quinta-feira, 11 de agosto de 2016

.: "Programa do Porchat", da Record, também será exibido no TBS

Crédito da foto: Edu Moraes/Rede Record
Com estreia marcada na tela da Record para o dia 24 de agosto, após o Gugu, o Programa do Porchat será reprisado a partir da noite seguinte no canal TBS, da Turner.

Se na Record, a atração comandada por Fábio Porchat vai ao ar de segunda a quinta no final da noite, no TBS, o público poderá assistir ao talk show do apresentador, que é referência no humor brasileiro, a semana inteira, de segunda a sexta-feira, sempre às 19h30.

Rogério Gallo, vice-presidente dos canais de Entretenimento da Turner no Brasil, comemora: "Estamos entusiasmados com esta parceria com a Record. O Fábio é um dos maiores talentos da nova geração do humor e sua presença todos os dias no TBS vai trazer uma nova força para o nosso canal”.

Marcelo Silva, vice-presidente artístico e de programação da Record, considera um apoio importante para a nova produção: “Buscamos sempre inovação, qualidade e criatividade em nossos produtos e a parceria com o Canal TBS, da Turner, um grupo tão relevante na programação e produção de entretenimento, demonstra que estamos no caminho certo”.   

.: "Melancia", de Marian Keyes, em edição de luxo na "Bienal do Livro"

Irlandesa que já vendeu mais de 30 milhões de exemplares no mundo estará no Brasil para a "Bienal do Livro de São Paulo", onde lançará edição de luxo de seu primeiro romance, “Melancia”, que escreveu depois de superar o alcoolismo


Quando se formou em Direito na Irlanda, Marian Keyes (já entrevistada pelo Resenhando, neste link) jogou o diploma na gaveta e, para desespero da família, foi trabalhar como garçonete em Londres. Até arrumou emprego num escritório de contabilidade, mas, como ela mesma disse, achou que fosse acabar sua vida como “uma velha senhora, com 40 gatos, levando pedradas de crianças nas ruas”. Imaginou a cena? 

Não foi bem assim, mas, antes de virar uma escritora consagrada, Marian teve problemas com o alcoolismo, tentou o suicídio e foi para uma clínica de reabilitação. Isso tudo na casa dos 30 anos. A sua redenção, uma busca comum em tantas personagens que criou depois, veio pela literatura.

Ainda internada, ela começou a escrever contos e, depois que saiu da clínica, decidiu mandá-los para uma editora dizendo que tinha na gaveta um romance – o que não era verdade. Só que a moça gostou tanto do texto de Marian que pediu para ver o tal livro e disse que ia publicá-lo. E agora? “Pela primeira vez na minha vida autodestrutiva, não dei um tiro no pé. Escrevi quatro capítulos do ‘Melancia’ em uma semana e ganhei um contrato para escrever três livros”, conta ela em seu site oficial. O romance, de 1995, foi publicado pela primeira vez no Brasil em 2003, pela Bertrand Brasil, que agora lança uma edição nova, com tradução de Sônia Coutinho, de capa dura, para comemorar a vinda da autora para a Bienal Internacional do Livro, em São Paulo.

Semelhanças do livro com a vida da autora
A protagonista de “Melancia” guarda algumas semelhanças com Marian Keyes. Como a autora, Claire Walsh largou tudo na Irlanda e foi morar em Londres, onde também trabalhava como garçonete, e se apaixonou por um inglês, com quem casou e teve uma filha (Keyes também é casada com um inglês e mora com ele na Irlanda há 15 anos). 

O livro começa quando o marido, logo depois do parto, avisa que está indo embora e vai se casar com uma vizinha. O mundo desaba, Claire volta para a casa dos pais, começa a beber e tem que conviver com a mãe viciada em TV (e que nunca cozinhou um macarrão para a família), uma irmã hippie, a outra mimada demais e o pai, que cuida dos afazeres domésticos e tenta pôr ordem na casa.

Só o “Melancia” vendeu meio milhão de cópias no Brasil. A autora publicou, pela Bertrand, outros 12 livros, incluindo seu último romance, “A Mulher que Roubou a Minha Vida”. No mundo, já foram mais de 30 milhões de exemplares vendidos, em 33 línguas diferentes. A literatura de Marian Keyes, temperada pelo humor negro inglês, traz uma curiosa mistura de comédia e tragédia, com temas que vão da depressão, vícios e doenças ao feminismo, dietas e luta contra a violência doméstica. 

Para ela, a piada é quase sempre extraída do lado sombrio da vida. “Melancia”, por exemplo, é uma metáfora para a personagem que, com o tom de pele avermelhado e que está bem acima do peso, usa uma bata verde enorme que a deixa com a cara da fruta. “Todos os meus livros são diferentes, mas têm em comum a vida de pessoas que estão no “lado negro” e que encontram ali alguma forma de redenção. Eu estive no lado negro muitas vezes, não foi bom, mas minha saída foi sempre escrever sobre isso”. 

É a segunda vez que Marian Keyes visita o Brasil, a primeira a trabalho. Depois da Bienal, onde falará com o público no domingo, dia 28 de agosto, na Arena Cultural BNDES, ela viaja ao Rio de Janeiro, onde vai autografar seus livros para os fãs cariocas na Saraiva do shopping Rio Sul. No evento, ela será apresentada pela escritora Carina Rissi, que fez o texto de abertura da nova edição de “Melancia”. 

“O livro é engraçado, encantador, deliciosamente bem-escrito, mas acima de tudo, é franco. (...) Impossível não se identificar com a Claire, não sofrer com ela, não se reconhecer nela! Sua voz é tão nítida que poderia muito bem ser aquela sua amiga lhe contando a tragédia da vida dela, sem jamais perder o bom humor. Poderia ser você contando a sua história. Este é um dos talentos mais admiráveis de Marian Keyes: descortinar os segredos mais profundos da alma feminina”, escreve Carina Rissi, com a experiência de quem sabe fazer o mesmo e encantar milhares de fãs.

"Melancia no Brasil"Este livro conquistou uma legião de fãs no Brasil e no mundo ao contar a história de Claire Walsh e apresentar as mulheres da família Walsh, protagonistas de outros romances de Marian Keyes. Claire tinha tudo o que sempre quis na vida: um marido que ela idolatrava, um ótimo apartamento, um bom emprego. Mas, no que seria uma data muito especial em sua vida, o dia do nascimento da sua filha, James anuncia que a está deixando por uma vizinha com quem tem um caso há mais de seis meses. 

Com o coração partido, uma bebê recém-nascida e um corpo pós-parto para o qual ela mal consegue olhar, ela decide ir para a casa dos pais, em Dublin. Lá, recebendo os cuidados de sua excêntrica família, Claire avalia os prós e contras de um casamento de três anos e começa a se sentir melhor. Aliás, bem melhor. Até que o ex-marido reaparece, forçando-a a tomar uma decisão, que, de uma maneira ou de outra, mudará sua vida mais uma vez. Engraçadíssimo e irreverente, Melancia é um romance sobre sobrevivência e a arte de manter o bom humor mesmo diante das circunstâncias mais adversas.

Sobre a autora
Marian Keyes nasceu em Limerick, na Irlanda, em 1963. Depois de uma longa temporada em Londres, voltou a viver em seu país com o marido, Tony. Publicou seu primeiro romance, "Melancia", em 1995. Na sequência vieram "Casório?!", "Férias!", "É Agora... ou Nunca", "Sushi", "Los Angeles", "Um Best-seller Para Chamar de Meu", "Tem Alguém Aí?" (vencedor do British Book Awards e do prêmio Melissa Nathan na categoria Comédia Romântica), "Cheio de Charme" (vencedor do Irish Book Awards), "A Estrela Mais Brilhante do Céu", "Chá de Sumiço", "Mamãe Walsh" e "A Mulher que Roubou a Minha Vida", que juntos já venderam mais de 30 milhões de exemplares no mundo, dos quais mais de 1 milhão somente no Brasil. 

Seu mais recente lançamento no país é "Salva Pelos Bolos", livro de receitas no qual compartilha com seus leitores como a culinária a ajudou a sair da depressão. Saiba mais sobre Marian e sua obra em www.mariankeyes.com.

Serviço
"Bienal do Livro de São Paulo"
28 agosto 2016 - 11h às 12h - Arena Cultural BNDES

Saraiva do Shopping Rio Sul
30 de agosto – 18h45 – Carina Rissi apresenta Marian Keyes ao público
19h – Autógrafos

.: Crônica: Um abraço à caixa do supermercado

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em agosto de 2016



A cara feia de má vontade sempre incomoda, ainda mais quando você trabalhou o dia inteiro e está realizando a última tarefa "trabalhosa" do dia. Ok! Entendo que a atendente de caixa do mercado está rezando para terminar o expediente e se livrar de tudo dali. Diferentemente de mim. Claro! Estou lutando no meu negócio que ainda está mostrando a que veio. Não! Não conto as horas para ir embora, estar lá é um prazer e uma realização indescritível.

Tentar entender o outro, em situações complicadas, faz parte. Contudo, é preciso perceber a linha tênue que limita o mínimo do atendimento. De nada vai adiantar fazer caretas, bufar de raiva ou dizer que horas são, sendo que ainda é permitida a entrada de outros clientes que irão usar o caixa ainda mais tarde da noite. O que eu, enquanto cliente, tenho a ver com a raiva? Nada!

Sendo assim, eu poderia fazer um show no mesmo atacadista que numa das últimas compras altas que fiz, paguei por itens que não levei. Não que deixe de ter controle sobre o valor final a pagar. Sempre tive o hábito de anotar cada coisa que vai para o meu carrinho. Na hora, olhamos e não percebemos e nem mesmo o fiscal que fica na porta "vistando" a notinha do que foi comprado foi capaz de identificar o erro. 

A verdade é que, após conferência na minha loja, percebi que paguei por pipocão salgado, embora tenha levado amarrados de pipocão doce. Diferença gritante de valor que foi bancada por mim. Detalhe que a embalagem tem cor diferente e no próprio amarrado com dez, estava pintado "pipoca doce". No fim, o prejuízo de comprar uma coisa, pagar por outra bem mais cara e tolerar cara feia de funcionário insatisfeito fica a cargo do cliente. É exatamente assim que a banda toca.


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

.: Pedro Bandeira traz novidades para a 24ª Bienal do Livro de SP

Um dos maiores autores da literatura infantojuvenil no Brasil e que já vendeu mais de 20 milhões de exemplares, Pedro Bandeira marcará presença na 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. 

Nos dias 27 e 30 de agosto, e também no dia 1º de setembro, o escritor da clássica série “Os Karas” estará no estande da Editora Moderna para receber seus fãs e autografar oito títulos relançados pela casa editorial.

As obras juvenis "Alice no País da Mentira", "Brincadeira Mortal", "Gente de Estimação", "O Grande Desafio", "Descanse em Paz Meu Amor..." e "Prova de Fogo" que agora se juntam a "Pânico na Escola" na série "Mistério, Suspense e Aventura", apresentam temas variados, com muitos suspense, mistério e emoção, abordados de forma bem-humorada, com uma linguagem jovem e atual. 

Além desses, "Mariana Menina e Mulher" e "Histórias Apaixonadas", que passam a integrar a série "Paixão Sem Fim", trazem o sentimento forte do amor, que explode na adolescência e nunca mais deixa de ocupar nossos corações. Todos os títulos reformulados foram totalmente revistos pelo autor. A qualidade editorial, um novo conceito visual e a escrita de Pedro Bandeira se destacam em cada página, levando para o leitor mais que uma simples leitura, uma nova experiência.

Pedro Bandeira é autor exclusivo da Editora Moderna e algumas de suas obras ganharam importantes prêmios, como Jabuti, APCA, Adolfo Aizen e Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). 

Serviço
Sessão de autógrafos - Pedro Bandeira na Bienal do Livro de São Paulo
Quando: 27 de agosto (sábado), às 16h. 30 de agosto (terça-feira), às 11h e 1 de setembro (quinta), às 14h
Local: Rua H, 48 - Pavilhão de Exposições do Anhembi
Endereço: Av. Olavo Fontoura, 1.209 – São Paulo/SP

.: "Esquadrão Suicida" arrecada quase R$ 40 milhões na estreia

Um dos filmes mais aguardados do ano, “Esquadrão Suicida” estreou na última semana e já arrastou mais de 2 milhões de pessoas para os cinemas de todo o Brasil. Dados levantados pelos principais veículos do mercado mostram que as arrecadações já chegam perto dos 40 milhões de reais. A Rede Cinesystem Cinemas está atenta a essa movimentação do público e continuará exibindo o longa em todas as suas unidades na próxima “cine semana”, que começa nesta quinta-feira, 11 de agosto.

“Esquadrão Suicida” reúne os super vilões mais perigosos já encarcerados e dá a eles o arsenal mais poderoso do qual o governo dispõe. Depois disso, eles são enviados a uma missão para derrotar uma entidade enigmática e insuperável que a agente governamental Amanda Waller (Viola Davis) decidiu que só pode ser vencida por indivíduos desprezíveis e com nada a perder. Precisa dizer mais alguma coisa? A confusão e a destruição em massa fica ainda pior quando o improvável time percebe que eles não foram escolhidos para vencer e sim para falhar. Os ingressos poderão ser adquiridos nos caixas dos cinemas, totens de autoatendimento, aplicativos para tablet e smartphones e pelo sitewww.cinesystem.com.br.

Sobre a Cinesystem
Entre as seis maiores exibidoras do país, a Rede Cinesystem Cinemas está em expansão desde 2003 e opera 142 salas, distribuídas por 25 complexos em 10 estados: Pará, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dentre os diferenciais da Rede está o autosserviço, que dá autonomia ao cliente e permite que ele compre seus ingressos e produtos de maneira bastante intuitiva e ágil. 

Já o Espaço VIP proporciona atendimento diferenciado e salas que reúnem tecnologia e conforto extra, além de uma bomboniere VIP com cardápio exclusivo. Pioneira, a Rede inaugurou o primeiro complexo 100% digital no país e hoje, além de possuir salas com telas gigantes, reúne nas salas Cinépic alguns dos últimos lançamentos mundiais em equipamentos de som e projeção, como o sistema de som Dolby Atmos®, além de projeção digital com tecnologias 4K e HFR, que exibe até 60 quadros por segundo.

.: Crônica: E a quantidade de espertinhos só aumenta...

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em agosto de 2016



Pode ser aquele "espertalhão" no trânsito, que não sinaliza, dá uma fechada e toma a vaga de estacionamento num Canal da cidade de Santos, a qual você estava prestes a usar -com o carro até embicado- ou aquele que descaradamente fura a fila que nem mesmo está grande. A cultura de sempre levar vantagem. Essa é a mais latente entre os brasileiros.

Surpresos que os orientais recolheram os lixos nos estádios olímpicos? Claro! Aqui na terra Tupiniquim o que vigora é a lei do "salve-se quem puder". É extremamente complicado viver em sociedade e, antes de criar qualquer expectativa, jamais as crie com quem não conhece! Por quê? A decepção tem grandes chances de ser enorme.

Diante do tradicional "se o feijão é pouco, meu pirão primeiro" fica cada vez mais difícil acreditar em uma mudança próxima. Como ir contra ao pensamento de "eu sou melhor do que você" ou "eu tenho, você não tem"?. Afinal, sempre que se opta pela gentileza, na maioria das vezes, na sequência, bate o sentimento de ter sido um completo: Otário!


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

terça-feira, 9 de agosto de 2016

.: Entrevista com Matheus Lara, escritor e jornalista


“As más condutas estão, sobretudo, nos julgamentos.”

Matheus Lara

Por Helder Miranda
Em agosto de 2016

Violência doméstica e abusos sexuais estão entre os temas de novo livro de escritor paranaense Matheus Lara. Ele lançou pela Arte Editora o livro “Má Conduta”, que retrata de maneira impactante a violência doméstica e abusos sexuais.

O livro reúne seis contos assinados pelo escritor, hoje com 22 anos, entre 2010 e 2013. Com referências à cultura pop, de “O Iluminado” a “Love Me Tender”, os contos tem diálogos sucintos, narrativa dinâmica, e exploram contradições do ser humano em sociedade. 

A violência contra as mulheres é tema recorrente. Assim como na vida real, nos contos dele as mulheres são subjugadas, violadas e mortas. Preconceitos, adultério e misoginia fazem parte do pacote, e a intenção do autor é debater a respeito da banalização desses temas. Matheus estreou na literatura em 2012, com o romance “A Flor que Não É Sua”, publicado em 2012 de forma independente pelo Clube de Autores, que ficou entre os contemplados com o IV Prêmio Clube de Autores da Literatura Contemporânea.  Nesta entrevista exclusiva para o Resenhando, ele fala sobre...


RESENHANDO - O que é ter uma má conduta?
MATHEUS LARA - As más condutas estão, sobretudo, nos julgamentos. São ações, atitudes, posicionamentos políticos, comportamentos ou formas de ser que costumam ser vistos ou entendidos como errados. Quando conservadores insistem em lutar contra o direito de minorias sociais, por exemplo, eles costumam pregar contra o que consideram uma má conduta. Quando uma sociedade inteira reprime a sexualidade das mulheres, por exemplo, é porque entende esta liberdade como uma má conduta. Negar ou contrariar a moral e os bons costumes é visto por muitos como uma má conduta. Ter uma má conduta, para mim, é justamente assumir um posicionamento desumano contra essas liberdades. O preconceito é uma má conduta. A violência é uma má conduta. Negar direitos humanos é uma má conduta. 


Crédito da foto: Renan Sedorko
RESENHANDO - Como surgiu a ideia de escrever esse livro? 
M.L. - A narrativa ficcional é uma ferramenta oportuna para criar e representar pessoas, situações, tipos e problemas. “Má Conduta” traz personagens desprezíveis, que filosofam de acordo com suas conveniências, e isso fala muito de nós mesmos. Os contos de “Má Conduta” estão calcados no real. Numa realidade hostil vivenciada por muitas pessoas, não por opção, evidentemente, e acompanhada por todos nós nas páginas dos jornais. A intenção é falar sobre essa realidade. É provocar qualquer mínimo debate sobre a banalização de alguns desses temas e, de certa forma, ajudar a identificá-los e talvez até a combatê-los. É evidente que isso extrapola o limite das páginas do livro, mas é justamente essa a provocação. 


RESENHANDO - Os temas de “Má Conduta” têm violência doméstica e abusos sexuais. Por que os escolheu?
M.L. - Quero dialogar com o público sobre esses temas. Ou, pelo menos, provocar o diálogo. E está sendo assim. Meu otimismo era grande em relação a isso, por que a gente parece viver um momento em que as pessoas querem debater, expressar o que pensam, ter voz. No fim, essa voz - calada muitas vezes pela inércia, pela violência ou por um conservadorismo - é o que faz com que atrocidades como algumas das retratadas em “Má Conduta” sejam revertidas ou combatidas.


RESENHANDO - A literatura sempre foi um objetivo em sua vida?
M.L. - Na verdade, não. Comecei a escrever com mais frequência em 2009, quando criei um blog para publicação de crônicas e textos dissertativos sobre assuntos diversos. A ideia do blog era treinar redação para o vestibular, que eu faria naquele ano. Porém, não demorou muito para que eu começasse a publicar outros formatos de texto, como alguns contos, ou mesmo cenas aleatórias. Esse blog ficou no ar entre 2009 e 2012. Antes desse período, eu me lembro de ter escrito algumas historinhas quando tinha uns 12 anos. Era um hobby, e não cheguei a publicar em lugar nenhum. Não tinha acesso à internet em casa naquela época, então escrever era um passatempo, tanto quanto jogar videogame ou brincar com meus amigos e cachorros. Eu realmente me divertia.


RESENHANDO - Como o jornalismo entrou em sua vida?
M.L. - O motivo principal que me fez querer trabalhar com jornalismo foi o interesse na área, de forma geral, e em suas diferentes possibilidades de atuação profissional. Com o curso e com o início da atuação profissional, tive cada vez mais a consciência da importância do jornalismo livre e plural numa sociedade democrática. 

RESENHANDO – Que importância é essa?
M.L. - O jornalismo tem uma grande responsabilidade, seja no provimento de informações, no suporte para que o poder público possa identificar mais demandas da comunidade, mas também como espaço de representação. Isso tudo pode trazer consequências, para o bem ou para o mal. Pensar no jornalismo criticamente exige ter a consciência de que o jornalismo é, também, uma atividade cheia de subjetividade, e que estas subjetividades estão sujeitas a muito mais coisas do que o simples ato de informar. O jornalismo não mostra a realidade como ela realmente é, mas nos oferece representações de aspectos da realidade. Ter isso em mente é fundamental quando estamos lendo um jornal, assistindo a TV ou lendo notícias pela internet. Em tempos de ameaças à democracia e ao Estado Democrático de Direito, ampliar o debate sobre a mídia e sobre a necessidade de sua democratização é um dos motivos que atualmente me mantém interessado cada vez mais no jornalismo.


RESENHANDO - O livro traz referências à cultura pop, como “Love Me Tender” “O Iluminado”. Como a arte interfere em sua criação? 
M.L. - As referências que temos na vida têm importância naquilo que fazemos e até naquilo que somos. Os produtos, livros, músicas, etc., citados em “Má Conduta” dialogam de certa maneira com os temas presentes, ou com os personagens ou com as histórias. São, para além de uma reverência aos seus criadores, também parte do enredo das histórias narradas.


RESENHANDO - A violência contra as mulheres é recorrente em “Má Conduta”. Como lutar contra? 
M.L. - Defender a luta contra a violência de gênero não deve ser algo restrito a quem sofre essas violências cotidianamente. Assim como não é preciso ser gay para lutar contra a homofobia, especificamente, ou ser negro para lutar contra o racismo. Reconheço que o protagonismo nas lutas é algo extremamente importante e necessário. Mas entendo também que aqueles que não sentem na pele os motivos pelos quais essas pessoas lutam podem e devem fazer pelo menos o mínimo, que é respeitar e transmitir o seu apoio e dar visibilidade a essas lutas. Como disse, vejo a narrativa ficcional como uma ferramenta oportuna para criar e representar pessoas, situações, tipos e problemas. “Má Conduta”, de certa forma, representa esse sentimento.


RESENHANDO - Você é muito jovem. De onde tira essas vivências para elaborar situações tão fortes? 
M.L. - Os elementos que ajudam a pensar nessas histórias e nesses temas estão no dia-a-dia de todos nós: nas mulheres que são violentadas dentro de casa e que, por uma centena de motivos, não cogitam denunciar seus agressores. Na criação dos filhos que crescem alimentando o sonho de se tornarem engenheiros, pilotos, cientistas enquanto suas irmãs crescem sob a pressão de que um dia precisam obrigatoriamente se tornar mães... E por aí vai, os exemplos infelizmente são inúmeros.


RESENHANDO – O que tem a dizer sobre o romance “A Flor que Não É Sua”? 
M.L. - “A Flor que Não É Sua” foi, antes de tudo, uma experiência. Apesar de ter sido publicado em 2012, ele foi escrito em 2009, num momento em que eu começava a escrever de forma mais recorrente. Deixei o texto abandonado na gaveta por alguns anos e até tinha desistido de publicar. É um romance sobre a história de um homem que perdeu o filho e que, em certo momento da vida, conhece um menino de rua, por quem passa a nutrir um sentimento de paternidade. Tive a honra de estar entre os premiados no IV Prêmio Clube de Autores de Literatura Contemporânea com o livro.


RESENHANDO - Quais os autores o influenciaram e por quê?
M.L. - Tem dois nomes que costumo citar. São minhas maiores referências. Rubem Fonseca (de “Agosto”, “A Grande Arte” e “Feliz Ano Novo”) e Chuck Palahniuk (de “Clube da Luta”, “Assombro” e “Sobrevivente”). O que mais me agrada nos dois é a ousadia no formato da narrativa, nas histórias e na linguagem.



Sobre o entrevistador
Helder Miranda é editor do Resenhando.com há 12 anos. É formado em Comunicação Social - Jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos-Universidade Católica de Santos, e pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela USP. Atuou como repórter em vários veículos de comunicação. Lançou, aos 17 anos, o livro independente de poemas "Fuga", que teve duas tiragens esgotadas.

.: 3ª CompartiArte une arte contemporânea e filantropia

Aventura dos Corpos III, Thereza Salazar


Criada pelas empresárias e colecionadoras de arte Angela Akagawa e Cleusa Garfinkel, com um grupo de voluntários, tendo por objetivo difundir a arte contemporânea junto a um público interessado em investir nessa forma de expressão e auxiliar instituições que prestam serviços essenciais à comunidade, a "CompartiArte" chega à sua 3ª edição com peças selecionadas especialmente para a exposição.

Entre os dias 17 e 19 de agosto no Centro Brasileiro Britânico (CBB), que apoia a mostra, o público terá acesso às obras de cerca de 60 artistas como Albano Afonso, Caio Reisewitz, Cássio Vasconcellos, Cláudio Edinger, Edgard de Souza, Laura Gorski, Nelson Leirner, Sandra Cinto, Lina Kim, Andrey Zignnatto e Thereza Salazar, que cederam suas peças especialmente para a exposição.

Esforço agregado entre as organizadoras, voluntários, artistas, galeristas e colecionadores, a CompartiArte reverte o resultado das vendas das obras em benefício da União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social – Unibes e da ONG Share | Associação Beneficente Nossa Senhora Auxiliadora, entidades escolhidas pela organização para serem beneficiadas nesta edição.

Em 2014, as doações foram direcionadas ao Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer – GRAACC e à ONG Share | Associação Beneficente Nossa Senhora Auxiliadora. No ano passado, as verbas foram revertidas à ACTC - Casa do Coração e à ONG Share. A mostra tem entrada gratuita.

Participam da exposição os artistas: Albano Afonso, Ana Paula Oliveira,  Andrey Zignnatto, Alexandre Brandão, Bartolomeo Gelpi, Bruno Dunley, Caio Reisewitz, Cássio Vasconcelos, Célia Euvaldo, Chiara Banfi, Cláudio Edinger, Dudi Maia Rosa, Daniel Murgel,  Estela Sokol, Fábio Miguez, Fabricio Lopez, Felipe Cohen, Gisela Motta, Leandro Leme, Giulia Bianchi, Ivan Grilo, Júlia Kater, José Bechara, Kátia Fiera, Laura Gorski, Leopoldo Plentz, Lucas Lenci, Luiz Solha, Marco Giannotti, Marcelo Aniello, Márcia Xavier, Marcus Vinícius, Marina Weffort, Marlene Stamm, Mano Penalva, Marta Matushita, Mauro Piva, Nelson Félix, Pascal Ruesch, Paulo Pasta, Pedro David, Rafael Santacosta, Raul Mourão, Renata Cruz, Rodrigo Andrade, Rosângela Dorázio, Sachiko Koshikoku, Sandra Cinto, Tiago Tebet, Thereza Salazar, Tony Camargo, Wagner Malta Tavares, Nelson Leirner, Edgard de Souza, Lina Kim, Deyson Gilbert, Júlio Landmann, Deolinda Menezes e Sérgio Sister. 

3ª CompartiArte
17 de agosto, às 19h 
18 e 19 de agosto, das 10h às 19h
R. Ferreira de Araújo, 741 - Pinheiros, São Paulo – SP
Entrada gratuita.

.: Netflix anuncia série infantil animada inspirada na "Motown"


A Netflix, Grace: A Storytelling Company (Grace) e Beyond International (Beyond) anunciaram que será disponibilizada em breve aos assinantes da Netflix uma nova série original animada voltada para o público infantil, baseada no ilustre catálogo musical da Jobete. 

Ainda sem título, o projeto "Motown" retratará um mundo fantástico criado por Josh Wakely, diretor, showrunner e produtor da série. Josh terá a parceria de Smokey Robinson, um dos maiores artistas da Motown e que atuará como produtor executivo musical. Cada episódio da série será inspirado em clássicos interpretados por artistas de renome da atualidade, inclusive sucessos de Robinson, Marvin Gaye, "The Jackson 5", Lionel Richie, "The Supremes", "The Temptations", Stevie Wonder e muitos outros.

“Estou animado por fazer parte desta nova e maravilhosa série que apresentará a magia da 'Motown' e oferecerá nossas músicas a toda uma nova geração de fãs e às suas famílias. Fiquei muito impressionado com a visão criativa de Josh para a série e mal posso esperar para fazer minha parte no desenvolvimento desse universo”, comenta Robinson, um dos compositores, produtores e apresentadores mais aclamados e consagrados do mundo da música e que teve grande influência no impacto cultural da Motown desde o início da gravadora.

Com uma trilha composta por músicas incríveis e um visual impressionante, o projeto gira em torno das aventuras de Ben, um garoto de oito anos adorável e um pouco tímido que tem o extraordinário poder de dar vida à arte de rua. Ele mora com a família na cidade imaginária de Motown, criada com base na rica herança musical de Detroit. Inspirados nas letras e melodias das clássicas canções do selo Motown, Ben e os amigos Angie e Mickey, juntos com uma turma fantástica de artistas de rua, aprendem belas lições de vida ao descobrir que a criatividade é a magia capaz de restaurar a vitalidade da cidade.

“Josh e sua equipe conseguiram mais uma vez realizar o trabalho incrível de mesclar músicas icônicas com narrativas envolventes, com as quais as crianças podem aprender e as famílias podem se divertir juntas”, enaltece Andy Yeatman, diretor de conteúdo infantil original da Netflix. “Procuramos cineastas que possam assumir a responsabilidade de criar conteúdo que será amado e acompanhado pela próxima geração de crianças, e este projeto atinge perfeitamente esse objetivo”.

Ao longo de sua renomada história, a gravadora Motown acumulou inúmeros sucessos que atingiram o primeiro lugar das paradas, como “ABC”, “My Girl”, “Please Mr. Postman”, “You Can’t Hurry Love”, “Reach Out I’ll Be There” e “I Heard it Through the Grapevine”. Wakely obteve os direitos de milhares de composições dos catálogos musicais das lendárias Jobete Music Company, Inc. e Stone Diamond Music Corporation por meio de um acordo firmado com a Sony/ATV Music Publishing, administradora das músicas. A Grace: A Storytelling Company está produzindo esta série original Netflix em parceria com a Beyond Screen Production, e Robinson trabalhará como consultor e ajudará na seleção de músicas e artistas. A trilha sonora da primeira temporada será lançada pela Melodia/Motown Records na mesma época de estreia mundial da série, que será anunciada futuramente.

“Eu cresci ouvindo os sucessos da 'Motown' e fico muito agradecido pela confiança depositada em mim para usar as músicas como inspiração das histórias e personagens”, declara o criador e diretor Josh Wakely. “Considerando os talentosos profissionais que estão trabalhando neste projeto e a plataforma global da Netflix, vamos tentar criar algo extraordinário que possa ser desfrutado por várias gerações”.

Este projeto da "Motown" representa a segunda série de temática musical criada por Wakely e pela Beyond para a Netflix e segue a mesma linha de "Beat Bugs", série inspirada em músicas dos Beatles interpretadas por Eddie Vedder, P!nk, Sia, Rod Stewart, Jennifer Hudson, James Corden e muitos outros. A partir de um acordo com a Sony/ATV Music Publishing para licenciamento dos direitos mundiais do catálogo musical dos Beatles, "Beat Bugs" foi lançada mundialmente na Netflix em 3 de agosto, no mesmo dia do lançamento da trilha sonora da primeira temporada pela Melodia/Republic Records, exclusivamente na Apple Music. Na Austrália, "Beat Bugs" será disponibilizada aos assinantes da Netflix após a estreia da série em canal aberto.

.: Fafá de Belém comemora 40 anos de carreira com gravação de DVD


Após o sucesso do mais recente álbum "Do Tamanho Certo Para o Meu Sorriso", Fafá de Belém comemora 40 anos de carreira realizando a gravação do DVD do último show. Ela, que acaba de ganhar dois prêmios na categoria Canção Popular na 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira como melhor cantora e melhor álbum, fará a gravação no dia 11 de agosto (com participação da plateia), às 21h, no Teatro Bradesco, no Bourbon Shopping em São Paulo. O espetáculo tem conceito e direção de Paulo Borges e participação dos paraenses Felipe e Manoel Cordeiro. 

Com uma carreira marcante na música brasileira, Fafá de Belém mais uma vez inova e apresenta um espetáculo totalmente diferente em sua rica trajetória. Convidou Paulo Borges para a concepção geral e direção, e juntos ousarem em um formato diferenciado, com cenários especiais e dois músicos no palco. 

"Não paro de fazer shows por todo o Brasil, em vários formatos. Mas este espetáculo agora é especial, traz muita coisa nova, é um desafio novo. E ainda bem que gosto de desafios, e este é bem diferente", comenta Fafá.

A concepção parte de um resgate artístico e emocional da cantora. Percorre suas atitudes, gestos, memórias, referências, visões de Belém do Pará, uma verdadeira viagem em torno da história da Fafá. 

"Na gravação desse DVD, teremos a música como imagem do que se sente e se vê", explica Paulo Borges. Projeções acontecerão durante todo a gravação, onde Fafá sai de cena duas vezes para troca dos figurinos feitos especialmente pelo estilista Luis Claudio, da "APTO 03".

Os músicos paraenses Manoel e Felipe Cordeiro (pai e filho), os únicos no palco com a cantora, executam duas músicas instrumentais. As canções do CD, também chamado "Do Tamanho Certo Para Meu Sorriso", serão apresentadas junto com clássicos emblemáticos da carreira de Fafá.

"Bilhete" e "Abandonada", entre outros clássicos dela, juntam-se às inéditas que integram o repertório do novo disco, lançado recentemente pela gravadora Joia Moderna, do DJ Ze Pedro. "Ao Pôr do Sol" (Firmo Cardoso e Dino Souza), "Asfalto Amarelo" (Manoel Cordeiro / Felipe Cordeiro / Zeca Baleiro), "O Gosto da Vida" (Péricles Cavalcanti), "Pedra Sem Valor" (Dona Onete), "Quem Não te Quer Sou Eu" (Firmo Cardoso / Nivaldo Fiúza), "Usei Você" (Silvio Cesar), "Vem Que É Bom" (Manoel Cordeiro / Ronery), "Volta" (Jonny Hooker), "Meu Coração É Brega" (Veloso Dias) e "Os Passa Vida" (Osmar Jr. / Rambolde Campos).

Ficha técnica do espetáculo
Concepção, roteiro e direção geral: Paulo Borges
Direção musical: Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro
Músicos: Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro
Direção de produção: Natália Reis 
Coordenação de produção: Fabio Buitividas e Mauro Dáloisio
Vídeos cenários: Richard Luiz - Protótipo Filme
Cenografia: Fresh Design 
Iluminação: Wagner Freire - Stage Luz e Magia
Sonorização: Marcelo Conde
Projeção: Richard Luis
Figurino: Apartamento 03 
Make/up: Ricardo dos Anjos
Produção: Kaiapó produções artísticas e fonográficas Ltda

Serviço
Gravação do show "Do Tamanho Certo Para o Meu Sorriso", com Fafá de Belém
Dia: 11 de agosto (Quinta-feira)
Horário: 21h
Local: Teatro Bradesco (Rua Palestra Itália, 500 / 3º piso - Bourbon Shopping São Paulo)
www.teatrobradesco.com.br 

Canais de venda oficiais
Ingresso Rápido: 4003-1212 
www.ingressorapido.com.br
Bilheteria Teatro Bradesco: Rua Palestra Itália, 500 / 3º piso - Bourbon Shopping São Paulo 
Horário de funcionamento: domingo a quinta-feira, das 12h às 20h. Sexta e Sábado, das 12h às 22h.

.: Inspirada em chacina, "Tiros em Osasco" estreia dia 18 no Sesi SP


Como você reage quando descobre que ocorreu um crime bem perto de você? A vida continua ou algo muda? O disparo inicial da montagem Tiros em Osasco, que reabrirá a programação do Espaço Mezanino do Sesi-SP dia 18 de agosto, às 20h30, começa justamente com esse clima de “o que está havendo? ”. A peça fica em cartaz no Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso até 6 de novembro, com entrada gratuita.

Tomando como pano de fundo a chacina ocorrida em Osasco e Barueri há um ano, deixando 19 mortos e cinco feridos, o texto de Cássio Pires traz provocações bem articuladas sobre as relações de indiferença e violência nas grandes cidades – seja entre as pessoas, seja com o espaço.

“Para cada fala intolerante e desprovida de fundamento, de conhecimento ou reflexão dita por essas personagens, há um estampido que ressoa em algum lugar que a vista cansada e míope já não mais consegue alcançar”, afirma a diretora Yara de Novaes. É como se cada frase ácida dita em cena fosse um tiro, e cada tiro chegasse até o público acompanhado pelo som do disparo na peça encenada pelos jovens atores do Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI-SP.

Dividida em cinco cenas curtas, a peça mergulha nos cômodos dos apartamentos de jovens adultos de classe média e em seus pensamentos – muitas vezes permeados de individualismo, preconceito e intolerância.

“Queremos que o teatro seja uma cena aberta da discussão de um tempo. Não estamos fazendo apenas entretenimento, estamos enfrentando problemas”, afirma o dramaturgo Cássio Pires, que buscou fazer uma ácida crítica social sobre atenção presente na dinâmica social atual.

Repetição, similaridade e espelhamento
Os elementos estéticos de "Tiros em Osasco" procuram refletir o universo e os valores das personagens: a luz, a trilha sonora e o cenário sugerem ideias de repetição, similaridade e espelhamento. “O mais marcante do cenário é a repetição, a reprodução desses espaços pré-fabricados em que a gente vive hoje”, comenta o cenógrafo André Cortez, vencedor do Prêmio Shell de Teatro.

Outros destaques são a iluminação criada por Wagner Antônio e uma trilha sonora original criada por Dr. Morris especialmente para este espetáculo. As letras de "I Started A Joke" (Bee Gees), "What’s Up" (4 Non Blondes), "Forever Young" (Alphaville) e "I Will Survive" (Gloria Gaynor) compõem a trilha sonora e traçam uma prévia do que o público pode esperar do novo trabalho do Núcleo.

Sobre Yara de Novaes
Atriz e diretora mineira, já dirigiu mais de 15 espetáculos e tem um premiado currículo. Seu reconhecimento mais recente foi o de melhor atriz pela Associação Paulista de Críticos de Arte (2013) por "Contrações".  Por seus trabalhos de direção, ganhou os prêmios Fundacen (1989), Sesc-Sated (1999) e Troféu USIMINAS/SINPARC (2003). Ao lado da atriz da Débora Falabella e do produtor Gabriel Paiva, integra o Grupo 3 de Teatro, no qual dirigiu "Noites Brancas", de Dostoievski, "A Serpente", de Nelson Rodrigues e "O Amor e Outros Estranhos Rumores – 3 Histórias de Murilo Rubião", de Silvia Gomez.

Sobre Cassio Pires
Dramaturgo e diretor paulistano contemplado com cinco prêmios, entre os quais se destacam o Prêmio Estímulo de Curtas-Metragens da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2003), o 2º lugar no Prêmio Plínio Marcos (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, 2002) e a Menção Honrosa do Concurso Nacional de Literatura de Belo Horizonte (2002). É autor de "A Carne Exausta", "Vigília", "Ifigênia", "Peça de Elevador", entre outros. Também atua na adaptação de obras literárias para o palco, a exemplo de "O Fio das Missangas", de Mia Couto, e Sonata a Kreutzer, de Lev Tolstói. Com Yara de Novaes, adaptou "O Capote", do russo Nikolai Gógol para o teatro.

Sobre o Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI-SP
Mais de 170 atores já passaram pelo Núcleo Experimental de Artes Cênicas do Sesi-SP desde 2001. O projeto atualmente é coordenado pela atriz e diretora Miriam Rinaldi. Além de aulas teóricas e práticas, o curso, dividido em três módulos – construção do personagem, construção da persona e lugar do narrador –, tem duração de 10 meses. Ao final da oficina, os artistas selecionados são convidados a participar de uma montagem profissional de texto original a ser realizada no ano seguinte.

Serviço:
Tiros em Osasco
Temporada: de 18 de agosto a 6 de novembro de 2016
Horários: quarta a sábado, às 20h30. Domingo, às 19h30.
Local: Espaço Mezanino do Centro Cultural Fiesp-Ruth Cardoso - Avenida Paulista, 1313 (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Classificação: 18 anos
Duração: 90 minutos
Gênero: drama
Capacidade: 50 lugares.
Grátis. Dois ingressos por pessoa.
Horário da bilheteria: quarta a sábado, das 13h às 20h30. Domingo, das 11h às 20h.

Ficha Técnica: Texto: Cássio Pires | Direção: Yara de Novaes | Assistência de direção e preparação corporal: Murillo Basso e Renan Ferreira | Assistência de direção: Elise Garcia | Elenco: Anna Gobbi, Ana Luiza Anjos, André Saboya, Guilherme Yazbek, Carlos Jordão, Marcella Vicentini, Marcelo Rodrigues, Magiu Mansur, Renata Becker, Renata Martins e Rodrigo Sampaio | Cenografia: André Cortez | Iluminação: Wagner Antônio | Figurino: Cassio Brasil | Direção musical e trilha sonora: Dr. Morris | Coordenação de produção: Bia Fonseca | Assistência de produção: Mariana Machado | Direção de produção: Marlene Salgado.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

.: Mentira pode jogar nome e reputação de Gay Talese na lama

Por Helder Miranda
Em agosto de 2016

Biógrafo famoso, Gay Talese, autor do clássico de jornalismo-literário "Fama & Anonimato", escreveu nos anos 60 um perfil de Frank Sinatra sem entrevistá-lo, algo que foi considerado "formidável" pela crítica.  

A partir daí, construiu uma carreira sólida com livros de não-ficção. Décadas depois, em 2016, o nome dele pode ir para a lama. 

O último lançamento do escritor, "The voyeur's Motel" - "O Motel do Voyeur", em tradução literal - sobre o dono de um motel que levou décadas espiando a vida sexual de hóspedes em cima de um teto falso, foi desmascarado pelo jornal "Washington Post". 

Única fonte, o "voyeur" inventou a maioria das coisas contadas na obra, que nem chegou às livrarias brasileiras... mas periga ser retirado de circulação.

Sobre o autor

Helder Miranda é editor do Resenhando.com há 12 anos. É formado em Comunicação Social - Jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos-Universidade Católica de Santos, e pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela USP. Atuou como repórter em vários veículos de comunicação. Lançou, aos 17 anos, o livro independente de poemas "Fuga", que teve duas tiragens esgotadas.
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