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segunda-feira, 28 de junho de 2021

.: Capítulo 2: "As Winsherburgs" em "Parte 1: Anjos choram"

Por: Mary Ellen Farias dos Santos


Tudo parecia normal no bairro de Santa Terezinha.

Pássaros seguiam em disparada no alto do céu azul e limpo, como que partindo numa fuga coordenada, logo abaixo, na Agência Winsherburg, algo diante de Sam e Lola, de certa forma, materializou-se.

Sam desmaiada ao chão, fez com que Lola se desesperasse ainda mais. Sabia que estava sozinha para proteger as duas. Contudo, o medo a forçou permanecer na pose de incrédula. Então, com a mesma agilidade que vieram, o som ensurdecedor e o clarão na sala, deram espaço ao silêncio e a luz natural dali. 

Afinal, o que fora aquilo?

*  *  *

Ellen, mesmo sendo de manhãzinha, já tinha perdido o celular dentro de casa. Lembrou que antes de preparar a mesa para o café-da-manhã, tinha estado na sala, para pegar um papel em branco e montar a próxima lista de compras. Precisava urgentemente de manteiga.

Determinada, como se estivesse certa de onde havia deixado o celular, saiu da cozinha e foi até a sala. Seguiu firme, agarrou uma banda das cortinas cor creme, na grande janela do ambiente, empurrou um lado e depois o outro para os cantos, a fim de clarear todo o espaço.

E se fez a luz!, pensou Ellen enquanto dava meia volta para iniciar a caçada.

Tal qual o Visão, passou os olhos em tudo o que estava ali –exatamente do jeito que ela havia deixado. Focou em duas poltronas e duas namoradeiras, impecavelmente arrumadas, cobertas por mantinhas finas, com franjas e almofadas combinando, também cheias de detalhes. E ali, na namoradeira perto da televisão, entre uma almofada e outra, foi para onde o celular havia escorregado, deixando de fora, somente uma pontinha da carteira protetora de um rosa gritante que Ellen usava no aparelho. 

- Temos que maneirar aí na manteiga, hein!, gritou Ellen ali da sala, enquanto se deu conta de que não tinha anotado no papel das compras a palavra “manteiga”, embora já tivesse escrito “barras de chocolate”, “marrom glacê” e “leite condensado”. Itens que não estavam perto de acabar, mas que para ela, não poderiam faltar de modo algum. 

De que adiantou dar o alerta somente para Mary?, concluiu. Afinal, Benjamin, Lolita e Samantha já tinham saído para trabalhar.

Ao retornar para a cozinha comemorando o achado, erguendo o celular como que se fosse um troféu, fazendo Mary se apressar, Ellen percebeu que a filha conversava alegremente.

- Com quem você está falando, Mary?, perguntou a mãe estranhando tanta alegria logo cedo.

Mary que já lavava a louça do café, virou-se pálida, com os olhos arregalados e antes de falar, engoliu em seco até gaguejar:

- Com a senhora! Estava aqui bem atrás de mim, agorinha!

- Claro que não, menina! Acabei de voltar da sala, rebateu Ellen. E continuou:

- Sabe o que é isso, mocinha? Eu sei. É resultado de mais uma noite mal dormida. Eu vi a claridade por debaixo da sua porta e sei que era algum filme de terror! Era uma gritaria desesperada e aquelas musiquinhas esquisitas...

Mary engoliu em seco e acabou revelando.

- Estava assistindo “Colheita Maldita” na live da galera da escola, mãe! Ai, a senhora não deixa nada passar batido.

- Claro, minha filha! Eu já tive a sua idade... Ou acha que eu nasci adulta, casada e mãe de três?! Mas se isso der problema no seu rendimento escolar, vou ter que contar para o seu pai.

*  *  *

Mãe e filha seguiram no carro da família para a escola, sem comentar a respeito do que havia acontecido na cozinha, minutos antes. Ellen, gostava de repassar o conteúdo de Língua Portuguesa com a filha, durante o trajeto. Geralmente, as duas se divertiam, mas também se estranhavam, tal qual mãe e filha. 

Mary amava escrever e dizia querer ser professora, mas Ellen logo falava que era melhor estudar jornalismo, pois tinha a oportunidade de trabalhar com as irmãs, na Agência Winsherburg.

- Nananinanão! Ser professor é só desrespeito de todos os lados. É lindo em filmes, filha! Já viu o filme “Entre Os Muros da Escola”? Super recomendo! Olha, independentemente de ser escola particular ou pública. Não! Todas são pesadelos. Ou por alunos sem educação ou pela diretoria que só cobra e pouquíssimo oferece, incluindo um pagamento até abaixo do piso. Olha eu aqui, não vivo ouvindo gracinhas abusivas da diretora Nana? Ela me faz pensar que ser professora em escola pública é um sonho. Aliás, não vejo a hora de sair dali. Só estou esperando você se formar!

- Eu sei! Eu sei, mãe!, falou Ellen bem baixinho.

- Você gosta de escrever! Melhor pesquisar mais sobre jornalismo. Fale com a Lolita e a Samantha!

- Boa! Mãe, hoje eu posso ficar com elas, na agência? Deixa?!

*  *  *

Lola continuou estática enquanto Sam despertava totalmente confusa... Foi quando ambas trocaram um olhar que parecia infinito.

- Lola, o que aconteceu?

Lolita apenas balbuciou palavras embaralhadas e sem sentido.

Após dar uma golada na garrafinha de Fanta Laranja, Lola sentenciou:

- Mana, veio um vento forte acompanhado de um clarão e um zunido enlouquecedor! Tu teve a sorte de apagar, mas eu vi. Era uma figura indecifrável!

*  *  *


"I know I can stand just pull me back up

Like there ain't no hurricane it's just us"


Angels Cry. Mariah Carey feat Ne-Yo


*~~~~ Capítulo 3: "As Winsherburgs" em Anjos Choram - Maus Hábitos" ~~~~*


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura, licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos e formada em Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Twitter: @maryellenfsm

Assista:



segunda-feira, 7 de junho de 2021

.: Capítulo 1: "As Winsherburgs" em "A cidadezinha de São Franciso de Assis"


Por: Mary Ellen Farias dos Santos

A Cidade de São Francisco de Assis era o lugar ideal para se viver, ao menos era o que todos os turistas pensavam ao aproveitar um final de semana no lugar que mais parecia uma pintura realista pronta para ganhar pinceladas impressionistas de Claude Monet. Parecido com “O Campo de Papoulas perto de Giverny”, “Ilha das Flores” ou “Paisagem de Vétheuil”.

As grandes montanhas arborizadas e floridas, com caminhos de terra, mesmo quando se afinavam, indicavam o caminho exato para chegar até o topo.

Era de lá do alto dessas montanhas que se via muito da vida alheia, cada um representado por uma formiguinha trabalhadeira. Saindo de suas casas ainda antes de o Sol nascer, de fato, para retornar quando a Lua já brilhava enquanto subia. No entanto, era lá no bairro de Santa Terezinha em que estava a família Winsherburg.

- Vamos, Mary! Levante-se o café da manhã já está na mesa e você ainda precisa colocar o uniforme! -gritou Ellen na cozinha. Eu não posso me atrasar, filhinha! Venha! –Insistiu mais uma vez, mas com a voz amorosa e sem sair do lugar.

Ao longe, o som misto de resmungos indecifráveis e chinelos de quarto arrastados ecoavam por todo o corredor da casa. Isso já era um bom sinal, pois o fim do corredor dava exatamente na cozinha.

Naquele finalzinho do corredor, Mary parou de olhos fechados, decidindo brincar de estátua descabelada.

Ao ver a cena, Ellen simplesmente soltou a respiração mais forte pelo nariz e virou os olhos como que procurando por paciência, o que ela já estava prestes a perder. Contudo, segurou-se.

- Aãããããn!, mãe eu madruguei ontem. A senhora sabe! Por que eu não posso ficar? Preciso descansar a minha mente, meu corpo. O que acha?, propôs mary.

Ellen também fechou os olhos e disse:

- Você vive debaixo do meu teto, mocinha! Eu não permiti que ficasse até a madrugada brincando no celular. Agora, estamos perto da hora de ir para a escola, eu vou dar aula e você estudar. Está pensando que é fácil...

Mary completou a fala da mãe: “ser professora?”

- Eu sei, mãe! Mas a live ficou tão boa. Todos! Eu disse que TODOS os meus amigos da escola estavam e eu fui ficando... ficando! Os meus olhos cada vez mais abertos... perdi o sono!

Enquanto falava, Mary escorregava pela cadeira da mesa que servia um farto café da manhã com suco de laranja puro, donuts, pães e seus acompanhamentos prediletos: requeijão, manteiga, queijo e peito de frango fatiados. Tudo colocado com capricho numa linda toalha de mesa com bordas azuis e flores arroxeadas no centro.

Mary, sabe o que eu vou fazer?, perguntou a mãe.

Não! Nãããão! Por favor! Por favorzinho!, suplicou a filha, mas Ellen a impediu que dissesse mais qualquer outra coisa.

- Eu declaro aberta a semana de confisco ao celular. Todo dia, quando voltarmos juntas da escola, o seu aparelho ultramoderno ficará sob meus cuidados. Seja solene ao avisar aos seus amiguinhos da live! Agora, encerro o meu pronunciamento a respeito do assunto. –concluiu Ellen enquanto enchia um copo d´água diante do filtro branquinho.

Mary sabia que não deveria abrir mais o bico, pois a mãe dela era a lei em casa. Benjamin, era dono do posto de amado papai Winsherburg, mas também sabia que, no final das contas, quem sacudia as rédeas com as meninas, era Ellen. Nunca ninguém ousava contestar.

Mamãe é chata, mas sabe o que é melhor. Ao menos é o que vivem dizendo Lolita e Samantha, pensou Mary enquanto degustava seu pão com muito requeijão, uma fatia de queijo e duas de peito de frango.

* * * 

Lola gargalha e aponta com uma das mãos para Sam, embora segure a barriga com a outra mão, enquanto se curva, mesmo estando sentada na cadeira do escritório que as duas dividiam.

- Não! Você não tem moral para me repreender por ter chorado com a cena de Ferris Buller no desfile de “Curtindo a Vida Adoidado”, Sam! Tu não tem mesmo!, sentenciou Lola.

Lola, que reclama sentir dor nas bochechas de tanto rir, completa:

- Maninha, tu chora sempre quando assiste o final de “Guardiões da Galáxia Vol. 2”. Gosta tanto assim do Yondu, é? Ou fica derretida pelo baby Groot quando ouve “Father and Son” no colinho de Peter Quill?

Lola era do tipo impaciente e séria, mas com Samantha ela agia diferente. Ela se soltava, era mais livre como se pudesse ser como gostaria, mas tinha medo. Afinal, desde criança na escola, para todos, Lola era a irmã estudiosa e centrada, enquanto que Sam era sonhadora até. Ah, Petra que o diga! As tristes histórias escolares das gêmeas foram marcadas por essa garota com coração de pedra.

Com cara emburrada, mas querendo rir, Sam rebate:

- Tá! Tá! Aguarde a sua hora vai chegar! Nada como um dia após o outro, Lolinha querida.

De repente, um vento forte invade a agência, enquanto um barulho ensurdecedor vem junto com um clarão.

* * * 


*~~~~ Capítulo 2: "As Winsherburgs" em "Parte 1: Anjos choram" ~~~~*

*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura, licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos e formada em Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Twitter: @maryellenfsm

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