quinta-feira, 2 de agosto de 2007

.: Dossiê Autran Dourado, escritor

"A única maneira de saber se você tem talento é escrevendo." - Autran Dourado

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2007


Um escritor e novelista que mostra a verdade sobre a vida e ressalta que neste mundo nada é definitivo.


As produções de um excelente escritor não são encontradas nas "páginas amarelas". Talvez por meio da indicação de um bom amigo ou pelo próprio impulso de conhecer o novo. Eu, infelizmente, conheci Autran Dourado somente na Pós-Graduação em Literatura. O fascínio pelo autor não foi algo imediato, mas ao ler cada palavra "dourada" pude perceber a importância deste autor brasileiro e o quanto havia perdido, antes de conhecê-lo melhor.

Autran Dourado, isto é, Waldomiro Autran Dourado nasceu em Patos de Minas, Minas Gerais, no ano de 1926. Estudante de Direito em Belo Horizonte, publicava contos e artigos em jornais de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Integrou o grupo de jovens mineiros que criaram a revista Edifício em 1945.

Formou-se em Direito, em 1954, quando se mudou para o Rio de Janeiro, onde mora há mais de 40 anos. Foi secretário de Imprensa do Presidente Kubitschek de 1955 a 1960. Este grande ficcionista dos anos de 1960 e 70 possui mais prêmios e honrarias do que qualquer outro escritor brasileiro. 

Atualmente, conta com vários livros traduzidos e trinta teses de mestrado e doutorado sobre sua obra, no Brasil e no exterior. Entre suas grandes obras está o livro de contos, Solidão, solitude (1972), além dos romances importantes como Uma vida em segredo (1964), filmado pela cineasta Suzana Amaral, A barca dos homens (1961), Ópera dos mortos (1967), O risco do bordado (1970) e Os sinos da agonia (1974).

O romance Ópera dos mortos foi escolhido pela Unesco para integrar a Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal e Os sinos da agonia, adotado para os exames de Agregação das Universidades Francesas. Estas obras envolvem uma linguagem obsessivamente trabalhada, principalmente pelo fato da revelação de mundos espectrais e doentios em que os indivíduos são arrastados pela forças dos instintos rumo à destruição.

Ópera dos mortos: Neste romance há um sobrado decadente da família Honório Cota. Nele, vive Rosalina, a última remanescente de uma estirpe em extinção, acompanhada apenas de uma empregada muda, Quiquina, e de um agregado, Juca Passarinho. A paixão erótica que a patroa nutre por Juca Passarinho é proporcional ao desprezo que ela vota a esse subalterno social. Todavia a gravidez da orgulhosa Rosalina surge como um golpe terrível na vida dos três, desencadeando o crime e a loucura.

Os sinos da agonia: De acordo com o crítico Flávio L. Chaves, em Os sinos da agonia “a vida das criaturas está cifrada numa sucessão labiríntica que vai do adultério ao assassinato, da ambição dissimulada à loucura e ao suicídio, das secretas intrigas familiares à delação pública. Autran Dourado escreveu o romance da traição”. Contudo, a ação transcorre na Vila Rica do século XVIII, mas a circunstância histórica (a decadência da sociedade aurífera) é meramente circunstancial. Este não é apenas um romance histórico e sim de uma narrativa voltada para a análise e o contraste dos caracteres individuais, especialmente os de Malvina e os de Gaspar. 

Prêmios: Autran Dourado já recebeu vários prêmios no Brasil, inclusive um na Alemanha, o Prêmio Goethe de Literatura. Em agosto de 2000, recebeu o Prêmio Camões pelo conjunto de sua obra, prêmio atribuído anualmente ao melhor autor de língua portuguesa. A Rocco está reeditando as obras selecionadas e revistas pelo autor, entre romances, contos e ensaios. As capas das reedições são feitas especialmente pelo gravurista Ciro Fernandes.

Para Autran Dourado "tudo é literatura, mesmo a filosofia, pois nenhum de seus problemas foi até hoje resolvido". Em entrevista ao site Guia do Livro, o escritor disse que "a única maneira de saber se você tem talento é escrevendo" .


 Novo livro: O Senhor das Horas é composto por duas novelas e quatro contos inéditos, protagonizados por personagens que vêem suas vidas em retrospecto, isto é, uma sucessão de perdas - da infãncia, da inocência, da virgindade, da juventude, da mulher amada, das tradições. Todos fazem parte de um passado distante. Autran Dourado pega o leitor pela mão e o faz acompanhar vidas movimentadas e sonolentas, algumas bem-vividas outras desperdiçadas, longas e breves. Embora O Senhor das Horas nada tenha de erótico, o sexo é tema constante nas páginas da obra, como por exemplo, há um coronel que prefere seduzir suas serviçais a satisfazer a libido de sua belíssima esposa.



Obras publicadas
A barca dos homens, romance
Ópera dos mortos, romance
O risco do bordado, romance
Os sinos da agonia, romance
A serviço del-rei, romance
Tempo de amar, romance
Uma vida em segredo, romance
Novelário de Donga Novais, romance
Lucas Procópio, romance
Um artista aprendiz, romance
Monte da alegria, romance
Um cavalheiro de antigamente, romance
Ópera dos fantoches, romance
Confissões de Narciso, romance
Novelas de aprendizado, romance
Gaiola aberta, memorial
Solidão solitude, contos
Armas e corações, contos
As imaginações pecaminosas, contos
Violetas e caracóis, contos
Uma poética de romance: matéria de carpintaria, ensaio
Meu mestre imaginário, ensaio



Obras reeditadas pela Rocco
Ópera dos mortos, romance
Os sinos da agonia, romance
A barca dos homens, romance
O risco do bordado, romance
Um artista aprendiz, romance
Uma poética de romance: matéria de carpintaria, ensaio
Novelário de Donga Novais, romance
A serviço del-Rei, romance
As imaginações pecaminosas, contos



Obras editadas pela Rocco
Gaiola aberta, memórias 
O Senhor das Horas, novelas e contos
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