segunda-feira, 5 de setembro de 2005

.: Resenha de "Reinventando os Quadrinhos", Scott McCloud

Uma releitura dos quadrinhos na era digital
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2005


A releitura dos quadrinhos feita por Scott McCloud realça a beleza deste universo da imaginação. McCloud teve seus quadrinhos traduzidos para 14 idiomas. 


"Reinventando os Quadrinhos - Como a Imaginação e a Tecnologia Vêm Revolucionando Essa Forma de Arte", de Scott McCloud, é uma continuação de Desvendando os Quadrinhos. Contudo, não há porque desesperar-se, caso não tenha o primeiro livro, pois neste lançamento da M. Books, McCloud teve um grande cuidado com os seus leitores e fez uma recapitulação de sua obra em 3 páginas, apesar deste livro ser continuação e levar os quadrinhos ao patamar seguinte, assim como explorar as as doze revoluções no modo como são criados, lidos e percebidos na era digital. 

A obra que trata de quadrinhos é toda contada e desenhada, como nos velhos conhecidos, gibis e tiras de jornais, sendo até em preto e branco. O livro divido em duas partes traz belas ilustrações que abordam o universo dos quadrinhos, o criador e o seu leitor. Em Definindo a Rota: Uma Arte "Baixa" Toma a Alta Estrada, na Parte 1 do livro, McCloud conta que Will Eisner criador de The Spirit, ao dizer que os quadrinhos eram uma legítima forma literária e artística, chegou a ser motivo de risada para quem estava nos bastidores do programa em que o desenhista fez esta afirmação: "Falar de quadrinhos como 'arte' ou 'literatura' não dava muito certo nos velhos tempos".

Dentre os assuntos tratados nesta obra estão este tipo de arte como forma de literatura, a batalha pelos direitos dos criadores, a percepção volátil e transitória que o público tem dos quadrinhos e mostra como se constrói a representação sexual e étnica neste meio, além de pintar um impressionante retrato das revoluções digitais nos quadrinhos, incluindo informações sobre a complexidade desse processo, o explosivo mundo da difusão online e os desafios do infinito cenário digital.

Na página 35 está um exemplo. "Pela abordagem direta, os quadrinistas podem decidir retratar seus mundos num nível de detalhes quase fotográfico, usando mídias tradicionais, computação gráfica ou fotos reais. Mas claro, o realismo de um grande romance ou conto envolve muito mais do que descrições de detalhes superficiais".

Ao final da obra há também um índice remissivo, além de nomes de alguns livros e quadrinhos que auxiliaram Scott McCloud na produção de Reinventando os Quadrinhos. Vale a pena mergulhar novamente neste universo tendo a teoria como apoio. Confira!

O AUTOR: Scott McCloud é um dos 10 mais importantes cartunistas e desenhistas de quadrinho dos EUA, nos últimos 10 anos. Vencedor por quatro vezes do prêmio Harvey and Eisner, McCloud é, também, autor de Desvendando os Quadrinhos - best-seller premiado, em 1995, no 8º Troféu HQMix, como Melhor Livro Teórico deste segmento. Seus quadrinhos foram traduzidos para 14 idiomas. Ele proferiu conferência sobre mídias digitais no Laboratório de Mídia do MIT e na Smithsonian Institution. Para saber mais sobre ele, visite o site: www.scottmccloud.com

Livro: Reinventando os Quadrinhos - Como a Imaginação e a Tecnologia Vêm Revolucionando Essa Forma de Arte
Autor: Scott McCloud
260 páginas
Formato: 17 X 25
Editora: M.Books

domingo, 4 de setembro de 2005

.: Resenha de "Meu Nome é Maldade", R. L. Stine

Aos 13 anos, menina visita quiromante e coisas estranhas começam a acontecer
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2005


Adolescente passa a horrorizar amigos. Seria muita maldade dela ou de outra pessoa? Nada como ler uma obra infanto-juvenil de R.L. Stine.


Ela aguardou bastante este dia. Sim, afinal fazer 13 anos é sinônimo de grandes transformações. Marcela é uma garota tímida, carinhosa, incapaz de prejudicar a ninguém, generosa, além de ser bonita.

Marcela, a personagem principal de "Meu Nome é Maldade", de R. L. Stine, narra a sua sinistra história, em 153 páginas de puro medo e terror. No seu aniversário, a garota vai com as amigas, Jordana, Julia e Jaqueline, a um parquinho para aproveitar o seu dia. No entanto, a diversão não fica somente nos brinquedos, elas entram, embora contra a vontade de Marcela, em uma tenda. Lá está uma mulher bastante estranha que diz ser quiromante.

A visita parece não ter sido muito positiva para a garota, pois a mulher a olhou aterrorizada, ficou boquiaberta e em seguida gritou: " - SAIA! SAIA daqui! / - Hã! Espere... - falei com uma voz engasgada. / - SAIA! Você traz MALDADE! Você traz MALDADE com você! Caia FORA daqui!".

Depois deste tremendo susto, muitas e muitas coisas estranhas começam a acontecer, desde o estranho comportamento do gato Gorducho ao sumiço misterioso do colar de Jaqueline. Para esclarecer tudo, Marcela volta ao parque antes dele fechar. Lá, na tenda, encontra um cenário terrível. "As cadeiras, as duas cadeiras de madeira estavam em pedaços, quebradas. O pôster da mão humana foi rasgado ao meio. / E a bola de vidro vermelha espatifada. Cacos de vidro estavam espalhados pelo piso da tenda. A bola, a bola de cristal, quebrada em mil pedaços".

Meu Nome é Maldade, faz parte da coleção A Hora do Arrepio, da escritora R. L. Stine, mantém a escrita com o estilo de terror e suspense, como por exemplo, Não se Esqueça de Mim e Armário 13. Stine é um dos nomes mais conhecidos da literatura juvenil da atualidade. O sucesso de seus livros o levou ao Guiness do Milênio como o escritor de terror para crianças e adolescentes mais vendidos do mundo.

Livro: Meu Nome é Maldade
Autor: R. L. Stine
153 páginas
Editora: Rocco

sábado, 3 de setembro de 2005

.: Resenha de "Serial Killers: Made In Brasil", Ilana Casoy

Serial Killers: Made In Brasil mais assustador que o primeiro livro de assassinatos de Ilana
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2005


Matar ou matar? Esta é a escolha do assassino serial. Apesar desta atitude que revolta a sociedade, eles, na maioria das vezes, agem e tem uma vida normal. 


Assustador, doa a quem doer. "Serial Killers: Made In Brasil", de Ilana Casoy não faz firulas, simplesmente vai direto ao ponto e mostra com intensidade o quanto a nossa própria morte pode acontecer, seja de uma maneira totalmente premeditada ou estúpida. De fato, esta é uma obra que não necessita de muito para ser destaque em jornais e em conversas entre amigos, pois a qualidade da escrita da autora é de fato, muito grande.

A sensação de estar indefeso é vivida ao ler linha por linha, das 360 páginas, da obra. Caso ainda não tenha entendido a essência do livro, aqui vai. "Serial Killers são os assassinos que cometem uma série de homicídios com algum intervalo de tempo entre eles. Suas vítimas têm o mesmo perfil, a mesma faixa etária, são escolhidas ao acaso e mortas sem razão aparente. Para criminosos desse tipo, as vítimas são objetos da sua fantasia. Infelizmente, eles só param de matar quando presos ou mortos".

É terrível saber do quanto o ser humano é capaz de ser cruel e ainda agir como se nada tivesse acontecido. Eles, estão classificados como  assassinos organizados e desorganizados. Os organizados são solitários, pelo fato de sentirem-se superiores. "São socialmente competentes e, muitas vezes, casados. Conseguem bons empregos porque parecem confiáveis e aparentam saber mais do que na realidade sabem". Em contraponto, os desorganizados também são solitários, mas por serem estranhos. É desorganizado com a casa, carro, trabalho e com a aparência. "De forma geral, agem por impulso e perto de casa, usando as armas ou os instrumentos encontrados no local de ação. É comum manterem um diário com anotações sobre suas atividades e vítimas"

É aterrorizador mergulhar em mentes apazes de tal ação. Um exemplo é a entrevista iniciada na página 270, com o homicida Marcelo Costa de Andrade. Ilana até alerta: "Para aqueles mais sensíveis, meu conselho é que não leiam a transcrição da entrevista no que diz respeito aos crimes, leiam só os assuntos gerais".

Utilizando o seu lado humano, a escritora segue dizendo: "Marcelo Costa de Andrade fez um relato de seus crimes totalmente desprovido de qualquer cuidado com a alma alheia, por ser incapaz de entender completamente o caráter de seus atos. A crueza dos detalhes pode impressionar indelevelmente aqueles que lerem o relato de seus crimes".

Sim. A obra é completamente reveladora (não há dúvidas!), pois penetra na mente cruel e sinistra de assassinos, como por exemplo, o citado acima que recebeu o apelido de Vampiro do Niterói, além de outros como, Francisco Costa Rocha, conhecido como Chico Picadinho, José Augusto do Amaral, apelidado de Preto Amaral, assim como o Monstro do Morumbi, Benedito Moreira de Carvalho e Febronio Indio do Brasil.

No prefácio do promotor, Roberto Tardelli, o perfil dos criminosos é descrito de maneira detalhada, enquanto que na apresentação da psicóloga clínica e forense, Adelaide Caires, resume com sensibilidade as décadas (20, 50, 60, 70 e 90) e seu assassinos. Caires pergunta e responde algo que coincide na vida das personagens do livro. "O que há de comum entre eles? Infância negligenciada, violência sexual precoce, inabilidade escolar, sem norte, sem 'casa' e sem um agente disciplinador. Ah! A maioria procurou servir a alguma Arma: Exército, Aeronáutica (busca de disciplinador?)".

Enfim, outras respostas sobre o tema e histórias reveladoras são expostas em Serial Killers: Made In Brasil, além disso, o livro, contribui como um alerta para a sociedade e governantes sobre esta realidade que também faz parte do Brasil. Definitivamente, é tudo isto e mais um pouco que faz este, ainda melhor que Serial Killer: Louco ou Cruel?

Livros: Serial Killers: Made In Brasil
Autor: Ilana Casoy
360 páginas
Editora: ARX

.: Resenha de "Aritmética", Fernanda Young

Aritmética explica sucesso de Fernanda Young
Por: Helder Moraes Miranda

Em setembro de 2005


Fernanda Young sai da Objetiva e publica melhor livro da carreira na Ediouro. Amadurecida, escritora mostra que veio para ficar.


Sempre que leio um livro de Fernanda Young, aliás, mais ainda Aritmética, fico me questionando (perdoem o gerúndio) para quem a escritora escreve. Para algum amor atual ou do passado, para a família ou para ela mesma? Quem é a América da vida da escritora?

Escrever dói, é visceral, e escritores precisam de dor para escrever bem, esta é a impressão que passam os textos de Fernanda Young. Em seu melhor livro, desde "As pessoas dos livros", Fernanda mostra que é uma grande escritora -apesar de os críticos torcerem o nariz meramente por implicância barata- e veio, sim, para ficar e escrever para a posteridade. 

Se o sonho dela é ficar imortalizada em seus livros, não é difícil prever que irá conseguir, e fácil. Os críticos são os críticos, e vão e vem: as críticas terminam a partir da publicação de um novo exemplar, afinal leia uma crítica negativa para pensar exatamente o contrário.

Pela primeira vez, ouso escrever uma resenha em primeira pessoa, mesmo porque o excelente "Aritmética" permite isto. É, de longe, o livro mais literário de Fernanda Young. O mais exacerbado em relação aos sentimentos, valoriza, sim, a grandiosidade de junção de frases, sílabas e também é o que mais superestima a mulher, seja ela mãe, filha, avó ou neta.

Neste livro, os homens são meros coadjuvantes. O protagonista, por exemplo, é uma peça para contar o amor e as loucuras por uma mulher, aparentemente simples e amargurada por não poder levar adiante um amor tão sólido e concreto. Esta mulher representa a mãe, a avó, e seus fracassos, esquecidos apenas quando ela se libera ao encontrar o homem que amou -como apaixonada e amante de um homem casado- na tarde de um período que corresponde sempre ao dobro do anterior (um mês, dois meses, quatro 
meses, oito meses)... 

É por ela que se desencadeiam mágoas de uma família e um filho frustrado, à sombra do pai. Fernanda Young é João Dias? Talvez. Os outros personagens são a escritora? Sempre. Estes são os mais intensos: sofrem, amam e vivem mais que os outros. 

Vocês lembram de Rigel Dantas - de A sombra das vossas asas, casado com a vingativa Carina? Pois é, ela se matou e ele está de volta, envolvido em um triângulo amoroso. Estas, outras histórias e algumas cenas de sexo para apimentar o roteiro, você encontra neste livro, que não tem final. Algo desnecessário para a vida real, aliás, nunca acompanhamos o ponto final de nossas vidas. 

Em relação ao título da obra, a assessoria da Ediouro, editora responsável pelo lançamento e volta de Fernanda Young -ex-Objetiva- afirma que o livro gira em torno da geometria dos triângulos amorosos, o calculismo das traições, a matemática do sexo, a multiplicação das culpas, a paixão elevada à última potência, a raiz quadrada do ódio e o ímpar que há nos pares. Aritmética é o melhor livro da atualidade. Fernanda Young, divide com Ana Miranda, da Companhia das Letras, o posto de melhor escritora. Você acertou, Marcos André!

Livro: Aritmética
Autor: Fernanda Young
Editora: Ediouro

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

.: Resenha de "As rosas inglesas" e "As maçãs do Sr. Peabody", Madonna

Madonna para menores
Por: Helder Moraes Miranda

Em setembro de 2005


Madonna surpreende ao se sair bem ao escrever para crianças em uma série infantil repleta de ensinamentos. Lições de moral são o forte dos livros da cantora, lançados pela editora Rocco.


Poucos títulos infantis acrescentam tanto ao universo infantil quanto os livros da cantora -que agora se revela uma escritora de mão cheia - Madonna, lançados recentemente e que fazem parte da série de cinco livros publicados pela editora Rocco, destinados ao público infantil. Dois deles, destacam-se por duas questões, pertinentes no mundo atual: inveja e preconceito. 

No primeiro livro da série, "As rosas inglesas", a autora fala do preconceito de quatro amigas - Nicole, Amy, Charlotte e Grace- em relação a Binah, uma garota especial, mas solitária. O grupo de amigas intitulado "As rosas inglesas" sentem inveja da menina, por ser bonita, ótima aluna, boa nos esportes e gentil com as pessoas. Até que, em um sonho, uma fada madrinha revela a triste realidade da garota desprezada pelas colegas de classe. "As rosas inglesas" tem tudo para agradar crianças e adultos, já que é muito colorido e conta com ilustrações de Geffrey Fulrimari, o papa das ilustrações que encantam adultos e jovens de todo o mundo. 

Já "As maçãs do Sr. Peabody" gira em torno de um mal-entendido de um treinador de um time infantil de beisebol, o Sr. Peabody, que sofre preconceito por uma calúnia levantada por um de seus alunos. Baseado em uma história escrita originalmente há mais de três séculos, o infantil ressalta como a vida de uma pessoa pode ser alterada pelo poder das palavras. Ilustrado pelo renomado desenhista Loren Long - da revista Times e Sports Illustrated-, tem tudo para agradar gostos mais exigentes. Ambos os livros são perfeitos para o início das crianças no mundo da literatura. Para os adultos, basta dizer que os livros da série são obras de arte, com o estímulo de serem escritos por um ícone da cultura pop.

Sobre a autora: Madonna nasceu em Bay City, no Michigan. Com 17 discos gravados, vendeu mais de 200 milhões de CD´s ao redor do mundo. Na sétima arte, atuou em 19 filmes.

Livro: As rosas inglesas / As maçãs do Sr. Peabody
Autor: Madonna
48 páginas
Editora: Rocco

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

.: Resenha de "Cinevertigem", Ricardo Soares

Escrita que parte do micro para o macro e completa o ciclo de uma grande e profunda vertigem
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2005


Nos caminhos vertiginosos de Ricardo Soares. Saiba mais deste lançamento da Editora Record!


Numa linguagem diversificada e bastante ousada, o diretor de Tv, roteirista, escritor e jornalista (ufa!), Ricardo Soares faz o leitor mergulhar num início de estrada sem fim, incluindo vários temas por meio do anúncio de quem, quem, quem..., em "Cinevertigem"

Um exemplo está na frase inicial da obra: "quem, quem, quem, quem, quem é que me cobre de beijos? quem, quem me lambe a ponta do nariz, passa o indicador no lóbulo da orelha, quem, quem passa a mão nos meus olhos, quem, quem espreme as espinhas da minha bunda, enfia o dedo entre meus cabelos sujos, quem, quem me limpa os dentes, quem, quem me corta as unhas, repara que as pontas estão mal aparadas, quem, quem nota as minhas cáries rotundas, esses canais abertos, nessa bocona obturada, nessas vertigens profundas?".

Muitas perguntas em tão pouco tempo? Sim. Contudo, ao chegar ao fim da leitura do livro, surgem muitas outras indagações, algumas apimentadas, outras comportadas, outras (aparentemente) absurdas e por aí vai. Por esse motivo, é importante não ficar somente na beleza da arte da capa, muito bem elaborada por Tita Nigrí e dar uma lidinha (pelo menos) nos textos da orelha da livro, também muito usada como marcador.

Neste, há um aviso determinante do que será encontrado nas 123 páginas da obra, isto é, já mostra que a leitura de Cinevertigem será um mergulho em uma estrada próxima ou distante. "A vertigem acaba no cinema ou esse é apenas o início ou o fim do dilema. Cinevertigem é um painel pictórico ou um novo conceito de romance histórico? Saquem ou baixem vossas armas, mas presenciem o tiroteio".

Sacar ou baixar as armas? Sim este livro é o tipo que pode ser amado ou detestado pelos leitores. Contudo, na escrita há um "Q" de José Saramago, como os parágrafos bastante extensos e de conteúdo bastante intenso. Ricardo Soares também faz muitas referências a outros escritores como Honoré de Balzac, além de utilizar a sinestesia, isto é, despertando e aproximando ainda mais o leitor da obra, escrevendo: "hálito de nicotina" ou "overdose da canapés no hall do consulado".

Outro ponto bastante interessante da escrita dele é o grande uso de vírgulas, além das desconstruções de ditados populares. "...vá devagar com o andor que o pranto é de barro... esse barro não é feito de escarro pois falamos de vidas finas que jamais acabam em vômitos e temos por certo que os frêmitos, mesmo nos salões antigos de Maria Antonieta...". Cinevertigem é definitivamente primoroso!

Livro: Cinevertigem
Autor: Ricardo Soares
123 páginas
Editora: Moderna

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

.: Resenha de "Armário 13", de R. L. Stine

Poderá um armário trazer sorte ou azar?
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2005


Gatos pretos, passar debaixo de uma escada e entre tantos armários, acabar ficando com o de número 13. Lucas, garoto supersticioso, não parece estar numa maré de sorte, pois as suas aulas começaram, na história de R. L. Stine, em "Armário 13"

"- Ei, Lucas, boa sorte! / Quem me chamou? O corredor estava repleto de crianças animadas com o primeiro dia de aula. Eu também estava. Meu primeiro dia na sétima série. Meu primeiro dia na Escola de Ensino Fundamental do Vale dos Índios. / Eu sabia que seria um ano impressionante".

De fato, as novidades para este ano, seriam várias e das mais variadas formas. Não que Lucas não tenha batalhado para fazer deste, um bom ano. "Claro, eu não me arrisquei. / Vesti a minha camisa da sorte. É uma camisa verde desbotada, que já está mais do que esticada, e o bolso estava um pouquinho rasgado. Mas de jeito nenhum eu ia começar o ano sem a minha camisa da sorte".

Contudo, nem todo o esforço do menino foi suficiente e na hora do sorteio dos armários ele ficou com o número 13. Até então nada demais estava acontecendo, pelo contrário, sua amiga Ana está super, super cheia de sorte, tanto é que ganhou um carro na rifa do shopping. Tanta sorte não tinha apenas coincidências, mas eram devidas a um amuleto, o qual logo após foi parar nas mãos de Lucas.

O mais surpreendente é que há um tenebroso encontro. No entanto, antes disso, muitas coisa estranhas acontecem, desde o sucesso de sua animação no microcomputador que tem grandes chances de fazer parte de uma exposição a ser um jogador do time de basquete, ultrapassando o lugar do valentão Comprido, garoto que detesta Lucas. Será que toda esta sorte não tem fim? Parece que Lucas está a um passo de alcançar os limites mais assustadores que envolvem a realidade e a imaginação.

Este livro, que faz parte da coleção A Hora do Arrepio, da escritora R. L. Stine, mantém a escrita com o estilo de terror e suspense, como o de Não se Esqueça de Mim, por exemplo. Stine é um dos nomes mais conhecidos da literatura juvenil da atualidade. O sucesso de seus livros o levou ao Guiness do Milênio como o escritor de terror para crianças e adolescentes mais vendidos do mundo.

Livro: Armário 13
Autor: R. L. Stine
143 páginas
Editora: Rocco

sábado, 6 de agosto de 2005

.: Resenha de "O Mentiroso", R. L. Stine

Mentiras e mais mentiras podem gerar muitas confusões
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2005


Quem é que nunca contou uma mentirinha que atire a primeira pedra. Bom, após não haver manifestações é melhor ir direto à história de "O Mentiroso", livro de R. L. Stine, da Coleção A Hora do Arrepio. Roberto Arthur tem doze anos, é cheio de si e vive contando mentiras, uma mais cabeluda que a outra. Após tanto mentir ninguém mais acredita nele, mesmo quando ele descobre a sua verdadeira cópia. 

Ao ganhar dois Robertos, mentirosos de corpos idênticos, a história ganha um bom ritmo. Mas a dúvida que paira no ar durante a leitura é quem será o mentiroso? O narrador ou o outro Roberto que aparece em momentos super inusitados?

Tudo acontece na festa do seu amigo Marcelo. "Cíntia agarrou-me pela cintura. Sheila agarrou minhas pernas. Elas me levantaram e me jogaram na piscina. / Bati com força na água. / A água fria e translúcida ergueu-se à minha volta. / Subi para a superfície, mas senti mãos agarrarem meu cabelo e me empurrarem de volta para a água. [...] Ele também estava embaixo d´água, dando as mesmas braçadas lentas. Olhou pela água cristalina na minha direção. / Primeiro, pensei que estava olhando para o meu reflexo. / Será que os pais de Marcelo colocaram um espelho na piscina? / Não, mesmo. Eu estava olhando para outro garoto. Outro garoto nadando na minha direção. Um garoto com meu cabelo, meus olhos, meu rosto".

Surpresa boa da história, não? Pois bem. R. L. Stine ainda inclui novidades muito mais inesperadas e horripilantes para o leitor. A obra, traduzida por Nelson Rodrigues Pereira Filho, publicado pela Editora Rocco, para o público juvenil, mostra o quando é necessário não mentir, pois quando precisar que alguém acredite em você, certamente ninguém acreditará e somente causará inúmeras risadas.

Sem dúvida, este é um livro totalmente envolvente para os jovens leitores do século XXI, pois mostra que quanto mais mentimos, é mais difícil de fazer com que alguém acredite em nós. Enfim, a coleção A Hora do Arrepio tem tudo para agradar a nova geração de leitores que gostam de histórias de aventura com um toque de terror.

Livro: O Mentiroso
Autor: R. L. Stine
127 páginas
Editora: Rocco

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

.: Resenha de "Minha Versão da História: Cinderela / A Madrasta"

Um conto bastante conhecido contado de maneira completamente oposta
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2005


Um conto antigo e bastante conhecido, mas com uma nova maneira de ser narrado, isto é, completamente diferente (senão até então, inimaginável) do que já conhecemos e é passado de geração em geração. Sim, "Minha Versão da História: Cinderela / A Madrasta", traz os dois lados da história da bela e delicada Cinderela, isto é, como a princesa viu o que aconteceu na vida dela após ficar órfã de pai e ter que viver com a sua madrasta e suas irmãs postiças, além de mostrar também o outro lado, ou seja, como a madrasta viu a esperta Cinderela tirando o sossego de suas lindas filhas, Drizela e Anastácia.

Cindy, apelido dado a órfã pela madrasta, inicia sua narrativa da seguinte maneira: "Quando eu era pequena e meu pai ainda estava vivo, ele costumava ler fábulas para mim. Uma das minhas preferidas era a da tartaruga e da lebre: a lebre zombava da tartaruga por ela andar tão devagar e a desafiava para uma corrida".

Apesar desta ser a versão mais conhecida, pode-se dizer que nesta narrativa de Cinderela há um novo tempero. A moça mostra-se bastante apaixonada pelos animais, motivo o qual a faz ficar muito surpresa quando vê no salão do baile um rapaz bonito usando um button SALVEM AS BALEIAS na lapela e que ainda lhe sorria. O amor do casal pelos animais resulta em algo bastante positivo, isto é, os dois fazer faculdade de veterinária.

Contudo, a vida não é feita apenas de pétalas belas e macias de rosas. E como esta bela e perfumada flor tem espinhos, alguns caminhos escolhidos nesta vida levam-nos a certos problemas. Por esse motivo, para que não haja alguma tendência a ir somente para a defesa de Cinderela, ao virar o livro, temos a versão da Madrasta, que começa a falar sobre a pequena Cindy da seguinte maneira: "Sempre tentei agir corretamente com minhas filhas. Anastácia e Drizela são as meninas mais doces e adoráveis do reino, e nenhuma delas faria mal a uma mosca".

Nem é preciso falar, né! Com a morte do pai de Cinderela, uma garotinha bastante esperta e suspeita passa a viver somente entre as três. Para tanto a Madrasta é sempre justa, mesmo quando tenta mostrar a Cindy que não deveria ir ao baile. Por fim, esta vai ao baile o que gerou muitas suspeitas na Madrasta, pois talvez ela (Cinderela) tenha usado algum tipo de MAGIA NEGRA, terríveis poderes mágicos para transformar-se em uma dama.

De fato, a leitura desta obra é de fácil compreensão para os pequenos, além ter um tom engraçado e leve para mostrar ambos os lados da história que tem final feliz e positivo para a Madrasta e Cinderela. Boa leitura aos pequenos (e em família)!

Livro: Minha Versão da História: Cinderela / A Madrasta
62 páginas
Editora: Caramelo: Livros Educativos

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

.: Resenha de "Não Se Esqueça de Mim", R. L. Stine

Uma história de arrepiar até os cabelos mais compridos do mundo
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2005


Vozes no porão, atitudes suspeitas e esquecimento de parentes próximos. "Não Se Esqueça de Mim", de R. L. Stine, livro publicado pela Editora Rocco, na coleção A Hora do Arrepio, é de fato impressionante, principalmente por ser uma história de terror para jovens leitores (muito bem contada ou pelos menos, bem traduzida por Nelson Rodrigues Pereira Filho). 

No livro, toda a aventura de terror é contado por Daniela Vagner, irmã mais velha de Pedro. Os dois irmãos e seus pais são novos no bairro, mas para surpresa de Daniela, o seu irmão está agindo de maneira estranha, justamente, após uma "tentativa" de hipnotismo.

Com os pais longe, por um final de semana, tudo fica ainda muito mais esquisito. O problema inicial, era de Daniela e sua amiga Alba: fazer uma boa apresentação na escola. Para tanto, elas decidem brincar de hipnotizar. É certo, que tudo seria combinado entre elas, até que um "erro", torna a vida da garota uma completa história de horror.

O motivo? Pois bem. Como todo irmão mais novo, Pedro, percebe o movimento das duas amigas e as perturba para entrar na brincadeira. Eis que toda a confusão ganha grandes proporções. Parece que Daniela realmente o deixou em transe. Mas como Daniela conseguiu hipnotizar o irmão? Por que ele age da maneira tão estranha? Como aquelas crianças de aparência "andrógenas" foram parar no porão? Por que eles chamam o seu irmão?

Em meio a tantas dúvidas, Daniela, descobre muitas coisas suspeitas a respeito da nova casa e luta para não esquecer do seu irmãozinho. As coisas dão ainda mais medo quando um homem de capa começa a rodear a sua casa, e sem contar que, Pedro está sendo esquecido por todos. Será que Daniela inventou um irmãozinho? Como Alba, que sempre gostou de Pedro, também o está esquecendo?

Não Se Esqueça de Mim é uma publicação plausível para o público jovem, principalmente por ser um ramo editorial com poucos livros direcionados. O livro é bastante interessante por despertar no leitor uma curiosidade pela história contada, pois no final de cada capítulo, há uma pergunta no ar, o que colabora para que a leitura seja feita de uma vez só. Descubra como é estar na Hora do Arrepio!

Livro: Não Se Esqueça de Mim
Autor: R. L. Stine
127 páginas
Editora: Rocco

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

.: Resenha de "São Francisco de Assis: A espiritualidade da paz e São Tomás De Aquino: As complexidades da razão"

O homem da paz e o homem da razão
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2005


Livro da Ediouro traz aos leitores o mistério da vida de São Francisco de Assis e São Tomás De Aquino. Saiba mais!


"São Francisco de Assis: A espiritualidade da paz e São Tomás De Aquino: As complexidades da razão", livro de G. K. Chesterton, publicado pela Ediouro (2003) mostra que as histórias dos santos, que muitas vezes, parecem ser ficção, são realidade e que ao nos darmos conta da dimensão de tal fato é que fazemos estátuas de santos e rezamos as orações por eles deixadas, para poder existir uma aproximação entre os santos e seus fiéis.

No entanto, na correria do dia-a-dia, o verdadeiro sentido desta acaba ficando esquecido. Histórias de santos como Francisco de Assis e Tomás Aquino são fortes e necessitam ser recordadas por gerações e gerações. G. K. Chesterton vem neste livro cutucar o leitor e chamá-lo para a verdadeira vida. De forma leve ele fala da necessidade de permitir que Deus toque sua vida com a magia do mundo real.

No prefácio da obra, escrita por Joseph F. Girzone, há um chamamento para saber o significado de ser filho de Deus. "É divertido observar uma criança brincando. As crianças vivem em seu mundinho próprio e o vêem como algo sério, dotado de muito sentido. Sorrimos para elas. As crianças conseguem aceitar nossos sorrisos. Se zombamos delas, porém, elas fogem de nós e não hesitam em se esconder. Como adultos, há muito perdemos a chave que abre as portas da alegria e a atmosfera de aventura que fluem tão espontaneamente da imaginação das crianças, mas já não podemos entrar nesse mundo. Nós o perdemos para sempre. Já estivemos nele um dia, mas, ao longo da vida, perdemos a chave para abrir as portas desse mundo".

Contudo, com a história destes santos, pode-se perceber que é nosso dever aproveitar a vida a cada momento e compreender realmente o significa ser filho do Pai: Deus. A qualidade da obra não está apenas na retomada da publicação do livro, mas também, no destaque de um CD exclusivo com Cantos Gregorianos interpretados pelos Monges do Mosteiro da Ressurreição.

O livro de 380 páginas foi editado pela primeira vez no ano de 1933, sendo então, muito bem aceito até por outros autores como por exemplo, Anton Pegis, Étienne Gilson e Jacques Maritain. Tais autores, definiram a obra o melhor sob o tema dominicano do século XIII. É de extrema alegria saber que a literatura tem o "poder" de conservar trechos da história do mundo.

Livro: São Francisco de Assis: A espiritualidade da paz / São Tomás De Aquino: As complexidades da razão
Autor: G. K. Chesterton
380 páginas
Editora: Ediouro

.: Resenha de "Vivendo a História", Hillary Rodham

Hillary e o tempo
Por: Helder Moraes Miranda

Em agosto de 2005


Sucesso no Brasil e no exterior, o ótimo livro publicado pela Editora Globo pode decepcionar aqueles que procuram por fofoca barata.


Escrito em primeira pessoa, o livro "Vivendo a História", de Hillary Rodham Clinton, publicado pela Editora Globo é uma rara surpresa parta quem procura por um bom livro. 

Várias curiosidades permeiam o sucesso do livro, que vendeu 200 mil exemplares só na noite de lançamento nos Estados Unidos, onde Hillary é idolatrada. Para se ter uma idéia, na China o sucesso foi tanto que o livro chegou a ser pirateado. 

O êxito da publicação pode ser explicado quando lembramos que Hillary é uma celebridade no mundo inteiro, e ela própria conta a sua história, que interessa a muitos. Há, portanto, uma advertência: quem procura por fofoca barata da "glamourosa" vida de primeira-dama ou da infidelidade de Bill Clinton, na época presidente dos Estados Unidos, com a então estagiária da Casa Branca, Mônica Lewinski, pode se decepcionar. 

É claro que estes, e muitos outros assuntos não menos interessantes, estão em Vivendo a História, mas a autobiografia de Hillary Clinton é pontuada por assuntos sérios, como política, relações internacionais, idéias, ideais, indagações de uma mulher e muito lirismo em sua narrativa. Outro fato que impressiona é o distanciamento que Hillary impõe para não ficar à sombra do marido. Um deles é a assinatura de Rodham antes do sobrenome Clinton, como ficou famosa. 

Ricamente ilustrado com fotografias que relatam a trajetória de Hillary, de menina de classe-média suburbana dos anos 50, militante estudantil, advogada, mãe, esposa, primeira dama e senadora do estado de Nova Iorque, eleita no ano 2000. A vida de Hillary tem como pano de fundo a história política dos Estados Unidos. 

Ninguém pode dizer que ela não viveu ou participou ativamente desses anos, seja como peça importante para ilustrar os acontecimentos de um país, seja como mulher, observadora de seu tempo (também fisicamente, a medida em que passava, foi se tornando generoso com ela) e das marcas que traz para que se possa extrair dele o máximo de experiência.

Livro: Vivendo a História
Autora: Hillary Rodham Clinton
Editora: Globo
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