sexta-feira, 4 de novembro de 2022

.: "Ateu Psicodélico": Zé Ramalho, a volta do menestrel lisérgico


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Zé Ramalho
está de volta com um disco autoral, intitulado "Ateu Psicodélico". São 12 canções inéditas que reconectam o músico com seu início de carreira no cenário underground de Recife nos anos 70, quando explorava sons psicodélicos e letras elaboradas que assimilavam o estilo viajante nas mensagens.

O disco tem produção de Robertinho do Recife, seu amigo de longa data. Todas as canções foram produzidas durante o período de isolamento proporcionado pela pandemia. Ele explica que as canções funcionam como uma espécie de “turbilhão de imagens que saltam das letras viajantes”.

No início de carreira, Zé Ramalho lançou um álbum com Lula Cortês que até hoje é cultuado pelos críticos como um dos momentos mais criativos de sua carreira. De uma certa forma, esse trabalho abriu portas para que ele conseguisse produzir uma discografia onde a força da poesia se equilibra e até se sobrepõe à melodia. Seu canto quase falado em alguns momentos é uma marca registrada que até hoje segue firme em seu trabalho.

Tudo em Zé Ramalho gira em torno da mensagem. Nas melodias quase faladas, que expressam suas verdades e sua visão sobre o mundo que o cerca. E nesse "Ateu Psicodélico" a coisa segue nessa mesma linha, como se observa nos versos de Sextilhas Filosóficas. “A vida tem a partida / E o passo que não derrapa / O sonho tem compromissos / E nenhum deles escapa / Do lsimbolismo existentes / Em cada linha do mapa”

Na faixa "Repentista Marvel", Zé Ramalho dá pistas de sua trajetória ao longo dos versos. “Eu já cantei com Raul Seixas / Já cantei com Gonzagão / Cantei com o Sepultura / E muito mais vou cantar / Eu vou viajar”. Na faixa “O Que O Mundo Não Sabe Explicar” ele descreve o momento atual. “Continua no olho espelhado/ A vontade de ter a sapiência / Imprimindo a grande consciência /Na imagem que veio do passado / Se transporta no tempo expirado / Com vontade de ver o que vai dar”.

Essa vertente lisérgica estava fazendo falta na obra mais recente do menestrel nordestino da MPB. Com esse novo disco, Zé Ramalho não só se renova como compositor como ainda comprova a força de seus versos em pleno 2022. 

"As Onze Palavras"

"Repentista Marvel"

"O Que o Mundo Não Sabe Explicar"

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