quarta-feira, 14 de março de 2018

.: Resenha crítica de "Com amor, Simon", ágil, leve, incisivo e emocionante

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2018


"Com amor, Simon", distribuído pela 20th Century Fox é leve, sensível e incisivo, longe de forçar a barra ao retratar o momento delicado que é o de se assumir gay perante a sociedade. Em tempos em que pai mata -literalmente- um filho ao descobrir a sexualidade dele, as quase 2 horas de filme servem como a perfeita lição de respeito, companheirismo e aceitação.

Simon Spier, de 17 anos, interpretado por Nick Robinson ("Jurassic World"), frisa, diversas vezes, ser um garoto comum. E é! Longe de estereótipos, mesmo tenho uma família próxima a de comercial de margarina, a ponto de todos se reunirem para assistir filmes e séries ou comer as guloseimas preparadas pela irmã Nora (Talitha Bateman) que decidiu ser mini chef. Há peculiaridades nos Spier!

A família do mocinho da trama é composta por Jennifer Garner, a mãe de Simon, a eterna heroína de "Alias" e "Elektra", que também foi a menina de 13 anos que acorda aos 30, Jenna, de "De repente 30"; Josh Duhamel, o pai de Simon que já foi pai por tabela em "Juntos pelo Acaso"Talitha Bateman, na pele da irmã, que interpretou a menina manca curiosa que ajudou a libertar o demônio de "Annabelle 2 A Criação do Mal".

Toda narrativa precisa de um conflito e melhor ainda quando explode no ambiente escolar. Simon tem um segredo. Nessa idade, quem não tem? Contudo, é a confissão anônima num blog que leva o público ao jogo de gato e rato em busca do dono da identidade de Blue -o que é enriquecido pela sequência de interpretações equivocadas de Simon a respeito do verdadeiro correspondente misterioso.

Em contrapartida, Simon vai se aproximando e se apaixona pelo remetente. Algo no estilo do clássico "Admiradora Secreta", sem bilhetinhos, totalmente moderno. Claro! É justamente a modernidade e o detalhe de não encerrar um e-mail que faz com que as conversas de Simon -que assinava como Jacques- e Blue são lidas por alguém nada confiável. Embora seja chantageado, para o segredo ser mantido entre os dois, é um único momento de raiva que coloca tudo a perder. Fofoca espalhada na escola? Impossível esquecer o incrível "A Mentira", salientando que nesse caso, é uma verdade.

Como um segredo, pede certas mentiras, a amizade com Leah Burke (Katherine Langford, a Hannah em "13 Reasons Why"), Nick Eisner (Jorge Lendeborg Jr., de "Homem-Aranha: De Volta ao Lar") e Abby Suso (Alexandra Shipp, a Tempestade de "X-Men: Apocalypse", com carinha de Angela Basset jovem) fica bastante estremecida. Assim, Simon se vê sozinho, mesmo tendo o apoio da família. Uma das belezas de "Com amor, Simon" está na forma em que o protagonista é tratado em casa, seja antes ou após assumir a homossexualidade. Normal!




Nick Robinson dá conta do recado no posto de adolescente receoso e apaixonado, seguindo o estilo -inclusive fashion- do falecido Cory Monteith, o Finn Hudson, no seriado musical "Glee". E a aproximação não fica somente por conta do tamanho ou jeito de andar entre os atores, mas a cena com a música "I Wanna Dance With Somebody" reforça bem a ideia. 

Em meio a brincadeira com suposições e revelações aos pais de filhos héteros, o final é digno de uma linda história de amor -até previsível-, que, em partes, remete ao filme "Nunca Fui Beijada", mas não imbatível ao de "Namorada de Aluguel". Afinal, quem não torce pelo personagem quando é envolvido por ele, não é mesmo?

Duhamel não deixe de assumir, com propriedade, o papel de pai e consegue tirar lágrimas numa conversa franca com o filho. Emocionante! No entanto, por vezes, a figura de Garner, como uma mãe compreensiva e participativa, faz lembrar a parceria dela com Mark Ruffallo, em 2004. Deixando aberta a seguinte pergunta: "Seria essa a família de 'De repente 30' após 20 anos de casamento?". 

Ágil, leve e pontual. O roteiro -talvez por ser baseado no livro "Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens", da escritora Becky Albertalli"- e a edição do filme são impecáveis, pois apresentam também uma excelente dobradinha: sonoplastia e trilha sonora, com pegada anos 80/90. Aliás, alguém se lembra de quando começaram a ser saudosistas nos filmes com trilha sonora, cenas semelhantes ou referências aos filmes dessa época? Será que "De repente 30" foi o gatilho? 


Sinopse: Aos 16 anos, Simon Spier não é abertamente gay, preferindo guardar seu drama para o musical da escola. Um dia, um dos seus e-mails acaba caindo em mãos erradas, colocando em risco o seu secreto. Simon começa a ser chantageado. Ele deve ajudar o “palhaço” da classe a sair com a garota de quem gosta ou terá a homossexualidade exposta, assim como o apelido do garoto com quem estava conversando.

Cine Roxy: Em parceria com a Fox, foi realizada uma pré-estreia na terça-feira, 13, às 21h, no Cine Roxy 4 do Pátio Iporanga. Os adolescentes que acompanharam o filme, após a exibição participaram de um bate-papo com a psicóloga Marcia Atik e o escritor Flavio Viegas Amoreira. 

Filme: Com amor, Simon (Love, Simon, )
Elenco: Jennifer Garner, Alexandra Shipp, Josh Duhamel, Katherine Langford, Keiynan Lonsdale, Miles Heizer
Direção: Greg Berlanti
Gênero: Comédia dramática
Duração: 1h 50min.
Distribuidora: Fox Film
Estreia: 22 de Março de 2018


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: 
@maryellenfsm




Sobre o Cine Roxy: Em mais de oito décadas, o Roxy é caso raro de cinema que acompanhou a transformação da maneira de se exibir um filme: dos primeiros e grandes rolos de película ao sistema digital. A rica trajetória se deve à perseverança e o senso empreendedor da família Campos: de pai para filho, chegou ao atual diretor do Roxy, Antônio Campos Neto, o Toninho Campos. A modernização, aliada à tradição, transformou o Roxy no principal cinema do litoral paulista, fato que rendeu a Toninho o Prêmio ED 2013 na categoria Exibição -Destaque Profissional de Programação, considerado o principal do país nos segmentos de exibição e distribuição. E o convite para ser diretor cultural do Santos & Convention Visitors Bureau.



Trailer

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5 comentários:

  1. Textão bom. Obrigado por compartilhar!

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  2. Bem observado, os filmes de hoje em dia estão de olho nos dos anos 90, são parecidos e usam músicas antigas. Até Bingo fez isso. Que o cinema brasileiro aprenda tb!

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  3. Também vi. Chorei muito.

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  4. Preciso ver o filme desse lindo

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  5. Filmão do caramba, sem frescuras ou mimimi. Parabéns!

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