sexta-feira, 27 de maio de 2022

.: "Exile on Main Street ": os 50 anos de um álbum essencial


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Corria o ano de 1972. E os integrantes dos Rolling Stones viajam para a França, para compor e gravar as bases de seu álbum mais conciso, que traduziu de forma definitiva a mescla de rock, soul, blues e gospel, entre outras influências da banda. "Exile On Main Street" foi lançado como álbum duplo e até hoje é apontado como a obra-prima musical do grupo.

A ida para a França também foi motivada em parte pelos problemas que a banda enfrentava com o Fisco Inglês. Mas é fato que o auto-exílio serviu para que o grupo tivesse a liberdade suficiente para produzir canções novas, sem a pressão de emplacar hits nas paradas.

A formação da banda na época era Mick Jagger (vocal), Keith Richards (guitarra e vocais), Charlie Watts (bateria), Bill Wyman (baixo) e Mick Taylor (guitarra). A mesma que havia produzido o álbum anterior ("Sticky Fingers"), com a adição de alguns músicos convidados como Billy Preston e Dr. John, além de outros que já tocavam habitualmente, como o tecladista Ian Stewart e o saxofonista Bobby Keys.

A dupla Jagger-Richards assina a maioria da autoria das canções. As primeiras faixas funcionam como uma espécie de ode ao rock´n roll mais puro em sua essência, culminando no hit "Tumbling Dice". Na sequência seguem baladas com tom folk e da soul music ("Sweet Virginia" e "Torn And Frayed").

É desse disco a canção que Keith Richards sola o vocal ("Happy"). E o interessante é que a canção foi gravada como uma jam session descompromissada, conforme o próprio intérprete revelou em entrevistas dada na década de 80. A balada "Shine a Light" parece ter sido influenciada diretamente pela soul music, enquanto que "All Down The Line" representa de forma exata a forma dos Stones tocarem rock´n roll, assim como a ótima "Soul Survivor".

Em que pese os problemas enfrentados com o alto consumo de drogas, Keith Richards está simplesmente magistral na condução dos riffs e solos, que dividia com o competente Mick Taylor. O restante da banda (Watts e Wyman) apenas fazia a sua parte preenchendo os espaços de forma concisa nas canções.

Não por acaso, o disco é frequentemente apontado pela crítica especializada como um dos maiores álbuns de todos os tempos. Ele fecha um ciclo de álbuns magistrais, com os antecessores "Beggar´s Banquet", "Let It Bleed" e "Sticky Fingers". E hoje em dia, 50 anos após o seu lançamento, continua com uma sonoridade mais atual do que nunca. É somente rock´n roll. Mas nós gostamos.


"Sweet Virginia"

"Tumbling Dice"

"Shine a Light"


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