sábado, 10 de maio de 2014

.: Resenha crítica do documentário "Berlim - Sinfonia da Metrópole"

“Berlim - Sinfonia da Metrópole”, o documentário alemão mudo
Por: Helder Miranda

Em maio de 2014


Película começa com os operários, que levantam cedo para o trabalho nas fábricas e termina com a agitada vida noturna berlinense dos anos 20.


Berlim – Sinfonia da Metrópole“ é o lendário documentário mudo de 1927, dirigido por Walter Ruttmann, sobre o dia-a-dia da Berlim de sua época. A versão do final dos anos 20 foi realizada com o compositor Edmund Meisel, que acabou por criar uma trilha sonora em perfeita sintonia com o filme.

A película começa com os operários, que levantam cedo para o trabalho nas fábricas e termina com a agitada vida noturna berlinense dos anos 20. No decorrer de um dia, temos uma visão multifacetada da sociedade da época, desde a pobreza e a vida de operário, até a riqueza e o luxo. A edição foi realizada juntamente com o compositor Edmund Meisel, permitindo o mesmo criar uma trilha sonora em perfeita sintonia com o filme. Esse verdadeiro poema musico-visual nos possibilita uma impressionante e inesquecível viagem no tempo à essa importante época da história de Berlim.

Em 2010, Hans Brandner preparou uma nova orquestração da obra original, por meio de uma encomenda em comemoração ao jubileu de 200 anos da Universidade Humboldt de Berlim, numa formação para orquestra de câmara. Esta nova versão foi lançada em 2011 pela editora especializada em cinema-mudo Ries & Erler e já foi apresentada com grande sucesso em cinemas da capital alemã, recebendo críticas positivas de, entre outros, Ian Wekwerth, pianista da Max Raabe Palast Orchester (famosa orquestra berlinense especializada no repertório dos anos 20 e 30). Em Berlim, Hans Brandner e o maestro brasileiro Marcelo Falcão se conheceram e tiveram juntos a idéia, de apresentar essa mesma versão numa série de concertos no Brasil.

Sobre os artistas
Hans Brander estudou piano com a Prof. Natalia Gussewa, recebendo seu diploma pela Associated Board of the Royal Schools of Music de Londres e é musicólogo pela Universidade Humboldt, em Berlim. Em 2010 realizou um novo arranjo da trilha do filme “Berlim – Sinfonia da Metrópole” em comemoração aos 200 anos da Universidade Humboldt de Berlim. Em 2012 apresentou esta nova versão em concertos na China. Uma suíte para piano solo desta mesma trilha foi lançada no mesmo ano. Além de sua relação com cinema-mudo, Hans Brandner dedica-se também à pedagogia do piano, lançando em 2012 o livro “Motion Lines of Music”, sobre a história da técnica pianística em sintonia com movimentos do corpo.

Já Marcelo Falcão estudou regência em Berlim, onde vive desde 2008. Em 2010, estreou no Brasil com a Camerata Independente do Rio de Janeiro em concerto no mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro e a gravação do mesmo transmitida pela Rádio Mec FM. Em Berlim foi assistente de Kristiina Poska e Catherine Larsen-Maguire. Já regeu também orquestras na Alemanha, Rússia, Itália, Geórgia, Suíça e Brasil. Marcelo Falcão é também compositor, tendo suas obras estreadas no Brasil, Espanha e Alemanha e é musicólogo pela Universidade Humboldt de Berlim. Em 2014, está em turnê no Brasil com o Ensemble de Solistas, apresentando a trilha original com exibição do filme-mudo “Berlim – Sinfonia da Metrópole”.

Filme: Berlim - Sinfonia da Metrópole
Ano: 1927
Gênero: Mudo

quarta-feira, 7 de maio de 2014

.: Entrevista com Mateus Solano, ator da Rede Globo

“Isso é a parte mais triste, essa visibilidade tão grande. É eu não poder ser eu. Eu tenho que montar algum personagem para viver a minha própria vida”. - Mateus Solano


Por: Marcelo Nogueira
Em maio de 2014


Mateus Solano, com saudade de Félix, tem que montar algum personagem para viver a própria vida.



Em entrevista ao programa “Arte do Artista”, a TV Brasil, o ator Mateus Solano, depois de viver um dos maiores vilões da teledramaturgia brasileira, Mateus Solano, reencontrou o apresentador Aderbal Freire-Filho, que já foi seu diretor na peça “Hamlet”, e relembrou outros trabalhos, cantou, interpretou e fez grandes revelações para o apresentador.

Mateus começou o programa numa cena em busca do Príncipe Hamlet. Passeou pelo cenário e declamou trechos da peça, que é relembrada com imagens dos personagens de Mateus Solano e Wagner Moura. Com essa interseção de imagens, o ator Mateus Solano surgiu no camarim mágico e iniciou o bate-papo falando sobre as muitas vidas de um ator, e o que aprendeu com cada uma dessas vivências, seja no teatro, no cinema ou na televisão.

“Hoje em dia está tudo muito efêmero. As pessoas esquecem as coisas muito rapidamente. A televisão e o cinema trouxeram uma perpetuação do trabalho da gente. O grande barato é visitar aquilo sempre, com um olhar diferente e com o público diferente. Mas, por mais efêmera que seja a nossa profissão, o importante é ficar perpetuado no coração de quem assiste. Isso é o que eu acho mágico e funcional da arte.”, explica Solano.

Aderbal aciona a “Máquina de Pensar/te” e apresentou o livro “O Mito de Sísifo, Ensaio Sobre o Absurdo”, do escritor francês Albert Camus. O apresentador traz uma epígrafe que cai como uma luva quando se trata do fazer artístico: “Ó, minha alma, não aspira à imortalidade, mas esgota o campo do possível”.

Aderbal Freire-Filho - Como ficou a vida fazendo este personagem, Félix, que fez tanto sucesso na televisão brasileira?
Mateus Solano – Você começa a viver dentro do que o outro espera que você seja. Isso é muito complicado, principalmente pra mim que gosta de gente. Eu gosto de gente. Eu gosto de ir aos lugares, ver as pessoas. Mas eu não vejo, eu não assisto, eu sou assistido em qualquer lugar que eu vá. Isso é a parte mais triste, essa visibilidade tão grande. É eu não poder ser eu. Eu tenho que montar algum personagem para viver a minha própria vida.

AFF – E como é o processo e voltar para o Mateus? Quando você pega a taça de vinho o teu gesto ainda é do personagem? O teu corpo ainda está regulado pelo personagem ou você já se livrou dele?
MS - Acho que não. Acho que isso faz parte até da profissão, esse entra e sai esquizofrênico. Na televisão, eu tive a oportunidade de fazer gêmeos. E, para fazer gêmeos na televisão, eu tinha que sair de um, trocar de roupa e entrar em outro, imediatamente porque os dois estavam gravando juntos na mesma cena. Eu lembro que eles brigavam. Era um trabalho esquizofrênico. E, se eu levasse o personagem para a cama, digamos assim, eu estaria numa suruba.



O ator também contou, entre tantas revelações, pérolas pessoais. “No último Carnaval, fui levar a minha filha ao bloco infantil. E aí me vem um animador anão, me reconhece e, lá do carro de som grita para todos no microfone: o ator Mateus Solano está aqui com a gente!. Resultado: saí de fininho”. E quando o papo vai para a música, Solano revela: “Eu voltei a estudar violino. Estou fascinado em voltar a estudar porque eu fiz um pouco quando eu tinha seis ou sete anos, mas fui massacrado pela repetição. Quando eu vi que o meu negócio não era a repetição, e sim o improviso, eu fui para o teatro”.

Na conversa com Aderbal Freire-Filho, Mateus Solano lembrou as sessões de análise que fez e diz que cada personagem é como se fosse um filho. Aderbal, então, perguntou sobre o personagem Félix, e Solano disparou: “Estou com saudades dele. Espero que ele esteja bem”.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

.: Resenha de "A Mentira", Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues, entre segredos e mentiras

Por: Helder Miranda
Em maio de 2014 


Para manter satisfatórias as relações, a mentira cumpre o seu papel, justifica o autor, sobre folhetim lançado pela Agir.


Nelson Rodrigues disse, em entrevista para a edição número 9 do “Flan - O Jornal da Semana”, que circulou de 7 a 13 de junho de 1953, que somos amados não pelo que somos, mas pelo que aparentamos ser. Caso contrário, seríamos rejeitados por nossas mães, irmãos, noivas ou esposas. 

Para ele, era preciso usar um disfarce – e, a partir desse acessório, de acordo com ele, para manter satisfatórias as relações, a mentira cumpre o seu papel. “Sejamos mentirosos”, sugeria Rodrigues, no texto assinado pelo repórter Hélio Pellegrino.

A entrevista foi republicada como um texto bônus na edição mais recente do folhetim “A Mentira”, lançada pela editora “Agir”, que supre o desejo de colecionadores em encontrar esta obra, publicada pela primeira vez há poucos anos, pela Companhia das Letras, e esgotadíssima, tendo sorte aqueles leitores que a encontrassem em sebos. 

Neste romance publicado em 18 capítulos no semanário “Flan”, a partir de junho de 53, estão todos os elementos que fazem o leitor mais desavisado se encontrar com o universo rodrigueano.Há mais que isso, há Lúcia: a maquiavélica – ou não? - adolescente que enlouquece os homens à sua volta. 

Criada dois anos antes da personagem Lolita, que seria um sucesso estrondoso – e um escândalo – do russo Vladimir Nabokov, ela é a irmã caçula de uma família com quatro mulheres criadas por um pai repressor do subúrbio do Rio de Janeiro no início da década de 50. 

Entre segredos e mentiras que vão se revelando aos poucos, a tragédia começa a ser tecida quando descobre-se que Lúcia está grávida. E os únicos suspeitos são os cunhados, maridos das irmãs mais velhas, que vivem sob a tutela do chefe de família, debaixo do mesmo teto. 

A história já foi explorada em outros textos do mesmo autor, ele próprio sabia e transformava o ato de se repetir como algo que não o desabonasse, pois os temas abordados por ele, a cada repetição, vinham carregados de novas nuances.

Mas no livro descoberto há pouco tempo pelas novas gerações, encontramos um Nelson Rodrigues mais vibrante do que nunca, e é adorável, pois ele é um autor que traz todo um sabor do passado, aquele que volta mais, repleto de mocinhas inatingíveis e nem tão inocentes, como foram nossas avós. Os livros de Nelson Rodrigues falam a linguagem do povo, trazem gírias antigas, mas chega a ser impressionante como ainda são atuais os temas que ele propôs décadas atrás. 

A impressão é que se lê algo empoeirado, mas novo, porque nunca foi realmente mexido ou aprofundado. Talvez os poucos debates que foram colocados na boca da sociedade – há mais atualidade do que a mulher ser culpada por um estupro, segundo a opinião pública, se o tamanho da roupa não for suficientemente grande? 

Os debates que Nelson propôs a partir de seus personagens sempre foram significativos demais para gerar algum debate que trouxesse um elemento a mais para que os assuntos evoluíssem ou, pelo menos, deixassem de ser tabu. Mas a unanimidade, como ele mesmo já disse, burra, não o acompanhou. É uma pena, mas o livro é excelente. Leia.

Livro: A Mentira
Autor: Nelson Rodrigues

.: Resenha crítica do filme "Praia do Futuro", de Karim Aïnouz

Um amor trazido pelo mar
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em maio de 2014


História de amor sem amarras, que foge do estereótipo do relacionamento gay, recentemente, pregado nas telenovelas.


A forte afeição de Donato (Wagner Moura) e Konrad (Clemens Schick) é o elo de todas as ramificações do enredo do filme brasileiro, "Praia do Futuro". O novo longa com direção de Karim Aïnouz, que também dirigiu grandes sucessos do cinema nacional como "Abril Despedaçado" e "Madame Satã", divide em fases a história de Donato, mantendo focado os altos e baixos do romance gay.

"Praia do Futuro" apresenta Donato, um militar do corpo de bombeiros que atua como salva-vidas e trabalha na bela praia que dá o nome do filme, localizada no Ceará, Brasil. Lá, ao prestar o primeiro socorro em que perde uma vida, conhece o alemão de olhos azuis, Konrad. Com o turista salvo, as buscas pelo amigo aumenta a proximidade entre o salvador e o resgatado. Resultado: Konrad conhece melhor o salva-vidas e os dois se apaixonam.

Após tentar convencer o turista a viver no Brasil, Donato acaba partindo para Berlim com o seu verdadeiro amor. Assim, abandona a mãe e o irmão ainda caçula, Ayrton (Jesuita Barbosa, na fase adulta). Atitude que é uma grande decepção para o irmão mais novo, que tanto admirava aquele que se atirava nas águas do mar para salvar desconhecidos e chegava a ser visto como um super-herói. Em contrapartida, o menino, que se tornou um rapaz, segue para a fria Berlim, em busca de Donato.

O ponto mais interessante do filme está na força da figura masculina e seus vários aspectos conflituosos. Ou centrado no amor entre Donato e Konrad, ou no amor de Ayrton e Donato. De fato, a imagem da mulher tem apenas pequenas participações. Por outro lado, a narrativa mantém o público afastado, apenas como observador, pois ao longo de seus 106 minutos não defende qualquer rumo das personagens. Ali, tudo acontece e ponto. Logo, é função de quem assiste compreender e desenvolver seu próprio ponto de vista a respeito de cada personagem. 

Apesar da criatividade e da provocação em fazer com que o outro reflita e forme opiniões diante das sementinhas plantadas a cada conflito, há cenas em que a pouca edição anula o ritmo do longa. Sempre que a trama começa a engatilhar, uma cena longa e lenta, promove uma quebra. E a atuação do Wagner Moura? É indiscutivelmente excelente! 


Como o próprio diretor define, "Praia do Futuro" é um filme de partidas e possibilidades, de liberdade e amor. Apoiado nisso, o lançamento do cinema nacional exibe cenas de sexo entre Donato e Konrad e até nu frontal. Afinal, assim como os personagens da trama, ter identidade é encarar os problemas e resolver seus medos mais obscuros.

Filme: Praia do Futuro ( Praia do Futuro, Brasil / Alemanha)
Ano: 2014
Gênero: Drama
Duração: 106 minutos
Direção: Karim Aïnouz
Roteiro: Felipe Bragança e Karim Aïnouz
Elenco:  Wagner Moura, Clemens Schick e Jesuíta Barbosa  


quinta-feira, 10 de abril de 2014

.: Resenha de “Divergente”, com Shailene Woodley e Theo James

“Divergente” e os livros concebidos para se tornarem filmes
Por: Helder Miranda

Em abril de 2014


Filme é bom porque tem começo, meio e fim - o que não obriga você a voltar ao cinema para ver as três continuações previstas.


Divergente é bom”, pensei logo nos primeiros minutos da pré-estreia organizada como parte das comemorações aos 80 anos do Cine Roxy, tradicional reduto da sétima arte santista. A história, futurista, faz certo sentido, embora deixe algumas lacunas. Talvez o “gostar” do filme tenha sido influenciado pela minha falta de expectativas. Não vi trailler, lido sinopse e nem sabia absolutamente nada sobre os atores que interpretam os protagonistas deste que promete ser o blockbuster da vez. A única coisa que sabia a respeito era que os protagonistas ganharam réplicas de bonecos da Mattel, nas versões Barbie e Ken, para colecionadores - consequência de ser marido de uma ferrenha colecionadora de bonecos deste tipo.

Adaptado da trilogia de Veronica Roth - o livro de aventura, distopia, ficção científica e ação (a edição norte-americana tem capa dura) - o longa-metragem acolhe logo nos primeiros minutos e, em pouco tempo, mesmo os descrentes como eu, se veem envolvidos na história de uma menina diferente – e sem bunda – que quer encontrar o seu lugar no mundo. “Divergente” é um filme sobre tribos, e a busca de motivos que podem justificar uma existência.

No Brasil, o livro, lançado em novembro de 2012, vem com o selo da editora Rocco e tradução de Lucas Peterson. Há mais por aí. Nas livrarias, a saga já está completa, à espera de leitores ávidos para saber o que irá acontecer com Tris e companhia limitada. Os títulos das sequências são insolentes, como não poderiam deixar de ser: “Insurgente” e “Convergente”. Estão em primeiro lugar entre os mais vendidos na lista do The New York Times e vem sendo comparado à série “Jogos Vorazes”, da autora Suzanne Collins - que também gerou bonequinhos colecionáveis da Mattel - e à série de livros “The Maze Runner”, de James Dashner.

É inegável o mérito que esses livros têm, independente da qualidade da escrita, de atrair novos leitores - que podem até se contentar com pouco, mas começam, ou voltam, a ler. Questionável é este fenômeno que vem acontecendo desde a primeira adaptação de Harry Potter, de J. K. Rowling, seguida pelo clássico “O Senhor dos Anéis”, de Tolkien – inquestionavelmente, o melhor de todos que, até pela época em que foi escrito, não foi pensado para o cinema.

Incomoda que, desde começou a febre de adaptações de sagas literárias para o cinema, os livros são concebidos para se tornarem filmes, como se a literatura fosse uma arte menor que o cinema. Não há mais arte, nem necessidade de escrever, a “onda” agora é criar blockbusters que gerem franquias milionárias no cinema. Vários exemplos estão por aí, alguns horrorosos, como a série “Crepúsculo”, outros que têm tudo para serem bregas ao extremo, como o erótico-sadomasoquista “50 Tons”, de E. L. James, e até a não tão bem-sucedida imitação da saga de vampiros românticos, pelo menos em repercussão, “16 Luas”...

Divergente” é bom porque tem começo, meio e fim, tudo muito bem amarradinho - o que não obriga você a voltar ao cinema para ver as três continuações previstas. O enredo é criativo e gira em torno da escolha que adolescentes futurísticos têm de fazer quando chega a hora de escolher uma de cinco facções que são impostas: a Abnegação (formada por candidatos à versões repaginadas de Madre Tereza de Calcutá), a Amizade (por agricultores), a Audácia (policiais), a Sinceridade (não se sabe, talvez humoristas de stand-up) e a Erudição (advogados, técnicos de computação e qualquer outra profissão que seja definida como a de alguém com um QI elevado).

Entre estes adolescentes, está Beatrice Prior, cujo dilema é continuar com a família ou ser quem ela é de verdade. Escolhe por si mesma, vai para a “Audácia” passar por um treinamento de choque, abandona a família, e passa por uma série de desafios com um nome escolhido por ela - Tris - mantendo um segredo que pode resultar na própria morte.

A escolha dos protagonistas de livros de grande sucesso dão confusão desde que Vivian Leight foi escolhida para interpretar a Scarlet O’hara de “...E O Vento Levou1”. Imagino que com Shailene Woodley, a intérprete de Tris, conhecida pelo seriado “The Secret Life of the American Teenager”, não tenha sido diferente. Shailene tem algo que, pessoalmente me incomoda. Tem a cabecinha muito pequena e um pescoção grosso, muitas vezes, de frente, lembra o rosto de um pato e, só quando está bem produzida, é apresentável. O carisma dela, que nas fases boas parece uma versão mal-acabada da atriz Marina Ruy Barbosa, pode ter salvo a personagem.

Mas longe de minhas opiniões pessoais, ela aparentemente é a nova queridinha das adaptações cinematográficas – ela será Hazel Grace, a protagonista de “A Culpa É Das Estrelas”, e ainda irá interpretar Mary Jane Watson em “O Espetacular Homem Aranha 3”.

Aos 29, interpretando um rapaz de 18, Theo James, o Tobias "Quatro" Eaton de “Divergente, é formado em filosofia e atua como cantor e guitarrista da banda londrina “Shere Khan”. Interpretou alguns papéis de destaque, como o Walter William Clark Jr. no seriado "Golden Boy". Também foi o diplomata turco Kemal Pamuk em um episódio de “Downton Abbey”. No elenco, está ainda Zoë Kravitz, filha do cantor Lenny Kravitz, que tem no currúclo, entre outros filmes, “X-Men: Primeira Classe”, que interpreta a amiga de Tris.

Tudo em “Divergente” é tão bem pensado, para agradar a gregos e troianos, que perde em originalidade, embora a narrativa seja agradável e o filme só começa a incomodar, mesmo, nos momentos finais, por ser muito longo. Tris é uma heroína criada milimetricamente para agradar meninos e meninas. Para o universo masculino, ela luta, até com homens – nesse futuro, não existe nenhuma referência à violência contra a mulher, as personagens apanham bastante e, ás vezes, revidam. Para contemplar o universo feminino, Tris, embora violenta, também é a heroína romântica que se apaixona por "Quatro", um rapaz alto, claro e de olhos azuis, que esconde segredos.

A má-notícia é que o caça-níqueis cinematográfico transformará a trilogia de livros em uma quadrilogia, com o último livro da série dividido em duas partes. Ou seja, tudo termina em março de 2017, começando pelas bandas dos EUA.


Filme: Divergente (Divergent)
Ano: 2014
Gênero: Aventura, romance, ficção científica
Duração: 139 minutos
Direção: Neil Burger
Roteiro: Evan Daugherty, Vanessa Taylor, Veronica Roth
Elenco:  Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet



quarta-feira, 5 de março de 2014

.: 86ª cerimônia: A lista dos indicados ao Oscar 2014

Em março de 2014


O maior evento do cinema já tem os seus indicados de 2014. Saiba mais!


Divulgados os filmes indicados para a cerimônia deste ano. A 86ª cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA será realizada em 2 de março. Confira:


Melhor filme
12 Anos de Escravidão
Trapaça
Capitão Phillips
Clube de Compras Dallas
Gravidade
Ela
Nebraska
Philomena
O Lobo de Wall Street

Melhor diretor
Alfonso Cuarón - Gravidade
David O. Russell - Trapaça
Steve McQueen - 12 Anos de Escravidão
Martin Scorsese - O Lobo de Wall Street
Alexander Payne - Nebraska

Melhor roteiro adaptado
12 Anos de Escravidão
Antes da Meia-Noite
Capitão Phillips
Philomena
O Lobo de Wall Street

Melhor roteiro original
Ela
Trapaça
Blue Jasmine
Clube de Compras Dalla
Nebraska

Melhor ator
Matthew McConaughey - Clube de Compras Dallas
Christian Bale - Trapaça
Bruce Dern - Nebraska
Leonardo DiCaprio - O Lobo de Wall Street
Chiwetel Ejiofor - 12 Anos de Escravidão

Melhor atriz
Cate Blanchett - Blue Jasmine
Amy Adams - Trapaça
Sandra Bullock - Gravidade
Judi Dench - Philomena
Meryl Streep - Álbum de Família

Melhor atriz coadjuvante
Lupita Nyong'o - 12 Anos de Escravidão
Sally Hawkins - Blue Jasmine
Jennifer Lawrence - Trapaça
Julia Roberts - Álbum de Família
June Squibb - Nebraska

Melhor ator coadjuvante
Jared Leto - Clube de Compras Dallas
Barkhad Abdi - Capitão Phillips
Bradley Cooper - Trapaça
Michael Fassbender - 12 Anos de Escravidão
Jonah Hill - O Lobo de Wall Street

Melhor figurino
O Grande Gatsby
Trapaça
O Grande Mestre
The Invisible Woman
12 Anos de Escravidão

Melhor maquiagem e cabelo
Clube de Compras Dallas
Vovô Sem-Vergonha
O Cavaleiro Solitário

Melhor animação em curta-metragem
Mr. Hublot
Feral
Get a Horse!
Possessions
Room on the Broom

Melhor longa de animação
Frozen - Uma Aventura Congelante
Os Croods
Meu Malvado Favorito 2
Ernest & Celestine
The Wind Rises

Melhores efeitos visuais
Gravidade
O Hobbit - A Desolação de Smaug
Homem de Ferro 3
O Cavaleiro Solitário
Star Trek - Além da Escuridão

Melhor curta-metragem
Helium
Aquel No Era Yo (That Wasn't Me)
Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything)
Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (Do I Have to Take Care of Everything?)
The Voorman Problem

Melhor documentário em curta-metragem
The Lady in Number 6: Music Saved My Life
CaveDigger
Facing Fear
Karama Has No Walls
Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall

Melhor documentário em longa-metragem
20 Feet From Stardom
The Act of Killing
Cutie and the Boxer
Dirty Wars
The Square

Melhor longa estrangeiro
A Grande Beleza
The Broken Circle Breakdown
A Caça
The Missing Picture
Omar

Melhor mixagem de som
Gravidade
Capitão Phillips
O Hobbit - A Desolação de Smaug
Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
O Grande Herói

Melhor edição de som
Gravidade
Até o Fim
Capitão Phillips
O Hobbit - A Desolação de Smaug
O Grande Herói

Melhor fotografia
Gravidade
O Grande Mestre
Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
Nebraska
Os Suspeitos

Melhor montagem
Gravidade
Trapaça
Capitão Phillips
Clube de Compras Dalla
12 Anos de Escravidão

Melhor design de produção
O Grande Gatsby
Trapaça
Gravidade
Ela
12 Anos de Escravidão

Melhor trilha sonora
Gravidade
A Menina que Roubava Livros
Ela
Philomena
Walt nos Bastidores de Mary Poppins

Melhor canção original
"Let it Go" - Frozen - Uma Aventura Congelante
"Alone Yet Not Alone" - Alone Yet Not Alone
"Happy" - Meu Malvado Favorito 2
"The Moon Song" - Ela
"Ordinary Love" - Mandela

sábado, 1 de março de 2014

.: As estatuetas do Oscar 2014 foram para...

E os vencedores do Oscar 2014 foram...
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2014


O maior evento do cinema e os vencedores de 2014. Saiba mais!


A 86ª cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que aconteceu no dia 2 de março, entregou o maior prêmio do cinema para alguns felizardos. Entre eles, o destaque foi para a equipe do filme "Gravidade" foi o grande vencedor da noite, que levou 7 estatuetas. Confira a lista dos vencedores:

Melhor filme
VENCEDOR: 12 Anos de Escravidão
Trapaça
Capitão Phillips
Clube de Compras Dallas
Gravidade
Ela
Nebraska
Philomena
O Lobo de Wall Street

Melhor diretor
VENCEDOR: Alfonso Cuarón - Gravidade
David O. Russell - Trapaça
Steve McQueen - 12 Anos de Escravidão
Martin Scorsese - O Lobo de Wall Street
Alexander Payne - Nebraska

Melhor roteiro adaptado
VENCEDOR: 12 Anos de Escravidão
Antes da Meia-Noite
Capitão Phillips
Philomena
O Lobo de Wall Street

Melhor roteiro original
VENCEDOR: Ela
Trapaça
Blue Jasmine
Clube de Compras Dalla
Nebraska

Melhor ator
VENCEDOR: Matthew McConaughey - Clube de Compras Dallas
Christian Bale - Trapaça
Bruce Dern - Nebraska
Leonardo DiCaprio - O Lobo de Wall Street
Chiwetel Ejiofor - 12 Anos de Escravidão

Melhor atriz
VENCEDORA: Cate Blanchett - Blue Jasmine
Amy Adams - Trapaça
Sandra Bullock - Gravidade
Judi Dench - Philomena
Meryl Streep - Álbum de Família

Melhor atriz coadjuvante
VENCEDORA: Lupita Nyong'o - 12 Anos de Escravidão
Sally Hawkins - Blue Jasmine
Jennifer Lawrence - Trapaça
Julia Roberts - Álbum de Família
June Squibb - Nebraska

Melhor ator coadjuvante
VENCEDOR: Jared Leto - Clube de Compras Dallas
Barkhad Abdi - Capitão Phillips
Bradley Cooper - Trapaça
Michael Fassbender - 12 Anos de Escravidão
Jonah Hill - O Lobo de Wall Street

Melhor figurino
VENCEDOR: O Grande Gatsby
Trapaça
O Grande Mestre
The Invisible Woman
12 Anos de Escravidão

Melhor maquiagem e cabelo
VENCEDOR: Clube de Compras Dallas
Vovô Sem-Vergonha
O Cavaleiro Solitário

Melhor animação em curta-metragem
VENCEDOR: Mr. Hublot
Feral
Get a Horse!
Possessions
Room on the Broom

Melhor longa de animação
VENCEDOR: Frozen - Uma Aventura Congelante
Os Croods
Meu Malvado Favorito 2
Ernest & Celestine
The Wind Rises

Melhores efeitos visuais
VENCEDOR: Gravidade
O Hobbit - A Desolação de Smaug
Homem de Ferro 3
O Cavaleiro Solitário
Star Trek - Além da Escuridão

Melhor curta-metragem
VENCEDOR: Helium
Aquel No Era Yo (That Wasn't Me)
Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything)
Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (Do I Have to Take Care of Everything?)
The Voorman Problem

Melhor documentário em curta-metragem
VENCEDOR: The Lady in Number 6: Music Saved My Life
CaveDigger
Facing Fear
Karama Has No Walls
Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall

Melhor documentário em longa-metragem
VENCEDOR: 20 Feet From Stardom
The Act of Killing
Cutie and the Boxer
Dirty Wars
The Square

Melhor longa estrangeiro
VENCEDOR: A Grande Beleza
The Broken Circle Breakdown
A Caça
The Missing Picture
Omar

Melhor mixagem de som
VENCEDOR: Gravidade
Capitão Phillips
O Hobbit - A Desolação de Smaug
Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
O Grande Herói

Melhor edição de som
VENCEDOR: Gravidade
Até o Fim
Capitão Phillips
O Hobbit - A Desolação de Smaug
O Grande Herói

Melhor fotografia
VENCEDOR: Gravidade
O Grande Mestre
Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum
Nebraska
Os Suspeitos

Melhor montagem
VENCEDOR: Gravidade
Trapaça
Capitão Phillips
Clube de Compras Dalla
12 Anos de Escravidão

Melhor design de produção
VENCEDOR: O Grande Gatsby
Trapaça
Gravidade
Ela
12 Anos de Escravidão

Melhor trilha sonora
VENCEDOR: Gravidade
A Menina que Roubava Livros
Ela
Philomena
Walt nos Bastidores de Mary Poppins

Melhor canção original
VENCEDORA: "Let it Go" - Frozen - Uma Aventura Congelante
"Alone Yet Not Alone" - Alone Yet Not Alone
"Happy" - Meu Malvado Favorito 2
"The Moon Song" - Ela
"Ordinary Love" - Mandela  

.: Vencedores do prêmio Framboesa de Ouro 2014

E o Framboesa de Ouro 2014 vai para...
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2014


Sem escalas: Liam Neeson é um agente de segurança aérea que movimenta um voo após receber mensagens de ameaça. Saiba mais!


O Framboesa de Ouro é aquele prêmio indesejado, pois é entregue para os piores filmes do ano. Entre os vencedores, o destaque foi de "Para Maiores", coleção de curtas que contou com 13 diretores, 19 roteiristas e participações de nomes como Halle Berry, Uma Thurman, Naomi Watts, Hugh Jackman, Richard Gere e Kate Winslet, sendo que "Gente Grande 2", o campeão de indicações, ficou sem o prêmio. 

Veja a lista completa:

PIOR FILME
"Vencedor": Para Maiores
A Madea Christmas
Depois da Terra
Gente Grande 2
O Cavaleiro Solitário

PIOR ATOR
"Vencedor": Jaden Smith - Depois da Terra
Adam Sandler - Gente Grande 2
Sylvester Stallone - Ajuste de Contas, Alvo Duplo e Rota de Fuga
Ashton Kutcher - Jobs
Johnny Depp - O Cavaleiro Solitário

PIOR ATRIZ
"Vencedora": Tyler Perry - A Madea Christmas
Selena Gomez - Getaway
Lindsay Lohan - Inappropriate Comedy e The Canyons
Naomi Watts - Para Maiores e Diana
Halle Berry - Para Maiores e Chamada de Emergência

PIOR ATRIZ COADJUVANTE
"Vencedora": Kim Kardashian - Temptation
Salma Hayak - Gente Grande 2
Lady Gaga - Machete Mata
Lindsay Lohan - Todo Mundo em Pânico 5
Katherine Heigl - O Casamento do Ano

PIOR ATOR COADJUVANTE
"Vencedor": Will Smith - Depois da Terra
Larry the Cable Guy - A Madea Christmas
Chris Brown - Battle of the Year
Taylor Lautner - Gente Grande 2
David Spade - Gente Grande 2
Nick Swardson -Gente Grande 2 

PIOR REMAKE, CÓPIA OU SEQUÊNCIA
"Vencedor": O Cavaleiro Solitário
Gente Grande 2
Se Beber, Não Case - Parte II
Todo Mundo em Pânico 5
Os Smurfs 2

PIOR ROTEIRO
A Madea Christmas
Depois da Terra
Gente Grande 2
"Vencedor": Para Maiores
O Cavaleiro Solitário

PIOR DIRETOR
"Vencedores": Os 13 diretores de Para Maiores
M. Night Shyamalan - Depois da Terra
Dennis Dugan - Gente Grande 2
Tyler Perry - Temptation e A Madea Christmas
Gore Verbinski - O Cavaleiro Solitário

PIOR COMBINAÇÃO VISTA EM TELA
"Vencedores": Jaden Smith e Will Smith no planeta nepotismo em Depois da Terra
Todo o elenco de Gente Grande 2
Todo o elenco de Para Maiores
Lindsay Lohan e Charlie Sheen em Todo Mundo em Pânico 5
Tyler Perry e Larry the Cable Guy ou Tyler Perry e sua peruca e vestido em A Madea Christmas

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

.: Resenha crítica de "Sem Escalas", com Liam Neeson

Adrenalina nas alturas
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em fevereiro de 2014


Sem escalas: Liam Neeson é um agente de segurança aérea que movimenta um voo após receber mensagens de ameaça. Saiba mais!



Um longa eletrizante que acontece "99,5%" dentro de um avião. De fato, antes de assistir o filme "Sem Escalas" é fácil compreender o comentário do ator Liam Neeson, de que gravar esse filme durante dois meses foi um desafio. Por sorte, assistir as sequências de ações cheias de agilidade estreladas por ele, não permitem que o expectador sinta a falta de outras locações. Diante de uma narrativa envolvente, o público somente pode embarcar nesse voo sem escalas.

Em "Sem Escalas", tudo acontece em um voo de Nova York a Londres, quando o agente Bill Marks (Liam Neeson) recebe uma série de mensagens SMS enigmáticas. Entretanto, as mensagens mudam o tom e passam a ser ameaçadoras. Afinal, a promessa é de que um passageiro será morto a cada 20 minutos caso US$ 150 milhões não sejam transferidos para uma conta bancária. 

Inicialmente, as mensagens parecem ser apenas uma brincadeira de mau gosto e Bill acaba não dando muita atenção. No entanto, após ser orientado a acionar o cronômetro do próprio relógio, em 20 minutos, surge o primeiro passageiro morto. Tomado pela ira, o agente inicia uma investigação em pleno avião.

Ao começar a caçada pelo assassino, que ele acredita estar entre os passageiros, Bill convoca uma aeromoça e sua vizinha de poltrona, Jen Summers (Juliane Moore) para ajudá-lo. Contudo, as cenas seguintes sempre colocam a conduta de Marks em cheque, pois tudo indica que ele está fora de controle. Bill é um ex-policial de Nova York, com problema alcoólico e no relacionamento com a esposa, o que implicou no divórcio e a morte da filha, uma garotinha.


Resultado: Em meio a tantos questionamentos, o público fica indeciso ao procurar pelo(s) verdadeiro(s) criminoso(s). O suspense dirigido por Jaume Collet-Serra (Desconhecido e A Órfã) deixa o público em dúvida, o tempo todo, e cria a pergunta: "Quem está criando toda essa situação?". No entanto, há uma grande dificuldade em escolher o(s) verdadeiro(s) culpado(s). 

Diante da ação, do suspense e do questionamento o jogo de adivinhação é contagiante, o que aproxima e envolve o público do filme, inserindo cada um na misteriosa história de Bill Marks. Afinal, dentro daquele avião, quem é quem? Há alguém confiável? O agente é quem realmente diz ser? 

Não há qualquer dúvida, a produção da Dark Castle e do produtor Joel Silver é um longa imperdível!

Filme: Sem escalas (Non-stop, EUA, França)
Ano: 2014
Gênero: Suspense, Ação
Duração: 106 minutos
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: John Richardson e Chris Roach
Elenco:  Liam Neeson, Julianne Moore, Scoot McNairy

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

.: Resenha crítica de "Trapaça", dirigido por David O. Russel

A sedução do imprevisível
Por: Mary Ellen Farias dos Santos*

Em fevereiro de 2014


Trapaça: Indicado ao Oscar em dez categorias, longa dirigido pelo cineasta David O. Russel usa o bom humor para tratar de corrupção. Saiba mais!


Um tema que massacra a todos quando ganha as manchetes dos meios de comunicação e que tem tudo para afastar o público: corrupção de políticos e afins. Contudo, o longa com direção de David O. Russell, "Trapaça", vai além. O roteiro original, de Eric Warren chega às telonas com um toque de inteligência, um humor refinado e atuações de cair o queixo. Seja o sotaque britânico de Amy Adams, que ao final, some completamente ou pela mudança visual, totalmente drástica, de Christian Bale. Não é de hoje que o atual "Homem-morcego" atua com tremenda qualidade. 

A verdade é que ao sair da sala de cinema, é fácil rir lembrando as cenas inacreditáveis protagonizadas por Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Afinal, Bradley Cooper já nos fez rir anteriormente. Trapaça é um longa de grandes nomes? Também. No entanto, o destaque é de cada personagem, alguns tão peculiares quanto o enredo que serve como pano de fundo.

O longa foi inspirado na história da Abscam, operação de 1978, realizada pelo FBI, com o objetivo de flagrar más condutas de congressistas dos EUA. Para tanto, foi "criada" a Abdul Enterprises e um tal de xeque fictício, Kraim Abdul Rahman, para filmá-lo oferecendo dinheiro a políticos dos EUA em troca de favores políticos. Tudo comandado por Melvin Weinberg, condenado pela justiça contratado pelo FBI para criar a Abscam.

Que história, hein! Contudo, há leveza no tratamento do denso assunto, pois há bastante bom humor na trama instigante vivida por personagens marcantes, porém cômicos. No longa, o brilhante vigarista, Irving Rosenfeld (Christian Bale), em uma festa, conhece a aprendiz de trapaça Sydney Prosser (Amy Adams). A dupla firma parceira e os dois acabam mantendo um relacionamento, embora ele já seja casado. Apesar de tudo, Sydney preserva o amor que sente por Irving e passa a ser a amante do larápio.

Por azar, o casal golpista cai nas mãos do FBI e são forçados a enganar um grupo de políticos corruptos. Desta forma, os dois são comandados pelo agente Richie DiMaso (Bradley Cooper). Inicialmente, a operação chega até o prefeito da cidade de Camden, Carmine Polito (Jeremy Renner), é por meio dele que outros golpistas e federais são fisgados na teia da corrupção.


Em meio a cenas divertidas entre Amy Adams e Christian Bale, é com a entrada de Jennifer Lawrence, na pele da maluquinha Rosalyn, esposa de Irving, que com a boca grande quase põe todo o plano a perder, mas sem perder a graça não só pelas falas cômicas, mas pela perfeita atuação da protagonista de Jogos Vorazes.

Filme: Trapaça (American Hustle, EUA)
Ano: 2013
Gênero: Comédia / Policial
Duração: 138 minutos
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell
Elenco:  Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Jeremy Renner, Louis C.K., Alessandro Nivola

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

.: Resenha crítica de "Invocação do Mal", sobre demonologistas e fenômenos

Novo terror em família
Por: Mary Ellen Farias dos Santos*

Em outubro de 2013


Invocação do Mal: Uma boneca que deixa bilhetinhos de saudade. Fofinha? Sim! Contudo, aquela que inicia a narrativa de Invocação do Mal não é meiga, mas endemoninhada. É por meio dela que conhecemos os demonologistas Ed e Lorraine Warren.


Harrisville, Estados Unidos. Um casal (Ron Livinston e Lili Taylor) muda para uma casa nova ao lado de suas cinco filhas. Inexplicavelmente, estranhos acontecimentos começam a assustar as crianças, o pai e, principalmente, a mãe. Preocupada com algumas manchas que aparecem em seu corpo e com uma sequência de sustos que levou, ela decide procurar um famoso casal de investigadores paranormais (Patrick Wilson e Vera Farmiga), mas eles não aceitam o convite, acreditando ser somente mais um engano de pessoas apavoradas com canos que fazem barulhos durante a noite ou coisas do gênero. Porém, quando eles aceitam fazer uma visita ao local, descobrem que algo muito poderoso e do mal reside ali. Agora, eles precisam descobrir o que é e o porquê daquilo tudo acontecendo com os membros daquela família. É quando o passado começa a revelar uma entidade demoníaca querendo continuar sua trajetória de maldades.

Embora trate do trabalho dos demonologistas Ed e Lorraine Warren, Invocação do Mal (The Conjuring, 2013) não toca num ponto polêmico da carreira do casal, as acusações de adulterar casos paranormais - como o famoso ocorrido em Amityville em 1975 - para exagerá-los em adaptações ficcionais, em livros e no cinema.

De qualquer forma, o tom "documental" que o diretor James Wan usa de início, como se estivéssemos diante de um programa investigativo de TV sobre os Warren, com uma introdução pedagógica antes da cartela de créditos, ajuda a dar a Invocação do Mal não só uma cara de terror-baseado-em-fatos, mas principalmente um clima de desafetação.

Ed e Lorraine, vividos por Patrick Wilson e Vera Farmiga, são chamados a investigar uma potencial tentativa de possessão no novo e afastado sobrado de um casal com cinco filhas. Quando surge a família no casarão mal assombrado, nessa pegada desafetada, eles parecem "gente como a gente", e isso é crucial para colocar o espectador do filme.

O segredo, antes de mais nada, está na escalação. Nomes como Farmiga e Wilson trazem consigo personas de credibilidade, pelos dramas que já estrelaram no cinema ou na TV, mas é Lili Taylor o trunfo de Wan. Ela tem a fragilidade das grandes mães dos filmes de terror, como a Ellen Burstyn de O Exorcista ou a Mia Farrow de O Bebê de Rosemary - não uma fragilidade de vítima, mas de quem, apesar dos seus esforços, não tem como lidar com um demônio sozinha.

Nesses filmes citados, a possessão serve de metáfora para os desafios da maternidade, e em Invocação do Mal não é diferente. São cinco filhas, afinal, de idades e perfis e humores distintos, como o roteiro dos gêmeos Carey e Chad Hayes faz questão de diferenciar nas cenas da mudança. São também cinco vezes mais chances de tudo dar errado numa casa projetada para tal.

Pode parecer óbvio, mas para ser efetivo um terror de casa mal assombrada depende de uma casa bem escolhida e, principalmente, bem filmada. O cenário em Harrisville, Rhode Island, parece bastante genérico do lado de fora - árvores ladeando a propriedade, um lago turvo à frente, como sempre - mas aos poucos o sobrado, feito de quartos com portas duplas e muitos vãos, mostra que tem "personalidade" própria.

Pois não é pelo choque ou pelo grotesco que James Wan nos pega, e sim pela forma como se move na casa.

Quando as assombrações se materializam, não há música-de-susto, nem chicote/corte rápido simulando um desviar do olhar - elas simplesmente estão lá, como se fossem parte da mobília. O que desconcerta o espectador é outra coisa: é ser apresentado a essa casa de forma hospitaleira, atenciosa, com planos em traveling, de cômodo em cômodo (a ampla profundidade de campo sempre deixa os objetos na casa em foco), para depois termos esse conforto roubado: a montagem do filme usa o número de portas em cada quarto para nos desnortear, e a multiplicidade de ângulos (câmera ora no teto, ora de ponta-cabeça) e de perspectivas (câmera sobre o ombro da mãe, do pai, das filhas, é gente demais num lugar que já não parece grande o suficiente) termina de fazer o trabalho.

O grande volume de informações no quadro - quando tudo está em foco, tudo pode ser fonte de sustos - faz com que o espectador se comporte como nos terrores "de vigilância" à moda Atividade Paranormal, que dependem da atenção do espectador a todos os detalhes, para funcionar. A diferença aqui é que James Wan evita o formalismo desses terrores de hoje; Invocação do Mal pode soar cheio de tecnicidades mas, mesmo nos seus momentos de virtuose, o diretor ainda mantém um pé na desafetação.

No fim o público tende a ficar apavorado - e não assustado - porque a casa em si se torna uma incerteza, e não só um lugar com focos de terror. Talvez por isso o clímax, em que tudo e todos se comunicam sem respeitar paredes ou andares, seja tão catártico, de fato situado no coração do mal.

Filme: Invocação do Mal (The Conjuring, EUA)
Ano: 2013
Gênero: Terror
Duração: 112 minutos
Direção: James Wan
Roteiro: Chad Hayes, Carey Hayes
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Lili Taylor, Ron Livingston, Shanley Caswell, Hayley McFarland, Joey King, Mackenzie Foy

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.