sábado, 24 de fevereiro de 2018

.: Disco traz show do Deep Purple no Festival de Wacken em 2013


Por Luiz Gomes Otero*, em fevereiro de 2018.


O registro do show da veterana banda Deep Purple no Festival de Wacken, na Alemanha, em 2013, pode ser conferido no CD duplo "From The Setting Sun". Um álbum que é uma autêntica aula de hard rock e feeling para roqueiros iniciantes.

A formação atual conta com Ian Gillan no vocal, Ian Paice na bateria, Roger Glover no baixo, Don Airey nos teclados e Steve Morse na guitarra. E a sonoridade ao vivo está bem ao gosto de quem conheceu a banda nos anos 70.

É claro que o vocal de Gillan já não alcança os mesmos níveis do início de carreira. Mas o que ele faz hoje em dia consegue manter muito bem a dignidade do som da banda, assim como Paice nas baquetas (impecável como sempre) e Glover no baixo (outro monstro do instrumento). Juntar forças com Airey e Morse, outras duas feras, permitiu que a banda sobrevivesse ao longo do tempo.

No repertório do show do festival de Wacken há clássicos como "Highway Star", "Strange Kind Of Woman", "Lazy", "Space Truckin", "Hush", "Perfect Strangers", "Black Night" e, é claro, "Smoke On The Water" (um dos riffs mais conhecidos da história do rock). Todas as versões conservam o clima setentista nos arranjos. Ou seja, a diversão é garantida para quem gosta do autêntico hard rock.

De um repertório um pouco mais recente são as faixas "Into The Fire", "Hell To Pay" e "Hard Lovin Man". E mesmo nessas os veteranos músicos não decepcionam. Há ainda o auxílio luxuoso de Uli Jon Roth, ex-integrante do Scorpions, no solo de guitarra de "Smoke On The Water". Por essas e outras que entendemos porque essa banda ainda permanece na ativa.


"Black Night"


"Strange Kind Of Woman"


"Smoke On The Water"

*Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Criou a página no Facebook Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

.: Resenha crítica da série "9-1-1", sagaz, revigora gênero exaurido

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2018



Ninguém pode dizer que Ryan Murphy e 
Brad Falchuk dormem no ponto! Nesse ano de 2018, antes da fabulosa segunda temporada de "American Crime Story", sobre "O assassinato de Versace" (17 de janeiro), na FX, os produtores estrearam antes -em 3 de janeiro- na FOX a sagaz e eletrizante: "9-1-1". Seriado de televisão norte-americano estrelado por medalhões como Connie Britton, Angela Bassett e Peter Krause.

A série não reúne apenas um elenco de grandes nomes, mas apresenta um excelente roteiro, edição e sonoplastia. Ingredientes perfeitos para fisgar a audiência com primor. Ao final de cada episódio fica sempre o gostinho de "quero mais". Acredite! A mágica da agilidade em recontar o que tantas outras séries já fizeram e algumas ainda tentam fazer é muito bem aplicada em  "9-1-1". 

No episódio piloto, a atendente de emergências, Abby Clark (Connie Britton) lança a seguinte pergunta: Qual é o seu tipo de emergência? Para que o público a conheça um pouco, a resposta dela é: "O primeiro tipo de emergência é que todos temos, todo dia. Agora mesmo você pode ver minha emergência. Estou com 42 anos. Faz um ano que meu namorado Tommy terminou comigo. Ainda não superei. Minha mãe é uma grande parte da minha emergência. Mal de Alzheimer, estágio avançado."

Considerando o primeiro episódio, pode-se deduzir que a protagonista é Connie Britton. Contudo, seguindo -até o presente momento a série está no sexto episódio, devido a uma pausa-, o público adentra a casa de Angela Bassett, que interpreta a policial Athena Grant e até a de Peter Krause, o introspectivo bombeiro Bobby Nash. Enquanto as histórias individuais do trio servem como base para a "família do trabalho", muitos casos de emergência testam as relações ao limite, enquanto que alguns deixam certo conforto.

No elenco regular há também Oliver Stark, Aisha Hinds e Kenneth Choi, abrilhantando o ambiente dos bombeiros, enquanto que Rockmond Dunbar está na pele do marido da determinada policial Athena Grant. Os Grant, família que se assemelha a de comercial de margarina derrete já nos primeiros minutos em cena. Nesse ínterim, Buck (Oliver Stark) age como um completo babaca -por ser viciado em sexo, Aisha Hinds é uma mulher presa a um amor do passado e Kenneth Choi sofre um acidente de deixar qualquer um em choque.


Por outro lado, já no episódio piloto, as emergências surpreendem, desde um bebê preso na tubulação de um prédio ou uma cobra sufocando a própria criadora. Deixando espaço para a história de um jovem quase morto por afogamento, uma jovem suicida no topo de uma sacada ou uma menininha em perigo na casa nova invadida por ladrões. Embora saibamos que tudo é encenação, é impossível não se deixar envolver e, por vezes, ficar boquiaberto ou angustiado diante da situação. É justamente essa aproximação com a realidade que facilita a aceitação do seriado.

Entretanto, não há como deixar de citar o primeiro caso do segundo episódio, no parque de diversões. Lembra uma das sequências do filme "Premonição"? Sem dúvida! E, de modo inteligente, na gringa, a FOX fez bem a lição de casa, divulgando a nova série com um banner remetendo a essa cena de dar arrepios. É tudo muito forte por acontecer numa montanha-russa e com jovens. Contudo, a sensação de desespero e a surpresa com o desenrolar dos fatos são de fazer o queixo cair. Marcante!


"9-1-1" estampa diversos olhares, seja o de quem faz um chamado de ajuda, o de quem recebe o pedido e dos que são encaminhados para solucionar. Tudo é detalhado com muita sensibilidade, permitindo facilmente que nos coloquemos nas posições dos socorridos e seus envolvidos ou salvadores. "9-1-1" é um perfeito recorte das histórias de um gênero exaurido, que acaba de receber novo vigor. A série da FOX tem tudo para ser um grande sucesso aqui no Brasil também.


Seriado: 9-1-1
Primeiro episódio: 3 de janeiro de 2018
Emissora original: Fox Broadcasting Company
Local de produção: Los Angeles
Número de episódios: 6
Criadores: Ryan Murphy, Brad Falchuk, Tim Minear
Produtores executivos: Ryan Murphy, Brad Falchuk, Tim Minear, Alexis Martin Woodall, Bradley Buecker


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm





Trailer

.: Crítica de "Três Anúncios Para Um Crime", por Daniel Bydlowski

*Artigo escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal A tarde


Faz tempo que um filme não demonstra a complexidade e originalidade de "Três Anúncios Para Um Crime". O roteiro foi escrito por Martin McDonagh, o mesmo cineasta por trás de Na Mira do Chefe, Six Shooter e Sete Psicopatas e um Shih Tzu. Vindo do teatro, McDonagh possui um cuidado extraordinário no modo em que desenvolve seus personagens e o mundo no qual vivem. Esta característica dá às produções do diretor um tom realista tão forte que faz com que o espectador se pergunte se suas histórias são baseadas em fatos reais.

"Três Anúncios Para Um Crime" é um destes filmes. Seus personagens são tão complexos e reais que fica mais fácil acreditar no enredo deste do que no de outros filmes atuais que são baseados em livros famosos ou ainda são biografias. Claro, tal talento de McDonagh, na escrita de diálogos e cenas marcantes, é fortemente ajudado por grandes atores que emprestam suas vozes às obras do diretor.

No caso de Três Anúncios, é Frances McDormand que da vida à personagem Mildred, uma mãe que se sente não somente culpada pela morte de sua filha, mas também obrigada a encorajar a polícia a achar o assassino (mesmo que este não tenha deixado nenhuma pista). Assim, Mildred, mesmo com problemas financeiros, consegue arranjar dinheiro para pagar anúncios de outdoor, que acusam a polícia local de não se esforçar o quanto pode no caso.

Isto causa um caos em uma área pequena de Missouri, especialmente porque alguns policiais, como Willoughby (Woody Harrelson), são respeitados ou até mesmo reverenciados na cidade. Embora esta premissa já seja o suficiente para criar uma luta entre a protagonista, que quer encontrar algum desfecho para seu sofrimento, e a cidade, McDonagh vai muito além disso.

O motivo de Três Anúncios ser tão realista é o fato de nenhum personagem ser do bem ou do mal. Todos são complexos. Os policiais realmente são sinceros quando dizem que não há mais o que fazer, visto que o culpado não deixou nenhum vestígio que possa identifica-lo. Ao mesmo tempo, entendemos os sentimentos de Mildred e torcemos para que esta consiga seu objetivo.  Este dilema onde todos parecem ter um certo grau de razão dá bastante suspense ao filme e deixa qualquer clichê difícil de aparecer.

Porém, McDonagh não para por aí. Muitas cenas mostram os lados mais obscuros da protagonista. Por exemplo, Mildred e sua filha não tinham uma relação amigável. Elas brigavam o tempo todo e foi depois de uma destas brigas que sua filha sai de casa para não voltar mais. E esta relação imperfeita torna o sentimento de culpa de Mildred insuportável.

O tema do filme é a perda e como esta pode afetar o ser humano de maneira intolerável. Com um alto grau de conhecimento da psicologia humana, McDonagh mostra que os anúncios de outdoor não são apenas uma estratégia de Mildred para que os policiais trabalhem no caso de sua filha. Muito além disso, os anúncios, durante o decorrer do filme, se tornam sua filha. E, assim, Mildred fará de tudo para conserva-los o maior tempo possível.

Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.

.: Cinemas: Bertrand lança nova edição de "A livraria"

Em uma cidadezinha do interior da Inglaterra, no fim dos anos 1950, uma viúva de meia-idade decide abrir uma livraria. O que a protagonista não esperava é que sua aparentemente simples iniciativa provocaria um enorme rebuliço na pequena Hardborough. Lançado pela primeira vez na década de 1970, “A livraria” volta às prateleiras pela Bertrand Brasil em fevereiro com capa do filme homônimo, que estreia este ano nos cinemas brasileiros. A nova edição tem apresentação assinada por David Nicholls, autor de “Um dia”. No texto, ele esmiúça trechos do romance, além de falar sobre a carreira da autora Penelope Fitzgerald, um dos grandes nomes da literatura inglesa, e de contar sua experiência como livreiro na época em que dividia seu tempo entre a livraria e os palcos de teatro, onde atuava em Londres.

No filme, dirigido pela espanhola Isabel Coixet, a atriz Emily Mortimer interpreta a protagonista Florence Green, cujo desejo de construir uma livraria esbarra nos interesses de Violet Gamart – nas telas, vivida por Patricia Clarkson. Poderosa e influente, Gamart tem outros planos para a centenária casa que a protagonista escolheu como sede para seu estabelecimento. “A livraria” foi finalista do Booker Prize em seu ano de lançamento. Já a versão cinematográfica foi uma das grandes vencedoras do prêmio Goya deste ano, entregue no início de fevereiro: levou os troféus de melhor filme, direção e roteiro adaptado.

Ao mesmo tempo em que escreve uma história quase bucólica sobre uma pequena vila de interior e seus costumes, Fitzgerald adiciona toques melancólicos e até sombrios ao mostrar o pior lado de uma sociedade baseada em privilégios sociais. No microcosmo de Hardborough – como na vida – a inveja e a crueldade que vêm atreladas ao poder podem atrapalhar o final feliz. Com sua escrita precisa, a autora conta uma história atemporal.


TRECHO DA APRESENTAÇÃO: 
Apesar de a questão de classe aparecer a todo momento em A livraria, dinheiro e status social não são os divisores. O romance é político no sentido em que as afinidades e os instintos de Fitzgerald, assim como os de Florence, são liberais e amplamente contra o autoritarismo, mas o divisor real na vida, o que importa, se dá entre os “exterminadores e exterminados, com os primeiros predominando o tempo inteiro”. Esse é um tema recorrente nos romances de Fitzgerald, especialmente nos primeiros, inspirados em momentos de sua vida, e é difícil pensar em outro autor que escreva sobre o fracasso com tanta compaixão e perspicácia.” (David Nicholls)

Penelope Fitzgerald (1916-2000) foi uma das mais célebres romancistas, poetas, ensaístas e biógrafas da Inglaterra do século XX. Ganhou o Booker Prize em 1979 com “Offshore”. Em 1999, ganhou o Golden Pen Award por sua contribuição à literatura.

Livro: A livraria (The bookshop)
Autora: Penelope Fitzgerald 
Tradutor: Sonia Coutinho
Páginas: 160

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

.: Cia. Casa da Tia Siré: DesPrincesa desmistifica os contos de fadas

Crédito: Jonatas Marques
Montagem da Cia. Casa da Tia Siré desmistifica os contos de fadas no infantil DesPrincesa


A Companhia Casa da Tia Siré apresenta o espetáculo infantil DesPrincesa de 3 de março a 1º de abril, no Centro Cultural São Paulo. As sessões acontecem aos sábados e domingos, às 16h, com ingressos gratuitos.

Com texto e atuação de Andressa Ferrarezi e Juh Vieira, sob direção de Vera Lamy, a peça destaca, por meio da história da menina Lila, como as questões de gênero – que muitas vezes permanecem invisíveis - podem ser realçadas, ludicamente, favorecendo à expressão de dúvidas e sentimentos que são comuns entre meninas e meninos no seu desenvolvimento.

Lila é uma criança de sete anos, que no seu primeiro dia de férias é convocada, pela avó, a arrumar o quarto começando pelo guarda-roupa. Dentro do armário, Lila encontra seu brinquedo, um dinossauro inflável, que será seu companheiro com quem vai desbravar os mundos existentes por trás dos portais do reino do guarda-roupa. Juntos, eles embarcam em uma série de aventuras, que aos poucos mostram à protagonista que ela não é com as princesas dos contos de fadas.

Lila sugere ao dinossauro que seja seu príncipe, dragão, bruxa e fada-madrinha e passeia pelo mundo dos contos-de-fada, tornando-se a princesa das histórias por ela conhecidas. Mas, a cada história, Lila percebe seus desejos e comportamento cada vez mais distantes aos das princesas descritas nas fábulas e começa a “desprincesar-se”.

“DesPrincesa não é uma negativa ao imaginário das fábulas, mas um reconhecimento  do limite  entre a brincadeira imaginada e a vida real. Uma percepção de que as histórias de princesa, o mundo perfeito e a felicidade eterna são idealizações, mas que a realidade possui outras características e portanto é possível manter vivos os desejos e aspirações dos nossos primeiros anos”, fala Vera Lamy, diretora do espetáculo.

A peça integra o projeto CompArte: Gestando Poéticas - 10 Anos de Cia. Casa da tia Siré, contemplada com a 30ª. Edição do Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que resultou em quatro novas montagens: DesPrincesa, Gesta Mullier,Assombrosas e Adoráveis Criaturas Repulsivas, todas com dramaturgia própria.  A proposta atual do grupo é dar continuidade a este intercâmbio ampliando as possibilidades de criação com estudos práticos e oficinas.

Sobre a Companhia Casa da Tia Siré: Em 2008, a Cia. Casa da Tia Siré montou o espetáculo Rua Florada, sem saída abordando jogos infantis e rituais de passagem, propondo uma reflexão acerca dos valores e das contradições de um mundo deformado pelos adultos, mas que ainda abriga possibilidades de transformação. O resultado percebido foi uma maior aproximação e uma crescente preocupação com o vínculo afetivo e o cuidado entre pais/mães e filhos/filhas, inclusive, durante as apresentações.

Nestes quase dez anos de existência da Companhia, alguns procedimentos mostraram-se bastante significativos dentro da proposta de interlocução com crianças, adolescentes e pais. Certas intervenções em espaços públicos e escolas - vivências de brincadeiras e piqueniques coletivos - foram potentes instrumentos de provocação ao reunir crianças e adolescentes no espaço de entrega e brincadeira.

As narrativas e experiências destes interlocutores contribuíram para a criação do pensamento, dos procedimentos e construção de cenas. Os espetáculos, oficinas e estudos do grupo propõe questões relacionadas à formação do individuo como o vínculo afetivo (Gesta Mullier), as questões de gênero (DesPrincesa), crenças e intolerância (Assombrosas), relações sociais (Adoráveis Criaturas Repulsivas) e diversidades culturais. E todo artista ou grupo convidado potencializa as vertentes do projeto com sua experiência artística e/ou militante.

Ficha Técnica:
Texto - Andressa Ferrarezi e Juh Vieira. Direção - Vera Lamy. Elenco - Andressa Ferrarezi e Juh Vieira. Produção - Thaís Campos. Iluminação - Erike Busoni. Operação de luz e som - Glauber Pereira. Cenário – Fabian Alonso. Preparação Corporal - Karina Ka. Preparação Vocal - Rani Guerra. Programação Visual - Jonatas Marques. Assessoria de imprensa - Adriana Balsanelli. Realização - Cia. Casa da Tia Siré e Programa Municipal de Fomento ao teatro para a Cidade de São Paulo.

Serviço:
DESPRINCESA – De 3 de março a 1º de abril no Centro Cultural São Paulo.
Temporada: Sábados e domingos às 16h. Ingressos: grátis. Classificação etária: livre.
Agendamentos para escolas com Litta Mogoff - 11 99698-7620 e Thaís Campos - 11 99654-0474.

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO - Sala Jardel Filho. Telefone – 11 3397-4002.
R. Vergueiro, 1000 - Paraíso - São Paulo. Capacidade: 321 lugares. Acessibilidade.

.: Resenha crítica de "A Grande Jogada", filme ágil e envolvente

Por Mary Ellen Farias dos Santos 
Em fevereiro de 2018


Uma trama intrigante e um roteiro cheio de reviravoltas. "A grande jogada", filme que recebeu apenas uma indicação ao Oscar, na categoria Melhor Roteiro Adaptado, é envolvente. Não somente pelo enredo bem elaborado, mas pelo toque especial do diretor Aaron Sorkin. A narrativa não linear, é instável, embora pareça caminhar para a tranquilidadeEm constante efervescência, os ingredientes de um filme de qualidade entram em perfeita ebulição.

O longa que é baseado na história real de Molly Bloom, a autobiografia "Molly’s Game" -título original do filme-, apresenta Jessica Chastain -de "Interestelar"- na pele da protagonista. Inicialmente, o público a conhece quando jovem, uma promissora esquiadora de freestyle, diante da grande oportunidade da vida de atleta, mas um galho muda o percurso e é obrigada a desistir da carreira. Assim, o caminho da jovem toma um rumo extremamente inesperado -pelo menos para o pai durão, interpretado por Kevin Costner.

Com a narrativa de Molly, ao conhecermos mais da protagonista e dos personagens que transitam pelo espaço dela, é a edição perfeita que dita o ritmo da película, extremamente ágil. Seja ao apresentar a transformação da atleta em uma grande personalidade do pôquer underground ou nas explicações das sacadas e tramoias da jogatina.



A atuação da talentosa Jessica Chastain em parceria com Idris Elba, que interpreta Charlie Jaffey, o advogado de defesa no caso "Os E.U.A. contra Molly Bllom" é de arrepiar. Seja na tentativa de Molly em convencê-lo a aceitá-la como cliente ou no discurso efusivo do defensor direcionado aos promotores de acusação. Cenas de arrepiar!

Do topo da pista de esqui até a queda da atleta, incluindo a narrativa da protagonista, nada sobra no filme. Tudo estabelece conexão, embora o esporte faça a maior ligação na trama. Por mais que mergulhe no universo do pôquer e suas implicâncias, não há dúvida de que "A grande jogada" é uma história pautada na relação pai e filha. Os encontros e desencontros, enganos e desenganos é que norteiam o percurso da vida de Bloom. 

Receber apenas uma indicação ao Oscar, em uma lista de "Melhor Filme" que inclui o arrastado "Trama Fantasma", é um tanto que surpreendente, uma vez que "A grande jogada" é um excelente filme. Imperdível!


Filme: A Grande Jogada (Molly's Game, EUA)
Ano: 2017
Gênero: Drama, policial
Estreia: 22 de fevereiro de 2018 (no Brasil)
Duração: 2h 20min
Direção: Aaron Sorkin
Roteiro: Aaron Sorkin

Elenco: Jessica Chastain, Idris Elba, Michael Cera, Kevin Costner, Brian d'Arcy James, Bill Camp, Chris O'Dowd 



*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm




Sobre o Cine Roxy: Em mais de oito décadas, o Roxy é caso raro de cinema que acompanhou a transformação da maneira de se exibir um filme: dos primeiros e grandes rolos de película ao sistema digital. A rica trajetória se deve à perseverança e o senso empreendedor da família Campos: de pai para filho, chegou ao atual diretor do Roxy, Antônio Campos Neto, o Toninho Campos. A modernização, aliada à tradição, transformou o Roxy no principal cinema do litoral paulista, fato que rendeu a Toninho o Prêmio ED 2013 na categoria Exibição -Destaque Profissional de Programação, considerado o principal do país nos segmentos de exibição e distribuição. E o convite para ser diretor cultural do Santos & Convention Visitors Bureau.

.: Romancista que venceu a Síndrome de Burnout usa literatura para alertar

Romancista Mineira que venceu a Síndrome de Burnout utiliza a literatura como instrumento de alerta. Escritora concilia jornada tripla e aposta no gênero romance para exaltar a força da figura feminina


Empatia, força de vontade, fé, esperança e a desconstrução da vida perfeita como nos comerciais de margarina. Essa é a mensagem que a autora Renata R. Corrêa transmite em suas obras literárias. A mineira natural de Guimarânia, interior do estado, foi diagnosticada com a síndrome de Burnout em 2014, um distúrbio caracterizado pelo esgotamento físico e mental intenso, é mãe de gêmeos, médica oftalmologista e ainda encontra tempo para se dedicar a escrita diariamente. 

Em meio a essa jornada, a autora, assim como muitas pessoas que passam por um período de stress prolongado acompanhando de cobranças excessivas, perfeccionismo e foco no trabalho, se viu no dever de compartilhar esse momento difícil através da literatura. A superação da síndrome de Burnout foi a inspiração para a obra Um ano Sabático. O livro conta a história de Rafaela, uma fisioterapeuta que se vê em um momento da vida onde tudo perde o sentido. Diagnosticada com Burnout, a personagem precisa recomeçar do zero e iniciar um novo ciclo, tanto na carreira quanto na vida pessoal.

“Nós, mulheres, somos mães, profissionais, esposas e nos cobramos para sermos brilhantes e perfeitas em tudo. Só que o excesso de cobrança e a busca incansável pelo perfeccionismo pode acarretar problemas sérios para a saúde, nos levando ao esgotamento físico, emocional, mental… tal como aconteceu comigo,” explica a escritora Renata R. Corrêa que acumula um portfólio de mais três romances.

Entre as obras estão: As coisas não são bem assim, publicada pela editora Pandorga em julho de 2017, Contra todas as probabilidades, seu primeiro romance em formato de ebook e por último Amores e Desamores, uma coletânea de onze contos curtos que abordam todas as perspectivas do amor bem como os medos, as inseguranças, os sofrimentos, sonhos e alegrias. Além destes a escritora conta com uma participação no ebook Sob os Fogos de Copacabana em parceria com outros três autores.

De acordo com a escritora, seu objetivo é utilizar a literatura para difundir boas doses de empoderamento feminino e mostrar que as mulheres podem ser felizes e realizadas em todas as esferas da vida, seja na pessoal ou profissional. “Utilizo os meus romances para inspirar as mulheres, motivá-las e estimulá-las a irem em busca de seus sonhos, desejos e realizações. É importante que nós, mulheres, busquemos o equilíbrio e possamos ser felizes no amor, na profissão e em tudo aquilo que queremos conquistar ”, finaliza a escritora Renata R. Corrêa. 

Sobre Renata R Corrêa: Uma romântica incorrigível, procura sempre passar uma mensagem de esperança com suas histórias. Escreve em seu blog https://www.autorarenatarcorrea.com/blogr e já escreveu quatro romances, voltados para o público New adult, e um livro de contos, sendo que Contra todas as probabilidades, seu romance de estreia e seu livro de contos Amores e Desamores, foram publicados de forma independente, em ebook na Amazon. Seu segundo romance, As coisas não são bem assim, foi lançado pela editora Pandorga, em junho de 2017. Em setembro de 2017 lançou seu quarto livro, e o terceiro romance, Um ano Sabático, em ebook de forma independente na Amazon. Juntamente com três amigos, lançou o livro de contos Sob os Fogos de Copacabana. 

.: #ResenhandoIndica: O perfil da raposa Juniper no Instagram

Já conhece o perfil @juniperfoxx no Instagram? Essa raposa é bem amigável, pois tem uma família diferenciada. Aparentemente dócil, o animal convive e brinca com outra raposa -que perdeu um dos olhos- e dois cachorros de porte grande. Confira o #ResenhandoIndica e divirta-se também!


Uma publicação compartilhada por J U N I P E R & F I G (@juniperfoxx) em

Uma publicação compartilhada por J U N I P E R & F I G (@juniperfoxx) em

.: Getty é Scrooge em "Todo o Dinheiro do Mundo"

*Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal A tarde


Um dos museus mais famosos de Los Angeles, o Getty Museum, apresenta uma impressionante coleção artística que conta com exposição de arte desde a Idade Média até a atualidade. Quem o visita, tem uma impressão diferente de outros museus, já que a presença de obras artísticas de tantos lugares e tempos distintos parece mais uma coleção pessoal do que uma exposição feita por curadores tradicionais. Isso acontece porque o Getty Museum é exatamente uma antiga coleção pessoal de Jean Paul Getty, considerado em 1966 pelo Guinness o homem mais rico do mundo. Com o dinheiro de sua companhia petrolífera, Getty investia na compra de artefatos importantes, especialmente da Grécia e de Roma (há quem diga que ele acreditava ser a reencarnação do imperador romano Hadrianus). Assim, muitos dos artefatos não eram originalmente destinados ao museu, mas sim a casa de Getty.

Um homem tão rico e extravagante é geralmente acompanhado por histórias peculiares e curiosas, e isso não é diferente para ele. E é a parte mais trágica de sua história que "Todo o Dinheiro do Mundo" conta. Vivendo a vida como o personagem Scrooge, do conto “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens, Getty protege cada dólar e cada centavo de maneira agressiva, mesmo possuindo bilhões de dólares. Diferentemente deste personagem, porém, Getty dá importância a sua família, desde que estes se conformem com os seus desejos.

Assim, quando seu filho necessita de dinheiro e vai, com sua mulher e filho, para a Itália (onde Getty decidiu viver), o bilionário os acolhe. Porém, a busca por ganhos continua. Ele coloca seu neto, John, para ler cartas de pessoas implorando por dinheiro, e nega os pedidos de maneira fria e direta, mesmo quando estas pessoas o pedem por ter doenças ou outros problemas sérios. Essa forma de lidar com sua fortuna nos dá um indício do que pode acontecer se sua família agir de modo contrário ao que se espera.

Seu filho, também chamado John, interpretado por Andrew Buchan, se torna viciado e trai a mulher Gail Harris (Michelle Williams). Ela, então, decide pedir divórcio e consegue a custódia de seu pequeno filho dizendo que quer apenas isso e nenhum dinheiro. Getty não entende como a nora faz isso, e acha que ela esconde algum trunfo que ele não consegue compreender. Assim, Getty tenta se desligar tanto da nora quanto do neto.

Porém, todo este quadro fica mais complicado quando seu neto é raptado por sequestradores italianos que querem milhões de dólares para devolver o garoto para a família. E o filme se foca exatamente no modo único e excêntrico que Getty lida com a situação, sempre tentando negociar até mesmo com sua família. O personagem principal do filme, então, fica claro, é Gail, a nora de Getty que agora precisa convencer o bilionário colecionador de arte a dar o dinheiro para a família que queria esquecer.


O filme mostra tanto o lado de Getty quanto o lado de Gail, de seu neto e ainda dos sequestradores, criando uma dinâmica muito interessante em que a paixão por arte, o amor pela família e o apego ao dinheiro criam obstáculos contra a simples solução do problema. Interpretado por Christopher Plummer, o personagem Jean Paul Getty consegue incorporar todas essas paixões e conflitos em um filme em que Getty lembra Scrooge.

Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

.: Lista: Filme Ruim? Depende do ponto de vista

A partir da lista de indicados a pior filme pelo Framboesa de Ouro 2018, pesquisa SEMrush revela os títulos mais buscados pelos brasileiros na Internet


"Cinquenta Tons de Liberdade", o terceiro da franquia "Cinquenta Tons de Cinza", é uma das principais apostas para o prêmio de Pior Filme de 2017 pelo Framboesa de Ouro. O número de buscas sobre o filme na Internet, contudo, mostra que os brasileiros não estão muito preocupados com a qualidade da produção. O filme, que romantiza - até demais - uma relação de sadomasoquismo, é o mais procurado pelos brasileiros na Internet segundo levantamento da SEMrush, líder mundial em marketing digital.

O longa estrelado por Jamie Dornan e Dakota Johnson registrou mais de 273 mil procuras em ferramentas de pesquisas como Bing e Google, ficando à frente de "A Múmia", com Tom Cruise no papel de protagonista, que obteve 122 mil pesquisas. Nem mesmo os corpos sarados e as belíssimas praias evitou que "Baywatch", remake do clássico seriado homônimo e estrelado por Zac Efron e Dwayne Johnson, ficasse fora da lista do Framboesa, o que acabou concedendo ao filme uma honrosa menção na lista pesquisada pela SEMrush: provavelmente pelos mesmos motivos (corpos sarados e belíssimas praias) Baywatch garantiu o terceiro lugar no ranking dos piores dos piores da SEMrush, com cerca de 110 mil buscas.

Em quarto e quinto lugares vêm "Emoji - O Filme" e "Transformers - O Último Cavaleiro", que, embora não sejam um primor do cinema contemporâneo, conquistaram lugar na lista da SEMrush com cerca de 81 mil e 79 mil pesquisas respectivamente. No fim, a busca por esses títulos prova que o brasileiro não está muito preocupado com prêmios, ele quer mesmo é comer pipoca e se divertir, mesmo que seja com filme ruim.

O levantamento inédito foi realizado pela SEMrush, líder mundial em marketing digital, e considerou as procuras pelos títulos durante o mês de janeiro de 2018 em ferramentas de busca como Bing e Google.



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