domingo, 20 de agosto de 2023

.: Denise Fraga volta ao "Retrato Falado" para comemorar 50 anos


Denise Fraga no quadro “Retrato Falado”. Foto: Café Royal/Globo

Um dos quadros de humor mais lembrados na história dos 50 anos do programa "Fantástico" ganhará uma versão extraordinária no terceiro episódio do documentário que repassa as décadas do programa. Feito pela atriz Denise Fraga, o "Retrado Falado" se baseava em reproduzir na TV um fato da vida real protagonizado pela dona dessa história. Entrou no ar pela primeira vez em maio do ano 2000. 

A atriz está com uma nova temporada do monólogo "Eu de Você" em São Paulo. Mais sobre a peça neste link. Nesta edição especial do "Retrato Falado", dirigida por Luiz Villaça e produzida pela Café Royal, Denise Fraga interpretará uma jovem jornalista, contratada de forma temporária para trabalhar no próprio "Show da Vida", e sua árdua tarefa de ser efetivada na equipe do dominical do horário nobre.

"Eu fiquei muito feliz com esse convite de voltar a fazer o 'Retrato Falado' e poder participar da história desse programa que faz parte da minha existência. Fazer um dos quadros do 'Fantástico' é um prêmio que você ganha na vida", ressalta a atriz carioca, que estrelou o quadro pela última vez no programa em 2007.



.: “Dias de Luta”: expoente do rock brasileiro, Nasi regrava clássico do Ira!


Cantor e compositor, Nasi, que faz parte do Ira!, lançou em todas as plataformas de streaming, via Ditto Music, o single “Dias de Luta”. A faixa é o primeiro single do novo álbum solo do cantor, com lançamento previsto para o final do ano.

Nesta nova versão, Nasi potencializa uma certa melancolia desse clássico do Ira! - gravado originalmente no álbum "Vivendo e Não Aprendendo" (1986) - para um blues & soul com resultado fantástico. Em parceria com o guitarrista Igor Prado (também canhoto que não inverte as cordas, assim como Edgar Scandurra), Nasi realiza a difícil tarefa de fazer uma versão bem diferente e igualmente bela da canção.

.: Edições Sesc lançam "Um Boxeur na Arena", sobre Oswald de Andrade e artes


Obra de Oswald de Andrade é analisada sob a ótica das artes visuais em lançamento das Edições Sesc. Tese premiada pela Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM-USP), "Um Boxeur na Arena", de Thiago Gil Virava, integra a coleção "3 vezes 22". Evento de lançamento do livro acontece em 22 de agosto, terça-feira, às 19h30 no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP

As Edições Sesc lançam "Um Boxeur na Arena: Oswald de Andrade e as Artes Visuais no Brasil (1915-1945)", que apresenta aos leitores uma investigação aprofundada sobre o peso das artes visuais na experiência intelectual e criativa do poeta e escritor modernista Oswald de Andrade (1890-1954). O evento de lançamento acontece no dia 22 de agosto, terça-feira, às 19h30, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP. Na ocasião, haverá um bate-papo, seguido de sessão de autógrafos, entre Thiago Gil ViravaTadeu Chiarelli, que orientou a pesquisa de doutorado que deu origem ao livro. A obra conta com o apoio cultural da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM-USP.

“A investigação de Thiago Gil Virava acerca da produção literária oswaldiana traz para o primeiro plano a atividade de um escritor ávido por ‘fotografar’ ambientes em incessante movimento e mutação, traduzindo a experiência moderna em instantâneos feitos de versos e frases fragmentários, sensíveis ao estilhaçamento das representações coesas da realidade – academicamente calcadas em cânones. As vanguardas em artes visuais, com as revoluções formais que as caracterizam, terão exercido influência direta na escrita do autor”, destaca Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

A obra analisa os textos em que Oswald de Andrade tratou de temas relativos às artes visuais, assim como a presença delas nos livros de poesia "Pau Brasil" (1925) e "Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade" (1927), e nos romances "Os Condenados" (1922-1934) e "Marco Zero" (1943-1945). Também são discutidas as relações do escritor com artistas brasileiros e estrangeiros, além de sua participação em momentos relevantes para a história as artes visuais no país, como a Semana de Arte Moderna.

“O impulso inicial desta pesquisa surgiu da percepção de que a poesia e a prosa literária de Oswald de Andrade são intensamente visuais. Essa percepção inicial levou a um interesse por investigar duas questões correlatas: qual foi a relação de Oswald de Andrade com as artes visuais ao longo de sua experiência intelectual? Como essa relação aparece na poesia e na prosa oswaldiana?”, contextualiza o autor na introdução do livro, delimitando os dois eixos que orientaram os processos de pesquisa e construção da obra.

Tadeu Chiarelli, professor de artes visuais da USP e autor, entre outros, de livros sobre os artistas brasileiros Leda Catunda e Nelson Leirner, destaca que essa publicação preenche uma lacuna importante dentro da bibliografia sobre o Modernismo em São Paulo. “Virava produz uma espécie de biografia intelectual de Oswald de Andrade, tendo como eixo o interesse do escritor pelas artes visuais, demonstrando aspectos até então inéditos ou pouco divulgados sobre a obra de Oswald. Dentre eles, penso que poderá interessar a crítica bem estruturada sobre o processo de absorção, por parte de Oswald, das questões relativas às diversas vertentes da arte moderna”, pontua. Compre o livro"Um Boxeur na Arena: Oswald de Andrade e as Artes Visuais no Brasil (1915-1945)", de Thiago Gil Virava, neste link.


Sobre o autor
Thiago Gil Virava é mestre e doutor em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Entre 2011 e 2016, foi colaborador da "Enciclopédia de Artes Visuais do Instituto Itaú Cultural" como pesquisador e redator. É autor do livro "Uma Brecha para o Surrealismo" (Alameda, 2015). De 2018 a 2021, colaborou com Tadeu Chiarelli no projeto de pesquisa “Monumento às Bandeiras como Processo: do Presente ao Passado”, junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da ECA-USP, coordenando dois módulos da disciplina que resultou da pesquisa. É pesquisador da Fundação Bienal de São Paulo desde 2013 e atualmente ocupa o cargo de coordenador de Pesquisa e Difusão. Garanta o seu exemplar de "Um Boxeur na Arena: Oswald de Andrade e as Artes Visuais no Brasil (1915-1945)", escrito por Thiago Gil Virava, neste link.

Serviço
Lançamento do livro "Um Boxeur na Arena: Oswald de Andrade e as Artes Visuais no Brasil (1915 - 1945)". Bate-papo seguido de sessão de autógrafos com Thiago Gil e participação de Tadeu Chiarelli. Data e horário: 22 de agosto, terça-feira, às 19h30. Local: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP (R. Dr. Plínio Barreto, 285. 4º andar - Bela Vista/São Paulo. Inscrições abertas no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc ou presencialmente em qualquer unidade do Sesc São Paulo. Gratuito.


Sobre as edições Sesc São Paulo
Pautadas pelos conceitos de educação permanente e acesso à cultura, as Edições Sesc São Paulo publicam livros em diversas áreas do conhecimento e em diálogo com a programação do Sesc. A editora apresenta um catálogo variado, voltado à preservação e à difusão de conteúdos sobre os múltiplos aspectos da contemporaneidade.

sábado, 19 de agosto de 2023

.: Entrevista: Dedé Macedo, o campeão do "No Limite - Amazônia" celebra


Disputando a final com Raiana Bertoso e Yuri Fulý, o paratleta foi o mais rápido no circuito e se consagrou o vencedor da temporada. Foto: Globo/Mauricio Fidalgo


Da repescagem ao topo do pódio, Dedé Macedo chegou ao "No Limite - Amazônia" querendo provar que a deficiência não é limitadora; e na noite da última quinta-feira, dia 17, o paratleta se consagrou o grande campeão da temporada. Ele foi o mais rápido a completar o desafio final com o tempo de 7m46s, contra Raiana Bertoso e Yuri Fulý, 2° e 3° colocados, respectivamente. No fim, Fernando Fernandes confirmou a vitória do paulista, que levou para casa o prêmio de R$500 mil. 

O programa começou com a decisão do júri dos eliminados. Simoni, Guilherme, Claudio Heinrich, Amanda, Marcus, Euclides e Paulinha votaram para escolher qual dos jogadores do top 5 iria direto para a final. Dedé e Fulý não tiveram votos, enquanto Carol Nakamura e Greici receberam dois e Raiana, três, garantindo a vaga. O desafio da semifinal foi tenso, exigindo muito foco, equilíbrio e paciência dos quatro competidores. Fulý e Dedé foram os primeiros a concluir, e disputaram a final com Raiana.

Logo nos primeiros desafios, Dedé se mostrou um competidor com muita determinação, força, agilidade e resistência. No jogo social, o paulista, a princípio, não se deu tão bem; fez poucas alianças e acabou eliminado pela equipe Jenipapo no quinto Portal da temporada – mas ainda teria uma segunda chance. Dedé foi para a Ocuīride, batalhou (literalmente) pela vaga para retornar à competição e venceu. Voltou e conseguiu se manter no jogo. No último Portal da edição, quase foi eliminado após um empate eletrizante que o colocou no top 5 ao lado de Carol Nakamura, Fulý, Greici e Raiana. 

Transmitido pela TV Globo, "No Limite - Amazônia" teve apresentação de Fernando Fernandes, direção geral de Rodrigo Giannetto, com direção de Vivian Alano e Padu Estevão. O reality é licenciado e produzido pela Endemol Shine Brasil. Confira a entrevista com o campeão do "No Limite - Amazônia", Dedé.

 
Qual é a sensação de vencer o "No Limite"?
Dedé Macedo -
Para mim, essa vitória é como se eu estivesse ganhando uma Copa do Mundo, um campeonato mundial de ciclismo. Era algo que me faltava, nessa grandiosidade. Então, foi muito bacana e estou vivenciando tudo isso com muita intensidade. Por muito tempo ainda, espero que fique assim, mas a ficha ainda não caiu totalmente.

 
Analisando tudo o que viveu no reality, o que foi mais difícil?
Dedé Macedo - 
Eu nunca tinha sentido fome na minha vida. Isso foi realmente muito difícil e acabou influenciando muito na convivência. Se fosse do lado de fora, ia ser pior esse acampamento (risos), mas ali precisamos abaixar a temperatura entre nós. Foi bem difícil passar por essa limitação de comida e conviver com pessoas tão diferentes ao mesmo tempo. 
 

Para você, qual é o saldo dessa experiência? Quais são os aprendizados?
Dedé Macedo - 
Aprendi que a fome é uma coisa que dói bastante, e a gente passa a rever algumas coisas. Daqui para frente, quero realmente poder ajudar muitas pessoas nessa situação. É algo que vou levar para vida. E ter vivido essa experiência na Floresta Amazônica também me agregou em muita coisa. Ali conseguimos nos desconectar desse mundo urbano e, então, olhar um pouco mais para dentro da imensidão da Amazônia. E ver o quanto a gente precisa cuidar dessa floresta e sua cultura. 

 
Você foi eliminado pela Jenipapo, foi para a Ocuīride, voltou para o jogo e se consagrou campeão. Como você avalia a sua trajetória no programa?
Dedé Macedo - 
Quando eu saí do jogo pela primeira vez, fiquei muito frustrado, bravo, desanimado, bem triste. Com a notícia de que teria uma chance de voltar, comecei a repensar tudo e precisei logo colocar em prática, pra já, porque lá não dá para esperar nenhum minuto, as coisas acontecem muito rápido. Quando você se expõe muito no jogo, as pessoas passam a desconfiar de você. No momento que eu dei uma bobeada, já fui eliminado. Então, tive que voltar com muita força, queria muito ir até a final. Analisando a minha trajetória, deu tudo certo. Acho que era para ter sido exatamente como aconteceu: ter sido eliminado e ter voltado. Sinto como se o programa tivesse sido feito para mim. 

 
Qual foi a sua estratégia de jogo, como você escolheu jogar? Foi surpreendido em algum momento ou precisou recalcular rotas nas alianças?
Dedé Macedo - 
Quando eu cheguei no programa, vi que todo mundo queria muito falar, saber um do outro. Isso é normal. Mas eu procurei ficar um pouco mais na minha, mais imparcial, ser aquela incógnita do jogo, sabe? Aquele que deixa todo mundo em cima do muro, mas a partir do momento que eu saí do jogo, tive que repensar. Voltei um pouquinho mais aberto, mas não tanto, a formar novas alianças para poder chegar lá na frente. Principalmente com as meninas, que eram o grupo mais forte. No último Portal, quando deu o empate, eu sabia que qualquer coisa que eu falasse poderia se voltar para mim. Ali eu vi que a briga em si era entre a Paulinha, Raiana, Fulý e Carol, então tinha que deixá-los discutirem entre eles. Preferi ficar quietinho, rezar para todos os santos e deu tudo certo. 

 
Como você analisa o jogo da Raiana e Fulý, que chegaram com você até a final?
Dedé Macedo - 
O Fulý é um jogador nato, né? Assistiu a várias temporadas do programa ao redor do mundo, então ele estava bem focado no dele. Conseguiu confundir o pessoal por muito tempo e saiu grandão no jogo. É um cara muito esperto, racional, eu o admiro por ter chegado onde chegou, por toda sua trajetória. A Rai é uma pessoa mais quieta, parecida comigo. Veio construindo sua trajetória aos poucos, foi grandona nas provas e chegou onde chegou por muito mérito. Foram dois gigantes comigo na final. 

 
Você chegou dizendo que queria provar que a deficiência não era limitadora e fez isso tão bem que é o grande vencedor! Qual recado você quer deixar?
Dedé Macedo - 
Achei demais que o programa abriu as portas para mim. Espero inspirar mais pessoas com deficiência e mostrar que somos capazes de fazer qualquer coisa que quisermos. Talvez a gente não consiga fazer de primeira, o processo pode demorar um pouquinho mais, ou ser um pouco diferente, mas lá na frente você vai conseguir ser vitorioso. Outra coisa que fiquei muito feliz foi de conhecer o Fernando. Ele é meu ídolo, está sempre mostrando o quanto a gente é capaz. Espero passar esse recado para todo mundo e incentivar as pessoas a acreditarem nos seus sonhos.

O que pretende fazer com o prêmio? 
Dedé Macedo - 
Com certeza, a prioridade é ajudar a minha família. Depois, quero investir em alguns equipamentos de paraciclismo, que são bem caros. Quero ajudar a minha família e me ajudar no esporte.

.: Se você gosta de super-heróis, precisa conhecer "O Cidadão Incomum"


Nova HQ já tem produção audiovisual encabeçada por Fernando Meirelles em andamento


O universo dos super-heróis continua com tudo e a prova disso é o atual lançamento de "Besouro Azul", da DC Comics, nos cinemas. Se você é fã daqueles que usam seus poderes para salvar o mundo, além de assistir ao filme, vai adorar conhecer a história de "O Cidadão Incomum", nova HQ - aposta da Conrad Editora.

Com lançamento marcado para o dia 31, o novo livro de Pedro Ivo é sequência da obra homônima publicada em 2013 e promete entreter desde os amantes de “Marvel” e “DC”, até aqueles que gostam de obras de terror e mistério. Assim como Jaime, em "Besouro Azul", Caliel é um jovem que vivia em um mundo sem super-heróis; até descobrir superpoderes que fazem dele parte de um mundo desconhecido, cheio de inseguranças e responsabilidades.

Nesta sequência da HQ escrita por Pedro Ivo, Caliel ainda é um jovem super-herói que está aprendendo a controlar esses poderes de origem desconhecida. Isso cria medo, angústia e insegurança. E enfrentar essas mudanças enquanto se lida com um turbilhão de sentimentos não é nada fácil.  Diante de tudo isso, o “Cidadão Incomum” parte em uma investigação para descobrir a origem dos poderes, mas acaba se deparando com uma realidade perigosa e imprevisível.

"É um lançamento perfeito para quem gosta de abordagens mais realistas sobre super-heróis, para leitores de literatura fantástica e ficção científica. É um livro sequência, mas também funciona de forma independente para quem não leu o primeiro livro. Além disso, ele já tem produção audiovisual programada para sair", conta o autor. 

O livro tem adaptação encabeçada por Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", em andamento. O próprio chegou a confirmar que está trabalhando na obra, que provavelmente será uma série, durante sua passagem pela “Comic Con” de 2022. "É um personagem muito interessante e que como todo brasileiro, precisa enfrentar muitas dificuldades. Nem sabia se eu podia falar, mas agora já foi”, brincou Meirelles, em seu painel. A obra tem 240 páginas e conta, ainda, com ilustrações feitas pelo próprio Ivo. Compre a HQ "O Cidadão Incomum" neste link.

." Repleto de referências, “Os Donos do Mundo” segue em cartaz em São Paulo


Espetáculo de Luccas Papp, tem como premissa debater aspectos mais profundos da sociedade a partir de dez jovens com histórias e dilemas que debatem valores e moralidade em um cenário que remente a clássicos hollywoodianos como “Mad Max” e “Eu Sou a Lenda”


 
Dez jovens completamente diferentes acordam em um dia qualquer e percebem: todas as pessoas do mundo desapareceram, exceto eles. Após se encontrarem em um supermercado abandonado, passam a conviver e pensar em como, juntos, reconstruirão a humanidade. Com essa história o espetáculo “Os Donos do Mundo”,  com temporada até 30 de setembro, no Teatro Itália Bandeirantes, na República, em São Pautor, com sessões aos sábados às 17h. Criada e dirigida por Luccas Papp, a produção traz aos palcos uma história que junta um tema bem famoso dos streamings e filmes, o apocalipse, para debater aspectos mais profundos da sociedade.

"Escrevi a história em 2012, quando tinha 19 anos, na época tinha aquele hype de que o mundo acabaria em 2012, segundo o calendário maia. Todos os veículos de mídia falando sobre o assunto, e eu pensei: 'E se realmente o mundo fosse acabar?', mas isso de uma forma diferente, imagina se todos sumissem, com exceção de 10 jovens, o que aconteceria? Então peguei perfis completamente diferentes que eu conhecia, representando classes sociais, sexualidades, educações, vivências, gostos. 'Os Donos do Mundo' tentam 'criar uma microssociedade' de bilhões de pessoas naqueles jovens em formação, as noções de justiça, de verdades absolutas, composições éticas são formadas dessa vivência" reitera Papp. Compre o livro da peça, "Os Donos do Mundo", escrito por Lucas Papp, neste link.


Sinopse do espetáculo
Dez jovens completamente diferentes acordam em um dia qualquer e percebem: todas as pessoas do mundo desapareceram, exceto eles. Após se encontrarem em um supermercado abandonado, passam a conviver e pensar em como, juntos, reconstruirão a humanidade.

 Para ajudar a contar a história, que é dividida em quatro atos, a produção terá uma cenografia que mistura um pouco do clima árido de produções sobre o apocalipse, além de andaimes, pois grande parte do espetáculo se passa nas alturas, para dar o ar de solidão e finitude.

 "A peça passa por diversos momentos, o primeiro ato é o fim, que é o início da história quando tudo acaba, depois vem a ascensão, o declínio e a redenção. Para isso vamos trazer uma linguagem cinematográfica para os palcos, sendo mais acessível ao público que consome histórias no streaming e cinema, e personagens facilmente adaptáveis e reconhecíveis por eles. Nossas referências, principalmente as estéticas, tem muito de 'Mad Max', 'Eu Sou, a Lenda', 'O Livro de Eli', dessa linguagem árida, o deserto do apocalipse, porque mesmo que na história não tenha havido um evento catastrófico, as pessoas simplesmente sumiram, tem um pouco dessa destruição da sociedade como um todo. Com a cenografia rústica, a história se passa em andaimes, grande parte é feita nas alturas, e as mudanças de cenários, a luz, além da trilha sonora inédita feita pelo Pedro Lemos e figurinos assinados por Thaís Boneville ajudam a criar a atmosfera e fazer com que o público esteja em uma experiência imersiva",  explica o diretor e autor.

Para desenvolver a temática, Luccas escolheu para os seus personagens temas e histórias pessoais que acabam criando embate um com os outros. "O foco é  é necessariamente o que aconteceu, mas como essas pessoas vão se reorganizar em uma sociedade nova, a formação de caráter, os valores, a construção da moralidade. Como podemos ser capazes de cometer atos positivos e negativos e ser influenciados por outros. A ideia é que percamos nossos preconceitos e consigamos, acima de tudo, se colocar no lugar do outro. Uma série de elementos e temas que serão debatidos, como homossexualidade, e a homofobia, relacionamento abusivo, ciúme parental, capacitismo, uma das atrizes é deficiente visual, e temos personagens que mostram diversos aspectos para o público se identificar e pensar esses temas a partir daí",  completa Papp.  “Os Donos do Mundo” faz temporada até dia 30 de setembro no Teatro Itália.


Ficha técnica 
Espetáculo "Os Donos do Mundo". Texto e direção: Luccas Papp. Elenco: Bezz Parisi, Bia Nascimento, Bruni Magri, Gabriel Mousa, Giovana Stinglin, Gustavo Spinosa, Júlia Blaz, Luna Lameiras, Maurício Sasí e Verônica Trindade. Stand-ins: Camila Feitosa, Carolina Perotti, Guilherme Marques e Gabriel Tite. Assistência de direção: Letícia Monezi. Cenografia: Luccas Papp. Desenho de luz: Gustavo Gonçalo. Figurinos e fotos: Thais Boneville. Trilha sonora original: Pedro Lemos. Visagismo: Rhaissa Samas. Assessoria de Imprensa: MercadoCom (Ribamar Filho). Produção executiva: Guilherme Bernardino. Produção de elenco: Richard Lake. Redes sociais: Giulia Martins e Amanda Bellini. Design gráfico: Raphael Ruas. Realização: LPB Produções. 

Serviço 
Espetáculo “Os Donos do Mundo”. Teatro Itália Bandeirantes. Avenida Ipiranga, 344 ' Edifício Itália - Subsolo - São Paulo. Temporada: até dia 30 de setembro. Sábados, às 17h. Classificação: 12 anos. Duração: 70 minutos. Gênero: drama. Ingressos: R$ 60,00. Os ingressos já estão à venda pelo https://bileto.sympla.com.br/event/83785/d/199857/s/1351192

.: Marina Zurita leva a realidade sobre catadores de material reciclável a palco


Riven, projeto premiado nos EUA, retoma fase de pesquisas no Brasil para mostrar a rotina de catadores e possíveis soluções em peça de teatro. A diretora Marina Zurita fala sobre projetos de docuteatro | Crédito: Arquivo Pessoal


A carreira de Marina Zurita, diretora paulistana radicada em Nova Iorque, ganha novo capítulo: ela volta ao Brasil em agosto para retomar pesquisas de campo para o projeto Riven, montagem de teatro documental criado a partir de depoimentos de catadores de material reciclável no país. Realizado em colaboração com as atrizes brasileiras Laila Garroni e Josanna Vaz, o espetáculo tem recebido apoio de diversas instituições, a partir de residências artísticas e financiamento nos Estados Unidos.

“Cada projeto teatral requer um tipo de processo. No caso de Riven, a peça pede muito estudo de campo e imersão na cultura dos catadores. Volto com o intuito de me aprofundar ainda mais nessa realidade”, diz Marina sobre Riven, palavra que na tradução literal quer dizer “dividida”, mas que enquanto título a diretora traduz para “ruptura".

Uma versão prévia de "Riven", premiada pelo NYC Women’s Fund, foi apresentada em Manhattan no dia 3 de junho, no teatro BRIC Arts (NYC). A trama se desenvolve a partir da história de Melina e Alessandra, mulheres que trabalham como catadoras em uma cooperativa de materiais recicláveis. A dicotomia entre a importância da reciclagem e o preconceito com que as trabalhadoras do setor são vistas é um dos destaques da montagem, que traz em cena as duas personagens separando intermináveis montanhas de materiais em um dia a dia exaustivo de trabalho enquanto precisam enfrentar um mundo caótico do lado de fora, lidando com os descartes da sociedade e com os acúmulos emocionais de suas próprias vidas.

“Meu intuito é reencontrar pessoas que entrevistei na época do inídio da pesquisa, em especial nas cooperativas Vira Lata, Filadélfia, Glicério e Reci-Favela. Nessa nova fase de pesquisa, o meu objetivo é não só dialogar com os entrevistados sobre as suas realidades enquanto catadores, mas também sobre o enredo da peça e suas personagens. Desejo saber suas opiniões sobre a história que criei ao lado de minhas colaboradoras Laila Garroni e Josanna Vaz. Como artista, acredito que o teatro documental requer uma etapa no processo em que o sujeito documentado tenha abertura para opinar sobre o retrato de sua imagem. Chego no Brasil buscando incluir os catadores entrevistados no próprio processo de criação da peça Riven/Ruptura”, reflete a determinada Marina Zurita.


Cena de “Riven”, projeto da diretora Marina Zurita sobre catadores no Brasil. Foto: Divulgação

O desejo da diretora é trazer o espetáculo para o Brasil quando finalizado. Marina Zurita é formada pela renomada escola de Drama University of North Carolina School of the Arts. É Diretora Artística da companhia de teatro Bechdel Group (NYC), uma companhia que tem como missão desenvolver e produzir peças escritas por mulheres. 

Durante seu tempo de formação e trabalho nos Estados Unidos, Marina já desenvolveu diversas montagens, incluindo alguns projetos retratando realidades brasileiras com diversidade de linguagens e temáticas. Entre elas: "Saudades", escrita por Fernando Segall, que fala de uma jovem brasileira-americana que embarca em uma viagem de autodescoberta no Brasil, em busca de sua mãe há muito tempo perdida; "For The Time Being", de Ana Moioli, é sobre uma residente brasileira nos Estados Unidos com dificuldades de abandonar o passado.


Cena de “Saudades”, escrita por Fernando Segall e dirigida por Marina. Foto: divulgação

Sobre a diretora
Marina Zurita é diretora de teatro paulistana radicada em Nova Iorque, formada pela renomada escola de Drama University of North Carolina School of the Arts. Durante seu tempo nos Estados Unidos, Marina foi convidada a se tornar artista residente de companhias de teatro como Target Margin (NYC) e a galeria de arte A.P.E (MA), onde desenvolve o seu projeto mais recente, Riven.

Marina também foi recrutada pelo fellowship de direção cênica do Kennedy Center for the Performing Arts (DC), onde dirigiu "Nurse/Juliet" (escrito Beth Hyland) e "Vulgar Title that Deals with Race" (escrito por Brandon Bautista). A brasileira também é Diretora Artística da companhia de teatro Bechdel Group (NYC), uma companhia que tem como missão desenvolver e produzir peças escritas por mulheres.

Outros créditos de Marina também incluem: "Saudades" (escrito por Fernando Segall), apresentado no LaGuardia Performing Arts Center (NYC), "Consulado Geral do Brazil" (NYC) e no teatro JACK (NYC); "Riven" (criado por Marina em colação com Josanna Vaz e Laila Garroni), montagem premiada pelo NYC Women’s Fund e apresentado no teatro BRIC Arts (NYC); "For The Time Being" (escrito por Ana Moioli), apresentado no Winter New York Theater Festival; e "Fanny Unpacked" (criado por Marina em colaboração com Ana Moioli e Devlin Stark), apresentado no ESTIA festival (NYC).

.: Teatro: Victor Garbossa é Matthias em “Sindelar no Divã do Dr. Freud”


Neste sábado, 19 de agosto, o espetáculo “Sindelar no Divã do Dr. Freud” faz única apresentação na Casa Galeria Experiência, no Centro de São Paulo. Na produção o ator Victor Garbossa, da Base MGT, dá vida ao famoso jogador de futebol da Áustria, Matthias Sindelar, e atua ao lado de Ariel Moshe, que na história vive o pai da psicanálise Sigmund Freud.

O maior craque da história do futebol da Áustria e o pai da Psicanálise, por quase duas décadas, conviveram como duas estrelas da cidade de Viena, onde moraram. Nasceram na mesma região, sofreram com a xenofobia e o preconceito étnico. Foram alvos dos nazistas e morreram no mesmo ano, às vésperas da segunda guerra mundial. No entanto, nada indica que, entre 1921 e 1939, o jovem Sindelar e o idoso Freud chegaram a se encontrar ao menos uma vez. 

Este fato, curioso por tantas coincidências da vida desses dois humanos, deixa o exercício imaginativo aqui mais interessante. "Sindelar no Divã do Dr. Freud" é uma peça de teatro curta, mas que fala um pouco da história do futebol no começo das Copas do Mundo, bem como da Psicanálise em uma fase de análise mais social com "Mal-Estar na Cultura" e "Moisés e o Monoteísmo".

Com 25 microcontos que podem ser encenados como 25 cenas de uma peça teatral de ato único, bem como com duas crônicas explicativas, "Sindelar no Divã do Dr. Freud" é o 60° livro de Rafael Duarte Oliveira Venancio de sua conhecida coleção de livros de "Microcontos de Futebol", sendo um exercício de homenagem e imaginação unindo futebol e psicanálise. São cenas que usam todos os recursos de storytelling esportivo que tornaramo autor célebre. 

E, no livro, é possível ver também um pouco das habilidades do autor como o dramaturgo que escreveu peças teatrais esportivas tais como "Barbosa e o churrasco do Maracanã", "Jaguaré, felino do gol", "D10S", "Heleno em Barbacena", "Friedenreich em cena", "Uma aula de futebol cidadão", "Pilotos em uma curva" e "The Basketball Hierophant", bem como seus estudos no campo da Psicanálise.Assim, seja em ebook ou na versão impressa, pegue este livro e curta uma boa contação de histórias sobre um passado distante do futebol nos tempos da alvorada psicanalítica. Compre o livro "Sindelar no Divã do Dr. Freud", de de Rafael Duarte Oliveira Venancio, neste link.


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

.: Resenha crítica de "Besouro Azul", com Bruna Marquezine, é sensacional

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em agosto de 2023


Uma aventura cheia de ação e romance com a latinidade na dose certa. Eis a estreia da DC Comics estrelada por Xolo Maridueña (Miguel de "Cobra Kai") com a atriz brasileira Bruna Marquezine: "Besouro Azul". O longa que está em cartaz no Cineflix Santos entrega excelente roteiro, edição ágil, bons efeitos especiais e elenco com excelente atuação.

Em 2h7, a produção dirigida por Angel Manuel Soto apresenta a história do jovem Jaime Reyes que precisa trabalhar, em um hotel, com a irmã Mili, Milagro (Belissa Escobedo) para tentar salvar a perda da casa da família. Contudo, uma atitude mais ousada da irmã coloca os dois no olho da rua.

No entanto, Jenny, Jennifer Kord (Bruna Marquezine) promete ajudá-lo com uma oportunidade de emprego. Por acaso, os dois se reencontram e a sobrinha de Victoria Kord (Susan Sarandon) deixa sob os cuidados dele um artefato tecnológico.

Assim, Jayme ganha superpoderes uma vez que um misterioso escaravelho se prende à sua coluna e compõe uma poderosa armadura alienígena azul. Enquanto tenta reverter o acidente, os Reyes mostram ser uma família resiliente (todos personagens são incríveis, desde a Nana até o tio Rudy), enquanto que os Kords valorizam o dinheiro, embora Jenny seja diferente.

Apoiando Jayme para salva-lo, Jenny revela um pouco de sua história, uma brasileira que chega a falar o nosso belo Português na cara da vilã Victoria -é inegável o orgulho que se sente do nosso sangue tupiniquim ao ver Marquezine na telona contracenando com Sarandon. 

Mesmo seguindo a fórmula DC de contar histórias de heróis, "Besouro Azul" é um filmaço agradável de se acompanhar. Faz rir e ainda brinca com muito bom humor com referências da cultura latina citando "Chapolin" e até "Maria do Bairro". Sem contar que no elenco está Harvey Guillén como José, sempre chamado de Sanchez pela chefona Victoria Kord, igual acontece com outro personagem do ator no seriado "What We Do In The Shadows".

A produção com roteiro de Gareth Dunnet Alcocer, com duas cenas créditos, é sem dúvida alguma perfeito para se assistir com um balde de pipoca diante da telona do Cineflix Cinemas. Imperdível! 


Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Besouro Azul" ("Blue Beetle")Ingressos on-line neste link
Gênero: ação, aventura. Classificação: 12 anos. Duração: 2h07. Ano: 2023. Idioma: inglês. 
Distribuidora: Warner Bros. Pictures. Direção: Angel Manuel SotoRoteiro: Gareth Dunnet Alcocer. Elenco: Xolo Maridueña (Jaime Reyes / Blue Beetle), Bruna Marquezine (Jenny Kord), Susan Sarandon (Victoria Kord). Sinopse: O adolescente Jaime Reyes ganha superpoderes quando um misterioso escaravelho se prende à sua coluna e lhe fornece uma poderosa armadura alienígena azul.

.: "Vestido de Noiva", do Grupo Oficcina Multimedia, estreia temporada no CCBB


Com direção de Ione de Medeiros, espetáculo criado a partir da obra de Nelson Rodrigues celebra os 45 anos de atuação cultural ininterrupta do grupo, que tem como marca a ênfase à experimentação e ao risco. Foto: Netun Lima

Depois de uma temporada de estreia com sessões esgotadas no CCBB de Belo Horizonte, chega a São Paulo o espetáculo "Vestido de Noiva", obra do dramaturgo Nelson Rodrigues, nova montagem do Grupo Oficcina Multimédia (GOM) com direção de Ione de Medeiros. As apresentações acontecem de 18 de agosto a 24 de setembro de 2023, quintas e sextas, às 19h; sábados e domingos, às 17h. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria do CCBB SP ou pelo site bb.com.br/cultura.

Com patrocínio e apresentação do Banco do Brasil e realizado pelo Governo Federal , a montagem integra as comemorações dos 45 anos de atuação cultural ininterrupta do Grupo Oficcina Multimédia (GOM) e os 40 anos de direção artística de Ione de Medeiros.

Há exatamente 80 anos, "Vestido de Noiva" deu início ao processo de modernização do teatro brasileiro. "A peça lida com o inconsciente e com a falta de uma ordem cronológica, o que nos desafiou a construir uma dinâmica de montagem que pudesse levar o público à compreensão destas camadas de acontecimentos e diálogos que se relacionam", diz Ione de Medeiros, diretora.

No elenco estão Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso, que se revezam nas cenas entre personagens masculinos e femininos, sem distinção de sexo, numa performance que dá continuidade à proposta de duplos e trios como no espetáculo anterior da companhia, “Boca de Ouro” (2018/2019). Após a temporada paulistana, o Grupo Oficcina Multimédia circula com "Vestido de Noiva" pelos CCBBs Rio de Janeiro (4 a 29 de outubro) e Brasília (9 de novembro a 3 de dezembro).


O espetáculo
O ponto de partida de "Vestido de Noiva" é a história de Alaíde, personagem que após ser atropelada por um carro em alta velocidade se vê numa mesa de cirurgia, entre a vida e a morte. A partir desta cena se desenrola a trama que utiliza em sua dramaturgia e cenário três planos que se intercalam: o da realidade, o da alucinação e o da memória. O plano da realidade é tratado pelo fato de Alaíde estar em uma mesa de cirurgia com diagnósticos médicos, procedimentos cirúrgicos e tensões refletidas a partir de um ambiente frio composto basicamente de cadeiras, mesas e macas hospitalares de aço inox nas cores prata, branco e preto. Um cenário com aspecto duro, gélido e higienizado que remete aos ambientes assépticos de salas de cirurgia e corredores de hospitais.

"Nas narrativas que compõem o plano das alucinações de Alaíde ela passa a debater com a enigmática Madame Clessi em busca de reconstruir sua própria identidade. Já nos momentos de memória, Alaíde se depara com sua história familiar e a conturbada relação com a irmã e o marido”, conta a diretora Ione de Medeiros, que ressalta a contemporaneidade da obra de Nelson Rodrigues e sua genialidade.

A abstração da narrativa perpassa por uma dramaturgia fragmentada e de teor intenso para reprodução da mente da personagem, entre suas memórias e alucinações. Por este argumento absolutamente inusitado, a peça traz uma perspectiva não linear e aparentemente caótica, o que foi um desafio para o GOM. No espetáculo, um narrador em vídeo conduz a história e ajuda o público a ir conectando peças como num quebra-cabeça. “Para trazer dinamismo, misturamos vídeos com material cênico dialogando com os atores, trazendo mais riqueza para a montagem. Esses desafios tornam o processo de criação mais complexo e, ao mesmo tempo, mais vibrante e interessante de ser produzido”, relata Ione de Medeiros.

O espetáculo mantém a dramaturgia original da peça de Nelson Rodrigues, e incorpora soluções cênicas que são marcas da identidade do GOM, tais como como as movimentações de cenário e objetos "O material cênico tem rodinhas e alturas variadas, o que possibilita aos atores se posicionarem em níveis diferentes, conferindo à cena uma atmosfera de flutuação e, ao cenário, uma mobilidade fluida", explica Ione.

Além disso, a narrativa dialoga entre o texto, o vídeo, o material cênico, a trilha sonora, e as coreografias. Algumas vezes separadamente, outras com ações simultâneas. “O Multimédia tem este perfil multimeios desde sua origem, o que se define pela multiplicidade das informações na encenação, os diferentes usos do espaço, a tecnologia, a diversidade das referências para as montagens e ênfase na criatividade, sempre fiel à experimentação e ao compromisso com o risco”; relembra Ione.

Uma curiosidade é que, como o espetáculo começou a ser concebido antes da pandemia, os ensaios adentraram o período de isolamento físico de forma remota e on-line. "Descobrimos as infinitas possibilidades de criar cenas em vídeo usando somente os recursos que tínhamos à disposição em casa. Diante de um fundo verde, os atores gravavam as cenas usando as câmeras de seus próprios celulares. Posteriormente, editamos essas cenas e incluímos os atores em cenários diferentes, utilizando a técnica do chroma key. Gravamos os diálogos pelo Google Meet para que os atores utilizassem como guias em suas falas. A iluminação era feita com os abajures e luminárias que cada um possuía em casa, e o áudio captado pelos fones de ouvido dos celulares dos próprios atores".

A diretora, responsável pelo processo criativo, conta que diante da precariedade dos tradicionais recursos offline, foi preciso muita criatividade para criar, em vídeo, uma proposta coerente com a linguagem multimeios do GOM e sintonizada com a atmosfera rodrigueana da obra. "No final, acredito que a concentração nesse trabalho de vídeo experimental não só serviu para aprofundarmos ainda mais a compreensão da obra de Nelson Rodrigues, como nos ajudou a atravessar a pior fase da pandemia, possibilitando adquirir novos conhecimentos de técnicas audiovisuais, o que também faz parte da proposta do GOM".

Alguns trechos gravados à época foram mantidos na montagem que chega agora aos palcos paulistanos. “​​Fizemos ensaios on-line todas as noites durante um ano e meio. Mesmo consolidando uma versão experimental da peça em vídeo, não tínhamos a intenção de apresentá-la como um espetáculo on-line", explica a diretora.


45 anos de GOM
Além de marcar as celebrações dos 45 anos do Grupo Oficcina Multimédia e 40 anos de direção teatral de Ione de Medeiros, "Vestido de Noiva", a 24.ª montagem, dá continuidade a uma proposta de imersão na obra de Nelson Rodrigues, iniciada com “Boca de Ouro” (2018/2019), que teve temporadas em Belo Horizonte (CCBB BH) e São Paulo (SESC Santo Amaro) com apresentações com ingressos esgotados.

O Grupo Oficcina Multimédia, da Fundação de Educação Artística, foi criado em 1977, pelo compositor Rufo Herrera, no XI Festival de Inverno da UFMG. Sob a direção de Ione de Medeiros desde 1983, o Grupo montou 24 espetáculos. Além de Ione de Medeiros, Jonnatha Horta Fortes e Henrique Mourão integram o GOM. Paralelamente à sua atividade teatral, o Grupo realiza em Belo Horizonte (MG) eventos culturais como Bloomsday, Bienal dos Piores Poemas e Verão Arte Contemporânea, este último completou sua 15ª edição em 2023.

Ione de Medeiros acaba de lançar um livro contando a trajetória do Grupo pelo selo Lucias da SP Escola de Teatro. Disponível nos sites www.oficcinamultimedia.com.br e www.spescoladeteatro.org.br/biblioteca/selo-lucias.


Sinopse
"Vestido de Noiva" é uma peça teatral de Nelson Rodrigues na qual o autor mescla realidade, memória e alucinação para contar a triste história de Alaíde. Após ser atropelada por um carro em alta velocidade, ela é hospitalizada em estado de choque. Na mesa de cirurgia, oscilando entre a vida e a morte, a mente de Alaíde visa reconstruir sua própria história, e aos poucos seus sonhos inconscientes e desejos mais inconfessáveis vêm à tona.

Quem vai ajudá-la nesse processo é a enigmática Madame Clessi. Juntando as peças desse quebra-cabeça, ela conduz Alaíde na busca pela reconfiguração de sua própria identidade. "Vestido de Noiva", escrita em 1943, mantém-se atual: o que poderia parecer um drama familiar revela-se uma tragédia de alcance universal. Nessa obra, dividida em três atos, Nelson Rodrigues conta uma história a partir da análise do interior da mente da personagem, ou seja, de seu espírito, de sua psique, de sua alma.

Ficha técnica
Espetáculo "Vestido de Noiva". Direção, concepção cenográfica e figurino: Ione de Medeiros. Assistência de direção, figurino e preparação corporal: Jonnatha Horta Fortes. Elenco: Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso. Elenco em vídeo: Alana Aquino, Heloisa Mandareli, Henrique Torres Mourão, Hyu Oliveira, Jonnatha Horta Fortes e Thiago Meira. Texto: Nelson Rodrigues (1943). Criação de luz: Bruno Cerezoli. Coordenação de montagem de luz: Piccolo Teatro Meneio. Operação de luz: Cyntia Monteiro. Concepção de trilha sonora: Francisco Cesar e Ione de Medeiros. Mixagem e finalização de áudio: Henrique Staino | Sem Rumo Projetos Audiovisuais. Operação de trilha sonora: Eduardo Shiiti. Vídeo, concepção e edição: Henrique Torres Mourão e Ione de Medeiros. Finalização de vídeo: Daniel Silva. Citações no vídeo: Performance “Ophelia”, vídeo de Gabriela Greeb |”Ondina”, performance de Luanna Jimenes, vídeo de Gabriela Greeb |Coreografia “Tango Queer” - Tango Fem Buenos Aires (Nancy Ramírez y Yuko Artak). Operação de vídeo: Daniel Silva. Projeto gráfico: Adriana Peliano. Fotografia: Netun Lima. Assistente de fotografia: Yan Lessa Lema. Assessoria de imprensa: Canal Aberto. Gerenciamento financeiro e prestação de contas: Roberta Oliveira - MR Consultoria. Produção executiva: Corpo Rastreado e Grupo Artes/Eventos Multimédia (Grupo Oficcina Multimédia). Apresentação e patrocínio: Banco do Brasil. Realização: Governo Federal.

Serviço
Espetáculo "Vestido de Noiva". Montagem: Grupo Oficcina Multimédia. Temporada: de 18 de agosto a 24 de setembro de 2023, sempre de quinta a domingo. Horário: quinta e sexta às 19h, sábado e domingo às 17h. Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo - CCBB SP. Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico/São Paulo. Próximo à estação São Bento do Metrô. Duração: 90 minutos. Recomendação: 14 anos. Ingressos: R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia-entrada). Vendas: bilheteria do CCBB BH ou pelo site bb.com.br/cultura. Informações: bb.com.br/cultura | (11) 4297-0600 | Redes Sociais: instagram.com/Ccbbsp | facebook.com/ccbbsp | twitter.com/ccbb_sp | @oficcinamultimedia. CCBB SP - Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças. Estacionamento conveniado: Rua da Consolação, 228, com traslado gratuito até o CCBB. Parada no Metrô República no trajeto de volta. Consulte horário de funcionamento em nossas redes sociais. R$14 pelo período de 6 horas (necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB).

.: "Otelo, o Outro" faz releitura da obra de Shakespeare no Centro Cultural SP


O espetáculo "Otelo, o Outro" estreia nesta sexta-feira, dia 18 de agosto, às 20h00, na Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo, com ingressos gratuitos. Encenada por Miguel Rocha e com dramaturgia de Israel Neto, Joaci Pereira Furtado e Kenan Bernardes, a montagem é uma releitura do clássico "Otelo, o Mouro de Veneza", de William Shakespeare (1564-1616).

Partindo do protagonista da tragédia shakespeareana, a peça é uma potente reflexão poética sobre a identidade do sujeito negro em diáspora. "Otelo, o Outro" é uma viagem interna, um mergulho em si mesmo em que o personagem vai se estranhando. Delírio, sonho ou pesadelo, essa viagem ou esse mergulho faz a personagem de Shakespeare encarar outros dois “Otelos” que o habitam e que o guiam num caminho tão intrincado quanto doloroso, que passa necessariamente por Desdêmona, mas percorre outras sendas, explorando ambiguidades e aporias da memória e da identidade afrodiaspóricas, marcadas pelo deslocamento social e cultural.

Ao Otelo shakespeariano não resta outra saída a não ser o suicídio, depois que ele toma ciência do ardil que o levou ao assassinato de Desdêmona, insuflado pela cizânia que Iago plantara com “evidências” que, aos olhos do protagonista, tornaram-se inegáveis. Esse núcleo do enredo da célebre tragédia é o ponto de partida para a sua releitura em "Otelo, o Outro", entendendo que a razão de todo o conflito do protagonista nasce de sua condição de estrangeiro - isto é, de alguém socialmente sempre estranho.

Hábil na arte da guerra, o Otelo de Shakespeare é facilmente enredado em intrigas típicas da sociedade de corte europeia que o levam ao feminicídio e ao suicídio, ciente de que nela não há lugar para ele. Na releitura brasileira, tal deslocamento não é a mera inadequação do indivíduo moralmente fraco e emocionalmente suscetível, inepto na percepção das armadilhas da inveja e da ambição, mas o confronto desigual entre duas culturas inconciliáveis, ainda que interdependentes. A encenação pensa a personagem em nossa sociedade pela perspectiva da subjetividade negra, pela consciência dos sintomas e pelas experiências sociais que determinam sua existência: o olhar do outro.

"Otelo, o Outro" representa um homem inventado como “negro” pelo olhar ocidental, um sujeito que se submete a esse olhar, tentando se integrar por inteiro - “de corpo e alma”, como se diz. O casamento com Desdêmona - uma mulher branca da elite - é a metáfora dessa entrega incondicional a um sistema de valores e a comportamentos que o estigmatizam como “o mouro”, ao mesmo tempo que se serve dele. A cegueira do ciúme é uma alegoria dessa apaixonada adesão. 

Sua corporeidade, portanto, é o índice e o limite que o separa irrevogável e irreversivelmente desse “Ocidente” que ele deseja literalmente incorporar. A releitura, porém, fala de uma consciência dividida que, aos poucos, mas não sem muita dor, vai percebendo a origem do conflito que a fustiga. Ela reflete também sobre os mecanismos que recalcam a ancestralidade inscrita no corpo, repugnada pela sociedade à qual o “mouro” aspira, caminhando para o desfecho trágico da morte – mas não da morte do corpo.

Nessa releitura, Otelo encontra seus outros “eus”, cujas falas foram extraídas de histórias reais de homens pretos brasileiros contemporâneos ou dos discursos do racismo difuso, às vezes mais, às vezes menos sutil, mas de qualquer forma típica de nossa sociedade. Assim, sem filtros e sem superego, um alter ego de Otelo diz verdades incômodas, eventualmente cínicas, quase sempre terríveis, dramatizando a perversidade da adesão inconsciente do homem negro ao jogo que o inventa como “negro”.

Menos contundente, o outro alter ego é ponderado: ele chama à razão e sugere uma resiliência tática, uma estratégia de sobrevivência diante de algo mais forte, talvez insuperável, perpassada pela solidão. “Eles são projeções da sua própria mente para refletir sobre as ações e atitudes, sobre seu espaço no mundo”, afirma Miguel Rocha. A estética da encenação passa pela composição de imagens, das ações e movimentos do corpo no espaço buscando ampliar o discurso pela dramaturgia da cena, traços recorrentes nos trabalhos assinados pelo encenador.

“O enredo traça uma ponte entre o drama da personagem original com a experiência de negros e negras herdeiros de uma África desbotada no tecido fino da memória, que percorrem um longo caminho interno na busca por se lembrar daquilo que a história e a cultura insistem em apagar, numa busca por ‘tornarem-se negros’”, comenta o ator e idealizador do projeto, Kenan Bernardes. Para tanto, a dramaturgia explora os conflitos psicossociais e propõe reflexões acerca da constituição afrodiaspórica contemporânea.

Nessa montagem - orientada sobretudo pelo pensamento de Frantz Fanon -, Otelo se expõe à ruptura com o discurso que o inventa exatamente como “homem negro”, ao mesmo tempo que ele recusa qualquer forma de tutela de sua consciência, inclusive aquela que lhe nega até o direito de odiar. Sem dar respostas, já que esse espetáculo procura mais provocar do que solucionar, Otelo, o Outro explora as contradições da própria consciência negra numa sociedade como a brasileira contemporânea. Sociedade hegemonizada pelo capitalismo neoliberal e pela indústria cultural pós-moderna, que sempre aspira ao “novo” sem enfrentar e superar o legado do escravismo colonial e de seu autoritarismo estruturante.


Ficha técnica
Espetáculo "Otelo, o Outro". Concepção e produção geral: Kenan Bernardes. Dramaturgia: Israel Neto, Joaci Pereira Furtado e Kenan Bernardes. Encenação:  Miguel Rocha. Elenco: Carlos de Niggro, Jefferson Matias e Kenan Bernardes. Designer de som e difusão sonora: João Paulo Nascimento. Consultoria idiomática: Hamza Abdul Karim. Direção e pesquisa de movimento e atuação: Erika Moura. Desenho de luz: Wagner Pinto. Produção de luz: Carina Tavares. Assistência de iluminação: Gabriel Greghi e Gabriela Cezário. Operação de luz: Vinícius Andrade. Cenografia: Julio Dojcsar. Serralheiro: Fernando Lemos “Zito”. Figurinista: Silvana Marcondes. Costura: Atelier Judite de Lima. Orientação teórica da pesquisa: Deivison Nkosi. Fotografia: Julieta Bacchin. Arte gráfica: Murilo Thaveira. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Produção executiva e contabilidade: Jussara Mendes. Realização: Projeto realizado com recursos do ProAC - Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.


Serviço
Espetáculo "Otelo, o Outro". Temporada: 18 de agosto a 3 de setembro de 2023. Horários: quinta a sábado, às 20h00, e domingo, às 19h00. Apresentações extras: dias 24, 25 e 31 de agosto, e 1º de setembro, às 15h00. Duração: 120 min. Classificação: 16 anos. Gênero: drama. Agendamentos para escolas: okaproducaoo@gmail.com ou (11) 954673874. Ingressos: gratuitos - reservas pelo https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket/Centro Cultural São Paulo. Sala Jardel Filho – 321 lugares. Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso/São Paulo. Telefone: (11) 3397-4023. Acessibilidade: sim. 

.: Recorde de bilheteria na Broadway, musical "Funny Girl" estreia nesta sexta


Dirigido por Gustavo Barchilon, montagem adapta história original para dialogar com nosso tempo. Foto: Caio Galluci


O clássico dos musicais "Funny Girl" ganha uma versão brasileira assinada por Bianca Tadini e Luciano Andrey, dirigida por Gustavo Barchilon e produzida pela Barho Produções em parceria com a 7.8 Produções Artísticas. O espetáculo estreia no Teatro Porto, em São Paulo, dia 18 de agosto e segue em cartaz até 8 de outubro, com apresentações às sextas-feiras, às 20h, aos sábados, às 16h30 e às 20h, e aos domingos, às 15h30 e às 19h.

Estreado em 1964, "Funny Girl" tem trilha de Julie Styne, letras de Bob Merrill, texto de Isobel Lennart e foi originalmente estrelado por Barbra Streisand, que também deu vida à protagonista da história na adaptação para o cinema dirigida por William Wyler em 1968. Recentemente, o musical ganhou uma nova versão americana que acaba de virar um recorde de bilheteria na Broadway. A montagem é protagonizada por Lea Michelle (que vive papel dos sonhos da sua personagem no seriado "Glee", pelo qual a atriz ficou conhecida). 

Fanny Brice na versão brasileira é a jovem Giulia Nadruz, que, com apenas 31 anos, tem em seu currículo musicais como "West Side Story", "O Fantasma da Ópera", "Barnum - O Rei do Show", "Tick Tick Boom!", "Ghost" e "'Shrek". Já o seu par na trama, o jogador Nicky Arnstein, é vivido por Eriberto Leão, que encara pela primeira vez um musical da Broadway. 

Os dois foram escolhidos em um longo processo de audições, que durou duas semanas e contou com mais de 500 candidatos. O elenco conta ainda com nomes como Stella Miranda (vivendo Rose Brice) e Afonso Monteiro, Alessandra Vertamatti, Alice Zamur, André Luiz Odin, Arízio Magalhães, Cárolin von Siegert, Dante Paccola, Fábio Galvão, Gabi Germano, Marcelo Góes, Mariana Fernandes, Martina Blink, Mattilla, Nábia Villela, Rodrigo Garcia, Rodrigo Varandas, Talihel, Vânia Canto e Yasmin Calbo. 

O espetáculo, que se passa na época da Primeira Guerra Mundial, acompanha a trajetória da jovem judia Fanny Brice, que morava no Lower East Side e sonhava em ser uma atriz famosa. Ela consegue seu primeiro emprego no Vaudeville, mas sua mãe, a Sra. Rose, tenta dissuadi-la da carreira no show business alegando que a filha não tem uma beleza padrão. 

Ajudada e encorajada pelo jovem dançarino Eddie Ryan, ela logo vê sua carreira decolar, começa a explorar o humor em suas apresentações e se torna a estrela de Ziegfeld Follies. Certo dia, ela conhece e se apaixona pelo jovem Nicky Arnstein, um jogador compulsivo. Mas enquanto Fanny ascende em sua carreira, o relacionamento deles se deteriora. 

Para Gustavo Barchilon, que se lembra com carinho das músicas de Funny Girl interpretadas por Barbra Streisand desde a infância, pois sua família as reproduzia em casa, o musical transcende a questão do feminismo e fala sobre o poder da mulher. “Quando falamos que a Fanny Brice estava à margem dos padrões, estamos nos referindo a uma época em que a mulher não tinha voz e ela era aquela menina que, desde o começo, disse que seria uma estrela. Uma mulher que já se posicionava e que chegou aonde chegou, é completamente fora dos padrões daquela época. E até hoje estamos discutindo sobre feminismo. Trazer uma biografia feminina e mostrar como existem mulheres poderosas há muito tempo me interessou bastante”, comenta Barchilon. 

O diretor conta que a versão brasileira busca adaptar a obra para a nossa realidade atual. “Acho que os clássicos precisam ser revistos, porque tem muitos espetáculos que hoje em dia são politicamente incorretos. E o Funny Girl também tinha alguns pontos assim. Eu sugeri algumas adaptações, expliquei para os detentores dos direitos do espetáculo o porquê estava fazendo isso e eles aceitaram e ficaram curiosos para ver as mudanças. Quem me conhece também sabe que, por mais que a peça se passe em outro lugar ou outra época, busco sempre trazer alguma coisa brasileira”, diz. 

Ele ainda explica que nessa adaptação procurou mesclar aspectos da versão original do musical com o filme e outras referências. “Nossa versão é completamente original. Nós acrescentamos e cortamos o texto, inserimos músicas do filme, colocamos músicas que estão na montagem atual em cartaz na Broadway. Além disso, a nossa é a primeira montagem que se passa em um só ato. E toda essa mistura ainda tem um toque brasileiro, né?”, acrescenta. 

A montagem tem alguns números grandiosos: são mais de 400 peças de figurino, 35 perucas e uma orquestra com 14 músicos. “Eu não teria como trazer um espetáculo de Julie Styne pro Brasil sem uma orquestra primorosa – o que já foi feito em "Gipsy". E o legal é que conseguimos com tudo isso montar um espetáculo clássico que se comunica com os dias de hoje”, comenta o encenador. 


Sinopse
"Funny Girl - A Garota Genial" conta a história de Fanny Brice, uma jovem judia tratada como patinho feio pelos demais. Sonhando com o estrelato e a fama, ela rouba a cena em show local e é contratada por um famoso produtor que resolve investir em sua carreira. Já reconhecida por seu talento nos palcos, Fanny se apaixona pelo jogador compulsivo Nicky. Logo se casam, mas enquanto a carreira da atriz e cantora prospera, o relacionamento dos dois se deteriora. 

Ficha técnica
Musical “Funny Girl - A Garota Genial”. Direção artística: Gustavo Barchilon.  Direção produção: Thiago Hofman. Produtora associada: Cecilia Simoes.  Versão brasileira: Bianca Tadini e Luciano Andrey. Coreografia / Direção de movimento: Alonso Barros. Direção musical: Carlos Bauzys. Figurino: Fábio Namatame. Cenário: Natália Lana. Design de peruca e maquiagem: Feliciano San Roman.  Design de som: Tocko Michelazzo. Design de som associado: Gabriel Bocutti. Desenho de luz: Maneco Quinderé. Direção de arte: Gus Perrella.

Serviço 
Musical “Funny Girl - A Garota Genial”. Teatro Porto - Alameda Barão de Piracicaba, 740 - Campos Elíseos.  Capacidade: 484 lugares.  Acessibilidade.  Bilheteria: Horário de funcionamento: somente nos dias de sessão duas antes da apresentação. Telefone: (11) 3366-8700. Estacionamento próprio: gratuito para clientes do Teatro Porto.  Classificação: 12 anos De 18 de agosto a 8 de outubro de 2023 . Sextas, às 20h. Sábados, às 16h30 e 20h. Domingos, às 15h30 e 19h. Valores: ingressos a partir de R$ 25 (meia entrada) . Plateia: R$ 250 (inteira) / R$ 125 (meia). Balcão: R$ 150 (inteira) / R$ 75 (meia) . Balcão (Preço Popular): R$ 50 (inteira) / R$ 25 (meia) - Clientes Porto têm desconto de 30% na compra de até 2 ingressos - Clientes Cartão de Crédito Porto Seguro Bank têm desconto de 50% na compra de até 2 ingressos . Compras via internet: www.sympla.com.br. Duração: 110 minutos. O elenco deste espetáculo pode ser alterado sem aviso prévio. 

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