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quinta-feira, 18 de maio de 2023

.: Christiane Torloni fala sobre Helena de "Mulheres Apaixonadas"


Christiane Torloni viveu uma das Helenas de Manoel Carlos. "Mulheres Apaixonadas" completa 20 anos e volta no "Vale a Pena Ver de Novo". Foto: TV Globo / Renato Rocha Miranda

Embora assuma diferentes facetas a cada novela, Helena é uma clássica personagem das obras de Manoel Carlos. Em "Mulheres Apaixonadas", de volta ao "Vale a Pena Ver de Novo" no próximo dia 29, a atriz que dá vida ao papel é Christiane Torloni. “Interpretar a Helena é como ganhar o Oscar, porque é o grande papel da teledramaturgia brasileira”, destaca.

Irmã de Hilda (Maria Padilha) e Heloísa (Giulia Gam), Helena é professora de História e diretora de uma escola de Ensino Médio, a ERA, que pertence à cunhada Lorena (Susana Vieira). Casada há mais de 15 anos com Téo (Tony Ramos), adotou Lucas (Victor Cugula). Mesmo sendo uma mulher confiante e segura, Helena passa por uma fase de incertezas e dúvidas quanto à sua felicidade, já que vive um amor sem grandes emoções. Seus questionamentos sobre a vida conjugal ganham força quando ela reencontra César (José Mayer), ex-namorado que ela abandonou para se casar com Téo. 

“O que é muito interessante nessa Helena, em particular, é que ela é uma anti-heroína. Desde o primeiro capítulo, se revela para o público de uma maneira absolutamente franca e, através dessa honestidade, já captura a cumplicidade desse público, que sabe dos desejos mais íntimos dela, porque ela os confessa para as irmãs. Essa jogada dramatúrgica é genial”, observa Torloni sobre a personagem. A seguir, a atriz conta mais detalhes do trabalho que completa 20 anos de sua exibição original e que, em poucos dias, poderá visto novamente na TV aberta.


Como foi interpretar a famosa Helena na obra de Manoel Carlos? 
Christiane Torloni - 
Interpretar a Helena é como ganhar o Oscar, porque é o grande papel da teledramaturgia brasileira. Ela virou um ícone de qualidade e de grande humanidade. Através da Helena, o Manoel Carlos talvez atinja um nível de dramaticidade mais profundo que em outros personagens.

O que a personagem tinha de diferente das demais Helenas já criadas pelo autor?
Christiane Torloni - 
O que é muito interessante nessa Helena, em particular, é que ela é uma anti-heroína. Desde o primeiro capítulo, se revela para o público de uma maneira absolutamente franca e, através dessa honestidade, já captura a cumplicidade desse público que sabe dos desejos mais íntimos dela, porque ela os confessa para as irmãs. Essa jogada dramatúrgica é genial. O Maneco mostra que ela vai ser uma Helena que vai representar a realidade da vida e das pessoas. É uma mulher completamente antenada com a sua possibilidade de ser feliz, com a independência, com a liberdade e com o quanto isso pode custar para ela. Eu acredito que essa, em especial, seja uma Helena que tenha tantas contradições e que, com isso, consiga atingir todo esse leque de emoções que nós, mulheres, temos. Somos todas, graças a Deus, muito Helenas e muito contraditórias.


Quais eram as paixões de Helena?
Christiane Torloni - 
A grande paixão da Helena é pelo César. Ela viveu um grande amor com o Téo, mas a grande paixão dela, pela qual ela vai lutar e resgatar durante a trama, é o César.


Como foi contracenar com o elenco da trama?
Christiane Torloni - 
O elenco da novela é um elenco de ouro, são grandes atores! Alguns infelizmente já faleceram e outros, por conta da passagem do tempo, já se recolheram também. É uma novela que brindou o público brasileiro e também fez um grande sucesso fora do Brasil, principalmente em Portugal e nos países de língua portuguesa. O elenco é brilhante.


Alguma cena ou sequência foi mais marcante ao longo das gravações? 
Christiane Torloni - 
Eu estaria sendo injusta se elegesse só uma cena. É uma novela com cenas inesquecíveis. Eu tive momentos muito bonitos com as irmãs da Helena, com o José Mayer e, com o Tony Ramos, tive cenas antológicas. Inclusive porque o Maneco não economiza; se ele tiver de escrever cenas de cinco ou seis páginas, ele vai escrever. No final da novela, tem uma cena com o Tony que é espetacular, em que a gente faz quase uma retrospectiva do que foi aquela trama.   


Na sua visão, a novela permanece atual, mesmo após 20 anos de sua exibição original?
Christiane Torloni - 
Com certeza a novela continua atual. Eu recebi muitas mensagens sobre a obra, que também está disponível no Globoplay, e as pessoas estavam revendo e falando exatamente da atualidade. Eu acho que, de alguma maneira, o Brasil até piorou nesses últimos 20 anos; no que diz respeito à questão ecológica não há a menor dúvida; e em relação ao Rio de Janeiro, também. O Manoel Carlos já antevia isso. Tem uma cena muito impressionante na novela em que a Helena conta para a personagem da Susana Veira que teve um pesadelo de um homem dando aula na escola dela, falando que as armas eram mais importantes do que os livros – não há nada mais atual do que isso.


De volta a partir do dia 29 de maio, no "Vale a Pena Ver de Novo", "Mulheres Apaixonadas" tem autoria de Manoel Carlos, com colaboração de Fausto Galvão, Vinícius Vianna e Maria Carolina. A novela tem direção de núcleo e geral de Ricardo Waddington e direção geral de José Luiz Vilamarim e Rogério Gomes, com direção de Ary Coslov e Marcelo Travesso.


sexta-feira, 5 de maio de 2023

.: "Aruanas" por Débora Falabella, Taís Araujo, Leandra Leal e Thainá Duarte

Débora Falabella, Leandra Leal, Thaís Araujo e Thainá Duarte falam sobre os novos episódios


A luta pelo direito fundamental de respirar um ar puro parece cotidiana e fruto de uma causa perdida, mas não para todos. Para as ativistas da fictícia ONG Aruana, essa é uma guerra que não chegou ao fim. Se na primeira temporada de ‘Aruanas’ Natalie (Débora Falabella), Luiza (Leandra Leal), Verônica (Taís Araujo) e Clara (Thainá Duarte) foram apresentadas ao público no combate contra crimes ambientais que aconteciam na Amazônia, nesta segunda leva de episódios, que estreia na próxima terça-feira (9), na TV Globo, depois de ‘Encantado’s’, o quarteto volta em uma nova configuração, enfrentando outros grandes e importantes obstáculos que impactam diretamente a vida de todo o planeta. O desafio agora é contra uma epidemia silenciosa, que faz milhares de vítimas precoces ao redor do mundo e custa bilhões a economias internacionais: a poluição urbana.

A nova temporada começa com a ONG enfrentando uma série de problemas, entre eles, uma grave crise financeira. Toda essa fragilidade teve origem em uma ruptura no grupo de amigas que encabeçam a entidade: Verônica (Taís Araújo) agora está afastada em função do envolvimento com Amir (Rômulo Braga), o ex-marido de Natalie (Débora Falabella). Sabendo que nada pode ser maior que a urgência em salvar o planeta, a dupla Natalie e Luiza (Leandra Leal) precisa se reinventar e criar estratégias para manter a entidade funcionando. Recebem, então, a ajuda financeira de Théo (Daniel de Oliveira). Filho de família rica e tradicional, dona de um frigorífico, Théo propõe inovações à organização, mas acaba instaurando um clima de desconfiança no grupo. E Théo é apenas uma das figuras que cruzarão o caminho das ativistas.

Mesmo fragilizadas, as Aruanas têm de ser ágeis diante da informação de que o governo está prestes a aprovar, em Brasília, uma Medida Provisória para isentar as empresas petroleiras em mais de R$ 1 trilhão em impostos. A ameaça desencadeia uma série de ações na Aruana, entre elas uma investigação na cidade fictícia de Arapós, um grande polo petroquímico que, após uma tragédia ambiental, foi transformada em símbolo de sustentabilidade urbana, sob a administração do prefeito Enzo (Lázaro Ramos). O que o grupo descobre, no entanto, é que, por trás dessa aura de cidade-modelo, pode haver um mistério decisivo para impedir a aprovação da emenda.

Nesta luta, Natalie e Luiza correm risco de morte e enfrentam adversários, como a lobista Olga (Camila Pitanga), que volta mais intensa e incisiva, com uma nova cartela de clientes e interesses. Um deles é Robert Johnson (Joaquim de Almeida), investidor estrangeiro e representante do setor petroleiro, Vito Neri (Cacá Amaral), empresário e proprietário da Petroclima, e Franco (Marcelo Laham), líder do Senado. A força da união feminina será o maior trunfo diante das tentativas de calar suas vozes.

"Aruanas" é um original Globoplay, desenvolvido pelos Estúdios Globo em coprodução com a Maria Farinha Filmes. A segunda temporada da série é criada por Estela Renner e Marcos Nisti, escrita por Estela Renner, Marcos Nisti e Carolina Kotscho. A obra tem direção artística de André Felipe Binder e direção de Mariana Richard. A produção é de Isabela Bellenzani (TV Globo) e Mariana Oliva (Maria Farinha). A direção de gênero é de José Luiz Villamarim. Confira as entrevistas com Débora Falabella, Leandra Leal, Taís Araujo e Thainá Duarte!


Entrevista com Débora Falabella 

 O que você pode nos adiantar sobre a Natalie nesta segunda temporada? 

Débora Falabella: Eu acho que os conflitos pessoais da Natalie estão muito maiores nesta segunda temporada. Ela vem de uma primeira temporada onde acaba rompendo uma amizade e uma parceria com a Veronica, se sobrecarrega na Aruana e ainda tem alguns conflitos com a personagem da Leandra Leal, a Luiza, por conta disso tudo, porque a relação fica um pouco desequilibrada quando a Veronica fica afastada. Acho também que outro motivo são os problemas emocionais que a Natalie não resolveu e que o público acompanhou durante a primeira temporada. Eles vêm de uma forma muito forte, porque entram em contato com o que ela vai viver nesta nova fase. Ela presencia uma cena muito forte e vai lidar com uma história também muito forte na sua investigação, e eu acho que tudo isso amplifica esse estado emocional mais afetado da personagem. Mas, mesmo assim, ela, como profissional, segue na luta pelos seus ideais e de uma maneira muito séria. Então fica essa Natalie que leva muito a sério a sua vida profissional e os seus ideais, mas, ao mesmo tempo, está passando por uma dificuldade emocional muito grande. 

 

De fato, a personagem não se livra de seus traumas do passado nesta segunda fase e parece que ela precisa lidar com essas questões ainda mais intensamente, ao mesmo tempo, em que vive um processo de autodescobrimento. Você acha que ela está mais fragilizada ou mais corajosa? 

Débora Falabella: Eu não acredito que ela esteja mais fragilizada. Eu acho que a Natalie está vivendo um pouco o seu limite. Acho que nessa temporada ela lida com essa fragilidade de uma forma mais forte e talvez um pouquinho autodestrutiva. Mas acredito que é porque ela está querendo se conhecer e entender todo o sofrimento que passou, então acho que agora a personagem está mais forte e até mais humanizada. Eu já gostava muito da história da Natalie, achava uma personagem muito sensível, mas esse descontrole que ela acaba tendo nessa segunda temporada me atrai muito também. Eu acho muito humano.  

 

Entrevista com Leandra Leal 

Na sua opinião, como você avalia a Luiza nesta segunda temporada? 

Leandra Leal: A Luiza continua movida pelos seus ideais, é uma mulher corajoso e destemida. A ONG Aruana está sem a Veronica, então ela e Natalie estão liderando a equipe sozinhas, o que provoca uma mudança de postura nas duas, gerando conflitos. Ela tem muita dificuldade em equilibrar a sua vida pessoal com o trabalho e acaba se sacrificando mais uma vez. 

 

Na primeira temporada você defendeu a importância de trazer à tona os crimes ambientais que acontecem na Amazônia e a luta de tantos ativistas ao redor do mundo. Nesta nova fase, o desafio é outro e está ligado a uma tragédia silenciosa e comum a muitos centros urbanos, a poluição do ar. Você acha que o público vai sentir um impacto maior nesta segunda fase? 

Leandra Leal: Acho que, mais uma vez, a série acertou muito na escolha do tema.  A poluição do ar é uma consequência grave do nosso modelo de desenvolvimento urbano, algo insustentável e que precisa ser repensado. 

 

Entrevista com Taís Araujo 

Como a Verônica chega nesta segunda temporada?  

Taís Araujo: A Verônica segue muito machucada por conta do que aconteceu no final da primeira temporada: a ruptura com a Natalie e a saída dela da Aruana. Então, a personagem agora se mostra bem fortalecida profissionalmente, mas muito frágil na esfera íntima.  

 

A personagem se envolveu com o marido da Natalie (Debora Falabella) e isso quase acabou com a ONG Aruana, porque grande parte da força das protagonistas está na confiança e na amizade entre elas. Apesar disso, o time da Aruana, como um todo, parece mais maduro nesta segunda fase. Como você avalia o relacionamento delas neste novo momento? 

Taís Araujo: Sem dúvida alguma, esse fato abalou as estruturas da ONG. Aruana foi fundada nesses três pilares: Natalie, Luíza e Verônica. Se você tira um pilar... Elas tiveram que dar um ajuste ali. E realmente o time está mais maduro. Engraçado o que acontece nas séries, né?  O tempo conta muito. O tempo da vida real acaba ajudando na dramaturgia e na ficção, e a gente usa isso a nosso favor. Em ‘Aruanas’, está todo mundo mais amadurecido porque a ruptura da Veronica com a Natalie e com a ONG não fez com que ela rompesse com o André e com o Falcão, por exemplo. Nem mesmo com a Luíza. 

 

Entrevista com Thainá Duarte

Qual é a sua percepção sobre a Clara nesta segunda temporada?    

Thainá Duarte: Vejo Clara mais segura de si, ponderando mais antes de tomar atitudes, sem deixar de seguir o coração. Ela começa a temporada com uma função bem estabelecida dentro da ONG, deixando de lado o cargo de estagiária. Admiro muito a força que a personagem carrega para lutar pelo que acredita, sempre em constante movimento. Assim como na primeira temporada, vejo nela uma grande força de empatia, o olhar dela para o próximo faz com que a Clara se deixe penetrar pelas histórias individuais de cada um que cruza o seu caminho. 

 

A Clara vai passar por algumas turbulências em sua vida pessoal, logo quando deixa de ser estagiária para virar uma verdadeira ativista ambiental. Isso pode dar a entender que ela ainda não é madura o suficiente para ser uma Aruana?   

Thainá Duarte: Acredito que as turbulências da vida é que nos trazem maturidade, e as situações que Clara passou na primeira temporada fizeram também com que a personagem crescesse ainda mais. Um dos pontos mais fascinantes de ‘Aruanas’ é mostrar a vida desses ativistas sem deixar se humanizá-los, mostrando seus conflitos pessoais, suas dúvidas, medos e receios e como esses conflitos podem servir de motor pra que desempenhem o trabalho deles. Retratar os personagens de ‘Aruanas’ como indivíduos que enfrentam conflitos e ainda assim prestam o serviço de lutar por um mundo melhor aproxima o público da ideia de que ele também pode se posicionar, de que todos podemos ser agentes transformadores da realidade.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

.: Entrevista com Luiz Henrique Rios, diretor artístico de "Terra e Paixão"


O evento de lançamento de "Terra e Paixão" teve show surpresa e muita animação marcaram o evento de lançamento da novela. Na imagem, a dupla Chitãozinho & Xororó com o diretor Luiz Henrique Rios. Foto: Globo/Fabio Rocha


Formado em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia, Luiz Henrique Rios é diretor na Globo desde os anos 1990, quando dirigiu "Quatro por Quatro". Esteve à frente ainda de produções de destaque como "A Indomada", "Belíssima", "Da Cor do Pecado", "Passione", "Totalmente Demais", "Pega Pega", "Pais de Primeira", "Bom Sucesso", "Além da Ilusão" e, agora, em parceria com Walcyr Carrasco, estreia no horário nobre assinando a direção artística de "Terra e Paixão". 
    

Como você define "Terra e Paixão"? 
Luiz Henrique Rios -
"Terra e Paixão" é uma novela sobre o amor, mas não apenas o amor romântico, é também sobre superação, justiça, reparação. E não uma reparação como vingança, e sim uma construção de um ideal de futuro. A protagonista, Aline, é uma mulher que vai fazer acontecer uma vida nova a partir de uma tragédia e buscar a justiça. É uma novela sobre a superação dos seres humanos, sobre a possibilidade de cada um se reconstruir mesmo carregando dores profundas.
    

Quais são os desafios da direção na abordagem desse cenário onde a novela é ambientada?   
Luiz Henrique Rios - 
"Terra e Paixão" é uma novela que se passa no interior moderno do Brasil. Estamos discutindo esse lugar mais profundo de cada um, então esse interior é real, moderno, atual, mas, ao mesmo tempo, temos personagens que vivem conflitos muito próximos de todos nós. Acho que a história vai tocar profundamente as pessoas e conseguir envolvê-las na vontade de assistir o caminho desses personagens, porque eles falam daquilo que é mais íntimo de cada um de nós, dos nossos medos, necessidades, desejos, fantasias. É uma novela sobre o profundamente humano. 
     

Como está a parceria com Walcyr Carrasco?   
Luiz Henrique Rios - 
Esse é o meu segundo trabalho com o Walcyr. No começo dos anos 2000 fiz parte da equipe de direção de "A Padroeira" e lá nos conhecemos. Desde então, não tivemos a oportunidade de nos encontrar novamente e está sendo um prazer, uma parceria muito sincera, franca, positiva. Estou muito encantado com a troca que a gente está construindo. É uma grande honra porque o Walcyr não é só um autor, ele é um ícone, então para mim está sendo uma descoberta maravilhosa. 
    

Como foi a preparação do elenco? De que forma esse processo contribui para o sucesso da novela?   
Luiz Henrique Rios - 
O processo de preparação de uma novela é fundamental. A equipe cria uma identidade a partir da relação e sua visão estética. Estamos falando de gente, e na construção da entrada do elenco na obra, na possibilidade de criar esse espírito de trupe. A arte, principalmente essa arte do audiovisual, é muito coletiva e eu acho que é preciso fazer com que todas as pessoas entendam que estão todos ali para dar o seu melhor e que cada um está em busca do melhor para o outro, porque a troca é o caminho da cena e é isso o que vai para o ar. Tentamos ao longo desse início construir um ar de conforto, de acolhimento, para que o público possa se sentir acolhido com o que a gente faz. Precisamos de muita intimidade, e essa intimidade tem de ser um lugar de respeito, de acolhimento e de carinho.   
   

No núcleo do Bar de Cândida (Susana Vieira) teremos shows de música sertaneja. Como foi a escolha da trilha sonora?
Luiz Henrique Rios - 
Junto do Walcyr, conceituamos que a novela teria uma grande base de música que podemos chamar de sertanejo. Sertanejo é uma quantidade de estilos muito grande, estamos tentando ter um pouco de tudo, mas não só, para também não ter o efeito de um único estilo. Estamos com um aspecto bem interessante de canções tanto no universo country internacional quanto no universo sertanejo, das canções mais antigas às modernas. Esse aspecto também se abre um pouco, os personagens respiram outros universos e a trilha no sentido de ambiência é um lugar bem interessante. Acho que o público vai perceber algo entre o tradicional e o moderno que fala muito do que eu percebi no Mato Grosso do Sul. Tem algumas músicas mais clássicas do sertanejo que estamos regravando com vozes atuais, é uma maneira de a gente atualizar um pouco alguns clássicos e renová-los para que eles circulem novamente.

De que forma o universo do agronegócio será retratado na novela?
Luiz Henrique Rios - 
A novela não é sobre o agronegócio brasileiro, mas nesse cenário há uma família muito poderosa, dona de muitas terras, e uma mulher que resolve empreender e se transformar em uma produtora rural. A novela se passa em uma cidade fictícia do Mato Grosso do Sul, uma área que a gente pode chamar de um grande cinturão do agronegócio brasileiro e ali a gente conta um pouco, muito mais visualmente do que conceitualmente, desse universo. As pessoas vão se surpreender positivamente porque as imagens são muito grandiosas, muito bonitas, eu acho que mesmo quem vive nesse universo talvez não veja o tempo todo com esses olhos porque está ali produzindo, trabalhando.   
  

Além do universo dos produtores e trabalhadores rurais, a novela apresenta temas como assédio sexual, relacionamento abusivo, violência doméstica, dependência química, albinismo, questões de gênero, entre outros assuntos. Como pretende abordá-los?
Luiz Henrique Rios - 
Em uma novela das nove, você acaba tocando em uma série de questões que são absolutamente reais dentro da sociedade brasileira. O que buscamos é mostrar o quanto esses processos são ao mesmo tempo dolorosos e possíveis de serem superados. É um lugar de tentar colocar uma conversa inspiracional no caminho de busca de soluções.  São personagens que vivem dentro dessas estruturas como vivem dezenas de milhares de pessoas, que sofrem de situações complexas. Estamos falando de gente, e essas pessoas vão viver isso. Buscamos o tempo todo o respeito e acolhimento.   
    

Sobre a formação do elenco, temos muitos atores em seu primeiro trabalho em novelas ao lado de veteranos. Essa junção ajuda na direção do ator?
Luiz Henrique Rios - 
No início do projeto, ao ler a história, você começa a pensar rostos e eles são seres magníficos, os tais atores, muito especiais. Temos um monte de gente maravilhosa, pessoas que eu não conhecia, outras que já havia trabalhado, mas que estão me inspirando profundamente. Acho que vai ser fantástico para o público assistir a essas trocas de experiências entre o elenco. Quando você junta pessoas que têm uma experiência muito grande no veículo e pessoas que têm muito pouca ou nenhuma, isso resulta em troca. Isso gera um processo de energia que tem uma vibração diferente. Estou bastante feliz, espero que quando for ao ar as pessoas fiquem tão felizes quanto eu.

Como foi o teste de Barbara Reis para ser a protagonista dessa história? 
Luiz Henrique Rios - 
Na busca por uma protagonista há um grande desafio, porque difere qual é a quantidade de histórias que essa atriz já percorreu, e a gente tinha uma missão que era construir a Aline. Ela não é uma mulher qualquer, a Aline é uma grande lutadora, é uma mulher brasileira, é uma mulher passando por uma situação de profunda injustiça, que vai se reconstruir, ela é uma grande heroína e a gente queria que ela representasse a maioria do povo brasileiro.


O que motivou a escolha da atriz?
Luiz Henrique Rios - 
O representar o Brasil é um lugar importante e aí fomos buscar possibilidades. A Barbara ganhou esse papel pela capacidade de construir a Aline que a gente precisava. Essa não foi uma escolha simples, foi muito buscada, mas acho que as pessoas vão se surpreender com o lugar da simplicidade da representação da Barbara, porque ela tem essa força.     

Você assinou a direção de muitos sucessos nos últimos anos. Agora em "Terra e Paixão" é a sua estreia no horário das nove como diretor artístico. Estar à frente da direção desse projeto já te desafia de alguma forma?
Luiz Henrique Rios - 
A expectativa é que as pessoas gostem e se divirtam. A novela é um lugar muito caro para os brasileiros e o desafio é conseguir de alguma maneira entrar na casa das pessoas, no lugar mais íntimo delas, e poder respeitosamente contar uma história. O que eu mais me interesso hoje, além de construir uma estética, uma narrativa, é o trabalho com os atores.


quarta-feira, 3 de maio de 2023

.: Entrevista com Walcyr Carrasco: "Eu vivo intensamente cada personagem"


Autor de vários sucessos, Walcyr Carrasco volta com novela que promete arrebatar o público. Foto: Globo/Estevam Avellar


Colecionador de sucessos e ganhador de um Emmy Internacional, Walcyr Carrasco iniciou a carreira profissional como jornalista e trabalhou nas redações de grandes jornais e revistas. Aos 28 anos, publicou seu primeiro livro, "Quando Meu Irmãozinho Nasceu". Depois, escreveu "Vida de Droga", "Em Busca de Um Sonho", "Anjo de Quatro Patas", "Juntos para Sempre"e hoje tem mais de 60 títulos escritos. Os livros de Walcyr Carrasco você pode comprar neste link.

Como dramaturgo, assinou peças de sucesso como "Batom" (1995) e "Êxtase" (1997), pela qual recebeu o prêmio Shell de melhor autor. Em 2008, Walcyr ingressou na Academia Paulista de Letras e, em 2010, ganhou o prêmio da União Brasileira dos Escritores pela tradução e adaptação de "A Megera Domada", de Shakespeare e recebeu o Prêmio Jabuti de 2017 pela tradução e adaptação de "Romeu e Julieta".

Para a TV, começou a escrever no final da década de 1980, com a novela "Cortina de Vidro", produzida e exibida pelo SBT. Na Globo, já soma 16 produções que marcaram época. A primeira novela na Globo foi "O Cravo e a Rosa" (2000), dirigida por Walter Avancini, com quem repetiu a parceria em "A Padroeira" (2001). As novelas "Chocolate com Pimenta" (2003), "Alma Gêmea" (2005), e "Êta Mundo Bom!" (2016), dirigidas por Jorge Fernando, consagraram o autor no horário das seis.

A estreia na faixa das sete foi com a comédia romântica "Sete Pecados" (2007). Depois, escreveu "Caras & Bocas" (2009) e "Morde e Assopra" (2011). A primeira novela das nove foi "Amor à Vida" (2013), grande sucesso de crítica e público. Para a faixa das onze, Walcyr escreveu "Gabriela" (2012) e "Verdades Secretas" (2015), que conquistou o Emmy Internacional, além do Troféu APCA e do Prêmio Extra de Televisão como Melhor Novela. Voltou ao horário das nove com "O Outro Lado do Paraíso" (2018), "A Dona do Pedaço" (2019) e fez "Verdades Secretas 2" (2021), exibida no Globoplay e, na TV Globo, em outubro de 2022. 


Como você define "Terra e Paixão"?
Walcyr Carrasco
 - É uma novela clássica, que mostra a força do amor e a superação. Com uma trama que se apresenta através de um grande drama amoroso e uma luta por herança, dentro de um ambiente agrícola, rural, uma parte do país ainda desconhecida por muitos, de uma maneira que não estamos acostumados a ver em novelas.

Qual foi sua principal inspiração para começar a escrever essa história?
Walcyr Carrasco
 - Nasci no interior de São Paulo, em Bernardino de Campos, e fui criado em Marília, meus avós vieram da Espanha para trabalhar no campo. A agricultura me fascina e descobrir o nível de tecnologia a que se chegou nos dias atuais foi surpreendente. Meu tio foi missionário em Dourados (Mato Grosso do Sul), quando eu era criança, e lembro que fui visitá-lo com a minha mãe. Foi uma viagem inesquecível, que me marcou muito, onde conheci a famosa terra roxa, ou como também se diz, terra vermelha, uma terra muito fértil. Isso ficou em minha memória. Com isso, voltei ao Mato Grosso do Sul duas vezes, realmente fiquei fascinado pela tecnologia implantada na agricultura nos dias atuais. Subi em uma colheitadeira, que, só para chegar na cabine, tinha dois lances de escada ao entrar. Descobri um computador que monitorava todo o mecanismo da máquina, e seus resultados. Foi uma experiência única, que me impactou. Um Brasil que eu pouco conhecia e imaginei que seria um bom cenário para a trama dos personagens. Um país que, assim como eu, muitas pessoas não conhecem, porque poucas vezes foi mostrado dessa maneira na televisão.

"Terra e Paixão" vai trazer vários temas além dos contidos na história central. Delicados, como a trama da Petra (Debora Ozório), viciada em remédio tarja preta, até os relacionamentos em sites e aplicativos de conteúdo adulto. Por que tratar esses temas na novela?
Walcyr Carrasco
 - Acho que é papel da novela trazer temas que são sensíveis e comuns a todos nós. Vejo conversas sobre drogas proibidas por lei, mas muito pouco das que são dadas com receita médica e que provocam vício também. A personagem da Debora mostra exatamente essa situação, é importante lembrar que todo agente químico tem reações e por mais que a princípio seja legalizado, pode viciar. Um drama muito real e atual. Já a Anely (Tata Werneck), eu conheci pessoas que ganham a vida através de sites eróticos, mostrando o corpo. É algo extremamente atual, uma discussão curiosa. Tata saberá fazer esse personagem com maestria, humor e, ao mesmo tempo, a seriedade que também precisa.

A violência doméstica será abordada na trama de Lucinda (Débora Falabella) e Andrade (Ângelo Antônio). Em outras obras suas, como "O Outro Lado do Paraíso", esse tema também esteve presente. Acredita na força da novela para ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema?
Walcyr Carrasco
 - Infelizmente a violência doméstica é um tema sempre presente na nossa sociedade, muitas mulheres sofrem agressões dentro de casa. É uma forma de defender a mulher, de dizer que há alternativas, que essa dor pode ter cura.

Como foi o processo de escalação do elenco?
Walcyr Carrasco
 - Participei de todo o processo de escalação do elenco, mas alguns atores já estavam na minha cabeça quando comecei a escrever a novela.

Como está sendo a parceria com o diretor artístico Luiz Henrique Rios, com quem está trabalhando pela primeira vez?
Walcyr Carrasco
 - Luiz Henrique não é só um diretor maravilhoso, mas se tornou um amigo. Dividimos todos os assuntos, é um prazer trabalhar com ele.

Suas novelas são marcadas como grandes sucessos. A que credita o êxito das histórias?
Walcyr Carrasco
 - Eu vivo intensamente cada personagem, choro e rio quando escrevo. Se minhas emoções são autênticas, acredito que o público saberá compartilhá-las. Sobre "Terra e Paixão" ser um novo sucesso, a gente nunca sabe antes de estrear, mas prometo fazer o melhor. Sempre sinto um frio na barriga antes das estreias, ainda mais agora com um projeto tão importante, que mostrará aspectos lindos, mas também dramáticos da sociedade brasileira.

Qual mensagem pretende transmitir para o público?
Walcyr Carrasco
 - A força do amor e a superação.

domingo, 30 de abril de 2023

.: Pedro Bial mergulha no true crime para assumir o retorno do "Linha Direta"

Precursor do true crime na TV brasileira, programa estreia no próximo dia 4, desta vez com Pedro Bail. Foto: Globo/Fábio Rocha


Em um cenário multiuso, que remete a um antigo galpão desativado, Pedro Bial apresenta, conduz entrevistas, traz reflexões e novas perspectivas sobre os casos que marcaram a sociedade nos últimos 15 anos. A volta do "Linha Direta" na TV Globo será na próxima quinta, dia 4 de maio, logo após "Cine Holliúdy". Precursor do gênero true crime e referência na TV brasileira com a descrição e reconstituição de crimes reais, o "Linha Direta" marcou várias gerações ao longo de sua exibição nas décadas de 1990 e 2000. 

Nesta versão repaginada, inovações tecnológicas em sua linguagem se destacam, com a apresentação de laudos de perícia em 3D e a inclusão de imagens de vídeos de câmeras de segurança e captadas por celular, que auxiliam no entendimento da cronologia dos fatos. A cada programa, temáticas relevantes são abordadas através dos casos mostrados, entre elas: feminicídio, violência contra crianças, racismo, LGBTfobia, golpes virtuais, com o viés da prestação de serviço, provocando a reflexão sobre esses assuntos. 

O conteúdo investigativo, marca da atração, é o fio condutor da produção. Em um formato documental e com linguagem moderna, inclui simulações, apuração e entrevistas conduzidas por Bial no estúdio com parentes de vítimas e figuras-chave das investigações, trazendo importantes elementos e percepções através de seus depoimentos.  O caráter social também está presente através da divulgação dos canais de denúncia, como o telefone 181, de qualquer lugar do Brasil, e o Disque Denúncia local de cada Estado para que a população ajude as autoridades com informações que levem à localização de foragidos da Justiça, com a garantia do sigilo da identidade.

Multiplataforma, o projeto conta ainda com o "Linha Direta Podcast", que traz conteúdo extra, com impressões de Pedro Bial e depoimentos de bastidores vivenciados por roteiristas, pesquisadores e pela produção do programa. Além disso, tem versão estendida dos casos e mergulha no círculo familiar de pessoas que tiveram ligação com as vítimas. Com publicações semanais, sempre nos dias seguintes à exibição na TV, o "Linha Direta Podcast" estará disponível no Globoplay e nas plataformas de áudio, a partir do dia 5 de maio. Abaixo, Pedro Bial fala sobre a expectativa com a estreia do "Linha Direta".

Quais serão as novidades e temáticas do programa?
Pedro Bial - Estamos experimentando formatos que estejam mais antenados com os dias de hoje. Em cada um dos programas teremos temáticas muito relevantes como feminicídio, violência contra crianças, LGBTfobia, racismo, entre muitos outros. Às vezes, são casos que estão em andamento, então, esse é o formato preferencial: um caso concluído e um caso em aberto. O segundo caso, em aberto, é que pedimos ajuda do público para que através dos canais de denúncia ajude a localizar foragidos da Justiça. Também vamos entrevistar no programa pessoas chave dos casos, sejam elas parentes ou especialistas, e teremos também a participação de profissionais da nossa própria equipe de roteiristas, que trabalharam na apuração das histórias.
 

Qual é o desafio de buscar a memória afetiva daquelas pessoas que já gostavam do programa nos anos 1990/2000 e agora também conquistar um novo público?
Pedro Bial - 
O programa tem um tipo de abordagem e troca com o público no passado e ficou identificado por isso. Ao mesmo tempo, agora temos que apresentá-lo ao público que nunca viu, ou que era muito novo quando ele foi exibido. O true crime, o crime verdadeiro, é febre mundial. Além disso, essa hiper conexão que a gente vive hoje ainda não tinha se consolidado naquela época, e isso também tem implicações e consequências na nossa linguagem. Hoje em dia é muito difícil qualquer coisa acontecer numa grande cidade sem que tenha sido captada por duas ou três câmeras de segurança, ou por alguém com celular filmando o momento. Isso tudo determina a investigação, os registros e a linguagem do programa.

Além da apresentação na TV Globo, o "Linha Direta" também terá um podcast próprio, o "Podcast Linha Direta". Como será o formato?
Pedro Bial - 
O podcast não vai ser simplesmente uma versão em áudio do programa que foi ao ar na televisão. Vai ser um outro produto e com a linguagem do podcast, com tudo isso que se espera de um podcast, com vários bastidores. Se muitas vezes na televisão, devido ao tempo e ao formato, você apresenta uma entrevista que a gente conseguiu através de muito esforço, no podcast a gente vai contar a história de todo esse trabalho, de como essa entrevista foi realizada e como chegamos aos personagens. No podcast tem um espaço para aprofundar. É mais que um desdobramento. 

Como está a sua expectativa para a estreia do programa?
Pedro Bial - 
A gente gostaria de corresponder àqueles que buscam ou vão buscar naturalmente reviver alguma lembrança ou memória daquele antigo "Linha Direta" que, no entanto, não será o mesmo. Ainda assim, a gente quer trazer, respeitar, buscar e atender a esse desejo de reviver como também quer propor, desafiar e provocar reflexões, já que tudo mudou muito nesses quase 16 anos em que o programa ficou fora do ar.  Agora queremos convidar o público a investigar e explorar com a gente os meandros de grandes casos criminais que mobilizaram toda a sociedade brasileira.

"Linha Direta" tem apresentação de Pedro Bial, direção artística de Monica Almeida, direção geral de Gian Carlo Bellotti, e direção de gênero de Mariano Boni. A redação final é de Pedro Bial e Marcel Souto Maior e a produção de Anelise Franco. O programa estreia no dia 4 de maio e será exibido às quintas-feiras, após "Cine Holliúdy", na TV Globo.  O "Linha Direta Podcast", versão em áudio do programa original, estará disponível no Globoplay e nas plataformas de áudio a partir do dia 5 de maio e com publicações semanais sempre nos dias seguintes à exibição do programa na TV.

sábado, 29 de abril de 2023

.: Amanda Meirelles, campeã do "BBB 23": “Eu ainda estou chocada”


“Acho que de alguma forma eles se identificaram com a minha maneira de ser, inclusive com as minhas próprias fragilidades, porque eu sempre fui uma pessoa muito sincera comigo mesma e acabava expondo. Eu não guardava para mim, nem tentava me mostrar uma pessoa que estava 100% do tempo forte”, afirma a médica Amanda Meirelles, vencedora do "BBB 23".  Foto: Globo/João Cotta

Consagrada campeã do "BBB 23" e premiada com o valor de R$ 2.880.000 na última terça-feira, dia 25, a médica Amanda Meirelles é a única participante do grupo Pipoca (pessoas que não eram famosas antes de participar do reality show) a chegar à final desta edição, relaciona sua trajetória no "Big Brother Brasil" também às relações que estabeleceu na casa mais vigiada do país. 

Já no primeiro dia, por escolha do público, criou uma conexão física e afetiva com o lutador de jiu-jitsu Antonio Carlos Junior, o Cara de Sapato. Com as amigas de quarto, permaneceu até o final da participação que a levou ao patamar de campeã do maior reality show da TV brasileira. Foi ao lado de Aline Wirley e Bruna Griphao que chegou ao pódio. Ontem, a 23ª temporada do programa se encerrou com o resultado que garantiu a vitória à médica paranaense: 68,9% dos votos do público tornaram Amanda campeã. “Eu ainda estou chocada”, declara a vencedora sobre os fãs que conquistou. Na entrevista a seguir, Amanda revela sua estratégia para chegar ao primeiro lugar, fala sobre os afetos que criou no BBB e também conta como a sua experiência na medicina a ajudou no reality


A que atribui a sua vitória no "BBB 23"?
Amanda Meirelles -
Eu acredito que a minha vitória no "BBB" tem muito a ver com o fato de ter sido eu mesma o tempo inteiro e não ter me deixado abalar com as pessoas apontando para mim que eu precisava ser outra pessoa para permanecer no jogo. Lembro que uma vez o Fredão (Fred Nicácio) falou que eu iria precisar gritar ou falar um pouco mais alto para conseguir mostrar a minha opinião e eu disse: "Cara, mas eu não sou assim". Então, eu acredito que o que me manteve ali foi ser quem eu sou - livre, do meu jeito - e o fato de levar o jogo de uma maneira não menos comprometida, mas leve.
 

Imaginava conquistar uma torcida tão forte aqui fora? Como acha que cativou o público? 
Amanda Meirelles - Eu ainda estou chocada. Desde que eu saí, fui recebida pela minha família, encontrei amigos de cada canto do país e estou ainda absorvendo tudo o que elas estão me falando. Elas me falaram da torcida e da vontade que o pessoal tinha: “Amanda, quando você ia para o paredão a gente até pensava que você tinha que ir com tal pessoa porque só você conseguiria tirá-la, já que a sua torcida é extremamente comprometida”. Elas falaram que outros participantes tinham torcidas, às vezes, maiores, numericamente, mas que a maneira como a minha torcida se uniu para me defender foi fantástica. Então, eu estou muito grata, estou ainda absorvendo tudo. Não consegui nem pegar o meu celular para agradecê-los porque não parei, mas só consigo sentir gratidão. Acho que de alguma forma eles se identificaram com a minha maneira de ser, inclusive com as minhas próprias fragilidades, porque eu sempre fui uma pessoa muito sincera comigo mesma e acabava expondo. Eu não guardava para mim nem tentava me mostrar uma pessoa que estava 100% do tempo forte. Acredito que as pessoas podem ter se identificado com isso também, tanto com a parte boa, quanto com os meus períodos de vulnerabilidade, que muita gente também pode ter aqui fora. 


Alguma estratégia de jogo te levou até a final? 
Amanda Meirelles - Minha estratégia era tentar fugir dos paredões e, geralmente, tentar combinar voto. Eu também bati muito na tecla de não ir com pessoas de um mesmo pódio ao paredão. Mas eu acredito que tenha sido a minha maneira mesmo. Acho que não existe uma fórmula para jogar o "BBB", a gente aprende todos os dias. Eu sempre fui muito fã e, quando eu cheguei ali, percebi que tudo o que eu sabia estava acontecendo de forma diferente. Eu achava que sabia tudo e que iria arrasar lá dentro. Quando cheguei lá, era tudo diferente do que eu tinha pensado. Eu acho que todo mundo que entra só aprende a jogar "BBB" diariamente. As coisas são muito dinâmicas, mudam muito. O importante é sempre estar comprometido com você mesmo. Mas eu tive a estratégia de não ir com determinadas pessoas num mesmo paredão, tive estratégias de votar, sim, em grupo para escapar. O lema é sempre fugir, mas eu nem sempre consegui (risos). Escapei em bastantes provas Bate e Volta, mas acabei caindo ali. A estratégia é ser a gente mesmo e estar com pessoas que nos fortalecem - eu percebi que isso fez toda a diferença. Existe um ditado que diz: "Sozinho vamos mais rápido, mas acompanhados vamos mais longe". Isso pegou bastante nesse "BBB"; quando as conexões eram reais, você conseguia avançar cada vez mais.


Durante os 100 dias, você conseguiu vencer várias provas, entre elas uma de resistência. Imaginava vencer tantas disputas? Você se preparou de alguma forma para essas dinâmicas do "BBB"? 
Amanda Meirelles - Eu não imaginava! Eu sempre tive traumas e limitações que eu mesma me colocava em questão de provas de habilidade. Por exemplo: eu nunca fui aquela pessoa que era escolhida na educação física; sempre era a última a ser escolhida; era a desajeitada, a que era escolhida para ficar marcando os pontos e não para fazer parte do time. Eu já trazia algumas travas em mim mesma. Eu tinha muito medo dessas provas, por isso foi importante encontrar pessoas que me motivaram. Quando eu comecei a ganhar, pensei: "Eu sou boa nisso". As provas do "BBB" são feitas para que todo mundo consiga fazer, não são provas de vencer só quem é mais ágil. Sempre tem uma de sorte, de atenção, uma habilidade ou de memória. Todo mundo consegue ter acesso às provas e tem condições de ganhar. A gente tinha pessoas como o Cristian (Vanelli) e o cowboy (Gustavo Benedeti) que sempre iam bem nas provas de habilidade, mas na de resistência, por exemplo, o cowboy saiu primeiro. O programa é feito de uma maneira cujas dinâmicas são realizadas de forma que todo mundo tem chance de ganhar. Para mim, foi superar meus próprios limites. E ganhar uma prova de resistência era um sonho meu, porque eu sempre assisti ao "Big Brother" e foi uma realização pessoal vencer. Eu fiquei muito feliz.


Quais foram seus pontos altos e baixos no programa? 
Amanda Meirelles - Eu acho que os pontos altos foram as provas que eu consegui ganhar. Foram a união e as conexões que eu tive também. As vitórias dos Bate e Volta foram sensacionais por saber que, por mais que tivesse gente que queria me ver fora do programa, havia gente torcendo para que eu continuasse ali dentro. Acredito que os pontos baixos eram quando a gente ia perdendo pessoas queridas. A dinâmica do programa fez com que a gente se dividisse em dois quartos, então a gente se fortaleceu muito por afinidade no quarto em que estávamos. E quando a gente começou a perder pessoas, foi como se estivéssemos perdendo pedacinhos de nós. "E agora? Como eu vou fazer sem essa pessoa?". A gente formou ali uma estrutura, e, ao perdermos pedacinhos, a gente começa a dar aquela leve fraquejada. Ali eu me reconectava com o que eu iria fazer para poder continuar. Também acredito que ajudou o fato de me colocar sempre como minha prioridade, porque percebi, no início do programa,  que eu não era prioridade de muita gente. E, se você não é prioridade, você é alvo. Então, eu pensei que eu tinha que ser a minha própria prioridade, que eu iria dar um jeito e me colocar em primeiro lugar. Mas, ainda em relação aos pontos baixos, havia também a saudade. Durante o jogo, a gente fica com muita saudade de casa e se questiona como está a vida das pessoas aqui fora. A incerteza de como estava a vida aqui fora pesou para muitas pessoas em algum momento do programa. Nesses momentos a gente dava uma baixada na guarda, mas logo recuperava.
 

O grupo do quarto Deserto se formou no início da temporada, perdeu vários integrantes no meio do caminho e rachou algumas vezes ao longo da edição. No entanto, após a volta da Larissa, vocês se uniram novamente, decidiram retomar o jogo coletivo e acabaram chegando juntas à reta final. Como avalia o desempenho do grupo? 
Amanda Meirelles - Eu acho que nós fomos fundamentais uma para a outra. Espero, inclusive, que a gente tenha conseguido passar isso para outras mulheres, que com pequenas atitudes a gente consegue empoderar - foi o que a gente fez. Os nossos recursos eram o queridômetro ou tentar ganhar prova para ter algum poder, então a gente utilizou o que tínhamos na mão para conseguir avançar. Mas, independentemente de qualquer coisa, nós tínhamos uma a outra. Eu acho que esse foi o diferencial das desérticas. Eu via que no Fundo do Mar, existiam, sim, as conexões, mas havia algumas pessoas que não se sentiam tão ligadas às outras. Nós tínhamos essa conexão muito forte e a gente sempre se fortaleceu quando uma precisava. A gente se uniu nas nossas fragilidades e foi avançando no decorrer do jogo. A conexão que eu tenho com as meninas é extra jogo, vai ser de vida mesmo. Não tem como eu contar a minha história sem falar delas, que, assim como o programa, fazem parte da minha vida. Elas vão estar comigo para sempre. Eu já estou até com saudades: da Bruna reclamando de alguma coisa, da Aline, da Larinha (Larissa Santos)...

De que forma o retorno da Larissa e as informações que ela levou para a casa impactaram a sua estratégia de jogo no "BBB"? 
Amanda Meirelles - Eu acho que o que a Larissa trouxe foi mais para as outras pessoas entenderem o que eu já estava falando há algum tempo. Uma das coisas que eu sempre batia na tecla era que havia algumas pessoas que eu queria ver no paredão, que não tinham muita movimentação, só que acabavam passando meio despercebidas. A própria Bruna estava ainda muito presa aos afetos. Antes da Larissa voltar, eu até achei que a Bruna teria dificuldade de votar em algumas pessoas. Cheguei ao ponto de, em um dos jogos da discórdia, dizer para ela: "Se quiser colocar alguma coisa em mim, pode colocar". Eu sabia que para ela era difícil separar jogo e afeto. Quando a Larissa chega e fala um pouco do que o público está querendo, eu vejo que acaba firmando mais, principalmente na Brunete, a necessidade de separar as coisas, porque a gente estava juntas ali. Também foi muito bom porque ela chegou e comentou com a Aline como estava sendo o jogo dela e ela conseguiu se transformar bastante. Para mim também foi muito gratificante saber que estava tudo bem, porque era uma das coisas pela qual eu sempre me questionava: "Será que tem alguém gostando de mim? Será que eu sou uma piada para o Brasil? O que está acontecendo?". Quando a Lari chega e fala "Amanda, tem pessoas que gostam de você lá fora, do seu jeito", eu penso, "então, vamos seguindo". Eu acho que o retorno dela não atrapalhou o meu jogo em nenhum momento. A volta da Larissa só fortaleceu coisas que eu já estava falando há algum tempo, mas às vezes as pessoas não conseguiam muito bem separar afeto de jogo. Quando a Larissa chegou e disse que isso era necessário, as pessoas começaram a ver que fazia sentido. 

Apesar dessa aproximação mais intensa nas últimas semanas, vocês quatro já estiveram distantes. A Bruna chegou a te confessar que você seria alvo dela antes de pessoas do outro quarto. Como foi receber essa declaração? 
Amanda Meirelles - Eu senti mais quando o Fredinho (Fred Desimpedidos) falou que, se precisasse, votaria em mim antes de votar na Marvvila. Teoricamente a gente estava ainda em um grupo, então aquilo fez com que eu criasse uma expectativa sobre a situação. Eu senti bastante ali e falei: "Meu voto serviu em algum momento e agora não serve mais". Mas, com a Bruna, foi uma coisa com a qual eu não criei expectativas porque eu já imaginava que uma hora iria acontecer. Eu falava para ela: "Eu sei que você vota em mim antes de tal pessoa, então, para mim não faz sentido continuar jogando desse jeito". Ela deixava claro que isso poderia acontecer, nunca deixou subentendido que votaria em mim antes de outras pessoas. Já o Fredinho, não, porque a princípio estava no rolê do grupo, então eu acreditava que a gente iria sempre se priorizar antes de outras pessoas. A Bruna sempre deixou muito claro que os afetos ditavam as prioridades para ela ali dentro.

Você construiu uma forte amizade com o Cara de Sapato na casa, que inicialmente foi interpretada pelos fãs como um possível romance. Em algum momento chegou a cogitar essa possibilidade? 
Amanda Meirelles - Eu acho que nós fomos fundamentais um para o outro. Foi um relacionamento de total comprometimento com o que cada um sentia e vivia lá dentro. Foi amizade, sim; a gente não sabe como vai ser daqui para frente, porque a gente não consegue prever, né? Mas foi muito genuíno, foi muito de coração. A gente se olhava num lugar de muito respeito, cuidado, amor e preocupação um com o outro. Foi algo muito incrível. Eu sou eternamente grata. Ontem eu o vi, vi a família dele e só tenho amor pelo Sapato. É uma amizade, mas a gente nunca sabe como vai ser o futuro porque a vida é sempre uma caixinha de surpresas. A gente se encontrou numa conexão muito pura, a gente se via de forma muito genuína.

Você teve conflitos com algumas pessoas na casa, entre elas o Fred Nicácio e o Cezar Black. Quem foi seu maior adversário no programa? 
Amanda Meirelles - Na competição, nosso maior adversário é sempre a gente mesmo, porque ali é uma briga entre você com você mesma para conseguir se manter no caminho que traçou. Mas eu acho que o maior adversário foi o Fred Nicácio. Houve aquele paredão falso em que ele voltou, lançou uma informação e aquilo pesou para mim. Depois, eu sentia que, quando tentava conversar com ele, não conseguia acessá-lo da maneira que eu via todo mundo acessando. Mas o que acontece no jogo fica no jogo. Inclusive fiquei parafraseando ele por muito tempo. O Fred é uma pessoa fantástica, uma pessoa que preenche os lugares. Ele sempre disse: "Faça um jogo do qual você se orgulhe". Quando ele saiu, eu falei que essa foi uma das frases que ele falava que mais me marcou e foi o que eu tentei fazer.

Mesmo tendo vencido provas de liderança e anjo, alguns participantes te acusavam de ser uma das plantas da edição. O que acha que eles esperavam do seu jogo que você não entregou? 
Amanda Meirelles - Eu sempre falei que eu acredito que não ganha quem grita mais alto; ganha quem não desiste. Eu entrei nesse programa com mais 21 personalidades extremamente fortes e todo mundo gritava, falava alto, ia para cima, apontava o dedo para o outro. As pessoas começaram a achar que, para você se expressar, tinha que ser dessa forma. E não é a minha forma de me expressar. Também acredito que eu ganhei muita "planta" porque as pessoas têm mania de achar que só porque eu levo a vida de uma maneira mais leve, porque eu faço piada e tento levar as coisas com bom humor, eu sou menos comprometida com os meus sonhos ou com os objetivos que eu tenho. Eu acho que existem muitas formas de jogar o "BBB" e eu joguei da minha maneira. Graças a Deus, o público viu e deu certo. Mas acredito que as pessoas esperavam que eu procurasse briga, falar alto com os outros... Mas essa não é Amanda.

Quais são os maiores aprendizados dessa experiência? 
Amanda Meirelles - Foram muitos aprendizados, mas acho que os maiores são a resiliência, o autocuidado, a superação de limites, o carinho com que a gente tem que olhar para a gente mesmo. Uma das coisas é, também, tomar muito cuidado com o que a gente fala para as pessoas, porque a gente nunca sabe como elas vão sentir. Não é à toa que lá dentro a gente sabia onde estavam as fragilidades dos outros e, muitas vezes, era isso que utilizavam e acabavam desestabilizando totalmente o outro com coisas extra jogo. Então, eu saí desse programa observando e prestando muita atenção no que eu falo, porque pode chegar na outra pessoa de uma maneira que eu não tenho ideia, pode doer nela e ter uma repercussão que a gente nem imagina. É sobre ter um pouco mais de cuidado com as palavras e empatia.

Quais são seus planos agora que você é uma mulher milionária? Pretende seguir atuando na medicina? 
Amanda Meirelles - Eu acho que só vou acreditar quando eu vir aquele dinheiro na minha conta (risos). As pessoas falam: "Ah, porque fulano gosta de você...". Eu fico pensando: "Gente, como assim essa pessoa gosta de mim? (risos)". Mas eu não faço ideia, estou aproveitando cada momento. O "BBB" é uma experiência que mudou a minha vida e não sei como vão ser os próximos passos. Mas, sim, pretendo fazer alguma coisa relacionada à medicina porque foi o que sempre me abriu portas na vida, eu amo cuidar de gente. Eu acredito que há coisas que a gente não consegue deixar para trás e a minha profissão é uma delas. Talvez eu tenha que readaptar nessa nova rotina que vai surgir, com informação, levando mais conhecimento para as pessoas. Mas largar a medicina é algo que não está nos meus planos, porque foi graças a ela que eu sou a pessoa que sou hoje. Em muitos momentos do game, eu me colocava em situações do hospital que eu tinha vivido. Quando eu estava na xepa e as pessoas reclamavam da comida, eu lembrava das pessoas que eu cuidei que não conseguiam comer. Eu sempre levei as experiências que tive na minha vida profissional para o jogo. Quando eu via o pessoal cansado de ficar dentro da casa, fechada por conta da manutenção externa,  eu falava: "Gente, para mim isso não pesa". Eu trabalhava em UTI; na pandemia fiquei sem luz do sol, sem conseguir dormir, com privação de algumas coisas. Então, se eu consegui ganhar esse programa também foi muito pelas coisas que eu levei da minha profissão e que ficava lembrando lá a todo momento.

Já pensou o que fazer com o prêmio do "BBB 23"? 
Amanda Meirelles - Primeiro eu vou pagar meu financiamento estudantil. Vi que já virou até meme na internet de tanto que eu falava disso. O meu maior desespero enquanto estava na casa era por não estar pagando. Eu financiei 100% da minha faculdade, então é graças a esse financiamento que eu consegui me formar. Sou extremamente grata, mas é uma dívida de 19 anos que eu tenho e que pretendo pagar. Além disso, quero ajudar meus pais. Eu sempre vi as pessoas se queixando, no hospital, sobre coisas que queriam ter feito na vida e eu quero que meus pais consigam aproveitar um pouco mais da vida deles também. Eu sei que houve muitos dias de labuta para que eu conseguisse me formar. Eu sempre falo que eles são a origem de toda a minha saudade e a fonte de toda a força que eu busco para conseguir os meus objetivos. Quero conseguir retribuir um pouquinho de tudo o que eles fizeram por mim.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

.: Entrevista com Aline Wirley: "Eu sei que sou um corpo político"


Cantora que fez parte do grupo Rouge conta os aprendizados que leva do programa, fala sobre amizades e conflitos que teve no confinamento e detalha o que foi essencial para conquistar o segundo lugar no pódio do "BBB 23". Foto: Globo/João Cotta

Aline Wirley venceu não só uma das mais longas provas do "BBB 23", como chegou ao final da resistência de 100 dias na segunda colocação. Ao longo da temporada, a cantora viveu altos e baixos. A participante se viu confusa em alguns momentos, apontou e foi apontada; viveu a experiência de ter sua música lançada de surpresa no reality; e fez amizades que considera fundamentais para seu resultado no programa.

“Não faria absolutamente nada de diferente. Eu sou a vice-campeã. Nós entramos em 22 pessoas; eu olhava e achava que ia dar tudo errado. Chegar nesse lugar com consciência e me reconhecendo em cada passo que eu dei, é muito valioso”, observa. A agora ex-sister disputou a preferência popular contra as aliadas Amanda Meirelles e Bruna Griphao e, na última terça-feira, dia 25, ganhou a segunda colocação da temporada, com 16,96% dos votos, levando para casa o prêmio de R$ 150 mil. A seguir, Aline Wirley conta os aprendizados que leva do programa, fala sobre amizades e conflitos que teve no confinamento e detalha o que foi essencial para conquistar o segundo lugar no pódio do "BBB 23". 


Você foi a segunda colocada do "BBB 23". O que acha que a fez chegar tão longe na disputa?
Aline Wirley -
Eu ainda estou entendendo tudo, não tem nem 24 horas que saí da casa (risos). Eu acabei de chegar em casa, estou com a minha família e com as pessoas que me amam, tentando entender tudo que aconteceu para eu chegar até aqui. Mas o que mais fica para mim é que eu fui a Aline, que foi o meu propósito e uma das coisas que eu mais quis levar lá para dentro. E não foi fácil, estar no "BBB" é muito difícil. O que me traz até aqui é ser quem eu sou e as alianças que eu fiz. As dinâmicas também vão te levando para a final: um paredão, uma prova do anjo, uma liderança em um momento importante. Muitas coisas me trouxeram até aqui, mas, primordialmente, eu quero acreditar que ser quem eu sou é o que me faz ser a vice-campeã do "BBB 23".

Você foi fiel às alianças que estabeleceu nos primeiros dias do "BBB". Qual foi a importância delas durante o confinamento? 
Aline Wirley - 
As alianças foram fundamentais. Eu sou uma pessoa que me conecto com pessoas e o "BBB" é um jogo de relações. Por mais que a gente entenda que é um jogo estratégico e que tem a dinâmica, para mim é um jogo de relações, então as alianças que eu fiz durante o programa foram muito importantes. Por exemplo, a Amanda é uma pessoa com quem eu me conectei desde sempre. A gente se amou, se acolheu e se viu em um lugar das nossas fragilidades, de não conseguir nos posicionar, pois estávamos em um elenco muito falante e que apontava muito. Então, a gente se conectou em um lugar de muito afeto. Eu acredito que é o que nos traz até aqui. Estar em uma final e encerrar o "BBB" ao lado da minha amiga é uma coisa muito valiosa. O "BBB", além de ser um programa de entretenimento, acessa lugares muito profundos, não só para quem está vivendo lá dentro, mas para quem está aqui fora. Estou muito feliz com tudo que eu realizei.
 

Qual era sua estratégia para levar o prêmio? Acredita que o grupo foi importante para desempenhá-la?
Aline Wirley - 
Eu assisto ao "BBB" na TV. Então, eu não tive uma estratégia, de fato. E durante um bom tempo do programa eu me confundi muito. Eu achava que estava tudo errado porque eu não sei jogar. Durante algum tempo, isso foi um problema para mim. Mas, no decorrer do programa, eu encontrei pessoas que me ajudaram nesse caminho. Eu consegui ouvir e entender. Quando a Larissa começou a puxar jogo, eu comecei a entender mais. É um jogo de relacionamentos, mas também de estratégia e coisas que te confundem. Então, eu não tive uma estratégia, eu tive as minhas percepções do que eu podia fazer naquele momento e como eu podia lidar com aquilo.

Em algum momento pensou em formar alianças com outras pessoas além das do quarto Deserto?
Aline Wirley - 
É complicado dizer assim. Eu me apaixonei por todo mundo do quarto Deserto. A gente tinha uma conexão e era fácil a gente jogar lá. Mas, por exemplo, a Sarah, que era do outro quarto, é uma mulher que eu admiro muito e com quem me conectei em lugares muito íntimos quando eu precisava de apoio e de conselhos, principalmente no lugar de mulher preta. Mas é muito louco, porque o jogo já estava estabelecido, ela já tinha afetos e jogava no Fundo do Mar, assim como eu fazia no quarto Deserto. Então, isso ficou complicado. Mas como foi tudo muito dividido, acabou acontecendo desta maneira. A Sarinha é uma pessoa que, do fundo do coração, eu trago para além de jogo. Eu a amo muito, tenho afeto e quero muito bem.

Sua relação com a Sarah foi de altos e baixos: vocês tinham afeto uma pela outra, mas eram adversárias no game. Como foi lidar com essa situação na casa? Algum momento passou pela sua cabeça jogar com ela?
Aline Wirley - 
O "BBB" foi muito definido pelos grupos. Primeiro porque a gente entrou em dupla e, depois, por conta dos quartos. Eu e a Sarah nos conectamos dentro do jogo para além do jogo. Lá no começo, quando ela votou em mim, eu sabia que era do jogo e que a dinâmica pressionava a gente a esse lugar; nunca vi como uma coisa pessoal. Eu não vejo a gente se procurando no jogo, mas se procurando para se apoiar como mulheres pretas se olhando, se ouvindo, se amando. E esse lugar é lindo. Tanto eu, como ela queríamos ter a oportunidade de jogar o jogo. Então, ela fez as escolhas dela, eu fiz as minhas escolhas e a gente jogou. E acho que isso fala muito sobre como a gente acredita que deve ser a dinâmica de jogar o "BBB". Mulheres se amando e se acolhendo e, às vezes, discordando. Não é porque somos mulheres pretas que temos que concordar com tudo, mas a gente se acolhe. Isso para mim foi o mais importante na relação com a Sarah. Toda vez que eu tiver a oportunidade, vou falar da mulher incrível que ela é e o quanto que ela foi importante para mim nessa trajetória. 

Quais você considera seus melhores momentos no "BBB" e por quê?
Aline Wirley - 
As minhas provas de resistência e a liderança falam muito sobre mim. Eu tenho uma caminhada de um tempo, eu sou resistente e tenho que ser em muitos aspectos, não só fisicamente, que é o que as provas pedem, mas emocionalmente. Então, eu acho que essa resistência que me pressiona na vida para fazer as coisas acontecerem contou muito. Ganhar a prova de resistência diante de três homens fala muito sobre quem eu sou e sobre o modo como eu levo a vida tendo que resistir e tendo muito resiliência, sabe? Não é fácil estar nesse lugar e ser uma mulher preta, posicionada em um programa como esse e ao mesmo tempo querendo ser só quem eu sou. Eu acho que as provas de resistência me colocam em um lugar de "eu resisto".

Dançar “Ragatanga” se tornou um clássico das festas do "BBB". Foi diferente ouvir as músicas do Rouge no programa?
Aline Wirley - 
Foi diferente. A gente tem 21 anos de grupo e durante muito tempo a gente queria acessar esse lugar de conseguir estar em um espaço como a Globo, em horário nobre e cantar pra todo mundo. Então, tem um lugar muito diferente em vários aspectos. É diferente porque a gente comunica com quem já viveu aqui e com um público muito jovem que quer ouvir aquela história e que nunca soube. Ouvir não só a minha história, mas a história do Rouge é muito especial. Eu tive uma festa do líder onde eu puder cantar no karaokê e foi uma loucura. É a minha história. Eu chego até o "BBB" sendo a Aline do Rouge, então, isso para mim é muito importante.

A sua festa de líder fez uma grande homenagem a sua carreira. Como foi viver aquele momento e, ainda, ouvir a música que você gravou com o seu esposo no programa?
Aline Wirley - 
São muitas emoções. Eu queria muito que desse certo para eu ter uma festa do líder no "BBB". Como eu ganhei a última prova que tinha festa, eu fiquei achando que não fosse ter. E quando eu vi que ia ser a minha festa dos anos 2000, celebrando esse momento da minha vida, foi muito especial. Eu não esperava essa música com o Igor. A gente tinha gravado e deixamos guardada. Quando ela veio daquele jeito, foi em um lugar tão grande! Depois de tanto tempo confinada, a gente perde a referência do que é real e do que está acontecendo aqui fora, de como as pessoas te leem ali dentro da casa do que eu sou realmente. Então, foi muito especial receber aquilo e ouvir as pessoas cantando. Foi um dos momentos mais importantes para mim no "BBB".

A sua convivência com a Domitila foi conflituosa. Apesar de dizer que a admirava, vocês duas tiveram atritos. Como avalia o jogo dela?
Aline Wirley - 
Eu acho que votei na Domitila desde o primeiro paredão e, quando tive a liderança no final, eu a coloquei. Eu via no jogo dela que eu não era uma peça em potencial, e isso me incomodava porque ela não me via. Então, eu a chamava no jogo da discórdia. Eu a via acessando várias outras pessoas, embora ela não me acessasse, e isso me incomodava. Isso dentro do "BBB", dentro de uma dinâmica de jogo e de relação, faz muita diferença. Mas em algum momento a gente se conectou, é claro; nós temos vivências em que a gente se conecta muito. Nós tivemos vivencias e jornadas com muitas querências e coragem de abrir espaço, não só para nós, mas para todas que vêm a partir de nós. Então, a gente se conectava em vários lugares, mas em outros não. Eu a via se posicionando e achava que não fazia sentido pra mim. E dentro do jogo é quando você precisa de posicionar, tanto é que, desde os primeiros paredões, o que não fazia sentido para mim eu levava para o jogo e me posicionava.

A Larissa voltou pela repescagem com muitas informações externas. De que forma o retorno dela mexeu com o seu jogo?
Aline Wirley - 
A Larissa me deu a oportunidade de mudar muita coisa no meu jogo dentro do programa. Ela sai do programa e nós temos a oportunidade de ouvir coisas que ela traz. A Larissa teve poucos dias fora, então ela trouxe só o que cada uma de nós precisava. Cabia a nós ouvir tanto o que ela trazia, quanto o que o Fred (Nicácio) trazia, porque ele também voltou. Para a gente, era tentar ouvir, entender e reorganizar o jogo. Eu acredito que a volta da Larissa me dá oportunidade de me reorganizar no jogo e de abrir espaço para saber o que eu posso fazer de melhor, como posso me reposicionar da melhor maneira e fazer isso funcionar. Para mim, foi fundamental o momento em que ela volta e traz as informações. Além disso, a maneira como eu, ela, a Amanda e a Bruna nos unimos naquele afeto que a gente tinha para além de jogo. Já na reta final, a gente precisava contar com apoio, fortalecimento, olhar sincero, empatia. Acho que a gente conseguiu se olhar com amor nessa final e fez total diferença.


A volta da Larissa também uniu mais ainda o grupo do quarto Deserto contra o Fundo do Mar. Qual era a estratégia de vocês para eliminá-los?
Aline Wirley - 
A estratégia era fazer com que não fossem três de nós ao paredão. Como a gente estava em quatro e eles, em sete, a gente precisava dar um jeito de não irem três do nosso lado, senão, automaticamente, a gente perdia uma. Só que o jogo é tão dinâmico que isso pode acontecer, com um bate e volta, um poder coringa, uma votação reversa, por exemplo. O nosso foco era conseguir ter todos os poderes, de modo que a gente ficasse fortalecida e chegássemos à final.

Você recebeu apontamentos do Fred Nicácio e de outros brothers que a viam como “planta” e falavam sobre um comportamento de omissão. Por que acha que eles tiveram essa visão?
Aline Wirley - 
Eu acho que são muitas coisas. Durante o programa todo, a gente teve um elenco que se julgou e se apontou muito. Eu, na minha vida, não sou essa pessoa. Eu sempre vou parar, refletir, avaliar para tentar entender o lugar da outra pessoa. Isso pode ser entendido como um fator para virar uma planta. Mas é fato que, quando o Fred volta e me diz que eu sou vista como a maior planta do Brasil, isso me coloca em um lugar de pensar: "Meu Deus, o que eu estou fazendo?" ou "O que eu não estou fazendo que me coloca nesse lugar?". Mas quando eu me reavalio no jogo e pessoalmente, eu percebo que eu estou sendo quem eu sou. Eu só consigo entregar, dentro do jogo, quem eu sou. Nesse "BBB", muitas questões foram trazidas, tanto do jogo, quanto extra jogo. Questões raciais importantes: a gente tem metade do elenco preto esse ano. Que bom que chegou esse momento! Mas o que eu tenho em mim é: que horas que todos nós vamos poder simplesmente ser? Eu conversei sobre isso com a Sarinha. Que horas eu vou poder simplesmente poder jogar? Só ser a Aline? Porque eu sei que sou um corpo político, eu trago comigo pautas extremamente importantes para a sociedade, pautas que precisam ser faladas. A gente precisa falar, reforçar e argumentar. Mas em determinado momento eu só queria ser, assim como outras pessoas só são dentro do jogo e não precisam se preocupar com isso. Mas, para além de jogar, eu ainda preciso me posicionar como uma mulher preta. Então, isso me causou muitas inquietações dentro do jogo, me desestruturou, me causou confusão. E agora, pelo pouco que eu conversei com as pessoas que me amam, isso foi um questionamento muito grande aqui fora. E acho que temos que falar muito sobre isso. Eu tenho que me posicionar, mas todo mundo também tem. Esse é um movimento que tem que ser para todos nós, porque senão pesa para um lado só, que já está pesado demais. O que mais fica para mim é: eu só queria jogar, só ser, existir, falar. Tem muitas questões que ainda estou tentando entender e absorver, mas o que fica é isso.

Parte do público questionou alguns posicionamentos da Bruna que você defendeu durante o confinamento, como no episódio recente com o Cezar. Como você avalia essa questão?
Aline Wirley - 
É complicada, porque, como falei, ainda estou tentando entender tudo o que aconteceu. São várias ramificações de temas muito importantes que temos que olhar com muita seriedade e cada um no seu lugar. Quando eu me posicionei ali em relação ao (Cezar) Black, que era uma questão que eu já tinha me posicionado a partir de coisas que eu observava nele - e não só nele, mas no elenco como um todo, inclusive eu - foi sobre a gente ser um elenco machista. Quando eu me posiciono com o Black, e quando a Bruna também discute, as coisas se misturam. O Black tinha acabado de mudar de quarto e, no jogo da discórdia, ele se posiciona em relação ao que a Larissa tinha trazido. Foi só mais uma pauta, mais um gatilho. Se eu estava certa ou errada, eu não sei. Não tem como saber, mas eu fui movida pelo que estava acontecendo ali na hora e pelo que eu tinha. A gente não sabe o que acontece no entorno, são muitas câmeras. A Bruna e o Black são duas pessoas que, durante o programa, eu pontuei coisas que eu achei que deveriam ser olhadas pelos dois. Eu amo a Bruna e amo o Black. Vejo coisas incríveis na Bruna e vejo coisas incríveis no Black. Eu entendi que, provavelmente, fui muito julgada nesse lugar, mas foi o que eu vi naquele momento.

Faria algo diferente no "BBB" se tivesse a chance?
Aline Wirley - 
Não faria absolutamente nada de diferente. Eu sou a vice-campeã. Nós entramos em 22 pessoas; eu olhava e achava que ia dar tudo errado. Chegar nesse lugar com consciência e me reconhecendo em cada passo que eu dei, é muito valioso. Eu me fragilizei, eu pensei em desistir, eu tive medo, eu me questionei se estava fazendo a coisa certa. Eu deixei o meu filho do lado de fora, eu deixei 20 anos de muitas coisas construídas com muito suor para acreditar em um sonho. Então, se eu chego até aqui, é porque eu fui quem eu sou. Essa é a Aline. Quem viu diz que sou eu, então é um presente. Não me arrependo de nada.

O que mudou na Aline que entrou na casa para a Aline que deixou o reality ontem?
Aline Wirley - 
Tudo! Para além de um programa de entretenimento, o "BBB" é um programa que reflete a nossa sociedade, como a gente se vê, como a gente se olha. A gente tem a oportunidade de quem está fora se identificar com quem está dentro. Eu entrei com muitas dúvidas. Eu tenho uma história de mais de 20 anos que está sendo construída. Cada oportunidade para mim é muito importante. E não é porque eu tenho 21 anos de história que eu consegui o meu lugar ao sol. Não, eu estou todo dia na raça para conseguir fazer aquilo que eu amo. Eu entro uma Aline que acredita, que busca sonhos; e saio dizendo para as pessoas, principalmente para mulheres como eu, sonharem. Ousem sonhar. Esse lugar é imposto para gente dentro da sociedade, então, sonhar para mim é importante. A gente precisa de oportunidade e o "BBB" foi uma grande oportunidade como artista, financeiramente. Saio uma mulher muito mais empoderada, muito mais dona de mim e em paz com aquilo que eu sou. Porque também era um proposito me conectar com o público sendo aquilo que eu sou. Eu estou muito feliz e muito grata. 

Quais são seus planos daqui para frente? Pretende seguir na música e investir na carreira de atriz?
Aline Wirley - 
Eu não sei (risos). Eu sou cantora, comunicadora, apresentadora, atriz... Onde tem um espaço, onde eu consigo me organizar, vou e faço. Eu sou artista e é o que eu amo fazer. Depois de tantos anos, ter a oportunidade de me reposicionar no mercado, é muito incrível. Eu estou muito aberta a muitas coisas. Espero que venham coisas incríveis em que eu possa me desafiar e ser feliz primordialmente.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

.: Entrevista com Bruna Griphao: "Fui muito verdadeira, até demais"


Destemida e ousada, a atriz e cantora Bruna Griphao entrou no "Big Brother Brasil" para ser lembrada. Foto: Globo/João Cotta

Já conhecida pela carreira de atriz, Bruna Griphao topou entrar no "BBB 23" e se mostrar em sua totalidade. No confinamento, ela se comprometeu a ser 100% verdadeira e se jogar na experiência. Como resultado, colheu os bônus e ônus de aparecer sem máscaras diante de tantos brasileiros, e o terceiro lugar do reality show, que lhe garantiu o prêmio de R$ 50 mil. 

Foi a recordista de lideranças da edição, posto conquistado quatro vezes durante o programa, e uma das participantes com mais embates com os concorrentes. Deixou seu lado amoroso e seu jeito explosivo às claras. Defendeu aliados, foi presença cativa no “after dos crias”, além de ser a jogadora que ficou por mais tempo sem receber nenhum voto em formações de paredão. 

Olhando para trás, acredita que a história que escreveu dentro do "Big Brother Brasil" aconteceu como deveria. “O 'BBB' é muito além do que eu esperava. É um jogo de pessoas, sim, mas também é um jogo jogado. É muito doido quando você entende que os participantes são peças também. Tudo tem uma proporção maior do que a gente imagina. As pessoas vêm assistir as nossas trocas no jogo que são, também, as nossas trocas na vida. Além disso, eu não imaginava encontrar pessoas de quem gostasse tanto, tantas amizades e afetos”, descreve em retrospectiva. A seguir, Bruna também fala sobre o jogo em grupo, avalia os impactos da volta de sua maior aliada ao game em uma dinâmica de repescagem, comenta erros e revela que seu próximo lançamento na música já tem data marcada. 

Participar do "BBB" era como você imaginava?
Bruna Griphao - Não era nada do que eu imaginava! Demora a cair a ficha de que estamos sendo gravados. Só conseguimos perceber quando assistimos a algumas coisas de lá de dentro. Por exemplo, lembro que caiu a minha ficha quando eu assisti ao vídeo do Fred indo para o quarto branco, exibido na festa dele do líder. Ali eu fiquei: “Caramba, estamos realmente sendo filmados”. Porque a gente esquece, só vive a vida. Viver o "Big Brother Brasil" é muito diferente de assistir. Eu, pelo menos, quando assistia, não tinha noção das dinâmicas. Lá dentro você entende cada uma delas com perfeição, é o que você sabe viver, o que você sabe fazer, o que você espera. Ficamos imaginando: “Fulano vai ter um contragolpe, mas que pode ser do mais votado do líder ou da casa, etc”. É muito louco, eu não esperava que fosse ficar tão imersa nessa atmosfera. O "BBB" é muito além do que eu esperava. É um jogo de pessoas, sim, mas também é um jogo jogado. É muito doido quando você entende que os participantes são peças também. Tudo tem uma proporção maior do que a gente imagina. Quando vemos a dimensão de uma prova, a dimensão do jogo da discórdia, etc, falamos: “Tá rolando e é real”. As pessoas vêm assistir as nossas trocas no jogo que são, também, as nossas trocas na vida. Além disso, eu não imaginava encontrar pessoas de quem gostasse tanto, tantas amizades e afetos. Foi tudo muito além do que eu esperava em vários quesitos.
 

Como foi chegar à reta final do programa ao lado de três grandes amigas?
Bruna Griphao Foi muito legal! Nossa união lá dentro foi muito importante para a gente se fortalecer mesmo. A gente foi se enxergando uma na outra, vendo força uma na outra, e foi dando certo, fomos ficando. Foi muito emocionante. O que eu via nelas era o que elas viam em mim; a gente ia se impulsionando. Foi uma história linda a que vivi com elas. Já estou morrendo de saudade das “desérticas”, juro! (risos)
 

O que achou do resultado da final?
Bruna Griphao Eu já esperava! Depois que eu vi o VT da Amanda, eu pensei: “Hum, a Amanda vai ganhar”. Ali eu chutei Amanda em primeiro lugar, Aline em segundo e eu no terceiro. A Aline achava o inverso nas nossas posições, mas eu acertei. Agora a Amanda me deve um carro porque ela tem três. Fora os milhões que ela ganhou... Podia deixar um carro doado para a gente (risos). Foi muito legal!
 

Você foi a participante que passou mais tempo sem receber nenhum voto nesta temporada. A que se deveu esse fato, na sua visão?
Bruna Griphao Eu falei brincando no bate-papo da #RedeBBB que foi porque eu era lisa, mas na verdade não era uma estratégia de game, era porque eu ia me dando bem com as pessoas. Eu construí muitos afetos no Fundo do Mar e acho que, por isso, eu deixei de ser uma opção de voto para o grupo. Se esse "BBB" não estivesse dividido em dois grupos, acho que eu receberia voto muito antes. Como nos grupos os integrantes votavam juntos em uma mesma pessoa e eu tinha pessoas que gostavam muito de mim e preferiam não me votar, ninguém votava, até as que não gostavam, para não desperdiçar voto. Foi muito sobre esse lugar de ter construído relações muito verdadeiras e muito firmes.


Aconteceram diversos embates entre você e Domitila Barros durante o confinamento, assim como diversas reconciliações. O que te incomodava ou atrapalhava na Domitila?
Bruna Griphao Não era bem isso de atrapalhar. A nossa história começou a dar errado quando eu a vetei da primeira prova. Depois disso, começamos a trocar farpas. E ela ia muito para cima: acontecia uma coisinha, virava indireta, brincadeira. Na verdade, ela foi quem se fechou mais para mim, ficou chateada, e fomos construindo uma relação meio ruim a partir dali. Mas a gente aprendeu a se gostar. A Domitila me divertia muito! Acho que também tem muito a ver com a gente ter seguido caminhos diferentes no "BBB", quartos diferentes. Talvez se eu estivesse no mesmo quarto que ela, teríamos construído uma amizade maior, eu não teria vetado ela de prova e nada disso teria acontecido. Não tem como saber. Ela falou uma vez: “Eu poderia indicar a Bruna, mas a gente se ama” (risos). E é real. A gente se dava bem, o que era engraçado.
 

Você e Ricardo também tiveram desentendimentos durante o programa, no entanto quando ele deixou o quarto Deserto você classificou como uma atitude traíra. Como enxerga a parceria com ele no confinamento? Gostaria que ele continuasse sendo um aliado seu? 
Bruna Griphao O Facinho (Ricardo Camargo, o Alface) se tornou um irmão. Quando brigamos e ele saiu do quarto teve a mágoa pela amizade. Era uma pessoa de que eu gostava muito. Nós dois somos muito explosivos e fomos nos magoando. Lá dentro as coisas tomam uma outra proporção, mas a gente conseguiu conversar e zeramos tudo porque a gente é bobo, nosso coração é mole (risos). Eu amava muito ele, ainda amo, é meu irmão. Liso toda vida (risos)! Criamos uma amizade muito maneira, a gente ria muito, trocava muita ideia. É uma pessoa que eu vou levar para a minha vida, se tudo der certo. Quanto a seguir como aliado, sinto que a história da forma como foi construída foi muito perfeita, sabe? Eu não mudaria nada. Acho que foi interessante para o Facinho sair do grupo, e depois era nítido que ele amava a gente (risos). Ele não saía de perto da gente! A gente entrava no quarto Deserto e estava ele lá, deitado. E eu falava: “O que você está fazendo aqui? Você não é mais daqui” (risos). Ele queria voltar para o Deserto, no final das contas, tanto que ele falava sempre “nós é nós”. Mas acho que a história foi como ela tinha que ser. Essa movimentação dele foi importante para ele e para a gente também, para a gente se reorganizar, se reavaliar. Por incrível que pareça, ele era a pessoa com quem mais eu trocava ideia, mesmo depois de tudo isso. A gente ficava muito junto, conversava demais. E apesar de a gente começar a jogar separado, ele estava no meu Top 5. Foi tudo como tinha que ser. 

O Cezar também foi seu alvo no jogo e, depois que ele decidiu ir para quarto Deserto, a relação de vocês se estremeceu ainda mais. Essa mudança chegou a atrapalhar alguma movimentação do seu grupo ou era um incômodo apenas de convivência? 
Bruna Griphao Quando o Cezar foi para o nosso quarto a gente tinha acabado de brigar. Mas, eu olhei para ele e disse: “Pode ficar com a minha cama”. A gente o abraçou. Com ele, foi uma questão de quebra de expectativa. Ele falou que preferia estar ali do que com pessoas que eram falsas com ele. No dia seguinte, quando ele teve que dar o monstro que levava ao paredão, ele indicou duas pessoas do nosso quarto. Eu fiquei bolada, mas entendendo. Só que ele é muito cabeça dura. Chegou no quarto falando que estava ali para incomodar mesmo. Aí, de novo, era briga. Depois chegamos a conversar, nos desculpamos. A Larissa até disse que isso de eu sempre querer resolver as coisas estava sendo criticado aqui fora. Mas era real, eu não conseguia fazer diferente. Quando o Cezar saiu, fiquei com uma sensação muito ruim. Ontem, quando o reencontrei na final, pedi desculpas. O Black é uma pessoa muito boa e tenho muito carinho por ele. Infelizmente as questões do jogo foram falando mais alto, acabei passando do ponto, mas é isso, acontece.

Além deles, Key Alves, Fred Nicácio e Cristian também apareceram como desafetos seus em diferentes momentos do "BBB". Quem você via como maior rival no reality?
Bruna Griphao Não sei se eu via alguém como rival. Eu tive embates, questões no game com essas pessoas. Mas rivalidade acho que não.

Jogar em grupo foi bom ou ruim para o seu game, na sua visão?
Bruna Griphao Eu queria fazer diferente, e acho que todo mundo também teve essa sensação. A gente até tentou desfazer o grupo, mas não dava porque o outro lado jogava em grupo. Virou uma questão de sobrevivência e para proteger as pessoas que a gente gostava. Ninguém ia desfazer, todo mundo já tinha entendido que ia ser assim. Do contrário, não iria funcionar. No meu caso, no Deserto, eu tinha pessoas que gostava muito. A gente sempre se afinou muito e só discordou lá na frente, quando eles queriam colocar a Marvvila no paredão. Não era difícil jogar com eles, a minha opinião geralmente era a mesma da maioria do quarto. Se algo muito doido acontecesse e não pudesse mais combinar voto, tudo bem. Mas, na dinâmica em que a gente estava, era o que dava para fazer.

Antes de entrar no programa, você tinha dito que o público conheceria uma outra Bruna que não via pelas suas redes sociais. Que Bruna você acredita que foi no "BBB 23"?
Bruna Griphao Louca, completamente caótica (risos). Meu Deus! Mas, é isso: fui muito verdadeira, até demais.
 

O seu temperamento explosivo ficou bastante evidente na casa. Acha que essa característica impactou no seu desempenho? Teria se segurado mais ou feito algo diferente nesse aspecto?
Bruna Griphao Com certeza impactou. O fato de eu ter sido muito verdadeira, 100% eu, e ter me jogado tanto, tem o lado positivo e o negativo porque você mostra o seu melhor e o seu pior. Era um pior que eu não via mais há muito tempo em mim, só que no confinamento do "BBB" as coisas tomam outra proporção, é tudo muito intenso, maior. Os gatilhos vêm, coisas de que você achava que estava curada vê que não está, e acaba caindo nos mesmos padrões, no mesmo ciclo. Com certeza se eu pudesse voltar atrás teria respirado mais, teria pensado: “Calma, não é isso que você veio fazer, pelo amor de Deus; para”. Mas, na hora, só não dava e eu era explosiva. Na mesma hora eu me arrependia, não era uma coisa que me orgulhava. Eu sabia que era um defeito meu, que eu achava que estava adormecido, mas vi que nem tanto.

Você viveu um relacionamento breve no "BBB" e, depois, preferiu não se envolver com mais ninguém, mesmo tendo recebido declarações. Acha que foi a melhor decisão?
Bruna Griphao Acho que sim. Menos problemas! (risos).
 

Você tinha dito que não gostaria que ninguém voltasse ao game, nem se fosse um aliado seu. Sendo a Larissa, o que mudou na sua perspectiva? 
Bruna Griphao Foi muito especial a Larissa voltar, muito importante. E já que alguém teria que voltar, que voltasse a Larissa, né? (risos). Mas foi muito, muito, muito legal quando ela voltou. Estávamos muito abaladas com as sequências de eliminações de pessoas do nosso quarto e o retorno dela foi uma força, um impulsionamento. Quando ela voltou, eu consegui respirar, olhar e falar: “Bora, vamos que vamos, estamos juntas”. Minha maior aliada, melhor amiga no jogo e a pessoa mais importante para mim na casa voltou. Então, querendo ou não, foi muito bom tê-la de volta.
 

Com a volta da Larissa ao jogo, você, Aline e Amanda se uniram ainda mais no "BBB". Que diferenças você vê na estratégia que planejavam seguir antes e depois do retorno dela?
Bruna Griphao Eu, pelo menos, estava com dificuldade de separar meus afetos do game. Porque, de fato, eu tinha muito afeto pelas pessoas do outro quarto. Só que eu não entendia que não dava para ter afeto por todo mundo também, era preciso fazer o jogo rolar. Tentei muito tempo preservar quem eu gostava e votar apenas nas pessoas com quem eu tive algum atrito, alguma rusga. Só que em determinado momento do jogo não dá mais para priorizar muito isso. Quando a Lari voltou, ela trouxe muito isso do “afeto é afeto, game é game”. Essa volta da Larissa, somada a minha indicação pela Sarah Aline ao paredão, foi uma virada de chave. Larissa trouxe para a gente muita sede de jogo.


Seu single “Bandida” não só foi lançado durante o "BBB" como atingiu mais de um milhão de streams enquanto você estava no reality. O que isso representa para você?
Bruna Griphao Eu nem sabia se isso era muito, mas cheguei aqui fora e me falaram que era (risos). Foi muito importante. Quando a música tocou pela primeira vez no "BBB" eu nem acreditei. Lá parece que você está vivendo um metaverso, e quando vem alguma coisa de fora, ainda mais sendo uma coisa tão pessoal e importante, é muito legal. Gostei muito de ouvir, de ver as pessoas de dentro da casa mesmo gostando, cantando, se divertindo, enquanto aqui fora isso estava acontecendo. Foi muito especial, muito maravilhoso.
 

Quais são seus próximos planos para na música e para a carreira como atriz? Há outros lançamentos planejados para os próximos meses?
Bruna Griphao Espero e quero trabalhar muito, agora, com as duas coisas. Estou com saudade de atuar, estou com saudade do começo dessa carreira de cantora, que ainda nem começou (risos). Quero voltar, me dedicar, estudar, fazer tudo certinho. Fazer arte, que para mim era o que eu mais estava sentindo falta de fazer no "BBB". Arte, para mim, sempre foi terapia, cura. E já posso adiantar: meu próximo lançamento na música é no dia 3 de maio!

segunda-feira, 24 de abril de 2023

.: Larissa Santos, a craque que mudou o rumo do "BBB 23" duas vezes


Larissa Santos aproveitou a segunda chance no confinamento para mudar os rumos do reality show. Foto: Globo/João Cotta


Foram poucos os participantes que tiveram a chance que Larissa Santos teve: ser eliminada do "Big Brother Brasil" e retornar, dias depois, com informações privilegiadas, tendo tido a oportunidade de rever a família e de respirar o ar do mundo exterior ao confinamento. Contudo, para a professora de Educação Física, a repescagem traz dois lados da moeda: “Estar em uma repescagem cria muita expectativa para as pessoas aqui fora, mas tem suas vantagens e desvantagens. As pessoas acharam que não era justo ou que eu teria mais vantagem que as outras lá dentro. Isso dificultou, na verdade. Dessa vez, eu joguei, me joguei e uni forças com as meninas”

Eliminada com 49,98% dos votos neste domingo, dia 23, Larissa Santos enfrentou na berlinda duas grandes amigas e aliadas no jogo. Com a vitória do paredão, Aline Wirley e Bruna Griphao se juntaram a Amanda e se tornaram as finalistas do ‘BBB 23’. Na entrevista a seguir, Larissa conta o que mudou de sua primeira passagem ao BBB para o segundo período de sua estadia na casa mais vigiada do Brasil. A ex-sister também revela para quem fica sua torcida e conta o que aprendeu com a experiência que afirma ter sido “a virada de chave” da sua vida.


Você teve uma segunda chance de ganhar o "BBB 23". O que acha que faltou desta vez para ser a campeã? 
Larissa Santos -
Eu acho que faltou eu não ter saído do programa na primeira vez. Estar em uma repescagem cria muita expectativa para as pessoas aqui fora, mas tem suas vantagens e desvantagens. As pessoas acharam que não era justo ou que eu teria mais vantagem que as outras lá dentro. Isso dificultou, na verdade. Dessa vez, eu joguei, me joguei e uni forças com as meninas. Acho que o que pegou muito foi essa "vantagem" que as pessoas acabam vendo somente; não veem a desvantagem, que também existe. São dois lados da moeda.
 

Que mudanças enxerga no seu jogo antes da primeira eliminação para esse novo período?
Larissa Santos - 
Dessa vez, eu estava mais focada no jogo em si. No começo, eu era muito focada e, depois, por um desgaste dos dias, a gente acaba só querendo sobreviver. E nesse período, eu fui muito focada em jogar, unir força com as meninas para a gente dar o nosso sangue e chegar à final.
 

Que estratégia você imaginou colocar em prática quando voltasse ao game?
Larissa Santos - 
Eu não pensei em estratégia nenhuma nem agi com estratégia. Na verdade, eu fui de coração aberto para falar tudo, porque eu queria que ficasse de igual para igual com todo mundo a chance de ganhar o prêmio. Mesmo sabendo que existia o fato de eu já ter visto a minha família e outras coisas que eles não tiveram. Não existiu estratégia, o que eu fiz foi contar tudo para tentar me igualar a todo mundo e ter a oportunidade de chegar à final da mesma forma que as outras pessoas que não tinham saído do programa.


Você disse que revelou aos participantes todas as informações que tinha recebido no tempo em que esteve fora do "BBB". Acredita que o saldo dessa decisão foi positivo ou negativo?
Larissa Santos - 
Para mim, Larissa, foi positivo. Se eu não fizesse isso, não seria eu. Eu não iria conseguir montar uma estratégia de falar coisas em momentos específicos e deixar para falar outras em momentos oportunos. Eu acho que eu fui eu, falei tudo mesmo; queria muito ter a oportunidade de ganhar o prêmio. Foi uma decisão que não poderia ser diferente.
 

Seu retorno acabou unindo as sisters do quarto Deserto e dando forças para uma articulação maior de jogo. A que atribui a virada que conseguiram fazer no game ao eliminar uma sequência de integrantes do Fundo do Mar?
Larissa Santos - 
Eu acho que a união de nós, mulheres, mesmo estando em minoria. Nós quatro tínhamos uma conexão que vai muito além de jogo. Aline, Amanda e Bruna são pessoas com quem eu tive uma conexão desde que entrei na casa. Então, acho que foi a gente se entender e se gostar do jeito que a gente é, cada uma com seus defeitos e suas qualidades. Essa nossa união e a vontade de chegarmos juntas no final foi o que acabou acontecendo. Nossa união como amigas acima de tudo.

Logo que voltou para a casa, você apontou para a Domitila falas dela que considerou desrespeitosas. O que mudou na relação de vocês duas nesse segundo período?
Larissa Santos - 
Minha relação com a Domitila, no início do programa, foi muito boa, a gente teve várias trocas. Mudou quando eu acabei votando nela. A partir disso, a gente já não se dava tão bem. Mas a gente sempre teve uma troca desde o começo do programa, a gente sabia da história bonita que cada uma tinha, a gente se respeitava. Eu só falei o que me magoou mesmo, a gente se resolveu, ela me pediu perdão e ficou tudo bem. Antes de sair, ela já me deu um presente. Quando a gente foi para o Fundo do Mar, já estávamos super de boa uma com a outra. Foi mais por algo que me magoou e que tinha sido muito recente, desde a minha saída até a minha volta.
 

Você também teve uma briga com o Cezar. Para além da convivência, acha que ele teve impacto no seu jogo?
Larissa Santos - 
Eu acho que foi uma coisa de momento. Primeiro ele brigou com as meninas, e eu falei: "Meninas, calma!". Aí, do nada, fui eu que briguei com ele, depois a Bruna, Aline e Amanda... Mas eu acho que foi muito o calor do momento, tanto é que depois da saída dele nós já estávamos lá chorando, nos culpando e pedindo perdão. Eu vejo como uma coisa do jogo. Ele é uma pessoa muito boa de coração, sensível. Na saída dele, nós já tínhamos ficado de bem um com o outro.
 

O Fred Nicácio foi um afeto novo que você construiu na Casa do Reencontro. No "BBB", no entanto, vocês seguiram jogando em lados opostos. Como observa essa relação com ele nesse novo momento?
Larissa Santos - 
O Fred sempre foi uma pessoa que eu admirei muito, porque você conversa 20 minutos com ele aprende muito; ele tem muito conhecimento, é muito inteligente. Então, eu sempre gostei dele, de conversar com ele. Só que a gente jogava em grupos diferentes e, até então, a gente não tinha conexão nenhuma, eram poucas as trocas. No reencontro, a gente teve esse momento de poder conhecer um pouco mais um do outro, e foi muito legal. Mas quando nós voltamos para o jogo, volta a divisão de quartos, voltam as prioridades diferentes...Mas eu pude conhecer o Fred e a gente comentou que, fora do jogo, o que a gente puder conversar e ter de troca vamos ter, porque foi muito legal. 


Depois de viver uma nova perspectiva de dentro do "BBB", que participante acha que é a mais forte candidata a levar o prêmio?
Larissa Santos - 
Eu acho que a Amandinha vai levar o prêmio. Eu fiz a seletiva com ela e só tinha a visto daquela vez; quando eu cheguei em casa, eu falei para a minha família: "Se tem uma pessoa que pode tirar a minha vaga é uma médica loira". Eu já via um potencial gigante nela, pela personalidade, por ser uma menina muito coração. Ela tem algo único. Eu acredito que as pessoas aqui fora viram isso e acho que é ela quem leva.
 

Quem tem sua torcida na final?
Larissa Santos - 
A minha torcida, de coração, é para a Bruna. Eu ainda estou tentando entender algumas coisas aqui de fora em relação às nossas equipes, que tiveram um desentendimento, mas entendo os posicionamentos. A gente joga lá dentro e eles jogam aqui fora. Não tem como eu trair o meu coração e dizer, do dia para a noite, que não torço por ela, porque eu torço. Eu sou muito fiel aos meus laços e eu entrei com a Bruna, então eu torço para ela ganhar, sim.
 

Que balanço faz da sua participação no "BBB", considerando as duas passagens pelo programa?
Larissa Santos - 
Na primeira passagem, eu entrei muito focada, tive meus momentos de destaque no programa. Eu sou uma pessoa que falo as coisas mesmo, não tenho medo e vou atrás. Acertei e errei; acabei saindo do programa por causa disso. Mas eu vejo que, nesse primeiro momento, eu falei tudo o que eu tinha que falar, me posicionei no jogo, tive coragem e vivi tudo muito intensamente. Acaba que chega um momento, no meio do jogo, em que você só quer sobreviver, você já está saturada. Devido ao confinamento, eu já estava desanimadinha. E quando eu volto, eu volto mais forte, mais focada em unir as meninas e fazer com que três desérticas fossem as finalistas do "Big Brother". A minha segunda participação foi para unir as mulheres do quarto e agora é nosso.

Que aprendizados leva desta experiência?
Larissa Santos - 
O "Big Brother", para mim, é amadurecer dez anos de vida, porque você aprende a lidar com tantas coisas, com tantas pessoas diferentes. Você aprende a se conhecer, a reconhecer os seus erros. Na vida, às vezes, a gente demora a fazer isso e lá você reconhece na marra porque tem pessoas te apontando. Você reconhece também as suas qualidades, o que quer continuar sendo. Então, é uma maturidade muito grande. Para mim, vai ser uma evolução como pessoa. Como Larissa, eu acho que aprendi muito e saí uma pessoa melhor, mais paciente e compreensiva com as outras, que sabe escutar mais (eu era muito afobada). A gente aprende a ser paciente na marra lá. Enfim, foi uma experiência única e eu tenho certeza de que foi a virada de chave da minha vida.

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