terça-feira, 6 de junho de 2023

.: Espetáculo "Almarrotada", de Melina Marchetti, cria diálogo sobre a condição


Com orientação de Luiz Fernando Marques, espetáculo nasceu como desdobramento da pesquisa realizada pela atriz sobre as diferentes formas de solidão inerentes ao universo feminino. Após uma circulação independente por 10 estados, a atriz fará duas apresentações no Sesc Carmo nos dias 15 e 16 de junho. Foto: Carolina Santaella

 

A “solidão acompanhada” experimentada por tantas mulheres casadas é discutida no espetáculo "Almarrotada", com dramaturgia, direção e atuação de Melina Marchetti e orientação de Luiz Fernando Marques - o Lubi, do Grupo XIX de Teatro. O espetáculo terá duas apresentações no Sesc Carmo, dias 15 e 16 de junho, quinta e sexta, às 19h.

O trabalho estreou em 2018 como um desdobramento de uma pesquisa de Melina Marchetti sobre sexismo, machismo estrutural, as várias formas de solidão e as construções sociais sobre o amor romântico. Em 2022, Melina rodou sozinha o país, sem patrocínio, em um Ford Ka azul ano 2008 chamado carinhosamente por Kazão, durante 13 meses. 

A circulação independente teve início no litoral de São Paulo e seguiu para Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Maranhão.  Foram mais de 20.000 km rodados e várias experiências diferentes desde apresentações nas capitais até povoado de 800 habitantes. Neste trajeto participou de vários festivais onde o espetáculo foi sempre premiado em diversas categorias.

A peça retrata os sentimentos contraditórios de angústia e de ânsia por liberdade vividos por uma mulher diante da iminência de morte de seu marido, de quem cuidou a vida toda e agora está internado no hospital. O público acompanha as histórias, medos, desejos e comportamentos dessa mulher, a quem foi imposta a condição de cuidadora e que acabou se transformando em uma coadjuvante da própria vida.

“Historicamente é nítido como esse papel de cuidadora é ocupado massivamente por mulheres. Uma coisa é querer compartilhar o cuidado com o outro. Outra é essa função ser imposta a você desde criança. A montagem traz a figura da mulher cuidadora, que nutre, acolhe e alimenta, no papel de figurante de sua própria existência”, conta a atriz e diretora.

A dramaturgia foi construída a partir do mote de pesquisa “é preciso ser mulher por muitos anos para desaprender as coisas pelas quais ensinaram você a se desculpar”, livremente inspirado no conto O Cesto, de Mia Couto, e amparada pelos livros Um Teto Todo Seu, de Virgínia Woolf; O Feminismo é para todo mundo, de Bell Hooks; e O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir.

A ideia da encenação, que assume o tom tragicômico, é mostrar a busca dessa personagem pelo resgate de seu protagonismo de vida e pela realização dos próprios desejos. Dessa maneira, a atriz e dramaturga estabelece um diálogo com mulheres e homens de diferentes gerações sobre a necessidade de se romper com as estruturas aprisionantes.

“Hoje, depois de ter feito esse espetáculo, desenvolvi maior entendimento e um profundo respeito e admiração pelas mulheres de outras gerações que passaram por todo esse anulamento e, ainda assim, resistiram e existiram transformando realidades, dentro do possível”, reflete Marchetti.

O solo ainda defende o reencontro da mulher consigo mesma. “É um trabalho de escutar os nossos desejos e impulsos reais. Parece simples, mas mesmo hoje em dia, quando temos mais consciência para essas imposições do patriarcado, elas ainda pautam as nossas relações amorosas, familiares e até as amizades. Com a peça, não quero sanar as minhas dores, mas estabelecer um diálogo com o público, tanto com mulheres como com os homens, para criar pequenas fissuras nessas carapaças que criamos para sobreviver à sociedade machista”, acrescenta a artista.


Sobre Melina Marchetti
Dramaturga, atriz, diretora e roteirista bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com 15 anos de trajetória artística. É criadora do projeto Almarrotada, onde foi autora dos espetáculos Almarrotada (2018), Rosário de Desamores (2021) e do livro infantil A Menina e o Esperar. Também é fundadora e diretora artística da Cia. Teatral Circo Delas, onde concebeu os espetáculos Dia de Praia, As Clássicas, a micro-série Calma, ainda não pode sair e os curtas O Bombom, O Sol é para todes e A Vizinha.

Recebeu os prêmios de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz e Melhor Texto, Melhor Cenário e Melhor Iluminação no 9º Festival de Teatro de Sarapuí pelo monólogo Almarrotada, além de indicação à Melhor Direção. Foi Prêmio Destaque na Pesquisa de Palhaçaria pelo 8º Festival de Teatro de Sarapuí pelo espetáculo solo Dia de Praia.


Ficha técnica:
Dramaturgia, Direção e Atuação: Melina Marchetti. Orientação: Luiz Fernando Marques Lubi. Provocação Cênica: Bruna Betito. Figurino: Nagila Sanchês. Cenotécnico: Bira Nogueira. Iluminação: Melina Marchetti. Operação de Som e Luz: Denise Hyginio. Produção Executiva: Nayara Meneghelli. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos: Carolina Santarella e Arô Ribeiro. Arte: Magnólia Cultural.


Serviço:
Espetáculo "Almarrotada". Dias 15 e 16 de junho no Sesc Carmo. Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$10 (credencial plena) – Vendas online a partir de 6/06 às 12h e presencial a partir das 17h. Duração: 40 minutos. Classificação etária: 14 anos.


Sesc Carmo
Rua do Carmo, 147 - Centro - São Paulo. Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 20h. Telefone: (11) 3111-7000. Local da apresentação: Espaço Múltiplo - 1º andar. https://www.sescsp.org.br/programacao/almarrotada/


segunda-feira, 5 de junho de 2023

.: No próximo sábado, "Ubu Rei", do grupo Os Geraldos, no Sesc Santos


Em mais uma parceria com o diretor mineiro Gabriel Villela, o grupo traz na dramaturgia de Alfred Jarry, uma sátira ao Brasil atual; no elenco está a atriz santista Valéria Aguiar. Foto: Stephanie Lauria


"Ubu Rei", de Alfred Jarry, mais recente produção do grupo Os Geraldos, de Campinas (SP), em mais uma parceria do grupo com o premiado diretor mineiro Gabriel Villela, fará única apresentação no Teatro do Sesc Santos - dia 10 de junho, sábado, às 20 horas. O espetáculo acaba de encerrar uma temporada de dois meses no Teatro Anchieta (Sesc Consolação), um dos espaços culturais mais importantes de São Paulo, com ingressos esgotados em 21 sessões, e agora segue pelo interior paulista - mais de 8.000 pessoas já assistiram à peça. Com tradução de Bárbara e Gregório Duvivier e adaptação do grupo e do diretor, a peça - um clássico do teatro ocidental, marco de ruptura e transgressão no século XIX - revela-se mais contemporânea do que nunca, ao fazer uma sátira do Brasil atual. No elenco está Valéria Aguiar, nascida em Santos e atriz do grupo desde 2018.

O espetáculo marca o segundo encontro do diretor Gabriel Villela com o grupo Os Geraldos. A primeira parceria resultou no espetáculo Cordel do Amor sem Fim - ou A Flor do Chico, de Claudia Barral, que tem circulado por importantes circuitos teatrais brasileiros.

O teatro popular é o território que liga o grupo ao diretor, que, com uma estética vinculada às raízes culturais do Brasil profundo, trabalha na criação de pontes de sentido entre os clássicos e o contexto do espectador. Ubu Rei faz uma sátira do poder obtido por usurpação e exercido com tirania, ao apresentar Pai e Mãe Ubu, um casal entregue à barbárie que invade a Polônia e, assassinando o rei, assume o seu trono.

Considerado por dadaístas e surrealistas como precursor desses movimentos, assim como do teatro do absurdo e da performance, Jarry oferece o material dramático de que Villela e o grupo Os Geraldos precisam para responder, com beleza e humor ácido e inteligente, a este momento histórico de caretice, autoritarismo e vulgaridade, que exige ruptura, por meio do pensamento e da arte, como o fez historicamente essa peça.

Responsável pela produção do projeto, o grupo campineiro Os Geraldos, que completa 15 anos em 2023, contou com nomes relevantes do cenário nacional das artes cênicas, como o diretor Gabriel Villela, o assistente de direção Ivan Andrade, os preparadores vocais Babaya Morais e Everton Gennari, dentre mais de 30 pessoas, que estão diretamente envolvidas na produção do espetáculo, com 14 atores no elenco.

Sobre o espetáculo, Villela ressalta a vinculação direta com a situação sociopolítico-cultural brasileira. “Nós criamos um delírio tropical, em que fazemos uma sátira afiada do nosso país, respondendo, com violência poética, à selvageria e à estupidez destes tempos”, declara o diretor. Compre os livros de Alfred Jerry neste link.


Atualidade no palco
Mesmo se tratando de um texto escrito no final do século XIX, o texto de Ubu Rei fala muito sobre os dias atuais. Para transpor a nova versão para a obra de Alfred Jarry (considerado o pai do teatro do absurdo), Os Geraldos e Gabriel Villela optaram por fazer uso da estética e da música para deixar ainda mais evidente o surrealismo da linguagem. A ideia é provocar no espectador uma sensação de vertigem, sair do prumo, balançar o extremismo posto em cena, fazer o espectador embarcar num delírio tropical, universal sobre os extremismos postos.

Entre as coisas que unem o grupo paulista e o diretor mineiro é o modo de usar a música para contar a história. São 18 canções (entre íntegras, versos, pedaços, melodias etc), interpretadas ao vivo pelos atores - com acompanhamento do maestro Everton Gennari, responsável pela direção musical (com Babaya Morais), ao piano. E uma inusitada homenagem à Miriam Batucada, com os artistas tocando caixa de fósforo.

São músicas do cancioneiro popular brasileiro e latino-americano - como Geraldo Vandré, Raul Seixas, Inezita Barroso, entre outros compositores. As canções são elementos da dramaturgia, servindo tanto como prólogo (protofonia musical) até para juntar cenas e atos, ou mesmo para levar as cenas para outro lugar.

Se na primeira parceria entre os artistas (Cordel do Amor sem Fim) o lirismo estava em cena, com a estética romântica que remete às cores de uma tempestade - azul, vinho… -, em Ubu Rei é o deboche que está em cena. Para a versão desse clássico do absurdo, o cenário e os figurinos trazem muito brilho, cores quentes, quase uma estética de cabaret, numa referência ao programa do Chacrinha.

O figurino traz diversas referências, com elementos do Japão, da África, porém misturado com estilos que remetem ao brega, trajes de festa envelhecidos, datados, desatualizados, com cortes desiguais, que mostram a decadência daquela sociedade posta em cena.

Gabriel Villela - que tem contribuição também na Música Popular Brasileira, com a direção de shows de Maria Bethânia, Milton Nascimento, Elba Ramalho e Ivete Sangalo - já dirigiu mais de 50 espetáculos teatrais, trabalhando com artistas como Renata Sorrah, Laura Cardoso, Beatriz Segall, Walderez de Barros, Marcello Antony, Regina Duarte, Thiago Lacerda, entre outros grandes nomes das artes cênicas nacionais. Já recebeu Prêmios Molière, Sharp, Shell, Troféus Mambembe, Troféus APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Prêmios APETESP (Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo), Prêmios PANAMCO, Zilka Salaberry, além de dezenas de premiações internacionais, como no Festival Theater Der Welt in Dresden (Alemanha), Word State Festival, em Toronto (Canadá), “Globe to Globe”, no Shakespeare`s Globe Theatre (Londres, Inglaterra), dentre outros. Sua poética e produção artística estão registrados no livro “Imaginai! O teatro de Gabriel Villela”, de Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi, lançado em 2017 e vencedor, na categoria de livro de arte, do Prêmio Jabuti 2018.


Sobre o grupo
Os Geraldos tem sede em Campinas (SP) desde 2008 e atua em três frentes de trabalho: Criação Artística, ao criar e manter em circulação seus espetáculos; Projetos Formativos, ao oferecer cursos sobre a arte do ator e gestão cultural, a partir da prática do grupo e de pesquisas de mestrado e doutorado de seus integrantes; e Territórios Culturais, ao instituir espaços que possam sediar, para além das atividades do grupo, outros eventos artísticos, como ocorre em sua atual sede, o Teatro de Arte e Ofício (TAO), um dos mais importantes espaços culturais de Campinas.

O grupo já circulou por mais de 80 municípios, de três países e de dez estados brasileiros, e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais (2017), além de receber mais de 40 prêmios, em festivais nacionais e internacionais.


Ficha técnica 
Direção, cenário e figurino: Gabriel Villela. Direção adjunta e iluminação: Ivan Andrade. Dramaturgia: Alfred Jarry. Tradução: Bárbara Duvivier e Gregório Duvivier. Adaptação dramatúrgica: Gabriel Villela e Os Geraldos. Arranjos Musicais: Everton Gennari. Direção musical e preparação vocal: Babaya Morais e Everton Gennari. Elenco: Carolina Delduque, Ciça de Carvalho, Douglas Novais, Everton Gennari, João Fernandes, Julia Cavalcanti, Gabriel Sobreiro, Gileade Batista, Paula Mathenhauer Guerreiro, Patrícia Palaçon, Railan Andrade, Roberta Postale, Valéria Aguiar e Vinicius Santino. Assistência de figurino e adereços: Cristiana Cunha e Emme Toniolo. Costura: Ateliê de Dona Zilda Peres Villela. Fotografia: Stephanie Lauria. Visagismo: Claudinei Hidalgo. Maquiagem: Patrícia Barbosa. Design gráfico: Vanessa Cavalcanti. Assistência de produção: Bruna Paifer e Nicole Mesquita. Coordenação de produção: Tatiana Alves. Coordenação geral: Douglas Novais. Produção: Os Geraldos.


Serviço: 
"Ubu Rei". Data: 10 de junho, sábado, às 20 horas. Local: Teatro Sesc Santos (R. Conselheiro Ribas, 136 - Aparecida, Santos - SP). Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$ 10 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes) - Os ingressos estão disponíveis para venda em sescsp e no app Credencial Sesc SP ou nas bilheterias do Sesc SP. Duração: 80 minutos Classificação indicativa: 18 anos. Lotação: 765 lugares

Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida - Santos.
Telefone: (13) 3278-9800. Site do Sesc Santos neste link. 
Instagram, Facebook e Twitter: @sescsantos . YouTube /sescemsantos  

Bilheteria Sesc Santos - Funcionamento    
Terças a sextas, das 13h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.   

.: Com o livro "Pureza", Global Editora completa catálogo de José Lins do Rego


Global apresenta nova edição da primeira obra de José Lins do Rego após o famoso "Ciclo da Cana-de-açúcar".

Quando concluiu o Ciclo da cana-de-açúcar, com o livro que é considerado sua obra-prima, "Fogo Morto", o autor José Lins do Rego se afasta um pouco dos engenhos e da personalidade complexa de seus personagens e aponta sua caneta para uma paisagem mais singela e melancólica, características que batem com a personalidade de Lourenço de Melo, personagem principal de "Pureza".

A escolha do título do livro é devido ao nome do vilarejo onde o protagonista decide morar. Lola, como também é conhecido, é um homem tomado pela paranoia e pelo medo: ainda pequeno perdeu a mãe para a tuberculose, e logo em seguida a irmã, que sempre foi franzina. 

Após crescer sempre muito protegido pelo pai, e com pouco acesso a vida real e seus problemas, acaba perdendo a figura paterna também. Decidido que seu destino é a morte, assim como todos ao seu redor, ele se isola no interior para esperar pelo seu destino em paz, vivendo um dia de cada vez e se isolando dos perigos externos.

Quando finalmente se estabelece em "Pureza", Lola conhece a família do Seu Antônio, chefe da ferrovia que estava sendo construída na região. Desejando amor e contato físico mais do que tudo, ele estabelece relacionamentos com as filhas, Margarida e Maria Paula.

O livro explora as dificuldades de Lourenço em conseguir se relacionar devido sua personalidade tímida e introspectiva, além de que ele não consegue se livrar da sombra da doença que acometeu a mãe e a irmã. O romance com as irmãs acaba sendo um grande estímulo para sua jornada de autodescoberta, que vem acompanhada com uma espécie de redenção por meio do amor.

Considerado um ponto de virada na literatura de José Lins do Rego, "Pureza" é um livro imersivo e com uma visão sentimental da existência. O romance foi adaptado para o cinema em 1940 e foi dirigido por Eduardo Chianca e estrelado por Procópio Ferreira e Sarah Nobre. Compre o livro "Pureza" neste link.


Sobre o autor:
José Lins do Rego nasceu em 3 de junho de 1901, em Pilar, Paraíba e faleceu em 12 de setembro de 1957, na cidade do Rio de Janeiro. Publicou em 1932 seu primeiro livro, "Menino de Engenho", romance que foi seu passaporte de entrada para a história do moderno romance brasileiro. Além de romancista, o escritor paraibano foi também contista, cronista, tradutor e jornalista, tendo contribuído ao longo de sua vida para vários periódicos brasileiros. Seus livros foram traduzidos para o inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, dentre outras línguas. Em 1956, ano anterior ao de seu falecimento, tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras. Garanta o seu exemplar de "Pureza" neste link.

.: "Pageboy": polêmica autobiografia de Elliot Page chega ao Brasil


Um dos nomes mais importantes de sua geração, Elliot Page, conhecido pelos papéis em "Juno" e "The Umbrella Academy", conta a própria história no livro "Pageboy", lançado no Brasil pela editora Intrínseca. Ele tornou-se um dos maiores atores de sua geração. Mas, à medida que seus anseios profissionais se tornavam realidade, a pressão para atender as expectativas da indústria o consumia.

Todas essas mudanças, angústias e ambições são retratadas no seu livro de memórias, "Pageboy", um relato íntimo e sensível da jornada de Elliot sob os holofotes - e também fora deles. Enquanto ainda vivia um turbilhão de sentimentos e tentava compreender a si mesmo, Elliot viu-se forçado a interpretar um papel de jovem estrela glamurosa na própria vida, algo que o assombrava para além dos sets. A carreira - que até então tinha sido uma válvula de escape, transportando-o da infância complicada para um mundo imaginário - de repente se transformou num pesadelo.

Em meio às críticas recebidas e aos abusos praticados por algumas das pessoas mais poderosas da indústria do cinema, ao passado que o perseguia e a uma sociedade determinada a enquadrá-lo em um mundo binário, Elliot se calou. Até cansar. E, aos poucos, começou a se aproximar de seus desejos, de seus sonhos e de si mesmo, sem a repressão que o sufocou por tanto tempo. 

Repleto de detalhes de bastidores do cinema e de questionamentos íntimos sobre sexo, amor, traumas e Hollywood, "Pageboy" é a história de uma vida que chegou ao limite. Em essência, uma narrativa emocionante sobre a trajetória sinuosa de uma pessoa queer e trans que lutou para se desvencilhar das expectativas dos outros. Contada de forma visceral, em que o leitor quase ouve a voz de Elliot, é uma celebração ao ato de assumir quem realmente somos com rebeldia, força e alegria. Compre o livro "Pageboy" neste link.

.: #Resenhando20Anos: 33 perguntas para Fernanda Young


No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completou 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos ainda estão atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. A entrevista "33 Perguntas para Fernanda Young" marcou as comemorações dos três anos Resenhando.com.


 33 perguntas para Fernanda Young - "Escrever me salva da esquizofrenia".  – Fernanda Young


Finalmente, a esfinge decifrada: a rainha da literatura brasileira atual fala sobre processo de criação, roteiros, críticos invejosos e porque troca de computador a cada livro que escreve. 

Por Helder Moraes Miranda.  Em junho de 2006. Atualizada em 25 de agosto de 2020.

Mais que ser a profissão do Super-Homem, ser repórter pode propiciar momentos agradáveis e de plena satisfação. Neste contexto, os três anos do Resenhando me fizeram realizar duas grandes ambições: entrevistar ídolos na literatura. A primeira foi Ana Miranda, logo depois de ser contemplada com o seu segundo prêmio Jabuti de literatura, pelo romance “Dias e Dias”, uma biografia romanceada do poeta Gonçalves Dias. Ana se mostrou extremamente doce, receptiva e atenciosa.

Três anos depois, o feito se repete com a escritora Fernanda Young, uma das escritoras mais vendidas e polêmicas do Brasil. Primeiro porque ela contraria toda idealização que se tem a respeito de um escritor –além de jovem, bonita e de se superexpor escrevendo livros, ela ainda protagoniza um programa de TV e é roteirista, juntamente com o marido, Alexandre Machado, do sitcom "Minha Nada Mole Vida" da TV Globo. Segundo porque a crítica é madrasta com seus livros, que nem por isto deixam de encantar os leitores e deixa-los de joelhos diante de seu brilhantismo.

A entrevista seria dada, em um primeiro momento, na ocasião do lançamento do novo livro “Aritmética”, que marcava sua ida para a Ediouro, época em que chegamos a entrar em contato com a assessoria de imprensa da editora. Mas Fernanda Young merecia uma edição especial, como a de três anos do site –data mais que simbólica– e também pela coragem dela expor seus poemas pela primeira vez, no recém-lançado “Dores do Amor Romântico”, também da Ediouro.

Nunca fui dado a idolatria, mas em entrevistas sempre tento me colocar no lugar de fãs e perguntar o que eles querem saber. Essa relação de confiança sempre me favoreceu a tirar, de meus entrevistados, frases de efeito e declarações sinceras. Com esta entrevista, não foi diferente. Desde o primeiro contato, Fernanda foi rápida, atenciosa, e demonstrou boa vontade conosco. Foi um flerte de três anos –mesmo que fosse platônico e não ela soubesse disso– com final feliz. Próximo passo? “Ainda agora, contra todas as minhas vontades, retorno ao meu novo livro. Essa força é maior do que o desejo de desistência. É a força do dharma, deve ser maior do que eu”. Com vocês, a grande estrela da literatura brasileira atual, lírica, dissecada e reveladora para, tal qual Sherazade, encantar a você pelo seu dom da palavra. 


Resenhando.com - O que diferencia a personagem, da mulher Fernanda Young? Qual a linha tênue que delimita o que é realidade e idealização?
Fernanda Young - Creio que parte do que é idealizado é minha responsabilidade. E mesmo o que não é real já me pertence. Uso de artimanhas cênicas para causar um ruído e, às vezes, sou mal-interpretada. Entendo que nem sempre sou capaz de ser clara nas minhas intenções, mas a burrice também tem péssima noção de ironia. O que posso dizer é: quem me conhece na intimidade sofre muito em ter que me defender dos burros. 


Resenhando.com - Escrever é exteriorizar alteregos, brincar de “querido diário” sem adesivos, meninices e sigilo total, ou necessidade vital? 
Fernanda Young - Necessidade vital. Mesmo sem publicar, eu escreveria. Escrever me salva da esquizofrenia.


Resenhando.com - Como, quando e por que você começou a escrever? Acreditava que iria tão longe?
Fernanda Young - Comecei a escrever por volta dos oito anos, logo que fui alfabetizada. Tive muita dificuldade de aprender a escrever. Diziam que eu era disléxica. Hoje em dia, eu sei que não podia aprender, só isso. Mas eu também sabia que seria uma escritora. Eu recitava os meus poemas, sem conseguir escrevê-los. Nunca achei que publicaria um livro. Mas tinha uma idéia romântica de ser descoberta depois de morta. 


Resenhando.com Por que você escreve outros livros dentro de um? Há ansiedade de dissertar sobre vários assuntos ao mesmo tempo, ou existe outro motivo? 
Fernanda Young - Porque não tenho fôlego, ou paciência, de manter uma história apenas.


Resenhando.com Seu programa na GNT é uma espécie de fake reality, com crônicas urbanas que mostram o quanto você pode ficar irritada quando sai de casa. Na real, o que irrita Fernanda Young?
Fernanda Young - Burrice. Burrice para mim é deficiência de caráter. Um burro é, na verdade, um preconceituoso preguiçoso.


Resenhando.com Escrever é visceral? Requer mais transpiração ou inspiração?
Fernanda Young - Transpiração. Inspiração eu tive só até os 17 anos.


Resenhando.com Até que ponto você permite se expor ao escrever? Em determinados momentos, você coloca um limite?
Fernanda Young - Não coloco limites. Posso não publicar. Não mostrar para ninguém. Mas jamais irei me censurar. Escrevo como quero e o que quero. Escrevo para mim. 


Resenhando.com O que é ficção, e o que é autobiografia em seus livros? Para quem escreve Fernanda Young?
Fernanda Young - A minha literatura é um jogo cheio de enigmas. Quando pensam que estou num personagem, estou num outro. Quando parece que é num acontecimento que me revelo, pode ter certeza que estou disfarçando; são nas sutilezas que me escancaro. Escrevo para mim, para a minha irmã, para o Alexandre e mais alguns amigos. Mas jamais me esqueço dos meus leitores. Parece que conheço cada um deles. Sinto-os, diria.


Resenhando.com Algumas pessoas criticam sua postura de apresentar programas, aparecer, dar opiniões polêmicas, porque consideram que a postura de um escritor deve ser de reclusão, envolta em mistério. O que tem a responder sobre isto?
Fernanda Young - Cafonas. São como aqueles que temem beber refrigerante. Há os que acham que celular dá tumores na cabeça. Os que acreditam que televisão seja um demônio. E que o bom escritor é triste, desleixado, magoado. Se eu fosse uma herdeira milionária, talvez ninguém nunca tivesse visto a minha cara. Poderia dar as minhas “opiniões polêmicas” só para os amigos. Mas preciso – e gosto – de fazer televisão.


Resenhando.com A maternidade mudou sua maneira de produzir?
Fernanda Young - Agora, demoro bem mais para escrever um livro. 


Resenhando.com Você disse que, ser bonita, atrapalhava sua vendagem nos livros, no entanto, é uma das escritoras mais vendidas no Brasil. Continua com este pensamento? Por que?
Fernanda Young - Vendo porque faço um “corpo a corpo” enorme. Vou a várias cidades divulgar o meu livro. Dou entrevistas – quando estou em lançamento – para qualquer mídia. Não tenho frescuras. Não sou exigente. Não faço gêneros. Pela literatura, me expus. Fiz tudo para chamar atenção para que lessem os meus livros. Se dependesse da mídia especializada, estaria vendendo exemplares em bares. Vendo muito porque escrevo bons livros e tenho leitores inteligentes. E porque luto por isso. Não tive nenhuma facilidade na vida. As pessoas podem ter a falsa impressão de que a minha vida profissional foi facílima, e foi o contrário. Só que sou determinada. Não estou brincando de ser escritora. Sou grata aos meus leitores. Preciso deles. Vou atrás deles. Então vendo bem. 


Resenhando De toda sua produção literária, qual de seus livros você considera o melhor? 
Fernanda Young - "Aritmética". Porque penei feito uma desgraçada para escrevê-lo.


Resenhando.com Como é o processo de montagem das personagens de seus livros? São inspiradas em pessoas que você conhece, ou frutos de sua imaginação?
Fernanda Young - Alguns personagens são inspirados, mas nunca totalmente. Sou uma escritora de ficção, não uma adolescente que escreve diários.


Resenhando.com O que levou uma escritora bem-sucedida de romances publicar o primeiro livro de poemas? Você sempre os escreveu? Como foi essa produção, a escolha de poemas?
Fernanda Young - Sempre escrevi poemas. Mas são cada vez mais raros. Decidi publicá-los porque tenho a minha carreira de romancista já bem definida. Não poderia deixar de fazer esse convite aos meus leitores. Acho que ler poesia salva um afogado – como bem disse Mário Quintana. Então, estou tentando ajudar e me salvar de ter esses poemas na gaveta, como fantasmas debaixo da cama. A edição foi feita por mim e pelo meu editor Paulo Roberto, o critério foi a qualidade e o tema: amor.


Resenhando.com É verdade que troca de computador quando vai escrever um novo livro?
Fernanda Young - Fico muito tempo com o computador. Esse que uso agora já está quase sem as letras das teclas. Bato com muita força. E preciso estar estimulada. É o meu trabalho. Adoro um novo Mac. E surgem lindas opções, convenhamos. Mas depois do nascimento das meninas tenho sido menos consumista. Esse em que estou escrevendo vem desde o Aritmética. Estou louca para trocá-lo.


Resenhando Que rituais você tem antes de escrever?
Resenhando.com - Tento estar bonita. Preciso acreditar em mim para escrever coisas belas. Somente de tarde. Nunca de manhã. Agora estou aproveitando as madrugadas. Escuto músicas-chaves. Só paro quando sei como continuar no dia seguinte.


Resenhando.com Por que você repetiu personagens de “As sombras das Vossas Asas”, em “Aritmética”?
Fernanda Young - Não sei bem porque, mas o Rigel Dantas me é muito atrativo. Gosto de fotografia, e ele é fotógrafo, talvez seja isso. 


Resenhando.com Qual a diferença entre escrever roteiros para o cinema e TV, e escrever livros?
Fernanda Young - Nos livros, sou totalmente livre.


Resenhando.com A qualidade dos textos literários pode ser levada para a televisão, ou cinema?
Fernanda Young - Sim. Tenho tentado fazer isso. Mas é preciso estar no meio de uma boa equipe.


Resenhando.com Você flertou com o folhetim em seu segundo livro, “A sombra das vossas asas” e declarou ter vontade e escrever uma telenovela. Como seria esta novela?
Fernanda Young - Já desisti. As novelas não me interessam mais – por enquanto. Gostaria de adaptar o “Aritmética” para uma minissérie.


Resenhando.com Qual a sensação de ver seu primeiro livro “Vergonha dos pés” adaptado para o teatro?
Fernanda Young - Acho que terei um treco no dia da estréia. Estou muito feliz. O José Possi Neto é uma realeza. E espero sobreviver a tamanha exposição.


Resenhando.com Como é ver seus livros traduzidos para outras línguas?
Fernanda Young - Só lancei em Portugal. E um trecho do “Aritmética” na Itália. É engraçado. Mas não me importo. Quero a minha língua. 


Resenhando.com Embora a crítica especializada seja cruel com você, seu último romance “Aritmética”, permaneceu semanas na lista dos mais vendidos da revista “Veja”. Como lida com críticas?
Fernanda Young - Acho que eles não são bem informados. Poderiam apontar deficiências, mas querem somente chamar a atenção do artista para eles, então os acho – na grande maioria – uns bobos invejosos. Mas, sinceramente, não me importo mais. Podem me esculhambar, que eu já criei casco. Acho que por isso, de uns tempos para cá, eles se fazem de cegos. Também não ligo. Os meus leitores continuam fiéis.


Resenhando.com O que explica a maioria dos resenhistas torcerem o nariz para você, e ser tão adorada pelos leitores?
Fernanda Young - Os leitores são muitos. O Brasil é enorme, não é somente Rio-SP. Os resenhistas são sempre os mesmos, sempre com a mesma burrice e rancor.


Resenhando.com Acredita que novos escritores tem tanto espaço na mídia quanto escritores de antigamente?
Fernanda Young - Sim. Até mais. É preciso lutar. Mas há os blogs e a internet. Antes era mais complicado.


Resenhando.com Jornalismo e literatura podem conviver? Ou seja, acredita que o jornalismo pode vaguear em qualquer linguagem?
Fernanda Young - Sim, acredito. Muitos dos meus autores prediletos eram jornalistas: Hemingway, Paulo Francis…


Resenhando.com Como uma das garotas-propaganda do jornal “O Estado de S. Paulo”, para você, o que é pensar “inho” e “ão”?
Fernanda Young - Inho é bobinho. Ão é coração.


Resenhando.com Em 2001, você foi anunciada como cronista do Jornal do Brasil, mas só publicou dois textos e a coluna foi suspensa, sem explicação. O que aconteceu?
Fernanda Young - Escrevi uma crônica que foi censurada. 


Resenhando.com Por que saiu do catálogo da editora “Objetiva” e foi para o da “Ediouro”?
Fernanda Young - Era necessária uma mudança. A Objetiva foi fundamental, mas eu precisava ser vista de maneira diferente, não mais como uma garota, e sim como uma escritora adulta.


Resenhando.com Você já disse que Madonna era sua mãe ideológica. Inclusive colocou parte do nome dela em sua filha, Cecília Madonna (gêmea de Estela May, com cinco anos). Como os atos dela influenciaram em sua vida?
Fernanda Young - Ela é ousada e profissional. Determinada. Doida. Livre. Simular masturbação num palco é libertador. Viver tão livremente, como ela faz, é um constante desafio a nossa própria noção de liberdade.


Resenhando.com Em entrevista para a revista Cláudia, você afirma que sempre detestou o termo "literatura feminina". Por quê?
Fernanda Young - Porque não sou só isso. 


Resenhando.com Qual o real motivo de sua saída do programa "Saia Justa"?
Fernanda Young - Estava de saco cheio. 


Resenhando.com O que falta para realizar você na arte?
Fernanda Young - Escrever mais romances.


Se a melhor maneira de celebrar a existência de um escritor é lê-lo, o Resenhando fez uma lista em ordem alfabética com os livros de Fernanda Young à espera de um leitor. 

"A Louca Debaixo do Branco" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"A Mão Esquerda de Vênus" (Globo Livros), de Fernanda Young. Compre neste link.

"A Sombra das Vossas Asas" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"As Pessoas dos Livros" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Aritmética" (Ediouro), de Fernanda Young. Compre neste link.  

"Aritmética" (Editora Rocco, relançamento), de Fernanda Young. Compre neste link.  

"Carta para Alguém Bem Perto" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Dores do Amor Romântico" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Estragos" (Globo Livros), de Fernanda Young. Compre neste link

"O Efeito Urano" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"O Pau" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Pós-F: Para Além do Masculino e do Feminino" (Editora Leya), de Fernanda Young. Compre neste link.

"Posso Pedir Perdão, só Não Posso Deixar de Pecar" (Editora Leya), de Fernanda Young. Compre neste link

"Tudo que Você Não soube" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link

"Vergonha dos Pés" (Editora Rocco), de Fernanda Young. Compre neste link.
 

domingo, 4 de junho de 2023

.: "Enquanto Anoitece", de Luiz Eduardo Soares, é um livro eletrizante



"Enquanto Anoitece"
, de Luiz Eduardo Soares, é um livro eletrizante que atravessa o Brasil estrada afora e através das décadas. O livro lançado pela editora Todavia conta a história de um homem simples do interior do nordeste cruza o país, de 1955 a 2005, migrando da violência institucionalizada − foi pistoleiro na ditadura − à nobreza do amor paterno − mais velho, torna-se um pai dedicado e trabalha como porteiro no Leblon. 

Diante de impasses e bifurcações do destino, os protagonistas deste romance feroz, que atravessa engenhos, estradas empoeiradas e favelas controladas por milicianos, se movimentam com uma energia dramática que captura o leitor desde a primeira página. No fio da navalha, a história do Brasil. Compre o livro "Enquanto Anoitece" neste link.


Sobre o autor
Luiz Eduardo Soares
é cientista político, antropólogo e ex-secretário nacional de Segurança Pública. É autor, entre outros, de "O Brasil e Seu Duplo" (Todavia, 2019). Garanta o seu exemplar de "Enquanto Anoitece" neste link.

.: Espetáculo "Crime e Castigo 11:45" estreia dia 9 de junho no Sesc Ipiranga


Solo atravessado por músicas do David Bowie aproxima o público ao clássico de Dostoiévksi de forma descomplicada, acolhedora e bem humorada. A atriz mescla "Crime e Castigo" com a história de seus pais, fazendo um tipo de celebração da vida  Foto: Thais Grechi


"Crime e Castigo 11:45" surge do encontro da atriz Liliane Rovaris com o clássico absoluto do autor russo Fiódor Dostoiévksi (1821-1881). Apesar de já conhecer a obra, a atriz embarcou na releitura, durante o período de luto pela perda de seus pais, motivada intuitivamente por um sentimento de solidão e uma possibilidade de recomeço, ações que encontram eco na trajetória de Raskólnikov, o protagonista do romance. 

Assim, tendo como princípio aproximar o livro do público de forma descomplicada, acolhedora e inclusive, bem humorada, à medida em que Liliane conta a história criada pelo genial autor russo, traça paralelos com histórias sobre seus pais, tornando a ideia do luto um tipo de celebração da vida.  

A peça, que estreou em 2022 no Rio de Janeiro, tem sua temporada paulistana no programa Teatro Mínimo do Sesc Ipiranga, entre os dias 9 de junho e 9 de julho, com apresentações às quintas e sextas-feiras, às 21h30; aos sábados, às 19h30, e aos domingos, às 18h30.

Com uma equipe de criação e produção majoritariamente feminina, a montagem tem texto da própria Liliane Rovaris e direção de Camila Márdila, atriz premiada do filme Que horas ela volta e da série Bom Dia Verônica, que marca sua primeira direção no teatro. As duas já têm uma parceria de longa data, tendo dividido diversos outros trabalhos, incluindo a realização de espetáculos teatrais e oficinas para atores desde 2013.

Dostoiévski conduz seus personagens com um sentimento de compaixão, mostrando suas contradições sem jamais julgá-los ou encerrá-los em uma definição. 'Em tempos de julgamentos imediatos, parar, observar, esperar o que vem a seguir, antes de decretar algo, foi um alento para mim. O livro foi me dando a calma e a possibilidade de enxergar aquele momento como algo em transição, em transformação’, analisa a atriz.

No decorrer da criação, em 2018, Liliane se deparou com a notícia de que Crime e Castigo é um dos livros mais lidos entre os presidiários no Brasil. Em troca de dois dias de liberdade eles apresentam um resumo do livro. E é uma dessas resenhas, publicada na matéria jornalística, que inspira o recorte dramatúrgico da peça:

Dostoiévski narra a história de Raskólnikov, um jovem estudante que comete um duplo assassinato e é perseguido por sua própria consciência até que conhece uma prostituta, Sônia, única pessoa para quem consegue contar sobre o crime cometido. É essa trajetória que a artista narra e encena em paralelo com suas próprias memórias, incluindo uma experiência que envolve o ídolo da música, David Bowie, cujas músicas atravessam o solo. 

O cenário remete ao quarto dos pais da atriz que, apostando na potência transformadora de se compartilhar uma história, se inspira em peças performáticas, como as de Lola Arias, artista argentina que tem como marca a sobreposição entre realidade e ficção, e como as do norte americano Spalding Gray (1941-2004), cuja presença vibrante parecia sempre celebrar o milagre de estar ali, no teatro, contando uma história. 

Durante o processo, Liliane trabalhou o texto em uma oficina para jovens internos que cumprem medidas socioeducativas no Degase. Através deste contato, a atriz pôde confirmar a importância e a capacidade de interação do livro com diferentes realidades, reforçando a escolha por um caminho direto e acolhedor na forma de contar essa história, fora do lugar erudito e inacessível  por vezes atribuído à obra. Revelar essa trajetória, que vai da extrema contração do ódio à redenção pela compaixão em tempos de muita intolerância, fez sentir ainda mais forte o desejo de levá-la para o teatro.

Ficha técnica
Concepção e dramaturgia: Liliane Rovaris a partir da obra de Dostoiévski. Direção: Camila Márdila. Atuação: Liliane Rovaris. Tradução do romance: Paulo Bezerra. Direção de arte: Branca Bronstein e Patrícia Tinoco. Direção de movimento: Denise Stutz. Assistente de direção: Flow Kountouriotis. Figurinista: Gabriela Marra. Iluminação: Sarah Salgado. Operação de som: Flow Kountouriotis. Fotógrafo: Pedro Prado e Thais Grechi. Design gráfico: Ana Carneiro. Direção de produção: Aura Cunha | Elephante Produções. Assistente de produção: Yumi Ogino e Vini Silveira. Colaboração artística: AREAS Coletivo, Adriano Guimarães, Claudia Elias, Emergências Coletivo, Leo Bianchi e Tatiana Devos.


Cursos

"Auto-ficção e Literatura: Processo de Criação de Solos Teatrais"
Com Liliane Rovaris e Camila Márdila (AREAS Coletivo)

"Um Mundo a Sonhar - Criação de Histórias a Partir da Obra de  Dostoiévski"
Com Liliane Rovaris. Mais informações em sescsp.org.br/ipiranga


Serviço
"Crime e Castigo 11:45", de Liliane Rovaris. Teatro Mínimo. Temporada: 9 de junho a 9 de julho, às quintas e sextas, às 21h30; aos sábados, às 19h30; e aos domingos e feriados, às 18h30. Sesc Ipiranga - Auditório - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga. Ingressos: disponíveis no portal e presencialmente nas unidades do Sesc São Paulo, a partir de 31/5, quarta-feira, às 17h. Valores: R$ 30 (inteira), R$ 15 (estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência), R$ 10 (credencial plena). Classificação: 16 ano. Duração: 70 minutos. Capacidade: 32 lugares. Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

.: Com novo elenco, premiado musical "Bertoleza" faz temporada gratuita


Com direção de Anderson Claudir, adaptação inverte o protagonismo na obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e é estrelada por Lu Campos. Foto: Joaquim Araújo

Após duas temporadas de sucesso, o premiado musical “Bertoleza”, da Gargarejo Cia Teatral, volta em cartaz no Teatro Arthur Azevedo, entre os dias 29 de junho e 9 de julho, de quinta a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 19h. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência. Todas as sessões aos domingos têm intérpretes de Libras.

A montagem, com adaptação, direção e músicas de Anderson Claudir, que também assina a dramaturgia ao lado de Le Tícia Conde, é inspirada no livro “O Cortiço”, clássico naturalista de Aluísio Azevedo. Mas, desta vez, o público conhece a história sob ponto de vista da Bertoleza, uma mulher negra que é tão importante para a construção do romance quanto o próprio João Romão, o protagonista original. O espetáculo ganhou os palcos paulistanos em 2020 e já conquistou público e crítica, em sessões sempre lotadas. “Bertoleza” recebeu o prêmio APCA de Melhor Espetáculo naquele mesmo ano.  

A história
Na trama, o oportunista Romão propõe uma sociedade à escrava Bertoleza, prometendo comprar a alforria dela. Eles começam uma vida juntos e constroem um pequeno patrimônio formado por um enorme cortiço, um armazém e uma pedreira. 

Depois de acumular capital considerável, o ambicioso João Romão já não sabe como se tornar mais rico e poderoso. Envenenado pelo invejoso Botelho, ele decide se casar com Zulmira, a filha de Miranda, um negociante português recentemente agraciado com o título de barão. Mas, para isso, precisa se livrar da amante Bertoleza, que trabalha de sol a sol para lutar pelo patrimônio que eles construíram juntos.

Para a companhia, o grande desafio foi fazer com que uma narrativa do século 19 questionasse e problematizasse as relações criadas nos dias de hoje. Por isso, o projeto iniciado em 2015 foi ganhando novos contornos. “Quisemos investigar uma identidade brasileira, que vem da diáspora africana, e pensar em como isso nos afeta artisticamente. Assim, podemos criar novos signos para essa geração e dar uma voz para essa terra periférica”, conta Claudir. 

No processo, o coletivo procurou a força da figura de Bertoleza em outras mulheres negras brasileiras negligenciadas pela História. Durante a encenação, o elenco relembra as histórias da vereadora Marielle Franco, militante da luta negra assassinada em março de 2018; da escritora Carolina Maria de Jesus, famosa pelo livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada; da jornalista e professora Antonieta de Barros, defensora da emancipação feminina que foi apagada dos livros de História; da escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira; e da guerreira Dandara, que viveu e lutou no período colonial.

A protagonista do espetáculo é interpretada pela atriz Lu Campos. O elenco fica completo com Ali Baraúna (Botelho), Taciana Bastos (Zulmira), Roma Oliveira (João Romão), com os integrantes do coro Thiago Mota, Cainã Naira, Larissa Noel, Palomaris, Edson Teles e Welton Santos.

A direção musical é assinada por Eric Jorge, a direção de movimento, por Emílio Rogê, que contou com Taciana Bastos como coreógrafa associada; a preparação vocal, por Juliana Manczyk; e a preparação de elenco, por Eduardo Silva. Compre o livro “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, neste link.

Relação profunda entre vida e obra
Para Lu Campos, interpretar Bertoleza tem um significado ainda mais profundo. No processo desde 2015, ela conta que vivenciou um chamado ancestral em 2017: suas antepassadas maternas deram-lhe a missão de quebrar o ciclo de opressão vivenciado por sua família desde os tempos de escravidão. “Espero que as mulheres pretas se sintam bem representadas na peça e a partir disso, busquem seus lugares de protagonismo nos variados âmbitos da vida”, conta. 

Para a atriz, estar nesse processo contribui para a sua expansão de consciência. Em busca de mais respostas sobre sua ancestralidade, ela também cursou a pós-graduação em Matriz Africana pela FACIBRA/Casa de Cultura Fazenda Roseira. “As pessoas precisam perceber quão rica e diversificada é a matriz africana, por isso ela deve ser resgatada e valorizada. Afinal, a África é o ventre do mundo”, emociona-se.

Para esta temporada, a Gargarejo Cia. Teatral preparou uma série de palestras e rodas de conversa sobre a montagem e as mulheres que inspiraram a Bertoleza. Veja a programação completa abaixo. Este projeto foi contemplado com o Edital de Apoio A Projetos Culturais de Múltiplas Linguagens para a cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. Garanta o seu exemplar de “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, neste link.


Ficha técnica
Direção, adaptação, letras e assistência de produção: Anderson Claudir. Dramaturgia final: Anderson Claudir e Letícia Conde. Direção musical: Eric Jorge. Direção de movimento e coreografia: Emílio Rogê. Músicas: Anderson Claudir, Andréia Manczyk, Eric Jorge e Juliana Manczyk. Preparação vocal: Juliana Manczyk. Design de som: Sound Design Labsom. Preparador de elenco: Eduardo Silva. Coreógrafa associada: Taciana Bastos. Cenografia e figurino: Dani Oliveira. Assistente de cenografia e figurino: Gabriela Moreira. Visagista: Victor Paula. Iluminação: Andressa Pacheco. Projeção: Aline Almeida. Técnico de palco: Leonardo Barbosa. Elenco: Lu Campos, Ali Baraúna, Taciana Bastos, Roma Oliveira, Cainã Naira, Larissa Noel, Palomaris, Edson Teles, Thiago Mota e Welton Santos. Direção de produção: Andréia Manczyk. Assessoria de imprensa: Agência Fática – Bruno Motta Mello e Verô Domingues.

Serviço
"Bertoleza", da Gargarejo Cia Teatral . Teatro Arthur Azevedo - Avenida Paes de Barros, 955 - Mooca/São Paulo. Temporada: 29 de junho a 9 de julho, de quinta a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 19h. Ingresso: gratuito | Retirada na bilheteria com 1 hora de antecedência. Duração: 90 minutos. Recomendação etária: 12 anos. Acessibilidade: o espaço possui acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida | Todas as sessões aos domingos têm intérpretes de Libras.

Atividades paralelas

Palestra “O processo de adaptação” – 29/6 e 6/7, às quintas, após o espetáculo
O diretor e dramaturgo do espetáculo Anderson Claudir aborda como se deu o processo de composição das músicas e adaptação da obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo. 

Palestra “As mulheres de Bertoleza” – 30/6,1º/7 e 2/7, após o espetáculo
O elenco feminino irá conversar com o público sobre as suas personagens e as personalidades discutidas na peça: Antonieta de Barros, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmino dos Reis e Marielle Franco. 

Rodas de conversa – 7/7, 8/7 e 9/7, após o espetáculo
O diretor e dramaturgo do espetáculo Anderson Claudir, junto ao elenco, irá promover uma conversa sobre a montagem. E o público será convidado a fazer questões sobre o processo e a obra.

.: "Barbie The Album" retorna com novo single "Watati" de Karol G


Após o lançamento completo e inovador da tracklist de “Barbie The Album”, na última semana, com a revelação épica de artistas participantes da trilha e um primeiro single eletrizante, a Atlantic Records - uma distribuição nacional Warner Music Brasil - lança uma nova faixa para o tão aguardado filme "Barbie", estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling, como Barbie e Ken, e distribuído pela Warner Bros. Pictures. A trilha sonora continua a crescer com este novo single do momento, “Watati”, da artista global Karol G feat. Aldo Rank. Um videoclipe oficial também será lançado ainda este mês.

 “Watati” foi precedida pelo primeiro single oficial da trilha sonora, “Dance The Night”, da superestrela global, vencedora de três prêmios Grammy, Dua Lipa, que também faz uma participação no filme. Produzida por Mark Ronson, Andrew Wyatt e os irmãos Picard, a faixa sexy e pronta para o verão do hemisfério norte pode ser ouvida no trailer oficial do filme e chegou ao lado de um deslumbrante vídeo oficial com uma participação especial da roteirista, diretora e produtora executiva do filme Barbie, Greta Gerwig (“Little Women,” “Lady Bird”). “Dance The Night” já acumulou mais de 20 milhões de streams em todo o mundo e o clipe oficial conta mais de 11 milhões de visualizações em apenas uma semana.

 “Barbie The Album” contemplará novas faixas com uma formação inédita de artistas, incluindo Nicki Minaj e Ice Spice, Lizzo, Karol G, Charli XCX, PinkPantheress, Ava Max, Dominic Fike, Khalid, The Kid Laroi, Tame Impala, Haim, Gayle e Fifty Fiftyfeat. Kali. A estrela do filme “Barbie”, Ryan Gosling, também se junta à robusta lista de intérpretes da trilha sonora com sua icônica música original interpretada como seu personagem, Ken.

Esse projeto reafirma a parceria de enorme sucesso entre a Atlantic Records e a Warner Bros. Pictures. As duas empresas já se uniram anteriormente para o “Birds of Prey: The Album”, de 2020, que ganhou certificado pela RIAA (duas vezes Platinum), juntamente com o “Suicide Squad: The Album”, indicado ao Grammy Award de 2016.

“Barbie: The Album” foi produzido pelo DJ e produtor de renome internacional, vencedor do Oscar, Globo de Ouro e sete prêmios Grammy, Mark Ronson, e roteirizado e dirigido por Greta Gerwig, que também é produtora executiva de “Barbie”. A trilha sonora do álbum foi produzida e supervisionada pelo presidente da Costa Oeste da Atlantic Records, Kevin Weaver (também produtor da trilha sonora de projetos de The Greatest Showman, Suicide Squad, Daisy Jones & The Six, Birds Of Prey, Furious 7, The Fault in Our Stars e The Fate of the Furious) e pelo EVP da Atlantic Records e co-chefe de Pop/Rock A&R, Brandon Davis. 

Nomeado pela Rolling Stone como um “guru da trilha sonora”, Weaver é vencedor do Grammy, além de ter também cinco indicações ao prêmio. Ele produziu vários projetos de trilhas sonoras que acumularam dezenas de milhões de álbuns vendidos em todo o mundo. Outros nomes importantes envolvidos no projeto são os co-produtores do álbum da trilha sonora, Brandon Creed e Joseph Khoury, bem como o supervisor musical de “Barbie” e produtor executivo do álbum, George Drakoulias. Compre produtos Barbie neste link.

Sobre o filme “Barbie”
Warner Bros. Pictures apresenta uma produção da Heyday Films, da LuckyChap Entertainment, da NB/GG Pictures e da Mattel. O filme será distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures e lançado nos cinemas internacionalmente a partir de 19 de julho de 2023. Dirigido por Greta Gerwig, “Barbie” é estrelado por Margot Robbie, Ryan Gosling, America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Rhea Perlman e Will Ferrell. 

O filme também é escrito por Greta Gerwig e por Noah Baumbach, baseado em “Barbie” da Mattel, e produzido por David Heyman, Margot Robbie, Tom Ackerley e Robbie Brenner. Os produtores executivos são Michael Sharp, Josey McNamara, Ynon Kreiz, Courtenay Valenti, Toby Emmerich e Cate Adams.
O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas e assiste as estreias dos filmes no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, em Santos. Consulta de programação e compra de ingressos neste link.


Tracklist “Barbie The Album”

1. Lizzo - Pink
2. Dua Lipa - Dance The Night
3. Nicki Minaj & Ice Spice - Barbie World (with Aqua)
4. Charli XCX - Speed Drive
5. Karol G - Watiti (feat. Aldo Ranks)
6. TBA
7. Tame Impala - Journey To The Real World
8. Ryan Gosling - I’m Just Ken
9. Dominic Fike - Hey Blondie
10. Haim - Home
11. TBA
12. The Kid Laroi - Forever & Again
13. Khalid - Silver Platter
14. PinkPantheress - Angel
15. Gayle - Butterflies
16. Ava Max - Choose Your Fighter
17. Fifty Fifty - Barbie Dreams (feat. Kali)

.: #Resenhando20Anos: Resenha crítica da animação "Divertida Mente"

No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completa 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos conseguem estar muito atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. A resenha crítica da animação "Divertida Mente" é uma das mais lidas nos 20 anos de Resenhando.com.

.: Resenha crítica da animação "Divertida Mente"

Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em julho de 2015

As animações Disney sempre tiveram um colorido chamativo e vibrante, mas após a definitiva junção com a Pixar, no quesito visual, a beleza ficou ainda melhor. Em "Divertida Mente" não é diferente. Cores e brilhos chamativos e, para a nossa alegria, uma boa e diferente narrativa. Quem nunca quis saber o que se passa na mente do outro que atire a primeira pedra.

Não pense que a produção descreve a mente humana. Embora trate disto, o foco está no papel das emoções. Observe um dos cartazes do longa. De fato, quem manda e desmanda na história é justamente a "montanha-russa das emoções". Com um roteiro muito bem elaborado, diferente das últimas produções, como por exemplo, "Aviões", a produção dirigida por Pete Docter está além da média dos filmes da própria Pixar. É uma animação tão boa que ao terminar deixa uma enorme vontade de rever tudo o que aconteceu com Riley para desbravar detalhes que passaram despercebidos.

Em "Divertida Mente", tudo começa no nascimento da jovem Riley. Já aos 11 anos, a garota divertida enfrenta mudanças importantes em sua vida. Calma! Além dos "problemas" da puberdade, ela precisa deixar a cidade natal, no centro dos Estados Unidos, para viver em São Francisco. E... lá vamos nós novamente para São Francisco, tal qual em "Operação Big Hero". (Resenha de Operação Big Hero/Tudo sobre Operação Big Hero)


É em São Francisco que o cérebro de Riley passa a lidar -mais frequentemente-  com várias emoções distintas, como a Alegria, o Medo, a Raiva, a Repulsa e a Tristeza. Quem são eles na história? Os personagens que convivem de modo organizado e fazem a narrativa ganhar ritmo e, claro, emoção. No entanto, a Alegria perde o controle geral quando Riley tem um momento complicado na nova escola. Resultado: Todas as emoções se misturam.

Antes que toda a situação seja normalizada, ou melhor, restruturada, é difícil segurar as lágrimas. Sim! 
"Divertida Mente" consegue ser um filme infantil, mas de conteúdo tão bom que também se comunica com os adultos. Afinal, quem nunca teve uma explosão confusa de emoções e, então, sentiu saudade da infância? É imperdível!

Filme: Divertida Mente (Inside Out, E.U.A.) Elenco (vozes): Amy Poehler, Bill Hader, Mindy Kaling, Phyllis Smith, Lewis Black, John Ratzenberger
Direção: Pete Docter
Gênero: Infantil
Duração: 101 min.
Distribuidora: Walt Disney
Classificação: Livre



* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.blogspot.com. Twitter: @maryellenfsm 


sábado, 3 de junho de 2023

.: #Resenhando20Anos: Crítica: "A Lista", com Lilia Cabral e Giulia Bertolli


No dia 4 de junho de 2023 o Resenhando.com completa 20 anos. Durante esse mês, matérias emblemáticas que foram destaque no portal editado pelos jornalistas Mary Ellen Farias dos Santos e Helder Moraes Miranda serão republicadas. Ao fazer essa visita ao passado, percebemos que os textos conseguem estar muito atuais. 

Algumas delas, republicadas na íntegra, embora extremamente relevantes, apresentam aspectos datados ou têm marcas de expressões, pensamentos e linguagens que podem estar ultrapassadas, mas são um registro da história deste veículo. A resenha crítica do espetáculo "A Lista", que está excursionando pelo país, é uma das mais lidas nos 20 anos de Resenhando.com. Na republicação da crítica, foi retirado o serviço da peça.


.: Crítica: "A Lista", com Lilia Cabral e Giulia Bertolli, mãe e filha no teatro

Por 
Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando. 

Depois de dez anos, Lilia Cabral volta ao teatro em São Paulo na estreia nacional da peça "A Lista", ao lado da filha Giulia Bertolli, juntas no palco pela primeira vez. A montagem inédita segue em cartaz nos palcos do Teatro Renaissance com dramaturgia de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva. Foto: Pino Gomes

Algo de mágico acontece nas noites de São Paulo entre o sábado e o domingo. É quando as atrizes Lilia Cabral e Giulia Bertolli sobem ao palco do Teatro Renaissance para apresentar "A Lista", peça teatral escrita por Gustavo Pinheiro. Sob a direção cheia de sensibilidade de Guilherme Piva, elas emocionam, divertem e falam sobre o agora, em um momento em que a pandemia ainda está entre nós e atingiu tanta gente: a catarse é generalizada.

A partir de dois pontos de vista antagônicos, as personagens Laurita (Lília Cabral) e Amanda (Giulia Bertolli) discutem a relação construída a partir de uma gentileza: a história da jovem prestativa que se oferece para fazer compras por alguns moradores de um condomínio, entre eles uma senhora que, para se protager do coronavirus, não sai de casa há meses.

Amanda erra produtos da lista, Laurita não agradece nunca e sempre reclama. Estabelece-se uma péssima relação até que uma delas resolve cortar o vínculo e, a partir de uma conversa franca, passar a limpo uma relação formada por indiferença, mágoas e mal-entendidos. A magia do palco se faz diante dos olhos de um público maravilhado. Impossível não reconhecer o talento de Lilia Cabral e nem se apaixonar pela atuação de Giulia Bertolli.

Na vida real, são mãe e filha - será que há na genética o talento de artista? Talvez essa pergunta permeasse a apresentação no início do espetáculo. Depois, a dúvida se dissolve. Ter parentesco com um artista consagrado, além de ser uma dádiva, também deve ter o dissabor de ter que provar a todo mundo que se é bom no que faz. No caso de Giulia, se por acaso isso ainda for uma questão, a plateia não percebe. Não há um duelo e nem um embate entre quem é melhor - há um complemento, uma sincronia e uma espécie de linha invisível que amarra as duas e envolve a todos em uma espécie de hipnose.

É notório que o público está ali para ver de perto a grande dama da televisão brasileira. Lilia Cabral, musa das reexibições das novelas no período da pandemia em horário nobre da emisssora líder de audiência no país - foram duas protagonistas e um papel de destaque em sequência: "Fina Estampa" (de Aguinaldo Silva), "A Força do Querer" (de Glória Perez) e "Império" (de Aguinaldo Silva).

No palco, não é novidade a entrega de uma artista tarimbada pela televisão - é o que se espera dela, mas o grande ponto de interrogação era a atuação da filha. Giulia Bertolli é, surpreendentemente, a cereja do bolo de "A Lista" - e talvez a espinha dorsal de tudo o que gira em torno desta produção. Em um embate de falas contundentes entre as personagens - a atriz, que chega a interpretar duas personagens - brilha de uma maneira que nenhuma artista da idade dela, diante de um mito feito Lilia Cabral, conseguiria fazer. Há segurança e integridade em todas as falas ditas por ela, mas também há muita humanidade.

Não há a competição de quem é melhor entre as atrizes porque não há disputa. Há, sim, uma atmosfera de afeto que talvez não fosse possível perceber se não fossem mãe e filha em palco cujo público está rendido. Não existe "A Lista" sem Lília Cabral, muito menos o espetáculo não teria o mesmo impacto sem a presença marcante de Giulia Bertolli. Qualquer substituição possível não teria o mesmo efeito.

"A Lista" é sobre o agora, mas é também sobre a urgência de encarar a própria vida e transformar o que restou dela. É imprescindível assistir e, se por algum motivo você não sair mudado, reveja (a vida e a peça - nas duas situações, pode ter certeza, você sairá no lucro).

Ficha técnica:
Espetáculo: 
"A Lista". Texto: Gustavo PinheiroDireção: Guilherme Piva. Elenco: Lilia Cabral e Giulia Bertolli. Cenários e figurinos: J.C. Serroni. Iluminação: Wagner Antônio. Direção de movimento: Marcia Rubin. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Fotógrafo: Pino Gomes. Programador visual: Gilmar Padrão Jr. Direção de produção: Celso Lemos.


A Lista", com Lilia Cabral e Giuliana Bertolli. Foto: Bob Sousa

.: Espetáculo "A Criança Mais Velha do Mundo" reestreia no Sesc Belenzinho


Reestreia do divertido e poético espetáculo “A criança mais velha do mundo” da Banda Mirim. Foto: Mujica 


A partir do dia 8 de junho, no Teatro do Sesc Belenzinho, as crianças (e adultos) poderão se divertir com “A Criança mais Velha do Mundo”, espetáculo infantil. Esse é o sexto espetáculo do premiado grupo de teatro Banda Mirim. Com texto de Marcelo Romagnoli, teve estreia em 2011 no Sesc Consolação, em São Paulo, contando com Cláudia Missura na direção e artistas convidados: Luciana Paes e Thiago Amaral atuando no elenco, além de Cláudia Dorei na trilha sonora ao vivo. Compre o livro "A Criança mais Velha do Mundo" neste link.


A história
"A Criança mais Velha do Mundo"  é uma fábula musical que brinca com as dimensões do tempo -  ontem, hoje, amanhã. Com projeções e música ao vivo, conta a história de Magnólia, uma menina de seis anos que sai de viagem com o pai rumo ao aniversário da prima, fora da cidade. Enquanto isso uma senhora também está se arrumando para a festa dos 90 anos de sua melhor amiga. O cruzamento das duas histórias revela o enigma que é o tempo na vida de todo mundo.


O tempo na infância
"A Criança mais Velha do Mundo" pretende discutir alguns aspectos da formação da infância e no entendimento dos pequenos sobre o tempo, além de “filosofar” sobre as dimensões em relação a acontecimentos do passado, presente e futuro. A principal característica do desenvolvimento da inteligência na criança é a curiosidade. Ela fica mais perguntadora, percebe as mudanças ao seu redor e quer saber por que elas acontecem. Mas a noção temporal nessa idade ainda é muito rudimentar. 

A compreensão do ontem e amanhã passa a se desenvolver depois dos 5 anos, quando a criança tem noções mais claras de tempo e espaço. O espetáculo, com sua forma fabular, trata com as noções de agora, ontem, hoje, amanhã, antes, depois, noite, dia, novo, velho, com humor e música, buscando a delicadeza e apoiando-se na força poética que só o teatro pode oferecer.


Sobre a Banda Mirim
Especialista em criar espetáculos que mesclam teatro, música e circo para infância e juventude, a Banda Mirim é um premiado grupo com sede na capital paulista, composto por 12 artistas de diferentes áreas – entre atores, músicos, cantores e artistas circenses –, que há 18 anos destaca-se no cenário nacional com seus musicais multidisciplinares, traduzindo em poesia o universo infanto-juvenil.

Em sua trajetória, realizou nove montagens, quatro CDs, três livros, cinco DVDs, três especiais para televisão, três revistas, dois documentários, uma web série com cinco episódios, uma série em jornal, podcast, oficinas audiovisuais de música e teatro e algumas Mostras de Repertório, contabilizando mais de 250 mil espectadores e conquistando excelentes críticas em apresentações concorridas por todo o país. Entre os 29 prêmios recebidos, estão seis troféus da APCA, quatro da FEMSA e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo.

Ficha técnica 
Texto: Marcelo Romagnoli. Co-direção: Cláudia Missura e Marcelo Romagnoli. Direção musical: Tata Fernandes. Elenco: Alexandre Faria, Cláudia Missura e Tata Fernandes. Músicas originais: Marcelo Romagnoli, Tata Fernandes, Valentina e Zoe D´orey. Cenário e luz: Marisa Bentivegna. Figurinos: Chris Aizner. Animações e vídeo-cenário: Anaisa Franco e Fernando Fraiha. Produção executiva: Andrea Pedro.


Serviço
"A Criança Mais Velha do Mundo". De 8 a 11 de junho 2023. De quinta a domingo, 12h. Local: Teatro do Sesc Belenzinho (374 lugares) . Ingressos: R$ 25,00 (inteira); R$ 12,50 (meia entrada); R$ 8 (credencial plena do Sesc). Grátis com retirada de ingressos (crianças até 12 anos). Recomendação etária: livre. Duração: 50 minutos. Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 -  Belenzinho/São Paulo. Telefone: (11) 2076-9700. Estacionamento: de terça a sábado, das 9h às 22h. Domingos e feriados, das 9h às 20h. Valores: credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12 a primeira hora e R$ 3 por hora adicional. Transporte público: Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m).

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