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domingo, 3 de setembro de 2023

.: #ResenhaRápida: Litta Mogoff, atriz: "Tenho nojo de gente careta"


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Prestes a estrear o espetáculo "Aviso Prévio", que na primeira montagem  foi encenado por Nicette Bruno e Paulo Goulart, a atriz Litta Mogoff tem um quê de revolucionária no melhor sentido que essa palavra possa ter.  A partir do dia 13 de setembro, no Teatro Contêiner, ela passa a dividir até dia 5 de outubro o palco com o ator Lisandro Di Prospero, como parte de um casal onírico que se desdobra em vários outros. Corajosa, ensolarada e ruiva, esta destemida artista respondeu as perguntas que lhe foram direcionadas sem medo de julgamentos. Esta entrevista marca o retorno da coluna #ResenhaRápida, agora aos domingos, no Resenhando.com.


Nome completo:
Litta Mogoff.
Apelido: Litta.
Data de nascimento: 19 de agosto de 1985.
Altura: 1,66m.
Qualidade: leal.
Defeito: perfeccionista (risos)... Brincadeira... Meu defeito é a procrastinação.
Signo: leão.
Ascendente: escorpião.
Uma mania: tomar café preto depois do almoço.
Religião: católica com mil e um sincretismos.
Time: Palmeiras.
Amor: cachorros.
Sexo: delícia compartilhada com quem se gosta.
Mulher bonita: Paola Oliveira.
Homem bonito: Cauã Reymond.
Família é: base, fortaleza.
Ídolo: Glenn Close.
Inspiração: minha mãe, Marly Moura.
Arte é: o respiro e a alma.
Brasil: um país belo e forte com um povo guerreiro e inspirador.
Fé: Deus e Nossa Senhora.
Deus é: bondoso e está em tudo lugar.
Política é: necessária.
Personalidade histórica favorita: Margarida Maria Alves.
Hobby: pintura.
Lugar: minha casa.
O que não pode faltar na geladeira: manteiga.
Prato predileto: cuscuz.
Sobremesa: creme brûlée.
Fruta: caqui.
Bebida favorita: vinho rosé.
Cor favorita: laranja.
Medo de: injustiça.
Uma peça de teatro: "Aviso Prévio".
Um ator: Raul Cortez.
Uma atriz: Maria Alice Vergueiro e Fernanda Montenegro.
Um cantor: Criolo.
Uma cantora: Rita Lee.
Um escritor: Pedro Bandeira.
Uma escritora: Sylvia Plath.
Um filme: "Entre Mulheres", dirigido por Sarah Polley, Confira a crítica do filme neste link.
Um livro: "A Redoma de Vidro", de Sylvia Plath.
Uma música: "Nada Como Um Dia Após O Outro Dia" - Racionais.
Um disco: "Sobre Viver", de Criolo.
Um personagem: V, de "V de Vingança".
Uma novela: "Rainha da Sucata", de Silvio de Abreu.
Uma série: "Mad Men".
Um programa de TV: "Rá-Tim-Bum".
Uma saudade: conversar com minhas avós.
Algo que me irrita: machismo.
Algo que me deixa feliz é: café da manhã.
Uma lembrança querida: na infância, fazer bolinha de sabão com minha mãe.
Um arrependimento: acreditar mais em críticas do que em elogios.
Quem levaria para uma ilha deserta? Anitta Para quê? Segredo...
Se pudesse ressuscitar qualquer pessoa do mundo, seria... Elza Soares. Porque o mundo ainda precisa do olhar dela.
Se pudesse fazer uma pergunta a qualquer pessoa do mundo, seria... A Ary de Carvalho, como conseguiu vencer o medo e salvar a vida de tantas pessoas.
Um talento oculto: fazer panqueca doce.
Você tem fome de quê? Arte.
Você tem nojo de quê? Gente careta.
Se tivesse que ser um bicho, seria: uma onça pintada. Porque consegue ser sedutora, ágil e respeitada.
Um sonho: atuar num filme.
Cinema em uma palavra: objetivo.
Teatro em uma palavra: vida.
Televisão em uma palavra: desejo.
O que seria se não fosse atriz: professora.
Ser atriz é: dar vida a muitas outras personalidades que já existem em mim.
O que me tira do sério: pessoas que são grosseiras com pessoas gentis.
Democracia é: até agora, o melhor sistema político.
Ser mulher, hoje, é: ser sobrevivente.
Palavra favorita: sol.


Sobre Litta Mogoff
Atriz, 27156/SP, pós graduada pela Universidade de São Paulo em Psicologia Política, formada atriz pelo Teatro escola Macunaíma. Atriz há dez anos, integra a Cia Dois, Cia Guarda Chuva e o Grupo RIA. Fez parte do núcleo TUSP em 2016, integrou a Cia Ocamorana de Teatro por três anos de 2015 a 2018. Realizou diversos espetáculos teatrais desde 2009, sendo os três últimos “Gomorra” com o grupo PalcoMeu, “Coriolano” com a Cia Ocamorana e “Senhor K” com o núcleo TUSP. Integrante do Grupo Ria sob a direção de José Paulo Rosa nos espetáculos “Campo Geral - A Sensível História de Miguilim” e “Dois Irmãos” . É produtora executiva da CiaDois e fundadora da Cia GuardaChuva.

domingo, 20 de agosto de 2023

.: Entrevista: Maya Eigenmann: "A gente precisa olhar para os nossos traumas"


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: Carol Bassolli

Ao contrário do que se fala por aí, as pessoas não aprendem pela dor. A teoria da pedagoga Maya Eigenmann, autora dos livros "Pais Feridos, Filhos Sobreviventes e como Quebrar Este Ciclo" e "A Raiva Não Educa. A Calma Educa", é justamente ao contrário: por incrível que pareça, as pessoas aprendem pelo amor. Best-seller nacional, ela propõe uma verdadeira revolução amorosa, tão necessária para combater a sociedade em que estamos inseridos, quanto benéfica para corpo e alma. 

E o que uma relação baseada no afeto, respeito e acolhimento, pode trazer às crianças de hoje? Em entrevista exclusiva para o Resenhando.com, Maya Eigenmann, que é educadora parental, pós-graduada em neurociências e em Educação Positiva, responde a esta pergunta e muitas outras questões que podem despertar insights e transformar vidas. Compre o livro "Pais Feridos, Filhos Sobreviventes e como Quebrar Este Ciclo", de Maya Eigenmann, neste link.


Resenhando.com - Como surgiu a ideia de escrever o livro “Pais Feridos, Filhos Sobreviventes e como Quebrar Este Ciclo”?
Maya Eigenmann - Esse livro veio com a intenção de dar um passo a mais em relação ao primeiro livro, de se aprofundar mais no autoconhecimento e guiar os leitores para reflexões específicas, para chegar a conclusões de maneira mais estruturada. Por isso, separei espaços de autorreflexão no livro. Queria também trazer um pouquinho mais de prática e faço isso com relatos pessoais, que foi um pedido dos leitores em relação ao primeiro livro. Queria mostrar para as pessoas que educar amorosamente e respeitosamente não é um luxo, mas uma necessidade básica do ser humano.

Resenhando.com - O que torna as pessoas feridas, ao longo da vida?
Maya Eigenmann - As feridas acontecem na nossa infância, principalmente, por causa dessa grande desconexão que há entre os pais e filhos. Os próprios pais também são filhos feridos, que se tornaram adultos feridos, e acontece todo esse ciclo transgeracional de trauma. Então, as feridas vêm principalmente dessa desconexão: a criança que chora e não é acolhida, a que dorme sozinha no escuro com medo, a com a qual gritam e essa criança não tem para onde fugir. Enfim, os casos são muitos, mas normalmente é quando os filhos não são respeitados nem vistos por quem eles realmente são.


Resenhando.com - O que isso pode refletir nos filhos dessas pessoas?
Maya Eigenmann - O reflexo disso é que vamos, querendo ou não, replicar esses acontecimentos também nos nossos filhos, porque é o que recebemos. Eu sempre gosto de dar um exemplo, que é da comida que fica sobrando no prato: vamos supor que você era uma criança que tinha que comer tudo que estava no prato ou, senão, apanhava. Você associou que comida no prato é igual a perigo. Seu cérebro registra isso. Quando você cresce, tem filhos e eles não comem o que está no prato, o teu cérebro também fica em alerta. Claro que isso é um processo inconsciente, mas eu começo a querer controlar essa minha criança, obrigá-la a comer tudo para eliminar a sensação de perigo que eu sinto. E se eu não me conscientizar disso, meu filho acaba pagando o preço que eu também paguei lá na infância.

Resenhando.com - Qual é o primeiro passo para quebrar o ciclo de pais feridos e filhos sobreviventes?
Maya Eigenmann - O primeiro passo é os adultos se conscientizarem dos próprios traumas e das próprias feridas. Isso, às vezes, vai significar perceber que a infância não foi tão florida como a gente imagina. Não de um lugar assim de acusação para com os pais, porque, como falei, eles também são pessoas feridas. Mas, sim, de entender que houve violência e negligência emocional, e isso ficou marcado. Se não olhar para isso, não vou cuidar e vou, querendo ou não, passar para frente


Resenhando.com - No seu livro você defende que não se prospera por meio da dor, mas sim pelo amor. Como se aproximar, então, de temperamentos mais resistentes?
Maya Eigenmann - Quero citar um especialista maravilhoso, o Dr. Steven Porges, criador da Teoria Polivagal, que fala que muitos de nós estamos em um estado de alerta, resistência e agressividade, justamente, porque nos faltou acolhimento na infância. Não tivemos um apego seguro. Nos tornamos resistentes a tudo e a todos, inclusive, ao amor. Então, vamos supor que sou casada com uma pessoa que é resistente à ideia de educar pelo amor. Vou precisar entender que ela está hiper alerta, que é uma pessoa ferida e que só vou conseguir construir um diálogo em um espaço de muita segurança, porque é isso que nos desarma. É a sensação de segurança que nos torna generosos e amorosos. Talvez, a gente possa começar essa conversa com: "Nossa, meu bem, hoje de manhã nosso filho chorou, eu o acolhi enquanto chorava no meu colo e tive uma sensação tão estranha, porque, de um lado, me fazia tão bem vê-lo confiar no meu colo e, por outro, fiquei triste por lembrar que nunca recebi esse colo assim. Como é que você se sente com isso? Como é que era na sua infância? Como é que você se sente quando nosso filho chora?". É desse lugar de vulnerabilidade, honestidade emocional e amorosidade que a gente vai conseguir abrir um diálogo com pessoas que talvez tenham mais resistência.

Resenhando.com - Como a educação positiva pode mudar alguém?
Maya Eigenmann - Então, essa pergunta é capciosa. Acredito que só muda quem quer. Não adianta impor isso a ninguém. Mas não acho que a educação positiva muda; na verdade, é a pessoa que vai mudar. O indivíduo que escolhe olhar para dentro de si e perceber as suas feridas. A educação positiva vai trazer o conhecimento, o conforto e a segurança de que o caminho é esse, que nós precisamos, sim, prosperar no amor, que precisamos dar amor, ser generosos e dar segurança uns aos outros. A gente precisa olhar para os nossos traumas. A educação positiva é uma placa, mas quem faz o caminho somos nós mesmos.

Resenhando.com - Como podemos usar a educação positiva em nosso favor?
Maya Eigenmann - A educação positiva é o nosso caminho de volta para casa. É a sensação de se reencontrar com quem realmente somos. É um presente que temos hoje nessa geração, especificamente de ter acesso a essas informações para poder fazer diferente. É nesse sentido de como posso mudar, me transformar e, por consequência, modificar uma sociedade inteira, se todo mundo se envolvesse com educação positiva. Mas, mesmo que não sejam todos, muitos estão fazendo esse caminho.


Resenhando.com - Em sala de aula, sem apoio dos responsáveis, é possível fazer um trabalho com estudantes que apresentam temperamentos agressivos ou desinteressados?
Maya Eigenmann - Primeiro, temos que entender que o sistema escolar é violento no sentido de que não colocamos a criança no centro, colocamos o conteúdo no centro. Então, precisamos entender isso antes de qualquer coisa, porque, senão, não colocaríamos um adulto apenas para cuidar de 30 crianças numa sala de aula. Isso é totalmente destrutivo para o professor e para o aluno. Não faz nenhum sentido funcionar dessa maneira. Mas, levando em consideração que temos essa realidade, o mais potente é o professor saber que tem muito poder de influência quando cuida do próprio estado emocional. Se ele entra desregulado em sala de aula, vai desregular os seus alunos também. Sei que isso é difícil, porque muitas vezes o professor trabalha três turnos por dia. O que pode ser feito nessa realidade é o professor tentar reduzir danos dentro do que é possível de se regular para estar disponível para os alunos. Mas sem políticas públicas também é muito mais difícil, porque vamos encontrar muita resistência, muito bloqueio e muita injustiça. O professor ganha pouco e tem que fazer muitos turnos. Se fossemos construir uma distopia, um professor poderia dar aula em espaços mais verdes, talvez, até mesmo sem parede alguma com dez alunos em cada turma durante a metade do dia. Seria muito mais proveitoso para o professor e para o aluno, mas a realidade é que colocamos 30 alunos dentro de uma caixinha, que são as paredes das salas de aulas, com um professor apenas. 


Resenhando.com - Como pais, mães e educadores podem melhorar os vínculos afetivos com os mais jovens?
Maya Eigenmann - A melhor maneira de aprimorar o nosso vínculo é cuidando dos nossos trabalhos, porque, na verdade, o que me impede de criar um vínculo saudável são as minhas sombras, os meus traumas e as minhas feridas. Por esse motivo, interpreto o comportamento da criança como algo perigoso, assim como o exemplo da comida, que a criança deixa o alimento no prato, e se ela chora ou faz birra, entendo que tenho que controlar. Isso gera desconexão. Se não me deixo ativar por esses comportamentos, a conexão permanece e o vínculo afetivo continua também, esse é justamente o “X” da questão.


Resenhando.com - Em que os vínculos fortalecidos entre pais e filhos podem melhorar - para melhor - uma personalidade?
Maya Eigenmann - Na verdade, todos nós nascemos com uma autenticidade, cada um nasce com um eu próprio muito verdadeiro e cada um é diferente. Esse vínculo afetivo, amoroso e respeitoso vai fazer com que não precise maquiar quem sou para existir. Não é que vai melhorar a personalidade, mas uma relação afetuosa e respeitosa vai fazer com que essa criança não tenha que ser outra pessoa para agradar - ela não vai precisar performar para agradar. Ela não tem que mudar a sua autenticidade e a sua essência para que alguém goste dela. Então, não é que vai melhorar, mas vai dar a liberdade da criança ser quem ela é.

Resenhando.com - Em um mundo repleto de intolerância e narcisismo, quais são os benefícios físicos e emocionais de uma relação baseada no afeto?
Maya Eigenmann - A intolerância, o narcisismo e o preconceito vêm da nossa infância na qual não fomos genuinamente amados. Assim, começa a projetar a raiva nas outras pessoas, porque, no fundo, a criança não pode odiar e ter raiva dos pais. Ela vai ter que achar outro objeto e outra pessoa para projetar essa raiva. Uma frase importantíssima da psicóloga espanhola Ivonne Laborda diz: "Quando vivemos criticando os nossos filhos, eles não deixam de nos amar, deixam de amar a si próprios". Eles vão começar a não gostar de si mesmos e projetar essa raiva em outras pessoas.

Resenhando.com - A revolução que o mundo de hoje precisa é pelo amor?
Maya Eigenmann - Sim. É totalmente uma revolução amorosa, porque quando entendemos que é no amor que prosperamos, sentimos segurança e ficamos bem e que dar amor não vai fazer uma criança ficar mal acostumada. Na verdade, dar amor vai construir sua personalidade em termos de poder ser autêntica. Quando entendo isso, crio uma pessoa para ser honesta, amorosa, generosa e que não vai só olhar para o próprio umbigo. Se muitos fizerem isso com os próprios filhos, vamos começar a ter uma pequena revolução acontecendo de fato. Garanta o seu exemplar de "Pais Feridos, Filhos Sobreviventes e como Quebrar Este Ciclo", escrito por Maya Eigenmann, neste link.


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

.: Espetáculo "Veraneio" ganha nova temporada no Teatro Bravos


Montagem escancara desconforto em famílias no pós-pandemia com humor afiado. Foto: Nadja Kouchi
 
O espetáculo "Veraneio" engata nova temporada no Teatro Bravos, em Pinheiros, de 5 a 27 de agosto, com sessões aos sábados, às 21h, e domingos, às 19h. A montagem estreou em janeiro de 2023 no Sesc Ipiranga, e em menos de seis meses já realizou duas temporadas na capital paulista, circulação pelos Sescs de Sorocaba e Santos, e apresentação na Virada Cultural, tendo grande repercussão de público e imprensa. Confira a crítica do espetáculo neste link: "Veraneio" é uma alegoria sobre amor e ódio nas famílias.

A montagem consolida a parceria entre Leonardo Cortez e Pedro Granato, que começou em 2018 com o premiado Pousada Refúgio. O elenco traz como novidade Clarisse Abujamra que se une ao time de Pousada Refúgio formado por Glaucia Libertini, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe, Tatiana Thomé e Leonardo Cortez.

A trama, que revela os desdobramentos tragicômicos de um encontro familiar em uma casa de praia, arrebatou público e crítica quando estreou no Sesc Ipiranga em janeiro de 2023, com ingressos esgotados. O público acompanha o reencontro de Dona Laura e seus três filhos amargurados para celebrarem o aniversário da matriarca, interpretada por Clarisse Abujamra. 

O cenário é a uma casa à beira-mar recém-comprada por uma das filhas, Hercília, decadente apresentadora de televisão e incomodada com a presença da mãe no seu refúgio. Ela e os irmãos, Silvio e Mario Sérgio, estão ansiosos para conhecer o novo e misterioso namorado de Dona Laura, um animado professor de ginástica. A expectativa por esse encontro e as novidades que ele traz afetam a relação familiar.

"Veraneio" é um aprofundamento da pesquisa iniciada para Pousada Refúgio, primeiro encontro da dupla Granato e Cortez, que estreou em 2018 e abordava o desmoronamento dos sonhos e da hipocrisia de dois casais de classe média. A obra foi sucesso de público e crítica e ganhou temporadas em vários teatros de São Paulo também no ano seguinte. 

A peça foi indicada a importantes prêmios para Leonardo Cortez como Shell, APCA e Aplauso Brasil e, entre as distinções de destaque, está a de melhor ator para Maurício de Barros no Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). A história de sucesso das peças não se encerra no teatro: elas já estão sendo adaptadas para o cinema, em parceria com a produtora argentina PBA Cinema, responsável pela produção do filme “Medianeras”.

Assim como a antecessora, Veraneio trabalha um texto contemporâneo para refletir não só sobre os efeitos do isolamento e do afastamento das famílias, mas também do novo desafio que se coloca quando essas pessoas se reencontram com bagagens cheias de traumas, perdas, frustrações e angústias. 

O texto coloca o espectador e a sociedade no espelho, pois sua construção e suas referências estão muito ligadas às angústias vividas pelos brasileiros nos últimos anos, atravessando não só uma crise sanitária, mas turbulências políticas e econômicas. Apesar da carga dramática e emocional que essa discussão pode despertar, a peça também quer provocar pelo humor. 

Tudo é retratado por meio de diálogos ágeis e afiados, que marcam o estilo do dramaturgo, com a sensação de desestabilização das personagens. Inclusive a escolha do título da peça está ligada a essa intenção provocadora, esclarece Cortez, autor reconhecido no teatro por sua sensibilidade para tratar cotidianos e incômodos brasileiros. Além da vasta carreira na dramaturgia, ele fez sua estreia no cinema com o filme Down Quixote no Festival do Rio este ano.


Sinopse
O aniversário da mãe é o mote para o reencontro familiar com três filhos amargurados. Todos estão ansiosos por conhecer o novo namorado que a mãe conheceu na praia durante a pandemia. Os dilemas e agonias do mundo pós pandêmico se misturam com a descoberta do amor na melhor idade.


Ficha técnica:
Espetáculo "Veraneio". Idealização: Leonardo Cortez e Pedro Granato. Texto: Leonardo Cortez. Direção: Pedro Granato. Elenco: Clarisse Abujamra, Glaucia Libertini, Leonardo Cortez, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe e Tatiana Thomé. Cenário e Adereços: Diego Dac. Iluminação: Beto de Faria. Figurino: Anne Cerutti. Cenotécnico: Roberto Tomasim. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: Jade Mascarenhas. Assistente de Figurino: Luiza Spolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção Executiva: Carolina Henriques. Direção de Palco: Diego Dac. Técnicos de Palco: Victor Moretti e Roberto Tomasim. Técnico de Luz: Ariel Rodrigues e Beto de Faria. Técnica de Som: Julia Terron. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Video e Edição de Conteúdo: Carolina Romano. Fotos de cena: Nadja Kouchi. Fotos Material Gráfico:Roberto Brilhante. Design Gráfico: Lucas Sancho.  Direção de Produção: Jessica Rodrigues. Realização: Jessica Rodrigues e Pequeno Ato.


Serviço:
Espetáculo "Veraneio". Temporada: de 5 a 27 de agosto. Sábados, às 21h. e domingos, às 19h. Exceto dia 13 de agosto. Ingressos: R$ 80 e R$40,00. Vendas on-line https://www.sympla.com.br/Duração: 110 minutos. Classificação: 14 anos. Teatro Bravos – Rua Coropé, 88 - Pinheiros, São Paulo – SP. Telefone (11) 99008-4859. Bilheteria física: De terça à domingo das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo. Capacidade: 611 lugares. Acessibilidade.


Ficha técnica
Idealização: @leonardofcortez e @pdgranato. Texto: @leonardofcortez. Direção: @pdgranato. Elenco: @clarisse_abujamra , @glaucialibertini , @leonardofcortez , @mauricio_de_barros , @silviorestiffe e @tatiana_thome. Cenário e adereços: @digodac. Iluminação: @beto77. Figurino: @annecerutti. Cenotécnico: @robertocenotecico. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: @jademasc. Operação de som: @terrrrrron. Assistente de figurino: @lluizaspolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção executiva: @carol_m_henriques. Video e edição de conteúdo: @_carolinaromano. Direção de palco: @digodac. Técnicos de palco: @vmoretti_ @robertocenotecnico. Técnico de Luz: @beto77. Assessoria de Imprensa: @abalsanelli. Fotos espetáculo: @nadjakouchi. Fotos material gráfico: @betojpeg. Design gráfico: @lucasancho. Direção de produção: @_jazzrodri. Realização: @_jazzrodri e @pequenoato. 

sexta-feira, 21 de julho de 2023

.: Crítica: "Veraneio" é uma alegoria sobre amor e ódio nas famílias


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Há muita humanidade, e a ausência desse sentimento, nas relações humanas mostradas em "Veraneio", exibido na semana passada no Sesc Santos, que nesta sexta-feira, dia 21 de julho traz "Frida - Viva La Vida", mais informações neste link - e agora em cartaz no Teatro Bravos. O espetáculo dirigido por Pedro Granato e escrito por Leonardo Cortez, que atua na peça, trata de pessoas que se amam e não conseguem conviver porque estão tão envolvidos em suas vidas que já não há mais espaço para nada. Em alguns momentos, parecem se odiar, e que o confronto vai explodir a qualquer momento. O espetáculo celebra esses sentimentos antagônicos como uma espécie de ode. 

O pano de fundo é o aniversário da matriarca da família, interpretada por Clarisse Abujamra, uma atriz que dá um toque de delicadeza e sofisticação em todos os projetos em que se envolve. A personagem interpretada por ela reúne os filhos sob o pretexto de comemorar o aniversário para apresentar o novo namorado. No primeiro momento, há a apresentação dos personagens - todos sobreviventes da pandemia de covid-19. Todos interagem entre si, mas ninguém conversa, muito menos se interessa pelo outro. Estão muito envolvidos em seus próprios dramas pessoais. 

Em um texto sensível, todos se destacam, como uma espécie de engrenagem em que ninguém é dispensável. Mas é com a chegada de Rubinho, o namorado da matriarca, que o espetáculo ganha cor. Ele entra na história para remexer as estruturas da família, que já estão danificadas. É um personagem incisivo e extremamente carismático, feito sob medida para o talento do ator Maurício de Barros, que sabe, como ninguém, tirar boas risadas - até mesmo em uma atmosfera tão pesada.

Todos os atores têm bons momentos e, em determinado momento, o foco gira em torno de cada um deles. Sílvio Restiffe, como o filho depressivo, Tatiana Thomé, como a esposa magoada, Glaucia Libertini, como a filha egocêntrica e rica, uma atriz extremamente carismática e engraçada - principalmente quando se mostra indignada ao descobrir os segredos da mãe. Leonardo Cortez, autor desse texto repleto de tanto material humano, brilha como o filho piadista que esconde uma dor profundal.

Todos fazem a dinâmica deste espetáculo evoluir até o ponto de colisão. Eles representam tipos para tratar da alegoria da vida e apertam o público até a reflexão. É um espetáculo que, além de colocar o dedo nas feridas e em assuntos sensíveis a qualquer família, também aborda a hipocrisia e a descoberta da sexualidade durante a velhice. São assuntos pertinentes e há, com isso tudo, a direção certeira de Pedro Granato - neste espetáculo milimetricamente pensada para não poupar ninguém. É como diz o velho ditado: uma mãe pode cuidar de dez filhos, mas dez filhos não conseguem cuidar de uma mãe. "Veraneio" é uma pancada que começa parecendo inofensiva, mas não há como sair ileso.

Ficha técnica:
"Veraneio" no Teatro Bravos. 
Idealização: Leonardo Cortez e Pedro Granato. Texto: Leonardo Cortez. Direção: Pedro Granato. Elenco: Clarisse Abujamra, Glaucia Libertini, Leonardo Cortez, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe e Tatiana Thomé. Cenário e Adereços: Diego Dac. Iluminação: Beto de Faria. Figurino: Anne Cerutti. Cenotécnico: Roberto Tomasim. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: Jade Mascarenhas. Assistente de Figurino: Luiza Spolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção Executiva: Carolina Henriques. Direção de Palco: Diego Dac. Técnico de Luz: Ariel Rodrigues e Beto de Faria. Técnica de Som: Jade Mascarenhas. Assessoria de Imprensa: Flavia Fusco. Fotos e Registro em Vídeo: Nadja Kouchi. Direção de Produção: Jessica Rodrigues. Realização: Contorno Produções e Pequeno Ato.


Serviço
"Veraneio" no Teatro Bravos. 
Duração: 80 minutos. Classificação: 14 anos. Gênero: tragicomédia. Temporada: De 5 a 27 de agosto - Sábados às 21h e domingos às 19h. Exceto dia 13 de agosto. Ingressos: R$ 80 e R$ 40.Vendas on-line https://bileto.sympla.com.br/event/85186Horário da bilheteria: de terça à domingo das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo. Formas de Pagamentos aceitas na bilheteria: Aceitamos todos os cartões de crédito, débito e dinheiro. Não aceitamos cheques. Local: Teatro Bravos. Rua Coropé, 88 – Pinheiros. Complexo Aché Cultural, entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais. Abertura da casa: 1 horas antes do espetáculo. Café no 3º andar. Capacidade da casa: 611 lugares Acessibilidade para deficiente físico e obesos. Estacionamento: MultiPark - R$ 39,00 (até 3 horas).

sábado, 15 de julho de 2023

.: Crítica: fenômeno pop, "Alguma Coisa Podre" é um grito parado no escuro


Rivais na ficção, Marcos Veras e George Sauma brilham no espetáculo que revela ao público o melhor de suas interpretações. Foto: Caio Gallucci

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

"Há algo de podre no reino da Dinamarca". Essa frase de "Hamlet", escrita há mais de 400 anos por William Shakespeare, dá o tom de "Alguma Coisa Podre", mais que um musical, um fenômeno pop, que está em cartaz até dia 6 de agosto no Teatro Porto. Há um momento sublime no fenômeno espetáculo, que é nítido - e ao mesmo tempo, chocante - ao público. É quando Marcos Veras canta pela primeira vez e entoa uma canção que parece sair de um espaço sutil entre a alma e o inatingível. Como um grito parado no escuro. 

É algo que que, aparentemente, estava escondido durante muito tempo ou que somente poucos, os íntimos, conheciam. Esqueçam tudo o que já se sabe sobre ele, toda a trajetória de sucesso e toda a fama conquistada na televisão. É no teatro, mais precisamente no momento da primeira música que ele canta no espetáculo, é que se enxerga o artista como um todo em um momento de glória. É algo grandioso porque mistura sensibilidade, entrega e muita exposição. 

Sob a direção competente de Gustavo Barchilon, o quadro pintado por Marcos Veras na pele de Nick do Rêgo Soutto remete a Stephen Dedalus, alter ego literário de James Joyce no romance "Retrato de Um Artista Quando Jovem", que mostra um jovem em busca de identidade, seja ela artística, política ou pessoal. É esse encontro do artista com a sua arte que costura todo o espetáculo pautado pelos bastidores fictícios da escrita de "Hamlet", peça teatral mais célebre de William Shakespeare, escrita há mais de 400 anos. Ou, na ficção, a história de como surgiu o primeiro espetáculo do teatro musical.

Essa é a premissa de "Something Rotten" nome original do musical escrito por Karey Kirkpatrick e John O’Farrell com músicas de Karey e Wayne Korkpatrick, cuja versão brasileira é assinada por Claudio Botelho. Além do protagonista Marcos Veras, destacam-se vários artistas. Faz contraponto com ele o comediante George Sauma, explêndido no papel de um afetadíssimo William Shakespeare, em uma interpretação que soa como uma homenagem a Ney Latorraca nos tempos de "Vamp". Histriônico, provocativo, megalomaníaco e imenso no palco como o personagem requer. Mas nessa mistura de referências também há um George Sauma no seu auge artístico.

Todas as interpretações fazem de "Alguma Coisa Podre" um espetáculo delicioso. Laila Garin, indiscutivelmente uma sumidade no teatro, interpreta a esposa de Veras que busca, enquanto mulher na era da Renascença, um lugar no mundo. É um papel leve, que destaca todo o carisma da artista, em um musical que segue em um crescente para um final épico. Bel Lima, que já se destacou em "Pippin" (crítica neste link), brilha como a doce Portia, ao lado de Leo Bahia, Nigel do Rêgo Soutto. No teatro, eles formam um casal que esbanja química e grandes momentos deste musical.

Sempre carismática e com uma voz que acolhe e encanta, Bel Lima vem se destacando como um dos grandes nomes do teatro musical e merece cada vez mais atenção. Wendell Bendelack, como o vidente  Nostradamus, e Rodrigo Miallaret, como o irmão Jeremias, aparecem em interpretações memoráveis e completam a experiência desse espetáculo que têm algo a mais.

"Alguma Coisa Podre" é solar, para cima e não perde a energia em um só momento - nem quando a ação se passa no segundo ato, quando os espetáculos tendem a cair. Há músicas muito boas e chega a ser irônico que um espetáculo que marca o período da renascença marque, de alguma maneira, o renascimento do teatro depois de uma pandemia em que a arte respirava sobre aparelhos. "Alguma Coisa Podre" é o teatro voltando a lotar mas, sobretudo, é o Brasil voltando a sorrir.

Ficha técnica:
"Alguma Coisa Podre". 
Elenco: Marcos Veras (Nick do Rêgo Soutto). Leo Bahia (Nigel do Rêgo Soutto). George Sauma (Shakespeare). Wendell Bendelack (Nostradamus). Rodrigo Miallaret (Irmão Jeremias). Bel Lima (Portia). Participação especial de Laila Garin (Bea). Produtores Executivos: Renata Borges e Thiago Hofman. Direção Artística: Gustavo Barchilon. Versão Brasileira: Cláudio Botelho. Coreografia/Direção Movimento: Alonso Barros. Direção Musical: Thiago Gimenes. Figurino: Fábio Namatame. Cenário: Duda Arruk. Design de Som: Tocko Michelazzo e Gabriel Bocutti. Design de Luz: Maneco Quinderé. Visagismo e Perucaria: Feliciano San Roman. Diretora Residente: Vanessa Costa. Assessoria de Imprensa: Trigo Casa de Comunicação. Marketing Cultural: R+Marketing. Fotógrafo: Caio Galucci. Direção de Arte: Gustavo Perrella. Gestão de Projetos: Natalia Egler.


Serviço:
"Alguma Coisa Podre".
Até dia 6 de agosto. Sextas, às 20h. Sábados, às 16h e 20h. Domingos, às 15h e 19h. Ingressos: Plateia: R$ 250 (inteira)/ R$125 (meia-entrada). Balcão e frisas: R$150/ R$75 (meia-entrada). Balcão preço popular R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (meia-entrada). Duração: 130 minutos. Classificação: 14 anos. Link vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/82003


Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos - São Paulo. Telefone (11) 3366.8700. Bilheteria: aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração. Clientes Porto Seguro Bank mais acompanhante têm 50% de desconto. Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto. Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto. Capacidade: 484 lugares. Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners). Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos. Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

.: Crítica: "O Guarda Costas - O Musical" consegue ser melhor que o filme

Leilah Moreno brilha no papel de sua vida no teatro. Última apresentação de "O Guarda-costas - O Musical" será neste domingo, no Teatro Claro SP. Foto: Foto: Helena Mello

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Mais do que um espetáculo, "O Guarda-costas - O Musical" é uma celebração à música e à memória de Whitney Houston e pode ser visto até este domingo, dia 11 de junho, no Teatro Claro SP. A montagem brasileira do espetáculo, produzida pela 4ACT e dirigida por Ricardo Marques e Igor Pushinov, consegue a proeza de ser melhor que o filme da década de 90 que o inspirou. Grande parte do mérito disto acontecer é a entrega da protagonista, interpretada por Leilah Moreno, que nasceu para o papel. 

Intérprete da personagem principal, ela está entregue e devora tudo o que vem pela frente em mais de duas horas que parecem minutos. Encantado com o que a artista promove a partir da voz e do talento da artistas, o público não vê o tempo passar. Parece que Leilah Moreno, na pele de Rachel Marron, tem o poder de parar o tempo. Não há outra atriz no mundo capaz de interpretar um papel que foi de Whitney Houston como faz Leilah Moreno neste espetáculo.

Caloura do programa Raul Gil há 20 anos, quando ele ainda estava na Record TV, e vocalista da banda "Altas Horas", de Serginho Groisman na TV Globo, ela dá a impressão de que se preparou para o papel a vida inteira, até mesmo antes de saber que ele viria. E o que se vê no palco vai além de uma artista interpretando o papel de sua vida: é uma mulher realizando um sonho. 

No espetáculo, personagem e intérprete se misturam de uma maneira muito delicada e bonita. Sorte a do mundo ter presenciado uma voz como Whitney Houston para ouvir. Sorte a dos brasileiros terem Leilah Moreno para representá-la e, também, ser a artista que é, já que não se atém apenas a covers na produtiva carreira que mantém desde que estreou na televisão como um jovem promissora.

O musical não se atém às músicas do filme. Há, também, um compilado de hits da própria Whitney Houston, como "Greatest Love of All", "How Will I Know", "One Moment in Time" e "I Wanna Dance With Somebody", grandes sucessos da intérprete internacional, que não estão na trilha do longa-metragem, mas fazem total sentido estar na trilha da peça - além de o público gostar de ouvir, também foram em parte responsáveis para que Whitney Houston fosse convidada para o papel devido ao sucesso que tiveram quando foram lançados. No final, "O Guarda-Costas - O Musical" também pode ser visto como um grande show que homenageia uma artista imortal.

O espetáculo não faz apostas ousadas, o que é ótimo, e há pouquíssimas versões em português das canções do filme - que são boas, mas que talvez pudessem soar como "blasfêmias" a uma obra que não precisa ser mexida. As versões, quando aparecem, começam no idioma original. Não há muitas trocas de cenário, mas há muitos figurinos usados por Leilah Moreno. Eles fazem questão de lembrar o porquê de a personagem Rachel Marron ser tão emblemática até hoje no mundo do cinema.

Outro destaque é Talita Cipriano, finalista da terceira temporada do "The Voice Kids" há cinco anos. Agora uma jovem adulta, ela encara o desafio de interpretar o papel de Nicki, a irmã invejosa de Rachel - no espetáculo, no entanto, bem mais profunda e "boazinha" do que no filme - já que dá para entendê-la e, em partes, torcer por ela. São dela alguns dos grandes momentos do espetáculo.

Fabrizio Gorziza, que interpreta o segurança Frank Farmer, papel que pertenceu a Kevin Costner no filme. O guarda-costas brasileiro é extremamente carismático e dá humanidade a um personagem que é bem mais desafiador do que aparenta por ser tão seco. É muito coerente, também, o personagem não cantar - o que seria estranho dentro de todo o contexto. Isso só acontece em um momento engraçadinho do musical: quando ele canta desafinadamente “I Will Always Love You” em um karaokê.

Isso dá ainda mais sentido ao ponto alto do espetáculo, na grand-finale que todos esperam. Depois de passar pelos clássicos do longa-metragem “Run to You” e “I Have Nothing”, a protagonista relembra a música que foi cantada para ela, despretensiosamente, na noite do primeiro encontro, em um karaokê.  

Vinicius Conrad, o stalker do espetáculo, é realmente assustador. No papel do filho de Rachel, o menino Pedro Galvão, como Fletcher une momentos de fofura e talento nato a um espetáculo perfeito e sem pontas soltas. Tudo em "O Guarda-costas - O Musical" é natural, embora se saiba que foi exaustivamente ensaiado. O mérito de não deixar perceber o trabalho duro por traz dessa naturalidade é mérito de todos os envolvidos em um espetáculo desse porte. Nada parece forçado ou piegas.

"O Guarda-costas - O Musical" é uma celebração à vida, ao amor, ao cinema e, principalmente ao teatro. Pena que a última apresentação será na véspera do Dia dos Namorados no Brasil, embora a antecipação da data possa levar alguns casais a mais para assistir a esse, que é o espetáculo do ano.


Ficha técnica
"O Guarda-Costas - O Musical"
Equipe criativa. Diretor: Ricardo Marques. Diretor associado: Igor Pushinov. Diretor musical: Paulo Nogueira. Coreografo: Tutu Morasi. Cenário: Rogério Falcão. Visagista: Antonio Vanfill. Figurino: Bruno Oliveira. Desenho de som: Marcelo Claret. Desenho de luz: Rogério Cândido. Desenho de luz associado: Marcel Rodrigues. Assistente de coreografia/Coreógrafa residente: Victoria Ariante. Assistente de direção musical: Roniel de Souza. Versão brasileira: Sofia Bragança Peres, Silvano Vieira e Ricardo Marques. Produtor de objetos: Clau Carmo.

Equipe de Stage
Production Stage Manager (PSM): Tatah Cerquinho. Stage manager: Vivian Rodrigues. Stage manager: Renatinho.

Equipe de produção
Gerente de produção: Bia Izar; Produtora administrativa: Juliana Lorensseto. Produtor: Clayton Epfani

Equipe de comunicação
Produtora de conteúdo: Marilia Di Dio. Assessoria de imprensa: Pombo Correio. Agência de comunicação: AR Propaganda.

Elenco
Leilah Moreno (Rachel Marron). Fabrizio Gorziza (Frank Farmer). Talita Cipriano (Nicki). Pedro Galvão (Fletcher). Marcelo Goes (Bill). Vinicius Conrad (Stalker). Nalin Junior (Tony). Victor Barreto (Sy Spector) Alvaro Real (Ray Court). Back'n vocal: Daiana Ribeiro. Ensembles: Mari Saraiva,Danilo Coelho, Jefferson Felix, Leandro Naiss, Lucas Maia, Maik Soares, Raquel Gattermeier, Fernanda Salla, Josemara Macedo, Thaiane Chuvas. Swings: Vicky Maila e Lucas Teodoro.

Orquestra
Maestro / Pianista 1: Paulo Nogueira. Pianista 2: André Repizo. Segundo Regente / Pianista 3: Roniel de Souza. Reed: Chiquinho de Almeida. Trompetista: Bruno Belasco. Baterista: Douglas Andrade. Percussão: Wagner Gusmão. Baixista: Mauro Domenech. Guitarrista 1: Thiago Lima. Guitarrista 2: Lucas Fragiacomo. Pianista (ensaio): Roniel de Souza e André Luz Coletti. Produção: 4ACT Performing Arts.


Serviço
"O Guarda-Costas - O Musical"
Temporada até 11 de junho de 2023. Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia/São Paulo. Capacidade: 799 pessoas Site: teatroclarosp.com.br. Classificação: 12 anos. Duração: 125 minutos. Acessibilidade. Ar-condicionado. Sessões: quinta e sexta-feira, às 21h. Sábado, às 17h30 e 21h. Domingo, às 19h. Ingressos: de R$ 50 a R$ 200. Obs.: confira legislação vigente para meia-entrada. Canais de venda oficiais: www.sympla.com.br - com taxa de serviço. Bilheteria física - sem taxa de serviço. Teatro Claro (Shopping Vila Olímpia). De segunda-feira a sábado, das 10h às 22h. Domingos e feriados, das 12h às 20h. Telefone: (11) 3448-5061.

  


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quarta-feira, 7 de junho de 2023

.: #Resenhando20Anos: Entrevista com Marina Elali, cantora e compositora

No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completou 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos ainda estão atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. Realizada em novembro de 2005, a entrevista com a cantora e compositora Marina Elali, marcou a história do Resenhando.com.


"O mais importante é que todas as cantoras têm uma coisa em comum, o amor pela arte, pela música"Marina Elali

Por Helder Moraes Miranda, em novembro de 2005.

Uma das grandes estrelas da MPB da nova geração, Marina de Souza Dantas Elali falou com exclusividade ao Resenhando e, mais importante que isto, respondeu as perguntas de fãs de todo o Brasil. As impressões que ela deixou são as melhores: muito receptiva, expansiva, simpática, talentosa, inteligente, linda e rodeada por uma equipe competente, que facilitou nosso contato com ela.

Marina Elali, que recentemente lançou o primeiro CD com selo da Som Livre que leva o nome dela, demonstrou ser mais que uma cantora, mas também um ser pensante no mundo da música. Não há dúvida que ela está preparada para ser a diva da música da nova geração, em um período de entressafra para o lançamento de grandes cantoras, já que estamos em um período que a maioria das carreiras musicais, seja bandas ou novos nomes, é efêmera.

Pudera, para quem desconhece suas origens, é bom alertar: não é apenas um rostinho bonito, tem conteúdo, bagagem: estudou música no Berklee College of Music, uma das mais conceituadas escolas do mundo, situada nos EUA. Além disso, a moça em questão é neta de José Dantas, mais conhecido como Zédantas, parceiro do rei do baião Luiz Gonzaga e um dos compositores mais importantes da música brasileira, que tem em sua trajetória composições como "A dança da moda", "A volta da asa branca" e "Riacho do navio".

Todo este sucesso não é apenas sorte de principiante: a jovem cantora, que antes de ficar famosa em todo Brasil já tinha fã-clube em Natal, contabiliza cerca de 300 shows e já cantou ao lado de gente de peso, como Nana Caymmi, Gal Costa, Zeca Baleiro e Agnaldo Rayol.

Aos quatro anos, Marina Elali ficou encantada com a música clássica que era tocada durante suas aulas de balé, mas descobriu a música pop ao assistir um vídeo de Madonna. Sua estréia como cantora, porém, aconteceu em sua festa de debutante, quando completava 15 anos. Entre os convidados, estava um produtor musical de Natal, que a convidou para abrir um show do cantor Fagner.

Depois disto, Marina foi estudar música nos Estados Unidos. Em Boston, passou por três anos de aulas de canto e teoria. De volta ao Brasil, participou de programas da Rede Globo, como "A turma do Didi" e a novela "O clone". No cinema, atuou como atriz no filme "Maria, mãe do filho de Deus". A nós, meros mortais, resta dizer: "Canta, potiguar, canta!".

  
Resenhando.com - Como você analisa o cenário da música brasileira atualmente?
Marina Elali - Recentemente eu participei da Festa Nacional da Música em Canela- RS, e Fiquei muito feliz ao saber durante um debate, que aproximadamente 76% dos discos vendidos no Brasil são de artistas brasileiros, o que nos mostra que a nossa música está em alta.


Resenhando.com - Ser uma ex-participante de reality show abre ou fecha mais portas? Você já sofreu alguma discriminação em sua carreira por isto? Qual sua concepção sobre o preconceito?
Marina Elali - Participar do Fama Três deu mais visibilidade à minha carreira, tornei-me conhecida nacionalmente e muitas portas se abriram. E em relação a discriminação, eu nunca tive nenhum problema. Pelo contrário, só aconteceram coisas boas na minha carreira depois do programa.


Resenhando.com - Você foi uma das poucas ex-participantes de todas as edições do programa Fama que não caiu no ostracismo. Qual o segredo? Pode apontar quais são os erros dos outros participantes, de acordo com seu ponto de vista?
Marina Elali - Fazer sucesso, permanecer na mídia, é muito difícil. A carreira artística, na minha opinião, deve ser trabalhada pouco a pouco, com metas, objetivos, Ideais. Acho que não há receita para uma carreira promissora, o cantor precisa ter muita disposição, amor pela música, ter força de vontade e batalhar muito pelo seu ideal. Agrupar tudo isso é difícil e muita gente, mesmo talentosa, acaba abandonando o sonho no meio do caminho. Persistência talvez seja a palavra chave.


Resenhando.com - Algumas pessoas questionam o critério de seleção do FAMA ao afirmar que a maioria dos participantes é "carta marcada" ou entra por indicação de alguém. O que tem a dizer sobre isto?
Marina Elali - Acredito que algumas pessoas façam teste e que outras sejam indicadas. As pessoas que participaram comigo do Fama Três são muito talentosas e na minha opinião mereceram participar do programa.


Resenhando.com - Qual lembrança mais marcante que tem de sua participação no Fama? Como eram os bastidores do programa?
Marina Elali - Fiquei muito emocionada ao cantar "Atrás da porta", de Chico Buarque, justamente no dia do aniversário dele. Gosto muito dessa música e me entreguei na interpretação. Quanto aos bastidores, como tínhamos atividades durante todo o tempo, não sobrava muito espaço para o lazer, o bate-papo. Quando nos reuníamos para as refeições o momento era de descontração e muito incentivo.


Resenhando.com - Como foi o processo de escolha do repertório de seu primeiro CD?
Marina Elali - Na verdade eu passei quase dois anos trabalhando no meu primeiro disco. Em 2003 comecei a escolher o repertório, gravei algumas canções e continuei pesquisando, ouvindo e compondo até o último mês de gravação. Estou muito feliz com o resultado final deste trabalho.


Resenhando.com - Você inseriu no repertório do CD um grande sucesso da cantora Rosana "O amor e o poder", qual a razão?
Marina Elali - Essa história é legal. Quando eu estava no Fama Três, uma de minhas apresentações foi com esta música. Quando saí, do Fama as pessoas me paravam na rua para falar que adoraram minha interpretação. Recebi inúmeros e-mails, telefonemas e cartas. Em todos os shows o público falava: - Marina, cante "a deusa". Esta música está no meu CD porque meu público me incentivou a gravá-la e é, sem dúvida, uma das faixas do disco que eu mais gosto.


Resenhando.com - Por ser bonita, você deve ter recebido inúmeros convites para estrelar ensaios sensuais. Alguma revista masculina já lhe convidou para posar nua? Qual a sua opinião sobre o assunto? Você faria um ensaio deste tipo?
Marina Elali - Não recebi nenhum convite para estrelar ensaios sensuais. Minha concentração está voltada, única e exclusivamente, para a minha carreira como cantora.


Resenhando.com - Quais cantoras a influenciaram a lutar para seguir a carreira adiante?
Marina Elali - Quando eu assisti pela primeira vez ao vídeo da cantora Madonna, tive a certeza absoluta do que eu queria para mim: o palco. Mas eu sou bem eclética, gosto de Zizi Possi a Celine Dion. Em cada artista consigo admirar um potencial. Gosto muito de Mariah Carey, Daniela Mercury, Sade, Alicia Keys, Britney Spears, Christina Aguilera, Ivete Sangalo...


Resenhando.com - Já foi convidada para gravar duetos? Com quem você gostaria de gravar?
Marina Elali - Nunca gravei um dueto, mas tive uma experiência maravilhosa no início de minha carreira. Eu estava cantando "Con te partiró', e de repente, Agnaldo Rayol subiu ao palco para cantar comigo. Foi um dueto improvisado, mas muito marcante para mim. Gostaria de gravar com tanta gente... Alexandre Pires, Gabriel o pensador, Jorge Vercilo, Brian Mcknight, Lionel Richie, Sting, George Michael... E por aí vai a lista.


Resenhando.com - Qual a música de seu primeiro CD que você prefere? E se você pudesse escolher, qual seria a canção de trabalho depois de "Mulheres Gostam"? Que música gostaria de interpretar e gravar em seus próximos trabalhos?
Marina Elali - Ai, que difícil! Adoro "Vem dançar", "Só por você", "Conselhos", "Vem vem", "Hipnotizar você", que é composição minha com Lincoln Olivetti. Deixa eu parar senão vou acabar colocando as 14 faixas do CD... Paralelamente à música "Mulheres gostam", que estamos trabalhando, "Você", de Roberto e Erasmo Carlos também está com excelente aceitação, até mesmo porque faz parte da trilha sonora da novela América, da Rede Globo, tema do casal Sol e Tião.


Resenhando.com - Pretende lançar DVD? Pode nos adiantar detalhes?
Marina Elali - Com certeza. Adorei a experiência de gravar meu primeiro videoclipe. A música, "Mulheres gostam", pedia um cenário sensual e mágico, e assim foi, filmamos tudo em Natal, em várias locações, uma mais bonita do que a outra, foi uma semana inesquecível. Sobre o DVD não posso adiantar detalhes porque na verdade eu ainda não comecei este projeto, mas é um sonho que pretendo realizar o mais rápido possível. Sem falar que os meus fãs já estão me cobrando. Mas acredito que tudo tem seu tempo e acho que agora é o momento de divulgar o meu primeiro disco. Na hora certa, vou lançar meu DVD.


Resenhando.com - Acredita estar preparada para a carreira internacional? Se tivesse que escolher entre a carreira no Brasil ou no exterior, qual seria a opção?
Marina Elali - É interessante como várias pessoas já me perguntaram sobre carreira internacional e esta pergunta me deixa feliz, surpresa e um pouco assustada. Confesso que é um grande sonho representar o nosso país em outros países do mundo. Se eu estou preparada? Se um dia surgir uma oportunidade não vou pensar duas vezes, vou encarar como mais um trabalho profissional, vou dar o melhor de mim como eu sempre faço, mas nunca vou deixar de ser uma cantora brasileira.


Resenhando.com - Por ser uma cantora de estilo popular, têm receio de ser rotulada de brega?
Marina Elali - Acho que o artista não deve se preocupar com quem não gosta ou critica o trabalho dele, deve se preocupar em ser um bom profissional, deve respeitar seus fãs e ser sincero em tudo que faz.


Resenhando.com - Conhecendo os bastidores, o que pensa atualmente sobre fazer parte do meio artístico? Existe rivalidade?
Marina Elali - Estou entrando no meio artístico agora, mas acho que sempre existe um lugar ao sol para todos. Rivalidade ocorre em qualquer profissão.


Resenhando.com - Como é sua relação pessoal com outros cantores e grupos? Com quais bandas e cantores você tem laços de amizade mais estreitos? Rola muito assédio?
Marina Elali - Como respondi na pergunta anterior estou começando agora e ainda não conheço muitos artistas. Na Festa Nacional da Música tive a chance de conversar com alguns ídolos meus, e o que me deixou mais feliz foi perceber que estes cantores e músicos que eu sempre fui fã hoje me respeitamcomo cantora. Recebi elogios de Elba Ramalho, por exemplo, não dá nem pra explicar. O assédio às vezes rola, tem que saber lidar, afinal de contas faz parte, né?


Resenhando.com - Durante as turnês, como você lida com a distância da família?
Marina Elali - Aos 17 anos, saí de Natal para morar nos Estados Unidos, onde fui estudar música. A saudade que eu sentia de minha família era imensa. Depois, de volta ao Brasil, para seguir a carreira de cantora, fui para o Rio de Janeiro, novamente sozinha. Então, acabei me acostumando com a distância. agora, que lanço meu CD, e que quero rodar o Brasil com meu show, a separação é inevitável, mas sei que meus pais, meu irmão, meus avós queridos e todos os meus familiares saberão compensar este afastamento toda vez que nos encontrarmos. Família na vida da gente é tudo.


Resenhando.com - Quais são seus ídolos na música e quais bandas novas merecem destaque hoje?
Marina Elali - Madonna, Mariah Carey, Daniela Mercury, Michael Jackson, Sting, Lionel Richie, Djavan, Zizi Possi, Jennifer Lopez, Britney Spears, Christina Aguilera, Phill Collins, Alicia Keys, Celine Dion, Laura Pausini, Gabriel o Pensador, Sade, Sarah McLachlan. Na verdade ouço mais cantores do que bandas, gosto de Maroon 5.


Resenhando.com - Além de cantar, você pretende investir na dramaturgia? 
Marina Elali - Durante quase cinco anos fiz aulas de teatro, sempre gostei da arte de interpretar. E fiz também aulas de atuação no Emmerson College - Boston/EUA. No palco, isso me ajuda. Já participei, cantando, de dois filmes "Didi - o Cupido Trapalhão" e "A Fronteira", e fazendo uma pequena participação em "Maria - a mãe do filho de Deus". Adorei. Também fiz uma participação na novela "O Clone", da Globo. Fui cantar e dançar na fictícia boate Nefertiti. Mas nesse momento estou apenas pensando em minha carreira como cantora, e o palco me dá a oportunidade de atuar, dançar e interpretar ao mesmo tempo.


Resenhando.com - Pode falar sobre sua infância? O que lia e escutava?
Marina Elali - Durante a minha infância fiz aulas de ballet, piano, participei de coral, de grupo de teatro, desfilei, estudei outros estilos de dança, fiz tudo que deu tempo. Gostava de ouvir música clássica, e na verdade sempre gostei mais de ouvir do que de ler, portanto me lembro mais dos meus discos do que dos meus livros. Recebi uma bagagem cultural de minha família que foi primordial para meu amadurecimento. Sou neta de Zédantas, que foi o parceiro de Luiz Gonzaga, então, fui criada, desde pequenininha, nesse meio artístico. Embora eu não tenha, infelizmente, conhecido meu avô, minha avó Iolanda sempre fez questão de apresentar-me toda a herança cultural deixada por ele. Por outro lado, meu pai é palestino e fui apresentada à música e à dança árabe ainda muito jovem. Sou apaixonada por ritmos, estilos, e tudo o que toca o meu coração passa a fazer parte de meu repertório, seja para cantar ou somente ouvir.


Resenhando.com - Como foi despertado o gosto pela música?
Marina Elali - Ih! Faz tempo. Desde pequenininha eu já demonstrava que seguiria a carreira artística. Aos três anos eu fazia aulas de dança, balé clássico. Depois passei a cantar no coral do colégio, fiz piano clássico e ouvia tudo o que emitia som. Cresci dando valor à música, até mesmo pela forte influência de minha família. Antes de completar 14 anos eu já sabia que minha realização seria o palco, o canto, a voz. Para isso abdiquei de minha juventude em Natal, ao lado da família e dos amigos, e fui estudar música nos Estados Unidos, na Berklee College of Music, de Boston, de onde saí formada.


Resenhando.com - O que diferencia Marina Elali das outras cantoras?
Marina Elali - Não existe uma voz igual à outra, uma pessoa igual a outra, e é isso que torna cada ser humano especial, pois ele é único. Sou diferente das outras cantoras porque todas somos diferentes, e o mais importante é que todas as cantoras têm uma coisa em comum, o amor pela arte, pela música.


Resenhando.com - Que conselho você dá para quem está começando a carreira?
Marina Elali - A nossa carreira é uma carreira linda, porém cheia de dificuldades, e pra enfrentar o lado bom e o ruim é preciso coragem e amor à arte. Estudo e aprimoramento são quesitos fundamentais. Dedicação, força de vontade, profissionalismo e fé também não podem faltar. Boa sorte!

segunda-feira, 5 de junho de 2023

.: #Resenhando20Anos: 33 perguntas para Fernanda Young


No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completou 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos ainda estão atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. A entrevista "33 Perguntas para Fernanda Young" marcou as comemorações dos três anos Resenhando.com.


 33 perguntas para Fernanda Young - "Escrever me salva da esquizofrenia".  – Fernanda Young


Finalmente, a esfinge decifrada: a rainha da literatura brasileira atual fala sobre processo de criação, roteiros, críticos invejosos e porque troca de computador a cada livro que escreve. 

Por Helder Moraes Miranda.  Em junho de 2006. Atualizada em 25 de agosto de 2020.

Mais que ser a profissão do Super-Homem, ser repórter pode propiciar momentos agradáveis e de plena satisfação. Neste contexto, os três anos do Resenhando me fizeram realizar duas grandes ambições: entrevistar ídolos na literatura. A primeira foi Ana Miranda, logo depois de ser contemplada com o seu segundo prêmio Jabuti de literatura, pelo romance “Dias e Dias”, uma biografia romanceada do poeta Gonçalves Dias. Ana se mostrou extremamente doce, receptiva e atenciosa.

Três anos depois, o feito se repete com a escritora Fernanda Young, uma das escritoras mais vendidas e polêmicas do Brasil. Primeiro porque ela contraria toda idealização que se tem a respeito de um escritor –além de jovem, bonita e de se superexpor escrevendo livros, ela ainda protagoniza um programa de TV e é roteirista, juntamente com o marido, Alexandre Machado, do sitcom "Minha Nada Mole Vida" da TV Globo. Segundo porque a crítica é madrasta com seus livros, que nem por isto deixam de encantar os leitores e deixa-los de joelhos diante de seu brilhantismo.

A entrevista seria dada, em um primeiro momento, na ocasião do lançamento do novo livro “Aritmética”, que marcava sua ida para a Ediouro, época em que chegamos a entrar em contato com a assessoria de imprensa da editora. Mas Fernanda Young merecia uma edição especial, como a de três anos do site –data mais que simbólica– e também pela coragem dela expor seus poemas pela primeira vez, no recém-lançado “Dores do Amor Romântico”, também da Ediouro.

Nunca fui dado a idolatria, mas em entrevistas sempre tento me colocar no lugar de fãs e perguntar o que eles querem saber. Essa relação de confiança sempre me favoreceu a tirar, de meus entrevistados, frases de efeito e declarações sinceras. Com esta entrevista, não foi diferente. Desde o primeiro contato, Fernanda foi rápida, atenciosa, e demonstrou boa vontade conosco. Foi um flerte de três anos –mesmo que fosse platônico e não ela soubesse disso– com final feliz. Próximo passo? “Ainda agora, contra todas as minhas vontades, retorno ao meu novo livro. Essa força é maior do que o desejo de desistência. É a força do dharma, deve ser maior do que eu”. Com vocês, a grande estrela da literatura brasileira atual, lírica, dissecada e reveladora para, tal qual Sherazade, encantar a você pelo seu dom da palavra. 


Resenhando.com - O que diferencia a personagem, da mulher Fernanda Young? Qual a linha tênue que delimita o que é realidade e idealização?
Fernanda Young - Creio que parte do que é idealizado é minha responsabilidade. E mesmo o que não é real já me pertence. Uso de artimanhas cênicas para causar um ruído e, às vezes, sou mal-interpretada. Entendo que nem sempre sou capaz de ser clara nas minhas intenções, mas a burrice também tem péssima noção de ironia. O que posso dizer é: quem me conhece na intimidade sofre muito em ter que me defender dos burros. 


Resenhando.com - Escrever é exteriorizar alteregos, brincar de “querido diário” sem adesivos, meninices e sigilo total, ou necessidade vital? 
Fernanda Young - Necessidade vital. Mesmo sem publicar, eu escreveria. Escrever me salva da esquizofrenia.


Resenhando.com - Como, quando e por que você começou a escrever? Acreditava que iria tão longe?
Fernanda Young - Comecei a escrever por volta dos oito anos, logo que fui alfabetizada. Tive muita dificuldade de aprender a escrever. Diziam que eu era disléxica. Hoje em dia, eu sei que não podia aprender, só isso. Mas eu também sabia que seria uma escritora. Eu recitava os meus poemas, sem conseguir escrevê-los. Nunca achei que publicaria um livro. Mas tinha uma idéia romântica de ser descoberta depois de morta. 


Resenhando.com Por que você escreve outros livros dentro de um? Há ansiedade de dissertar sobre vários assuntos ao mesmo tempo, ou existe outro motivo? 
Fernanda Young - Porque não tenho fôlego, ou paciência, de manter uma história apenas.


Resenhando.com Seu programa na GNT é uma espécie de fake reality, com crônicas urbanas que mostram o quanto você pode ficar irritada quando sai de casa. Na real, o que irrita Fernanda Young?
Fernanda Young - Burrice. Burrice para mim é deficiência de caráter. Um burro é, na verdade, um preconceituoso preguiçoso.


Resenhando.com Escrever é visceral? Requer mais transpiração ou inspiração?
Fernanda Young - Transpiração. Inspiração eu tive só até os 17 anos.


Resenhando.com Até que ponto você permite se expor ao escrever? Em determinados momentos, você coloca um limite?
Fernanda Young - Não coloco limites. Posso não publicar. Não mostrar para ninguém. Mas jamais irei me censurar. Escrevo como quero e o que quero. Escrevo para mim. 


Resenhando.com O que é ficção, e o que é autobiografia em seus livros? Para quem escreve Fernanda Young?
Fernanda Young - A minha literatura é um jogo cheio de enigmas. Quando pensam que estou num personagem, estou num outro. Quando parece que é num acontecimento que me revelo, pode ter certeza que estou disfarçando; são nas sutilezas que me escancaro. Escrevo para mim, para a minha irmã, para o Alexandre e mais alguns amigos. Mas jamais me esqueço dos meus leitores. Parece que conheço cada um deles. Sinto-os, diria.


Resenhando.com Algumas pessoas criticam sua postura de apresentar programas, aparecer, dar opiniões polêmicas, porque consideram que a postura de um escritor deve ser de reclusão, envolta em mistério. O que tem a responder sobre isto?
Fernanda Young - Cafonas. São como aqueles que temem beber refrigerante. Há os que acham que celular dá tumores na cabeça. Os que acreditam que televisão seja um demônio. E que o bom escritor é triste, desleixado, magoado. Se eu fosse uma herdeira milionária, talvez ninguém nunca tivesse visto a minha cara. Poderia dar as minhas “opiniões polêmicas” só para os amigos. Mas preciso – e gosto – de fazer televisão.


Resenhando.com A maternidade mudou sua maneira de produzir?
Fernanda Young - Agora, demoro bem mais para escrever um livro. 


Resenhando.com Você disse que, ser bonita, atrapalhava sua vendagem nos livros, no entanto, é uma das escritoras mais vendidas no Brasil. Continua com este pensamento? Por que?
Fernanda Young - Vendo porque faço um “corpo a corpo” enorme. Vou a várias cidades divulgar o meu livro. Dou entrevistas – quando estou em lançamento – para qualquer mídia. Não tenho frescuras. Não sou exigente. Não faço gêneros. Pela literatura, me expus. Fiz tudo para chamar atenção para que lessem os meus livros. Se dependesse da mídia especializada, estaria vendendo exemplares em bares. Vendo muito porque escrevo bons livros e tenho leitores inteligentes. E porque luto por isso. Não tive nenhuma facilidade na vida. As pessoas podem ter a falsa impressão de que a minha vida profissional foi facílima, e foi o contrário. Só que sou determinada. Não estou brincando de ser escritora. Sou grata aos meus leitores. Preciso deles. Vou atrás deles. Então vendo bem. 


Resenhando De toda sua produção literária, qual de seus livros você considera o melhor? 
Fernanda Young - "Aritmética". Porque penei feito uma desgraçada para escrevê-lo.


Resenhando.com Como é o processo de montagem das personagens de seus livros? São inspiradas em pessoas que você conhece, ou frutos de sua imaginação?
Fernanda Young - Alguns personagens são inspirados, mas nunca totalmente. Sou uma escritora de ficção, não uma adolescente que escreve diários.


Resenhando.com O que levou uma escritora bem-sucedida de romances publicar o primeiro livro de poemas? Você sempre os escreveu? Como foi essa produção, a escolha de poemas?
Fernanda Young - Sempre escrevi poemas. Mas são cada vez mais raros. Decidi publicá-los porque tenho a minha carreira de romancista já bem definida. Não poderia deixar de fazer esse convite aos meus leitores. Acho que ler poesia salva um afogado – como bem disse Mário Quintana. Então, estou tentando ajudar e me salvar de ter esses poemas na gaveta, como fantasmas debaixo da cama. A edição foi feita por mim e pelo meu editor Paulo Roberto, o critério foi a qualidade e o tema: amor.


Resenhando.com É verdade que troca de computador quando vai escrever um novo livro?
Fernanda Young - Fico muito tempo com o computador. Esse que uso agora já está quase sem as letras das teclas. Bato com muita força. E preciso estar estimulada. É o meu trabalho. Adoro um novo Mac. E surgem lindas opções, convenhamos. Mas depois do nascimento das meninas tenho sido menos consumista. Esse em que estou escrevendo vem desde o Aritmética. Estou louca para trocá-lo.


Resenhando Que rituais você tem antes de escrever?
Resenhando.com - Tento estar bonita. Preciso acreditar em mim para escrever coisas belas. Somente de tarde. Nunca de manhã. Agora estou aproveitando as madrugadas. Escuto músicas-chaves. Só paro quando sei como continuar no dia seguinte.


Resenhando.com Por que você repetiu personagens de “As sombras das Vossas Asas”, em “Aritmética”?
Fernanda Young - Não sei bem porque, mas o Rigel Dantas me é muito atrativo. Gosto de fotografia, e ele é fotógrafo, talvez seja isso. 


Resenhando.com Qual a diferença entre escrever roteiros para o cinema e TV, e escrever livros?
Fernanda Young - Nos livros, sou totalmente livre.


Resenhando.com A qualidade dos textos literários pode ser levada para a televisão, ou cinema?
Fernanda Young - Sim. Tenho tentado fazer isso. Mas é preciso estar no meio de uma boa equipe.


Resenhando.com Você flertou com o folhetim em seu segundo livro, “A sombra das vossas asas” e declarou ter vontade e escrever uma telenovela. Como seria esta novela?
Fernanda Young - Já desisti. As novelas não me interessam mais – por enquanto. Gostaria de adaptar o “Aritmética” para uma minissérie.


Resenhando.com Qual a sensação de ver seu primeiro livro “Vergonha dos pés” adaptado para o teatro?
Fernanda Young - Acho que terei um treco no dia da estréia. Estou muito feliz. O José Possi Neto é uma realeza. E espero sobreviver a tamanha exposição.


Resenhando.com Como é ver seus livros traduzidos para outras línguas?
Fernanda Young - Só lancei em Portugal. E um trecho do “Aritmética” na Itália. É engraçado. Mas não me importo. Quero a minha língua. 


Resenhando.com Embora a crítica especializada seja cruel com você, seu último romance “Aritmética”, permaneceu semanas na lista dos mais vendidos da revista “Veja”. Como lida com críticas?
Fernanda Young - Acho que eles não são bem informados. Poderiam apontar deficiências, mas querem somente chamar a atenção do artista para eles, então os acho – na grande maioria – uns bobos invejosos. Mas, sinceramente, não me importo mais. Podem me esculhambar, que eu já criei casco. Acho que por isso, de uns tempos para cá, eles se fazem de cegos. Também não ligo. Os meus leitores continuam fiéis.


Resenhando.com O que explica a maioria dos resenhistas torcerem o nariz para você, e ser tão adorada pelos leitores?
Fernanda Young - Os leitores são muitos. O Brasil é enorme, não é somente Rio-SP. Os resenhistas são sempre os mesmos, sempre com a mesma burrice e rancor.


Resenhando.com Acredita que novos escritores tem tanto espaço na mídia quanto escritores de antigamente?
Fernanda Young - Sim. Até mais. É preciso lutar. Mas há os blogs e a internet. Antes era mais complicado.


Resenhando.com Jornalismo e literatura podem conviver? Ou seja, acredita que o jornalismo pode vaguear em qualquer linguagem?
Fernanda Young - Sim, acredito. Muitos dos meus autores prediletos eram jornalistas: Hemingway, Paulo Francis…


Resenhando.com Como uma das garotas-propaganda do jornal “O Estado de S. Paulo”, para você, o que é pensar “inho” e “ão”?
Fernanda Young - Inho é bobinho. Ão é coração.


Resenhando.com Em 2001, você foi anunciada como cronista do Jornal do Brasil, mas só publicou dois textos e a coluna foi suspensa, sem explicação. O que aconteceu?
Fernanda Young - Escrevi uma crônica que foi censurada. 


Resenhando.com Por que saiu do catálogo da editora “Objetiva” e foi para o da “Ediouro”?
Fernanda Young - Era necessária uma mudança. A Objetiva foi fundamental, mas eu precisava ser vista de maneira diferente, não mais como uma garota, e sim como uma escritora adulta.


Resenhando.com Você já disse que Madonna era sua mãe ideológica. Inclusive colocou parte do nome dela em sua filha, Cecília Madonna (gêmea de Estela May, com cinco anos). Como os atos dela influenciaram em sua vida?
Fernanda Young - Ela é ousada e profissional. Determinada. Doida. Livre. Simular masturbação num palco é libertador. Viver tão livremente, como ela faz, é um constante desafio a nossa própria noção de liberdade.


Resenhando.com Em entrevista para a revista Cláudia, você afirma que sempre detestou o termo "literatura feminina". Por quê?
Fernanda Young - Porque não sou só isso. 


Resenhando.com Qual o real motivo de sua saída do programa "Saia Justa"?
Fernanda Young - Estava de saco cheio. 


Resenhando.com O que falta para realizar você na arte?
Fernanda Young - Escrever mais romances.


Se a melhor maneira de celebrar a existência de um escritor é lê-lo, o Resenhando fez uma lista em ordem alfabética com os livros de Fernanda Young à espera de um leitor. 

"A Louca Debaixo do Branco" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"A Mão Esquerda de Vênus" (Globo Livros), de Fernanda Young. Compre neste link.

"A Sombra das Vossas Asas" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"As Pessoas dos Livros" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Aritmética" (Ediouro), de Fernanda Young. Compre neste link.  

"Aritmética" (Editora Rocco, relançamento), de Fernanda Young. Compre neste link.  

"Carta para Alguém Bem Perto" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Dores do Amor Romântico" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Estragos" (Globo Livros), de Fernanda Young. Compre neste link

"O Efeito Urano" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"O Pau" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Pós-F: Para Além do Masculino e do Feminino" (Editora Leya), de Fernanda Young. Compre neste link.

"Posso Pedir Perdão, só Não Posso Deixar de Pecar" (Editora Leya), de Fernanda Young. Compre neste link

"Tudo que Você Não soube" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Vergonha dos Pés" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link.
 

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