sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

.: Resenha de "De A-ha a U2: Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música"

Encontrando-se na sonoridade pop

Por: Helder Miranda

Em dezembro de 2007


Autobiografia musical. Não é só mais um livro-documentário musical, e quem ler 
De A-ha a U2: Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música, de Zeca Camargo, vai saber o porquê.


Quando se pensa em jornalismo, ainda mais para quem trabalha nessa área do que para leigos, a objetividade é citada quase que o tempo todo, mas sabe-se, ela não existe. Qualquer reportagem vai ser escrita, narrada ou editada sob a ótica de alguém, que inevitavelmente vai se posicionar. É justamente a partir daí que "De A-ha a U2: Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música", livro de Zeca Camargo lançado pela editora Globo, arrebata o leitor.

Inicialmente, quem é atraído pela publicação, que se destaca na prateleira pela capa com cores chamativas, depois pela boa diagramação que abusa de grandes fotografias e capas de CD`s, passa da mera curiosidade a vontade de querer o livro. Fazem parte desse público pessoas que procuram sonoridades desconhecidas, com dicas de músicas, bandas e cantores sempre no final de cada capítulo e a tão pessoal (e questionável) única música que ele indica se você tiver de escutar apenas uma música das personagens citadas em cada capítulo.

Há, também, os que vão em busca dos detalhes apimentados dos bastidores, que sugere o livro de forma tão irresistível, que chega a ser desleal a concorrência com outras obras na livraria. Você vai encontrar tudo isso, mas terá acesso a algo que o livro não vende e é justamente seu ponto alto: Zeca Camargo se autobiografa por completo ali, e confesso, enquanto estava lendo tive a sensação de que seria amigo dele, se ele quisesse.

São 53 grandes momentos na carreira de Zeca. Na busca pela objetividade, com seu ponto de vista muito peculiar e com uma incansável perseguição por sobreviventes e recém-chegados ao mundo pop, ele esbarra em gente que sabe o que faz, além de fabricados que estão desconfortáveis em um papel atribuído pelas gravadoras e cobrado pela mídia e fãs, que inevitavelmente vão ficar bravos com algum comentário de desagrado que ele fizer sobre determinado artista. Ou concordar, depende, tendo em vista que fãs são piores que mãe de miss.

A publicação também cede espaço a momentos de puro lirismo, quando Elton John começa a falar da morte de Lady Di, ou George Michael, que em um momento delicado de sua carreira recorda o namorado brasileiro morto. Há, ainda, os altos e baixos das cinco entrevistas que fez com Alanis Morissete, a cantora que mais entrevistou, ou os hilariantes dois encontros com Britney Spears, que saiu do quarto de hotel aos prantos por causa de um jornalista que a havia bombardeado com perguntas incômodas, ou quando chegou mancando a entrevista porque o salto de uma de suas botas havia acabado de quebrar. Escolhas óbvias para citar aqui? Talvez, mas o livro é bom e pop demais para nos aproximarmos do cult.


Livro: De A-ha a U2: Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música
Autor: Zeca Camargo
472 páginas
Ano: 2006
Editora: Globo

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