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sexta-feira, 5 de abril de 2024

.: Entrevista: Zé Geraldo, o menestrel folk da MPB

Zé Geraldo. Foto: Paulo Higa/Divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Mineiro da Zona da Mata e radicado em São Paulo há vários anos, Zé Geraldo construiu uma carreira que sempre se manteve bem próxima do público.  Mesmo longe da grande mídia, seus shows sempre foram procurados tanto pelos admiradores de seu trabalho como pelos que curtem uma música com mensagens reflexivas e interessantes. Com forte influência da música folk representada principalmente por Bob Dylan, ele conseguiu produzir um repertório que se tornou atemporal, cada vez mais atual. Ele se apresentará com sua banda neste sábado (6) a partir das 20h30 no Sesc Belenzinho, da Capital Paulista. Em entrevista para o Resenhando, Zé Geraldo conta detalhes de sua carreira e como desenvolve sua produção musical. “Minha música é feita com liberdade total”.


Resenhando - Seu estilo de compor é frequentemente associado ao rock rural, mas percebe-se outras influências em seus trabalhos. Quais foram suas referências na música?

Zé Geraldo – A minha primeira influência veio da música caipira tradicional, bem simples em termos de harmonia. Quando cheguei em São Paulo, percebi que essa música tinha algumas semelhanças com o rock. Então, quando comecei a compor e cantar, o saudoso Zé Rodrix falava que eu fazia rock rural. Já o Renato Teixeira dizia que minha música era folk. Aí então assumi essas características da influência do rock dos anos 60 e 70 e do blues, mesclando com a música caipira e, claro, tendo Bob Dylan como referência também.


Resenhando - Seus três primeiros discos contém canções que se tornaram clássicos (Como Diria Dylan, Milho Aos Pombos, etc.) de seu repertório. Essa produção autoral surgiu a cada disco mesmo ou você já tinha esse material produzido antes de grava-lo?

Zé Geraldo – Quando eu lancei meus três primeiros discos pela CBS, eu tinha uma quantidade boa de músicas. Daria até para gravar mais dois discos naquela época. Uma ou outra foi composta naquele momento, mas a maioria eu já tinha realmente pronta na minha sacola de versos.


Resenhando - A indústria da música vem mudando nos últimos anos. Como você analisa o quadro atual para o músico?

Zé Geraldo – Depois dos discos na CBS e dos dois da gravadora Copacabana, em me tornei um artista independente, apesar de ter discos distribuídos pela Gravadora Eldorado, por exemplo. A partir do momento que eu descobri que eu tinha uma legião de admiradores, isso salvou a minha carreira. Eu estava pensando seriamente em parar, depois que as gravadoras passaram a investir para tocar seus lançamentos. Nessa época eu fui deixado de lado. Então, quando percebi que tinha admiradores, virei as costas para o mercado e cai na estrada para levar minha música para o público.


Resenhando - Como funciona o seu processo criativo? O que vem primeiro, melodia ou letra? Ou vem os dois simultaneamente?

Zé Geraldo – Eu não tenho um modelo definido. Às Vezes vem um pedaço de letra que cantarolo ao violão. Na maioria das vezes eu escrevo a letra primeiro. Mas já tive momentos em que a melodia veio antes da letra. Na verdade, não tenho um esquema definido. Minha produção é com liberdade total.


Resenhando - Você também participou de festivais nos anos 70. Ainda há espaço para novos festivais na atualidade?

Zé Geraldo – Sim. Eu acredito que há espaço. Lembro dos festivais das emissoras de TV que foram importantes em suas épocas. Eu sempre aconselho os músicos iniciantes a tocar nos festivais, que ainda são um veículo eficaz de divulgação. Eu sempre procuro tocar em festivais, porque gosto muito daquele ambiente que se cria nesses eventos.


Resenhando - Em um de seus trabalhos tem parceria com o Zeca Baleiro. Fale sobre essa parceria e cite outros parceiros também

Zé Geraldo – O Zeca Baleiro era meu vizinho na Vila Madalena. Minha filha uma vez me disse que eu tinha que conhecer um músico, que veio do Maranhão. Um belo dia ele convidou minha filha para almoçar em casa e disse para me levar junto. Daí nasceu nossa primeira parceria. E já tem uma segunda pronta que lançarei em breve. Ele é um grande amigo e um talento raro na música. Mas tive outros parceiros, como o Mario Marcos, irmão do saudoso Antonio Marcos, o Antonio Porto, músico do Mato Grosso do Sul. Não são muitos parceiros, mas todos eles são muito especiais.


Milho aos Pombos


Como Diria Dylan


Cidadão



.: BBB 24: entrevista com MC Bin Laden, eliminado rotulado de fofoqueiro

O objetivo de MC Bin Laden ao topar o desafio de viver a experiência do 'Big Brother Brasil' era ser reconhecido tanto por sua trajetória como por seu trabalho. Hoje, após sua eliminação, acredita que a meta foi alcançada: o funkeiro chegou ao top 8 da edição, viu hits que marcaram sua carreira tocarem na casa e voltarem a ser reproduzidos fora dela, e também não fugiu do jogo. Ao longo dos mais de 80 dias em que esteve na disputa, antes de ser eliminado com 80,34% dos votos no paredão em que enfrentou Davi, Bin articulou estratégias, colheu e disseminou informações que julgou valiosas e optou por jogar solo, depois de entrar, sair e voltar a fazer parte do grupo Gnomos ao longo do confinamento. Ele afirma não se arrepender das mudanças de rota, mas sim de ter se precipitado em alguns posicionamentos. E elege o que, em sua opinião, faltou para chegar à final: "Faltou muito discernimento para muita coisa. O jogo pede muito isso. Acho que faltou eu estar perto de uma pessoa que me passasse um pouco essa visão, me ajudasse nesses momentos".

A seguir, Bin ainda fala sobre seu relacionamento com Giovanna, a opção por jogar sozinho em alguns momentos, se diverte contando a pior e a melhor fofoca que fez enquanto esteve no BBB e surpreende citando integrantes de diferentes grupos ao apontar seu time ideal de aliados.

 

Como era a sua relação com o BBB antes desta experiência? Como participante, o que mais te surpreendeu? 

Eu acompanhei as primeiras edições, assisti também durante a pandemia e no ano passado, porque eu gostava do Fred e também para ver o MC Guimê. Achei a xepa muito tranquila, não é esse monstro que todo mundo acha. Agora, o monstro é muito complicado, as roupas são quentes (risos). Tinham 26 pessoas na casa. Tem alguém para dar o monstro? Era eu! Já as festas foram sensacionais! A gente também acha que vai chegar ao BBB e vai treinar. Só que lá não temos noção de horário, não temos noção de nada. Esquecemos muita coisa, música, até o número do próprio RG! Isso me pegou. Nunca me senti tão ansioso na minha vida, a não ser quando vi o Santos ir para uma final ou o Brasil jogar uma Copa do Mundo.

 

Do que mais sentiu falta no confinamento? 

De um "à parmegiana"! Eu como direto (risos). Brincadeiras à parte, senti falta de coisas da minha alimentação que eu não tinha lá dentro.

 

Quais foram os momentos mais marcantes da sua trajetória no programa? 

Eu achei engraçado, na minha treta com o Davi, quando a Leidy ficou ali no meio de todo mundo e dos dummies de calcinha e sutiã. Foi uma situação bem inusitada naquele momento (risos). A minha liderança foi muito legal! Também encontrei uma amizade fantástica no Luigi e no Vinicius; foram meus parceiros de começo de jogo. E algo que foi legal vivenciar dentro do BBB foi saber que minha música estava tocando e alguém aqui fora que gostasse de mim podia estar curtindo. Foi surreal, fantástico! São experiências para quem sonha em sair da comunidade: vencer na vida, dar uma melhora para a família e ver sua música chegar no maior reality show do mundo, na maior emissora do país. É uma satisfação enorme! 

 

Você também lançou músicas enquanto estava no reality. Como foi ouvi-las pela primeira vez na casa e ainda ver os brothers cantando seus sucessos? 

A sensação é muito surreal porque esse ano completo dez anos de carreira no funk, na música. Saber que a "Bololo haha" começou a tocar de novo, e até que a Beatriz tinha pedido para ser uma música a tocar lá dentro, foi fantástico! São trabalhos que eu vinha trazendo de volta depois de um período muito difícil por que passei. Ver a galera curtindo, brincando, dando risada, tirando a camiseta e vindo dançar foram momentos memoráveis, que me alegraram demais!

 

Você levou fama de fofoqueiro na casa. Qual foi a melhor e a pior fofoca que fez no programa, na sua avaliação? 

Acho que a pior foi sobre a fala do Davi com relação aos camarotes, que eu percebi que entendi errado. A melhor é difícil dizer porque o povo é fofoqueiro pra caramba lá dentro (risos). Mas acho que foi quando vi o Michel falando umas mentiras e umas paradas com que eu não estava concordando. Acabei soltando para o Buda [Lucas Henrique] porque eu achava que ele ia indicar o Michel para o paredão, e acabou somando.

 

Seu relacionamento com a Giovanna acabou antes da sua saída. Por que tomou a decisão de encerrar a relação e, depois, mencionou o desejo de voltar com ela? 

Lá dentro são muitas as emoções que a gente vive. Eu tinha curtido a Gi, ela é uma pessoa fenomenal, fantástica, uma mulher incrível. A gente ficou, se relacionou, só que o jogo é uma parada muito complicada. Eu entendo que eu não era a prioridade dela em algumas situações e ficava com medo de ela sofrer hate por um dia, talvez, a gente trocar votos, porque eu tinha noção que isso poderia acontecer. Era uma forma de ter uma responsabilidade com o jogo. Se fosse para acontecer, aconteceria aqui fora. Só que a gente também mora longe, tem muitas situações que impedem um pouco. Conheci mais a Giovanna quando a gente virou amigo do que ficando com ela. Na época em que a gente ficava, ela tinha mais gente para dividir a atenção no jogo, e eu super entendo. E, mais recentemente, foi aquele momento de carência, né? A gente quer reviver o beijo... Foi muita conexão. Mas ela é uma pessoa fantástica, eu quero muito ter a amizade dela e acho que isso aí é o que vale; acredito que a amizade vai prevalecer por mais longos anos. O pessoal está perguntando bastante por esse futuro, mas a gente já tinha conversado bastante lá dentro que iria optar pela amizade, até porque foi assim que a gente se conectou mais.

 

Você optou por fazer um jogo solo durante parte do confinamento. Essa decisão foi consequência da briga com o grupo que dormia no quarto Gnomos ou foi uma escolha sua que aconteceu antes dela? 

Foi uma escolha minha porque eu não concordava com algumas opiniões do quarto. Só que, depois, eu tive que recuar para poder somar votos. Também tive, em alguns momentos, que ficar mais como uma planta, porque a casa começou a ficar dividida e eu tive que mudar meu critério de jogo. São decisões que você tem que tomar a cada dia, e às vezes, em um único dia, essa decisão muda quatro, cinco, seis vezes. É pesado, chega uma hora em que você cansa mentalmente. Para uns, esse momento demora, para outros é mais cedo. Essa opção de jogar solo foi porque, se eu errasse, ninguém seria responsável por isso. E vice-versa.

 

Houve um paredão em que você não votou junto a nenhum dos dois grupos [Gnomos e Fadas] e a Fernanda acabou na berlinda. Essa sua atitude foi vista como traição por ela. Você se arrepende de ter feito essa escolha? Acredita ter sido essa a situação que abalou sua relação com o grupo? 

Eu acho que não. Lá atrás eles falavam que a gente não era um grupo, só somava votos. E eu sentia que eles não defendiam a gente. O Luigi e o Vini foram para o paredão por isso. Eu achava que as meninas não iam me proteger também, não estavam muito na de fechar comigo. E eu bati muito na tecla de que se o Marcus Vinicius fosse ao paredão, ia me puxar, ao Rodriguinho... Então ali foi um movimento meu de jogo, não foi traição porque o que entendi naquele momento foi que se a Fernanda pudesse mandar qualquer pessoa ao paredão que não fosse ela, ela faria isso. Naquela época eu não conhecia tanto a Fê. A gente brincava, conversava, resenhava, mas não tinha a proximidade que criamos bem depois desse ocorrido. Até fiquei chateado porque eu acabei votando nela e fiquei sabendo que ela não iria votar e mim. Pensei: "Fiz besteira duas vezes mais". Recuei, pedi desculpas para ela e vida que segue. Depois eu vou pagar um Japa [comida japonesa] para ela para ver se ela me desculpa (risos).

 

Sua rivalidade com o Davi quase teve uma grave consequência. O que te incomodava nele? E o que provocou essa situação extrema, na sua opinião? 

O Davi não me incomodava em nada. Eu não tinha esse incômodo de ele ficar cantando, nem coisas do tipo, porque no dia a dia a gente se respeitava muito. Teve momentos em que eu até fazia coisas para dar uma fortalecida para o Davi na casa, questão de lavar roupa, etc. Só que eu tive um embate com o Davi em uma festa, em uma situação em que os dois já estavam cheios de álcool, e rolou uma discussão meio boba, meio sem noção. Hoje eu paro para ver e falo: "Fui moleque, que coisa idiota". Já essa briga recente foi uma situação pós-sincerão em que a gente já fica muito tenso, não quer conversar com ninguém, fica à flor da pele, está com a mente cansada. Não queria falar naquela hora com o Matteus, também veio um monte de gente falando ao mesmo tempo, e acabamos saindo do eixo. Mas o momento em que me senti mais leve no jogo foi o que eu pedi desculpas para o Davi e para o Matteus, porque eu sinto vergonha daquela briga. Não vejo o Davi nessa caixa de monstro e manipulador que colocam ele. Eu faria a mesma coisa que ele se também tivesse que julgar outra pessoa: "É movimento de jogo, essa pessoa não joga com você". O que eu via nele era isso: uma visão de jogo em que ele só queria alertar a pessoa; não o vejo como manipulador, nesse caso.

 

Como mencionou, você já havia entrado em um embate caloroso com o Davi na confusão marcada pelo termo “calabreso”, que ganhou ampla repercussão fora da casa. Você falou ainda lá dentro que sabia que a palavra se referia a um meme do humorista Toninho Tornado. Por que o acusou de usá-lo de forma pejorativa com o Lucas e preferiu não explicar o termo aos demais? 

Eu pontuei para o Lucas: "Talvez eu tenha me precipitado e não seja nada relacionado à gordofobia". Em outros momentos, me parecia que o Davi estava fazendo uma ofensa, xingando. Lembro que eu tinha ouvido essa expressão do Toninho, até eu mesmo tinha brincado com isso, só que lá dentro a gente se esquece de tudo. Eu tinha esquecido de uma música que eu achei que era uma homenagem para mim e nem lembrava que eu tinha a voz gravada nela. E não tinha nem um mês que eu estava lá dentro! São muitas coisas que batem e você acaba esquecendo, não raciocinando direito. Eu tive muitas atitudes precipitadas, que no calor do momento não pensei e não pisei o pé no freio. E isso daí passou. Hoje eu vou comer um X-calabresa, um à parmegiana e dando risada. E vambora (risos)...

 

Se pudesse escolher um grupo de aliados ideal, pensando em todos os participantes da temporada, que grupo você montaria?  

Algumas vezes eu falei que eu e o Davi tínhamos o mesmo perfil. Se a gente jogasse junto ia dar um trabalho. Eu também jogaria com o Vinicius. Com o Matteus, de quem gosto muito e é um moleque sensacional, em provas nem se fala. Acho que o Marcus também; eu o curtia e ele entendia muito do BBB. E gostava muito da Anny [Deniziane]. Então, acho que eu formaria uma combinação com essa galera e até com a Pitel, porque acho ela bem inteligente. Acho que algumas dessas pessoas saíram um pouco cedo. Mas, vendo assim, para continuar a minha história dentro do 'Big Brother Brasil', se eu tivesse pessoas que me ajudassem a pisar no freio e rever algumas situações, não passassem a mão na minha cabeça para os meus erros, eu poderia ter me saído melhor no jogo. Eu jogaria com algumas pessoas assim.

 

Que ferramentas te faltaram para que você conseguisse desempenhar seu jogo de forma a chegar à final do BBB? 

Faltou muito discernimento para muita coisa. O jogo pede muito isso. Eu acho, por exemplo, que a Cunhã [Isabelle] é uma peça fundamental para o jogo do Davi. Ela não passa a mão na cabeça dele, mas conversa muito com ele. Acho ela uma pessoa muito sincera e muito verdadeira. Via muitas vezes a Fernanda e a Pitel também terem essa troca, uma corrigindo um pouco a outra. Acho que faltou eu estar perto de uma pessoa que me passasse um pouco essa visão, me ajudasse nesses momentos.

 

O que você acha que levou à eliminação de quase todo o quarto Gnomos? 

Acho que o posicionamento no jogo foi bem errado. A galera deixar declarada uma treta, uma guerra, somar maioria de votos. A Pitel é uma mina "da hora", a Fernanda também. Só que muita gente ali demorou um pouco para se movimentar na casa e mostrar quem era, ou recuou demais. Faltou um pouco de sensibilidade para o jogo e também para trocar ideia com o Fadas. O pessoal ali não é um monstro, igual todo mundo estava rotulando. Gosto da Alane, tenho muito respeito pela Bia. Se o pessoal interagisse mais, acho que ajudaria.

 

Quem tem a sua torcida hoje? 

A Giovanna e o Buda, que eram pessoas de quem eu era próximo. Aqui fora eu sei como está o cenário do jogo, quem são os favoritos. E não vou mentir que gosto muito da Alane, acho uma menina fantástica. Então vou deixar essa torcida também por ela, independentemente de a gente ter se afastado no jogo. Meu top 3 seria esse. Giovanna top 1. O Buda top 2, pegar um pódio, porque o que ele vai enfrentar aqui fora não vai ser fácil, a situação vai estar meio complicada e o Vasco também não está ajudando (risos). E a Alane no top 3.

 

Que lugares você vislumbra alcançar na sua carreira neste pós-BBB? 

Primeiro eu quero planejar meu novo álbum, que não sei se vou lançar como um último EP como MC Bin Laden ou com um nome novo, vamos decidir agora. Mas tenho alguns feats internacionais que estavam sendo preparados e conversados, preciso resgatar isso. E dar continuidade na minha carreira, fazer bastante feat, bastante música. Eu estou muito feliz por uma galera agora me conhecer e conhecer a minha história. Fiquei sabendo que minha mãe está dando entrevistas também... Ela e minha tia são mulheres maravilhosas! Torço para que o BBB tenha me ajudado a ter um reconhecimento, um respeito no meu trabalho, com as minhas músicas no funk. Quero fazer alguns hits aí, "trombar" a galera e fazer bastantes shows. Que a galera possa ir me ver, entender que no BBB foi um jogo que passou e que agora vamos meter marcha, fazer muito passinho em cima do palco, tirar onda e muito "Bololo haha" (risos).


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quinta-feira, 4 de abril de 2024

.: Entrevista: Fernanda, a verdadeira e autêntica loba do BBB 24

Fernanda, participante do BBB 24. Foto: TV Globo/João Cotta

A viseira como principal acessório, um "destempero" com direito a frases como "chora, bonequinha", comemorações para lá de sarcásticas e citações a boas dezenas de filmes foram algumas das marcas de Fernanda que cativaram o público do "BBB 24". Ou, pelo menos, uma alcateia inteira – como se denominaram os fãs da participante, que a apelidaram de "loba" e vibraram a cada movimento seu no jogo. A confeiteira chegou ao Top 10 da temporada, mas não conseguiu avançar, e deixou a competição com 57,09% dos votos do paredão contra Beatriz e Giovanna. 

Ela acredita que a forma com que se fechou em seus próprios sentimentos, reclusa no quarto Gnomos, tenha contribuído para sua eliminação, e diz que é algo que teria mudado se pudesse fazer diferente. No entanto, sai satisfeita com a própria trajetória. "Eu acreditava no meu enredo, na minha força, no meu propósito. Isso, para mim, foi o meu ponto forte. A força do meu desespero era tão grande que eu não tinha outra opção a não ser acreditar que eu era muito capaz, sim, de estar ali", opina.

Na entrevista a seguir, Fernanda também avalia o futuro do grupo que liderou enquanto esteve no programa e da amiga Pitel – que está no paredão –, reflete sobre as mudanças que viveu à frente das câmeras e fala sobre a aliança entre Gnomos e Puxadinho que, a seu ver, teria melhores resultados se tivesse começado antes no game.

 

No ‘BBB 24’, você foi líder, anjo, venceu prova Bate e Volta e protagonizou discussões emblemáticas da temporada. Na sua opinião, faltou viver alguma coisa no reality? 

Acredito que não. Acho que eu vivi muito bem, dentro dos meus próprios parâmetros, as minhas emoções, minhas atitudes, meus limites. Eu até me parabenizo nisso em alguns pontos porque consegui me segurar em muitos momentos. Em outros eu acabei ficando mais triste. Mas, faltar viver algo, não. Acho que consegui transparecer bastante como eu seria em todas as situações. Fui bem verdadeira e autêntica nesse ponto.

 

Algo mudou na Fernanda que entrou na casa no dia 8 de janeiro para a Fernanda que sai agora?

Quando eu entrei no BBB eu estava com muito medo, muito cansada e muito desesperada dentro do meu cenário de vida. Isso foi uma pedra fundamental para me dar força, mas era a mesma pedra que me enfraquecia em questão de contato com as outras pessoas, que me despertava emoções, ansiedades. Hoje, eu posso dizer que não tenho mais medo, pelo contrário. Eu estou tendo acesso a informações que estão me dando forças para acreditar que as coisas, de fato, vão melhorar; essa era a minha preocupação. Então mudou, sim, bastante e para melhor, graças a Deus. O tempo vai me fortalecendo, agora, porque preciso entender tudo que está acontecendo. De fato já não sou mais a mesma pessoa, já não estou mais com aquele sentimento de derrota. Acho que eu conquistei alguma coisa, que ainda não sei o quê, mas foi conquistada.

  

Quais foram seus altos e baixos nessa experiência que se dispôs a viver? 

A minha fé em mim mesma foi um ponto alto. Não era só a fé em Deus, porque ela, dentro de um jogo, é uma linha muito sensível de trabalhar. A gente tem que ter fé em Deus em toda a nossa vida, mas ali fica difícil ficar colocando o nome dele em vão. Então, eu acreditava muito em mim. Eu acreditava no meu enredo, na minha força, no meu propósito. Isso, para mim, foi o meu ponto forte porque eu buscava forças dentro de mim mesma a todo instante. Eu não me deixei derrubar quando as pessoas acharam que outras eram favoritas, que tinham mais chance, mais potencial. Não, porque eu estava no mesmo jogo. E eu falei em diversos momentos essa frase: enquanto eu estou aqui não tem vencedor garantido, porque eu estou aqui. A certeza de que eu estava ali e que meus motivos eram muito nobres me dava força. A força do meu desespero era tão grande que eu não tinha outra opção a não ser acreditar que eu era muito capaz, sim, de estar ali. E meu ponto baixo, que talvez tenha influenciado na minha derrota, foi a forma como eu lidava com meus sentimentos. Eu me abati, entrei em um casulo, e realmente encontrava na cama não o sono, mas uma situação que eu não conseguia resolver. Eu não queria ficar olhando para as pessoas, me estressando com elas, então eu só ficava quieta no meu canto porque sabia que ali, dentro daquela coberta, na minha cama, ninguém ia me perturbar e eu não teria que resolver questões que eu não tinha controle. Ali era só fechar os olhos, deixar o tempo passar e tentar acalmar meu coração e minha mente; era o meu momento de meditação. Ok que foi um momento bem longo (risos), mas foi onde eu encontrei segurança também. 

 

“Loba” foi um apelido atribuído a você pelos fãs, especialmente em momentos de se posicionar diante da casa. Imaginava que essa sua característica ao se colocar fosse aflorar tanto no BBB? 

Sob hipótese alguma, nunca imaginei! Nunca passou pela minha cabeça até porque, em alguns momentos, eu me senti frágil, menor que os outros e que meus próprios aliados. Talvez eu tivesse sido mais a loba que esperavam se eu não tivesse me sentindo cutucada, ofendida e medida o tempo todo até mesmo pelas pessoas que estavam comigo. Eu não vou mentir, isso me abalou demais. E eu não podia imaginar que esse enredo da loba estava sendo criado a partir de posicionamentos que, para mim, eram simplesmente naturais. Eu sempre fui uma pessoa muito convicta da minha opinião, e é muito difícil alguém me dobrar. A minha postura, as minhas atitudes e as minhas falas sempre estiveram na minha certeza do que eu estava dizendo. Isso ficou nítido, eu acredito. Quando me associaram com o lobo e falaram que eu fiz muitos movimentos, eu até fiquei surpresa porque eu achava que não eram movimentos e, sim, só uma questão de evidenciar o que eu acredito.

 

Você se aproximou da Pitel logo nos primeiros dias e com ela formou uma dupla que trocava além de estratégias de jogo. Qual foi a importância dela na sua trajetória no programa?

Hoje, conhecendo todos da casa, eu sei que nunca teria sido diferente. Não teria como eu ter me aproximado e me ligado a outras pessoas. Sempre foi para ser ela. A minha relação com a Pitel sempre foi de proteção. Mesmo sendo uma menina bem mais nova do que eu, ela tinha falas tão seguras e um conhecimento muito além da idade dela que me passavam proteção, segurança. Eu sempre perguntava para ela o que estava acontecendo no programa, porque antes eu não tinha assistido direito, e ela tinha muita paciência para me passar isso tudo. Tinham momentos em que eu não sabia se ela era como uma filha ou como uma mãe para mim. Ela me ajudou muito a entender o programa. Se eu não tivesse me associado a ela, acho que eu seria uma completa perdida ali. Ela me deu muito norte para que eu pudesse saber usar a minha voz.

 

O Rodriguinho também foi um aliado seu na casa, embora em alguns momentos ele tenha cogitado um afastamento. Como se sentia em relação às opiniões dele sobre o seu jogo?  

No começo eu fiquei muito triste – e ele ficou até chateado por eu estar triste –porque ele e a Pitel pareciam concordar na opinião ao meu respeito, coisa que também não foi muito falada para mim, mas foi debochada em várias situações. Eu ficava perguntando: "Por que vocês estão achando que eu não tenho razão nas coisas que eu falo?". Isso me incomodou porque eu tinha um carinho muito grande, e ainda tenho, pelo Rodrigo, e via muita importância em muitas coisas que a gente conversava. A gente tinha algumas semelhanças, então fiquei chateada de perceber durante o jogo que ele estava fazendo movimentos contra mim. Eu tinha a sensação de estar sendo traída. Mas, ainda assim, sempre gostei e me importei muito com o que ele pensava. E aqui fora é outra história.

 

Você observou o movimento do Lucas de se aproximar da Pitel. Tinha ciúmes da relação dos dois?

Eu sempre tive ciúmes, isso era declaradíssimo (risos). Era nítido o deslumbre dele, como ele olhava com muita emoção para ela, e eu sentia que estava muito além do jogo. Eu não posso nem tenho autoridade para dizer que ele estava apaixonado, mas a gente via uma afeição muito grande, e aquilo me incomodava um pouco. Quando eu entendi que ali não dava para competir, porque eles também tinham muitas afinidades das quais eu não tinha autonomia, de música, da idade, eu falei: "Beleza, que isso aconteça; eu só vou poder participar ou assistir". Ele foi chegando perto de mim porque precisava estar, já que queria ficar perto dela. Mas, até então, eu nunca confiei nele. E nunca estive errada, o curioso é isso (risos).

 

E como acha que fica o jogo agora que você deixou a disputa? 

Eu acho que a Pitel vai se lascar um pouquinho porque ela ainda vê muita força no Lucas, vê um norte nele. Agora, com a minha saída, ela vai ficar ainda mais próxima dele. Não acho que esse seja o melhor caminho, olhando agora para o jogo. Acho que, desde o começo, se ela tivesse se fortalecido mais comigo, se a gente tivesse sido mais uma "dupla dinâmica", a gente teria ido juntas mais longe. Acho que ela deveria dar uma despertada, ser um pouco mais neutra, e não pôr todas as crenças dela no Lucas. Se ainda tem quatro Gnomos, que fortaleça o quarteto, não um laço. Dentro do grupo tinham subgrupos, duplas e coisas do gênero, e claramente eu era um elo que não se colava com os outros. Eu saindo, seria interessante que todos se juntassem e não fizessem, por exemplo, duas duplas, como Bin e Giovana, Pitel e Lucas. Se isso vier a acontecer por algum motivo, vai ser ruim para ela.

 

Marcus Vinicius, antes de ser eliminado, apontou que você teria “comprado” os integrantes do Puxadinho (Raquele, Michel e Giovanna) com a pulseira do Vip na sua liderança, formando um grupo maior que jogava junto. Como avalia a formação da aliança com eles? Acha que foi uma estratégia bem-sucedida? 

Acho engraçado quando mencionam isso porque não foi uma estratégia, mas acabou sendo. Foi simplesmente a minha necessidade de conversar com o Michel; eu tinha um carinho por ele. Eu queria muito conversar com ele, e nem tanto assim com a Raquele e a Giovanna. Quando ele parou de falar comigo, assim como outras pessoas da casa, por situações que ele não tinha conhecimento, aquilo me deixou chateada. E eu falei: "Preciso falar com ele". Mas eu achava uma loucura tirar a pessoa do ambiente dela para justificar uma coisa que ela nem perguntou. Eu precisava criar uma situação para ter brecha para falar com ele. Convenientemente eu ganhei uma prova do líder, e falei: "Agora eu tenho poder para fazer isso". A pessoa ia dizer o quê? "Não quero ir para o seu Vip"? Ele iria e, no mínimo, iria me ouvir. O que ele ia fazer com isso depois era problema dele, mas eu queria que ele me escutasse porque eu gostava dele. A partir do momento em que ele me escuta e me entende, a gente começa a alinhar ideias e a ver que Giovanna, Raquele e Michel tinham pensamentos parecidos com os meus e da Pitel. Vimos ali uma coisa linda, uma liga que se tivesse vindo antes teria sido fundamental no nosso jogo. Então, para mim, foi um ato genuíno do meu coração que acabou virando uma estratégia. E que bom, né? (risos).

 

Você demonstrava bastante incômodo com o grupo do quarto Fadas e afirmava que alguns faziam “teatro” na casa. Chegou a sugerir que Pitel seria a pessoa que poderia derrotá-los no paredão. Agora ela está no paredão com Alane e Beatriz. O que você acha que pode acontecer?

Pelo meu sentimento, a Alane sai. Eu acho a Pitel maravilhosamente grande, e não é só pelo meu olhar enviezado; acho mesmo. Ela entra em muitas rodas, muitos arquétipos. Mas, pelo enredo que agora a gente está vendo, talvez ela nem tenha chance. E é bem triste isso porque eu entendi que quando se trata de uma coisa maior, os nossos pesos não são considerados. Ela falava isso desde o primeiro dia e eu não tinha entendido, agora parece que tudo que ela narrou está acontecendo lindamente. Se for isso, ela não tem nem chance. Se não for, vai ser lindo, porque eu sei que ela tiraria lindamente uma Alane nesse paredão.

 

Na última semana você acabou tentando uma aproximação maior com o grupo oposto, o que foi visto com desconfiança por eles. Como avalia essa movimentação mais recente? Foi uma estratégia? 

Muitos dos meus movimentos não eram vistos como estratégia por mim porque eu não planejava, não pensava, ia mais pela minha emoção. E a minha emoção estava dizendo que eu estava cansada, que estava na reta final e que ninguém ia me convencer de que eu preciso atacar outra pessoa para vencer. Ninguém me disse que o programa era "ataque, que você ganha; odeie o outro, que você ganha; se posicione contra o outro até o último dia, que você ganha". Como isso não foi falado e eu já estava na reta final, pensei que não queria mais isso. Eu queria mudar a minha visão sobre as próprias pessoas que eu já estava vendo de forma ruim. Me deixei levar por certos ranços que eu mesma falei que não tinha mais idade para ter. Se eu não tenho idade, por que vou continuar sismando com aquilo? Resolvi relaxar. Comecei a observar coisas que eu não estava tendo tempo para observar porque estava focada em cultivar um ranço. Comecei a ver talentos, pequenos gestos de afeto entre eles [Fadas], comecei a achar bonito, legal. Simplesmente me tornei mais acessível. Eu entendia que isso podia soar estranho e também aceitaria esse estranhamento; corri o risco. Só que, ainda assim, não iria fugir da minha vontade de não querer mais brigar. Eu não sabia que o pessoal queria que a gente continuasse brigando; eu só queria relaxar, deixar as coisas acontecerem sem a pressão de ter que culpar alguém por tudo o tempo todo.

 

Mesmo depois de se reconciliar com o MC Bin Laden, você ainda teve desconfianças dele, especialmente sobre o que ele teria dito de você no período em que estiveram brigados. Como estava a sua relação com ele na casa nesses últimos dias?  

A gente tinha se resolvido. Ficou realmente muito estranha a situação entre a gente, fiquei muito chateada. Ele é um menino maravilhoso, mas muito orgulhoso. Quando a gente se reconectou, ficou obscuro, ele não contou tudo. Eu sou uma pessoa desconfiada, gosto de saber onde estou pisando. Eu não tenho questão com as piores crises e problemas do mundo, mas gosto de estar preparada para elas. Não queria ataques-surpresa nem que dessem munição para os adversários usarem isso contra a gente. Se ele me contasse tudo e depois alguém viesse contar para mim, eu ia falar: "Amigão, você chegou tarde porque isso aí já está resolvido há muito tempo". Mas eu não tinha esse mérito porque eu já estava baseada na dúvida. Ele me deixou em dúvida porque, quando perguntei o que ele tinha falado sobre mim, ele disse que de algumas coisas não se lembrava e outras preferia não falar. Depois, teve uma situação no quarto do líder em que ele simplesmente ficou irritado de novo e se sentiu no direito de não falar comigo por mais um dia. E eu pensei: "Gente, que loucura é essa? Por que eu tenho que esperar o humor da outra pessoa ao invés de resolver as desavenças?". Aquilo ali me murchou mais uma vez ao ponto de eu deixar que ele fizesse o que quisesse, fosse resolver ou não. Era reta final e eu encarei dessa forma.

 

Olhando para a sua trajetória, você se arrepende de alguma coisa que tenha feito na casa ou voltaria atrás, se tivesse a chance? 

Hoje eu não me arrependo da minha briga com a Alane, que foi algo que eu disse antes, porque talvez tenha sido um dos meus momentos mais livres, mais sem amarras e sem cobranças. Eu simplesmente reagi como eu reagiria em qualquer outra situação aqui fora. Foi um momento mais "eu" dentro do meu enorme destempero. Mas, com certeza, me arrependo demais de ter me fechado muito dentro da minha dor. Me arrependo de não ter encontrado em outras situações forças para continuar o dia a dia. Nunca perdi a força do meu objetivo, mas da rotina, de comer, andar, mergulhar, malhar, falar mais com as pessoas eu fui perdendo o interesse e, com isso, me fechando. Eu queria ter sabido lidar melhor e ter tido mais enfrentamento dos meus sentimentos, e não ficar me encolhendo neles, que foi o que aconteceu.

 

Quais são seus planos para essa nova fase após o BBB? Pretende seguir na confeitaria ou quer explorar outras habilidades? 

Eu quero, sim, explorar novas habilidades, ver como o público me viu, ver como isso pode ter gerado talentos comerciáveis, vamos dizer assim. Quero entender se isso tem futuro ou não, se tem espaço. E quero também fazer com que a "Bem que vai" [empresa de confeitaria] cresça porque é um projeto meu, criado do zero em um momento muito triste da minha vida, e que trouxe muitos frutos e alegrias para tantas pessoas. Não posso deixar isso morrer em vão. Mas entendo que a minha falta de conhecimento administrativo me fez me cansar do meu próprio projeto. Então, eu queria buscar forças novas para ter alegria. Projetos novos alimentam a gente, dão força. Resgatar algo que eu tive dificuldades, às vezes, é mais uma tarefa do que um despertar. E eu procuro um despertar, nesse momento, para novos horizontes, com a certeza de que eu preciso melhorar e reforçar o que eu deixei mal-acabado.

 

O "BBB 24" tem apresentação de Tadeu Schmidt, produção de Mariana Mónaco, direção artística de Rodrigo Dourado e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado após "Renascer", e domingos, após o "Fantástico".  

Além da exibição diária na TV Globo, o "BBB 24" pode ser visto 24 horas por dia no Globoplay, que conta com 12 sinais com transmissão simultânea, incluindo o mosaico de câmeras, as íntegras e os vídeos dos melhores momentos, edições do "Click BBB" e o "Mesacast BBB", que também terá distribuição de trechos no streaming, no gshow, nas redes sociais e plataformas de vídeos, incluindo a versão em áudio no gshow e nas plataformas de podcast. Todos os dias, logo após a transmissão na TV Globo, o Multishow exibe uma hora de conteúdo ao vivo, direto da casa. O canal ainda conta com flashes diários, ao longo da programação, e com o "BBB – A Eliminação", exibido à 0h30 de quarta para quinta-feira. No gshow, o público pode votar e decidir quem permanece ou deixa o jogo e acompanhar a página "BBB Hoje", as páginas dos participantes e conteúdos exclusivos, como o "Bate-Papo BBB", enquetes e resumos do que de melhor acontece na casa.


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quarta-feira, 3 de abril de 2024

.: Pitel: entrevista com a eliminada do Big Brother Brasil 24


Pitel fechou a porta do quarto Gnomos e, no mesmo dia, se despediu da casa do ‘Big Brother Brasil’. Integrante original do dormitório que se opunha ao das Fadas, a alagoana diz não se arrepender de ter escolhido a posição em que permaneceu até o fim. Quando questionada se faria algo diferente no reality, a assistente social não titubeia: “Eu poderia dizer a você que eu iria para o Fadas para concorrer a R$ 3 milhões, mas eu não me identificava com eles, então acho que não. Eu vivi e amei todo mundo que quis amar. É certo que você sai de casa querendo ganhar o prêmio, porque a gente vai atrás de ficar milionária, mas eu acho que me posicionei”. Eliminada nesta terça-feira, dia 2, com 82% dos votos em um paredão contra Alane e Beatriz, Pitel avalia que fez tudo o que estava a seu alcance para chegar mais longe no jogo, embora as despedidas frequentes de seus aliados lhe mostrassem que não estava entre preferidos do público. A ex-participante conquistou fãs com seu jeito autêntico e foi fiel às amizades, ainda que houvesse discordâncias. “Eu sentia que eu tinha que estar no Gnomos, que eu tinha que estar com o Rodrigo, com a Fernanda, com todo o caos que foi aquele quarto. Não sentia que deveria ir bater na portinha do Fadas e dizer: ‘Deixa eu jogar com vocês, porque vocês têm cara de que vão para a final’. Não fazia parte de mim”, conclui.

Na entrevista a seguir, Pitel apresenta sua visão acerca da competição e justifica a decisão de não criar laços com participantes do grupo adversário. Fala, ainda, sobre as amizades com Fernanda, Rodriguinho e Lucas Henrique e opina sobre o jogo do grupo rival. 

 

Você se despediu do ‘BBB 24’ a duas semanas da final. Na sua opinião, o que faltou para chegar ao pódio? 

Faltou o Brasil me escolher. Mas falando de movimentação de jogo, eu tentei tudo o que eu pude, até quando eu consegui, continuei jogando independentemente de como eu me sentia. Só que tem histórias que se sobressaem diante de outras, pessoas a quem o Brasil quer mais dar R$ 3 milhões do que a outras. Infelizmente eu não fui uma dessas pessoas.

 

Em determinado momento do jogo, você reafirmou que não queria fortalecer vínculos com ninguém além de seus aliados. Agora, fora da disputa, acredita ter sido uma boa estratégia? 

Foi, porque eu sou muito coração. Tanto é que, na última segunda-feira, quando eu fui para o cinema com a Alane – que claramente estava posicionada em outro lado do jogo – eu voltei dizendo: ‘Gente, eu não quero pontuar nem falar mal dessa menina. Como é que faz?’. Eu me propus a ir para o ‘Big Brother’ para jogar e fazer o jogo acontecer, e me relacionar com outras pessoas impedia que isso acontecesse, porque eu iria olhar para o outro com cuidado, eu iria olhar para o outro com carinho e num lugar de: ‘Caramba, sua história é muito forte’. Como é que eu vou apontar um defeito em você ou uma coisa que me incomoda no jogo se você é tão interessante? Isso é pequeno. A partir do momento em que eu escuto a sua história, os seus defeitos de jogo e a convivência com você não são mais tão difíceis porque eu sei de onde você veio, eu sei o que você passou. Então, eu não iria conseguir pontuar, não iria conseguir jogar; iria ficar muito mal. E lá eu não podia ficar mal, eu estava jogando. Então, para me proteger, para proteger os meus sentimentos e posicionamentos, foi mais coerente eu não me relacionar com pessoas do outro grupo.

 

Durante boa parte do programa, você falou sobre o público já ter escolhido seus preferidos, observando a sua posição no jogo como a preterida. Lá dentro, você não pensou que fosse possível reverter esse cenário, caso ele fosse real aqui fora? 

Não, tanto é que foi real. A minha visão não foi pessimista; ela foi realista porque é o que está acontecendo. Lá dentro você sabe que algo precisa ser feito, mas você não tem nenhuma informação do que precisa ser feito. É muito perigoso você mudar de posição e só se afundar mais do que antes. Para mim, meus pensamentos foram muito realistas porque era de fato o que estava acontecendo aqui fora. Eu não errei, não fui pessimista, eu só tive visão de jogo. Se a pessoa que está do outro lado do jogo não gosta de mim, ela vai dizer: ‘Nossa, você estava sendo muito pessimista.’ Mas não era o que estava acontecendo? Eu não errei no sentido de perceber os favoritos e os escolhidos pelo público.

 

Acha que vocês podem ter se colocado como antagonistas perante os participantes do quarto Fadas? 

Aconteceu de forma natural pelo fato de a gente se posicionar. O Gnomos era uma coisa, agora no final virou outra. Antes, jogávamos eu e Fernanda; depois eu, a Fernanda e o Bin; mais tarde, eu a Fernanda e o Rodrigo. E toda vez que alguém do quarto era eliminado, outra pessoa vinha. Nunca morreu de fato aquele quarto. Um jogo é feito de dois times, ninguém joga futebol com um time só, então é necessário para o jogo. Eu só me posicionei do outro lado. Eram dois times jogando e um deles vai ganhar. Foi isso que aconteceu.

 

Você chegou a dizer também que era difícil se manter otimista após as eliminações de seus aliados. Como foi lidar com a perda de tantos amigos na casa? De que forma isso impactou o seu jogo? 

Isso vai minando você. Apesar de ter uma boa visão de jogo e entender o que estava acontecendo, a gente segue esperançoso. Alguém falou para mim hoje a seguinte frase: ‘Eu sou realista e esperançosa’. Realista, porque eu sabia o que iria acontecer, mas esperançosa porque eu acreditava que outra coisa poderia acontecer. A sua esperança vai sendo minada a partir do momento em que você olha para o seu lado e só vão caindo os seus. O juiz – nesse caso o Brasil – só dá cartão vermelho para o seu lado, só tira os seus jogadores. Aí você pensa: ‘Gente, eu vou jogar com que time se o meu está caindo todinho?’ Acho que foi isso.

 

Sua relação com o Lucas Henrique acabou se fortalecendo nessa reta final do programa e a proximidade entre vocês foi bastante comentada aqui fora. Como avalia essa relação? Havia algum sentimento além da amizade? 

Nesse quesito, eu só posso responder por mim. E por mim, sempre foi muita amizade. Eu o admiro, acho um cara incrível, que merece muitas oportunidades aqui fora. Ele é uma das pessoas mais inteligentes com quem eu tive o prazer de dividir a casa, mas sempre foi amizade para mim.

 

Logo que chegou ao confinamento, você e Fernanda ficaram muito próximas. O que gerou a identificação e aproximou vocês?  

Eu e Fernanda temos histórias muito fortes, que nós evitávamos contar porque achávamos que ali não cabiam. Quando a gente se aproxima, eu reconheço a dor da Fernanda, reconheço tudo o que ela passou, reconheço ela enquanto mãe. Quando a gente chegou na casa, o Fadas foi disputado a dente, porque era um quarto muito bonito, muito fofinho, e ninguém quis ir para o Gnomos. Eu e Fernanda decidimos não brigar por cama no Fadas e fomos as únicas mulheres por muito tempo no Gnomos, porque ninguém queria ir para aquele quarto. Ali não existia disputa de camas, a gente tinha o nosso cantinho e foi ali que nós nos aproximamos. Com duas horas de casa, nós começamos a conversar, dormimos juntas na primeira noite e acordamos juntas no dia seguinte. E daí foi só se fortalecendo. A Fernanda foi meu alicerce muitas vezes, me ajudou, me acolheu, me aconselhou, cuidou de mim, me ouviu. Espero que eu tenha sido esse mesmo porto-seguro para ela. Ela foi fundamental no meu jogo.

 

Sua mais recente aproximação ao Lucas foi questionada pela Fernanda e, nas últimas semanas, vocês acabaram tendo alguns atritos. Em algum momento houve uma inversão de prioridades? 

Ela sempre foi a minha prioridade, tanto é que a gente teve uma conversa em que eu disse: ‘Eu voto no Lucas e em qualquer pessoa aqui dentro antes de votar em você.’ Não conversar ou não estar junto com tanta frequência não diminuía em nada meu sentimento por ela nem a tirava da minha prioridade; ela sempre foi a número 1 na minha vida. Então, qualquer um que não fosse ela eu botava no paredão direto. Entre ela e qualquer pessoa, a minha escolha era sempre estar ao lado dela.

 

O Rodriguinho também foi um de seus aliados na casa e você acabava sendo um contraponto ao jeito dele. Como foi dividir essa experiência o tendo como amigo?

Primeiro como fã do trabalho dele. Quem me acompanha sabe que eu sou muito pagodeira, eu conhecia as músicas todas dele. E foi um prazer vê-lo como jogador, estando muito perto de mim. Depois, a gente foi se aproximando e eu vi verdade na pessoa que ele era, nas reclamações, nos medos, nas angústias, e me aproximei dele de forma natural, não de caso pensado. Eu o vi, mas não quis invadir o espaço dele como fã. A gente fez uma prova juntos, ele foi para o quarto Gnomos e a gente foi se fortalecendo.

 

Na sua visão, o que motivou a união dos integrantes do quarto Gnomos? Você acredita que formavam um grupo? 

A gente era um caos, era todo mundo muito caótico dentro das suas próprias confusões. Não tinha fé, não tinha amor, não tinha nada que salvasse todo o nosso caos. Era sempre uma conversa maluca, sempre planejando coisas que dariam errado, muito provavelmente. A gente se encontrou no caos. No quesito quarto, eu não me uni muito, porque brigava com o Luigi, com o Bin, com o Vinicius; não concordava com o Juninho... era um desando! Aí, a gente se une com o Puxadinho, porque as nossas visões batem, e eles vão se mudando aos poucos para o Gnomos. À medida que sai um, entra outro, era um quarto que nunca morria. Toda vez que a gente achava que iria fechar por falta de integrantes, novos integrantes chegavam. De vez em quando era grupo, de vez em quando brigava todo mundo... A gente era como um grupo de verão: numa estação funcionava e na outra, não (risos). E assim a gente seguia.

 

Você teve discussões com a Beatriz e apontou que não via suas atitudes de forma natural. O que te incomodava nela? 

A gente só pode falar sobre como a gente se sente. Ela pode dizer a mim dez vezes seguidas que ela é assim aqui fora, só que eu não via naturalidade no que ela fazia. A quantidade de repetições das mesmas frases, a quantidade de vezes que buscava por câmera... E eu a pontuo no meu Sincerão e digo que não vejo naturalidade no que ela faz. Quando eu estava na varanda, ela já tinha se posicionado em relação ao assunto e falou exatamente o que eu disse que ela iria falar: ‘Lá fora eu sou desse mesmo jeito’. E eu digo: ‘Eu disse a você que você iria me dizer isso e respondi a você que eu não posso julgar você lá fora, porque lá fora eu não te conheço. Mas eu precisava pontuar o ‘bobo da corte’, porque para mim o que você faz é graça’. Aí ela foi embora. Já havia se posicionado, certo? Só que nesse mesmo momento, estava acontecendo a briga do Davi e da Leidy, então ela se sentiu ofuscada, achou que a câmera não tinha pegado ela o suficiente. Quando estava todo mundo calado já na cozinha, tudo já tinha se apaziguado, ela pegou uma garrafa de leite e começou a falar a mesma coisa que já tinha dito, porque ela teria certeza de que a câmera ia virar para ela. Ali ela disse: ‘Eu faço propaganda mesmo, eu estou na Globo’. E tinha sido justamente aquilo que eu havia pontuado. Eu não cheguei a dizer isso a ela, porque a pessoa grita tanto no seu ouvido, que você fica perturbada. Mas ela falou justamente o que eu tinha pontuado no Sincerão, que não era natural, que ela só fazia isso porque estava lá. E na cozinha ela reafirma: ‘Eu faço isso mesmo. Estou na Globo’. Então, meu argumento estava certo.

 

E nos outros integrantes do quarto Fadas, havia alguma coisa te incomodava?

No Davi, o fato de ele dizer que não conhece nada de ‘Big Brother’, sendo que ele age direitinho como quem assistiu a todas as edições, da primeira até a última. Me incomoda, porque não parece natural também. Vocês podem achar natural, mas eu não sinto isso e eu só posso falar como eu me sinto. De todos, eu vejo verdade na Isabelle, que não se encontrou em outras pessoas. Minha única questão com ela, por estar posicionada em um lado oposto, são as poucas movimentações de jogo. Você não vê ela fazendo nada no quesito jogo. Eu entendo que todo mundo foi para lá ciente de que iria jogar, mas eu não vejo nenhuma movimentação. Acho, como falei, que é a ministra da cultura, não de forma negativa, mas é a promoção da cultura, e está tudo bem. A Alane é uma benção, uma boa menina, mas está posicionada do lado oposto a mim também. Eu fiquei abismada que ela pegou meu pente. Ela estava com o pente que eu levei com tanto cuidado, e meu pente sumiu de repente; estava na cabeça dela. Aí tinha a questão do copo, o negócio de pedir desculpas e fazer a mesma coisa... eu não sei se vocês tinham noção das estalecadas, mas ela levava punição a torto e a direito, toda hora. E depois vem pedir desculpas? Não me parece genuíno, minha patroa, me ajude! Ela errava grande, errava muito.

 

Teria feito algo de diferente no BBB, se tivesse a chance? 

Eu poderia dizer a você que eu iria para o Fadas para concorrer a R$ 3 milhões, mas eu não me identificava com eles, então acho que não. Eu vivi e amei todo mundo que quis amar. É certo que você sai de casa querendo ganhar o prêmio, porque a gente vai

atrás de ficar milionária, mas eu acho que me posicionei. Falando de fora, é mais fácil dizer o que você faria de diferente, só que lá dentro eu segui tudo o que eu sentia. E eu sentia que eu tinha que estar no Gnomos, que eu tinha que estar com o Rodrigo, com a Fernanda, com todo o caos que foi aquele quarto. Não sentia que deveria ir bater na portinha do Fadas e dizer: ‘Deixa eu jogar com vocês, porque vocês têm cara de que vão para a final’. Não fazia parte de mim.

 

Quem você acha que é o melhor jogador do programa e por quê?  

De verdade? O Davi, que foi estudado para ganhar e fez direitinho o que se pede para cair nas graças do público. Ele é um ótimo jogador.

 

Dentre os oito que permanecem na disputa, que pódio gostaria de ver na final do ‘BBB 24’? 

Como o Bin vai ser eliminado, seria Buda, Isabelle e Giovanna.

 

E quem você quer que ganhe?

O Buda. Ele é um cara inteligentíssimo e eu espero que as coisas que aconteceram de forma negativa não impeçam as pessoas de verem o que ele tem a acrescentar aqui fora.

 

Quais os planos para a vida fora do BBB? Pretende voltar a atuar como assistente social? 

Eu tinha falado lá que eu não sou das artes, né? Não sei dançar, não sei cantar, interpretar, não tive aula de teatro, essas coisas que são necessárias. Então, nesse quesito, eu não tenho a menor ideia. A gente não tem noção de como vai ser a nossa vida aqui fora, não tem ideia se as pessoas vão querer contratar uma assistente social que passou pelo ‘Big Brother’, se as empresas querem essa exposição para si. Então, esse momento é um grande ‘não sei’. Vou perguntar aos meus seguidores o que eles querem para a minha vida para saber qual caminho eu devo seguir agora (risos). Eu estou precisando de um emprego, estou há três meses desempregada.


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domingo, 31 de março de 2024

.: Entrevista com a poeta piauiense Laís Romero, que explora o território "Mátria"


No livro de estreia "Mátria", lançamento da editora Paraquedas, a poeta piauiense Laís Romero mergulha em temas como corpo, ancestralidade e maternidade, explorando o feminino como um território de expressão. Dividido em três partes - "Desejo", "Mátria" e "Pathos" -, o livro é uma busca pelo lugar da mulher, especialmente da mulher nordestina, singular e marcada pela ancestralidade. 

Por meio de 50 poemas com métrica livre e estilo prosaico, Laís convida os leitores a atravessar a superfície e mergulhar no universo da "mére-mar-mãe-mátria", onde se reconectar com sua origem e encontrar a pausa da exaustão. O livro apresenta uma poesia que oferece um espelho para outras mulheres, proporcionando uma visão direta e pontual sobre suas experiências.

Laís Romero, nascida em Teresina, no Piauí, é mãe, mestra em letras pela UESPI e especialista em escrita e criação pela Unifor. Além de escritora, trabalha como revisora e editora. Sua escrita, marcada por uma urgência em resgatar a própria história, reflete conflitos internos e frustrações com a maternidade, além do apagamento histórico de sua família. Após um processo de criação que se estendeu por 15 anos, "Mátria" finalmente veio à luz em 2023, representando para Laís não apenas um livro, mas uma presença na linha do tempo da escrita sem fim. Sua trajetória acadêmica e literária, aliada ao seu constante desdobramento como mulher, mãe e escritora, evidencia uma voz singular no cenário literário contemporâneo. Confira uma entrevista com Laís, onde ela fala dos temas e das origens de seu fazer literário. Compre o livro "Mátria", de Laís Romero, neste link.


Como você começou a escrever? 
Laís Romero - 
Aos 11 anos escrevi um poema que venceu um concurso na escola. O poema virou uma atração na família, um marco. Lembro de datilografá-lo para que um tio, então professor de literatura, o levasse para uma aula de poesia.


Por que escolher o formato da poesia?
Laís Romero - 
Desde esse momento em que percebi o prazer de ser lida, e acreditei na relevância do que eu escrevia, continuei na empreitada da poesia. Também escrevo prosa, gosto bastante de contos, e submeto a palavra nesses caminhos também. Repito com frequência que a poesia é meu primeiro lar, quase de onde nasci, e me fascina a competência da imagem nos versos, o comprimido de linguagem.

Você tem algum ritual para escrever?
Laís Romero - Sou mãe, trabalho fora da escrita e estudo. Infelizmente não há salário para que possamos escrever literatura, daí uma verdadeira ausência de rituais: escrevo quando e como dá. As metas incluem não deixar de escrever e cumprir os prazos de entrega de materiais solicitados.

Como foi o processo de escrita?
Laís Romero - Esse livro é uma estreia solo que me assombrava há tempos. Assumir o espaço como escritora é algo que considero como sério, e essa ideia me força a continuar. Os poemas foram escritos ao longo de pelo menos 15 anos, e o livro como versão inicial ficou pronto em 2014. Em 2017 o artista Lysmark Lial fez a arte da capa após a leitura da obra, mas só em 2023 consegui materializar o Mátria, que inicialmente se chamava Temporário. Um título imbuído de quase nenhuma coragem. A edição da Paraquedas, através do olhar preciso da Tainã Bispo, solidificou as palavras.


Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? 
Laís Romero - Muitas influências me amparam, entre prosa e poesia. Posso dizer que em Mátria respondo muitas mulheres que admiro na arte. Ana Cristina Cesar, Matilde Campilho, Maya Angelou, Renata Flávia, Cecília Meireles e Sophia de Mello são algumas que pontuam meus textos.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? 
Laís Romero - Ancestralidade. Sexualidade. Maternidade. Feminismo. Brasil. Corpo. São temas que me escolheram. Nasci mulher, piauiense, não tive muita escolha aqui. Antes de desfiar outras questões menos urgentes precisei me abraçar ao que fundamentou minha caminhada. Aos 18 anos engravidei e segui com essa demanda, aos 32 tive meu segundo filho, o   que não pareceu mais fácil. A escolha desses temas veio de forma espontânea, de uma maneira mais direta, foi uma escolha através da urgência. Não sei muito mais que duas gerações antes do presente, não reconheço mais que a etnia em minha face entre a indígena e a negra, os sobrenomes se perderam nos apadrinhamentos. As mulheres foram sobrevivendo, sempre levando a família adiante. Em face dessa realidade onipresente no Brasil, declarei o território Mátria.

Você acha que o livro tem alguma mensagem a transmitir?
Laís Romero - Não penso em mensagens, mas em imagens. Uma visão de como a mulher conjuga os verbos enquanto sujeito é o que pretendo comunicar de maneira direta e pontual. O que sobra ali, enquanto palavra a ser compreendida, é a margem desse pensamento central. Passo caminhada no sexo e desejo, na maternidade e na paixão afetada, de maneira firme e puxando as imagens desimportantes do que vivo diariamente. Se for falar em mensagem, talvez ela esteja aí nesse parágrafo, mas não nos poemas, neles estão imagens.

O livro te transformou de alguma forma? 
Laís Romero - Esse livro representa um peso que me livrei. Tento falar de forma honesta, por isso as palavras de desapego ao que escrevi. Em outros momentos esse livro representa meu cansaço descomunal enquanto mulher, num desassossego (essa maravilhosa palavra cheia de esses). Por dentro consegui me sentir escritora, poeta, pois passei a existir no mundo. Essa obra é uma presença, não meço a dimensão, mas sinto como presença na linha do tempo da escritura sem fim.

O que vem por aí? 
Laís Romero - Estou trabalhando em um romance e tenho um livro de contos pronto, mas ainda nas leituras iniciais para que se firme o livro. O livro de contos une personagens vivendo e morrendo pelo amor desastroso, figuras que fui colecionando e percebi o fio condutor do amor e da morte como nota em comum. Tenho uma reunião de poesias  no prelo, intitulada "Exames aleatórios de imagem", escritos que se ancoram no agora, angústias e notícias transformadas em poesia. Uma maneira de aguentar a realidade.

Garanta o seu exemplar de "Mátria", escrito por Laís Romero, neste link.

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