sábado, 5 de julho de 2025

.: Espetáculo "Os Óculos Mágicos de Charlotte" estreia em São Paulo


Montagem musical com direção e dramaturgismo de Juliana Sanches e idealização de Filipe Fratino convida crianças e famílias a enxergar o mundo com mais empatia, humor e imaginação. Foto: Fernanda Hernandez

Um presente inesperado muda para sempre a forma como uma menina vê o mundo. Assim começa o espetáculo infantojuvenil "Os Óculos Mágicos de Charlotte". Criada pela ilustradora Suppa e Miguel Falabella, a peça, idealizada por Filipe Fratino, tem direção e dramaturgismo de Juliana Sanches e combina música, humor, dança e fantasia em uma experiência cênica para toda a família. 

O espetáculo estreia neste sábado, dia 5 de julho, no Teatro Alfredo Mesquita, com sessões gratuitas aos sábados e domingos, às 16h00, até 27 de julho. Na sequência, segue para o Teatro Sérgio Cardoso, onde cumpre temporada de 2 a 30 de agosto, com apresentações aos sábados, às 15h00, e domingos, às 11h00, com ingressos a R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada).

No elenco estão Niccole Lara (Charlotte), Adriano Tunes (Pelusso), Ana Lamana (Sylvette), Lakis Farias (Dora), Gui Giannetto (Romano), Paula Tavares (Fada Belle), Allira (Fada Manu) e Nestor Fonseca(Valentão). Na trama, Charlotte perde um dente de leite e, em troca, ganha da Fada Belle um par de óculos mágicos. A partir daí, ela passa a enxergar o mundo como ele poderia - e deveria - ser: mais gentil, mais colorido, mais justo. Ao lado de seus amigos e do seu cão Pelusso, embarca em aventuras cômicas e poéticas, revelando como atitudes simples têm o poder de transformar a realidade.

“A Charlotte é uma menina especial, que pode nos ajudar a construir uma nova geração mais tolerante, consciente e curiosa. Os óculos revelam cenas de aprendizado, convivência e celebração das riquezas do Brasil, como as festas populares e a diversidade cultural”, destaca Falabella. Ele também comenta que o cão Pelusso representa uma consciência crítica: “É o animal que olha para a humanidade com humor, mas também com filosofia.”

Inspirado na série animada homônima exibida no Disney+, YouTube e demais plataformas digitais, o espetáculo é o primeiro lançamento teatral da companhia "O Mundo de Charlotte Produções", formada por Suppa, Miguel Falabella e Filipe Fratino. Voltada ao público infantil, a companhia aposta em produções autorais que combinam excelência artística, conteúdo transformador e um olhar respeitoso para a infância em toda sua diversidade. “Quando eu e Suppa criamos a personagem Charlotte, estávamos preocupados com uma educação que agregasse valor à infância no Brasil. A educação dá sentido à vida, e é uma obrigação de nós, que trabalhamos com arte, formar as crianças para o futuro”, afirma Falabella.

Na adaptação feita por Juliana Sanches, os episódios da série ganharam uma macro dramaturgia pensada para o palco. “Cada episódio tem uma temática importante — natureza, poluição, desigualdade — e minha missão foi criar conflitos e soluções que pudessem amarrar tudo isso em uma narrativa única, com mais humor e ritmo cênico”, explica a diretora. Juliana também destaca o trabalho com o elenco: “Foi um desafio dar vida a personagens que já existem no imaginário infantil, ainda mais vindos de uma animação. Mas os atores vieram com a energia certa, estudaram muito. Temos três artistas nordestinos no elenco, o que trouxe uma sonoridade nova à peça. E o elenco cresceu durante a seleção: íamos escolher cinco, mas nos encantamos tanto que decidimos ampliar os papéis. Isso somou demais à montagem.”

Para Suppa, o desafio foi adaptar para o palco, em uma hora de espetáculo, o universo da série animada: “O Filipe Fratino juntou os episódios e criou uma trama que foi amarrada pelo dramaturgismo da Juliana Sanches. Como cada episódio tem uma música original do Miguel, a forma mais natural de contar essa história no teatro foi como um musical.” Ao todo, a peça reúne dez músicas inéditas de Falabella, com direção musical de Vinicius Loyola e coreografias de Tatiana Ribeiro.

A direção de arte também é de Suppa, que buscou traduzir o impacto visual da animação para o palco. “As projeções ocupam telões com os ambientes da peça. Os figurinos foram inspirados na série, mas redesenhados para o teatro, com muita pesquisa de tecidos, estampas e texturas. Cada música tem um adereço diferente — como no Halloween, por exemplo.” Outro desafio da adaptação foi transformar Pelusso, o cachorro de pelúcia de Charlotte, em um personagem falante após ela colocar os óculos. “Criamos um boneco manipulado por um ator, e ficou perfeito!”, conta a artista.

Mais do que magia, o espetáculo propõe uma reflexão sobre empatia, convivência e responsabilidade coletiva. “Os óculos mostram o mundo como ele pode ser melhor. Mas para isso acontecer, são as pessoas — inclusive as crianças — que precisam agir. Cuidar da natureza, respeitar as diferenças, ser honesto, gentil. A peça fala sobre isso com leveza e alegria”, resume Suppa. Com uma linguagem acessível e cheia de camadas, "Os Óculos Mágicos de Charlotte" convida crianças e adultos a refletirem juntos sobre como olhar para o mundo com mais curiosidade, atenção e carinho.


Ficha técnica
Espetáculo "Os Óculos Mágicos de Charlotte".
Criação: Suppa e Miguel Falabella. Canções/ letras: Miguel Falabella. Idealização:  Filipe Fratino. Direção e Dramaturgismo: Juliana Sanches. Assistência de Direção: Nicolas Trevijano. Direção Musical e Arranjos: Vinícius Loyola. Músicas: Vinícius Loyola/ Bruno Bonaventura/ Sérgio Vilaça. Direção de Arte: Suppa. Coreografia: Tatiana Ribeiro. Desenho, operação de luz e vídeo: Thiago Capella. Desenho e operação de Som: Roberta Helena. Microfonista: Katia Akemi. Cenário e Figurinos: Suppa/ Felipe Cruz. Adereços: Felipe Cruz. Perucas e Visagismo: Matte Gadelha. Criação Boneco: Matias Ivan Arce. Contra Regra: Ramilla Souza. Designer Gráfico: Eduardo Reyes. Fotógrafa: Fernanda Hernandez. Sonorização: Inca Áudio e Backline. Direção de Produção: Filipe Fratino. Produção Executiva: Andréa Marques. Redes Sociais: Jéssica Christina. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Administração: Vera Gouveia. Elenco: Niccole Lara (Charlotte), Adriano Tunes (Pelusso), Ana Lamana (Sylvette), Lakis Farias (Dora), Gui Giannetto (Romano), Paula Tavares (Fada Belle), Allira (Fada Manu) e Nestor Fonseca (Valentão). Vozes: Juliana Sanches (mãe) e Suppa (Dentina).


Serviço
Espetáculo "Os Óculos Mágicos de Charlotte"

Classificação: livre
Duração: 60 minutos.


Teatro Alfredo Mesquita
Av. Santos Dumont, 1770 - Santana, São Paulo - SP, 02012-010
De 5 a 27 de julho de 2025 – Sábados e domingos, às 16h00.
Capacidade: 198 pessoas
Ingressos: gratuitos com retirada na bilheteria do teatro a partir das 15h00 nos dias das sessões e via sympla.com.br

Teatro Sérgio Cardoso | Sala Paschoal Carlos Magno
R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01326-010
Transporte público: estação mais próxima - Bela Vista.
Temporada: de 2 a 30 de agosto de 2025 - Sábados às 15h00 e domingos às 11h00.
Dia 9 de agosto não haverá apresentação. Dia 30 de agosto sessão gratuita.
Ingressos:  R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (meia-entrada)
Vendas: Na bilheteria do teatro ou pela Sympla https://site.bileto.sympla.com.br/teatrosergiocardoso/
Vendas antecipadas: terça a sábado, das 14h00 às 19h00
Bilheteria: das 14h00 até o horário da apresentação.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136
Capacidade: 149 lugares.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

.: Cineflix Santos estreia "Jurassic World: Recomeço" e "Jovens Amantes"

Cena de Jurassic World: Recomeço que estreia na Cineflix Cinemas de Santos e não tem cena pós-créditos


A unidade Cineflix Cinemas Santos, localizada no Miramar Shopping, bairro Gonzaga, tem várias opções de filmes em cartaz para garantir a sua diversão nesses dias de chuvinha e frio. As estreias da semana são o longa de ação e aventura "Jurassic World: Recomeço", com Scarlett Johansson e Jonathan Bailey e a comédia dramática "Jovens Amantes"

Seguem em cartaz o drama "F 1", com o ator Brad Pitt, a sequência do terror da bonequinha do mal dançarina "Megan 2.0", o live action de aventura "Como Treinar O Seu Dragão", o live action da Disney "Lilo & Stitch", assim como a animação de um garotinho que sai do planeta Terra, "Elio".

Você já pode garantir seus ingressos para o "Superman", de James Gunn, que estreia dia 8 de julho e também do aguardado "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos", da Marvel com estreia marcada para o dia 23 de julho. Compre seus ingressos aqui: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

Programe-se, confira detalhes e compre os ingressos aqui: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN. Você pode assistir as estreias com pipoca quentinha, doce ou salgada, tendo em mãos o balde colecionável de "Lilo & Stitch""Elio" e "Como Treinar O Seu Dragão".

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.



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.: Entrevista com Camila Anllelini: entre o amor e o ódio, ela decidiu escrever


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Se Freud tivesse Instagram, talvez stalkeasse Camila Anllelini com a mesma obsessão com que investigava a mente humana - não por voyeurismo, mas por pura fascinação diante de uma mulher que transforma trauma em literatura, dor em bisturi e amor materno em campo de batalha emocional. "De Amor e Outros Ódios" não é somente um livro. É uma ferida aberta que tem letra de filha machucada e psicanalista que observa.

O que Camila faz com essa matéria-prima íntima beira o indecente: ela convida o leitor a ler as cartas que nunca enviou, escancara a criança que quis consertar a mãe e ri - com ares de provocação - da coragem que levou anos para decantar. A personagem do livro escreve para a mãe. A autora escreve a partir da mãe. Mas e se essa mãe respondesse? E se fosse Freud o destinatário dessas confissões de filha? E se o amor não fosse apenas o oposto do ódio, mas a forma mais refinada desse sentimento? Nesta entrevista exclusiva, Camila Anllelini mergulha fundo.

Fala da psicanálise como quem se despe no divã, confessa contradições que a maioria sufoca com mantras de autoajuda, e revela que escrever - diferentemente de clinicar - é estar exposta, sem jaleco, sem diagnóstico e sem salvação. É um território em que não há frases de efeito, muito menos respostas terapêuticas. Só verdades perigosas, perguntas espinhosas e uma escritora que lembra o tempo todo que muitas vezes só dá para amar depois de sobreviver. Compre o livro "De Amor e Outros Ódios" neste link.


Resenhando.com - ⁠Sua personagem escreve cartas à mãe, mas se ela respondesse, que tipo de carta você acredita que ela escreveria de volta?
Camila Anllelini - Seriam bilhetes culpados, melancólicos. Porque essa é a mãe do "De Amor e Outros Ódios", a mãe que pôde ser, mas não de um lugar pacificado.


Resenhando.com - ⁠Você diz que precisou "esperar a ebulição da história" antes de escrever. Na sua vida, o que costuma explodir primeiro: o coração, o texto ou o silêncio?
Camila Anllelini - O silêncio, sempre o silêncio. O texto é um contorno aos "não ditos", o que pode emergir depois da decantação dos fatos que me capturam. O coração vem junto, a reboque, aos tropeços.


Resenhando.com - ⁠Em um mundo onde “ser mãe” ainda é cercado por idealizações tóxicas, seu livro é quase um ato político. Você acha que amar a mãe é, de certa forma, também sobreviver a ela?
Camila Anllelini - Sim. Se não sobrevivermos a ela, apesar do que nos aconteceu, não poderemos amá-la. Acredito que é preciso uma certa revolta pra se descolar da mãe ideal, essa que o sujeito enquanto filho ou filha deposita tantas expectativas, para podermos então entender quem somos além e apesar dela. Essa separação, quando bem sucedida, é uma das possibilidades para o amor.


Resenhando.com - ⁠Na sua escrita há psicanálise, dor e beleza. Já pensou que escrever pode ser mais arriscado do que clinicar? Algum texto seu já revelou algo que nem você sabia sobre si?
Camila Anllelini - Sem a menor sombra de dúvidas escrever é muito mais arriscado do que clinicar (risos). Na clínica, quem diz de si é o paciente. Na literatura, são os personagens dizendo da escritora. Com muita frequência, algo até então desconhecido se revela de mim. Escrever é lidar com um duplo.


Resenhando.com - ⁠Se Freud lesse seu livro, qual hipótese ele teria sobre sua personagem filha - e qual diagnóstico você daria a ele, caso ele fosse seu paciente?
Camila Anllelini - Aposto que Freud teria afeição pela personagem como teve com suas pacientes histéricas. Foi em nome delas que ele criou a psicanálise. A histérica não nega seu desejo, ela se implica no próprio sintoma, sendo capaz de fabricar um desejo para não ser satisfeito e assim se manter desejante. No deslizar entre um desejo e outro, ela vira especialista em denunciar a falta. A histérica tem um corpo que fala, que reivindica, e disso se constituem as histórias.


Resenhando.com - ⁠O que há de mais feio que você escreveu neste livro e decidiu manter?
Camila Anllelini - ”Eu achava que a minha mãe precisava de conserto”. Essa é uma posição infantil que não concebe a mãe como sujeito de si, como mulher, como ser desejante. Aos olhos da criança que escreveu isso por mim, a mãe é uma engrenagem que deve funcionar a serviço de suas leis, ou seja, nos moldes da sua demanda de amor.


Resenhando.com - ⁠Se a psicanálise é, muitas vezes, o exercício de escutar o indizível, o que você ainda não teve coragem de escrever sobre sua mãe - e o que ela talvez nunca tenha ousado ler em você?
Camila Anllelini - Tenho uma mãe que sempre abriu espaço para que eu dissesse, ainda que isso pudesse - e certamente eu o fiz - despedaçá-la. Foi dela que tive desde o início a permissão de dizer. Se tem alguém que me conhece no osso e me ama ainda assim, esse alguém é minha mãe.


Resenhando.com - ⁠Você diz que admirava a ideia de ter uma estante que precisasse de escada. Hoje, o que te faz subir escadas literárias: o desejo de ser lida ou o risco de não caber mais em si mesma?
Camila Anllelini - As duas coisas. O desejo de ser lida indubitavelmente me move degrau por degrau escada a cima, mesmo que eu acredite que ela nunca vai ter fim e que possivelmente terá. Mas o que possibilita que eu suba cada um desses degraus é a escrita. Ela precisa vir primeiro para que eu tenha o que levar comigo, e eu escrevo primordialmente porque, com frequência, não caibo em mim.


Resenhando.com - ⁠Você trabalha com contradições. Mas há alguma contradição que ainda a incomoda aceitar, mesmo sabendo que ela é inevitável?
Camila Anllelini - Todas. A aceitação não é sem incômodo, eu sou uma eterna inconformada. Faço perguntas, entro em conflitos e me pego querendo refazer a ordem do mundo. Mas saber que é inevitável é também um alento. Sem abrir espaço para a contradição a gente endurece, só consegue ver sempre a mesma rota de saída, isso não me interessa.


Resenhando.com - ⁠Se sua mãe nunca lesse esse livro, você ainda o escreveria da mesma forma? Ou a escrita só nasceu porque havia a chance - secreta ou desesperada - de que ela um dia o lesse?
Camila Anllelini - Esse livro foi escrito porque eu precisava escrevê-lo, nunca se sabe o que leva um escritor a correr tamanho risco. Não fui eu que escolhi, foi essa história que me escolheu para ser escrita. Por acaso, nela aparecia a figura da minha mãe. Agradeço ter podido fazer essa declaração a ela em vida e, além disso, sem imaginar que seria assim, essa história ter chegado aos leitores como um pedaço das suas próprias histórias. Desde a publicação essa têm sido uma grata surpresa.


.: "Campo Formoso", um romance com todos os ingredientes



Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Rodrigo Azevedo

"Campo Formoso" é um romance que tem como base, histórias sobre a família da autora Maria Victoria Oliveira. Através de personagens complexos e uma narrativa que alterna perspectivas e incorpora elementos de realismo mágico, o livro explora temas universais como família, identidade, superação e o peso do passado. Uma verdadeira saga, escrita ao longo de oito anos, que chega às livrarias pela Editora Lacre, com noite de autógrafos dia 8 de julho, terça-feira, a partir das 18h30, na Livraria Argumento. 

A narrativa mergulha na complexa história da família Borges, em Campo Formoso, uma cidade no Planalto Central que espelha o interior do Brasil. A trama central gira em torno do Coronel Adauto Borges e sua esposa Maria Pia. O casamento é abalado pela chegada de Bento, filho ilegítimo do Coronel, personagem principal do livro. Ao longo de suas 460 páginas, a obra apresenta uma prosa rica, em que a autora alterna perspectivas para revelar as múltiplas faces da verdade: da rigidez do Coronel até a resistência silenciosa da esposa e a busca de identidade do filho bastardo.  A trama é marcada por um ato simbólico de ruptura com o passado e celebração das transformações que o tempo impõe.

O romance é inspirado em histórias que Victoria escutou do seu pai, Benedicto, neto bastardo de um coronel em Goiás. Embora o livro seja uma obra de ficção, incorpora elementos verídicos, como a infância, a história da fazenda Fim do Mundo e sua viagem aos Estados Unidos. A autora criou personagens baseados em parentes, mas com características e experiências ficcionais..

Maria Victoria Oliveira é formada em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde foi revisora e tradutora no Instituto de Documentação, Maria Victoria Oliveira resolveu dar uma guinada em sua vida em 1994 e seguir o sonho de ser cozinheira profissional. Deu aulas, abriu um restaurante e trabalhou como chef executiva em redes de hotelaria, como Windsor Hotel. Ao todo, foram 26 anos dedicados à gastronomia. 

Em 2017 começou a escrever o romance "Campo Formoso", e desde então, não parou mais. Victoria ingressou na Oficina Literária do professor Ivan Proença e hoje faz parte, também, da Oficina Literária do jornalista e cronista Eduardo Affonso. Como contista, participou de duas  antologias comemorativas de aniversários da oficina.  Em 2020, ano da pandemia da Covid-19, deixou de lado as panelas e resolveu se dedicar ao seu sonho antigo que é ser escritora.  Em 2023, publicou o seu primeiro livro de contos, pela editora Francisco Alves, intitulado “Vestido Vermelho e Outras Histórias”

.: "Fuga" estreia no Sesc Belenzinho e coloca o público dentro de um museu

Idealizada por Beatriz Barros e Jennifer Souza, peça usa elementos cênicos para provocar debate sobre os desafios ambientais. Foto: Duda Portella


O espetáculo "Fuga", criação da Frente Coletiva, estreia no dia 4 de julho no Sesc Belenzinho. A montagem mistura diferentes linguagens artísticas para propor uma imersão nos efeitos da crise climática. A estreia acontece nesta sexta-feira, dia 4 de julho, com sessões às sextas e sábados, às 20h00, e aos domingos e feriados, às 18h00, até 3 de agosto, com sessões às quintas a partir de 17 de julho. Os ingressos variam de R$ 15,00 a R$ 50,00.

Idealizado pela diretora geral e encenadora Beatriz Barros e pela produtora e atriz Jennifer Souza, o espetáculo parte da premissa de que o capitalismo é um dos motores da degradação ambiental e das desigualdades sociais que dela decorrem. Desde 2023, as criadoras em conjunto com a Frente Coletiva (coletivo de artistas transdisciplinares) pesquisam o tema, tendo como ponto de partida o romance Parábola do Semeador, da escritora afro-americana Octavia Butler (1947–2006), referência central do afrofuturismo. Publicado em 1993, o livro retrata o mundo em 2025 em puro colapso climático, e essa atmosfera foi o ponto de partida para a construção de narrativas mais próximas do cotidiano contemporâneo. “Usamos essa ideia como base para criar situações que o público pudesse reconhecer como parte de sua própria realidade”, explica Beatriz.

A dramaturgia original - escrita por Louise Belmonte com colaboração da diretora e das intérpretes - se constrói por meio de uma linguagem cênica que provoca sensações físicas e emocionais: sons de chuvas intensas, trovões, falhas de energia, vento e água em cena criam um ambiente de instabilidade constante. Beatriz destaca que o som tem um papel fundamental nessa narrativa e que a presença da água no cenário interfere diretamente nas interpretações, tornando a encenação uma verdadeira orquestração de experiências sensoriais.

A história se passa dentro de um museu em São Paulo, durante uma tempestade que paralisa a cidade. Quatro trabalhadoras de um Museu ficam presas no trabalho, enquanto outras tentam chegar na instituição museológica à qualquer custo. Impedidas de retornar para casa por conta do desastre climático, elas seguem trabalhando ou seguem tentando chegar de qualquer forma ao trabalho, movidas pela urgência de garantir o sustento em meio ao caos." pois nem todas trabalhadoras trampam no museu e nem todas já estão lá, algumas estão tentando chegar ainda no trabalho.

Suas presenças no local revelam como o racismo ambiental afeta, de forma desigual, a população periférica. “Elas seguem trabalhando porque não têm escolha: a necessidade de garantir o sustento falou mais alto que o medo da catástrofe. Isso diz muito sobre o sistema em que vivemos”, observa Jennifer, que também atua na peça ao lado de Julia Pedreira, Joy Catharina e Tricka Carvalho.

A encenação propõe uma espécie de visita mediada  a esse museu fictício. O público acompanha, em tempo real, um dia de trabalho que é rompido por uma emergência climática. A estrutura dramatúrgica se transforma junto com a narrativa: o que começa como uma cena cotidiana evolui para um espaço extracotidiano, mais instável, quase apocalíptico. Jennifer destaca essa transição ao dizer que o espetáculo começa com duas pessoas em seu ambiente de trabalho, mas aos poucos tudo se altera - a espacialidade, a relação com o corpo, o tom das falas. “O colapso também toma conta da linguagem”, conclui.


Sobre a encenação
O trabalho corporal ganha cada vez mais importância ao longo da encenação. Por isso, Castilho trouxe em sua pesquisa práticas como mindfulness, terapia somática e atividades ao ar livre. Ao mesmo tempo, o grupo estudou a maneira como o corpo se comporta após eventos traumáticos, como catástrofes naturais. O cenário concebido por Maíra Sciuto também usou os elementos naturais ao longo do espetáculo: água, vento, lama e até o meteorito de Bendegó, o maior encontrado no Brasil e que estava exposto no Museu Nacional, dominam a cena, contribuindo para a sensação de angústia do público. 

A sonoplastia segue essa mesma linha,  como se a natureza estivesse se comunicando. A trilha de Lua Oliveira brinca com o efeito da água e constrói uma espacialidade tridimensional no espaço cênico. “Pensamos em muitas coisas que pudessem deixar Fuga bem sensorial. Não queremos que os espectadores saiam indiferentes do teatro”, defende Beatriz. Para a Frente Coletiva, o apocalipse não é uma questão, porque o planeta já está em colapso. “A obra pretende dar forma a tudo que vemos e escutamos. De dizer que sim, ouvimos: cada queimada, cada deslizamento, cada espécie desaparecida, cada corpo que afunda”, completa.

Ficha técnica
Espetáculo "Fuga"
Idealização: Beatriz Barros e Jennifer Souza
Encenação e direção geral: Beatriz Barros
Assistência de direção: Jennifer Souza
Dramaturgia: Louise Belmonte
Colaboração dramatúrgica: Jennifer Souza, Julia Pedreira, Joy Catharina, Tricka Carvalho e Beatriz Barros
Elenco: Jennifer Souza, Julia Pedreira, Joy Catharina e Tricka Carvalho
Direção musical e trilha sonora original: Lua Oliveira
Direção de movimento e preparação corporal: Castilho
Cenografia: Maíra Sciuto
Assistente de cenografia: Matheus Muniz
Cenotécnico: Alicio Silva
Figurino: Ayomi Domenica
Costureiro: Jonhy Karlo
Assistente de figurino: Regina Torres
Videografia: Gabriela Miranda
Desenho e operação de luz:  Matheus Brant
Operação de luz e vídeo: Matheus Espessoto
Operação de som: Caike Souza
Fotografia: Duda Portella
Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Produção: Corpo Rastreado | Jack dos Santos


Serviço
Espetáculo "Fuga"
De 4 de julho a 3 de agosto. Sextas, sábados, às 20h. Domingos, 18h30. E a partir de 17 de julho também às quintas, às 20h.
Ingressos: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia-entrada); R$ 15,00 (Credencial Plena).
Vendas no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc.
Local: Sala de Espetáculos I (130 lugares). Duração: 100 minutos. Classificação: a partir de 14 anos.
Acessibilidade em libras de 1° a 3 de agosto.

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho / São Paulo
Telefone: (11) 2076-9700 | sescsp.org.br/Belenzinho
Estacionamento: De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h. 
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 8,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 17,00 a primeira hora e R$ 4,00 por hora adicional.
Transporte Público: Metrô Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)

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.: “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê” encena em um ônibus


O trabalho celebra os 18 anos da companhia com inspiração na ativista negra norte-americana Rosa Parks e na história de vida de Flávia Diniz e reflete que se na sociedade atual a mulher preta é invisível, a mulher preta com deficiência nem ao menos existe. Foto: Leonardo Souzza


Uma mulher negra, usuária de cadeira de rodas, está no ponto de ônibus. Dá o sinal. O motorista não para e segue viagem. Esse é o mote criado pela Zózima Trupe para o espetáculo que celebra os 18 anos do grupo, em 2025. Quem dá vida à cena é a performer Ma Devi Murti, que usa o ônibus - objeto de pesquisa da companhia - como ponto de partida para refletir sobre esse meio de transporte enquanto espaço contemporâneo de opressão.

Desde 2007, a Zózima ocupa o ônibus como palco, reafirmando seu compromisso com a descentralização e a democratização do acesso às artes. Agora, estaciona sua mais nova criação, “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”, no Terminal Parque Dom Pedro II (de 4 a 13 de julho) na Praça das Artes (de 7 a 9 de agosto) e na Praça Franklin Roosevelt (de 18 de julho a 28 de setembro), com sessões às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h (e quinta, 7 de agosto às 20h). A temporada é gratuita e reúne 30 apresentações — um marco inédito na trajetória do grupo, que tradicionalmente distribui sessões por múltiplas datas e locais. O projeto foi contemplado na 19ª edição do Prêmio Zé Renato de Apoio à Produção e Desenvolvimento da Atividade Teatral para a Cidade de São Paulo.

Com dramaturgia de Shaira Mana Josy — do Slam Dandaras do Norte — e Piê Souza, atuação de Ma Devi Murti e acompanhamento musical de Victória dos Santos & Aworonke Lima, o espetáculo dá voz às existências silenciadas, denunciando o descaso, a violência, o racismo, o capacitismo, o patriarcado e a pobreza.

A obra conta a história de Rosa, uma passageira comunicativa, trabalhadora da limpeza, que tem olhar atento para as injustiças sociais. Em certo dia, ela exige que o motorista pare para uma mulher negra em cadeira de rodas. Ao descer para ajudá-la, o público vê apenas uma cadeira de rodas vazia.

“Somente nossa protagonista enxerga essa mulher e começa a perguntar sobre sua vida. Nesse momento, criamos a imagem de um navio negreiro, porque muitas pessoas enxergam o ônibus como uma versão contemporânea desse espaço tão opressor”, explica o diretor Anderson Maurício.

Inspirado na trajetória de Flávia Diniz (1983–2024) — mulher preta, com deficiência, ativista, mãe solo, LGBTQIAP+ e integrante do coletivo VNDI (Vidas Negras com Deficiência Importam) —, o espetáculo revela as múltiplas camadas de opressão que atravessam mulheres negras e pessoas com deficiência, ao mesmo tempo em que reivindica espaço, voz e visibilidade.

O ônibus como catalisador de mudanças
A personagem também se inspira na ativista negra norte-americana Rosa Parks, que, em 1955, em Montgomery, Alabama, se recusou a ceder seu assento a um homem branco no transporte público. Seu gesto desencadeou um boicote de um ano aos ônibus da cidade e se tornou um marco na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, culminando na decisão da Suprema Corte que proibiu a segregação nesses veículos.

“Para nós, esse acontecimento é extremamente simbólico. Uma mulher, sozinha, no cotidiano, se insurgiu contra a ordem vigente e provocou uma transformação profunda. Muitas vezes, acreditamos que as revoluções precisam ser grandiosas, mobilizar multidões, mas, na verdade, qualquer gesto — por mais trivial que pareça — pode ser uma fagulha de reflexão e mudança. É isso que queremos provocar”, afirma o diretor.

A pandemia escancarou desigualdades, especialmente na população negra, mais exposta por depender do trabalho presencial. Dados da SPTrans mostraram que, na retomada, 57% dos passageiros de ônibus em São Paulo eram mulheres jovens e negras, e 70% seguiam usando transporte coletivo, evidenciando a desigualdade no acesso ao trabalho remoto. 

O espetáculo questiona a crueldade do sistema capitalista exploratório-predatório que faz da Mulher Preta uma Atlas contemporânea, condenada a carregar o mundo nas costas para sustentar uma sociedade estruturalmente desigual. “Como contraponto, a figura do motorista representa o patriarcado - e até o próprio capital - que não pode parar, operando sob a lógica da velocidade, da produtividade e da exclusão”, completa Anderson.

No processo de criação de “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”, o coletivo se deparou com um paradoxo que evidencia os limites da inclusão no transporte público. Como os ônibus oferecem apenas um espaço para pessoas que usam cadeira de rodas, quando esse elemento foi incorporado à cena, os espectadores que também dependem desse recurso passaram a não ter onde se acomodar. “Se todos os ônibus oferecem só um único lugar, como, então, ampliar essa discussão de forma concreta?”, questiona o diretor.

Ficha técnica
“A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”
Atuação Ma Devi Murti
Dramaturgia Shaira Mana Josy e Piê Souza
Direção Anderson Maurício
Músicas Cleide Amorim
Direção vocal Eloiza Paixão
Direção de movimento Janette Santiago
Desenho de luz Junior Docini
Iluminação Flávia Servidone & Abner Félix
Figurino e adereços Clau Carmo
Maquiagem Gil Ramos & Suze Ferreira
Cenografia palhAssada ateliê soluções cenográficas
Percussão Victória dos Santos & Aworonke Lima
Sonoplastia Pedro Moura & Bárbara Frazão
Efeitos sonoros Pero Manzé
Vivência de voz, corpo e ancestralidade Camila Sá
Designer: Nando Motta
Conteúdo do programa do espetáculo Wanessa Yano
Fotografia Christiane Forcinito &  Leonardo Souzza
Vídeo Leonardo Souzza
Coordenação de produção Tatiane Lustoza
Assistência de produção Samyra Keller, Iara Nazario, Kauã Tripoloni, Maytê Costa, Silvia de Oliveira
Estágio de produção Mabel Machado, Samuel Sousa
Convidadas da roda de conversa  Suely Rezende, Ana Carolina Toledo, Flávia Rosa, Marli de Fátima Aguiar e Priscila Obaci
Idealização Zózima Trupe
Assessoria de imprensa Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Marina Franco
Realização Arte expressa


Serviço
Espetáculo “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”
De 4 de julho a 28 de setembro de 2025
Ingressos gratuitos
Outras informações: @zozimatrupe
Duração: 60 minutos
Classificação: 12 anos
Gratuito e aberto ao público, com retirada de ingressos pelo Sympla

Terminal Parque Dom Pedro II - Plataforma 0
Data: 4 a 13 de julho, às sextas e aos sábados, às 20h, e, aos domingos, às 19h
Endereço: Av. do Exterior, s/nº - Sé
Link da Sympla aqui

Praça das Artes - Flipei
Data: 7, 8 e 9 de agosto - quinta, sexta e sábado às 20h
Endereço: Av. São João, 281 - Centro Histórico de São Paulo, São Paulo
Link da Sympla aqui

Praça Franklin Roosevelt - s/n.º - Bela Vista
Data: 18 de julho a 28 de setembro, às sextas e aos sábados, às 20h, e, aos domingos, às 19h
Link da Sympla aqui

.: Peça teatral "Onde Vivem os Bárbaros" faz apresentações gratuitas em SP


Com direção de Wallyson Mota e dramaturgia de Pablo Manzi, espetáculo cria uma reflexão sobre a importância da democracia e sobre quem pode exercer a cidadania na sociedade. Foto: Matheus Brant


Em uma reflexão crua e irônica sobre as ideias de civilização e barbárie, o Coletivo Labirinto estreou em 2022 "Onde Vivem os Bárbaros", com direção de Wallyson Mota e dramaturgia de Pablo Manzi. E agora, no contexto das comemorações da primeira década de trajetória do grupo, o espetáculo reestreia e ganha novas apresentações nos teatros da prefeitura de São Paulo a partir de abril. Ao longo deste semestre, a montagem percorrerá todas as regiões da cidade. Em cena, estão Abel Xavier, Carol Vidotti, Ernani Sanchez, Ton Ribeiro e Wallyson Mota.

As novas sessões do espetáculo estão inseridas dentro do projeto “Pés-Coração: a América Latina como Caminho”, em que o Coletivo Labirinto celebra sua pesquisa sobre a dramaturgia latino-americana contemporânea. As atividades são possíveis graças ao apoio recebido pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo - Edição 43. Além da circulação, o projeto abarca leituras encenadas e laboratórios de criação que serão desenvolvidos ao longo de 2025.

"Onde Vivem os Bárbaros" apresenta um debate cênico sobre as relações entre civilização e barbárie em nosso dias, num processo social de esfarelamento das democracias através dos silenciamentos e das manifestações de violência. A obra conta a história de três primos que, depois de vários anos sem se ver, decidem se encontrar no Chile, em 2015. O anfitrião, diretor de uma ONG reconhecida por realizar ações de estabelecimento da democracia em zonas de conflito, se vê envolvido no estranho homicídio de uma jovem ligada a movimentos neonazistas. Este fato desencadeia atitudes inesperadas das personagens e uma discussão sobre a ideia que cada uma constrói sobre a outra, que culmina na deflagração das diferentes formas de violência entre os convidados.

“A obra apresenta uma sociedade que busca respostas rápidas para assuntos complexos, mesmo que para isso se arrisque pelo terreno das injustiças e se expresse por gestos inequívocos de silenciamento do que lhe é diferente – entendido então como um inimigo”, conta o diretor Wallyson Mota. Ainda segundo o encenador, o espetáculo promove - através de uma situação ficcional - uma espécie de ágora contemporânea sobre vários pontos de nossa vivência política, social, histórica e até mesmo filosófica. 

“Essa ideia de que uma certa assembleia pode surgir ao redor da narrativa só é possível em sua plenitude no teatro. Isso porque o teatro é um espaço de comunhão, um lugar onde uma coletividade se agrupa ao redor de algo ou de uma ideia, onde podemos compartilhar sensações, pensamentos e emoções através da simples presença dos corpos”, acrescenta. Sobre a construção da encenação, o diretor explica que a peça é dividida em três partes. Na primeira, um prólogo que se passa na Grécia no século 5 a.C., época conhecida como o berço da civilização ocidental e do pensamento democrático. Na segunda temos o Chile, em 2015, com algumas situações que provocam reflexões e discussões sobre essa mesma democracia, apontando alguma noção de decolonialidade. 

Por fim, o terceiro momento se passa em 2022, no Brasil, quando o país se viu defronte ao fantasma de ameaça às instituições democráticas e à liberdade do pensamento dissonante, durante as eleições presidenciais e parlamentares daquele ano. Escrita no Chile, a peça apresenta uma ampla base de reflexão para traços determinantes de nosso percurso social, tais como a normalização e a validação da violência dentro de contextos supostamente democráticos.

O texto traz ainda uma oportuna reflexão sobre o arquétipo do bárbaro. “Bárbaro é aquele que não é cidadão. Por esse viés, é o que está à margem, fora das premissas civilizatórias, o que é visto como bruto, sujo, selvagem. É o que não habita a polis, o que não tem direito de exercer ação sobre o Estado instituído. Mas o que seria uma sociedade civilizada e o que seria uma sociedade bárbara? Acredito que o ponto que mais nos interessa em tudo isso é: quem pode ocupar os espaços de uma pressuposta cidadania hoje? Quem sempre ocupou esses lugares e quem segue sendo apartado/a deles?”, questiona o encenador.

Mota ainda conta que a proposta do grupo não é propor uma reflexão sobre a democracia no sentido de desmoralizá-la. “Queremos falar sobre o entendimento total de sua importância e da constatação de que ela só existe de fato quando as mais diversas pessoas (seja pelo recorte de classe, raça ou gênero) podem usufruir de suas benesses e interferir no seu funcionamento. A democracia de fato só existe quando ela é praticada por todos os setores da sociedade. Por isso, ela é um exercício coletivo e público, que deve ser praticado e desenvolvido a todo instante, para que não deixe de existir”, finaliza.


Sobre o Coletivo Labirinto
Fundado em 2013, o Coletivo Labirinto é um núcleo de pesquisa e criação cênica formado por artistas que transitam entre direção, atuação, performance e produção, a fim de investigar as relações das pessoas com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea. Entre os trabalhos estreados pelo grupo, estão “Sem_Título” (2014), “Argumento Contra a Existência de Vida Inteligente no Cone Sul” (2019), “Onde Vivem os Bárbaros” (2021/2022) e “Mirar: Quando os Olhos se Levantam”  (2022).


Ficha técnica
Espetáculo "Onde Vivem os Bárbaros"
Direção: Wallyson Mota
Dramaturgia: Pablo Manzi
Tradução: Wallyson Mota
Elenco: Abel Xavier, Carol Vidotti, Ernani Sanchez, Ton Ribeiro e Wallyson Mota
Assistente de direção: Carolina Fabri
Cenário e figurino: Lu Bueno
Iluminação: Matheus Brant
Visagismo: Fábia Mirassos
Concepção Sonora: Gregory Slivar
Cenotécnico: Armando Junior
Aderecista: Jésus Seda e Matias Arce
Designer gráfico: Renan Marcondes
Fotos: Mayra Azzi e Matheus Brant
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto e Lucas Cardoso
Realização: Coletivo Labirinto e Cooperativa Paulista de Teatro


Serviço
Espetáculo "Onde Vivem os Bárbaros"
Classificação: 14 anos
Duração: 75 minutos

Teatro Cacilda Becker
Endereço: Rua Tito, 295 - Lapa
Entre os dias 4 a 6 de julho (sexta e sábado às 21h, domingos às 19h)
Grátis
Ingressos na bilheteria uma hora antes do início das sessões
"Onde Vivem os Bárbaros" faz apresentações gratuitas nos Teatros Cacilda Becker e Alfredo Mesquita. Com direção de Wallyson Mota e dramaturgia de Pablo Manzi, espetáculo cria uma reflexão sobre a importância da democracia e sobre quem pode exercer a cidadania em nossa sociedade.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

.: Selecionado em Cannes, filme “Jovens Amantes” estreia no Brasil


Drama selecionado em Cannes e indicado a sete prêmios César, “Jovens Amantes” ("Les Amandiers") estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 3 de julho, com distribuição da Pandora Filmes. Dirigido por Valeria Bruni Tedeschi, o filme é estrelado pelo ator Louis Garrel, que interpreta o lendário diretor Patrice Chéreau. Inspirado na juventude da própria cineasta, o longa acompanha um grupo de jovens admitidos na Les Amandiers, uma prestigiada escola de teatro nos arredores de Paris, no final dos anos 1980. 

Enquanto estudam o universo da arte dramática, eles experimentam os primeiros amores, descobertas, inquietações e perdas - vivendo intensamente cada emoção da juventude e os desafios do início da vida adulta. Semiautobiográfico, o filme é baseado na vida da diretora e de colegas da época, como Noémie Lvovsky e Agnès Jaoui, que também foram alunas da escola. Embora os nomes tenham sido trocados e a narrativa ganhe contornos ficcionais, espectadores atentos poderão identificar figuras reais, como Vincent Perez, Bruno Todeschini e a cineasta Eva Ionesco, refletida na personagem Adele.

“Jovens Amantes” foi selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes e se destacou como uma das poucas obras dirigidas por mulheres naquela edição. Também foi indicado a sete prêmios César, incluindo Melhor Filme, e consagrou a atriz Nadia Tereszkiewicz com o troféu de Melhor Atriz Revelação.

Assista no Cineflix mais perto de você
As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Programação do Cineflix Santos
“Jovens Amantes” | "Les Amandiers" | Sala 1
Classificação:
 16 anos. Ano de produção: 2022. Idioma: francês. Direção: Valeria Bruni Tedeschi. Elenco: Nadia Tereszkiewicz, Sofiane Bennacer, Louis Garrel, Micha Lescot, Clara Bretheau e outros. Distribuidora: Pandora Filmes. Duração: 2h06. Cenas pós-créditos: não. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Legendado
3/7/2025 - Quinta-feira: 18h15
4/7/2025 - Sexta-feira: 18h15
6/7/2025 - Sábado: 18h15
6/7/2025 - Domingo: 18h15
7/7/2025 - Segunda-feira: 18h15
8/7/2025 - Terça-feira: 18h15
9/7/2025 - Quarta-feira: 18h15

.: "Jurassic World: Recomeço": novo filme da franquia de dinossauros nos cinemas

O novo capítulo da franquia jurássica “Jurassic World: Recomeço” ("Jurassic World: Rebirth") chega aos cinemas brasileiros hoje e os fãs mais engajados poderão participar de uma ativação especial do filme no Parque Villa-Lobos. Como parte da campanha de lançamento do longa-metragem, a Universal Pictures construiu uma área temática com escavação de mini ossos de dinossauros, visita ao laboratório e até direito a uma foto com o T-Rex ao fundo. A ativação é gratuita e estará montada até quarta, dia 9 de julho. 

Nesta quinta-feira, dia 3 de julho, ainda foi lançado um vídeo inédito da produção estrelada por Scarlett Johansson, o ganhador do Oscar Mahershala Ali e Jonathan Bailey. No material, o elenco revela como foram as filmagens na Tailândia, Reino Unido, Malta e Nova York: “Havia um objetivo comum de fazer algo mágico no filme, que parecesse autêntico. Não é possível construir sets assim. Tivemos que levar os barcos para as ilhas remotas, acampar com nossa equipe para achar lugares com tanta beleza natural...”, afirma Scarlett Johansson.

“Jurassic World: Recomeço” é dirigido pelo vencedor do BAFTA Gareth Edwards, de “Rogue One: Uma História Star Wars”, e é produzido por Steven Spielberg. Cinco anos após “Jurassic World: Domínio”, quando humanos e dinossauros aprenderam a coexistir, "Jurassic World: Recomeço” acompanha Zora Bennett (Johansson), uma especialista em operações secretas que lidera uma missão arriscada para coletar material genético de dinossauros em uma ilha remota e perigosa. O local, outrora um centro de pesquisas do Jurassic Park, abriga espécies deixadas para trás, incluindo três colossais criaturas cujo DNA contém uma substância de valor inestimável. O filme tem distribuição da Universal Pictures e já está disponível nos cinemas, também em versões acessíveis. 


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Programação do Cineflix Santos
“Jurassic World: Recomeço” | "Jurassic World: Rebirth" | Sala 3
Classificação:
14 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: Gareth Edwards. Elenco: Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Mahershala Ali e outros. Duração: 2h14. Cenas pós-créditos: não. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Dublado
3/7/2025 - Quinta-feira: 15h30
4/7/2025 - Sexta-feira: 15h30
6/7/2025 - Sábado: 15h30
6/7/2025 - Domingo: 15h30
7/7/2025 - Segunda-feira: 15h30
8/7/2025 - Terça-feira: 15h30
9/7/2025 - Quarta-feira: 15h30

Legendado
3/7/2025 - Quinta-feira: 18h15 e 21h00
4/7/2025 - Sexta-feira: 18h15 e 21h00
6/7/2025 - Sábado: 18h15 e 21h00
6/7/2025 - Domingo: 18h15 e 21h00
7/7/2025 - Segunda-feira: 18h15 e 21h00
8/7/2025 - Terça-feira: 18h15 e 21h00
9/7/2025 - Quarta-feira: 18h15 e 21h00

terça-feira, 1 de julho de 2025

.: "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu", de Ricardo Cappelli, é um relato inédito


O livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu", que chega às livrarias em julho pelo selo História Real da Intrínseca, é o testemunho inédito e candente de um gestor público que, quando menos esperava, foi chamado a exercer um papel crítico na defesa das nossas instituições democráticas. Ricardo Cappelli, que foi interventor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, revela os bastidores desse período crucial em que a democracia brasileira correu grave risco. Ao transportar o leitor até os episódios dramáticos do dia 8 de janeiro e das semanas seguintes, Cappelli relembra as terríveis pressões e insistentes tentativas de sabotagem que enfrentou, numa guerra de nervos sem trégua.

“Nisso, o major da Silva, que estava comigo lá, me toca e fala: ‘Coronel, olha para trás.’ Quando eu olhei para trás, tinha uma linha de choque do Exército, montada com blindados, e, por interessante que parecesse, eles não estavam voltados para o acampamento. Eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”, ressaltaria Naime (coronel Jorge Eduardo Naime Barreto - chefe do Departamento Operacional da PM). Em meio a tudo isso, o general Dutra e eu tivemos uma discussão muito dura, apesar de formalmente respeitosa. Eu enfatizei a gravidade do que estava acontecendo e disse que medidas enérgicas precisavam ser tomadas. Dutra tentou contemporizar, argumentando que o quadro não era tão crítico assim. Quando percebeu que eu não retrocederia, o general, numa tentativa final de impedir a minha ação, disse que se a PM entrasse teríamos um banho de sangue. 

"Banho de sangue por quê, general? O senhor está me dizendo que tem manifestantes armados dentro do acampamento, em uma área militar, e que eles estão sendo protegidos pelo Exército brasileiro?”. Relatos impactantes como este permeiam toda a obra que aborda também o impacto das fake news durante este período conturbado. É emblemático o caso da suposta morte de uma manifestante presa no acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. A notícia falsa reverberou na Câmara dos Deputados.

“Quando recebi a notícia da morte de uma manifestante, corri para o hospital. Lá, verifiquei que se tratava de mais uma mentira. Uma mentira perigosa, que poderia provocar reações extremas e gerar conflitos. Uma senhora havia se sentido mal e fora transferida para uma unidade hospitalar do DF. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) denunciou a ocorrência da suposta morte em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, causando comoção e indignação. Segundo o portal de notícias G1, a parlamentar chegou a dizer que o caso tinha sido confirmado pela Ordem dos Advogados do Brasil no DF, mas depois disse que cometeu um ‘equívoco’”, relembra o autor.

Ao longo de toda a narrativa, Ricardo Cappelli demonstra como sempre procurou tomar decisões técnicas para se afastar da polarização política que assola o Brasil. Após conversas com policiais feridos no dia 8 de janeiro, o autor chegou à conclusão que o desfecho poderia ter sido ainda mais trágico. “Ficou claro para mim que os extremistas queriam ter em mãos o cadáver de um policial. Isso poderia desestabilizar as forças de segurança. A estratégia era transformar a manifestação em um gatilho para uma crise institucional ainda mais grave do que a que fora realmente provocada”, conclui. Compre o livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu" neste link.


A sessão de autógrafos em Brasília vai ocorrer no dia 08 de julho (terça-feira), a partir das 19h, na Livraria Travessa do Casa Park. Foto: Jerônimo Gonzalez

Sobre o autor
Ricardo Cappelli é gestor público desde 1999 e especialista em administração pública pela Fundação Getulio Vargas. Foi interventor federal da Segurança Pública no Distrito Federal, ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e ministro em exercício da Justiça e Segurança Pública, funções exercidas no fatídico, intenso e histórico ano de 2023. Atualmente preside a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes, é carioca de nascimento e brasiliense de coração desde 2003. Define-se como um nacionalista e democrata convicto marcado por um dia. Compre o livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu" neste link.

.: A biografia de Mario Sergio Cortella, o mestre que levou a escola para o mundo


Na biografia "Cortella, o Professor que Levou a Sala de Aula para o Mundo", a escritora de livros infantojuvenis, Silmara Rascalha Casadei, reúne os principais acontecimentos que marcam a vida e os 50 anos de carreira do professor, palestrante, filósofo e escritor. Com ilustrações de Ednei Marx, a publicação da Cortez Editora diverte e encanta, e conta com as contribuições do próprio homenageado: frases selecionadas por ele com pensamentos, ensinamentos e curiosidades. Quem imaginaria que o pequeno Mario Sergio teria uma aranha-caranguejeira, chamada Matilde, como animal de estimação? 

Em 1954, nascia Mario Sergio Cortella, batizado com o nome do galã da época.  Alegre e curioso, sempre foi muito sociável. Mas, aos sete anos, a hepatite o levou ao hospital. Foram 100 dias de internação e o menino falante se viu solitário e entediado. Quando acabaram os gibis, mergulhou na literatura e, junto a Monteiro Lobato, Alexandre Dumas, Miguel de Cervantes, Dostoiévski e Dante Alighieri, deu início a uma jornada sem volta. 

A biografia ilustrada retrata a partida de Londrina (PR) para São Paulo, aos 13 anos, junto à família. Na capital paulista, Cortella comprou o primeiro livro de filosofia, Meditações Metafísicas, de Descartes. Em 1972, decidiu cursar Filosofia na Faculdade Anchieta para transformar-se em um “amigo da sabedoria”. Dois anos depois, deu início à carreira de docente, que surgiu paralela à experiência na vida religiosa, no convento Ordem dos Carmelitas Descalços, onde viveu por três anos.  

Inspiração para jovens leitores, professores e público em geral, Cortella, o professor que levou a sala de aula para o mundo reúne as conquistas, alegrias, perdas e desafios de um dos pensadores brasileiros mais influentes da atualidade. Apoiada por uma linha do tempo com fotografias que marcam os principais acontecimentos, a autora detalha a história do escritor que acumula mais de 50 livros publicados e alcançou 23 milhões de seguidores em seus canais digitais. 

Silmara Rascalha Casadei destaca a inteligência brilhante e humanizada de Mario Sergio Cortella, propagada na voz forte e melodiosa, com sotaque do Sul do Brasil, que dissemina ensinamentos a milhares e milhares de pessoas. Conhecimento que, segundo o texto de abertura do livro, flui despido de arrogância, porque “gente grande sabe que é pequena”, mas consegue, com sabedoria, imprimir sua marca por onde passa. Compre o livro "Cortella, o Professor que Levou a Sala de Aula para o Mundo" neste link. 

Sobre a autora
Silmara Rascalha Casadei é Mestre e Doutora em Educação e psicanalista, mentora do Saber Ampliado. Escreve muito desde criança, sempre se interessando por livros, histórias de vida inspiradoras e pela educação. Foi professora e diretora de escola por mais de 30 anos. É autora de 34 livros infanto-juvenis, dentre os quais muitas biografias ilustradas; a "Coleção A Menina e Seus Pontinhos"; "Chinelinhos Brasileiros"; "O Pequeno Mundo Criativo"; "O Que É a Pergunta?", com Mario Sergio Cortella, com o qual coordenou a "Coleção ‘Tá Sabendo?" - todos pela Cortez Editora.  

Sobre o ilustrador
Ednei Marx descobriu seu gosto pelo desenho na infância e desde então seguiu seu sonho de tornar-se ilustrador. Iniciou a carreira como caricaturista ao vivo e, ao profissionalizar-se como ilustrador, fundou o Studio58 em 2002, em São Paulo. Graduou-se em Artes Visuais com extensão em Linguagem Cinematográfica. E em mais de 30 anos de trabalho, especializou-se em criação de personagens, linguagem de histórias em quadrinhos e ilustração científica. Seu portfólio diversificado inclui ilustrações para livros didáticos, paradidáticos, campanhas publicitárias e projetos de turismo. Notavelmente, é o ilustrador das tirinhas do Professor Cortella & Philó. Compre o livro "Cortella, o Professor que Levou a Sala de Aula para o Mundo" neste link.

sábado, 28 de junho de 2025

.: Crítica: com monólogo “Bárbara”, Marisa Orth vai muito além do riso


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação/ Bob Wolfenson

Há textos que se oferecem como presentes para grandes atrizes. E há atrizes que devolvem esse presente em forma de arte - lapidada, pungente, visceral e sensível. Esse é o caso de Marisa Orth no monólogo "Bárbara", espetáculo inspirado no livro "A Saideira", de Barbara Gancia, com dramaturgia de Michelle Ferreira e direção de Bruno Guida. Em cena, Marisa deita, rola e pinta o sete - não só no sentido de dominar o palco com técnica e emoção, mas porque vai até o fundo da alma de uma mulher despida de mascaramentos e cercada de memórias paralisantes, engraçadas e profundamente humanas.

Ao lado da estrela, Rafael Debona surge em cena como um sopro de afeto. A presença doce, vibrante e generosa do ator oferece suporte emocional para que a narrativa respire. No palco de "Bárbara", ele é plateia, é voz interior, é o abraço reconfortante. O desempenho delicado dele em cena, silencioso e preciso, potencializa os momentos mais íntimos da protagonista. Há cumplicidade, escuta e um cuidado que reverbera em cena. O público fica diante de um verdadeiro mergulho na alma humana.

Inspirado na autobiografia da jornalista que enfrentou mais de 30 anos de alcoolismo, o espetáculo não é uma adaptação literal, mas uma recriação livre e afetiva. Michelle Ferreira constrói um texto que tem perfume de verdade, gosto de ironia e aquela identificação que só as palavras honestas provocam. Com a colaboração de Marisa Orth, nas reflexões que pontuam a dramaturgia, a peça se transforma em um verdadeiro tratado cênico sobre a vulnerabilidade, a necessidade de aprovação e o cansaço de se mostrar forte.

Autora do livro que deu origem ao espetáculo, Barbara Gancia é, por si só, uma personalidade das mais complexas - brilhante, espirituosa e intensa. A escrita dela é direta, afiada, mas nunca desprovida de empatia. No palco, essa essência é preservada, mas ganha uma nova dimensão com a entrega de Marisa Orth. A atriz não interpreta somente uma mulher em crise - ela desenha, com o corpo e com a voz, as curvas da recaída, os buracos da abstinência, os abismos da autodepreciação e o alívio do recomeço. Marisa, que venceu o Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Atriz por este trabalho, entrega momento raro e necessário de catarse coletiva no teatro brasileiro contemporâneo.

Há cenas em que o riso brota fácil - afinal, a tragicomédia é o tom que embala a jornada -, mas logo encontra a angústia, o peso da frustração, e o grito abafado do arrependimento. O espetáculo brinca com a ideia de "contar história", mas vai além: "Bárbara" é sobre apertar as feridas, rir delas e encará-las.

A direção de Bruno Guida acerta em cheio ao evitar pirotecnias cênicas. A escolha por uma encenação limpa, que privilegia o jogo com o público e a exposição do texto, permite que a força da palavra brilhe. A luz de Guilherme Bonfanti, os figurinos de Fause Haten, a trilha original de André Abujamra e a direção de arte de Gringo Cardia compõem uma moldura discreta, mas precisa - é o necessário para que a atriz brilhe sem distrações. A movimentação, pensada por Fabrício Licursi, também contribui para o ritmo dinâmico da montagem.

Marisa Orth, que por anos foi sinônimo de comédia na televisão brasileira, prova (mais uma vez) que o alcance dela como intérprete vai muito além do riso. Em "Bárbara", ela entrega a performance mais madura da carreira, a mais sensível, a mais irriquieta. O texto é um presente - e Marisa, com sua entrega física, emocional e quase sobrenatural, faz desse presente um banquete para o público.


Serviço 

"Bárbara"

Temporada: até 29 de junho de 2025

Local: Teatro Bravos – São Paulo

Texto: Michelle Ferreira, com reflexões de Marisa Orth

Direção: Bruno Guida

Com: Marisa Orth e participação de Rafael Debona

Produção: Palco 7 Produções e Solo Entretenimento

Baseado no livro: A Saideira, de Barbara Gancia (nova edição pela Matrix Editora)

Duração: 80 manosos

Classificação: 14 anos

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