas. É da minha natureza que as questões sociais atravessem minha vida e consequentemente meu trabalho. Mas eu tenho consciência da bolha em que vivo, e, por isso, meu esforço na dramaturgia da peça foi escapar da bolha. Talvez não escapar, porque é difícil. Mas o que reverbera aqui na minha bolha é que também pode reverberar em outros lugares? Ainda não sai do Rio com a peça. Mas o que eu mais gosto é de viajar com teatro e chegar em lugares diferentes. Jamais vou esquecer quando fui fazer uma peça com Silvio Guindane e Ângelo Paes Leme em Juazeiro, no Ceará, e a fila do teatro dava a volta na Praça. É lindo demais quando a gente consegue isso!


Resenhando.com - Se "Entressafra" fosse adaptado para a televisão - essa máquina de glamour e ilusão -, qual cena você faria questão de manter crua, sem maquiagem, para que ninguém dissesse depois: “a vida real não é assim”?
Isabel Guéron - 
Eu quero adaptar para TV! Já estou até pensando nas parcerias. Adoro a cena em que eu vou registrar minha casa no cartório. Foi uma situação tão inusitada, beirando o absurdo, que não poderia deixar de fora. Agora quem quiser ver a cena tem que ir assistir a peça no Teatro Glaucio Gill, dias 8, 15, 22 e 29 de outubro, quartas-feira. Em curtíssima temporada!

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

.: Crítica musical: Muñoz, a volta do psych rock


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Muñoz é um duo de heavy blues formado pelos irmãos Mauro e Samuel Fontoura. Naturais de Mineiros, município de Goiás, eles formaram a banda em Uberlândia, em Minas Gerais no ano de 2012. E se destacaram com o EP "Muñoz" em 2013 e o álbum "Nebula" em 2014, produzidos por Rafael Vaz no Caverna Estúdio. O seu mais recente lançamento é o CD "Twins", que reforça a sonoridade do duo no estilo psych rock.

A proposta de "Twins" foi produzir um trabalho que representasse com sinceridade a alma da banda: um duo barulhento, visceral e honesto. As letras, seguem uma linha surrealista, introspectiva e sarcástica, dentro do universo do psych rock, abordando temas como ego, solidão, tempo, sonho e loucura. No entanto, o foco do álbum não está nas palavras em si, mas na experiência sonora como um todo, onde voz, ruído e ambiência ocupam o mesmo espaço narrativo.

A capa do disco reforça o caráter íntimo e simbólico do projeto: uma fotografia dos irmãos ainda crianças, nos anos 90. A imagem remete à infância e à conexão fraterna que se traduz também na música - ora nostálgica, ora explosiva. Algumas faixas trazem uma pegada mais garageira, com espírito frenético, que remete à energia do garage rock como expressão juvenil. Se você curte ouvir bandas do segmento indie rock certamente irá se identificar com a sonoridade do Muñoz. Que está distante do som que você ouve nas rádios. E isso já serve como motivo para você conferir o trabalho desse interessante duo.


"Inner Voice"


.: Jair Oliveira e Luciana Mello revivem "Dois na Bossa"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação.

A ideia partiu de Jair Oliveira (Jairzinho): resgatar a memória e celebrar os 60 anos de “Dois na Bossa”, primeiro álbum ao vivo de Jair Rodrigues, Elis Regina e o Jongo Trio, lançado em 1965 e que ultrapassou a marca de 500 mil cópias, um feito inédito na música brasileira até então. Para marcar a data simbólica, Jair subiu ao palco ao lado da irmã, Luciana Mello, em uma noite que reafirmou a vitalidade de um legado que atravessa gerações.

O espetáculo aconteceu no dia 13, no Amaturo Theater, parte do Broward Center for the Performing Arts, em Fort Lauderdale - um dos principais espaços culturais da Flórida, nos Estados Unidos. Os ingressos foram esgotados, evidenciando não apenas a potência de Jair e Elis, mas também o carisma e a solidez artística de Jairzinho e Luciana, que conquistam reconhecimento do público internacional como continuadores e inovadores da tradição musical brasileira. 

O repertório inclui clássicos como "Disparada", "Como Nossos Pais", "Canto de Ossanha", "Arrastão", "Águas de Março" e "Upa, Neguinho", além de medleys que revisitam sambas e canções da bossa nova. O show teve ainda participações de Boca Melodia e da filha de Jair, Isabela Oliveira. “Fiquei ainda mais feliz por ter idealizado este show. ‘Dois na Bossa’ foi um marco na música brasileira e um grande momento na carreira do meu pai e de Elis Regina. Minha intenção sempre foi prestar essa homenagem e reviver toda a emoção que o álbum carrega. Estar fora do país, com ingressos esgotados em um teatro de tanta relevância, e dividir o palco com a minha irmã Luciana torna esse momento ainda mais especial”, afirma Jair Oliveira.

E completa: “De alguma forma, o Jairzão estará com a gente neste show, como se também dividisse o palco conosco - e isso nos emociona profundamente. Queremos que essa homenagem não se restrinja aos Estados Unidos: a ideia é levá-la ao Brasil em 2026, para que o público brasileiro também possa viver de perto essa celebração tão especial da nossa música”. A direção musical é de Jair Oliveira, acompanhado por Cássio Coutinho (teclados), Wesley Cosvosk (bateria) e Kai Sanchez (baixo).


"Medley Dois na Bossa"

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

.: "Pom Poko: a Grande Batalha dos Guaxinins" e a bandeira da preservação

A ganância dos homens endinheirados sempre acima de tudo e todos, inclusive da destruição ambiental  nas colinas de Tama, no Japão. Eis que "Pom Poko: a Grande Batalha dos Guaxinins" ("Heisei Tanuki Gassen Ponpoko"), produção do Estúdio Ghibli, com direção de Isao Takahata, de fundo político, entrega uma autêntica revolução dos bichos em versão cinematográfica animada, com muita ousadia, encantamento e ensinamentos.

Todavia, trazendo para 2025 a classificação etária de 10 anos da produção de 1994, poderia ser problemática quando se tem uma geração com tamanha proteção da realidade. De fato, numa revisão, fatalmente, seria recomendada para uma idade superior. Também pudera, os guaxinins que lutam com suas armas para proteger seu meio natural da devastação, simplesmente expõe seus testículos, inclusive de modo verbalizado, e os usam até como paraquedas para contra-atacar quem degrada o ecossistema deles.

Contudo, a animação vai além de tal detalhe fisiológico. Musical, "Pom Poko: a Grande Batalha dos Guaxinins", ao tratar um tema importante, destruição de um habitat pelo crescimento urbano de Tóquio, usa a magia e a fantasmagoria. Assim, denuncia a depredação ambiental em nome de uma Tóquio prestes a ser erguida em colinas outrora verdes que passam a ser lisas. 

Sem desistir de voltar a ver a natureza por todos os lados, uma comunidade de guaxinins vê com dor seu território ser destruído pela urbanização avassaladora e responde aos humanos com rebeldia. Para tanto, os animais recorrem a poderes mágicos, entre eles o dom da transformação, inclusive se passando por homens e mulheres. 

Por outro lado, nem todos guaxinins são capazes de mudar a aparência. Contudo, a união faz a força e a meta de espantar os invasores torna-se realidade. Tal tentativa, rende na telona uma linda sequência com um desfile de encher os olhos.

O atemporal "Pom Poko: a Grande Batalha dos Guaxinins" voltou aos cinemas para celebrar os 40 anos do Studio Ghibli, com exibição na Cineflix Cinemas de Santos.



Filme: Pom Poko: A Grande Batalha dos Guaxinins (Heisei Tanuki Gassen Ponpoko (平成狸合戦ぽんぽこ)
Direção: Isao Takahata 
Estúdio: Studio Ghibli
Distribuição original: Toho 
Lançamento: Japão: 16 de julho de 1994; Brasil: 21 de junho de 1996
Duração: 119 minutos 
Gênero: Animação, Fantasia, Drama, Comédia 
País de origem: Japão 
Trilha sonora: Composta por Hasso Gakudan e outros artistas. 
Sinopse: A história acompanha os guaxinins das colinas de Tama, no Japão, que veem seu habitat ser ameaçado pelo crescimento urbano de Tóquio. Eles se unem e, usando a antiga arte da transformação, travam uma batalha contra os humanos para proteger sua casa e seu estilo de vida. 

Assista no Cineflix mais perto de você
As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.


Leia+


.: Exposição "Antípodas: tão Distantes, Tão Próximos" é destaque em em SP


Em cartaz a partir de 9 de outubro no Sesc Vila Mariana, a mostra busca conectar Japão e Brasil por meio da intersecção entre arte, tecnologia, ciência e sociedade. Jun Fujiki, P055E5510N (Possessão), 2011. ©Jun Fujiki


Para celebrar os 130 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão, o Sesc São Paulo, em parceria com a Fundação Japão, apresenta a exposição Antípodas – tão distantes, tão próximos. Com curadoria de Tomoe Moriyama, a mostra destaca a produção de jovens artistas japoneses, que integraram duas exposições exibidas no Museu de Arte Contemporânea de Tóquio: Cherish, your imagination (2020) e Mot Annual 2023 – Synergies, Between Creation and Generation (2023).

 O termo “antípodas” designa lugares e pessoas situados em lados opostos da Terra, mas também sugere encontros e conexões possíveis, mesmo a longas distâncias, em que afastamento e proximidade revelam o que há de comum entre culturas aparentemente distantes: Brasil e Japão, São Paulo e Tóquio. Nesta oportunidade, o público é convidado a experimentar trânsitos culturais que estimulam a percepção do outro e de si, nos diversos ambientes do Sesc Vila Mariana. Cada espaço cumpre uma função específica, compondo uma narrativa fragmentada e complementar, com obras multimídia colaborativas e experienciais, que valorizam tecnologias diversas e novos enfoques por meio do diálogo entre arte, ciência, sociedade e memória, estimulando novas perspectivas e uma imaginação criativa orientada para o futuro.

Para oferecer uma vivência livre e interativa, a visitação é autoguiada e tem como estratégia de mediação, a distribuição de cartões postais interativos, estimulando o público a coletar carimbos em totens encontrados a partir do deslocamento e da descoberta. Além disso, um passaporte, que também pode ser carimbado ao longo do trajeto, aprofunda a experiência iniciada com postais entregues no início da visita.

"Antípodas: tão Distantes, Tão Próximos" busca ampliar perspectivas sobre fenômenos e tópicos universais, reforçando os laços históricos e culturais que unem os dois países ao longo das décadas, e que consolidou um intercâmbio cultural robusto, que se reflete na gastronomia, na música, nas artes visuais e nas tradições preservadas por gerações, reafirmando a vitalidade desse vínculo histórico.


Percurso sugerido
O percurso expositivo tem início no Piso Térreo da Torre A, nas Salas Imersivas, concebidas como um convite à experimentação sensorial e tecnológica. Este núcleo evidencia a diversidade de abordagens da cena contemporânea japonesa, articulando arte, ciência e tradição. Entre as obras apresentadas, destaca-se "Zombie Zoo Collection" (2021), de Zombie Zoo Keeper, que tensiona universos lúdicos e distópicos, explorando imaginários digitais. A dupla Kohei Ishida + Yuji Hatada, em Metaverse Windowscape, propõe uma experiência que amplia noções de espaço e percepção, evocando o ambiente virtual como nova paisagem. O jovem artista Yoichi Ochiai, com Instalações sobre Inteligência Artificial e Tradição Japonesa (2022–2023), promove um diálogo entre inovação tecnológica e herança cultural, refletindo sobre as continuidades entre passado e futuro.

A dimensão experimental da mostra se revela em Jizai Arms (2023), de Masahiko Inami + Shunji Yamanaka, que explora a expansão da corporeidade por meio de dispositivos robóticos. O coletivo Optical Illusion Block, com "A City Composed of Optical Illusion" (2022), sugere uma cidade em metamorfose constante, construída por ilusões ópticas que desafiam a percepção. Por fim, a sala dedicada a Akinori Goto apresenta "Crossing #03" e "Numbers #01" (2018–2022), obras que transformam tempo e movimento em esculturas de luz, instaurando uma poética entre o efêmero e o matemático.

Ainda neste andar, a sala Hero Heroine, do jovem Grinder-Man e a obra "Stray Robot Sentai Crengers" (2022–2023), criada pelo trio So Kanno, Akihiro Kato e Takemi Watanuki, aborda, de maneira lúdica, o papel das novas tecnologias na sociedade contemporânea.

A Central de Atendimento (Piso Superior da Torre A) abriga "P055E5510N" ("Possessão", 2019–2021), de Jun Fujiki, obra que questiona as noções de identidade, ao gerar um avatar do visitante, capaz de assumir outros corpos. No Espaço de Leitura (1º andar), estão obras contemplativas e interativas, incluindo Heartbeat Picnic (2011), criação coletiva de Junji Watanabe, Yui Kawaguchi, Kyosuke Sakakura e Hideyukis Ando, que convida o público a reconectar-se consigo mesmo por meio da tecnologia. Nesse mesmo espaço, a artista Arai Minami recria, com arames, a caligrafia japonesa, estabelecendo uma intersecção entre arte e palavra.

No Mezanino (2º piso), a instalação Kotobatabi, um aplicativo de realidade aumentada (AR) reconhece a fala dos participantes e transforma suas palavras em “nuvens” flutuantes no espaço expositivo, que podem ser vistas e compartilhadas por outras pessoas que visitam o local, criando encontros inesperados. Nesta edição, mensagens gravadas por pessoas em Tóquio são exibidas no átrio da Sala de Leitura conectando Brasil e Japão por meio da linguagem e da imaginação. A obra convida o público a refletir sobre as relações entre os dois países e suas cidades.

Já no Espaço de Tecnologia e Artes (3º piso), arte e inovação se encontram: aqui, reaparecem as obras Optical Illusion e Noramoji Project Archive. Por fim, no Solário (cobertura da Torre B), espaço externo de contemplação, encontra-se a obra de Zombie Zoo Keeper, em diálogo com criações realizadas pelas crianças participantes do programa Curumim do Sesc Vila Mariana.


Relação de obras e artistas que compõem a exposição Antípodas
Minami Arai, Hideyuki Ando, Kohei Ishida + Yuji Hatada, Yoichi Ochiai, Hajime Kanno + Akihiro Kato + Takemi Watanuki, GRINDER-MAN, Akinori Goto, Optical Illusion Block Project, Heartbeat Picnic ( Junji Watanabe, Yui Kawaguchi, Kyosuke Sakakura, Hideyuki Ando ), Zombie Zoo Keeper , Noramoji Discovery Project (Rintaro Shimohama / Nariki Nishimura / Shinya Wakaoka) , Panasonic Corporation Design Headquarters FUTURE LIFE FACTORY , Jun Fujiki, Naoko Yamamura + Daisuke Uryu + Mitsuru Muramatsu + Yusuke Kamiyama + Makoto Sakamoto + Shunji Yamanaka + Masahiko Inami (em ordem alfabética).


Sobre a curadora
Tomoe Moriyama (Curadora do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio)
Desde 1989, Tomoe está envolvida na fundação do Museu de Arte Fotográfica de Tóquio e do Centro de Artes Visuais como curadora. Enquanto lecionava na Escola de Pós-Graduação da Universidade de Tóquio, na Universidade de Waseda, na Universidade Bauhaus e em outras instituições, ela organizou aproximadamente 50 exposições de arte midiática no Japão e no exterior. Desde 2007, é curadora do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio. Através de suas atividades como membro do Comitê Especial do Conselho de Assuntos Culturais, conduziu pesquisas e práticas sobre o estabelecimento e desenvolvimento de instalações culturais públicas como centros de arte midiática, colaborações entre tecnologia e arte e apoio a exposições. Suas principais exposições incluem “Expressão da Imaginação”, “O Universo dos Storyboards”, “Ultra [Meta]Visual”, “O Sentido Tátil da Literatura”, “Kohei Nawa - Síntese”, “Tokujin Yoshioka - Cristalizar” e “Missão [Espaço x Arte]”, além de participar de festivais de arte midiática no exterior e da Exposição “CODE” do Festival de Artes Midiáticas do Japão da Agência de Assuntos Culturais em Aichi. Suas principais obras incluem “Museu da Experiência Visual” e “Meta-Visual (Edição Francesa)” (coautor e supervisor). Na EXPO 2025 Osaka-Kansai Expo, atuou como produtora da exposição “Momento entrelaçado - [Quântico, mar, espaço] x Arte”, que permitiu aos visitantes experimentarem o mundo do “quântico, mar e espaço” através da arte e da ciência.

Serviço
"Antípodas: tão Distantes, Tão Próximos"
De 9 de outubro de 2025 a 25 de janeiro de 2026
Terça a sexta, das 10h00 às 20h00. Sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 18h00

Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo, SP (Metrô Ana Rosa)

Estacionamento: 125 vagas - R$ 8,00 a primeira hora + R$ 3,00 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 17 a primeira hora + R$ 4,00 a hora adicional (outros). Paraciclo: 16 vagas - gratuito (obs.: é necessário a utilização de travas de seguranças). Informações: 5080-3000

Encontro Antípodas com a curadora Tomoe Moriyama e artistas da exposição
9 de outubro, quarta-feira, às 19h00. Auditório. 100 vagas.
Retirada de ingressos a partir de 1° de outubro, às 17h00, no app Credencial Sesc SP

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

.: Crítica: "Meus Vizinhos, os Yamadas" é a celebração discreta da vida comum


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Entre os filmes menos lembrados do Estúdio Ghibli, "Meus Vizinhos, os Yamadas" ("Hōhokekyo Tonari no Yamada-kun", 1999) , dirigido por Isao Takahata, é um dos mais surpreendentes e belos. Diferente da estética detalhada e quase pictórica que consagrou o estúdio, aqui o traço é propositalmente simples, quase como um cartum levado para a tela grande. Essa leveza, porém, esconde uma densidade rara: trata-se de uma obra que fala de crises familiares, da vida comum e das pequenas alegrias que muitas vezes passam despercebidas.

A família retratada poderia ser qualquer uma: pai, mãe, avó, um filho e uma filha. Nada de dragões, florestas encantadas ou feitiços. Apenas o cotidiano, mas visto com a lente poética de Takahata. O filme é construído em episódios curtos, pequenas histórias com começo, meio e fim, revelando que o extraordinário pode estar escondido nas rotinas mais banais. A surpresa está nos detalhes - no gesto inesperado, no humor leve, na quebra de expectativas e no lirismo que transforma um jantar ou uma discussão doméstica em momentos de contemplação.

Não é, definitivamente, uma animação voltada para crianças. A poesia proposta exige maturidade para ser absorvida, pois se conecta diretamente com as dores e delícias da vida adulta: a convivência em família, os conflitos entre gerações, as frustrações e as pequenas vitórias cotidianas. O traço solto e as cores delicadas funcionam como um convite ao espectador, que aos poucos percebe que o filme não está apenas sendo assistido, mas vivido.

Os desenhos se afastam do estilo clássico da animação japonesa e se aproximam de tirinhas de jornal e ilustrações aquareladas. As cores, suaves e leves, transmitem uma sensação de acolhimento e intimidade. Em muitos momentos, a paleta e a estética lembram antigas propagandas exibidas na televisão, aquelas animações simples que carregavam lirismo e doçura mesmo em mensagens corriqueiras. Esse recurso dá ao filme uma aura nostálgica, como se o espectador estivesse diante de memórias visuais já familiares, mesmo que nunca as tenha vivido.

Ao final, "Meus Vizinhos, os Yamadas" deixa no público uma sensação otimista, como se a vida - mesmo com crises, tropeços e contradições - fosse bela em sua simplicidade. É um dos melhores filmes do estúdio, embora injustamente pouco lembrado. Talvez por não ter dragões nem guaxinins mágicos, acabe ficando à sombra de títulos mais conhecidos. Mas é justamente nessa escolha minimalista, quase antagônica ao que se espera de uma “grande animação”, que reside sua genialidade.

Takahata lembra ao espectador que não é preciso atravessar mundos para encontrar poesia: ela pode estar logo ao lado, no quintal, na mesa de jantar, no sorriso de alguém da família. "Meus Vizinhos, os Yamadas" é a celebração discreta da vida comum - uma obra-prima que merece ser sempre revisitada. A surpresa está sempre nos detalhes: na pausa para observar um gesto, na ironia suave de uma situação familiar, no lirismo com que questões corriqueiras se transformam em reflexões universais. O público sai com a sensação de que a vida, apesar das dificuldades, é feita de momentos pequenos que merecem ser celebrados - e que o que vem pela frente sempre pode carregar novas possibilidades.


Assista no Cineflix mais perto de você
As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

.: True crime: série sobre Ângela Diniz e Doca Street estreia em 13 de novembro


A HBO Max acaba de anunciar a estreia de sua nova série Max Original, .: "Ângela Diniz: assassinada e Condenada", para o dia 13 de novembro. A plataforma também divulgou um teaser exclusivo com as primeiras imagens do drama. Baseada em um crime real, a produção da Conspiração é dirigida por Andrucha Waddington e terá seis episódios.  

A trama parte do podcast "Praia dos Ossos" e revisita a história de Ângela Diniz, uma mulher que, por sua liberdade e autonomia, desafiou os padrões impostos às mulheres e foi brutalmente punida por isso. Seu último relacionamento terminou em tragédia quando foi assassinada com quatro tiros à queima-roupa pelo namorado Doca Street, sob a justificativa de “legítima defesa da honra” - um caso que impulsionou movimentos feministas em todo o país. 

O teaser antecipa a atmosfera intensa da produção, começando com registros de uma Ângela radiante e em momentos felizes, mas logo revelando a virada trágica de sua trajetória. As imagens evoluem para cenas de tensão crescente, incluindo a violência de Doca contra Ângela, reforçando o tom dramático e a gravidade da história real que inspira a série. 

Fazem parte do elenco Marjorie Estiano como Ângela e Emilio Dantas como Doca Street. Também integram a produção Antonio Fagundes (no papel do advogado e ex-ministro do STF Evandro Lins Silva), Thiago Lacerda (Ibrahim Sued), Camila Márdila (Lulu Prado), Yara de Novaes (Maria Diniz). Completam o elenco Thelmo Fernandes, Renata Gaspar, Tóia Ferraz, Carolina Ferman, Joaquim Lopes, Emílio de Mello, Marina Provenzzano, Maria Volpe, Gustavo Wabner, Ester Jablonski, Pedro Nercessian, Deco Almeida, Stepan Nercessian, Daniela Galli, Priscila Sztejnman, Tatsu Carvalho, Charles Fricks e Alli Willow.  

"Ângela Diniz: assassinada e Condenada" é uma série de ficção Max Original produzida pela Conspiração. Escrita por Elena Soárez, Pedro Perazzo e Thais Tavares conta com direção geral de Andrucha Waddington e direção de 2ª. unidade de Rebeca Diniz. A produção é assinada por Waddington e Renata Brandão. Pela Warner Bros. Discovery, a produção executiva fica a cargo de Mariano Cesar, Anouk Aaron e Vanessa Miranda. 

.: Terror com Paolla Oliveira, "Herança de Narcisa" estreia no Festival do Rio


Com direção de Clarissa Appelt e Daniel Dias, produção aborda a ancestralidade feminina e faz parte da "Mostra Première Brasil: Competição Novos Rumos". Estreia ocorre no dia 6 de outubro

O aguardado longa-metragem “Herança de Narcisa”, que marca a estreia de Paolla Oliveira no gênero terror, ganhou um cartaz oficial.  O filme, que leva direção de Clarissa Appelt e Daniel Dias, estreia no Festival do Rio no dia 6 de outubro e faz parte da “Mostra Première Brasil: Competição Novos Rumos”, um espaço dedicado a longas-metragens de ficção e documentários que apostam em narrativas inéditas e que apresentam as tendências na sétima arte brasileira.

“No sincretismo religioso brasileiro, acredita-se que somente reconhecendo as projeções e questões um do outro, fantasmas e hospedeiros podem se libertar. ‘Herança de Narcisa’ é uma versão diferente do clássico filme de possessão, em que não falamos sobre a possessão pelo mal ou pelo diabo, mas sobre a possessão pelas questões não resolvidas do relacionamento entre mãe e filha. Para quebrar o ciclo, a única maneira é um exorcismo mútuo”, comenta a dupla de cineastas sobre o terror psicológico.

A produção acompanha Ana (Paolla Oliveira) e o seu retorno à casa em que passou a infância após a morte recente de sua mãe, a ex-vedete Narcisa. O casarão, localizado no Rio de Janeiro, foi a única herança deixada a ela e a seu irmão, Diego, vivido pelo ator Pedro Henrique Müller. Decidida a vender a casa e dividir o dinheiro com Diego, Ana começa a revirar o imóvel e dar início ao processo de limpeza, revelando uma herança bem diferente do que ela imaginava.

À medida que explora o local, Ana navega por um mar de antigos traumas e mistérios, passando a ser assombrada por uma maldição ancestral e pelo espírito da mãe. Para sobreviver, ela precisará confrontar as mágoas e as memórias de uma relação tóxica mal resolvida. “Eu senti que o único jeito de me livrar das minhas cicatrizes ancestrais era através de algum tipo de ritual. Compartilhei a ideia com Daniel, meu parceiro, e nós escrevemos esse filme. Essa é uma produção sobre ancestralidade feminina e a fita vermelha representa o que nos amarra e nos separa, ao mesmo tempo”, completa Clarissa Appelt. 

“A onda de terror psicológico dos anos 40, como em 'Cat People' (1942) e 'I Walked With a Zombie' (1943), ambos de Jacques Tourner, serviram de grandes inspirações, assim como o mais recente 'The Night House'”, de David Bruckner”, explica Daniel Dias. Com produção da Camisa Preta Filmes, coprodução da Urca Filmes e Telecine, e distribuição da Olhar Filmes, “Herança de Narcisa” tem sessão de estreia no dia 6 de outubro, às 18h45, no Estação Gávea. No dia 7 de outubro, às 16h, o filme será exibido no Estação Rio - essa sessão será com debate). E no dia 8 de outubro, às 18h, exibição no Cine Carioca José Wilker. 


Ficha técnica
“Herança de Narcisa” (Dir. Clarissa Appelt e Daniel Dias / 85’ / Ficção / Brasil / 2025)
Elenco: Paolla Oliveira, Rosamaria Murtinho, Pedro Henrique Müller, Elvira Helena
Roteiro: Clarissa Appelt e Daniel Dias
Direção de fotografia: Zhai Sichen
Montagem: Daniel Dias
Direção de arte: Fernanda Teixeira
Figurino: Roberta Pupo
Caracterização: Cleber de Oliveira
Direção de som: João Henrique Costa
Edição de som: Bernardo Uzeda
Trilha sonora: Marcelo Conti
Produção: Camisa Preta Filmes
Coprodução: Urca Filmes e Telecine
Distribuição: Olhar Filmes
Produtores: Amanda Amorim, Leonardo Edde, Eduardo Albergaria
Classificação indicativa: 14 anos

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.