terça-feira, 9 de dezembro de 2025

.: #Literalistas: as leituras de Antonio Arruda e o rito mensal que ele faz


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: divulgação

Escritor e roteirista, Antonio Arruda lê para reorganizar o mundo e para desorganizá-lo na mesma medida. Talvez por isso, ao citar a máxima do poeta e amigo Flávio Viegas Amoreira (“um poema por dia, um conto por semana, um romance por mês”), ele a transforme em pulsação vital. Autor do livro de contos "O Corte que Desafia a Lâmina", Arruda intercala ficções, filosofia e teoria literária, movendo-se, como ele próprio diz, “no centro da encruzilhada dos estilos, das linguagens, das literatitudes”. É desse lugar de fricção e fertilidade que compartilha as leituras que o acompanham neste momento, cada uma em diálogo direto com sua escrita, sua sensibilidade e as vozes femininas que o atravessam.

A primeira delas é “O Jardim das Oliveiras”, publicado pela Editora Record, de Adélia Prado, recém-finalizado. É também a obra da qual extrai o verso que funciona como chave de leitura e de afeto: “Me atrai o que no desespero é belo”. Arruda encontra no livro um território em que o divino e o mundano se interligam por zonas de dor, decomposição e luz - “verme entre brasas”. Para ele, trata-se de um livro em que “nada sobra, nada falta”, um espaço onde o corpo, a fé, a finitude e o Mistério se entrelaçam em poesia. Um tesouro revelado, como escreve o próprio.

Depois, ele retorna a “Conto Azul e Outros Contos”, publicado pela editora Nova Fronteira, de Marguerite Yourcenar, relido agora como parte do processo de escrita de seu novo livro de poemas. Há, segundo Arruda, três vozes femininas que se intercalam na obra - a mãe, a avó e a deusa -, e Yourcenar oferece a ele não apenas uma estética, mas uma lente. "Ainda que em prosa", afirma ele, "o feminino de Yourcenar emerge de forma poética e imagética, desestabilizando e revelando laços profundos entre mulheres reais, míticas e simbólicas".

Por fim, Arruda lê - e momentaneamente interrompe para manter o rito mensal - “quase todas sobrevivemos às mães”, publicado pela Editora 7 Letras, de Deborah Couto. Ainda assim, reconhece que, ao terminar este texto, voltará imediatamente ao romance. A obra, diz ele, é tecido de personagens intensas e cenas curtas que funcionam como pequenos socos no estômago. Ali, desejos, falências e complexidades humanas se insinuam mais nas entrelinhas do que no que é dito, “neste romance que pode ser lido num fôlego só”Compre o livro "O Corte que Desafia a Lâmina", de Antonio Arruda, neste link.

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