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sábado, 18 de novembro de 2017

.: "Tons de Clô": biografia revela todos os segredos de Clodovil Hernandes


“Clodovil era um cara indigesto, especialmente para os hipócritas. Um vilão convicto no mercado politicamente correto – portanto um herói de seu tempo.”
Guilherme Fiúza

“Amado e odiado, temido e admirado, brilhante e, algumas vezes, cruel. Capaz de devolver ao mundo em dobro a agressividade com que a vida o tratou desde o momento em que foi rejeitado pela mãe biológica por ser um bebê feio e doente. Uma ferida que o sucesso não conseguiu cicatrizar.”
Sonia Abrão

“A língua afiada e o gatilho rápido eram pontuais. Quem entrava na relação de desafetos dele, jogava a toalha.”
Amaury Jr.

Pioneiro na moda do Brasil, polêmico apresentador de programas de sucesso na TV e até deputado federal, Clodovil Hernandes teve uma vida intensa, marcada por grandes afetos e enormes brigas, muito luxo, glamour e sexo. Foi com esse personagem ímpar que o jornalista Carlos Minuano topou em 2012, quando esteve em Ubatuba, onde Clô mantinha uma mansão, para fazer uma reportagem sobre um espaço que seria inaugurado em homenagem a ele. 

Clodovil morrera em 2009 e, mesmo após sua morte, continuou sendo alvo de fofocas e rumores. Até a suspeita de que foi assassinado ainda ronda a sua história, contada em detalhes no livro “Tons de Clô”, que será lançado por Minuano no final de novembro.

“Ele costurou, como ninguém, uma extensa teia de polêmicas e controvérsias de grosso calibre. Em resumo, uma vida de contrastes, mas sempre transbordada de luxo, glamour e celebridades. Enredada à sua história, uma extensa lista de famosos. Nomes como o de Marília Gabriela e Marta Suplicy, com quem dividiu o comando do antológico programa feminino TV mulher, na Globo, e do qual pediu demissão por desentendimentos com as colegas de trabalho. O circuito de afetos e desafetos de Clodovil é mais um desfile de celebridades, que são fontes essenciais na história do estilista. Adriane Galisteu, Luciana Gimenez, entre tantas outras, tiveram atritos com o estilista. Mas ele também foi querido de outros gigantes midiáticos, como Faustão e Silvio Santos. Ambos, porém, se recusaram a falar para esta biografia”, revela o jornalista, na apresentação que escreveu para o livro.

Escandaloso, sincero e intempestivo, Clodovil colecionou encrencas e arrumou inimigos por onde passou. Em entrevista para o livro, amigos disseram que era ao mesmo tempo divertido e bipolar. O jornalista lembra que, por trás da fama, do dinheiro e do sucesso profissional, Clodovil guardava algumas frustrações, como a descoberta de que era filho adotivo e a dificuldade que sempre teve com a sexualidade. Clodovil não se casou e disse só ter tido um amor na vida, não concretizado. Conhecido por contratar garotos de programa, usava bordões que falavam da sexualidade para se defender: “Vocês acham que eu sou passivo? Pisem no meu calo para ver”, dizia durante a campanha para deputado federal. São tantas as frases marcantes que o autor decidiu publicar em destaque uma a cada capítulo.

O livro tem um belo encarte com fotos do personagem e traz na orelha depoimento de um dos antigos desafetos de Clô, o também estilista Ronaldo Ésper. Ele será lançado no dia 22 de novembro, a partir das 19h, na livraria da Vila da Fradique Coutinho.

Orelha de "Tons de Clô", por Por Ronaldo Ésper:

“Foi assustador quando Carlos Minuano me falou dessa biografia do Clodovil, pelo simples fato de que tudo em torno do biografado nos assusta. O autor penetrou no ateliê do costureiro e ousou estilhaçar todos os espelhos onde, infinitamente, Clodovil tentou se encontrar. Estilhaçados os espelhos, o resultado dessa profanação foram muitos cacos. Alguns inofensivos, outros, porém, pontiagudos e cortantes. O autor, a custo de se ferir e, por conseguinte, ferir também o leitor, nos apresenta a verdade a respeito do estilista. Aquele que passou anos vestindo os nus encontra-se aqui desnudado pelos fortes ventos de Minuano. No mundo da moda é quase ilegal dizer a verdade, mas essa ilegalidade torna-se aceitável na presente obra. Minuano enfrenta um monte de retroses embaraçados e vai desembaraçando com fina habilidade o caos de sedas e agulhas. Não é, pois, uma biografia comum, porque se houve alguém incomum, esse foi Clodovil. Além disso, cumpre ressaltar que esta é a primeira biografia a seu respeito. Aplausos ao autor. Ao lado de Dener, Clodovil foi um dos maiores criadores de moda dessa primeira geração de estilistas e, para muitos, um dos maiores fashion designers do Brasil. 'Tons de Clô', um resgate oportuníssimo, destaca o esforço nacionalista de Clodovil na tentativa de impor uma ‘moda brasileira’ e nos leva também da agonia ao êxtase na vida do homem Clodovil, à qual me referi como assustadora. Aqui está o artista, sua moda, o personagem, a difícil pessoa, o cortante talento de alguém curioso e único. Por isso, ouso dizer que há um pouco de Clodovil em todos os estilistas que o seguiram. Seu fantasma assombra todos os ateliês de moda, e coube a Minuano conduzir esse trem deliciosamente fantasmagórico. Vida atormentada e polêmica até culminar com sua misteriosa morte. Todos os retalhos dessa vida foram costurados por Minuano, e o resultado é um vestido sério, sem fantasias, porém estupendo.”

Sobre o autor:
Jornalista, pós-graduado em cinema, em cerca de duas décadas de carreira já escreveu nos principais veículos do país, como no jornal Folha de S.Paulo, revistas Carta Capital, Rolling Stone, e em diversas publicações da editora Abril. Atualmente é repórter do jornal Metro (Band) e colaborador no portal UOL.



.: “Os Bolds”: livro infantil sobre bichos que assumem a identidade de humanos

Os Bolds são como muitas famílias: moram em uma casa agradável, trabalham, gostam de fazer compras no mercado e levam sempre seus filhos para o colégio. A única diferença é que eles são hienas.

O Sr. e a Sra. Bold moravam em uma savana na África até presenciarem um casal de turistas ser atacado por um jacaré. É neste momento que eles resolvem assumir a identidade dos humanos. 

Por um tempo, tudo dá certo. Eles assimilaram rápido a rotina da cidade grande, conseguiram controlar as risadas histéricas típicas das hienas e aprenderam que, escondendo o rabo e as orelhas, ninguém iria desconfiar da verdadeira identidade da família.

Porém, um vizinho intrometido parece suspeitar de que algo está errado e um pequeno descuido pode comprometer o segredo dos Bolds.

Elogiado pelos principais sites como Publishers Weekly, Kirkus e The Guardian, “Os Bolds” é escrito pelo comediante inglês Julian Clary e tem ilustrações assinadas por David Roberts.  A obra, voltada para o público infantil, chega às prateleiras pela Bertrand Brasil.

Sobre o autor:
Quando Julian Clary não está contando piadas no palco, costuma passar tempo com seus animais de estimação. Seu amor pelos animais ao longo da vida inspirou-o a contar uma história sobre o que aconteceria se eles fingissem ser humanos.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

.: Encontro com os escritores recebe a historiadora Mary Del Priore

Em comemoração aos 30 anos da Editora Unesp, a Universidade do Livro oferece gratuitamente o próximo Encontro com os escritores, que recebe Mary Del Priore, para falar sobre sua carreira, processo de escrita, vida pessoal e autografar seus livros. O evento acontece no dia 29 de novembro, às 19h, e será mediado pelo jornalista Manuel da Costa Pinto.

A série Encontro com os escritores consiste em um ciclo de conversas com autores renomados nos mais diversos segmentos, de romancistas e poetas a quadrinistas, biógrafos e divulgadores científicos. Os encontros anteriores foram com Luis Fernando Verissimo, Milton Hatoum, Laurentino Gomes, Laerte e Luis Gê, Ignácio de Loyola Brandão e Pedro Bandeira. 

Mary Del Priore é doutora em História pela Universidade de São Paulo e pós-doutora pela École des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1996). Atualmente é professora do Programa de Mestrado em História da Universidade Salgado de Oliveira (Universo/ Niterói) Tem pesquisas na área de história colonial, história da cultura, história de gênero. É autora de mais de 35 livros de História. Recebeu vários prêmios literários, dentre eles o Jabuti, o Casa Grande & Senzala, o da APCA e o Ars Latina. Pela Editora Unesp publicou os livros: História do corpo no Brasil, organizado em parceria com Marcia Amantino; História do esporte no Brasil, organizado em parceria com Victor Andrade de Melo; A presença dos mitos em nossas vidas; História dos homens no Brasil, organizado em parceria com Marcia Amantino; Ao sul do corpo - 2ª edição. 

Na ocasião, Mary Del Priore também autografa seu mais recente título publicado pela Editora Unesp História dos crimes e da violência no Brasil, organizado em parceria com Angélica Müller. Neste livro, autores de diversas áreas buscam compreender os mecanismos que colocam em marcha no país a violência em suas variadas manifestações. 

Encontro com Mary Del Priore
Data: quarta-feira, 29 de novembro de 2017
Horário: das 19h às 21h
Inscrições: até às 15h do dia 29 de novembro ou enquanto houver vagas.
Entrada gratuita
Local: Universidade do Livro - Praça da Sé, 108, 7º andar (esquina com rua Benjamim Constant) – São Paulo (SP)
Clique aqui para mais informações e inscrições on-line.   

Mais informações sobre a Universidade do Livro estão disponíveis em: www.editoraunesp.com.br/unil


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

.: "Foi assim": Wanderléa lança autobiografia

Entre dramas pessoais e sucesso na carreira artística, Wanderléa revela detalhes de sua vida em autobiografia. “Foi assim” chega às livrarias em novembro e mostra versatilidade da artista que gravou boleros, choros, músicas de carnaval e os ‘malditos’ da MPB, além de ter sido estrela de um dos movimentos culturais mais importantes do Brasil, a Jovem Guarda, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos. Original e pioneira, Wandeca, a eterna Ternurinha, também influenciou a moda e o comportamento da época 



Foi em Lavras, no interior de Minas, que a menina Leinha começou a fazer seus primeiros shows caseiros, para a família, aos 3 anos de idade. Ela cantava na varanda de casa e chegou a sair pelas ruas vendendo as frutas plantadas no quintal para comprar papel crepom e compor o cenário para o seu “palco”. Não demorou muito para que a vizinhança descobrisse os dotes da menina e ela foi chamada para cantar num show de caridade da cidade. Logo depois, foi também convidada a se apresentar num programa infantil da Rádio Difusora de Lavras. A canção escolhida foi “Caminhemos”, de Herivelto Martins. Aprendeu essa e outras músicas ouvindo rádio em casa, com a mãe, que também tinha dotes artísticos, o pai e os seis irmãos. A versatilidade, o talento vocal e o domínio total do palco seriam as principais marcas da menina de Lavras que nunca deixou trocarem seu nome de batismo e seguiu como Wanderléa, numa das carreiras mais bem-sucedidas da MPB. A história toda ela conta agora em sua autobiografia, “Foi assim”, que chega às livrarias de todo o Brasil em novembro, pela editora Record.

O livro, cujos rascunhos ela escreveu durante anos e teve edição e pesquisa do jornalista Renato Vieira, foi uma espécie de terapia para Wanderléa. Ao mesmo tempo em que conquistou sucesso, independência econômica e liberdade na carreira, a cantora enfrentou uma série de dramas pessoais. A perda de uma de suas irmãs, no Rio de Janeiro, por uma bala perdida; o acidente do então namorado José Renato, filho do apresentador Chacrinha, que o deixou tetraplégico; a perda do irmão, que era seu estilista e uma espécie de assessor especial, para a AIDS, nos anos em que também viu vários de seus amigos serem derrotados pela doença; a morte da mãe, na véspera da morte de Maria Rita, mulher de Roberto Carlos, seu melhor amigo. Por fim, uma das maiores dores, a perda de seu filho Leonardo, afogado na piscina de casa, recém-comprada com o marido Lalo. “Adversidades grandes demais para enfrentar me fizeram viver um dia de cada vez. Existir, e por tantas vezes resistir, era mais importante do que guardar coisas na cabeça naturalmente desligada. Acho que agora os cantos escuros da minha vida, as lembranças perdidas, estão iluminadas de uma forma que não sei se é a melhor, mas penso ser a mais humana e verdadeira”, escreveu Wanderléa no prólogo do livro. 

As páginas da autobiografia revelam também histórias saborosas vividas pela cantora, como a amizade com Roberto Carlos, de quem recebeu o primeiro beijo na boca, e Erasmo Carlos, que tentou diversas vezes namorá-la, durante o auge da Jovem Guarda, movimento que se desdobrou em programa de TV, discos, shows e filmes. Mostram ainda as dificuldades que enfrentou nas gravadoras, sempre avessas a investir em projetos originais e autorais. Tanto que nos cinco primeiros discos, na CBS, ela gravou basicamente canções de Roberto e Erasmo e, em sua maioria, versões de músicas estrangeiras, muitas vezes contra a sua vontade. Foi só em 1972, quando foi para a Polydor e fez o LP “Maravilhosa”, que tinha Nelson Motta como assistente de direção, que ela conseguiu gravar nomes como Gilberto Gil, Assis Valente, Jorge Mautner, Hyldon, Paulinho Tapajós e Roberto Menescal, entre outros. No segundo disco pela empresa, “Feito gente” (1975), ela gravou Gonzaguinha, João Donato, Joyce Moreno, Sueli Costa, Luiz Melodia e Hermínio Bello de Carvalho.

Em meio à rotina frenética de shows e gravações, Wanderléa enfrentava o drama do acidente de José Renato, seu namorado, então com 22 anos. Numa viagem a uma fazenda em Petrópolis, o filho de Chacrinha resolveu mergulhar na piscina e se machucou seriamente, ficando tetraplégico. Wanderléa ficou noiva e casou com ele, com quem manteve uma relação que durou sete anos, alguns dos quais vivendo nos Estados Unidos, para onde se mudaram em busca de tratamento. No quesito grandes amores, depois de um namorado que chegou a brigar com Roberto Carlos, por ciúme do amigo e companheiro de shows de Wanderléa, ela encontrou Egberto Gismonti, com quem namorou e mantém até hoje laços de amizade. Com o músico, que escreveu a orelha deste livro, Wanderléa migrou para a EMI-Odeon e gravou “Vamos que eu já vou” (1977), disco com arranjos e produção executiva de Gismonti. Na companhia, ela fez ainda “Mais que a paixão” (1978), com produção de Renato Corrêa e composições de Djavan, Altay Veloso, Capinan, Moraes Moreira e o próprio Gismonti. Nessa fase da carreira, Wanderléa disse não ter tido muito apoio da gravadora na divulgação, mas mostrou que era mais que uma musa da jovem Guarda. Era uma grande cantora, versátil, inteligente e com total domínio de sua arte.

“Cantei boleros, choros, músicas de carnaval, gravei os tais ‘malditos’ da MPB (benditos sejam!), experimentei sonoridades eletrônicas, rasguei o verbo na hora da raiva e, em uma nova estação, me reencontrei com minhas origens. Ao longo de todos esses anos, transgredi, segui as regras da sociedade, me recolhi e logo em seguida fui em frente”, relembra, em outro trecho do prólogo. As primeiras transgressões da Ternurinha começaram em casa. Seu pai, descendente de árabe e com uma educação rígida, a acompanhava no rádio e na gravadora, mas, em determinado momento, achou que a “brincadeira” estava indo longe demais. Ele não queria que ela seguisse a carreira artística, mas Wanderléa logo conseguiu independência financeira e, com ela, a independência da família. Quando comprou um carro, o pai também não gostou. Dirigir, na década de 60, não era coisa de mulher. Suas roupas eram um capítulo à parte. Com o irmão estilista, ela inventava os próprios figurinos, ousadíssimos para a época. A moda da minissaia ganhou força com ela, para horror da sociedade da época e delírio das fãs mulheres. Na época do programa Jovem Guarda, foi criada a grife Ternurinha, com pagamento de royalties e tudo, no que ela considera o “marco zero do mercado consumidor jovem no Brasil”. “Enquanto a minissaia criada por Mary Quant ficava a um palmo do joelho, a minha era quatro dedos abaixo da pélvis”, relembra ela, num dos capítulos do livro.

Wanderléa, assim como Roberto e Erasmo, não gostava de falar de política. Mas, em termos de comportamento, a sua geração foi uma das mais transgressoras. Além das roupas e da atitude no palco, na vida pessoal ela namorava sem culpa, viajava sozinha e chegou a fazer dois abortos, dos quais fala abertamente. “Apesar das minhas convicções, passar por dois abortos, aos 20 e poucos anos, foi difícil. Não fiquei imune aos conflitos pessoais e psicológicos, que, admito, se tornaram mais presentes na maturidade. (...) Não cabe a ninguém discriminar essa atitude. Devemos apoiar e respeitar essa escolha, pois a própria mulher é a que mais sofre. A legislação deve ampará-las sem que elas sejam julgadas por esse ato”, escreve.

 A maternidade traria alegrias e tristezas para a vida de Wanderléa. O primeiro filho, com o marido Lalo, nasceu em 1981. Ela vivia um momento incerto na carreira. Os álbuns mais autorais não tiveram boas vendas. “Alguns homens de gravadora têm responsabilidade nisso. Eles ainda queriam a Ternurinha, argumentando que em time que está ganhando não se mexe, e não bancaram o mínimo necessário de divulgação pelo simples propósito de boicotar meus novos voos.” Sem o público da Jovem Guarda e sem o reconhecimento da crítica, ela também teve seu estúdio roubado, com todos os equipamentos comprados nos Estados Unidos sendo levados por ladrões. Foi nessa época difícil que conheceu Lalo, músico chileno que faria um show com ela numa boate em São Paulo. Os dois logo passaram a viver juntos e veio a gravidez. Ela tinha 35 anos quando Leonardo nasceu.          
               
Quando o menino estava prestes a completar 2 anos, ela e Lalo decidiram comprar uma casa na Zona Oeste de São Paulo, para dar a Leo uma infância mais próxima à natureza. No dia 1º de fevereiro de 1984, Wanderléa tinha uma gravação no programa de Flávio Cavalcanti, no SBT, para divulgar seu mais recente compacto. Antes de sair, tirou algumas fotos com o menino. As últimas imagens que guardaria do filho, que, sem ninguém ver, saiu da casa e caiu na piscina. Não houve tempo para o socorro. Ao contrário do marido, que se recolheu, a cantora decidiu nunca deixar de falar no menino. “Percebi que as alegrias que tive com meu filho durante seus 2 anos e 3 meses de vida foram um presente que Deus me enviou. (...) Passei a agradecer a dádiva do nosso convívio, em vez de viver para sempre lamentando sua partida.”

Wanderléa engravidaria outras duas vezes de Lalo. Na primeira, aos 40 anos, quando esperava a filha Yasmim, ela inovou: aceitou posar nua, com o barrigão à mostra, para a revista masculina Status. Na edição histórica, Erasmo escreveu pequenos versos para acompanhar as imagens. No livro, ela lembra que a atriz americana Demi Moore escandalizou o mundo, seis anos depois, com a mesma atitude, posando para a Vanity Fair. “Alguns jornalistas saudaram sua atitude, dizendo que ela havia sido inovadora nesse sentido. Modéstia à parte, a pioneira a fazer isso foi uma cantora brasileira nascida em Governador Valadares, a filha do severo seu Salim.” Yasmim nasceu em 1985 e Jadde, dois anos depois.

Ela e o marido continuam juntos, mas vivendo em casas separadas. Em seu apartamento, Lalo montou um estúdio, onde ele e Wanderléa passam horas cantando e tocando bossa nova, samba-canção e rock contemporâneo. Com ele, ela gravou CDs marcantes, como o “Nova estação” (2008), com composições de Chico Buarque, Arnaldo Antunes, Johnny Alf, Roberto e Erasmo, entre outros, que ganhou o prêmio de melhor disco daquele ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). O disco a levou em excursão com a família: a banda era montada por Lalo, o cenário de Yasmim e percussão de Jadde. Em novembro de 2016, Wandeca inovou mais uma vez: convidada pelo produtor cultural Frederico Reder, ela estreou como protagonista no espetáculo musical “60! Década de arromba”, grande sucesso de público e crítica em suas temporadas carioca e paulista. O espetáculo volta em novembro para o Rio, no mês em que o livro também será lançado.

Aos 71, Wanderléa está no auge e planeja lançar um disco de inéditas e outros mais autorais com o marido Lalo. A filha Yasmim está grávida de uma menina e ela se tornará avó ainda em 2017. Como escreveu no prólogo, Wanderléa acha que continua a ser a “mistura de eterna teenager com cigana centenária”, como a definiu uma vez o seu mestre de cabala.

Cantora vai lançar a obra nos dias 21 de novembro, a partir das 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional; e no dia 27 de novembro na Travessa do Leblon, no Rio, a partir das 19h

Leia no blog o prólogo da obra: http://bit.ly/2A5EBzZ  

               
ORELHA:

Escrever sobre Wanderléa é quase um exercício de sustos intercalados com ousadias. Ela é boa demais, amiga, mulher, mãe, filha, solidária, com um grau de benevolência a todos que dá gosto de conviver! Parece dominar uma energia desconhecida por nós, mortais ou súditos da sua história surpreendente, rica em solidariedade, beleza e independência. Léa tem alma do interior, gosto de mato molhado pela chuva e de terra rica que dá frutos cheirosos de cores brilhantes e vivas. É um tipo singular de pessoa, que faz com que os adjetivos percam a função de indicar-lhe um atributo…

Em 1977, fiz com meu amigo e parceiro Geraldo Carneiro uma música que representasse nossa admiração por ela, “Educação sentimental” (“Se você diz: eu te amo/ Meu coração se mira no espelho/ E faz piruetas de circo”). Ela deu vida à composição, cantou com o humor necessário, e nós ganhamos uma canção bem-humorada, bem cantada e com a cara dela. Nós nos aproximamos ainda mais: a alegria da sua companhia sempre foi bem-vinda e desejada. No mesmo ano, fizemos juntos o seu LP Vamos que eu já vou, e eu pude conhecer melhor sua musicalidade, seus amigos, suas ideias, sua liderança e sua capacidade de se reinventar todos os dias.

Para minha alegria, o destino nos permitiu uma aproximação capaz de misturar os melhores sentimentos, renovando dia a dia a esperança de que poderíamos viver mais felizes juntos. E nunca mais nos separamos. Selamos uma admiração e um respeito tão grandes quanto sua competência de viver privilegiando a beleza com esperança e fé.

Léa hoje se confunde com as filhas Yasmim e Jadde, lindas, donas do legado composto por curiosidade, paciência e experimentação. Elas são a representação da mãe, e uma prova de que sua sabedoria se refletiu, além da arte, também na vida cotidiana.
                
Esta autobiografia é linda, escrita com delicadeza, verdade e entrega a cada passo do processo — como fez nos anos 1970 com o disco que produzimos e com todos os outros. Bom saber que sua história poderá ser acompanhada e compreendida também pelos jovens, que seguem aplaudindo Léa, suas canções e sua trajetória, certos de que ela segue nos ensinando os bons caminhos para uma vida feliz.

                Com amor, amizade e saudade, Egberto Gismonti


Livro: Foi assim
Autora: Wanderléa
Pesquisa e edição de Renato Vieira
Páginas: 392
Editora: Record / Grupo Editorial Record

domingo, 12 de novembro de 2017

.: "Fome": Globo Livros lança autobiografia ousada Roxane Gay

Uma das principais vozes do feminismo atual, Roxane traz um relato sobre sofrimento, sobrevivência e corpo que todas as pessoas deveriam ler.

Autora do best-seller "Má Feminista", e colunista dos jornais The New York Times e The Guardian, Roxane Gay revela em "Fome" questões íntimas que a levaram a desenvolver uma compulsão alimentar ao mesmo tempo em que apresenta reflexões sobre autoimagem, prazer, consumo, saúde, além do seu lugar no mundo como mulher negra e bissexual.

Filha de imigrantes haitianos de classe média, Roxane Gay nasceu nos EUA e teve uma infância feliz e confortável ao lado dos dois irmãos, com quem compartilhava brincadeiras, sonhos e tradições familiares. O amor e a proteção cultivados desde pequena foram interrompidos quando, aos 12 anos, Roxane foi estuprada por um grupo de garotos. As cenas desse dia permanecem em sua memória ainda hoje, assim como seus desdobramentos.

Por conta de sentimentos como culpa e vergonha, a autora guardou por décadas o segredo e carregou consigo o peso do silêncio até o momento de conceber este livro. Buscando o conforto que não encontrava mais em nada e a vontade de se fazer maior, para assim se proteger e evitar sentir mais dor, a autora passou a comer compulsivamente. Anos depois, com seu 1,90 m de altura, Roxane chegou a pesar 262kg. “Eu fui esvaziada. Fiquei determinada a preencher esse vazio, e a comida foi o que usei para construir um escudo ao redor do pouco que restara de mim. Eu comia, comia e comia, na esperança de que, se me tornasse grande, meu corpo estaria seguro”.

Diferentemente de outros relatos sobre peso, essa não é uma história sobre triunfo. “Eu gostaria de escrever um livro sobre estar em paz e amar a mim mesma, inteiramente, de qualquer tamanho. Em vez disso, eu escrevi este livro, que foi a experiência mais difícil da minha vida, algo bem mais desafiador do que eu jamais imaginara”, conta Roxane.

Com seu estilo contundente e impetuoso, que a tornou uma das vozes mais marcantes de sua geração, a autora examina sua experiência de viver em um “corpo grande”, como ela mesma diz, em uma sociedade pouco preparada para aceitar as diferenças. A escritora relata as dificuldades de viajar de avião, por conta do espaço na poltrona, de comprar roupas, de receber olhares julgadores de pessoas na rua, em restaurantes ou na academia, a dor de desenvolver bulimia e até a tristeza e indignação de acompanhar a abordagem cruel dada à obesidade nos reality shows americanos.

Sobre a autora:
Roxane Gay é autora best-seller do The New York Times, vencedora de diversos prêmios de prestígio. PhD em Comunicação pela Universidade Técnica do Michigan, Roxane, além de escritora e palestrante, é editora e professora de Escrita Criativa na Universidade de Purdue. Atualmente mora em Lafayette, Indiana, e, de vez em quando, em Los Angeles.

.: Stranger Things: Noah Schnapp será protagonista do filme "Abe"

Produção da Spray Filmes e Gullane terá Noah Schnapp, de “Stranger Things”, como protagonista


O diretor Fernando Grostein Andrade iniciou as filmagens do seu novo filme "Abe" no Brooklyn, em Nova Iorque. O filme idealizado pelo diretor brasileiro e roteirizado pelos dramaturgos palestinos-americanos Lameece Issaq e Jacob Kader, conta a história de Abe, um garoto de 12 anos, que ama cozinhar e nunca teve um jantar de família sem brigas. O filme já ganhou um perfil no Instagram "@Abe", para quem quiser acompanhar mais detalhes da produção.

Filho de um casamento misto entre uma mãe judia de origem israelense e um pai de origem muçulmana e palestino, Abe sonha em unir a família cozinhando um jantar tão bom, mas tão bom, que seja capaz de fazer a família parar de brigar ao menos por uma noite.  Ele aprende a cozinhar com Chico Catuaba, chef de cozinha brasileiro, que cozinha acarajé nas feiras gastronômicas multiculturais do Brooklyn.

Entre os nomes já confirmados estão o protagonista Noah Schnapp (“Stranger Things” e “Ponte dos Espiões"), Seu Jorge (“Cidade de Deus” e “A Vida Marinha de Steve Zisso”) e Mark Margolis ("Breaking Bad", “Scarface” e “Réquiem para um Sonho”) e participações especiais dos atores Gero Camilo, Ildi Silva e Victor Mendes. A direção de fotografia é do fotógrafo italiano Blasco Giurato ("Cinema Paradiso"), com a câmera sendo operada por Renato Falcão ("Era do Gelo" e "Rio").

Fernando dirigiu os filmes "Coração Vagabundo" (2009); "Quebrando Tabu" (2011), adaptado para inglês na voz do ator Morgan Freeman e que virou o canal de mídia "Quebrando Tabu" com 7,9 milhões de seguidores no Facebook. Recentemente, Fernando dirigiu cinco episódios da premiada Série "Carcereiros", vencedora do MIPTV2017, em Cannes. Uma coprodução Gullane e Spray Filmes para Grupo Globo.

“Abe” é uma produção da Spray Filmes, da qual Fernando é sócio e da Gullane, responsável por filmes como "Bingo",  "Como Nossos Pais", "Que Horas Ela volta", "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias" e "Carandiru". A produtora parceira nos EUA é a F.J.Productions, de Los Angeles.

sábado, 11 de novembro de 2017

.: "O azul entre o céu e a água" é o novo romance de Susan Abulhawa

“A história que Susan Abulhawa conta neste livro maravilhoso é dolorosa, mas impossível de ignorar. Através de quatro gerações e uma família palestina, O azul entre o céu e a água nos mostra como é pública a investida da história em cada pessoa, e como, ainda assim, esse ataque não consegue suplantar a experiência particular do luto ou do sentido secreto de erros.”   Teju Cole

“A autora lança a sorte de seus personagens enquanto os acompanha por episódios de traumas no Oriente Médio.”
— The Guardian


Palestina. O ano é 1947, e Beit Daras, uma vila tranquila rodeada por oliveiras, é o lar da família Baraka. A primogênita, Nazmiyeh, precisa cuidar da excêntrica mãe viúva, que tem fama de louca e uma tendência a sair vagando a esmo; Mahmoud, seu irmão, ajuda a cuidar da criação de abelhas da vila; e a irmã mais nova, Mariam, com os marcantes olhos de cores diferentes, passa seus dias escrevendo e conversando com amigos imaginários.

Quando forças israelenses surgem nos arredores da cidade, ninguém suspeita do terror que está prestes a acontecer. Logo a vila está em chamas. Entre fumaça e cinzas, famílias precisam abrir caminho até os campos de refugiados em Gaza, em uma viagem que testará seus limites.
Após chegarem, nada mais é o mesmo. Para os refugiados — os que conseguiram evadir o cárcere ou o campo de batalha — a única preocupação é a sobrevivência: sustentar a família, reparar o orgulho ferido, juntar-se à resistência.

Com o passar dos anos, Nazmiyeh torna-se a matriarca — o centro de uma rede de irmãs, filhas e netas cujas vidas ameaçam sair dos eixos a cada crise pessoal, ataque militar ou reviravolta política. Sua filha tem câncer; a neta de Mahmoud está à deriva na América; seu próprio neto, traumatizado após um ataque de israelenses, refugia-se em um tipo completamente diferente de exílio.

Em uma narrativa que vai do mágico ao terrivelmente real, percorrendo pontos no Oriente Médio e na América em diversas gerações de uma mesma família, O azul entre o céu e a água é a história de mulheres imperfeitas, porém profundamente corajosas, de corações partidos, de resistência, de renovação.

Susan Abulhawa é escritora, ativista dos direitos humanos e comentarista política. Ela é fundadora da Playgrounds for Palestine, uma organização dedicada a garantir o direito de brincar a crianças palestinas. Seu romance de estreia, A cicatriz de David, foi um best-seller internacional, traduzido para 26 idiomas. Susan vive na Pensilvânia com sua filha. Twitter: @sjabulhawa

Serviço:
Livro: O azul entre o céu e a água
Autora: Susan Abulhawa
332 páginas
Editora Bertrand Brasil

(Grupo Editorial Record)


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

.: "Última Hora": O romance que venceu o Prêmio Sesc de Literatura

Livro conta a história de um jornalista atormentado entre a militância comunista e o trabalho no jornal que apoia Getúlio Vargas. Autor reconstrói últimos meses do presidente no governo, antes do suicídio, e a briga entre Samuel Wainer, da Última Hora, e Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa


“Embora tradicionalíssimo na forma, Última Hora, do potiguar José Almeida Júnior, é um romance bem-sucedido. Tem ritmo, linguagem adequada e conta uma boa história. A trama, a luta do empresário Samuel Wainer para consolidar um império de comunicação, tem como pano de fundo os últimos tempos da ditadura de Getúlio Vargas. Histórico, mas sem qualquer ranço de didatismo, Almeida Júnior consegue, ao mesmo tempo, com enorme competência, reviver uma época e insuflar vida a personagens reais, tornando-os complexos. Narrador em primeira pessoa, Marcos, o protagonista, é um jornalista canalha, corrupto, mau caráter, mas que alcança estabelecer com o leitor a empatia necessária para converter sua narrativa singular em excelente literatura. Enfim, um livro que retoma a ideia do prazer da leitura.” 
Luiz Ruffato


Marcos é um jornalista que mal recebe pagamento pelo seu trabalho num jornal ligado ao Partido Comunista. Mas ele é militante, está lá pela causa. A instabilidade financeira, no entanto, abala a sua vida familiar e sua relação com a mulher e o filho adolescente. Por isso, movido pela vontade de acertar as contas em casa, ele acaba aceitando um convite irrecusável: trabalhar na Última Hora, jornal que está sendo criado por Samuel Wainer, experiente jornalista, o primeiro a noticiar a volta de Getúlio Vargas, então recluso no Sul, à política. É com o apoio do presidente eleito, que comandou a ditadura do Estado Novo anos antes, que o novo jornal se erguerá. Esse é um dos dilemas de Marcos, que foi preso e torturado pela polícia de Getúlio: trabalhar, ainda que indiretamente, para seu ex-inimigo.

Em “Última Hora”, o escritor José Almeida Júnior, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura em 2017, reconstrói um dos períodos mais importantes da história do país. “Getúlio Vargas lançou as bases do trabalhismo brasileiro e influenciou o pensamento de esquerda de políticos como Jango, Brizola e Lula. Por outro lado, Vargas perseguiu comunistas e implantou uma ditadura violenta durante o Estado Novo. Tive a curiosidade de compreender o comportamento dos comunistas, que haviam sido perseguidos no Estado Novo, durante o governo democrático Vargas do início dos anos 50”, conta o autor, em entrevista ao blog da editora.

No livro, Almeida Júnior refaz uma das maiores batalhas da imprensa na época, a de Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa, e Wainer. Com o apoio da cadeia de jornais e rádios de Assis Chateaubriand, o Chatô, e de outros magnatas das comunicações, como Roberto Marinho, Lacerda perseguiu o dono da Última Hora até o desfecho final da crise, com o suicídio do presidente. Marcos, que ora se alia a Wainer ora ajuda Lacerda, é o contraponto entre esses personagens tão complexos. “Procurei encontrar as contradições em Wainer e Lacerda e explorá-las no ponto de vista de Marcos”, diz o autor.

Nelson Rodrigues, que criou na Última Hora, com o apoio de Wainer, a famosa coluna “A vida como ela é”, também é personagem do livro, um mergulho na capital do Brasil dos anos 1950. Com uma trama envolvente, que inclui histórias de tortura, militância, delação, justiçamento e um combate conservador à corrupção, “Última hora” guarda muitas relações com o a história atual do país.

ORELHA: Por Andréa del Fuego 
Última Hora é um romance histórico que nos leva ao Brasil do início da década de 1950, mas não de qualquer ponto de vista: o leitor observará o país pelo lado de dentro do jornal Última Hora. Criado pelo presidente Getúlio Vargas em plena turbulência política, o jornal tem como editor-chefe Samuel Wainer, aqui trazido quase que em carne e osso. Foi Wainer quem deu nome à famosa coluna A vida como ela é..., de Nelson Rodrigues, também convidado para formar o elenco dos colaboradores.

O jornal enfrenta opositores como Carlos Lacerda, que também se opunha ao governo Vargas, mas esse não é o único problema de Marcos, o protagonista. Jornalista torturado na ditadura Vargas, ao ser convidado por Samuel Wainer, Marcos se recusa a fazer parte da redação. E, tendo que lidar com as exigências da militância e da sobrevivência, o caminho tortuoso deste personagem é o pêndulo ideológico e moral que não o afronta apenas na redação, mas também em seu relacionamento familiar.

O romance é lapidar em nos lembrar a história do país sem expor a pesquisa – um bordado que camufla o cerzido e deixa ver apenas o que interessa: a boa literatura. 

Obra será lançada nas unidades do Sesc em São Paulo, Brasília e Belém nos dias 28 de novembro, 5 e 7 de dezembro, respectivamente. Leia entrevista do autor no blog da Record: http://bit.ly/2zslj4N

SOBRE O AUTOR: Natural de Mossoró, RN, José Almeida Júnior é formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), com pós-graduação em Direito Processual e em Direito Civil. Há dez anos reside em Brasília, onde exerce o cargo de Defensor Público do Distrito Federal.
Site: www.josealmeidajunior.com
Facebook: /almeidaemprosa
Twitter: @almeidaemprosa

Serviço:
Livro: Última Hora
Autor: José Almeida Júnior
Páginas: 352
Editora: Record

terça-feira, 7 de novembro de 2017

.: "A casa inventada": novo livro de Lya Luft é publicado pela Record

Lya Luft lança livro que mistura romance, ensaio e autoficção


“A casa inventada” leva o leitor aos cômodos de sua casa imaginária, onde estão guardados os amores, as dores, as frustrações, as alegrias e lembranças das famílias, numa metáfora da própria existência. Obra chega às livrarias em momento triste: Lya perdeu um de seus três filhos, André, no início deste mês


Leia entrevista que a autora concedeu à jornalista e escritora Juliana Krapp, antes da trágica notícia, em que fala sobre como construímos as casas das nossas vidas, com “tropeços, grandes pedras, terremotos, mas também pequenos paraísos: http://bit.ly/2AhbVjq
    
  
Capítulo a capítulo, os cômodos de uma casa ganham vida. A porta de espiar, a sala da família, o porão das aflições, o pátio cotidiano. Cada espaço revela suas ambiguidades e seus mistérios, desvelando “clarões de ternura e riso” nos desvãos da memória. No espelho, Pandora sacode os cabelos e devolve as indagações da menina que, em pleno espanto, investiga o que move as pessoas e a arquitetura ao redor.

Em "A casa inventada", Lya Luft se confronta, mais uma vez, com os temas que marcam sua carreira de mais de 50 anos na literatura. As contradições da vida humana, a infância e a morte, a família como motor de liberdade e de opressão. O espaço da casa, cotidiano, cresce com as metamorfoses secretas de quem o habita. É, como a caixa guardada pela personagem mitológica, um repositório de desejos, euforias, alegrias e sombras. Ao abri-la, Lya Luft mostra, mais uma vez, sua habilidade em construir uma prosa poética desconcertante, singular.      

A obra, que chega às livrarias em novembro, é publicada em um momento triste da vida da autora: Lya perdeu um de seus três filhos, André Luft, no início deste mês. Num dos trechos do livro, numa triste coincidência, ela conta como a morte de um menino, vizinho seu, e o lamento de seu pai a marcaram pelo resto da vida. Em entrevista concedida no fim de outubro ao blog da editora, a autora falou sobre como construímos as casas das nossas vidas, com “tropeços, grandes pedras, terremotos, mas também pequenos paraísos”.


TRECHO: 
Os porões da alma podem esconder esse grande enigma, o desaparecimento, o nunca mais, escondendo pessoas amadas em suas largas mangas.
— Pandora, Pandora, por que temos de morrer?
Nessas horas ela desvia os olhos, se pudesse escapava para dentro de um espelho, mas desta vez eu seguro firme:
— Me diz, me explica, me fala!!! Me consola! Ou me condena!!!
Ela resiste, ela quer ser livre, então eu a deixo ir.
Não sei se ela sabe a resposta. Nem adivinho se ela entende o que se move, sombra e apelo, naquele lugar de que pouco falamos: eu deveria criar uma Sala dos Mortos?


As mortes se multiplicam para quase todos como amargos, tristes frutos: amigos, amigas, parentes, velhos, jovens, pais, parceiro ou parceira de vida.
A primeira morte de que tomei notícia, morte mais tremenda, mais pungente, foi a de uma criança que avistei poucas vezes, há tanto tempo, e cujo nome nem recordo. É a primeira de que me lembro, e pela qual, sem nada presenciar, eu sofri: meus pais procuravam me proteger de todo o medo, e perigo, e mal.
Numa casa vizinha, um homem imenso, muito gordo, simpático, bonachão, e sua mulher, depois de muitos anos, tiveram um filhinho. O menino devia ter dois anos, mal caminhava naquele trotezinho dos bebês. Muito louro, o pai o chamava “meu patinho”.
A criança adoeceu, ou caiu da escada da casa, não sei mais. Lembro comentários confusos. Sei que morreu, e durante toda a noite, toda a madrugada, eu ouvia de meu quarto de menina os desesperados gritos do pai chamando o filhinho morto. Gritos, berros, urros. E agarrava-se a ele, contaram depois, e o mantinha firmemente seguro em seus braços fortes, e não deixava que o levassem. E assim foi a noite toda, até que um médico amigo lhe deu uma injeção, e ele afrouxou o abraço, cedeu, deitou-se, dormiu — e ficou para sempre órfão do seu menininho.
Foi o mais terrível lamento que até ali eu tinha escutado: e ainda hoje, se apuro o ouvido em alguma madrugada, ele continua lá, como tudo continua enquanto dele tivermos lembrança.


SOBRE A AUTORA:  Lya Luft publicou seu primeiro romance, As parceiras, em 1980, seguido por A asa esquerda do anjo (1981), Reunião de família (1982), Mulher no palco (1984), O quarto fechado (1984), Exílio (1987), O lado fatal (1988, relançado em 2011), A sentinela (1994), O rio do meio (1996, prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes), Secreta mirada (1997), O ponto cego (1999), Histórias do tempo (2000), Mar de dentro (2002), Perdas & ganhos (2003), Pensar é transgredir (2004) e, no mesmo ano, Histórias de Bruxa Boa, sua estreia na literatura infantil, tema que retomaria em 2007 com A volta da Bruxa Boa. Em 2005, publicou o volume de poesia Para não dizer adeus e, em 2006, a reunião de crônicas Em outras palavras. Em 2008, lançou o livro de contos O silêncio dos amantes. Em 2009, voltou à literatura infantil, publicando com o filho, Eduardo Luft, Criança pensa, seguindo a linha de pensamento que busca estimular na infância e na adolescência a observação, a análise e o discernimento. Lançou, em seguida, os livros Múltipla escolha (2010) e A riqueza do mundo (2011). Em 2012, voltou ao romance com O tigre na sombra, vencedor do Prêmio da Academia Brasileira de Letras em 2013. Em 2014, lançou o livro O tempo é um rio que corre e, em 2015, Paisagem brasileira. Formada em letras anglo-germânicas e com mestrados em Literatura Brasileira e Linguística Aplicada, Lya foi professora titular de Linguística de 1970 a 1980. Depois disso, dedicou-se unicamente à tradução e à sua literatura. Viúva do linguista Celso Pedro Luft, com que teve os filhos Susana (médica), André (agrônomo) e Eduardo (filósofo), reside em Porto Alegre com seu companheiro Vicente Britto Pereira, engenheiro e escritor.

Livro: A Casa Inventada
Autora: Lya Luft
Páginas: 112
Editora: Record / Grupo Editorial Record

.: Barany: Manual de sobrevivência para vítimas de psicopatas

Psicanalista Júlia Bárány descreve como reconhecer um psicopata em sociedade e como superar os abusos de relações tóxicas e destrutivas


Psicopatia é um transtorno de personalidade e não uma doença mental como muitos pensam. Estudos norte-americanos apontam que o transtorno acomete cerca de 3% a 5% da população mundial, o que significa que em cada grupo de 30, pode haver um. Pode ser quem menos se espera, seu vizinho, seu advogado, seu chefe, já que ele tem como uma de suas características principais se colocar em todas as posições favoráveis ao controle, manipulação e exploração dos outros. 

Há muitos artigos, entrevistas e livros que dão enfoque às características de psicopatas, contudo, quase ninguém aborda o assunto do que acontece com a vítima e como se cai nessa armadilha. Pensando nisso, a psicanalista Júlia Bárány escreveu o livro “O Mal disfarçado de Bem” (Barany Editora), com 224 páginas, como um manual de sobrevivência para àqueles que chegaram ao fundo do poço e se encontram perdidos para recomeçar a vida longe dos abusos. 

“A vítima precisa se transformar em sobrevivente. Sobrevivente se cura, vítima não. Sobrevivente já conseguiu manter a cabeça fora da água e se agarrou a alguma tábua ou encontrou algum lugar para pisar. Nessas horas é fundamental a compreensão, informação, uma mão amiga, um colo aconchegante. É fundamental também o cuidado com a saúde física, pois todo esse estresse e toda essa tortura psicológica cobram do corpo. Se chegou ao fundo do poço, agora só tem um caminho: a subida. Poço é uma imagem semelhante ao canal de nascimento, você precisa nascer de novo”, conta Júlia. 

O sumário foi pensado como um guia passo a passo do que a vítima deve saber e fazer para o processo de cura. Nisso, é importante saber reconhecer um psicopata, para não generalizar que todo abuso vem de um indivíduo nessas condições. As principais características são: 

- Carisma/sedução/charme superficial (discurso sedutor).
- Loquacidade (só ele fala, pouco importa os outros).
- Bajulação (o seu alvo vira o centro de suas atenções).
- Manipulação (usa informações confidenciais e dados do outro para manipulá-lo).
- Vítima eterna (a culpa jamais é dele, sempre do outro, e ele quer evocar compaixão nos outros para usá-los a seu favor).
- Vários relacionamentos afetivos de curta duração (mesmo que tenha um companheiro estável, este existe para uma aparente respeitabilidade. Jamais se furta de traçar um objeto, diga-se pessoa, de desejo).
- Lágrimas de crocodilo (finge emoções humanas, mas não as tem).
- Desconsideração pelos sentimentos dos outros (falta absoluta de consideração pelos sentimentos de outrem).
- Justificativa de coisas que nem precisam de justificativa (arruma justificativas para as coisas mais injustificáveis).
- Ausência de remorso ou arrependimento.
- Não aprende com o erro.
- Aprende sobre os funcionamentos da alma humana nos mínimos detalhes para usar essas ferramentas na manipulação e na enganação dos outros.
- Impulsivo, estourado, como animal. Sente raiva, frustração, tédio.

O lançamento acontece em São Paulo, no dia 25 de novembro, na Livraria Martins Fontes – Avenida Paulista, 509 – das 15h às 18h. A psicanalista Júlia Bárány propõe um bate papo com os participantes, para tirar dúvidas e orientar àqueles que passam ou passaram por essa situação.  

Sobre a autora Júlia Bárány
Formações: Em educação artística pela FAAP; em pedagogia Waldorf pelo seminário da Escola Rudolf Steiner; em psicanálise pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa; em Pedagogia Artística com Galina Ashley; em mandalas e velado com Mary Porto; mestranda em Psicologia Transformacional pela University of Philosophical Research Society, USA.
Estudos acadêmicos: letras (inglês e alemão) na USP, na PUC de Curitiba e do Rio de Janeiro; literatura e filosofia na Cleveland State University, em Ohio, USA.
Trabalho: Foi auxiliar de ensino do terceiro ano na Graded School de SP; foi professora de inglês e de arte na Escola Rudolf Steiner; sócia-fundadora, editora, diretora editorial e tradutora na Editora Mercuryo e atualmente na Barany Editora; atende como psicanalista, arteterapeuta e pedagoga artística.
Atualmente trabalha com os seguintes objetivos: divulgar o que é psicopata para que a sociedade conheça este fenômeno destrutivo e perigoso em nosso meio; construir meios de apoio às vítimas de psicopata, no âmbito da saúde física, psicológica/emocional e espiritual; promover defesa social e defesa jurídica.

Livro: O Mal disfarçado de Bem – Manual de sobrevivência para vítimas de psicopata
Autora: Júlia Bárány
ISBN: 978-85-61080-67-9
Assunto: Psicologia, autoconhecimento, vítimas de psicopatas
224 Páginas
Capa: brochura; Formato: 14 x 21 cm
Editora Barany, 2017
www.baranyeditora.com.br

.: “Seduzida até domingo”, penúltimo livro da série “Noivas da semana”

“Bybee acerta na mosca neste sexto volume da série Noivas da Semana, proporcionando aos leitores um romance esperto e sofisticado entre uma heroína espirituosa e um herói arrumadinho [...]. Os personagens intensos e inteligentes são o coração desta leitura divertida.”— Publishers Weekly


Meg Rosenthal é a nova administradora da agência de casamentos Alliance. Como uma boa mulher de negócios, descobre um resort de luxo em uma ilha particular conhecido pela discrição de seus funcionários, onde ricaços e celebridades frequentam e conseguem ter privacidade. Meg acredita que o local possa ser interessante para os seus clientes e decide ir pessoalmente verificar até que ponto o resort é, de fato, isolado de qualquer influência externa.

É nesta viagem que ela conhece Valentino Masini, dono do hotel. O primeiro contato entre os dois, quando ela ainda estava reservando sua estadia, não foi dos melhores. Mas assim que a visitante chega à ilha de Valentino, ele percebe que Meg é especial. Como trabalho está em primeiro lugar, Meg não vai se deixar seduzir por um empresário italiano bonitão em um terno feito sob medida.

“Seduzida até domingo” é o penúltimo livro da série “Noivas da semana”, que já vendeu mais de dois milhões de exemplares nos Estados Unidos e teve os direitos de publicação comprados por 11 países.

Sobre a autora: Catherine Bybee foi criada no estado de Washington, nos Estados Unidos. Depois de se formar no ensino médio, mudou para o sul da Califórnia onde mora até hoje. Atualmente ela é escritora em tempo integral e vive com o marido e dois filhos.

Livro: Seduzida até domingo
Autora: Catherine Bybee
Páginas: 294
Editora: Verus | Grupo Editorial Record

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

.: Livraria da Vila: Antropóloga Betty Mindlin lança livro e autografa

‘Crônicas Despidas e Vestidas’ compartilha experiência e impressões da autora com povos indígenas e importantes personagens intelectuais


A Editora Contexto realiza em 8 de novembro uma sessão de autógrafos para lançamento do livro Crônicas Despidas e Vestidas, da antropóloga Betty Mindlin. O evento ocorrerá a partir das 18h30 na Livraria da Vila (unidade Fradique Coutinho).

A obra, com 216 páginas, divide-se em duas partes. Na primeira delas, “Crônicas Despidas”, a autora expõe uma variedade de assuntos relacionados ao universo indígena e contempla diversos povos. Com diversos mitos perpassando os relatos, essa parte do livro dedica um olhar sobre aqueles que não cobriam o corpo em tempos antigos e para quem a nudez não era proibida.

“Muita gente me pergunta como minha vida mudou depois que comecei a passar grandes temporadas com os índios, tentando aprender seu jeito de ser. Sempre desconverso, pois foi uma transformação tão extraordinária que jamais contei a ninguém o que hoje resolvo explicar”, relata a autora Betty Mindlin.

Já nas “Crônicas Vestidas”, personagens marcantes de diversas áreas do conhecimento – literatura, pintura, cinema – surgem, com “seus trajes habituais”, por vezes com base na admiração que despertam nela, em outras, a partir de convivência verdadeira. Assim, estas crônicas “despidas” e “vestidas” são relances de um percurso de vida.

“Erigir memória em patrimônio intangível contém riscos. Tradições, costumes, crenças, para se manterem e serem transmitidos estão ligados a formas de sobrevivência e recursos materiais, à educação, a oportunidades sociais”, conclui a autora.

Autora: Betty Mindlin é antropóloga, autora de Diários da floresta e de sete livros em coautoria com narradores indígenas, como Vozes da origem e Moqueca de maridos, traduzido para várias línguas. Pela Contexto, é coautora de As religiões que o mundo esqueceu.

Editora Contexto: Fundada pelo historiador Jaime Pinsky em 1987, a Contexto é especializada em ciências humanas e dedicada à circulação do saber. Comemora 30 anos de atividades em 2017 e acaba de lançar o selo Marco Polo, de romances históricos.
  
Serviço
Evento: Lançamento do livro Crônicas Despidas e Vestidas
Data e horário: 8 de novembro, a partir das 18h30
Local: Livraria da Vila – Rua Fradique Coutinho, 915, Piso Térreo, Vila Madalena, SP

sábado, 28 de outubro de 2017

.: John le Carré traz personagens clássicos e reflete o legado da Guerra

Em “Um legado de espiões”, o mestre da literatura de espionagem alterna o enredo entre os dias atuais e a década de 1960, cenário de seus mais famosos romances

  
Ele mesmo um ex-espião, John le Carré mudou os parâmetros da literatura de espionagem mundial. O talento para narrativas e o conhecimento dos bastidores do assunto alçaram seus livros ambientados na Guerra Fria à categoria de clássicos, e os transformaram em referências para futuros autores do gênero. Em “Um legado de espiões”, que chega às livrarias no fim de outubro pela Record, Le Carré retoma as trajetórias de alguns de seus principais personagens 27 anos depois do lançamento de “O peregrino secreto”, até então último livro protagonizado por George Smiley, seu personagem mais famoso.

Na trama, Peter Guillam, parceiro e discípulo de Smiley na Circus – como é chamado o Serviço Secreto Britânico em suas histórias, inspirado no MI6 – vive tranquilo, mas um tanto atormentado, numa fazenda na Bretanha após sua aposentadoria. Um dia, recebe uma carta que o convoca, com urgência, a prestar esclarecimentos à antiga agência.

Assim, ele vai ser obrigado a relembrar um episódio difícil de sua trajetória profissional: a operação Windfall, que, na década de 1960, acabou dando muito errado e matando um casal de agentes e amigos de Guillam – em uma passagem que é parte do enredo do clássico “O espião que saiu do frio”.  Nos dias de hoje, os filhos do casal estão dispostos a descobrir exatamente o que aconteceu – e a arrancar muito dinheiro dos cofres britânicos no processo.

Le Carré vai alternando entre passado e presente, com as memórias e depoimentos de Guillam, mergulhando numa incrível retomada de seu familiar universo e dos temas que lhe são mais caros: a Guerra Fria e os conflitos morais da espionagem. E aqui ele vai além porque, ao relacionar os eventos do passado com os dias atuais, o personagem – e também o autor – compara o trabalho de agências de inteligência ontem e hoje, além de refletir sobre a legitimidade daquela guerra e até que ponto as ideologias que a guiaram permanecem vivas.

“Um legado de espiões” é o nono romance da série George Smiley. Ele encerra a franquia iniciada com “O morto ao telefone”, de 1961, e que tem também entre seus títulos obras como “O espião que sabia demais”. Nos próximos meses, a Record lançará ainda novas edições dos outros oito livros, com capas novas e traduções revisadas.


TRECHO: “Chegamos ao que parece ser o último andar, mas nada sinaliza isso. No mundo que um dia habitei, seus maiores segredos estavam sempre no último andar. Minha jovem acompanhante tem um punhado de fitas penduradas no pescoço contendo etiquetas eletrônicas. A menina abre uma porta também sem identificação, eu entro, ela fecha a porta. Tento girar a maçaneta. Nada acontece. Já fui trancafiado algumas vezes na vida, mas sempre pelo inimigo. Não há janelas ali; só pinturas infantis de flores e casas. Será que são os trabalhinhos da aula de artes dos filhos de A. Butterfield? Ou desenhos de ex-encarcerados?

E o que aconteceu com todos os barulhos? Quanto mais presto atenção, mais o silêncio piora. Nenhum ruído prazeroso de máquinas de escrever, nenhum telefone tocando sem parar, nenhum carrinho de pastas e arquivos chacoalhando como a van do leiteiro pelos corredores de tábuas corridas, nenhum urro furioso e gutural mandando parar essa porra de assobio! Em algum lugar no caminho entre Cambridge Circus e o Embankment, algo morreu, e não foi apenas o rangido de carrinhos de pastas e arquivos.”

SOBRE O AUTOR: John le Carré nasceu em 1931 e estudou nas universidades de Berna e Oxford. Deu aula no Eton College e trabalhou no Serviço Secreto Britânico por breve período durante a Guerra Fria. Há mais de 50 anos vive exclusivamente de sua escrita. Divide seu tempo entre Londres e Cornualha.

Leia no blog da Record o primeiro capítulo do livro: http://bit.ly/2h7cLZ6

Livro: Um legado de espiões (A legacy of spies)
Autor:John le Carré
Páginas: 252
Tradução: Roberto Muggiati
Editora: Record

.: Marcelo Nova lança biografia em formato de entrevista e revela detalhes

A obra Marcelo Nova: o galope do tempo foi elaborada em conjunto com o jornalista André Barcinski e traz revelações do líder da banda Camisa de Vênus


O músico e compositor Marcelo Nova, fundador e vocalista do Camisa de Vênus – a mais anárquica banda de rock dos anos 1980 –, acaba de lançar sua biografia, intitulada Marcelo Nova: o galope do tempo (Benvirá).

Em formato de entrevista, o livro é conduzido pelo renomado jornalista André Barcinski e traz histórias da infância e da adolescência de Marcelo, sua relação curta, porém intensa com as drogas, o início da carreira, a parceria com Raul Seixas, o processo de composição e muito mais. Tudo relatado em tom descontraído e com sua típica ironia.

Os leitores e fãs do roqueiro vão encontrar histórias hilárias, como quando fez o lançamento de um dos discos do Camisa dentro de um “bordel”, ou quando fãs de Raul Seixas invadiram o velório do músico para levar seu caixão embora, sem sucesso, além de entender melhor as idas e vindas com o Camisa de Vênus, o sucesso meteórico de canções como “Eu não matei Joana D’Arc” e “Só o fim” e as influências musicais que o moldaram desde pequeno.

No decorrer das 264 páginas, que incluem um caderno de fotos, há ainda espaço para suas opiniões sobre Carnaval, tatuagens – que ele não tem até hoje, cinema e Brasil. Conforme ele mesmo admite na obra: “o Brasil não é o país do rock, definitivamente”. O livro já está à disposição nas livrarias de todo o país.

SOBRE O AUTOR: Marcelo Nova é músico e compositor, líder da banda Camisa de Vênus, além de seguir carreira solo. Vive em São Paulo com Inêz, sua esposa, e é pai de Penélope, Felícia e Drake.

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. Atualmente é crítico de cinema e música da Folha de S.Paulo, diretor de programas no Canal Brasil e dono de um blog, blogdobarcinski.blogosfera.uol.com.br.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

.: Luís Filipe Sarmento: Gabinete de Curiosidades marca a estreia

Gabinete de Curiosidades marca a estreia do consagrado escritor Luís Filipe Sarmento no mercado editorial brasileiro. A EDITORA LANDMARK lança obra do aclamado escritor, poeta e cronista português Luís Filipe Sarmento nas principais livrarias do país a partir de novembro


Poemas, ensaios e manifestos que retratam a relação do homem com o mistério da existência. Essa é a natureza do conteúdo presente no livro "Gabinete de Curiosidades" do autor português Luís Filipe Sarmento, um dos nomes mais importantes da poesia, da prosa e da crônica portuguesa na contemporaneidade. No próximo dia 06, o livro desembarca oficialmente em solo brasileiro e estará disponível nas principais livrarias das capitais e regiões metropolitanas do Brasil.

A obra é uma publicação da editora paulistana Landmark e está dividida em três partes. A primeira parte intitulada ‘Generalidades' possui 24 poemas. A segunda parte nomeada ‘Hipermodernidades', conta com 24 textos formatados em pequenos ensaios, manifestos e panfletos. Já a terceira e última parte da obra recebe o título de ‘Raridades' que consiste em uma ficção com 24 micro capítulos. Trata-se de uma obra híbrida onde se reconhecem vários gêneros literários.

De acordo com o autor Luís Filipe Sarmento, Gabinete de Curiosidades é fruto de uma ideia original. A obra é resultado de uma sucessão de pesquisas realizadas em seu país de origem. “Depois de fazer algumas pesquisas em Portugal percebi que nunca se tinha produzido um livro neste formato. Há várias abordagens sobre o mesmo tema. Poesia, Ensaio e Ficção. Foi um desafio interessante e estimulante,” pontua o escritor que já publicou mais de 22 obras e traduziu mais de 100 livros.

Quanto a estreia no Brasil o autor promete repetir o sucesso que obteve no cenário editorial português. Sua meta principal é conquistar as mentes e corações dos leitores brasileiros mais exigentes e criteriosos, amantes de enredos literários profundos, contagiantes e instigantes. “Acredito fielmente na competência da editora Landmark para que Gabinete de Curiosidades chegue o mais longe possível, que seja bem aceito pela crítica, mas, sobretudo, pelos leitores exigentes do Brasil”, finaliza o escritor.

Sobre a obra: "Gabinete de Curiosidades" nasce como um híbrido. Trata-se de um livro em três partes onde se reconhecem vários gêneros. A primeira parte, ‘Generalidades' tem 24 poemas; a segunda, ‘Hipermodernidades', com 24 textos, com pequenos ensaios, manifestos e panfletos; a terceira, ‘Raridades', uma ficção com 24 micro capítulos. Com todo esse magnífico material – instigante, ousado, transgressor – interligam-se pelos mesmos temas.

É um livro aparentemente provocador, belicoso, agressivo e que acaba numa história de amor sem história como recusa de uma sociedade castradora e violadora da condição humana. É um gabinete onde se recolhem fenômenos extravagantes que constituem o quotidiano da nossa existência.

É a relação do homem com o mistério da existência, da ficção divina como um imperativo de verdade e a partir da qual o lugar que é dado à corrupção dos espíritos, à maldade, à vingança, ao ódio.

O exercício da linguagem para além do próprio argumento. A observação minuciosa dos detalhes e dos humores que despertam.

Sobre o autor: Luís Filipe Sarmento nasceu a 12 de outubro de 1956, escritor, tradutor, jornalista, editor, realizador de cinema e televisão, professor de escrita criativa, de História dos Modernismos e da Estética, estudou Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

É um dos principais poetas, prosadores e cronistas contemporâneos portugueses, com livros e textos traduzidos para o inglês, espanhol, francês, italiano, árabe, mandarim, japonês, romeno, macedônio, croata, turco e russo.

Produziu e realizou a primeira experiência de vídeo livro feita em Portugal no programa «Acontece» para a RTP (Radiotelevisão Portuguesa), durante sete anos assim como para outros programas de televisão. Produziu e realizou conteúdos para o programa «Em Português Nos Entendemos» numa co-produção da RTP e da TV Cultura de São Paulo. Já publicou vinte e duas obras e traduziu mais de cem livros.

É membro do International P.E.N. Club, da Associação Portuguesa de Escritores e do International Comite of World Congress of Poets. Foi Coordenador Internacional da Organization Mondial de Poétes (1994-1995) e Presidente da Associação Ibero-Americana de Escritores (1999-2000).

Iniciou sua carreira literária aos 18 anos com a obra «A Idade do Fogo» (1975); seguida por «Trilogia da Noite» (1978); «Nuvens» (1979); «Orquestras & Coreografias» (1987); «Galeria de um Sonho Intranquilo» (1988); «Fim de Paisagem» (1988); «Fragmentos de Uma Conversa de Quarto» (1989); «Ex-posições» (1989), «Boca Barroca” (1990); «Matinas Laudas Vésperas Completas» (1994), «Tinturas Alquímicas» (1995); «A Ocultação de Fernando Pessoa, a Desocultação de Pepe Dámaso» (1997); «A Intimidade do Sono» (1998); «Crónica da Vida Social dos Ocultistas» (2000); «Gramática das Constelações» (2012); «Ser tudo de todas as Maneiras, ensaio e antologia da obra de Fernando Pessoa», Lisboa (2012); «Como Um Mau Filme Americano» (2013); «Efeitos de Captura» (2015); «Repetição da Diferença» (2016); e «Gabinete de Curiosidades» (2017).

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

.: Melhoramentos comemora 85 anos de idade de Ziraldo

Ele será tema de todas as feiras de livros e festas literárias das quais a Editora participar. Também atuará como embaixador do Projeto Escola Parceira da Leitura, recém-lançado


Um dos escritores mais amados por gerações e gerações de leitores, o criador do best-seller O Menino Maluquinho chega aos 85 anos de idade atraindo legiões de fãs. Tanto que Ziraldo é uma das atrações que não podem faltar no estande da Melhoramentos nas principais feiras de livro. Nesses eventos, as filas para conseguir um de seus famosos autógrafos são conhecidas assim como a disposição do escritor que, muitas vezes, fica até 5 horas por dia atendendo os fãs.  

Uma data emblemática como essa, portanto, não poderia passar em branco. Por isso, a Melhoramentos, com quem Ziraldo celebra uma parceria de 37 anos, programou um ano de comemorações – com um selo comemorativo criado pelo próprio Ziraldo. O escritor será tema de todas as feiras de livros e festivais literários dos quais a editora participar.

Ziraldo também será o embaixador do Projeto Escola Parceira da Leitura, uma iniciativa recém-lançada pela Melhoramentos com o objetivo de ampliar o repertório literário dos estudantes e auxiliar os estabelecimentos de ensino a formar leitores competentes. A iniciativa engloba um conjunto de ações para envolver todos os atores da comunidade: alunos, professores, famílias, funcionários. O projeto disponibiliza um acervo de livros da Editora Melhoramentos em um evento especial, que conta com a presença de renomados escritores e palestrantes. Sempre que a agenda de Ziraldo permitir, ele participará dessas ações. É dele também os traços que ilustram o logotipo do projeto. 

Parceria produtiva: A longa parceria entre Ziraldo e a Melhoramentos teve início em 1980, justamente com o lançamento de O Menino Maluquinho. Na época, ele já era um autor conhecido pelas obras Flicts e O Planeta Lilás, grandes sucessos na década de 1960. Muito divulgados, esses textos foram transformados em peças teatrais e eram largamente adotados nas escolas. Por isso, os lançamentos do autor já atraíam filas enormes. Curiosamente, o primeiro trabalho que ele fez para a Melhoramentos foi o desenvolvimento de uma linha de cadernos e blocos. 

Em quase quarenta décadas, o autor já lançou mais de 200 obras pela Melhoramentos, entre literatura, livros de pano e de atividades. Somados, representam mais de 6 milhões de exemplares. Dentre os destaques, além de O Menino Maluquinho (com mais de 3,5 milhões de exemplares vendidos e 116 edições), estão Uma Professora Muito Maluquinha; Menina Nina; O Menino da Lua; Nino, o Menino de Saturno; o juvenil Vito Grandam. Seu lançamento mais recente é o livro Meninas, de 2016, que aborda a fase mágica da infância das garotas e é uma resposta à provocação de uma pequena leitora, em uma seção se autógrafos em Vitória-ES, que perguntou ao escritor por que ele só falava de meninas em seus livros. 
A Melhoramentos também produziu 27 títulos digitais do autor, sendo três aplicativos. Um desses trabalhos, o Flicts, ficou em terceiro lugar no Prêmio Jabuti – Categoria Melhor Infantil Digital.  

Documentário: Um dos autores brasileiros que ganharam o mundo, Ziraldo tem em torno de 50 títulos traduzidos para mais de 10 idiomas, como inglês, francês, alemão, espanhol, catalão, sueco, norueguês, japonês, chinês e hebraico. Uma trajetória invejável que faz se multiplicar as comemorações de seus 85 anos de idade. Muitas tocantes, como o documentário A casa do Ziraldo, uma produção da Lumen em parceria com o Canal Curta!, que exibirá com exclusividade a produção. Conduzido pelo olhar afetuoso de sua filha, a diretora Daniela Thomas, o documentário refaz a trajetória de Ziraldo passeando por seu acervo pessoal e retratando a rotina de trabalho em seu ateliê. 

Muita história para contar: E não faltam histórias. Formado bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, de Belo Horizonte, Ziraldo Alves Pinto enveredou desde cedo por atividades que exploravam a criatividade, talento revelado já na infância através de seus desenhos. Nascido na cidade mineira de Caratinga, em outubro de 1932, o primogênito de sete irmãos, que foi batizado com a junção dos nomes dos pais, a costureira Zizinha Alves Pinto e o guarda-livros Geraldo Alves Moreira Pinto, sempre teve o incentivo da família para explorar seu talento. Tanto que, com apenas 6 anos, publicou seu primeiro desenho no jornal A Folha de Minas.

Leitor de escritores como Viriato Correia e Clemente Luz e apaixonado pelos quadrinhos de Hal Foster, Alex Raymond, V. T. Hamlin e R. B. Fuller, com 16 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro-RJ, onde cursou o científico, levando na bagagem sua produção de caricaturas, histórias em quadrinhos, cartazes políticos, ilustrações, contos e poesias. Enquanto procurava trabalho, publicou desenhos em revistas como Coração, Sesinho, Vida Infantil e Vida Juvenil e O malho. Dois anos depois, voltou para Minas Gerais, prestou serviço militar e ingressou na faculdade de Direito.

Já formado, em 1957 passou a publicar regularmente na revista A Cigana e, no ano seguinte, mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar na revista O Cruzeiro Internacional. Nos anos 1960, criou uma turma para o personagem Saci-Pererê, que já aparecia na revista O Cruzeiro, e acabou virando desenhista de histórias em quadrinhos com o lançamento da revista Pererê, da qual faziam parte o Saci e toda a turma. Uma coisa foi levando à outra e, em 1969, publicou o primeiro livro destinado ao público infantil, Flicts, que aborda a história de uma cor que não encontra seu lugar no mundo. 

Nessa época, sua obra como desenhista e cartunista já havia conquistado reconhecimento internacional. Inclusive com premiações, como o Oscar Internacional de Humor, arrematado no 32.º Salão Internacional de Caricaturas, em Bruxelas, e foi o primeiro latino americano a ser convidado a fazer um cartaz para o Unicef. 

Foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, ao lado de Jaguar, Claudius e Sérgio Cabral, entre outros, que foi publicado de 1969 a 1991. Como sempre expressou suas posições políticas, durante a Ditadura Militar no país, foi preso diversas vezes. 

Sobre a Editora Melhoramentos: Há mais de 125 anos, a Editora Melhoramentos ocupa posição de destaque nas diversas áreas em que atua. É referência no mercado editorial com milhares de títulos publicados. À frente de seu tempo desde a fundação, ela se distingue pelo pioneirismo de suas obras, pelos autores e avanços editoriais aos quais se dedica. www.editoramelhoramentos.com.br


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