sábado, 18 de novembro de 2023

.: Domingando mantém a tradição do choro com tempero nordestino

Quarteto Domingando e Ferragutti. Foto: Gláucia Chiva


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O Quarteto Domingando vem divulgando o show De Choro a Choro, um espetáculo instrumental concebido em homenagem a dois importantes músicos do choro, referências em seus respectivos instrumentos: Charles da Flauta (premiado flautista, reverenciado mundialmente como um gênio de seu instrumento) e Toninho Ferragutti (acordeonista, compositor e arranjador, reconhecido como um dos mais inventivos e talentosos instrumentistas de sua geração). E o trabalho do grupo vem chamando a atenção do público que curte a boa música instrumental. O nome do quarteto é uma homenagem a um ícone da música: Dominguinhos. Em entrevista para o Resenhando, Cicinho Silva conta como foi conceito para a formação do grupo e revela que eles já estão produzindo material autoral. “Queremos manter viva a tradição do choro”.


Resenhando – Como foi seu início na música?

Cicinho Silva – Venho de uma família de músicos. Meu pai foi um divulgador do forró em São Paulo. Comecei aprendendo cedo, aos 15 anos, no acordeon. Depois estudei em conservatórios, para aperfeiçoar e aprender novas técnicas. Fui aluno do Oswaldinho do Acordeon e do Toninho Ferragutti, dois mestres do instrumento, que foram muito importantes nessa minha formação.


Resenhando – Ouvindo as canções, notamos que vocês mostram um som do choro próximo de outros ritmos tradicionais, como o xote e o forró. Houve essa intenção?

Cicinho Silva – Primeiro é preciso lembrar que o nome do grupo se originou de uma homenagem ao grande Dominguinhos, um mestre de nossa música popular, que tinha raízes fortes com os ritmos do Nordeste. E a nossa proposta consiste mesmo em mostrar a influência do choro no forro. Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga utilizavam conjuntos regionais como acompanhamento em suas apresentações. Então essa identificação com os ritmos tradicionais é natural. Utilizamos o acordeon, o instrumento mais característico do forró. São ritmos que se integram, no final das contas. O público tem respondido positivamente ao nosso trabalho.


Resenhando – Qual é a formação atual do Quarteto?

Cicinho Silva – O Quarteto conta  com Cicinho Silva (acordeon e direção musical), Edmilson Capelupi (violão de 7 cordas), Alex Cavaco (cavaquinho) e Lucas Brogiolo (percussão), além do músico convidado Diego Lisboa (flauta) - e o homenageado Toninho Ferragutti (acordeon) que tem participação especial nas apresentações.


Resenhando – Como você avalia o panorama da música instrumental no Brasil?

Cicinho Silva – Essa é uma pergunta interessante. A mídia de uma forma geral não dá muito espaço para a música instrumental. Mas o que noto nas nossas apresentações é que o público gosta do trabalho. Acho que o fato de nós tocarmos ritmos tradicionais, que fazem parte de nossa autêntica música popular, acaba mexendo com a memória afetiva de quem ouve. O que percebo é que o público gosta e se mostra presente nas apresentações. Hoje temos um grande número de músicos talentosos de várias gerações, que buscam seu espaço na música.


Resenhando – Como vocês estão trabalhando para divulgar o projeto?

Cicinho Silva - Esse projeto é uma realização do Quarteto Domingando, da Associação Construindo Consciência (ACC), da produtora cultural Elielma Carvalho. Foi viabilizado com o apoio do 6º Edital de Apoio à Música para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura da Capital. Fizemos uma apresentação na Escola de Música Tom Jobim no dia 7 de novembro, na Capital Paulista. E estamos programando novas apresentações em breve.

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