terça-feira, 27 de dezembro de 2022

.: Um Shakespeare da periferia em “Eu, Romeu”, que estreia em São Paulo

Um Shakespeare do subúrbio: em “Eu, Romeu” o ator Marcos Camelo, da Adorável Companhia, estreia em São Paulo. Temporada: 6 a 29 de janeiro na Sala Augusto Boal - Teatro de Arena Eugênio Kusnet , sextas e sábados às 20h, domingos às 19h. Foto: Silvia Patrícia

Encenada desde 2020, um pouco antes de a pandemia assolar o mundo, o espetáculo “Eu, Romeu” estreia em São Paulo, na Sala Augusto Boal - Teatro de Arena Eugênio Kusnet, apresentando um outro universo para o personagem Romeu, do clássico "Romeu e Julieta", de William Shakespeare.

De 6 a 29 de janeiro, o ator Marcos Camelo apresentará a história que transita pela vida real de um ator do subúrbio carioca que provavelmente não teria a chance de estar dentro do personagem criado pelo escritor inglês. O solo narrativo mistura música, teatro, circo em comunicação direta com a plateia, com a finalidade de um teatro de extrema intimidade com cada pessoa. Sextas e sábados às 20h, domingos às 19h, com ingressos a R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada).

A tragédia mais amada de William Shakespeare se mistura à recorrente tragédia dos subúrbios do Rio de Janeiro, onde o CEP de um indivíduo determina os acontecimentos de sua vida, até onde este pode ir e o tamanho de suas conquistas. Transpor essas barreiras equivale a uma verdadeira odisseia, uma constante luta desigual para afirmar sua potência, alcançando seus objetivos e sonhos.

Em cena, Marcos Camelo sintetiza através do corpo a dicotomia de ter a cabeça em Verona, dividida entre Montéquios x Capuletos, e os pés em Rocha Miranda, bairro da Zona Norte carioca, localizado entre Morro do Jorge Turco e o Morro do Faz Quem Quer, trazendo à cena a história de heróis perdedores, daqueles que fazem o que podem com o que são e que com honra, dignidade e bom humor ousam sonhar, lutar e quase sempre perder.

Segundo Marcos, o espetáculo traz o desafio de um teatro vivo, interessado em tocar as pessoas, proporcionando uma experiência intima e pessoal, ultrapassando a facilidade do individualismo que aflige a todos nos dias atuais. Ele se utilizou de duas premissas para construir o espetáculo: um assunto que precisamos falar e um acontecimento que precisamos celebrar. 

Daí a ideia de contar a conhecida tragédia de Shakespeare sob a perspectiva de um ator que muito provavelmente não seria escalado para protagonizar uma montagem clássica de Romeu e Julieta. “A inspiração para o espetáculo partiu do quanto estão estruturados na sociedade os sistemas pré-determinados que impõe limites aos cidadãos devido a sua ascendência, a cor de pele, cep e cultura”, avalia.

E onde o Romeu de Shakespeare encontra o Romeu de Marcos? Marcos só se encontra com Romeu na intensidade com que vive a paixão adolescente. Se por um lado Romeu se sente livre para invadir a festa de uma família da alta sociedade de Verona, onde não era convidado - e também, sabidamente não era bem vindo - , para o jovem do subúrbio/periferia do Rio de Janeiro e, de modo geral, do Brasil a resposta à sua paixão é “NÃO”.

Os estereótipos e a regionalização das oportunidades estão no palco, além das barreiras físicas e reservas de mercado. Celebrar a insistência petulante dos improváveis, a paciência dos que não se encaixam e exaltar a teimosia. O espetáculo "Eu, Romeu" apresenta uma dramaturgia autoral e contemporânea, mesclando Romeu e Julieta a acontecimentos da vida de seu intérprete, tornando-os intrinsecamente ligados e apontando que no cotidiano real a cor e a origem de um indivíduo podem tornar sua trajetória trágica. Schopenhauer certa vez escreveu que vida e sonho são páginas do mesmo livro. E que folheá-las corresponderia a sonhar. Em cena um ator lança mão de tudo o que é - e tem - para fazer com que o espectador brinque com este livro mesmo acordado. Um ator que é o início e o fim de todas as ações”, diz.

O espetáculo, premiado em vários festivais pelo Brasil, já circulou por Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Amazônia. O que o público de São Paulo pode esperar do espetáculo? “Um artista que fala de si para falar do mundo, um espetáculo divertido, provocador que tem a cara do nosso povo. É Shakespeare do hip hop ao samba”, responde Marcos.

O que Marcos diria para Shakespeare em um encontro informal? A resposta é: “Que a provocação de Hamlet tocou um cidadão do subúrbio do Rio de Janeiro - O “Ser ou não ser” existir ou não existir e, em última instância, viver ou morrer. Me fez perceber o quanto eu precisaria me esforçar para Viver, com V maiúsculo e não simplesmente caminhar pelo mundo por um determinado período de tempo já um tanto sem vida, um tanto morto”.


Montagem
Cenário e figurino funcionais que se tornam aparelhos, sendo utilizados em construções de imagens fantásticas, ressignificação do espaço, criando códigos e levando o trabalho do estado do ator para além do seu corpo, ampliando a experiência estética. A iluminação oferece o suporte adequado à linguagem proposta, transitando entre a neutralidade, que reforça um teatro a partir do ator, para uma luz forte e intensa, apoiando a poesia e dramaticidade construída quase que artesanalmente pelo artista em cena.


Sobre a Adorável Companhia
Companhia formada por uma bailarina\acrobata e um ator\palhaço: Cecília Viegas e Marcos Camelo. Criada para satisfazer o desejo por uma autonomia artística e por uma cena autoral, multidisciplinar numa linguagem popular e ao mesmo tempo sofisticada.

Circo, Teatro e dança na construção de uma estética que torne o acontecimento teatral uma experiência única. A sede da companhia é no quintal da casa deste casal, em Guapimirim, Baixada Fluminense, onde foi montado o primeiro espetáculo do grupo, o infantil Nosso Grande Espetáculo, em 2017.

Este já foi encenado no Paraná, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Temporada em Copacabana, teatro Glaucio Gill, em abril de 2019. A TV Brasil registrou o espetáculo que virou o especial de TV Palhaçaria. Foi selecionado no edital Primeiros Olhares dos Doutores da Alegria (SP) para apresentações em hospitais públicos. Em março de 2020 estrearam o espetáculo adulto solo narrativo: “Eu, Romeu” em Goiânia no Sesc Centro.


Marcos Camelo
Nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro, de uma parte da cidade sem biblioteca, cinema, teatro ou qualquer outro espaço para produção e consumo de cultura. A experiência de ver, ouvir e contar histórias, festas populares, onde a dança, o jogo e a brincadeira o levaram ao teatro. Do teatro para o palhaço e o circo foi um pulo.

Formação, técnica, treinamento e pesquisa para que a cena seja o lugar de estar junto e construindo uma realidade alternativa à dureza do dia a dia e sendo ainda uma experiência estética única, arrebatadora e transformadora. Este é Marcos Camelo, ator formado na Escola Estadual Martins Pena, ex-integrante dos Doutores da Alegria, Fundador e Palhaço do Grupo Roda Gigante, diretor do premiadíssimo Acorda Amor, da Cia. Quatro Manos, e Diretor Artístico da Adorável Companhia. Atuou nos espetáculos: “Inventário”, "Os Fabulosos" (Os Fabulosos), "Contos do Mar" (Cia 4 Manos), "Nosso Grande Espetáculo", "TV Brasil Especial Palhaçaria". Protagonista da série "A Liga do Natal", em 2020.

Cecília Viegas
Nascida em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Decidiu ser bailarina desde os três anos de idade e assim foi de alma e corpo. Formou-se na Escola Estadual de Danças Maria Olenewa que lhe deu oportunidade de trabalhar como corpo de baile no Theatro Municipal do Tio de Janeiro em temporadas de "Giselle", "La Bayadere", "Lago dos Cisnes", "A Bela Adormecida" e "O Quebra Nozes".

Com Licenciatura em Ciências Biológicas, no circo encontrou um lugar para realização artística com infinitas possibilidades de reinvenção, ressignificação, além de ser um potente transformador social enquanto ferramenta de arte educação. Fundou seu projeto social, Flutuarte, em Guapimirim, pelo qual recebeu Moção de Honra pelo Conselho Tutelar de Guapimirim e Homenagem do Fórum Cultural da Baixada Fluminense. Buscou formação em pedagogia do circo, fundou a Adorável Companhia com Marcos Camelo para possibilitar sua pesquisa de circo, teatro e dança de forma autoral acreditando que a arte é a melhor ferramenta para inspirar pessoas a serem protagonistas de um mundo que está em permanente construção.


Ficha técnica
"Eu, Romeu". Elenco, roteiro e figurino: 
Marcos Camelo. Direção artística, argumento e pesquisa de aparelho: Cecília Viegas. Iluminação: Júlio Coelho. 


Serviço
"Eu, Romeu". Temporada: de 6 a 29 de janeiro de 2023. Local: Sala Augusto Boal - Teatro de Arena Eugênio Kusnet - Rua Doutor Teodoro Baima, 94 , República. Telefone: (11) 3259-6409. Apresentações: sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). Duração: 60 minutos. Classificação: 14 anos. Gênero: Teatro Narrativo. Capacidade: 99 lugares.

.: "O Rei do Gado": Caco Ciocler relembra estreia na TV em entrevista

"Foi um trabalho muito marcante, uma entrada pela porta da frente", revela o ator em entrevista. Com ele, que na trama interpreta Jeremias Berdinazzi na juventude, o ator Marcello Anthony. Foto: TV Globo / Jorge Baumann

Quando conseguiu um papel para participar da primeira fase de "O Rei do Gado", em exibição no "Vale a Pena Ver de Novo", o ator Caco Ciocler entendeu que aquela era a grande oportunidade de deslanchar na carreira de ator. Ele conciliava o teatro com os estudos na faculdade de engenharia química, e tinha acabado de saber que seria pai. Por isso, agarrou sua estreia na TV com unhas e dentes.

"Eu estava em uma encruzilhada de vida, sabe? Ia ter de sair da casa dos meus pais, constituir família, ainda na faculdade, sem perspectiva de conseguir me sustentar, sustentar uma família. Então esse convite para 'O Rei do Gado' foi uma revolução, foi o universo dizendo 'vai lá, vai lá que eu te seguro'. Foi muito importante para mim essa novela, tinha que dar certo, eu tinha que arrasar porque era a chance de conseguir ter uma carreira, de conseguir viver disso. E eu fui premiado como ator revelação pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), tive já o primeiro trabalho super reconhecido, foi um trabalho muito marcante, uma entrada pela porta da frente"
, revela. 

Na trama de Benedito Ruy Barbosa, Caco interpreta Geremias, o terceiro filho de Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira) e Marieta (Eva Wilma). É irmão de Bruno (Marcello Antony), Giácomo (Manoel Boucinhas) e Giovanna (Letícia Spiller). Após a morte do irmão Bruno na guerra e, mais tarde, do pai, sua ambição o leva a tomar atitudes cruéis. Na segunda fase, o personagem é vivido por Raul Cortez.

O ator relembra o intenso processo de preparação para a novela e a generosidade do veterano com quem dividiu o papel. "Fizemos um laboratório na fazenda onde gravamos, andando a cavalo, plantando, colhendo café, trabalhando a terra, usando o figurino, comendo nas marmitas que a gente comeria em cena. Estudamos o sotaque com uma professora italiana. O Raul foi visitar a gente nessa preparação e eu lembro que falei: 'Raul, eu preciso fazer você' e ele, um gênio né, foi muito generoso, e falou: 'Não, eu tenho que me adaptar ao que você está fazendo, porque você vem antes de mim'. Eu sentia uma obrigação muito grande de arrasar porque a minha vida dependia daquilo, daquele momento de muita transformação, e a sensação que eu tenho é de que eu usei os meus truques todos para dar certo", conta.

Confira, abaixo, a entrevista em que Caco Ciocler relembra mais sobre o trabalho, curiosidades e bastidores. "O Rei do Gado" tem autoria de Benedito Ruy Barbosa, com colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa, e direção geral e de núcleo de Luiz Fernando Carvalho. Direção de Luiz Fernando Carvalho, Carlos Araújo, Emilio Di Biasi e José Luiz Villamarim.  


Como foi a sensação ao saber que "O Rei do Gado" seria reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo"? Caco Ciocler - Fiquei muito feliz. Eu tenho um carinho gigante pela novela, foi meu primeiro trabalho na TV. Eu fiquei com saudade dessa época. Foi uma surpresa muito boa!


O Geremias foi um dos papéis mais marcantes de sua carreira?
Caco Ciocler - 
Foi muito marcante porque foi o meu primeiro trabalho no audiovisual. Eu estava estudando teatro, fazendo peças. Foi o início de uma possibilidade concreta de ter uma carreira que eu pudesse viver disso, eu fazia engenharia química na USP, e uma semana antes de receber o convite para a novela, eu soube que iria ser pai, então eu estava em uma encruzilhada de vida, sabe? Ia ter de sair da casa dos meus pais, constituir família, ainda na faculdade, sem perspectiva de conseguir me sustentar, sustentar uma família. Então esse convite para "O Rei do Gado" foi uma revolução, foi o universo dizendo “vai lá, vai lá que eu te seguro”. Foi muito importante para mim essa novela, tinha que dar certo, eu tinha que arrasar porque era a chance de conseguir ter uma carreira, de conseguir viver disso. E eu fui premiado como ator revelação pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), tive já o primeiro trabalho super reconhecido, foi um trabalho muito marcante, uma entrada pela porta da frente.


Como foi a construção para interpretar o Geremias, o sotaque e a vivência numa fazenda de café na década de 1940? Conversou com o Raul Cortez sobre o personagem, já que ele o viveria na segunda fase?
Caco Ciocler - 
Fizemos um laboratório na fazenda onde gravamos, andando a cavalo, plantando, colhendo café, trabalhando a terra, usando o figurino, comendo nas marmitas que a gente comeria em cena. Estudamos o sotaque com uma professora italiana.


Conversou com o Raul Cortez sobre o personagem, já que ele o viveria na segunda fase?
Caco Ciocler - 
O Raul foi visitar a gente nessa preparação e eu lembro que falei: “Raul, eu preciso fazer você” e ele, um gênio né, foi muito generoso, e falou: “Não, eu tenho que me adaptar ao que você está fazendo, porque você vem antes de mim”. Eu sentia uma obrigação muito grande de me sair muito bem porque a minha vida dependia daquilo, daquele momento de muita transformação, e a sensação que eu tenho é de que eu usei os meus truques todos para dar certo.    


Alguma curiosidade em especial ficou marcada nas suas lembranças dos bastidores?
Caco Ciocler - 
Ah, várias, várias curiosidades. A gente aprendeu a andar a cavalo, o básico você aprende fácil, mas eu lembro de uma cena em que a gente tinha de descer a cavalo com muita velocidade por uma rua de um cafezal. A gente tinha de andar em direção à câmera em uma descida enorme e tinha de virar com o cavalo em alta velocidade pertíssimo da câmera. Eu falei: “gente, eu não sei fazer isso". O pânico que senti quando o cavalo disparou, eu lembro que o cavalo não fez a curva que precisava fazer, ele atropelou a câmera. Teve também uma outra cena dificílima que eu tinha de fazer, com um carro de boi, eram alguns bois gigantescos, eu precisava andar com eles e o sol estava se pondo. E o Luiz Fernando (Carvalho) falando: “Vai, faz ele andar!”. Eu gritava do jeito que tinham me ensinado e os bois não se mexiam, o sol se pondo, não conseguia fazer aqueles bois andarem. O Luiz Fernando pegou o galho da minha mão para tentar fazer os animais andarem e também não conseguiu. Essas coisas que deram errado são as que a gente mais lembra, né? (risos)

Como foi a parceria com os atores do elenco com quem você mais conviveu durante a novela? Alguma foi mais especial?
Caco Ciocler - 
Ah, o elenco era incrível. Eu era colega de turma de teatro do Manoel Boucinhas, que fez meu irmão Giácomo na trama, e a gente ficou amigo rapidamente do Marcello Antony e da Letícia Spiller, que faziam nossos irmãos. O Leonardo Brício eu conhecia também, a gente fazia dois espetáculos diferentes no mesmo teatro, se cruzava na coxia, tínhamos amigos em comum. E os atores mais velhos, claro, todos incríveis, a lembrança que eu tenho é de um receio, respeito com aqueles mestres, que eu via há tanto tempo na televisão. E a Vera Fischer saía com a gente quando não estávamos gravando, a gente se divertiu muito com a Vera, foi incrível. Ah, que saudade dessa época!


Qual a cena ou sequência mais te marcou em "O Rei do Gado"?
Caco Ciocler - 
A cena que mais marcou foi uma com o irmão do meu personagem, o Giácomo, onde eu digo para ele que a gente tem de fugir. Me marcou porque foi a primeira cena em que no final eu senti que o Luiz Fernando (Carvalho) tinha ficado feliz, ele voltou me elogiando. Para mim foi muito importante esse feedback. Eu lembro dessa cena por isso, foi uma cena que eu tive uma confirmação na hora de que tinha rolado bem, que tinha sido legal.


A primeira fase da novela foi muito elogiada e rendeu até um prêmio internacional. O que participar de uma obra tão grandiosa como essa representou para a sua carreira?
Caco Ciocler - 
Quando entrei na novela ouvia muito as pessoas falando: “Você vai fazer uma novela do Benedito Ruy Barbosa com direção do Luiz Fernando Carvalho, uma novela das 20h!”. Eu ouvia dizer que eu estava em uma obra muito especial, mas como eu não tinha referência, e como eu vinha do teatro, eu tive uma dificuldade de adaptação no início. Depois que fiz outros trabalhos no audiovisual, não que eles fossem menores, mas percebi que aqueles personagens com tanta profundidade, aquele cuidado com o figurino, aquela fotografia, aquelas pouquíssimas cenas que gravávamos por dia, eu entendi que eu tinha realmente estreado em um trabalho muito especial, muito especial para todo mundo, uma obra que marcou o Brasil, marcou a televisão, ganhou prêmios. Depois que caiu a ficha eu entendi onde eu estava, tive a consciência plena da grandeza onde eu estava.

Você gosta de rever trabalhos antigos?
Caco Ciocler - 
Ah, eu odeio me ver nos trabalhos antigos, nos trabalhos atuais, nos trabalhos futuros porque sou muito autocritico. Mas "O Rei do Gado" vou ver, não dá para não ver, é muito especial, então mesmo que eu sofra, eu vou assistir (risos).

.: "Dos Santos": Fabiana Cozza abre os shows do Sesc Santos em janeiro


Abrindo as férias, o palco do Sesc Santos recebe Fabiana Cozza com o oitavo álbum da  carreira, "Dos Santos", considerado o trabalho de estreia da artista como compositora, com repertório inédito, criado especialmente para o trabalho, é dedicado ao universo cultural das religiões de matriz afro-indígena brasileiras. A apresentação acontece sábado, dia 7 de janeiro, às 20h, no Teatro do Sesc. Classificação: 12 anos. Ingressos de R$ 12 (credencial plena) a R$ 40 (inteira).  


Serviço
Show de Fabiana Cozza
Local:
 Teatro do Sesc Santos. Dia: 7 de janeiro, sábado, às 20h. Ingressos: de R$ 12 (credencial plena); R$ 20 (meia-entrada) e R$ 40 (inteira). Classificação: 12 anos. Venda on-line em sescsp.org.br/santos e na rede de bilheterias do Sesc São Paulo.


Sesc Santos 
Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida - Santos. Telefone: (13) 3278-9800. Site: www.sescsp.org.br/santos. 

Orientação para acesso à unidade: 
Uso de máscara obrigatório

Bilheteria Sesc Santos - Funcionamento
Terça a sexta, das 9h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30 

Estacionamento em espetáculos (valor promocional – mediante apresentação de ingresso): R$ 6 (credencial plena) R$ 11 (visitantes). Para ter o desconto, é imprescindível apresentar no caixa a credencial plena atualizada. 

Bicicletário: gratuito. Uso exclusivo para credenciados no Sesc. É necessária a apresentação da credencial plena atualizada e uso de corrente e cadeado por bicicleta. 100 vagas.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

.: "Evita (Open Air) lidera a lista das dez melhores peças teatrais de 2022

Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Listar os dez melhores do ano é tarefa ingrata em qualquer área. Selecionar as dez melhores peças teatrais do ano, em meio a centenas de sugestões de pauta que chegam à nossa redação é, também, algo desafiador e uma viagem teatral ao longo do ano a partir de um critério absolutamente subjetivo: o gosto pessoal de quem elaborou a lista. Vários espetáculos tão bons quanto os que estão nesta lista ficaram de fora, o que não quer dizer que não mereçam ser assistidos.  


1. "Evita (Open Air)"
Em primeiro lugar, ficou o belíssimo espetáculo "Evita (Open Air)", que também é o espetáculo do ano. A gigante estrutura no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, foi preparada para oferecer a experiência inesquecível ao público de testemunhar o espetáculo "Evita Open Air", que chegou repaginado ao Brasil, pela primeira vez a céu aberto, e ficou em cartaz até agosto. A montagem do Atelier de Cultura apresentou a história de Eva Peron, protagonizada pela atriz de vocal ímpar, Myra Ruiz, que contracena com talentos conhecidos dos musicais como Cleto Baccic (Perón), Fernando Marianno (Che), Felipe Assis Brasil (Agustín Magaldi) e Verônica Goeldi (Amante) é mais do que um espetáculo, é uma experiência, como disse a jornalista Mary Ellen Farias dos SantosConfira a crítica: "Evita Open Air" é mais do que um espetáculo, é uma experiência.


2. "Misery"
A medalha de prata vai para o espetáculo "Misery". Poucos artistas aproveitaram tanto a chance de se reinventar no teatro quanto Mel Lisboa, atriz que ficou famosa nacionalmente após protagonizar uma minissérie na principal emissora do país. No teatro, a atriz vem comprovando, não que precise mais disso, que é uma força da natureza. Ela esteve deliciosamente diabólica em "Misery", adaptação do romance de Stephen King, que esteve em cartaz até março no Teatro Porto, em São Paulo. Sob a direção certeira de Eric Lenate, o ator Marcello Airoldi  esbanjou charme e carisma no papel de Paul Sheldon, o escritor mantido sob cárcere privado, e Alexandre Galindo brilhou em uma das cenas mais tensas do teatro nesse espetáculo, que é um sucesso da Broadway. Foto: Leekyung Kim. Confira a crítica: "Misery", peça de teatro traz Mel Lisboa deliciosamente diabólica.

3. "Quando Eu For Mãe, Quero Amar Desse Jeito"
No terceiro lugar do pódio, um espetáculo que coloca na essência do amor um tempero picante. "Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito", dirigido com acidez, eficiência e sensibilidade por Tadeu Aguiar, esteve em cartaz até outubro no Teatro Raul Cortez. Com Vera Fischer, Larissa Maciel e Mouhamed Harfouch, o texto de Eduardo Bakr é a nata da mais pura ironia fina. A peça teatral prova que as mulheres movem o mundo para o bem e para o mal. Nunca o amor foi retratado deste jeito no teatro, o que é sublime, estranho e... tétrico, mas, ao mesmo tempo, memorável. Foto: divulgação/Morente Forte. Confira a crítica: "Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito": ninguém é anjo no teatro.


4: "Gaslight - Uma Relação Tóxica"
O Resenhando.com assistiu "Gaslight - Uma Relação Tóxica" em novembro, antes de excursionar pelo país - na última apresentação no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Agora, o espetáculo conta com nova formação e traz os atores Gustavo Merighi e Maria Joana nos papéis que antes eram interpretados por Leandro Lima e Kéfera BuchmannA última peça teatral dirigida por Jô Soares, com a colaboração de Matinas Suzuki Jr. e Mauricio Guilherme, ainda soa moderna nos dias de hoje. Isso não seria um feito impressionante se o espetáculo não fosse escrito pelo dramaturgo britânico Patrick Hamilton em 1938. Nessa releitura feminista, o final é um recado direto aos homens: as mulheres não são as mesmas. Não se encaixam mais no papel de pessoas indefesas, relegadas ao papel de vítimas, e muito menos esperam um príncipe encantado para salvá-las de um risco iminente em uma torre alta e inacessível. Elas são o próprio perigo. Foto: Priscila Prade. Confira a crítica: "Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito": ninguém é anjo no teatro.


5. "A Família Addams"
Estrelado por Marisa Orth Daniel Boaventura, o clássico atemporal "A Família Addams" voltou aos palcos paulistanos com uma história original e poderosa e ficou em cartaz até agosto no Teatro Renault. Na montagem de 2022, da Time For Fun, a jovem princesinha das Trevas, Wandinha Addams (Pamela Rossini, um destaque absoluto e um nome a ser acompanhado no teatro musical), está apaixonada por um rapaz de boa família. Também se destacam no musical Jana Amorim, que Brilhou como Mortícia Addams na apresentação assistida pelos críticos do portal Resenhando.com e Kiara Sasso, em um papel diferente de tudo o que já interpretou. Foto: divulgação. Confira a crítica: Musical "A Família Addams", requintado e sensual, é contagiante.


6. "Brilho Eterno"
O papel cada vez mais essencial das relações humanas, sobretudo no mundo pós-pandemia, reflete-se em "Brilho Eterno", montagem que trouxe ao palco do Teatro Procópio Ferreira até junho nos papéis principais os atores Reynaldo Gianecchini Tainá Müller, com idealização, direção e encenação de Jorge Farjalla, o "Tim Burton brasileiro". Livremente inspirado no longa-metragem “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” - roteiro de Charlie Kaufman premiado com o Oscar, dirigido por Michel Gondry e estrelado por Jim Carrey (Joel) e Kate Winslet (Clementine), "Brilho Eterno", que traz no elenco ainda Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian, questiona, de maneira lúdica e por muitas vezes cômica, o quanto as pessoas se mostram dispostas a viver situações de sofrimento por amor durante a vida. Foto: Priscila Prade. Confira as críticas: Espetáculo "Brilho Eterno" prova que Jorge Farjalla é o Tim Burton brasileiro"Brilho Eterno" em 10 motivos para não perder no Procópio Ferreira.


7. "O Pior de Mim"
Uma atriz que não tem receio de mostrar as imperfeições. Essa é Maitê Proença em "O Pior de Mim", uma peça que mistura autobiografia com mágoa, poesia com realidade, simetria com imperfeições. Em cartaz até novembro no Teatro Uol, pela primeira vez em São Paulo, a peça teatral dirigida por Rodrigo Portella se baseia em uma tragédia pessoal vivenciada pela artista. Um crime bárbaro e uma sobrevivente recolhendo os cacos ao longo da vida. Foto: Dalton Valério. Confira a crítica: "O Pior de Mim" mostra o melhor de Maitê Proença.


8. "A Lista"
Depois de dez anos, Lilia Cabral voltou ao teatro em São Paulo na estreia nacional da peça "A Lista", ao lado da filha Giulia Bertolli, que se mostrou uma grande surpresa e um nome que merece mais atenção no teatro brasileiro. Juntas no palco pela primeira vez, mãe e filha protagonizaram a montagem inédita até junho no Teatro Renaissance com dramaturgia de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva. Foto: Pino Gomes. Confira as críticas: "A Lista", com Lilia Cabral e Giulia Bertolli, mãe e filha no teatro e Peça "A Lista" em 10 motivos para não perder no Teatro Renaissance.


9. "Ensina-me a Viver"
Com o elenco encabeçado por Nívea Maria e Arlindo Lopes, o espetáculo "Ensina-me a Viver" esteve em cartaz até outubro no Teatro Porto. A peça é uma adaptação do filme "Harold e Maude", escrito por Colin Higgins, e conta a história do improvável encontro - e paixão - entre um jovem solitário, obcecado pela morte, e uma octogenária livre e apaixonada pela vida. A versão brasileira tem a sensibilidade de #JoãoFalcão, que dirige e adapta o espetáculo a partir da tradução de Millôr Fernandes. Foto: Lúcio Luna. Confira a crítica: Química entre Nívea Maria e Arlindo Lopes faz "Ensina-me a Viver" explodir.


10. "Assassinato para Dois"
Uma comédia em que todo mundo é suspeito e um dos mais surpreendentes musicais de suspense de todos os tempos, “Assassinato para Dois” foi estrelada pelos atores, cantores e pianistas Marcel Octavio e Thiago Perticarrari até agosto no Teatro Raul Cortez. De Kellen Blair e Joe Kinosian, com direção de Zé Henrique de Paula e direção musical de Fernanda Maia, a montagem brasileira trouxe Thiago Perticarrari como o policial que investiga esse assassinato e Marcel Octavio, que assume o papel de todos os suspeitos e outros personagens que permeiam a história. Foto: Caio Gallucci. Confira a crítica: "Assassinato para Dois" é musical hilário surpreendente"

.: Normalidade em meio ao absurdo: o novo livro de contos de Alexandre Arbex


Em “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados”, Alexandre Arbex volta em nova incursão literária pela editora 7Letras.


Novo livro do escritor Alexandre Arbex (@alexarberxv), “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados”, publicado pela editora 7Letras, reúne 30 contos curtos que mesclam uma pretensa normalidade narrativa com situações insólitas que lembram e se inspiram no melhor da literatura latino-americana. A obra conta com a orelha assinada pelo escritor e jornalista Sérgio Tavares. Arbex já foi finalista na categoria contos no Prêmio Jabuti com o livro "Da Utilidade das Coisas" (2016), foi finalista do Prêmio Off Flip duas vezes e levou o terceiro lugar no Prêmio Rubem Braga de Crônicas, do Sesc, em 2015.

Com uma escrita que evoca uma descrição de mundo quase burocrática, o autor explora personagens e situações absurdas, tensionando a relação do leitor aos fatos narrados com uma verossimilhança construída com um cuidado especial no realismo da forma de narrar. A orelha de Sérgio Tavares explora a construção dessa oposição como um trunfo do autor. Para ele, as narrativas presentes em “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados” oferecem uma experiência inquietante de estranhamento e fascínio.

“A cada página virada, a realidade passa a se incorporar ao imaginário, fazendo supor a existência de uma outra ordem que nos é familiar ao mesmo tempo que se filia ao insólito, a lenta infiltração do mundo pragmático pelo elemento fantástico”, escreve Tavares. “Submetidos a essa nova lógica, os personagens lidam com circunstâncias inusitadas como que, filhos do absurdo, vivessem no limite entre o trivial e o espanto, fossem transfigurados por forças inexplicáveis que comandassem suas condutas e estados de consciência ao rigor do inefável segredo das rebeliões internas e das excêntricas obsessões.”

Esse efeito causado pela oposição do comum e do incomum foi, segundo o autor, algo proposital. “Um dos métodos que empreguei na construção das histórias foi partir de ações relativamente simples ou de premissas prosaicas e torcê-las até desfigurá-las completamente, sem que esse artifício parecesse monstruoso ou proposital”, justifica. Alexandre revela que seu estilo de escrita nesse livro foi influenciado pela busca desse efeito, ficando mais impessoal e cartorário, para assim o absurdo ou o incômodo dos contos ganharem destaque sob uma aparência de normalidade narrativa. 

Leitor de literatura latino-americana, do realismo mágico até os contemporâneos, o autor conta que esse livro especificamente tem algo da influência de Jorge Luis Borges e Samuel Beckett e uma sombra discreta da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís. Você pode comprar  “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados” neste link. 


O que disseram sobre o livro
“Alexandre Arbex trabalha com o mínimo de elementos formais de modo a articular uma prosa concisa e de fino apuro, que combina a estética dos relatos variados com um tratamento estilístico marcado pela ironia, pelo nonsense e pela percepção crítica” - Sérgio Tavares, que assina a orelha da obra.


Leia o conto “Acefalia: prós e contras” (pág. 89):
Sempre me inquietou a capacidade dos homens sem cabeça de encontrar tempo para estar juntos. Dadas as dificuldades inerentes à sua condição, presumo que não seja nada simples para eles marcar essas reuniões com a prudência e a precisão que um grupo com tais características não pode deixar de observar. Incompreendidos pela família e desacreditados pela medicina, os homens sem cabeça sentam-se em círculo, dão-se as mãos e trocam impressões sobre os problemas que os afligem no cotidiano: o desrespeito no trânsito, a insensível curiosidade das crianças, a má qualidade das próteses de louça e balão. A sós, entre eles, sentem-se seguros e amados. Queixam-se de enxaqueca, torcicolo e outras dores fantasmas. Fazem ginástica, injetam-se com substâncias soporíferas e dormem abraçados. Têm filhos saudáveis. Consta que alguns já viveram mais de cem anos.

Sobre o autor
Alexandre Arbex nasceu em 1980, em Resende, no Rio de Janeiro, mas cresceu na capital, onde morou até 2009. Desde então, vive em Brasília. Publicou o livro infantil "O Livro" (Casa da Palavra, 2001) e o livro de contos "Da Utilidade das Coisas" (7letras, 2016), esse finalista no gênero no Prêmio Jabuti. Foi finalista do Prêmio Off Flip duas vezes e levou o terceiro lugar no Prêmio Rubem Braga de Crônicas, do Sesc, em 2015. Possui contos publicados na Revista Gueto e no projeto Máquina de Contos. Compre o livro  “Pessoas Desaparecidas, Lugares Desabitados” neste link.

.: Romance de Camilla Loreta aborda ancestralidade e linhagem materna


Lançado pela editora Urutau, livro “Sândalo Vermelho e os Gatunos Olhos Dela” trata de paisagens e tempos ancestrais, a partir de diários de viagens pelo Leste Europeu e memórias da protagonista.

Por meio de uma linguagem que passeia entre os diários de viagem, o onírico e as conexões entre passado e presente, o romance “Sândalo Vermelho e os Gatunos Olhos Dela”, escrito por Camilla Loreta, lançamento da editora Urutau. O livro explora questões de ancestralidade e de linhagem materna. A autora, que já havia feito incursões na poesia, estreia como romancista com uma prosa ágil, ambientada na Polônia contemporânea. 

Na obra, o leitor acompanha a travessia e o inconsciente da protagonista Léia Stachewski, filha de pai polonês e mãe brasileira, que nasceu e passou a infância no Rio de Janeiro. Após misteriosos acontecimentos vividos pela família, ela retorna à Polônia. No decorrer da narrativa, a personagem decide iniciar uma viagem de carro sozinha pelo Leste Europeu, rumo à Finlândia. Perdida em um território gelado, ela relembra momentos de sua formação no Brasil, origens familiares e motivações.

O romance começou a ser desenhado em 2016, quando Loreta foi convidada para uma residência artística na Polônia, em uma pequena cidade chamada Marianowo. “Quando recebi o convite foi uma surpresa, pois parte da minha família paterna vem dessa localidade. Ao chegar lá, me deparei com temas que me tocaram profundamente”, conta. O enredo também se baseia na vida de duas mulheres: uma cigana polonesa, Papusza, que foi a mulher de seu povo a escrever, mesmo que isso fosse de encontro aos costumes tradicionais do povo romani; e Sydonia Von Bork, a última princesa da Pomerânia, acusada de bruxaria e queimada na Inquisição após 15 anos de julgamento. 

Ambas se manifestam, para a protagonista, como parte de sua essência e cujas trajetórias despertam fascinação e interesse desde a graduação. Ao iniciar a viagem que norteia a história, Léia descobre que as duas também permeiam as anotações de James, um astronauta americano que realiza pesquisas para a Nasa, durante um período de trabalho na Polônia. Foi durante a residência artística que Loreta conheceu a história das duas, de forma inusitada. “A casa onde me instalei era um antigo monastério – e havia sido a última morada de Sydonia. Ali também tomei conhecimento sobre a existência de Papusza e me interessei instantaneamente por suas vidas. Comecei a pesquisar sobre ambas e foi isso que me levou a iniciar a escrita”, lembra. 

Após uma oficina literária com a escritora Carola Saavedra, que assina a orelha da obra, o enredo se transformou do que seria uma ficção científica sobre o pós-morte da princesa da Pomerânia, para o romance que acompanha a travessia de Léia Stachewski. De acordo com Saavedra, o livro transita entre diferentes realidades: o corpo e o espírito, passado e presente, matéria e reflexo. “A protagonista, Léia, tem um Pai. Senta com ele à mesa da cozinha, come pão feito em casa e se pergunta se ele sente falta da mulher, ausente, como se tentasse resgatar nesse Pai alguma lembrança intransponível”, afirma. Você pode comprar o livro “Sândalo Vermelho e os Gatunos Olhos Dela” neste link.


Romance-travessia construído por meio de estilo poético e fragmentário
Os sonhos têm espaço fundamental na obra. São eles que “modelam os dias, não o revés”, como afirma um trecho, mas também atravessam o estilo literário da autora, que se apresenta como poético, fragmentário e inspirado no inconsciente. Ao trabalhar com a ancestralidade e histórias de mulheres, Loreta constrói com originalidade imagens bastante contundentes, a exemplo da frase escolhida para iniciar a obra: “Acontece de uma pequena cobra se alinhar na coluna vertebral daqueles que aceitam”.

A autora ressalta que os principais temas do livro surgiram durante sua pesquisa e passam pela sua própria memória ancestral. “Eu queria honrar Sydonia, já que na Polônia até hoje ela é tratada como uma assombração. Durante a escrita, questões históricas e sociais desta região ficam aparentes, como o nazismo, a pobreza e as perdas de território. Tudo isso também está intrinsecamente ligado a minha história familiar”, pontua. 

Outro destaque do livro são as questões do idioma e como ele atravessa as relações entre as personagens, como quando a protagonista precisa se comunicar em português. “Falar em português era uma coisa muito estranha, no meu dia a dia costumava conversar com meu Pai (...). Eram cantos empoeirados, em que eu batia com força para invadir a dobra do tempo e isso me fazia gaguejar, esquecer acentos, confundir significados”, diz um dos trechos.

Para Loreta, outro ponto que moveu a escrita do livro foi a ideia de que o Brasil não tem passado matriarcal, pois este teria sido eliminado durante a colonização. “Por isso a escolha deliberada pelo desaparecimento da mãe da protagonista”, assinala a autora. A voz narrativa se alterna entre primeira e terceira pessoa. Em alguns momentos, a perspectiva é de Léia, em outros, acompanhamos a visão de outros narradores, o que contribui para o estilo fragmentário da obra e aos constantes incômodos da protagonista, que, apesar de ser avessa a mudanças, desloca-se por diferentes cenários e países durante o enredo. Compre o livro “Sândalo Vermelho e os Gatunos Olhos Dela” neste link.


Referências literárias que vão de Duras a Murakami
Loreta que considera que até “Sândalo Vermelho e os Gatunos Olhos Dela” a poesia era sua principal fonte de trabalho. “Cheguei a publicar três contos em antologias durante a pandemia, mas passei a escrever prosa mesmo com este livro”, aponta. Entre as referências principais para a construção da obra, estão os livros “Kafka à Beira Mar”, de Haruki Murakami, e “O Amante”, de Marguerite Duras. Mas a escritora, que também é professora e diretora de obras audiovisuais, elenca outros autores de referência, como Virginia Woolf, Matsuo Bashô, Ana Maria Gonçalves, Gita Metha, Sophia de Mello Breyner Andresen, Emily Dickinson e Ian McEwan. 

O processo de escrita durou ao todo quatro anos, entre 2016 e 2019, com alguns hiatos. Em 2018, Loreta dedicou-se a um processo planejado e rigoroso, com pelo menos duas horas diárias de escrita, por cerca de cinco meses. “Fiz uma linha do tempo, determinei os personagens e escrevi. Mas, durante o processo, as coisas mudaram, muitos personagens sumiram, assim como alguns capítulos. A única ideia que se manteve do início ao fim e se tornou central foi a de ser uma história on the road, pois eu queria colocar a personagem em movimento”, detalha. 

A publicação pela Urutau foi motivada pelo histórico da editora de publicar livros de poesia. “Além de já admirar o trabalho deles, considerei que esta é uma editora que tem proximidade com o estilo do meu livro”, conta Loreta. Após o envio do original e aceite, o processo de edição durou dois meses. Hoje a autora se dedica à escrita de um novo romance, produzido como Trabalho de Conclusão de Curso na pós-graduação em ficção literária. “Chamo esse projeto de comédia erótica. Será sobre Sofia Bruner, uma roteirista que navega sobre sua vida amorosa e todas as implicações que isso carrega”, adianta. 


O que disseram sobre o livro
“Camilla Loreta nos leva pela mão por um tempo ancestral, consciência alterada do corpo, linguagem lírica dos sinais. É preciso saber ler, junto com os personagens, o que a vida desponta. E chegando ao final, saímos com a certeza de que a travessia é ao mesmo tempo individual e coletiva, e se repete no tempo e no espaço”. - Carola Saavedra, escritora, na orelha da obra.


Confira dois trechos do livro:
“É estranho pensar que a estrada parecia não existir concretamente, ao mesmo tempo em que era a única coisa concreta naquele momento. Mas eu não conseguia enxergar nada, processar as paisagens, as fronteiras, o céu. Ele estava azul? As nuvens caminhavam ou estavam estáticas? Talvez me sentisse constantemente no ovo que eu mesma tinha construído há tanto tempo para mim, e estar longe de casa indicava que era esse o momento em que o abrigo se fazia mais necessário, e isso me levou a uma espécie de transe”. (p. 36)

“Um guardião abre caminhos do afeto e quem atravessa a estrada olha além de si. Assim corriam os animais, onças pintadas, cobras corais, abelhas jataí, que ao passar deixam seus cheiros e rastros. Quem há de observar tais marcas e, com os rumores desse mundo, contar histórias capazes de derreter muros gelados que separam os seres?” (p. 63)

Sobre a autora
Camilla Loreta é formada em Audiovisual e História da Arte, em São Paulo. Pesquisa a escrita o corpo e a imagem através das artes gráficas e audiovisuais. Dirigiu dois curtas-metragens, “Clara” e “O Silêncio das Pedras”. Participou de diversas residências artísticas, entre elas: The Artist meeting, em Marianowo (Polônia), onde iniciou a escrita do livro “Sândalo Vermelho e os Gatunos Olhos Dela”, em 2016. Atualmente cursa a pós-graduação do Instituto Vera Cruz para escritores de ficção. 


.: "Uma Relação Tão Delicada", com Amanda Acosta e Rita Guedes, estreia

Idealizado e produzido por Rita Guedes, o espetáculo - que em sua primeira montagem contava com Irene Ravache e Regina Braga no elenco e recebeu os prêmios Shell e Molière - propõe mergulhar naquilo que há de mais frágil e singular em uma relação entre mãe e filha. No drama, passado, presente e futuro se misturam, costurados pelo amor. Espetáculo estreou no Rio de Janeiro, onde foi visto por mais de 9.500 pessoas. Foto: Jacson Vogel


Depois de uma temporada bem-sucedida na capital carioca, "Uma Relação Tão Delicada", nova versão para o premiado texto da francesa Loleh Bellon, estreia no Teatro Uol, em São Paulo, no dia 6 de janeiro de 2023. O espetáculo tem direção de Ary Coslov e é estrelado pelas atrizes Amanda Acosta e Rita Guedes, que idealizou a nova montagem.

Escrita em 1984, “De Si Tendre Liens” (nome original em francês) foi montada no Brasil pela primeira vez em 1989, em uma encenação vencedora dos prêmios Molière e Shell, estrelada por Irene Ravache e Regina Braga. Já na França, a obra ganhou o Grand Prix du Théâtre da Academia Francesa em 1988, e, recentemente, ganhou uma nova montagem em 2017.

A trama mergulha na relação de duas mulheres que estão unidas pelo amor, terno e profundo. Em um diálogo envolvente e emocionante, mãe e filha expõem suas memórias de uma vida conjunta. E, nesse encontro, as épocas se confundem e se sucedem em desordem.

Frente a frente estão Jeanne, uma mulher já adulta e emancipada que tem a própria família, e Charlotte, a mãe que envelheceu e perdeu a autonomia. A criança desejosa da presença e do amor de sua mãe é sucedida pela mãe, enfraquecida pela idade, e que acaba por reproduzir a mesma demanda que sua filha quando criança. 

"Uma Relação Tão Delicada" propõe reflexões sobre o interior da relação entre mãe e filha, sobre o envelhecimento e sobre como o sentimento de amor vai se transformando ao longo dos anos. E, como o próprio nome antecipa, a peça ainda mergulha naquilo que há de mais frágil e singular na relação entre as duas: os choques, as tensões, as incompreensões e as cobranças.

Não é preciso ser mulher, mãe ou filha, para experimentar as várias ressonâncias que a encenação permite sentir. Todos podem se identificar nas emoções que marcam as memórias de infância da filha, e que ainda se faz presente em sua vida adulta; como também, com a mãe, que parece sentir os mesmos temores que sua filha com o passar dos anos.


Sinopse
"Uma Relação Tão Delicada" mergulha naquilo que há de mais frágil e singular da relação entre mãe e filha. Tem como personagens centrais uma mulher divorciada, Charlotte, e sua filha, Jeanne. No presente de seus diálogos, que trazem as memórias de uma vida conjunta, as épocas se confundem, se sucedem em desordem.

É assim que a criança desejosa da presença e do amor de sua mãe é sucedida pela mãe, enfraquecida pela idade, e que acaba por reproduzir a mesma demanda que sua filha quando criança. Frente a frente estão agora Jeanne, mulher adulta, emancipada, que tem a sua própria família, enquanto Charlotte envelheceu e perdeu em autonomia. É dessa forma que se encena a relação entre uma mãe (da fase adulta à velhice) e uma filha (da infância à fase adulta) unidas por um vínculo amoroso, terno e forte.

Sobre Rita Guedes
Aos 16 anos fundou a Companhia de Teatro Roda Viva, em Catanduva (São Paulo). Ao longo da carreira, atuou em 17 peças de teatro, destacando o drama de Dias Gomes "Meu Reino por Um Cavalo", e produziu e atuou na comédia "Qualquer Gato Vira Lata Tem Uma Vida Sexual Mais Sadia que a Nossa"

Na teledramaturgia brasileira, atuou em dez novelas na Rede Globo, bem como em 32 séries em streamings. Conta também com nove longas-metragens. Ganhou o prêmio de TV Antena de Ouro como melhor atriz pela novela "Despedida de Solteiro", foi indicada para o prêmio de cinema Kikito (Festival de Gramado), como melhor atriz por "Sintomas", indicada para o Kikito como melhor atriz por "Procuradas" e indicada para o prêmio de teatro APETESP como melhor atriz pela comédia "Qualquer Gato Vira Lata".


Sobre Amanda Acosta
Iniciou a carreira com quatro anos, como cantora mirim e aos oito anos entrou para o grupo musical Trem da Alegria. No teatro interpretou Bibi Ferreira no musical "Bibi, Uma Vida em Musical", foi Carmen Miranda no musical "Carmen, a Grande Pequena Notável" e Serena em "As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão".

Na teledramaturgia se destacou em "O Mapa da Mina", novela na TV Globo, "Chiquititas" e "Poliana Moça" no SBT.  Ganhou título de melhor atriz nas seguintes premiações: APCA (São Paulo); Prêmio Bibi Ferreira (São Paulo); Reverência (São Paulo); Cesgranrio (Rio de Janeiro); APTR (Rio de Janeiro); Botequim Cultural (Rio de Janeiro); Destaque Imprensa Digital; Contigo de Teatro e Qualidade Brasil. Também foi indicada ao prêmio Shell (Rio de Janeiro) e Aplauso Brasil (São Paulo).


Ficha técnica
"Uma Relação Tão Delicada". 
Dramaturgia: Loleh Bellon. Direção: Ary Coslov. Adaptação: Rita Guedes. Elenco: Rita Guedes e Amanda Acosta. Iluminação: Aurélio De Simoni. Música: João Paulo Mendonça. Cenografia: Marcos Flaksman. Figurino: Tiago Ribeiro. Visagismo: Branca Di Lorenzo. Direção corporal: Marcelo Aquino. Design gráfico: Letícia Andrade. Direção de produção: Marcia Martins. Coordenação de produção e produção: Rita Guedes. Prestação de contas: Heloisa Lima. Pintura de arte: Bidi Bujinowski. Fotografia: Jacson Vogel. Assessoria de imprensa: Pombo Correio. Contabilidade: Saga Consulting. Advogado: Helder Galvão. Idealização: Guedes Filmes.


Serviço
"Uma Relação Tão Delicada". Temporada: 6 de janeiro a 26 de fevereiro, às sextas, às 21h; e aos sábados e domingos, às 20h. Teatro Uol - Shopping Pátio Higienópolis: Avenida Higienópolis, 618, Higienópolis. Ingressos: sextas - Setor A: R$ 100 e Setor B: R$ 70. Sábados - Setor A: R$ 120 e Setor B: R$ 90. Aos domingos - Setor A: R$ 90 e Setor B: R$ 70. Classificação: 14 anos. Duração: 90 minutos. Capacidade: 300 lugares. Acessibilidade: local acessível para cadeirantes (2 lugares). 

.: "A Cura Está em Você": novo livro de Vex King promete revolução interna

O autor que é conhecido como mind coach nas redes sociais, tem o seu novo livro publicado no Brasil pela Editora Rocco e já teve mais de um milhão de exemplares vendidos em todo o mundo. 


Influenciador, coach motivacional e empreendedor de sucesso, o britânico Vex King conquistou pessoas em todo o mundo ao compartilhar nas redes, ensinamentos para fortalecer o autoamor, o autocuidado, a saúde mental e a positividade. "A Cura Está em Você", publicado no Brasil pela editora Rocco, é o novo livro do autor conhecido como mind coach nas redes sociais, com mais de um milhão de exemplares vendidos em todo o mundo. 

Aos 35 anos, Vex traz em sua bagagem o drama familiar de ter perdido o pai - nascido em Uganda, país africano - aos seis meses de vida e ter ajudado a mãe e as irmãs a administrar os negócios. Mudou-se para a Inglaterra com elas, sofreu preconceito pela origem hindu e africana, e foi a partir dessa rejeição que passou a buscar formas de autoamor e aceitação.

Ainda na adolescência notou como a internet poderia ser um agente transformador, já que o levou a história com as quais se identificou e se sentiu pertencente. Ao entender que poderia mudar seu destino a partir do autocuidado, passou a disseminar também seus aprendizados pelas redes.

No livro "A Cura Está em Você", o autor reúne na obra histórias pessoais, análises de casos, ideias inspiradoras, dicas e exercícios práticos. Certo de que “todos somos curandeiros de nós mesmos”, ele constrói com esse material um guia que vai ajudar o leitor a lidar com feridas emocionais do passado, elevar a energia do corpo e criar relacionamentos positivos. Escrito com clareza e sensibilidade, é uma obra poderosa, que certamente vai se tornar o livro de cabeceira de todos aqueles que desejam eliminar de padrões de comportamento negativos e construir uma vida plena e inspiradora. Promete uma revolução interna. Você pode comprar o livro "A Cura Está em Você" neste link.


Sobre o autor
Vex King teve uma vida repleta de desafios: seu pai morreu quando ele era ainda bebê e sua família ficou sem teto inúmeras vezes. Vex cresceu em bairros violentos, onde sofria racismo com regularidade. Apesar disso, conseguiu transformar sua vida e, por meio d euma popular conta no Instagram (@vexking), se tornou referência para milhões de pessoas. Ele começou movimento Good Vibes Only #GVO para ajudar outras pessoas a usarem o poder da positividade para transformarem suas vidas em algo mais grandioso. Do autor, editora Rocco também publicou "Boas Vibrações, Vida Boa".

domingo, 25 de dezembro de 2022

.: "Filho de Jesus": os contos que consagraram Denis Johnson


Por Joca Reiners Terron.

O sonho americano tem dois lados como a moeda de um dólar. Um deles é reluzente feito o sol dourado do Vale do Silício. Já o outro, fosco e arranhado, é o que perfaz as histórias de "Filho de Jesus", livro fundamental da literatura estadunidense do final do século XX, lançado no Brasil pela editora Todavia.

O que encontramos aqui não é a idílica América com o pé na estrada dos livros de Jack Kerouac e da geração beat, e a relação com a droga não guarda mais qualquer sentido libertário ou espiritual. Publicado originalmente em 1992, "Filho de Jesus" consagrou Denis Johnson, ele próprio um sobrevivente do alcoolismo e do vício.

Narrados por um personagem anônimo que participa da ação o tempo todo, os contos são povoados por seres à deriva, gente que trocaria a própria mãe por um pico na veia. São enfermeiros junkies num pronto-socorro onde deveriam ser os socorridos, não o contrário; ladrões que roubam casas arruinadas e homens que são esfaqueados no olho pela mulher enquanto dormem.

A despeito de o sonho da contracultura ter acabado, a realidade dura e cinzenta dos anti-heróis de Johnson tem como único ponto luminoso o delírio fugaz de um barato qualquer. A via-crúcis bíblica tem catorze estações, assim como o programa de recuperação dos Alcoólicos Anônimos tem doze passos. "Filho de Jesus", por outro lado, não ultrapassa as onze histórias, fábulas embebidas em ácido nas quais ninguém se recupera nem ressuscita ao final. Você pode comprar o livro "Filho de Jesus" neste link.


Sobre o autor
Denis Johnson nasceu em 1949, na Alemanha, e morreu em 2017, nos Estados Unidos. É autor de coletâneas de contos e poemas, peças de teatro e romances. Compre o livro "Filho de Jesus" neste link.

.: Susana Vieira chega a São Paulo com "Shirley Valentine" em janeiro

Com versão brasileira de Miguel Falabella e direção de Tadeu Aguiar, espetáculo estreia em 20 de janeiro para curtíssima temporada no Teatro Vivo


Para celebrar 60 anos de carreira e 80 de vida, Susana Vieira decidiu retornar aos palcos enfrentando um dos maiores desafios de sua vitoriosa trajetória, o clássico "Shirley Valentine", um dos mais importantes textos do teatro moderno, com encenações premiadas em todo o mundo. O monólogo apresenta Shirley, uma mulher casada, mãe de dois filhos, que convive com o pior tipo de solidão: aquela que se sente mesmo estando acompanhado.

A versão brasileira de Miguel Falabella trata com leveza e muito bom humor os dilemas da personagem. Na peça, a protagonista divide com o público suas angústias, buscando entender aonde foram parar seus sonhos. E também as situações inusitadas e pra lá de engraçadas que marcam sua trajetória.  Cansada de conversar com as paredes (literalmente), Shirley Valentine decide dar uma virada em sua vida e faz uma viagem em busca de encontrar a felicidade e, sobretudo, se reencontrar. Com direção de Tadeu Aguiar, a comédia estreia dia 20 de janeiro, em São Paulo, no Teatro Vivo, em curtíssima temporada.

A montagem é uma nova leitura para o clássico de Willy Russell, que já teve encenações premiadas no Brasil e também um filme de sucesso. Susana estreou esta versão no Rio de Janeiro, passou por Portugal, Porto Alegre, Goiânia e Belo Horizonte e chega finalmente a São Paulo. Susana se apresentou na capital paulista com uma montagem anterior do texto, dirigida por Miguel Falabella, mas agora ganha a direção de Tadeu Aguiar.

A peça traz essa protagonista solitária que decide conhecer a Grécia, ao lado de sua melhor amiga Wanda, sem a família, nem mesmo Joel, o marido controlador. Shirley decide embarcar nessa viagem – uma divertida jornada ao encontro do seu verdadeiro eu. Shirley está cansada da indiferença do marido, cuja principal preocupação é saber se terá carne no jantar. Os filhos Milandra e Jorge cresceram e só lembram da mãe na hora dos problemas. Com o passar dos anos, no lugar da mulher cheia de anseios e vontade de viver, só resta aquela que se deixa levar por situações comuns do dia a dia, que nem de longe se parece com a figura que protagoniza as boas memórias que tem da juventude.

Quando Shirley Valentim transformou-se em uma Shirley qualquer?  Atrás dessa resposta, ela cria coragem e embarca com destino à Grécia escondida de Joel. É um voo rumo à liberdade, à possibilidade de reencontro com a menina sonhadora e cheia de vida que Shirley foi um dia. A protagonista fala do ser humano, daquele instante em que se percebe que o tempo passou e a vida ficou parada em alguma esquina. Mostra que nunca é tarde para recomeçar e tomar um bom vinho branco para encarar os fatos com leveza e bom humor, até quando tudo parece estar dando errado. Os dilemas de Shirley são tão dela quanto nossos e podem fazer parte da rotina de qualquer espectador.

O espetáculo conquista plateias do mundo inteiro desde sua primeira versão, em 1986, quando estreou em Londres, sendo agraciado com o prêmio Laurence Olivier Awards de melhor comédia e melhor atriz (Pauline Collins). Em 1989, entrou em cartaz na Broadway e Pauline Collins levou para casa o Tony Award. No mesmo ano, estreou a versão cinematográfica, também com Pauline Collins, indicada ao Oscar e Globo de Ouro, e vencedora do British Academy Film Award.


O encontro de Susana e Shirley
Susana Vieira apaixonou-se pela peça "Shirley Valentine" à primeira leitura. “Quando Miguel me entregou o texto, fiquei encantada, fascinada pelo humor da personagem, pela força e coragem que ela tem de ir atrás da felicidade. Shirley vai à luta. Todas nós mulheres temos várias coisas dela, por mais diferentes que possamos ser”, conta. A atriz ressalta que, apesar da dureza da vida, Shirley jamais perde o bom humor. E, se as paredes são a companhia da personagem, Susana tem a plateia como confidente: “É um monólogo, mas não me vejo sozinha em cena. Somos o público e eu”, celebra.

O texto passeia pela comédia com muita sutileza, gerando uma identificação imediata do público. A versão de Miguel Falabella, assim como o original de Willy Russell, traz um olhar afetivo sobre o ser humano e as relações familiares. Com uma abordagem longe de estereótipos e personagens cheios de verdade e sede de vida, o espectador é levado da gargalhada ao nó no peito em segundos. “O humor é a forma mais verdadeira e humana de chegar ao coração das pessoas”, exalta Falabella.

A parceria entre Susana e Miguel tem uma longa história e rendeu um dos maiores sucessos do teatro brasileiro: a peça "A Partilha" (1990), que gerou a bem-sucedida continuação "A Vida Passa" (2000). “Eu e Susana tivemos um encontro de vida e estamos sempre juntos, é uma festa”, vibra Falabella. A recíproca é verdadeira e a atriz garante que trabalhar junto com o autor e diretor mudou sua carreira. “A minha vida artística se divide entre antes e depois do Miguel. Tenho uma carreira muito feliz, mas a ‘A Partilha’ nos uniu para sempre. É um prazer imenso, porque ele é um grande autor. E, como somos dois comediantes, damos risada de tudo o tempo todo. Temos o mesmo tempo de comédia. Somos amigos para sempre”, festeja Susana.


Ficha técnica
"Shirley Valentine"
. Com: Susana Vieira. Versão brasileira: Miguel Falabella. Direção geral: Tadeu Aguiar. Figurino: Karla Vivian. Trilha sonora: Sérvulo Augusto. Cenografia: Natália Lana. Designer de luz: Daniela Sanchez. Programação visual: Alexandre Furtado. Direção de produção: Edgard Jordão. Marketing cultural: Gheu Tibério. Assistente de marketing cultural: Paula Rego. Realização: Jordão Produções. Apoio: Vivo, Estamplaza, Uol, bdrops, Helloo e Stuo.


Serviço:
"Shirley Valentine"
Estreia:  20 de janeiro. Temporada: até 12 de fevereiro. Local: Teatro Vivo - Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460 - Morumbi. Horários: sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h. Preço: R$ 120 (inteira) / R$ 60 (meia). Classificação: 12 anos. Duração: 70 minutos. Vendas: Sympla, neste link.

.: "As Crônicas de Nárnia": obra-prima de C.S. Lewis está de volta


A partir de janeiro, a editora Harper Collins irá lançar mensalmente e de forma individual os sete volumes de "As Crônicas de Nárnia", clássico de C.S. Lewis, seguindo a ordem de publicação original que se inicia com o clássico "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa".

Essa edição é de luxo, com capa dura, pintura trilateral, ilustrações coloridas e nova tradução do mestre Ronald Kyrmse. Quem já conhecia C.S. Lewis pelas premiadas edições da Thomas Nelson Brasil pode manter a sua coleção padronizada, e quem ainda não tem Lewis na estante, agora tem um motivo a mais para começar a coleção. 


Sobre o livro

Reinos mágicos, criaturas inesquecíveis e batalhas épicas entre o bem o mal: essas histórias são narradas em "As Crônicas de Nárnia" - uma série de sete livros que acompanha crianças curiosas e suas aventuras entre o nosso mundo e outros universos mágicos.

"O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa"
 conta a história dos irmãos Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia Pevensie. Em meio a brincadeiras na casa de um velho professor, eles descobrem um misterioso guarda-roupa que os leva a Nárnia, um reino mágico que sofre de um inverno sem fim desde que Jadis, a temida Feiticeira Branca, tomou o poder. Mas uma antiga profecia - que envolve justamente quatro crianças, além de um fantástico leão chamado Aslan - afirma que há esperança para o reino, contanto que se tenha coragem.

Escrito pelo gênio C.S. Lewis, "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa" foi o primeiro livro lançado da saga de As Crônicas de Nárnia, em 1950. Esta obra encanta crianças e adultos há mais de 70 anos, o que faz dela um dos maiores clássicos do gênero infantojuvenil e fantástico.

Há muito aguardada pelos fãs, esta é uma edição de luxo, a versão definitiva para os amantes de Sr. Tumnus e dos seus amigos da floresta. Com nova tradução de Ronald Kyrmse, o livro possui capa dura, soft touch e pintura trilateral, além de ter ilustrações coloridas de Pauline Baynes, a artista favorita de C.S. Lewis e de seu melhor amigo, J.R.R. Tolkien, autor de “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”Garanta já o seu exemplar na pré-venda neste link. 

.: Cia. Solas de Vento apresenta trilogia de Júlio Verne no Sesc Santos

Baseada nas obras de Júlio Verne - "A Volta ao Mundo em 80 Dias", "Viagem ao Centro da Terra" e "20 Mil Léguas Submarinas", que aparece representado na imagem. Foto: Mariana Chama

A Cia. Solas de Vento traz ao teatro do Sesc Santos o premiado projeto "Viagens Extraordinárias de Júlio Verne". São três espetáculos adaptados das obras do autor,  "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (domingo, dia 8 de janeiro), "Viagem ao Centro da Terra" (domingo, dia 15 de janeiro) e "20 Mil Léguas Submarinas" (domingo, dia 29 de janeiro). Conhecido como o escritor que previa o futuro, os escritos de Verne anteciparam equipamentos que só surgiram muitos anos depois, como televisão, submarino, nave espacial, fax, entre outros.  


"A Volta ao Mundo em 80 Dias"
A primeira apresentação é a adaptação do romance "A Volta ao Mundo em 80 Dias"dia 8 de janeiro, contada por apenas dois atores que dão vida a mais de dez personagens revezando-se em cena durante todo o espetáculo para proporcionar à aventura um ritmo alucinante. A manipulação de peças de ferro, rodas e sucatas proporciona uma transformação constante do espaço cênico onde são construídos barcos, trens, montanhas e até um elefante, convidando o público a usar a imaginação para viver essa grande aventura. 

No espetáculo, Mr. Fog, um lorde aventureiro, decide dar uma volta ao mundo em 80 dias, auxiliado por Passepartout, seu criado francês. Durante a viagem repleta de peripécias, eles são surpreendidos pelo misterioso Mr. Fix, o vilão atrapalhado que tenta impedir a dupla de formas inusitadas. Atravessando a Europa, o Egito, a Índia, a China, o Japão e os Estados Unidos, os dois aventureiros correm contra o tempo e contra as armadilhas do vilão. 

Ficha técnica:  
Criação: Solas de Vento e Carla Candiotto. Texto e direção: Carla Candiotto. Elenco: Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues. Coreografia: Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues. Direção de arte: Lu Bueno. Figurino: Olintho Malaquias. Adereços: Michele Rolandi. Ferragens cenográficas: Solas de Vento. Ilustrações: Iara Jamra. Trilha sonora: Exentricmusic (Marcelo Lujan). Iluminação: Wagner Freire. Fotografia: Mariana Chama. "As Extraordinárias Viagens de Júlio Verne" - Box com seis livros neste link. 

"Viagem ao Centro da Terra"
No domingo, dia 15 de janeiro, tem apresentação do espetáculo "Viagem ao Centro da Terra", uma história de superação e coragem, uma viagem intrigante, divertida e quase existencial, já que o mundo subterrâneo sempre foi pleno de mistérios para os homens. Com três atores em cena, utilizando de técnicas acrobáticas, teatro físico e manipulação de objetos e bonecos, combinam elementos visuais, manipulação de peças de madeira, compondo transportes, cavernas e outras surpresas que convidam o público a desbravar um mundo intraterrestre repleto de perigos, emoções e aventuras. 

O jovem Axel e seu tio Otto Lindenbrock, um geólogo apaixonado pelos mistérios do planeta, descobrem um caminho que os levará até o Centro da Terra. Apesar do medo, Axel é promovido à assistente e acompanha o seu tio nessa aventura. A dupla é auxiliada por Hans, um engraçado guia Islandês, que os protege dos perigos do mundo subterrâneo. Tempestades, florestas, dinossauros, erupções e outros obstáculos fazem parte dos desafios e descobertas que transformarão para sempre a vida destes aventureiros. 

Ficha técnica:
Idealização: 
Cia. Solas de Vento. Criação: André Schulle, Bobby Baq, Bruno Rudolf, Eric Nowinski e Ricardo Rodrigues. Dramaturgia: Bobby Baq em colaboração com a direção e o elenco. Direção: Eric Nowinski. Elenco: André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues. Direção de arte: Isabela Teles. Trilha sonora original: André Vac. Cenografia: Cia Solas De Vento e Luana Alves. Criação de figurinos: Isabela Teles. Objetos de cena e traquitanas: Nonon Creaturas. Eletrônica e iluminação de adereços: Marcel Alani Gilber. Desenho de luz: Roseli Marttinely e Eric Nowinski.
Fotografia: Mariana Chama. Realização: Cia. Solas de Vento. "As Extraordinárias Viagens de Júlio Verne" - Box com seis livros neste link. 


"20 Mil Léguas Submarinas" 
Dia 29 de janeiro, a mais nova criação da Cia Solas de Vento, a livre adaptação para o teatro de uma das obras mais famosas de Júlio Verne", "20 Mil Léguas Submarinas". Lançado em 2021, esse espetáculo completa a trilogia "Viagens Extraordinárias de Júlio Verne" ao lado de "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (2011) e "Viagem ao Centro da Terra" (2015). 

Em "20 Mil Léguas Submarinas", a Cia conta esta divertida jornada sem o uso de palavras, desenvolvendo um roteiro de pantomima. A direção coloca o espaço cênico do teatro como um lugar de transformação onde coxias, cortinas e varas cênicas se tornam elementos do submarino. Aos poucos, tripulantes e plateia vão descobrindo através da brincadeira como o teatro pode ser uma grande embarcação ou como o submarino pode ser uma curiosa experiência teatral.

Com a proposta de criar os efeitos aquáticos e para dar uma dimensão fantástica às aventuras dos personagens, a cenografia joga, ainda, com as projeções de vídeo criadas ao vivo com adereços, maquetes e ilustrações. No espetáculo, um misterioso veículo subaquático. Uma tripulação cheia de segredos. Um monstro assombrando os oceanos.  Três tripulantes que acabaram de chegar.  E você, já entrou em um submarino? 

Ficha técnica: 
Idealização: Cia Solas de Vento. Direção: Álvaro Assad. Elenco: André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, com participações de Bobby Baq e Marcel Alani. Dramaturgia: Bobby Baq e Alvaro Assad em colaboração com elenco. Música original: André Vac. Direção de arte e figurinos: Renato Bolelli e Vivianne Kiritani. Visagismo: Cleber de Oliveira. Cenografia: Cia. Solas de Vento e Álvaro Assad. Cenotecnia: Cesar Augusto e Jeremias da Silva. Adereços: Chico Matheus e elenco. Costureira: Judite Lima. Desenho de luz: Marcel Alani. Orientação de software vídeo: Rodrigo Gontijo. Operações técnicas: Luana Alves. Arte gráfica: Sato do Brasil. Fotografia: Mariana Chama. Vídeos: Cassandra Mello. Produção: Natalia Salles. Assistente de produção: Anna Belinello. Gestão: Doble Cultura e Social. Realização: CCBB SP e Cia Solas de Vento. 


Sobre a companhia
A Cia Solas de Vento nasceu em 2007 na cidade de São Paulo, da parceria entre o francês Bruno Rudolf e o brasileiro Ricardo Rodrigues. Desde então, a Cia. utiliza em sua dramaturgia a mescla de elementos do teatro gestual, das técnicas circenses e da dança contemporânea agregados à pesquisa de projeção de vídeo ao vivo. A simbiose desses elementos é suporte para uma linguagem que transita entre gêneros criando corpos, espaços e situações inusitadas. 


Bruno Rudolf
Ator, bailarino e diretor francês, formado pelo Conservatório de Dança de Mulhouse, reside no Brasil desde 2001. Vencedor dos Prêmios FEMSA 2011 e APCA 2011 na categoria de Melhor Ator por "A Volta ao Mundo em 80 Dias". Ainda na França, estudou teatro físico, manipulação de boneco e técnicas circenses. Em solo brasileiro, se especializou em técnicas aéreas e estudou palhaço. Trabalhou com os diretores Carla Candiotto, Cristiane Paoli Quito, Miriam Druwe , Kris Niklison, Rodrigo Matheus e Mark Bromilow. 


Ricardo Rodrigues
Ator circense e diretor. Graduado em Artes Cênicas pela Universidade São Judas, em 1996 e Especialista em Técnicas Aéreas Circenses desde 1999. Realizou parcerias com Circo Mínimo, Linhas Aéreas, Circo Zanni, Núcleo Artérias, Circo Fractais, Circo Vox, Acrobático Fratelli, Circo Nosotros, Central do Circo. 

Trabalhou com os diretores Carla Candiotto, Cristiane Paoli Quito, Debora Dubois, Adriana Grechi, Kris Niklison, Antonio Abujamra, Francisco Medeiros, Hugo Possolo, Janô, Jairo Matos, Rodrigo Matheus, Sandro Borelli, Mark Bromilow e Naum Alves de Souza. 


Serviço
"A Volta ao Mundo em 80 Dias" com a Cia. Solas de Vento.
Local:
Teatro do Sesc Santos. Dia: 8 de janeiro, domingo, às 17h30. Ingressos: R$ 7,50 (credencial plena); R$ 12,50 (meia-entrada); R$ 25,00 (inteira). Classificação: livre. Grátis para menores de 12 anos. Duração: 70 minutos. Venda on-line em sescsp.org.br/santos e na rede de bilheterias do Sesc São Paulo.


"Viagem ao Centro da Terra" 
com a Cia. Solas de Vento.
Local: Teatro do Sesc Santos. Dia: 15 de janeiro, domingo, às 17h30. Ingressos: R$ 7,50 (credencial plena); R$ 12,50 (meia-entrada); R$ 25,00 (inteira). Classificação: livre. Grátis para menores de 12 anos. Duração: 70 minutos. Venda on-line em sescsp.org.br/santos e na rede de bilheterias do Sesc São Paulo.


"20 Mil Léguas Submarinas" com a Cia. Solas de Vento.
Local: Teatro do Sesc Santos. Dia: 29 de janeiro, domingo, às 17h30. Ingressos: R$ 7,50 (credencial plena); R$ 12,50 (meia-entrada); R$ 25,00 (inteira). Classificação: livre. Grátis para menores de 12 anos. Duração: 70 minutos. Venda on-line em sescsp.org.br/santos e na rede de bilheterias do Sesc São Paulo.


Sesc Santos 
Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida - Santos. Telefone: (13) 3278-9800. Site: www.sescsp.org.br/santos. 

Orientação para acesso à unidade: 
Uso de máscara obrigatório

Bilheteria Sesc Santos - Funcionamento
Terça a sexta, das 9h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30 

Estacionamento em espetáculos (valor promocional – mediante apresentação de ingresso): R$ 6 (credencial plena) R$ 11 (visitantes). Para ter o desconto, é imprescindível apresentar no caixa a credencial plena atualizada. 

Bicicletário: gratuito. Uso exclusivo para credenciados no Sesc. É necessária a apresentação da credencial plena atualizada e uso de corrente e cadeado por bicicleta. 100 vagas.

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