sábado, 4 de agosto de 2018

.: Reeditados os dois primeiros álbuns da banda Zero em CD, por Luiz Otero


Por Luiz Gomes Otero*, em julho de 2018.

Uma das bandas mais cultuadas dos anos 80, a Zero, liderada pelo vocalista Guilherme Isnard, teve reeditados os dois primeiros discos do grupo – o EP "Passos no Escuro" e o álbum "Carne Humana" – em um único CD, intitulado apropriadamente "Obra Completa".

O disco reúne as 16 músicas que o Zero lançou pela gravadora EMI, entre 1986 e 1988. Ficam inéditos apenas a estreia do grupo, ainda em compacto, com "100% Paixão e Heróis". A capa de "Obra Completa" homenageia um trabalho do pintor Norman Rockwell, The Conaisseur, que retrata um observador diante de uma tela de Pollock, questionando a arte abstrata.

Formado em 1983, o Zero conseguiu seu maior sucesso com a canção "Agora Eu Sei", balada romântica que conta com a participação de Paulo Ricardo, na época com o RPM batendo recordes de vendas de seu segundo disco, "Rádio Pirata Ao Vivo".

Na sequência, as rádios começaram a tocar "Formosa", um rock elegante na linha do Roxy Music e do Duran Duran. "Agora Eu Sei" e "Formosa" faziam parte do EP "Passos no Escuro", tentativa fracassada da EMI em colocar nas lojas um produto mais barato para o público. 

A gravadora imaginava que ao lançar um "mini-LP" de sete músicas, cobrando menos por isso, as vendas aumentariam. O plano não deu certo, pois os lojistas vendiam o "mini-LP" com o mesmo preço de um disco completo.

Apesar disso, o formato abriu as portas do mercado para bandas como Plebe Rude (que estreou com "O Concreto Já Rachou") e do Zero. Pouco tempo depois, Guilherme Isnard e os demais integrantes estavam em estúdio para gravar "Carne Humana". Seguindo na linha tecnopop do disco de estreia, o grupo colocou nas paradas o rock "Quimeras" e a balada "A Luta e o Prazer".

Por divergências musicais, a banda se separou na virada da década de 90, voltando a se reunir em 2002 para o lançamento de "Electroacústico", CD que traz vários dos hits do grupo em novas versões.

Zero faz parte de um momento interessante do rock nacional, quando as bandas tiveram espaço para mostrar suas canções sempre com uma roupagem mais original, ainda que demonstrassem ter influências musicais bem definidas. No caso do Zero, a influência maior veio do som dos grupos internacionais que compunham o chamado movimento new romantic dos anos 80, como a já citada Roxy Music.


"Agora Eu Sei"

"Formosa"

"Quimeras"

*Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Criou a página no Facebook Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.
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