terça-feira, 17 de março de 2020

.: O canto do cisne de Billie Holliday, por Luiz Gomes Otero


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

No ano de 1958, a cantora Billie Holiday se apresentou no festival de jazz de Monterey, nos Estados Unidos. E apesar das limitações de sua voz provocadas pelos excessos e vícios, ainda conservava a classe que sempre norteou a sua carreira. Esse registro histórico pode ser conferido no CD "Live At Monterey".

Esse disco representa praticamente o canto do cisne de Billie Holliday. Ela morreria em julho do ano seguinte, de complicações provocadas por uma agressiva cirrose hepática, resultado dos anos de consumo excessivo de bebidas alcoólicas e outros tipos de vícios.

O disco abre com duas peças jazzísticas bem no estilo de Billie: "Ain't Nobody's Business But My Own" e "Willow Weep For Me". O repertório passa também pela clássicas "God Bless The Child" e "Good Morning Heartache", dois de seus sucessos do início de carreira.

A faixa  "Oh, What A Little Moonlight Can Do" dá a exata dimensão da força de interpretação de Billie Holiday, com um andamento mais rápido do que as demais composições,  ela consegue cantar de uma forma leve, mesmo com os problemas com a voz, demonstrando uma força incomum para uma intérprete de jazz.

"Live At Monterey" funciona como um documento musical. Mostra Billie Holiday ainda como uma cantora sensacional, que conseguia prender a atenção da plateia apenas com a força de sua interpretação. Algo cada vez mais raro nesses dias atuais, em que muitas cantoras utilizam outros tipos de recursos para chamar a atenção do público.


"Live at Monterey"

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