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domingo, 20 de julho de 2025

.: "O Conto da Ilha Desconhecida", inspirado na obra de José Saramago, em cartaz no Sesc Ipiranga


Com direção e dramaturgia da premiada Cristiane Paoli Quito, espetáculo é encenado em cima de um quadrado com 4m x 4m e convida o público a pensar sobre o desconhecido. Foto: Caio Oviedo

“Como criar algo que não existe? Como buscar aquilo que já se achou? Como procurar uma ilha desconhecida se não há mais ilhas desconhecidas?”. Inquietações como estas são apresentadas ao público no espetáculo "O Conto da Ilha Desconhecida", com direção e dramaturgia da premiada encenadora Cristiane Paoli Quito, a partir da obra homônima do escritor português José Saramago (1922-2010). O espetáculo está em cartaz no Sesc Ipiranga até dia 7 de setembro.

O trabalho surgiu do encontro da diretora com três ex-alunos na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA/USP): Camila Cohen, Lucas Corbucci e Luiz Felipe Bianchini, que são os intérpretes-criadores. E Josí Neto, que assina a direção musical e toca um piano de meia cauda em cena, completa o time. Esse nosso encontro rendeu outros trabalhos dirigidos por Quito, os espetáculos "Só Eles o Sabem" (2014), com texto de Jean Tardieu; "Idiotxs Magníficxs" (2018). Além disso, o grupo passou a frequentar o treinamento conduzido pela diretora com a máscara de palhaço. 

“A partir dessas experiências e encontros surgiu o desejo de prosseguir vivenciando a poética teatral e práticas artísticas desenvolvidas por  ela, como o compêndio (jogo de palavras), o movimento-imagem-ideia e o treinamento com a máscara do palhaço”, revela a atriz Camila Cohen. "O Conto da Ilha Desconhecida" foi uma proposta trazida por Quito, principalmente pelo fato das palavras de José Saramago apresentarem ritmos e cadências sugestivas ao jogo teatral, bem como pela continuidade do trabalho da diretora com a adaptação literária para o teatro. 

O texto convida a plateia a pensar sobre o desconhecido, por meio da história de um homem que, com notável atrevimento, bate à porta do rei e pede um barco para partir em busca de uma ilha desconhecida. A peça é encenada em um espaço reduzido, um quadrado de 4m x 4m e a poética da encenação explora justamente esse jogo de palavras e os desenhos corporais dos artistas.

E, sobre a encenação, a Quito explica: “A maneira como estamos levando à cena o texto de Saramago busca solucionar as questões de modo muito ‘simples’. Apesar de um cuidado estético bastante apurado e delicado, a ideia é que o corpo, a palavra e o espaço sejam essenciais.  E há o piano de meia cauda, de sonoridade sofisticada, palavras e corpos de sons de nossa pianista a brincar no espaço”

“Inspirados na forma como as crianças brincam com extrema liberdade de serem o que quiserem em uma história inventada, aqui os narradores estabelecem um jogo em um espaço exíguo, com desenhos do corpo e essas relações com o jogo das vozes e imagens criadas pelos corpos no espaço para a comunicação das ideias e da diversão proposta pelo texto. A utilização dos panos e a criação de uma pequena embarcação/ilha são construídas brincando com a possibilidade do ‘faça você mesmo’", acrescenta.

O espetáculo é voltado para pessoas de todas as idades e não busca simplificar o significado de palavras e expressões inusitadas articuladas por Saramago. A ideia é justamente brincar com a sonoridade desses termos e lidar com o material como um parceiro criativo no estabelecimento de jogos cênicos. Compre o livro "O Conto da Ilha Desconhecida", de José Saramago, neste link.


Ficha técnica
Espetáculo "O Conto da Ilha Desconhecida"
Direção geral, concepção e dramaturgia: Cristiane Paoli Quito 
Direção de arte (cenário, figurino e concepção gráfica): Lucas Corbucci
Diretora assistente e preparadora corporal: Ana Noronha 
Intérpretes criadores: Camila Cohen, Lucas Corbucci e Luiz Felipe Bianchini
Direção musical e música de cena: Josí Neto 
Design de luz: Marisa Bentivegna
Produção: Luciana Venâncio (Movicena Produções)
Fotografias: Caio Oviedo e Débora Peccin
Costureiras: Silvana Carvalho e Larissa Slongo
Cenotécnico: Zito Rodrigues 
Agradecimentos: Cristina Mira, Duda Machado, Erica Montanheiro, Flavia Burcatovsky, Gabi Gonçalves, Graciane Diniz Fiori, José Pedro Ferraz, Lu Favoreto, Lucyana Semensatto, Luiz Fernando Marques Lubi, Renato Ghelfond, Vanessa Bruno, Victor Palomo, Turma de Terça e Quarta do palhaço.
Apoio: Espaço Mirabilis e Estúdio Oito Nova Dança


Serviço
Espetáculo "O Conto da Ilha Desconhecida"
Temporada: até dia 7 de setembro*
Domingos, às 11h00
*Sessão do dia 27/7 contará com intérpretes de Libras
Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada)*, R$12 (credencial plena) e grátis (para crianças de até 12 anos)
Venda on-line em https://www.sescsp.org.br/programacao/o-conto-da-ilha-desconhecida
Venda presencial nas unidades do Sesc
*Têm direito à meia-entrada estudantes, servidores de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência
Classificação: livre
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

.: Espetáculo "Macuco" entrelaça memória e debate socioambiental no Sesc Pinheiros


Montagem com dramaturgia de Victor Nóvoa e direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) aborda questão climática e ancestralidade a partir da jornada de um entregador que retorna à ilha onde nasceu. Foto: Noelia Nájera


Memória, ancestralidade e resistência conduzem a trama de Macuco, espetáculo que está em cartaz no auditório do Sesc Pinheiros. Com dramaturgia de Victor Nóvoa e direção e cenografia de Luiz Fernando Marques (Lubi), a montagem é protagonizada por Edgar Castro e Vitor Britto, e conta com a participação especial da atriz Cleide Queiroz em vídeos e direção de produção de Helena Cardoso. A temporada segue até 30 de agosto com sessões às quintas, sextas e sábados, às 20h00.

Na peça, Sebastião é um entregador de aplicativo que se aproxima da velhice enquanto carrega memórias que insistem em reaparecer. Um incêndio criminoso ocorrido há mais de 50 anos o forçou a deixar a vila de pescadores onde nasceu. Em sonho, uma revoada de macucos - pássaros da Mata Atlântica ameaçados de extinção - anuncia que sua mãe, Cleide do Ilhote, está em risco por causa de um novo incêndio. A partir daí, ele inicia uma jornada de retorno à ilha onde cresceu, confrontando o apagamento de sua ancestralidade, a destruição de sua comunidade tradicional e as marcas da repressão sofrida na infância, incluindo sua relação homoafetiva com Bernardo.

Com forte preocupação socioambiental, a montagem também se destaca por reunir em sua equipe criativa artistas oriundos de diversas partes do litoral brasileiro, territórios diretamente atravessados pelas questões retratadas em cena. “Das inúmeras urgências do nosso tempo, penso que o teatro precisa refletir os problemas socioambientais - e Macuco discute isso a partir da destruição da Mata Atlântica e das comunidades tradicionais que ali vivem”, afirma o dramaturgo Victor Nóvoa, descendente do bairro Macuco, em Santos, que ficcionaliza memórias de seus familiares caiçaras. “A personagem central é atravessada por camadas de violência, identidade, desejo e pertencimento. É um retorno ao território e à memória afetiva — e também uma crítica à transformação da ilha em um resort.”

A cenografia, também assinada por Lubi, é marcada por um grande mastro com uma vela de barco que gira 360 graus e serve de suporte para projeções. “Essa vela que se movimenta o tempo todo é como o próprio tempo da peça - contínuo, incontrolável, e que nos lembra que precisamos agir antes de sermos levados pela correnteza”, comenta Helena Cardoso, diretora de produção e assistente de direção do espetáculo. A trilha, os sons do mar e o canto do macuco compõem uma ambiência sensorial que dissolve as fronteiras entre sonho e realidade. O desenho de luz é de Matheus Brant; figurinos de Rogério Romualdo; adereços de Beatriz Mendes; e automação de cenário de Djair Guilherme. A filmagem fica a cargo de Paulo Celestino.

Macuco reúne elementos do teatro narrativo e da experimentação audiovisual para construir uma encenação contemporânea composta por memórias pessoais e coletivas, ancestralidade e fabulação. Para Lubi, a proposta estética também é um gesto político. “O cinema nasceu do teatro. Hoje, ele virou símbolo da era das telas - passiva, individual. Quando misturo os dois, crio atrito, falha, espaço para o público se reposicionar e reconstruir a experiência. Não quero só a atenção de quem assiste, quero a participação”, explica o diretor. Essa fricção entre linguagens serve como metáfora para o convite coletivo que o espetáculo propõe. “A questão climática é uma tirania do homem sobre a natureza que volta contra nós. O teatro nos permite provocar o ‘ai de mim’ coletivo, que leva à ação: quem colocamos no poder, o que valorizamos, como reagimos. Só o coletivo nos tira desse sufocamento”


Ficha técnica
Espetáculo "Macuco"
 
Idealização e dramaturgia: Victor Nóvoa
Direção e cenografia: Luiz Fernando Marques (Lubi)
Direção de produção e assistência de direção: Helena Cardoso
Elenco: Edgar Castro e Vitor Britto
Atriz convidada (em vídeo): Cleide Queiroz
Figurinos: Rogério Romualdo
Aderecista: Beatriz Mendes
Cenotécnica: Ronaldo Gonçalves Alves (Colab Ateliê)
Automação de cenário: Djair Guilherme
Desenho de luz: Matheus Brant
Assistência de iluminação: Letícia Nanni
Música instrumental: Marcos Coin
Colaboração de movimento: Ana Vitória Bella
Imagens projetadas: excertos das obras "Homenagem a Turner" (2002), "Herança" (2007) e "Ocean/Atlas" (2014) de Thiago Rocha Pitta
Registros na Ilha Diana: filmagem de Paulo Celestino e montagem de Luiz Fernando Marques (Lubi)
Assistente de produção - Filmagem: Giuliana Maria
Fotos: Noelia Nájera
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli
Redes sociais: Jorge Ferreira
Espaço de ensaio: Vila Ouro Preto


Serviço
Espetáculo "Macuco"
 
De 17 de julho a 30 de agosto, de quinta a sábado, às 20h00.
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Ingressos: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia) e R$ 15,00 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195   
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 10h00 às 21h30; sábados das 10h00 às 21h00; domingos e feriados das 10h00 às 18h00. Mais informações: www.sescsp.org.br

.: "Argila" questiona a herança violenta das invasões coloniais aos colapsos ambientais e estreia no Sesc Ipiranga


Projeto Teatro Mínimo recebe “Argila”, obra-instalação que escava as urgências do presente, espetáculo de Áurea Maranhão tem como ponto de partida provocações trazidas pelo livro “Sonho Manifesto”, do escritor e neurocientista Sidarta Ribeiro


Em “Argila”, uma atriz, uma musicista e uma cidade em miniatura em cena contam histórias de ancestralidade e uma sociedade adoecidas pelo sistema, com direção, dramaturgia e performance de Áurea Maranhão. O espetáculo, trazido de São Luís do Maranhão, é atração do projeto Teatro Mínimo do Sesc Ipiranga e tem sua temporada de estreia até dia 10 de agosto, com sessões às sextas-feiras, às 21h30; e aos sábados e domingos, às 18h30.

A peça é protagonizada por uma equipe diversa de artistas residentes em São Luís do Maranhão. Além da diretora, dramaturga e performer, estão no time Valda Lino, responsável pela direção musical e performance musical; Luty Barteix, pela direção de movimento e assistência de direção; Renato Guterres, pelo desenho de luz; Eli Barros, pela direção de arte e figurino: Tathy Yazigi, pela provocação e orientação; e Amanda Travassos, identidade visual e designer (projeto); social media.

O trabalho é uma espécie de ritual cênico, no qual palavra, barro e música respiram juntos. Essa travessia sensorial começa na penumbra de um símbolo de justiça e termina num grito coletivo por reinvenção. Cada gesto sobre o barro questiona a herança violenta que carregamos, e propõe uma ética radical do cuidado. A dramaturgia é livremente inspirada em obras literárias que abordam questões cruciais da existência humana e do futuro do planeta, como "Sonho Manifesto", do neurocientista Sidarta Ribeiro, e os livros de Ailton Krenak, como "O Amanhã Não Está à Venda""A Vida Não É Útil" e "Ideias Para Adiar o Fim do Mundo"

Esses trabalhos oferecem reflexões profundas sobre a importância da reconexão com a natureza e a sabedoria ancestral para uma vida mais sustentável, criticando o paradigma do progresso a qualquer custo e destacam a necessidade de uma abordagem mais consciente e inclusiva para o desenvolvimento humano. “Apesar dos desafios apresentados, tanto Ribeiro quanto Krenak oferecem perspectivas otimistas e inspiradoras, convidando à ação e à transformação social. Suas vozes ressoam como faróis de esperança e inspiração, apontando para um caminho de renovação e transformação em meio aos desafios e incertezas do presente”, revela a idealizadora da montagem Áurea Maranhão.

Com um cenário de cidade em miniatura feito de argila, e complementado por uma iluminação e trilha sonora original, a peça convida o público a refletir sobre a transformação pessoal e coletiva necessária para nossa sobrevivência e prosperidade. A argila não é apenas um mineral, mas foi trazida como um símbolo poderoso de resiliência, adaptação e renascimento. “Nosso trabalho com a argila busca ser uma ferramenta visceral para recuperar a escuta do corpo e curar as mazelas da contemporaneidade, como a solidão causada pelo excesso de virtualidade e a falta de intimidade com nossos próprios desejos”.

A produtora-coletivo Terra Upaon Açu Filmes, sediada em São Luís do Maranhão, nasce desse mesmo impulso: valorizar a criação autoral, a força artística do Norte e Nordeste e a conexão entre memória, território e futuro. Em "Argila", moldar a matéria é também reimaginar o mundo, gesto por gesto, cena por cena, reflete Maranhão.

Essa narrativa costura texto falado, narrativas em off, trilha original percutida ao vivo por Valda Lino (que também assina a direção musical) e uma coreografia de luz que lentamente “escava” o palco. Em cena, a performer alterna narrativa épica e confissão íntima, atravessando temas como sonho coletivo, justiça climática e resistência feminina. Poesia física, som imersivo e discurso afiado, "Argila" transforma sala, auditório ou palco italiano em arena de diálogo entre espectadores e as grandes perguntas do nosso tempo: quem fomos? quem somos? e quem ainda podemos ser, se ousarmos sonhar juntos?


Ficha técnica
Espetáculo "Argila"
Direção geral, dramaturgia e performance: Áurea Maranhão (@aurea.maranhao)
Direção e performance musical: Valda Lino (@valdalinoartista)
Direção de movimento: Luty Barteix (@lutybarteix)
Desenho de luz: Renato Guterres (@renatoguterres)
Operação de luz: Bruno Garcia
Direção de arte, figurino e assistência de produção: Eliane Barros (@eelibarros)
Contrarregragem: Guira Bará, Mateus Rodrigues e Julia Calegari
Designer e identidade visual (projeto); social media: Amanda Travassos (@amandatravassos)
Provocação e orientação artística: Tathy Yazigi (@tathyyazigi)
Fotos: Chuseto (@chuseto) e Taciano Brito (@tacianodbrito)
Produção (São Luis): Terra Upaon Açú Filmes LTDA (@terraupaonfilmes)
Produção (São Paulo): Ricardo Henrique (@richenriques)
Assessoria de imprensa: Pombo Correio Assessoria de Comunicação - Douglas Picchetti e Helô Cintra 


Serviço
Espetáculo "Argila"
Temporada: até dia 10 de agosto de 2025
Às sextas-feiras, às 21h30; e aos sábados e domingos, às 18h30
Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Ingressos: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 15,00 (credencial plena)
Vendas on-line pelo site sescsp.org.br
Classificação: 12 anos
Duração: 55 minutos
Capacidade: 60 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

.: "xs CULPADXS" em temporada gratuita no Teatro Arthur Azevedo


Espetáculo volta em cartaz de 10 a 27 de julho e questiona a linguagem teatral a partir de um thriller violento, regado a música sertaneja dos anos 1980; Carlos Canhameiro assina a encenação e dramaturgia. Foto: Mari Chama


Um cenário que divide o palco em dois andares: embaixo um bar, onde se passa o drama da cidadezinha e, em cima, num ambiente familiar, de aparência refinada, ficam músicos que costuram a trama com canções sertanejas femininas de sucesso. Uma família se muda para uma pequena cidade do interior e é vítima de um massacre após ser acusada de infectar os habitantes daquela localidade com uma doença fatal. Esse é o argumento do novo espetáculo adulto de Carlos Canhameiro, "xs CULPADXS", que faz apresentações gratuitas no Teatro Arthur Azevedo, até dia 27 de julho de 2025, com apresentações de quinta a sábado, às 21h00, e aos domingos, às 19h00. No elenco estão Daniel Gonzalez, Marilene Grama, Nilcéia Vicente, Yantó, Rui Barossi e Paula Mirhan.

A dramaturgia, assinada por Canhameiro, nasceu em maio de 2020 e foi publicada pela editora Mireveja em 2022. “Minha intenção não era refletir sobre a pandemia de Covid-19, até porque ela ainda estava muito no começo, mas sim escrever uma espécie de thriller sobre o horror do desconhecido e ao mesmo tempo sobre as diversas formas de se fazer teatro, entre o drama, o épico e o pastelão!”, comenta.

A peça "xs CULPADXS" acompanha a chegada de um casal com três filhos a uma pequena cidade. Aos poucos, o ambiente se torna tenso: a suspeita de que uma das filhas está gripada desencadeia o medo nos vizinhos, levando a uma série de acontecimentos trágicos. O que se segue é uma sucessão de mortes, tentativas frustradas de acalmar os ânimos e, por fim, uma onda de violência extrema que culmina na morte dos pais e de um dos filhos.

O público acompanha o andamento das investigações e como todos esses acontecimentos impactam os envolvidos e a vida das crianças sobreviventes. Em paralelo, vez por outra os atores assumem um certo papel de ombudsman e fazem comentários sobre as cenas, criticando as estruturas da peça. “Eu gostaria de mostrar como o teatro dramático não dá conta de retratar uma realidade tão complexa, como o de uma pandemia, por exemplo. Na verdade, mostrar como o teatro não precisa se render às representações de situações reais como uma forma de explicá-las", diz o dramaturgo.

No fim das contas, é um espetáculo centrado na culpa. Canhameiro sente-se culpado por escrever um drama, os policiais procuram um culpado para os assassinatos e os habitantes da cidade buscam um culpado pelas mortes que começam a ocorrer quando os novos vizinhos chegam. E para embalar tanta culpa a escolha da trilha sonora executada ao vivo é por músicas sertanejas femininas que fazem sucesso desde a década de 1980. Tem canções de As Marcianas, as Irmãs Galvão, Roberta Miranda, Sula Miranda, Marília Mendonça, Simone & Simaria e outras.

“Há algo nessas músicas, no modo como elas são cantadas, nos tipos de culpa que apresentam: ciúmes, a acusação do outro pelo fim de um relacionamento, a infidelidade, o ressentimento... Há algo que embala uma maneira de ser, de se relacionar, de amar que me parece dialogar com a peça”, defende Canhameiro, que também dirige "xs CULPADXS". “A música não é culpada de nada nessa peça, ela cria uma fricção entre as condições narrativas e suas autocríticas explícitas”.

O cenário de José Valdir Albuquerque é formado por dois andares. Na parte de cima estão os músicos, numa espécie de ambiente doméstico de aparência refinada, na parte de baixo há um bar dos anos 80, onde se desenrola todas as cenas dramáticas da peça. Atores e músicos transitam pelos dois ambientes. O bar, elemento constituinte da sociabilidade brasileira, vira palco para uma tentativa de confrontar o medo do que não se entende.


Ficha técnica
Espetáculo "xs CULPADXS"
Encenação e dramaturgia: Carlos Canhameiro
Elenco: Daniel Gonzalez, Marilene Grama, Nilcéia Vicente, Yantó, Rui Barossi e Paula Mirhan
Trilha Sonora e música ao vivo: Paula Mirhan, Rui Barossi e Yantó
Cenário: José Valdir Albuquerque e Carlos Canhameiro
Figurinos: Bianca Scorza (acervo Godê)
Técnico de som: Pedro Canales
Técnico de luz: Cauê Gouveia
Produção: Corpo Rastreado
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Prêmio Zé Renato de Teatro - Prefeitura de São Paulo


Serviço
Espetáculo "xs CULPADXS"
Duração: 90 minutos | Classificação: 14 anos
Teatro Arthur Azevedo
Data: 10 a 27 de julho, quinta a sábado, às 21h e aos domingos, às 19h.
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca, São Paulo - SP
Ingressos: gratuitos | Retirada com 1 hora de antecedência

sábado, 19 de julho de 2025

.: "Forever Tango", sucesso mundial há 31 anos, ganha palco brasileiro em 2025


Com 12 dançarinos, um vocalista e uma orquestra formada por seis músicos, o espetáculo conta a história do nascimento do tango na Argentina do século XIX. Foto: divulgação

Criado e dirigido pelo argentino Luis Bravo, aclamado espetáculo "Forever Tango" estreia no Brasil no Teatro B32 no dia 19 de julho de 2025, com produção da Black&Red. Indicado ao Tony Award de Melhor Coreografia em 1998, o espetáculo foi eleito o melhor musical de turnê pelo Bay Area Theatre Critics Circle em San Francisco, onde esteve em cartaz por 92 semanas no Theatre on the Square. Reconhecido internacionalmente, o "Forever Tango" também recebeu o cobiçado Prêmio Simpatia no Festival de Spoleto, na Itália, em 1996.

Com 12 dançarinos, um vocalista e uma orquestra formada por seis músicos - incluindo o instrumento símbolo do tango, o bandoneón -, o espetáculo conta a história do nascimento do tango na Argentina do século XIX. As danças, executadas ao som de músicas originais e tradicionais, são resultado da colaboração entre cada casal e o idealizador e criador Luis Bravo.

Criador e diretor de "Forever Tango", o argentino Luis Bravo (que também assina a iluminação) é um violoncelista de renome mundial que já se apresentou com as principais orquestras sinfônicas do mundo. Seus créditos mais destacados incluem aparições com a Filarmônica de Los Angeles, o Teatro Colón de Buenos Aires, a Filarmônica de Buenos Aires e outros conjuntos de prestígio ao redor do mundo.

A equipe conta, ainda, com Argemira Affonso (figurino), Mike Miller (responsável pelo som), Jean-Luc Don Vito (maquiagem) e Víctor Lavallén (direção musical). A produção brasileira é da Black & Red, renomada companhia de teatro musical liderada pelo diretor Billy Bond, reconhecida por suas grandiosas montagens.

Luis Bravo estreou na Broadway em junho de 1997 para uma temporada de oito semanas. O sucesso foi tanto, que o espetáculo ficou em cartaz por 14 meses e desde então voltou a Nova York na Broadway em três ocasiões distintas. 

O espetáculo conta a história do nascimento do tango na Argentina do século XIX, quando milhares de homens, abandonando uma Europa em desintegração para emigrar à América do Sul, se encontraram nos matadouros lotados, nos bares, nas esquinas dos arrabaldes e nas enramadas. O tango nasceu dessa existência solitária e violenta. Originalmente evitado pela sociedade argentina como indecente, o tango tornou-se uma mania da noite para o dia na alta sociedade parisiense, quando intelectuais argentinos o ensinaram durante suas viagens ao exterior. O tango rapidamente se espalhou pela Europa e América, sendo posteriormente reimportado para a sociedade argentina, embora em forma modificada. Nascido nos bordéis de Buenos Aires, o tango pode ser o produto de exportação mais conhecido da Argentina.


Serviço
"Forever Tango", de Luis Bravo 
Teatro B32: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.732
Temporada: de 19 de julho a 3 de agosto
Aos sábados, às 20h30 e aos domingos, às 18h30
R$ 200,00 a R$ 400,00
Classificação indicativa: livre
Duração: 130 minutos 
Lotação: 490 lugares
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

Bilheteria
Internet (com taxa de conveniência):  https://www.sympla.com.br/
Bilheteria física (sem taxa de conveniência): apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação

.: "A Comunidade do Arco-Íris", de Caio Fernando Abreu, estreia no CCBB SP


Com direção de Suzana Saldanha e supervisão de direção de Gilberto Gawronski, a peça traz no elenco a atriz Bianca Byington, tem participação especial em vídeo de Malu Mader e tem sua composição-tema assinada por Tonny Belloto e seu filho João Mader. A direção musical é de João Pedro Bonfá. A direção de produção é de Jenny Mezencio e a coordenação geral é de Flávio Helder e BFV Cultura e Esporte. O espetáculo cria uma reflexão sobre temas como confiança, respeito, amizade e democracia. Foto: Kika Antunes


A coletividade e a importância de se respeitar as diferenças são pautas levantadas por "A Comunidade do Arco-Íris", o único trabalho do saudoso autor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996) voltado para o público infantil. A obra ganhou uma montagem dirigida por Suzana Saldanha, sob supervisão de Gilberto Gawronski, que estreou em 2024 e teve temporadas de sucesso em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Agora, a peça chega ao Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, onde tem sua estreia paulista e fica em cartaz de 19 de julho a 31 de agosto, com sessões aos sábados e domingos. Este projeto conta com o patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O trabalho traz no elenco Bianca Byington, Raquel Karro, Tiago Herz, Lucas Oradovschi, Lucas Popeta, André Celant, Renato Reston, Patricia Regina, Aisha Jambo (stand-in) e Maksin Oliveira (stand-in). Além disso, conta com participação especial em vídeo de Malu Mader na abertura do espetáculo. Na trama, brinquedos e seres mágicos decidem viver numa comunidade na floresta, longe do mundo dos humanos, onde não há poluição e nem consumo desenfreado. A chegada de três gatos a esse recanto de paz, provoca discussões sobre confiança, respeito, amizade e democracia. 

Nesse lugar, que lembra uma espécie de rave ou festa hippie, os personagens vivem afastados do mundo humano. São eles: uma sereia cansada da poluição de mares e rios, uma bruxa de pano e uma bailarina de caixinha de música trocadas por videogame e outros eletrônicos, um soldadinho que não gosta de guerra e tem vocação para jardinagem, um mágico que deseja fazer suas mágicas sem ser criticado e um roqueiro que quer tocar sua música na tranquilidade da natureza. 

No papel da Bruxa de Pano, Bianca Byington comenta que não conhecia esse lado do autor “surpreendentemente leve, que não perde o sarcasmo em pequenas brincadeiras”. Para a atriz, chama a atenção que, em 1971, ele tenha dado importância à questão ambiental. “Abordagem simples, sem militância, mas no fundo fala o que realmente importa, a insatisfação em relação ao mundo capitalista, ao consumo”, diz. 

O cenário é composto por uma grande estrutura de ferro flexível que abrange o cenário interativo criado por Sérgio Marimba, promovendo um diálogo com a luz de Aurélio de Simoni e os figurinos de Danielly Ramos. As crianças são levadas a um mundo de faz de conta, com ambientes coloridos em que os atores podem se pendurar, penetrar, subir e passear livremente. 

Segundo Gawronski, na peça, o autor gaúcho convida as crianças à reflexão sobre convívio e coletividade. “Não é um texto sobre empoderamento da mulher, nem sobre racismo, gênero, ou etnias se colocando. Mas abrange isso tudo. O Arco-Íris de Caio é uma ode à diversidade. Simboliza um lugar ‘outsider’, alternativo, uma busca pelo utópico, onde todos vivem em harmonia e a diferença é respeitada”, comenta. 

A direção musical da peça é de autoria de João Pedro Bonfá, que mescla canções gravadas e música ao vivo. “Sempre que posso utilizar como trilha sonora o personagem Roque, interpretado pelo ator e músico Tiago Herz, é muito rico”.  Segundo Bonfá, Caio Fernando indica no texto uma letra com o hino da comunidade do Arco-Íris que, nesta montagem, é musicada por Tony Bellotto e por seu filho, João Mader. “A música virou um baita Rock n’ roll no estilo Titãs. Nós gravamos de uma vez, no estúdio, igual banda de rock, com guitarra e bateria. Isso trouxe uma sonoridade final bem interessante”, conta. 

“A Comunidade do Arco-Íris” é um espetáculo que se alinha aos valores que o Centro Cultural Banco do Brasil busca promover em sua programação, como diversidade, sensibilidade artística e estímulo ao pensamento crítico desde a infância. Ao realizar esse projeto, o CCBB SP reafirma seu papel como espaço de diálogo e formação cultural incentivando reflexões sobre respeito, convivência e a valorização das diferenças. “É uma honra receber uma obra tão simbólica e atual, que apresenta o universo do Caio Fernando Abreu às novas gerações com leveza e profundidade, pois acreditamos na força da arte para inspirar novas formas de ver e viver o mundo, e esta peça representa exatamente isso”, afirma Cláudio Mattos, gerente geral do CCBB São Paulo.


Suzana Saldanha e Caio Fernando Abreu
“Apesar de escrita há mais de 40 anos, trata-se de uma peça ecológica e atual. Caio denuncia, naquela época, o mesmo que denuncio hoje, em 2025”, diz Suzana Saldanha, que participou da fundação do inovador Grupo de Teatro Província de Porto Alegre, em 1970, onde trabalhou com Caio Fernando Abreu. “Além de jornalista e escritor, era um belíssimo ator”, lembra. Logo depois, em 1971, Caio escreveu “A Comunidade do Arco-Íris”

“O texto fala de forma poética sobre esse movimento de pessoas se organizando em comunidades, no auge da ditadura. Para nós, artistas, estava muito ruim. Mas nem todos iam da cidade para o campo. Caio foi para uma comunidade em Londres. Já eu fui morar, em 1973, com colegas de faculdade no Centro de Arte Sensibilização e Aprendizagem, onde também funcionava uma escola de teatro, em Porto Alegre”, recorda.

Quando volta ao Brasil em 1979, Caio entrega “A Comunidade do Arco-Íris” nas mãos de “Suzy Baby”, como chamava a amiga Suzana. “Eu fiquei louca com o texto”, lembra a diretora, que, no mesmo ano, estreia o espetáculo sob sua direção. Em 2008, a diretora contribui para a montagem da peça com crianças da Escola Carlitos (SP). 

Em 2018, um novo encontro com a obra: Suzana apresenta o texto ao amigo e produtor Flávio Helder, que se apaixona, e decidem remontá-lo. “Eu quero mostrar ao público o lado amoroso e divertido de Caio Fernando, um autor que ficou muito marcado como porta-voz do mundo gay e que não conheceu a fama em vida, mas que hoje é lido por todos, sobretudo o público jovem”, afirma a artista. 


Ficha técnica
Espetáculo "A Comunidade do Arco-Íris"
Texto: Caio Fernando Abreu
Direção: Suzana Saldanha
Supervisão de direção: Gilberto Gawronski
Elenco: Bianca Byington (Bruxa de pano); Raquel Karro (Sereia), Tiago Herz (Roque), Lucas Oradovschi (Mágico), Lucas Popeta (Gato Simão), André Celant (Soldadinho), Renato Reston (Gato Tião), Patricia Regina (Gata Bastiana), Stand-in ( Bruxa de Pano): Aisha Jambo, Stand-in ( Mágico): Maksin Oliveira
Participação especial em vídeo: Malu Mader
Cenário: Sérgio Marimba
Iluminação: Aurélio de Simoni
Figurinos: Danielly Ramos
Visagismo: Joana Seibel
Direção de movimento/coreografia: Sueli Guerra
Assistência de movimento/coreografia: Edney d’Conti
Composições e supervisão musical: Tony Belloto em colaboração com João Mader
Direção musical: João Pedro Bonfá
Programação visual: Juliana Della Costa
Assessoria de Imprensa em SP: Pombo Correio
Assistente de produção: Sofia Lima
Direção de produção: Jenny Mezencio
Coordenação geral e realização: Flávio Helder e BFV Cultura Esporte
Patrocínio: Banco do Brasil
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Instagram: @acomunidadedoarcoiris2024


Serviço
Espetáculo “A Comunidade do Arco-Íris”
Período: 19 de julho a 31 de agosto de 2025
Horário: julho | Sábados e domingos, às 11h00 e às 15h00
Agosto | Sábados, às 11h00 e às 15h00. e Domingos, às 15h00.
Local:  Teatro CCBB SP
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico - SP
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia) disponível em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB | Meia-entrada: para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência - e acompanhante, quando indispensável para locomoção, adultos maiores de 60 anos e clientes Ourocard. 
Capacidade: 120 lugares
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.


Informações CCBB SP - Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo  
Endereço: rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico | São Paulo/SP  
Entrada acessível CCBB SP: pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Funcionamento: aberto todos os dias, das 9h00 às 20h00, exceto às terças    
Contato: (11) 4297-0600 | ccbbsp@bb.com.br 
Estacionamento: o CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h00 às 21h00.    
Van: ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h00 às 21h00.
Transporte público: o CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.    
Táxi ou aplicativo: desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).

.: Espetáculo "Uma Peça de Comédia", em nova versão, no Teatro Nair Bello


Em uma versão atualizada, espetáculo do autor Dan Rosseto, narra os desafios enfrentados por um elenco que tenta salvar uma peça ruim e com humor ultrapassado; a montagem fará somente um fim de semana no mês de julho na capital paulista. Foto: divulgação


Nos dias 25, 26 e 27 de julho, no Teatro Nair Bello, o espetáculo “Uma Peça de Comédia”, do dramaturgo, roteirista, ator e diretor Dan Rosseto, abre as portas ao público para a nova versão da obra apresentada em 2023. No elenco, Adriano Paixão, Flávia Pucci, Felipe Caiafa, Lia Antunes e Natália Rabelo; além do próprio Rosseto, que pela primeira vez atua em um texto autoral.

 “Uma Peça de Comédia” acompanha os bastidores dos ensaios do espetáculo "The Fertilization"  (nome fictício de uma peça dentro da peça) que está a uma semana da estreia. O elenco insatisfeito com os métodos de trabalho do diretor, inseguros com o processo de criação e a qualidade duvidosa do texto, interrompem o ensaio para debater falas grosseiras e gags inadequadas, que causam desconforto e constrangimento.

Os atores, preocupados com a recepção do público, tentam convencer o diretor que o texto da peça está ultrapassado; e só enxergam o fim de suas carreiras. Mas o chefe, que tem comportamento egocêntrico e abusivo, não dá espaço e tenta convencê-los do contrário, apesar de ter rompantes de otimismo e paixão pelo ofício teatral. Quando são avisados pelo diretor que uma temida crítica está na plateia, o grupo tenta “desesperadamente” salvar a encenação! É o estopim que acendeu a fogueira das vaidades e promove as confusões. Os egos de cada um eclodem, criando uma atmosfera de competição e hipocrisia, onde as máscaras caem e a razão dá lugar à crueldade.

O espetáculo, através de uma metalinguagem tragicômica, alterna os ensaios com a vida pessoal dos atores traçando um paralelo sobre a ética; afinal tudo aquilo poderia acontecer em qualquer ambiente de trabalho. Ao repensarem o conceito do espetáculo, o texto abre um debate sobre o humor na atualidade: “Como fazer comédia sem ofender?”. Dan Rosseto se inspirou em obras importantes, mas reuniu nesta montagem histórias que ele mesmo vivenciou ao longo de seus 25 anos como artista, apresentando personagens patéticos, levianos e paranoicos, que provocam o riso nervoso por serem hipócritas, completamente ridículos e desprovidos de moral.

As transformações sociais, culturais, de gênero, machismo, sexismo, racismo, etarismo, capacitismo, entre outros temas que vem acontecendo de forma vertiginosa tem provocado debates e gerado diversas questões sobre o que é “politicamente correto”. O humor coloca todos no mesmo nível: palco e plateia, humanizando as partes, fazendo repensar os estímulos de ambos os lados.  É também uma estratégia de sobrevivência, e uma forma descontraída de contribuir para levar informação e um olhar crítico, sem perder o riso e mantendo sua responsabilidade social.


Ficha técnica
Espetáculo "Uma Peça de Comédia" 
Texto e direção: Dan Rosseto
Direção de produção: Fabio Camara
Direção residente e de movimento: Viviane Figueiredo
Elenco:  Adriano Paixão, Flavia Pucci, Dan Rosseto, Felipe Caiafa, Lia Antunes e Natália Rabelo
Preparação vocal: Gilberto Chaves
Preparação corporal: Marize Piva
Iluminação: Beto Martins
Maquiagem: Tainá Araújo
Perucaria: Maurício Somanzari
Arte gráfica e fotografias: Erik Almeida
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Produção executiva: Natália Rabelo Ortega
Realização: Applauzo Produções, Lugibi Produções, Nyn Realizações e EACC.


Serviço
Espetáculo "Uma Peça de Comédia" 
Local: Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca 569 - Consolação). 200 lugares.
Datas: 25, 26 e 27 de julho (Sexta e sábado, às 20h00, e domingo, às 18h00)
Ingressos: R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia-entrada)
Informações: (11) 3472 2414
Vendas pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/107544
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos

.: Comédia "O Marido da Minha Mulher" em nova temporada no Teatro D-Jaraguá


Espetáculo mistura humor e fantasia com grande elenco e estreia uma curta temporada, em São Paulo, no dia 26 de julho. Foto: Ronaldo Gutierrez


Depois do sucesso de sua primeira montagem, a comédia “O Marido da Minha Mulher” retorna aos palcos em nova e curta temporada no Teatro-D-Jaraguá, a partir de 26 de julho, com sessões aos sábados e domingos. A peça, que mistura humor rasgado com elementos sobrenaturais, marca presença na programação do recém-inaugurado teatro e aposta em um elenco carismático formado pela atriz e influenciadora digital Fefe (em sua estreia no teatro) e pelos atores Daniel Rocha, Ton Prado e Conrado Caputo.

Na trama escrita por Sérgio Abritta e dirigida por Carlinhos Machado, o fanfarrão Alex (Daniel Rocha) morre após um acidente inesperado, mas retorna do além para impedir que sua esposa, Bruna (Fefe), se case com seu maior desafeto, o esnobe Nico (Conrado Caputo). Para atrapalhar os planos do rival, Alex contará com a ajuda de seu melhor amigo Paulo (Ton Prado), num enredo repleto de situações hilárias, mal-entendidos e pitadas de emoção.

O espetáculo marca a estreia teatral da influenciadora digital Fefe, que soma mais de 17 milhões de seguidores. “No palco tudo é diferente. É um desafio de postura, timing, linguagem... mas vale muito a pena”, comenta. Já Ton Prado, que participou das montagens anteriores, vê essa nova versão como uma oportunidade de renovação: “É uma nova geração assistindo. Mesmo quem não acredita em fantasmas vai se divertir com a analogia sobre evolução e libertação da alma”, diz.

Para Daniel Rocha, conhecido do grande público por sua participação em diversas novelas na TV Globo, o personagem Alex é um tipo totalmente distante dele: “É um torcedor inflamado do Corinthians que deixa de viver momentos importantes com a família pra farrear com os amigos. Faz tudo errado. Eu não faria isso”, brinca o ator.


Um susto nos bastidores
Durante a gravação de uma versão da peça para a HBO Max, feita em Paranapiacaba, cidade conhecida por suas histórias de assombração, Daniel Rocha passou por um momento curioso: “Uma senhora tinha acabado de limpar e trancar um vagão. De repente, uma mão de criança apareceu no vidro... e não havia crianças no set”, relembra. Agora, o susto dá lugar à gargalhada - pelo menos no palco.


Ficha técnica
Espetáculo "O Marido da Minha Mulher"
Texto: Sérgio Abritta
Direção: Carlinhos Machado
Elenco: Conrado Caputo, Daniel Rocha, Fefe e Ton Prado
Assistente de direção: José Grando
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Trilha sonora: Charles Dalla
Operação de luz: Pablo Perosa
Operação de som: Kaique Andrade
Direção de palco: Bruno Caraíba
Cenário: Thiago Wenzler
Cenotécnico: Tony Medugno
Fotografia: Ronaldo Gutierrez
Mídias sociais: Ton Prado
Assessoria de imprensa: Dobbs Scarpa Multiplataformas – Fábio Dobbs


Serviço
Espetáculo "O Marido da Minha Mulher"
Temporada: de 26 de julho a 7 de setembro de 2025, sábados, às 20h00, e domingos às 19h00
Duração: 75 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Local: Teatro-D-Jaraguá Rua Martins Fontes, 71, Centro (Metrô Anhangabaú)
Capacidade: 260 lugares
Bilheteria: presencial a partir de 2 horas antes do início do espetáculo ou pelo link Sympla - https://bileto.sympla.com.br/event/107657
Ingressos: R$ 150,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia)
Estacionamento: Estapar na entrada principal do hotel com valor reduzido ao teatro de R$ 20,00 por até quatro horas, valorizando a experiência do teatro + restaurantes do hotel

.: "Laudelina" propõe mergulho na luta das trabalhadoras domésticas negras


Com direção de Luiza Loroza, solo protagonizado por Rafaele Breves é inspirado na trajetória de Laudelina de Campos Mello, figura importante na luta pelos direitos trabalhistas no país. Foto: Juliana Nascimento

A SP Escola de Teatro - Centro de Formação das Artes do Palco recebe em julho o espetáculo "Laudelina", solo poético-documental que costura memória, política e ancestralidade a partir da trajetória de Laudelina de Campos Mello - trabalhadora doméstica, militante e uma das figuras mais emblemáticas da luta por direitos trabalhistas no Brasil. O espetáculo cumpre temporada até dia 27 de julho, na Sala Alberto Guzik, com apresentações gratuitas às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h00.

Com dramaturgia inédita assinada por Cristiane Sobral e Rafaele Breves e direção de Luiza Loroza, a montagem é protagonizada pela atriz Rafaele Breves, que entrelaça a história de Laudelina com memórias íntimas de sua própria linhagem familiar. “É um corpo em cena que traz não só a força das lutas passadas, mas também o peso e a beleza do que herdei das mulheres da minha família, que como Laudelina, foram cozinheiras, faxineiras, babás. E com esse solo, eu conto essa história como quem costura um tecido ancestral, ponto por ponto”, afirma Rafaele.

Realizado pela Dupla Companhia, grupo sediado no interior paulista, o projeto reúne uma equipe formada majoritariamente por mulheres negras de diferentes regiões do país, conectando experiências do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Pará. Para Lucas Gonzaga, diretor artístico da companhia, o espetáculo dá continuidade a uma pesquisa que atravessa diversas montagens do grupo: “Temos como eixo a investigação entre Território, Memória e Identidade. 'Laudelina' surge como um gesto de escuta e permanência. Não é uma biografia encenada, mas uma evocação poética das vozes que foram apagadas da história oficial”.

Entre relatos íntimos, registros históricos e imagens de resistência, a peça convida o público a refletir sobre os impactos do trabalho doméstico na vida de milhares de mulheres negras brasileiras, muitas vezes invisibilizadas, exploradas e esquecidas. “Descolonizar, às vezes, é descansar. É interromper o ciclo da exaustão, da obediência forçada, da entrega sem retorno. Com esse trabalho, queremos propor imaginação, invenção e desordem como formas de resistência”, pontua Rafaele.

Laudelina também destaca o esforço coletivo da Dupla Companhia em propor novas narrativas e estéticas para os palcos brasileiros. O grupo, que já encenou montagens como "As Três Marias" (2022), "Ícaros" (2024) e ”Nise em Nós” (2025), mantém seu compromisso com produções que promovem interseções entre arte, educação e memória. “Estamos falando de um teatro que parte do chão da vida real, mas que se permite sonhar - porque, como dizia Fanon, 'não se pode construir o que não se pode imaginar’”, conclui Gonzaga. O espetáculo tem realização da Dupla Companhia, em parceria com o Ministério da Cultura do Governo Federal e a Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.


Ficha técnica
Espetáculo "Laudelina"
Atuação, texto inédito e idealização: Rafaele Breves
Direção e cenografia: Luiza Loroza
Texto inédito: Cristiane Sobral
Figurinos: Nilo Mendes
Iluminação: Dara Duarte
Visagismo: Claudinei Hidalgo
Assistente de cabelo e maquiagem: Pedro Torriani
Cenotécnica: Bruna Boliveira
Trilha sonora: João Loroza
Identidade visual: Laís Oliveira
Fotografia: Juliana Nascimento
Direção de comunicação: Rafaele Breves
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Idealização, direção de produção, vídeos e operação de som: Lucas Gonzaga
Produção executiva: Miranda Gonçalves


Serviço
Espetáculo "Laudelina"
Às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 18h00
SP Escola de Teatro - Sala Alberto Guzik (R1) - Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação, São Paulo
Ingressos: Gratuitos. Retiradas somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro - www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 60 lugares
Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, tradução simultânea para língua brasileira de sinais, audiodescrição, visita tátil para pessoas não videntes.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

.: Espetáculo “Cachorro!” segue em cartaz na Cia. dos Atores


A montagem mergulha nas entranhas de um triângulo amoroso e se utiliza do melodrama para desvelar o ser humano e seus defeitos mais íntimos. Foto: Renato Mangolin


Inspirado no universo de Nelson Rodrigues, o espetáculo “Cachorro!”, de Jô Bilac, segue em cartaz na Sede da Cia dos Atores, todas as quartas-feiras do mês, às 20h00, até o dia 30 de julho. Com direção de Cesar Augusto, o elenco é composto por Caique Ordeno, Julia Raposo e Thiago Miyamoto, além da voz off de Drica Moraes. A montagem mergulha nas entranhas de um triângulo amoroso e se utiliza do melodrama para desvelar o ser humano e seus defeitos mais íntimos.

A temporada de “Cachorro!” faz parte da programação do Sede Viva, iniciativa que reúne espetáculos, leituras e festas, com curadoria do ator e diretor Cesar Augusto. O espetáculo foi desenvolvido por participantes do projeto Residentes da Sede ao longo do ano passado e abriu a temporada do projeto em março deste ano. O projeto Sede Viva foi contemplado pelo edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.

O espetáculo narra a história do romance clandestino entre Almeidinha e Solange, que está tendo um caso com o melhor amigo de seu marido. Não estando ciente do triângulo amoroso em que está inserido, Apoprígio leva Almeidinha para almoçar todos os dias em sua casa, alimentando a paixão entre o rapaz e sua esposa. Enroscados nesse mafuá, os três personagens vivem à beira de um desfecho rodrigueano, do qual a única saída é a tragédia. Ai, não vai sobrar mais nada. Não tem choro, nem vela… Só silêncio.


Sede da Cia. dos Atores
Em atividade ininterrupta desde 2006, a Sede da Cia. dos Atores, localizada na Escadaria do Selarón, na Lapa, foi palco de inúmeros espetáculos e atividades culturais – residências, ensaios, mostras de dramaturgia contemporânea, festivais e oficinas – realizadas na Sala Bel Garcia e nas dependências do espaço. Sob a gestão da Cia dos Atores, renomado grupo teatral com 35 anos de existência, o espaço multicultural é um dos locais há mais tempo em atividade na área das artes cênicas na cidade.

A Sede já recebeu importantes festivais como TEMPO_FESTIVAL, Câmbio e Panorama, além de eventos como o Festival Trans Arte (2019) sobre transexualidade e identidade de gênero. A programação mantém acesso com entrada franca para moradores locais e o passe “trans-free” (ingressos gratuitos para pessoas transexuais). O espaço também promove festas, recitais e saraus. Durante o ano, são apresentados cerca de 50 espetáculos e circulam mais de 12 mil pessoas pelo espaço, entre público e alunos.


Ficha técnica
Espetáculo "Cachorro!"
Texto: Jô Bilac
Direção: Cesar Augusto
Elenco: Caique Ordeno, Julia Raposo e Thiago Miyamoto
Voz off: Drica Moraes
Assistente de direção: Camila Olivieri
Cenografia: Marcella Amorelli
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Trilha sonora original: André Poyart
Figurino: Marcelo Olinto e Julia Raposo
Preparação corporal: Milena Codeço
Produção: Caique Ordeno e Julia Raposo
Fotos divulgação: Luiza Coqueiro
Fotos de palco: Renato Mangolin
Assessoria de imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda
Social media e filmmaker: Camila Moyano
Projeto gráfico: Raquel Alvarenga
Operador de luz: Marcella Amorelli
Operador de som: Igor Borges
Costureira: Romilda Silvares Feio
Projeto Sede Viva


Serviço
Espetáculo “Cachorro!”
Local: Sede da Cia. dos Atores - Rua Manuel Carneiro, 12 – Escadaria Selarón, Lapa
Temporada: de 2 a 30 de julho de 2025
ias e horários: quartas-feiras de julho, às 20h00
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 55 minutos
Ingressos: R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 50,00 (inteira)
Vendas pela Sympla

terça-feira, 15 de julho de 2025

.: "O Nascimento do Vento" investiga a respiração como coreografia da vida


Espetáculo de Bruno Moreno será apresentado no Sesc Pinheiros, com trilha ao vivo executada por sexteto de sopros. Foto: Milton Zan

O espetáculo "O Nascimento do Vento", de Bruno Moreno, estreia no Sesc Pinheiros nesta terça-feira, dia 15 de julho, com apresentações no palco do Teatro Paulo Autran. A obra nasce da pesquisa iniciada no programa "Pivô Pesquisa 2024", partindo de um mergulho nas relações entre dança, morte e decomposição, atravessando referências que vão das "Danças Macabras" medievais ao Butô, passando pelo universo das práticas BDSM, que são deslocadas para criar um ambiente coreográfico que tensiona os limites entre vida e morte.

A cena se constrói a partir de uma cama a vácuo: dispositivo que imobiliza o corpo e evidencia unicamente o movimento da respiração. Nessa condição limítrofe entre imobilidade e presença o corpo se manifesta, enquanto uma nuvem de sinos o envolve. Ao mesmo tempo, um quarteto de sopros executa ao vivo uma versão reescrita da Sinfonia do Adeus, de Haydn, sob a direção musical de Felipe Botelho. A música acompanha o ritmo da respiração e vai se esvaindo ao longo da apresentação.

O trabalho explora a respiração como elemento central da coreografia e mostra um corpo em trânsito pelos tempos da vida, da morte e de um espaço intermediário onde essas dimensões se cruzam. O espetáculo combina movimento, imobilidade e som para criar uma atmosfera de suspensão e transformação, convidando o público a vivenciar esse estado de tensão e renovação.


Sobre Bruno Moreno
Nasceu em 1988, em São Paulo. Vive entre a capital paulista e Teresina/PI, onde é artista residente no CAMPO Arte Contemporânea. Performer e coreógrafo formado em Artes Cênicas pela USP, colabora desde 2014 com a plataforma Demolition Incorporada, de Marcelo Evelin, integrando obras como "Batucada", "Dança Doente", "A Invenção da Maldade" e "UIRAPURU", apresentadas em festivais nacionais e internacionais.


Ficha técnica 
Espetáculo "O Nascimento do Vento"
Concepção, coreografia e performance: Bruno Moreno
Arranjos e direção musical: Felipe Botelho
Quarteto de sopros: Beto Sporleder (clarone e sax soprano), Catherine Santana (oboé), Léo Muniz (clarinete) e Tahyná Oliveira (flauta)
Concepção e operação de luz: Luana Gouveia
Direção visual: Beatriz Id e Bruno Moreno
Figurino: Beatriz Id
Cenotécnica: Dinho Weidson e Tobias Barleta
Produção e direção técnica: Andrez Ghizze
Registro em vídeo: Igor Marotti
Registro fotográfico: Mayra Azzi
Residência de criação: Pivô Pesquisa
Realização: CAMPO Arte Contemporânea


Serviço
Espetáculo "O Nascimento do Vento"
De 15 a 17 de julho - terça a quinta-feira, às 20h00
Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros
Classificação: 12 anos
Duração: 40 minutos
Preços: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 15,00 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195   Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 10h00 às 21h30; sábados das 10h00 às 21h00; domingos e feriados das 10h00 às 18h00.

.: MAM São Paulo exibe mostra inédita de videoarte na Cinemateca Brasileira


Sessão única no dia 16 de julho apresenta obras de artistas como Cinthia Marcelle, Carmela Gross e Lucas Bambozzi; programação celebra a doação de 75 vídeos da coleção Chaia ao acervo do museu. 
Lia Chaia, Aleph (frame do vídeo). Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Still_ Marina Paixão

O MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo realiza nesta quarta-feira, dia 16 de julho, uma sessão especial gratuita na Cinemateca Brasileira para apresentar ao público uma seleção de videoartes recém-incorporadas ao seu acervo. Com curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, e do professor da área de Ciências Sociais da PUC-SP Miguel Chaia, a mostra MAM na Cinemateca: corpo e cidade em movimento reúne, em 1h17, 14 vídeos recém integrados ao acervo do museu, a partir de uma doação da coleção Chaia.

A escolha da Cinemateca como local da exibição reforça a histórica ligação entre as instituições: foi dentro do MAM que nasceu, em 1954, a filmoteca que deu origem à Cinemateca Brasileira, hoje um dos principais centros de preservação da memória audiovisual do país. “Neste momento em que o museu está temporariamente fora de sua sede no Parque Ibirapuera, por conta da reforma da marquise, temos levado nosso acervo a outras instituições parceiras. Apresentar esse conjunto potente de vídeos na Cinemateca reforça não só uma conexão histórica, mas também o compromisso compartilhado com a preservação e difusão da memória audiovisual e da arte contemporânea”, afirma Cauê Alves, curador-chefe do MAM São Paulo.
 
“Parcerias como esta são de importância fundamental para ampliar o acesso a obras cinematográficas que encontram pouca visibilidade ou circulação nos circuitos tradicionais. A colaboração com o MAM, cuja experiência e olhar apurado para as videoartes enriquecem enormemente o diálogo com outras linguagens e formatos, fortalece a missão da Cinemateca Brasileira de preservar, valorizar e difundir o cinema e audiovisual brasileiros em toda a sua riqueza, complexidade e pluralidade”, completa César Turim, gerente de Difusão da Cinemateca Brasileira.
 

Programação
A sessão principal acontece às 19h00 e será precedida por uma sessão com acessibilidade de legendas, janela Libras e audiodescrição, às 17h00. A obra que dá início às exibições é "Cruzada" (2010), de Cinthia Marcelle, uma vídeo-performance em que 16 músicos marcham pelas ruas até se encontrarem num cruzamento, criando uma poderosa coreografia sonora e urbana. Em seguida, a seção "Retratos Poéticos" traz obras que exploram a corporeidade e as identidades com lirismo e força visual, como "Faces", de Lia Chaia; Dandara, de Rafaela Kennedy; "Via de Mãos Dadas", de Thiago Rivaldo; e "Translado", de Sara Ramo, em que elementos cotidianos ganham contornos simbólicos e políticos.

Na sequência, a seção "Paisagens Políticas" reúne vídeos como "Aleph", de Lia Chaia; "Luz del Fuego", de Carmela Gross, obra que rememora a figura histórica da artista e ativista homônima; "Etrom uo Aicnêdnepedni", de Guilherme Peters; e "Americano", de Berna Reale, conhecida por seus vídeos que confrontam a violência institucional. A mostra segue com o bloco "Experiências da Linguagem", em que as obras tensionam a própria estrutura do vídeo. São apresentados "Odiolândia", de Giselle Beiguelman, uma crítica ao discurso de ódio nas redes sociais; "Pamonha", de Marcelo Cidade; "Love Stories", de Lucas Bambozzi; e "Monólogo", de Nicole Kouts. Por fim, encerrando a sessão, o vídeo "Sin Peso", de Cao Guimarães, traz imagens lentas e poéticas em que gestos simples ganham densidade sensível, convidando à contemplação.
 
A mostra marca a celebração da doação de 75 videoartes ao MAM São Paulo, feita por Vera e Miguel Chaia, professores da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP e colecionadores de arte contemporânea desde a década de 1970. Fundadores do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da mesma universidade, em 1997, o casal reuniu ao longo das décadas um dos mais amplos e relevantes recortes do vídeo contemporâneo, abarcando 40 artistas de diferentes gerações, vertentes e regiões do Brasil e do mundo. A doação ao MAM inclui obras em vídeo e videoinstalações que ampliam significativamente o acervo audiovisual do museu, que contava com 41 obras em vídeo até então.
 
“A doação de Vera e Miguel Chaia inaugura um novo momento para o acervo do museu ao quase triplicar a coleção de vídeos do MAM. A mostra na Cinemateca é um modo não apenas de dar visibilidade para a coleção, mas também de reflexão crítica dessa produção contemporânea em um formato de exibição diferente da sala de exposições”, diz Cauê Alves.

“Parcerias como esta são de importância fundamental para ampliar o acesso a obras cinematográficas que encontram pouca visibilidade ou circulação nos circuitos tradicionais. A colaboração com o MAM, cuja experiência e olhar apurado para as videoartes enriquecem enormemente o diálogo com outras linguagens e formatos, fortalece a missão da Cinemateca Brasileira de preservar, valorizar e difundir o cinema e audiovisual brasileiros em toda a sua riqueza, complexidade e pluralidade”, completa César Turim, gerente de Difusão da Cinemateca Brasileira.
 

Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de cinco mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. O MAM têm uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

O MAM está temporariamente fora de sua sede no Ibirapuera desde agosto de 2024 devido à reforma da marquise, realizada pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, e o retorno do museu ao Parque está previsto para o segundo semestre de 2025. A programação de exposições do primeiro semestre está sendo apresentada em instituições parceiras como o Centro Cultural Fiesp e o Sesc São Paulo. Acompanhe as atividades do MAM através do site (www.mam.org.br) e pelas redes sociais (@mamsaopaulo).
 

Sobre a Cinemateca Brasileira
A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social. O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.
 

Serviço
MAM na Cinemateca: corpo e Cidade em Movimento
De 16 de julho de 2025, das 19h00 às 21h30 (sessão acessível às 17h00)
Curadoria: Cauê Alves e Miguel Chaia
Realização: MAM São Paulo e Cinemateca Brasileira
Local: Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso, 207 - Vila Clementino)
Evento gratuito

.: Teatro-X revisita história do escritor Lima Barreto no Centro Cultural Olido


Com dramaturgia de Luís Alberto de Abreu e direção de Paulo Fabiano, espetáculo promove diálogo entre a vida do homenageado, momentos da escrita do romance ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’ e uma crítica à sociedade que marginalizou esse grande autor negro. Foto: Allan Bravos
 


Dono de uma literatura militante e engenhosa, Lima Barreto (1881-1922) não apenas ficou conhecido como um dos maiores nomes da nossa literatura, como viveu às margens dessa sociedade racista e desigual que tanto combateu em suas obras. E a genialidade desse grande autor negro é visitada pelo grupo Teatro-X em "Lima Barreto, Ao Terceiro Dia", com dramaturgia de Luís Alberto de Abreu e direção de Paulo Fabiano. O espetáculo estreia em curta temporada no Centro Cultural Olido, na Sala Sala Paissandú, de 18 de julho a 3 de agosto, com sessões gratuitas, às sextas e aos sábados, às 19h30, e aos domingos, às 18h00. 

A montagem trata do período em que o escritor e jornalista esteve em sua segunda internação no Hospício Dom Pedro II para tratar sua dependência de álcool e os problemas de saúde.  A peça é um mergulho poético e visceral nos pensamentos finais do autor. Na trama, aos 41 anos, durante o período em questão, Lima revive memórias de sua juventude e o processo de escrita de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, que ele publicou como folhetim no Jornal do Commercio em 1911, e, mais tarde, em 1915, foi lançada em livro em uma edição bancada pelo próprio autor.

Entre delírios e a lucidez, ele fantasia encontros com os personagens que criou, como se eles próprios viessem cobrar, consolar ou confrontar seu criador. A peça ainda escancara as marcas de um Brasil racista, elitista e hipócrita que empurrou o autor à margem. A trama é narrada em três planos: o do presente, no qual vemos Lima internado compulsoriamente em 1919 por alcoolismo; o do passado, quando ele escreve sua obra-prima; e o da ficção, no qual se desenvolvem trechos da história de Policarpo e outros personagens do autor. 

A ideia é propor um diálogo urgente entre passado e presente, revelando o abismo entre o gênio literário de Lima e o grave abandono e a falta de reconhecimento que ele sofreu em vida. Além disso, em consonância com a luta antimanicomial, o trabalho denuncia as internações em hospícios como forma de controle social, processo que vitimou uma massa de pessoas pretas, incluindo o próprio escritor.


Sobre Lima Barreto
Filho de um tipógrafo e de uma professora negros, Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881, no Rio de Janeiro, e era apadrinhado por Visconde de Ouro Preto, senador do Império. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas seis anos. 

Seus primeiros escritos começam cedo, em 1900, com registros de suas impressões sobre o Rio de Janeiro e da vida urbana em seu “Diário Íntimo”, publicado postumamente. Em 1905, começa a trabalhar na imprensa ao escrever reportagens publicadas no Correio da Manhã. Em 1907, torna-se secretário da revista Fon-Fon, que tinha grande circulação na época.

Em 1911, publicou em folhetim o romance “Triste Fim de Policarpo Quaresma” no Jornal do Commercio. E essa obra tão importante para a literatura brasileira só ganhou formato de livro em 1915, em uma edição bancada pelo próprio autor. 

Por ser um homem negro e por conta de sua literatura combativa e suas críticas aos costumes, às hipocrisias e às desigualdades sociais, foi excluído da crítica literária e teve suas obras praticamente ignoradas. Marginalizado e vítima do racismo, sofreu com a desvalorização de seu trabalho, alcoolismo e depressão, que resultaram em duas internações em manicômios. Morreu em 1922, aos 41 anos, por conta de um colapso cardíaco. 

Além de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, Lima Barreto escreveu outras grandes pérolas da literatura brasileira, como “Recordações do escrivão Isaías Caminha” (1909), “Numa e a Ninfa” (1915), “Clara dos Anjos” (1922/1948 - póstumo) e “Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá” (1919), além de contos, crônicas, memórias e correspondências e peças de teatro. Compre os livros de Lima Barreto neste link.


Ficha técnica
Espetáculo "Lima Barreto, Ao Terceiro Dia"
Dramaturgo: Luis Alberto de Abreu
Direção: Paulo  Fabiano
Criação de luz:  Décio  Filho
Criação musical:  Ivan  Silva
Operação de luz: Flávia  Servidone
Criação de figurino: Paulo  de  Moraes  e  Claudia  Mitsue  Petroff
Cenografia: Paulo Fabiano   
Cenotécnica e adereços: Eduardo Mena e Emerson Fernandes   
Produção geral: Tamires  Santana e Andréia  Manczyk
Elenco: Alda   Machado, Cléo  de  Moraes, Estefane  Barros, Paulo Fabiano, Baraúna, Ulisses  Sakurai, Jon  Marquez, Marcelo Sousa, Sérgio  Fabi, Airton Reno, Paulo de  Moraes e Rodrigo Cristalino SUBS  Ricardo  Sequeira e Valmir Santana
Preparação vocal: Gleiziane  Pinheiro
Preparação corporal: Inês  Aranha
Criação audiovisual e fotografia: Alexandre  Mercki
Assessoria Tupi Guarani: Claudio Vera
Assessoria de imprensa: Pombo  Correio
Design gráfico: MANCZYK
Mídias  sociais: Jon Marquez
Entrevistados: Estefânia  Ventura, Eduardo  Silva, Luis  Alberto  de  Abreu e Rui Ricardo Dias
Agradecimentos: EMEI Regente Feijó: Andrea  Angelotti e Maria Bamonte ; Teatro Studio Heleny Guariba : Dulce  Muniz  e Roberto Sullivan


Serviço
Espetáculo "Lima Barreto, Ao Terceiro Dia"
Classificação: 16 anos
Duração: 120 minutos
Centro Cultural Olido - Sala Paissandú
Av. São João, 473 - Centro Histórico de São Paulo, São Paulo
Temporada: 18 de julho a 3 de agosto de 2025
Às sextas e aos sábados, às 19h30; e aos domingos, às 18h
Ingressos: Grátis (Reservas antecipadas Sympla - link: Lima Barreto ao Terceiro Dia em São Paulo - Sympla  ) Distribuição de ingressos a partir de 1h antes do inicio do espetaculo *espaço sujeito à lotação
Capacidade: 139 lugares
Acessibilidade:  acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida (SIM) // Domingo, 03 de Agosto terá intérprete de libras

.: "Estratagemas Desesperados" estreia dia 17 de julho no Sesc 24 de Maio


Personagens que desafiam arquétipos da mulher estão no espetáculo baseado em contos de horror das autoras ibero-americanas: Mariana Enriquez (Argentina), María Fernanda Ampuero (Equador) e Layla Martinez (Espanha), em dramaturgia original. Foto: Mayra Azzi


Quatro mulheres dentro de uma casa compartilham histórias que tensionam os limites entre o desejo e o horror. As personagens são inspiradas na obra das autoras contemporâneas Mariana Enriquez (Argentina), María Fernanda Ampuero (Equador) e Layla Martinez (Espanha). A direção é de Amanda Lyra e Juuar, que também assinam a dramaturgia.  O espetáculo tem sua temporada de estreia de 17 de julho a 10 de agosto, no Sesc 24 de maio. No elenco, além de Lyra, estão Carlota Joaquina, Monalisa Silva e Stella Rabello.

“Lemos e ouvimos histórias todos os dias de mulheres em situações de violência doméstica, mulheres que são abusadas, estupradas e assassinadas. Que mudança aconteceria no nosso imaginário se as histórias que ouvimos e contamos sobre violência não fossem apenas sobre a mulher que sofre e a mulher que morre, mas também sobre a mulher que responde à violência? A mulher que tem desejos violentos intrínsecos e viscerais?”, indaga a diretora Amanda Lyra ao explicar a perspectiva adotada pela peça.

Essas autoras exploram, por meio do horror, um olhar radical sobre o feminino e a violência de gênero, além de desafiar os arquétipos tradicionais da mulher em suas histórias. São personagens complexas, dúbias, que fogem dos padrões morais. Juuar, que também assina a direção da peça, elabora: “Ao revirar o material dessas autoras ficamos frente a frente com mulheres que agem e vão até as últimas consequências do desejo, o que nos coloca diante de um constante trânsito entre o assombro e a atração, o nojo e o tesão. Ao provocar em nós a habitação desses sentimentos aparentemente avessos, essas mulheres parecem nos libertar de qualquer julgamento moral e revelar, a partir de ações violentas e radicais, a possibilidade de debater e existir fora do campo de um desejo prescrito, aceito socialmente. Nesse sentido, o próprio gênero do horror nos apresenta a mesma questão ao abordar temas sociais que são constantemente evitados em debates públicos”.

A ideia da casa como cenário no espetáculo é contrapor o espaço doméstico - esse lugar historicamente destinado às mulheres, espaço familiar e de cuidado, normalmente associado à felicidade - às histórias terríveis que essas personagens contam. Na peça, é a casa que se assombra com essas histórias de amor, obsessão, delírio e vingança. A trilha sonora original (Azulllllll e Lello Bezerra), a cenografia (Valdy Lopes) e a iluminação (Sarah Salgado) são usadas para distorcer sua imagem convencional e, criando uma atmosfera assombrada, ajudam a transformar a casa em uma espécie de quinto personagem da peça. A equipe de criação conta, ainda, com Danielli Mendes (direção de movimento) e Diogo Costa (figurino). 

O texto foi construído em uma residência ao longo de sete semanas no CPT (Centro de Pesquisa Teatral do Sesc-SP) em julho e agosto de 2024, em uma iniciativa em parceria com o Festival Mirada. Na ocasião, além de ler e discutir várias obras de escritoras latino- americanas contemporâneas, as artistas se debruçaram sobre os gêneros cinematográficos do terror e do horror.


Sobre as autoras
 Mariana Enriquez (Buenos Aires, 1972) é conhecida por sua obra literária que explora temas de horror e violência. Seu estilo combina elementos do realismo com o sobrenatural, criando narrativas que revelam as tensões sociais e políticas da Argentina contemporânea. Ela é autora de vários livros de contos e romances, incluindo “As coisas que perdemos no fogo” e “Nossa parte da noite”. Seu trabalho tem sido reconhecido tanto em seu país natal quanto no exterior, e recebeu vários prêmios literários que destacam sua contribuição inovadora para a literatura contemporânea, como o Prêmio Herralde, o Prêmio da Crítica Argentina, entre outros. 

María Fernanda Ampuero (Equador, 1976) explora temas de violência, opressão e desigualdade em sua obra literária. Seu último livro, “Briga de Galos”, foi um dos dez livros do ano do The New York Times em Espanhol e já foi traduzido para vários idiomas. É uma das escritoras latinoamericanas mais importantes dos últimos anos, de acordo com a revista Gatopardo. “Briga de Galos” recebeu o prêmio Joaquín Gallegos Lara 2018 como melhor livro de contos do ano.  

Layla Martinez (Espanha, 1987) é escritora, cientista política e mestre em sexologia. Coordenou e ministrou oficinas de literatura, ciclos de cinema e palestras sobre a história das mulheres e dos movimentos sociais. “Cupim”, seu romance de estreia, lançado em 2021, tornou-se um fenômeno na Espanha, com direitos de publicação vendidos em mais de 15 países.


Ficha Técnica
Espetáculo "Estratagemas Desesperados"
Idealização: Amanda Lyra
Direção e dramaturgia: Amanda Lyra e Juuar
A partir dos textos: “Nada de Carne Sobre Nós” e “Onde Está Você Coração?”, de Mariana Enriquez; “Crias” de María Fernanda Ampuero; e trecho adaptado do romance “Cupim”, de Layla Martinez
Elenco: Amanda Lyra, Carlota Joaquina, Monalisa Silva e Stella Rabello
Direção musical e trilha sonora original: Azulllllll e Lello Bezerra
Direção de movimento: Danielli Mendes
Cenografia: Valdy Lopes
Figurino: Diogo Costa
Iluminação: Sarah Salgado
Assistente de direção e de produção: Vini Silveira
Assistente de cenografia: Cris Cortilio 
Produção de  cenografia: Marília Dourado
Cenotécnico: Pelé Leonarchick
Contrarregra: Cezar Renzi
Modelista: Edson Honda
Engenheiro e operador de som: Murilo Gil
Operação de luz: Pâmola Cidrack
Design gráfico: Estúdio M-CAU
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Coordenação geral e produção: Amanda Lyra | Troca produções
Direção de produção: Aura Cunha | Elephante Produções


Serviço
Espetáculo "Estratagemas Desesperados"
Dir. Amanda Lyra e Juuar
Temporada: 17 de julho a 10 de agosto de 2025
Quintas, às 19h00. Sextas, às 20h00. Sábados, às 17h00 e 20h00. Domingos, às 18h00.
*Sessões com interpretação em Libras nos dias 7, 8, 9 e 10 de agosto
Sesc 24 de Maio, Rua 24 de Maio, 109, São Paulo – 350 metros da estação República do metrô
Ingressos: https://www.sescsp.org.br/programacao/estratagemasdesesperados/  ou através do aplicativo Credencial Sesc SP a partir do dia 8/7 e nas bilheterias das unidades Sesc SP a partir de 10/7 - R$60 (inteira), R$30 (meia) e R$18 (Credencial Sesc).
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos
Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Serviço de van: transporte gratuito até as estações de metrô República e Anhangabaú. Saídas da portaria a cada 30 minutos, de terça a sábado, das 20h00 às 23h00, e aos domingos e feriados, das 18h00 às 21h00.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

.: Espetáculo “Navalha na Carne” celebra os 90 anos de Plínio Marcos


Dirigida por Fernando Aveiro, versão do núcleo CaTI reestreia em SP e atualiza a presença feminina no clássico escrito em 1967. Foto: Kaligari


No ano em que se comemora os 90 anos de nascimento do dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-1999), o núcleo CaTI (Caxote Teatro Íntimo) reestreia o clássico “Navalha na Carne” em 24 de julho, no Teatro Manás Laboratório, localizado na Bela Vista, zona central de São Paulo. Onze anos após sua primeira montagem da peça, intitulada "Por Acaso, Navalha", o grupo atualiza as questões sociais e humanas de um dos textos mais potentes da dramaturgia brasileira.

A opressão vivida pela personagem Neusa Sueli, interpretada por Bárbara Salomé, é um dos destaques da dramaturgia original. Na nova montagem, se por um lado a prostituta ainda segue no centro do “ringue”, de onde não consegue sair e vive inúmeros tipos de violência, por outro se insere em um novo contexto, em que a voz da mulher ganha protagonismo. 

Fernando Aveiro, diretor do núcleo, lembra que uma simples frase dita pela personagem, como “Um dia a casa cai viu, pode crer!", hoje ganha outro peso na voz de Salomé. “Embora a Neusa tenha consciência do que está vivendo, ela não consegue sair desse lugar, e isso pode acontecer com qualquer pessoa, por diferentes motivos", comenta. “A violência está em outros patamares: ela é verbal, moral, psicológica, e não só física, aliás esse último aspecto é o que menos existe na versão do CaTI. Optamos por um caminho que revela os abusos silenciosos do texto", completa Humberto Caligari, que assina a produção ao lado de Camila Biondan e também interpreta o personagem Veludo.

O diretor relembra a atualidade do texto e o fato de não se fixarem em uma adaptação realista. “Existe um mistério para além do que é dito na trama, que aparece muito no tempo dilatado da encenação, nos silêncios, no pensamento dos personagens. Não existe aqui uma Neusa resignada, até mesmo os silêncios e olhares dela têm uma densidade cortante", completa Aveiro.

O núcleo CaTI foi criado em 2013 com o objetivo de investigar o teatro na linguagem contemporânea. Ao longo de sua trajetória, dedica-se à releitura de textos clássicos e à exploração de novas proposições dramatúrgicas. Seus espetáculos buscam unir diferentes linguagens, enquanto investigam o espaço alternativo e a relação intimista entre o público e a cena. Em montagens como “Ex-Gordo”, “Obras Sobre Ruínas”, “Flores para Los Muertos” e o próprio “Navalha na Carne”, o CaTI se aprofunda no protagonismo de personagens quase invisíveis à sociedade, dando voz a esses indivíduos esquecidos e provocando reflexões sobre as desigualdades e exclusões que permeiam nosso cotidiano.


Sinopse “Navalha na Carne”
A peça narra a história de Neusa Sueli, uma prostituta (Bárbara Salomé) confrontada por seu cafetão, Vado (Murilo Inforsato), ao retornar de uma noite de trabalho. Em meio a acusações e tensões, ela é forçada a lidar com o abuso, a violência e a desconfiança, enquanto a luta pela sobrevivência se torna um jogo brutal de poder e verdade. Uma obra crua e contundente sobre os limites da dignidade humana e as relações de dominação.


Ficha técnica
Espetáculo "Navalha na Carne"
Texto original: Plínio Marcos
Direção: Fernando Aveiro
Assistente de direção: Camila Biondan
Elenco: Bárbara Salomé como Neusa Sueli, Murilo Inforsato como Vado, Humberto Caligari como Veludo
Figurinos: Rosângela Ribeiro
Cenografia e Iluminação: CaTI - Caxote Teatro Íntimo
Produção: Humberto Caligari e Camila Biondan
Fotos: Kaligari Fotografia
Assessoria de imprensa: Katia Calsavara
Coordenação geral: Fernando Aveiro
Idealização: Caxote Coletivo Produções


Serviço
Espetáculo “Navalha na Carne”
Estreia quinta, 24 de julho, às 21h; 31 de julho, às 21h. E todas as terças de agosto, às 21h.
Teatro Manás Laboratório (Rua Treze de Maio, 222, Bela Vista, SP/SP)
Ingressos: de R$ 40,00 (meia-entrada) a R$ 80,00 (inteira)
Ingressos via Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/navalha-na-carne/3020680

.: "Meu Remédio”, espetáculo solo de Mouhamed Harfouch, chega a São Paulo


Sucesso de público e crítica há mais de seis meses no Rio de Janeiro, o monólogo reúne memória, ancestralidade e música em uma reflexão que diverte e emociona sobre identidade e aceitação. Foto: Claudia Ribeiro


Após conquistar o público mineiro e carioca, o monólogo autobiográfico “Meu Remédio” estreia pela primeira vez em São Paulo, no Teatro Santos Augusta, no dia 30 de agosto, para uma curta temporada com ingressos já à venda pelo site da Sympla. Escrito, produzido e protagonizado por Mouhamed Harfouch, e com direção de João Fonseca, o espetáculo parte da premissa de que “todo nome guarda uma história pra contar” - e, a partir dela, mergulha em memórias, identidades e afetos. 

A peça estreou em 2024, em Juiz de Fora (Minas Gerais), com três apresentações especiais, e seguiu para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por mais de seis meses em cartaz, passando por cinco diferentes palcos da cidade - uma jornada marcada por casas cheias, críticas positivas e fortes conexões com o público. O espetáculo propõe um mergulho pessoal, mas com ressonância coletiva: com doses equilibradas de humor e drama, Harfouch revisita momentos marcantes de sua trajetória, explorando temas como identidade, pertencimento, ancestralidade e autoaceitação. 

A obra marca também um momento especial de reinvenção artística e pessoal, celebrando os 30 anos de carreira do ator, que acumula mais de 40 produções teatrais, além de novelas como “Pé na Jaca”, “Cordel Encantado”, “Amor à Vida” e “Órfãos da Terra”, séries como “Rensga Hits” e “Betinho - No Fio da Navalha”, e filmes como “Uma Pitada de Sorte” e “Nosso Lar 2”. Sua trajetória inclui ainda musicais como “Querido Evan Hansen”, vencedor do prêmio de Destaque Elenco no Prêmio Destaque Imprensa Digital 2024, e “Ou Tudo ou Nada”, que lhe garantiu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator em 2016.

“‘Meu Remédio’ nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes – sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe. Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos", explica Harfouch, que busca, com o espetáculo, tocar o coração do público ao falar sobretudo, como cada ser é único e especial em sua individualidade, origem e essência.

A ideia da peça começou a germinar ainda durante as gravações da novela “Órfãos da Terra”, da TV Globo, quando o ator foi levado a revisitar suas raízes e encarar memórias profundas. Mas foi durante a turnê com a peça “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito”, ao lado de Vera Fischer, que esse processo se intensificou, levando-o a necessidade de transformar tudo isso em arte. O mergulho em suas camadas mais íntimas resultou em meses de escrita intensa e no enfrentamento de um novo desafio: somar, à entrega emocional do palco, a coragem de assumir também a produção do próprio espetáculo.

“Já tinha produzido no começo da minha carreira, mas agora, com mais maturidade, eu me senti mais preparado para enfrentar esse desafio. Produzir e atuar ao mesmo tempo é uma tarefa árdua. A maior dificuldade foi lidar com as duas funções e ainda me manter fiel à ideia que queria transmitir. Mas, com o apoio de grandes amigos e parceiros como Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, senti que tínhamos força para fazer isso acontecer”, revela ele.

A parceria com o diretor João Fonseca foi decisiva para o tom do espetáculo. Com um histórico de montagens de grandes biografias musicais nacionais e internacionais, como Tim Maia, Cazuza, Cássia Eller, Elvis Presley, Tom Jobim e Djavan, Fonseca foi o responsável por equilibrar delicadeza e comicidade. "João Fonseca é um amigo e um grande diretor. Ele segurou a minha barra de maneira sensível e honesta, e acreditou no meu projeto desde o início. Sem ele, não sei se teria conseguido fazer essa transição entre o autor e o ator de forma tão tranquila", comenta Harfouch, com quem já havia trabalhado anteriormente no monólogo on-line “Homem de Lata”, fruto da pandemia.

Misturando elementos autobiográficos e ficcionais, a peça, que já na escolha do título faz referência a uma situação vivida com o seu nome de batismo - e que é explicada em cena -, apresenta um monólogo íntimo, costurado a algumas canções, entre hits e paródias, cantadas e tocadas ao vivo por ele, marcando transições importantes da narrativa, onde o autor recria personagens que representam figuras significativas nas duas primeiras décadas da sua vida, mantendo, ao mesmo tempo, a privacidade de sua própria história. 

Com uma abordagem sensível e profunda, a obra convida o público a refletir sobre a importância da autocompreensão e do existir de cada um. "Meu Remédio" destaca como o nome, muitas vezes imposto, carrega histórias que conectam o indivíduo ao passado e iluminam seu futuro, e convida a todos a olhar para dentro, entender melhor a própria caminhada e perceber como a arte pode ser um remédio. Como ele mesmo afirma: “Um nome nunca é só um nome. É uma jornada, fala dos que vieram e dos que virão. Poder enxergar melhor os caminhos de fora e nossos desejos é algo que me move. ‘Meu Remédio’ foi um ponto de partida, pois aceitar quem somos é curativo e a arte salva”, finaliza.


Ficha técnica
Espetáculo solo "Meu Remédio"
Idealização, produção e texto: Mouhamed Harfouch
Elenco: Mouhamed Harfouch
Direção: João Fonseca
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Iluminação: Daniela Sanchez
Cenógrafo: Nello Marrese
Produtora executiva: Valéria Meirelles
Coordenação Geral: Edmundo Lippi
Assessoria: GPress Comunicação


Serviço
Espetáculo solo "Meu Remédio"
Local: Teatro Santos Augusta
Alameda Santos, 2159 - Jardim Paulista, São Paulo - SP, 01419-100
Temporada: 30 de agosto a 28 de setembro
Sessões: Sábado às 20h00 | Domingo às 18h00
Valor: Plateia R$ 120,00 (inteira) e R$ 60,00 (meia-entrada) | Balcão R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia-entrada)
Vendas: Bilheteria Local e site Sympla
Duração: 75 minutos
Classificação: 10 anos

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