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quinta-feira, 27 de abril de 2023

.: Terror doméstico e memória dão o tom do espetáculo "Aleito"


Após temporada no Rio de Janeiro espetáculo chega ao Centro Cultural São Paulo com apresentações gratuitas. 
Foto: Anne Godoneo


“Aleito” é um monólogo teatral interpretado por Paula Furtado, com dramaturgia de Lane Lopes e dirigido por Helena Panno. Em “Aleito” acompanhamos uma mulher esquecida pelos outros e esquecida de si mesma após décadas de vida dedicadas à família e ao trabalho doméstico. A partir de lembranças fragmentadas, ela vai contando a sua história e, pela primeira vez, tomando as rédeas do seu destino. A peça estará em cartaz de 20 de abril a 7 de maio de 2023, no Centro Cultural São Paulo.

Com grande força e lirismo, Aleito propõe uma reflexão sobre o feminino, memória e envelhecimento. O espetáculo, que já esteve em cartaz no último ano no Rio de Janeiro, chega em São Paulo em 2023 com novidades, como uma exposição que recebe o público nos minutos iniciais da peça. Para chegar à plateia, o público passa por obras suspensas que remetem a temática do espetáculo: a memória e o feminino Cada obra é feita por mulheres que têm como principal ferramenta de trabalho as mãos, e o intuito é homenagear e divulgar o ofício daquelas que vivem de trabalhos manuais, por necessidade ou escolha. 

A diretora Helena Panno explica que Aleito vem para a segunda temporada salientado uma estética freaky, poética, singela e bordada à mão. “Quando penso na história dessa mulher - que simboliza tantas outras - a escolha é de expor o terror doméstico que foi historicamente banalizado.  Aqui o terror não é banal - buscamos provocar, também, no público a sensação de medo e de abandono, a partir de elementos cênicos e de uma linguagem física vertiginosa.”

Para Paula, revisitar a dramaturgia é revisitar um longo processo de pesquisa feito em conjunto, pelo Coletivo Uma Película, nos últimos três anos - “Encontro as mulheres que vieram antes de mim naquelas palavras. Buscamos homenagear as mulheres de outras gerações com nosso trabalho. Reverenciamos o passado e ousamos pensar diferentes futuros para corpos antes marginalizados.”

O espetáculo trabalha no âmbito das narrativas secretas de mulheres que perderam a memória, o sobrenome, a autonomia e a liberdade: mulheres dadas como loucas, matrimônios forçados, agressões acobertadas. “O espetáculo desloca as contradições do âmbito doméstico para o palco e para o espaço público. É uma inspiração para repensarmos os papéis de gênero e as heranças culturais”, explica Lane Lopes.


Chamamento Artistas  - Aleito em Instalação: o ofício da memória
Produção da peça Aleito convoca artistas que queiram participar da instalação ‘o ofício da memória’ que faz parte do espetáculo em cartaz no CCSP, na sala Ademar Guerra,  entre os dias 20/04 a 07/05. Serão selecionadas obras que dialoguem com as temáticas do feminino, da memória e de ofícios manuais: artistas plásticas, colagistas, fotógrafas, bordadeiras, pintoras, costureiras, etc são bem vindas para compor a nossa instalação.


Inscrições em:  https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfRToVNW4ajlF9HCxS5g6hrVMNqcHhQNhIdl-IJdvKyyyCg1g/viewform

Ficha técnica:
Dramaturgia: Lane Lopes. Direção: Helena Panno. Atuação: Paula Furtado. Voz em off: Dida Camero. Direção de arte: Padu Cecconello. Trilha sonora original: Caru. Iluminação: Gabriel Prieto. Designer: Brenda Spinosa. Fotos cartaz: Larissa Brujin e Anne Godoneo. Produção: Helena Panno, Luciana Duque e Yago Marçall. Assistência de direção e produção executiva: Yago Marçall. Assistência de produção: Lane Lopes. Assistência de arte: Julia Danesi. Caracterização: Greta Rincon. Técnico de som: Vicente Barroso. Técnico de luz: Guilherme Soares. Equipe de foto e filmagem: André Voulgaris Audiovisual. Filmagem: André Voulgaris e Luisa Nico. Fotos: Anne Godoneo. Assessoria de imprensa: Gabriela Anastácia (Gamarc Comunicação). Idealização: Coletivo Uma Película. Realização: Coletivo Uma Película e Helena Panno através do ProAc Editais, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. Apoio: Centro Cultural São Paulo, Os Satyros, Cine Satyros Bijou e MIL Vergueiros

Serviço:
Espetáculo "Aleito". Temporada até dia 7 de maio. Quartas a sábados às 21h, domingos às 20h. Domingos 30 de abril e 7 de maio às 17h. Local: Sala Ademar Guerra no Centro Cultural São Paulo. Endereço: Rua Vergueiro 1000. Ao lado da estação Vergueiro do metrô. Ingressos: gratuito, disponível on-line e na bilheteria do teatro. Link para ingressos on-line: https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/event/aleito. Duração: 60 minutos. Classificação etária: 12 anos.

.: "Sonhos Roubados" resgata identidade feminina na Casa Teatro de Utopias

Mariana Loureiro estrela solo "Sonhos Roubados" em maio na Casa Teatro de Utopias. Com direção de Zé Pereira e Luiza Magalhães, solo retrata uma mulher que procura resgatar sua identidade. Trancada em seu apartamento à espera de um homem que nunca chega, ela passa a observar os vizinhos pela janela, roubando suas histórias. Crédito: Mia Shimon


Uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade é o que propõe o solo Sonhos Roubados, protagonizado pela atriz Mariana Loureiro, que estreia no dia 6 de maio na Casa Teatro de Utopias. A peça, com direção de Zé Pereira e Luiza Magalhães, segue em cartaz até o dia 21 do mesmo mês, com apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h. 

A trama acompanha a longa espera de uma mulher por seu amante. Enquanto aguarda trancada em seu apartamento, ela observa seus vizinhos pela janela - e passa a inventar e encenar suas histórias no espaço do seu confinamento, vivenciando situações de solidão e violência, mas também de erotismo, sarcasmo e humor ácido, em um jogo que a seduz e a absorve. 

Nesse jogo de espelhos com os vizinhos, ela começa também a refletir sobre os papéis da mulher em nossa sociedade, percebendo que não é só o relacionamento que a aprisiona, mas também as estruturas, as expectativas, as culpas e os medos que a acompanham. Afinal, o que é ser mulher?

A partir dessas histórias, a personagem busca se desvencilhar das máscaras que veste como defesa ou fuga, abrindo mão dos modelos copiados, dos sonhos roubados como se fossem dela própria. Mas quem é ela sem esses sonhos? Em sua jornada de descoberta, ela irá antes se perder nesse caldeirão que mistura realidade e fantasia, desconstruindo tudo que ela é, ou pensa que é. Essa viagem será também curiosa, bem-humorada, excitante, reflexiva e, por fim, catártica.

O foco da encenação é explorar o trabalho da atriz e a atmosfera lúdica na composição desses diversos “personagens dentro da personagem” e a relação com o público, que se torna uma espécie de voyeur, como se também ele estivesse observando essa mulher sem ser notado. A peça propõe ao público questões como: quem está observando quem? Não estaríamos todos nós vivendo sonhos roubados?

Sobre a encenação: Apesar da simplicidade aparente (apenas uma atriz, um único cenário), Sonhos Roubados é uma peça de muitas vozes e muitas camadas. Sem uma marcação clara de onde começa ou termina cada camada, o espetáculo nos convida a experimentar a confusão mental da personagem e a embarcar em uma atmosfera de sonho e delírio.

Existe uma primeira camada, mais imediata, que mostra a rotina da personagem em seu isolamento. A esta se sobrepõe uma segunda, da história desse romance abusivo; e a esta uma terceira, com as histórias dos vizinhos, espiadas ou inventadas. E sobre estas se revela uma outra, quase imperceptível, com os comentários e reflexões da própria atriz Mariana Loureiro. 

Luz, som e projeções serão usadas para evocar lembranças e delimitar mudanças e passagens, mas o foco da encenação está na interpretação e nas transformações corporais da atriz, às vezes recorrendo ao naturalismo, às vezes flertando com o grotesco e o surreal. Ainda que o tom principal da peça seja dramático, a encenação irá explorar a riqueza do jogo proposto pelo texto, permitindo momentos de humor, erotismo e absurdo.

Os elementos cenográficos e figurinos são minimalistas, servindo de suporte para a interpretação, mas acrescentando detalhes sutis que contribuem para a atmosfera de sonho. A ideia é distribuir o público de forma que a atriz caminhe entre os espectadores, favorecendo uma comunicação mais direta e intimista. 

Sobre Mariana Loureiro: Formada em Artes Cênicas pela ECA-USP. Foi integrante do CPT, dirigido por Antunes Filho, realizando temporada do espetáculo “Drácula e outros Vampiros”, no Brasil e Espanha. Em Londres, atuou em três espetáculos junto com a companhia teatral do Riverside Studios. Também, atuou na peça “Rua do Medo”, de Leonardo Cortez (texto indicado ao prêmio Shell), com direção de Marcelo Lazzaratto e, entre outros espetáculos, protagonizou “Bem-Vindo, Estranho”, da autora britânica Angela Clerkin, realizando turnê no Brasil e Portugal.

No cinema e na TV, trabalhou com os diretores Fernando Meirelles (Felizes Para Sempre – Rede Globo), Walter Salles (Abril Despedaçado), Carlos Reinchenbach, Ricardo Elias, entre outros. Protagonizou "Carmo – Hit The Road", longa-metragem de Murilo Pasta, vencedor do prêmio de público da Mostra Internacional de Cinema de SP e presente na seleção oficial do Festival de Sundance. Participou de séries de TV na BBC de Londres (Casualty), na Fox Brasil (9mm) e na MTV (Copa do Caos). Atualmente, pode ser vista no filme “Chorar de Rir” (HBO) de Toniko Melo. 

Sobre Zé Pereira: Zé Pereira é dramaturgo, escritor, diretor de teatro e curta-metragens e crítico musical. Seu último texto teatral, “Construção”, foi vencedor do 9o. Prêmio Nacional de Dramaturgia Carlos Carvalho (Porto Alegre, 2022), Foi diretor do curta-metragem “São Paulo nos pertence”, premiado em diversos festivais nacionais. É também autor das peças teatrais “A Diferença Que Um Dia Faz”, “Sonhos Roubados” e “Pulp Love”, e dirigiu as encenações de “O Colecionador” (adaptado por ele mesmo do romance de John Fowles), “Kathie e o Hipopótamo” (Mario Vargas Llosa) e “Jacques e seu Amo” (Milan Kundera). Como escritor, integrou a antologia de contos “Da substância dos sonhos e outras periferias”. Foi fundador e editor do site de música Lineup Brasil, parte da rede de conteúdo da MTV, no qual fazia a cobertura de shows e festivais musicais no Brasil e exterior. Foi também colunista musical da revista Follow. Cursou a Faculdade de Artes Cênicas da ECA/ USP e a Escola Superior de Propaganda e Marketing. 

Sobre Luiza Magalhães: Atriz, bailarina e diretora de movimento. Atriz formada  pelo Centro de Artes e Educação Célia Helena e bacharel em Letras pela FFLCH-USP. Foi atriz integrante do Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI e é co-fundadora do grupo teatral trupe à grega. Foi aluna da Escola de Dança do Theatro Municipal de SP. Bailarina do projeto “Ateliê de solos”, orientado pela bailarina Beth Bastos, criando o solo de dança-teatro Cecília (Oficinas Culturais Oswald Andrade) contemplado pelo Fomento a Dança.

Como atriz, participou de diversas montagens como a ópera AIDA (2022), direção de Bia Lessa e coreografia de Lili De Grammond, no Theatro Municipal de São Paulo, O Dragão Dourado (2017-2019), de Roland Schimmelpfennig, direção de Dagoberto Feliz, A Dama (Sesc Campinas), de Thiago Richter, Barba Azul (Galpão do Folias), direção de Luciana Schwinden.  Diretora de movimento de projetos como Dora, com direção e atuação Sara Antunes, na Cúpula do Theatro Municipal de São Paulo, composto no projeto Teatro no Theatro, e em clipes como de Jaloo, Francisco el Homebre, Sebastianismo, Ju Strassacapa (Lazuli). 

Atualmente está como atriz na nova montagem da peça O Dragão Dourado, de Roland Schimmelpfennig, com direção de Dagoberto Feliz, idealizado pelo seu grupo trupe à grega, contemplados pelo edital Múltiplas Linguagens da Secretaria de Cultura de São Paulo (2023).

Sinopse: “Sonhos Roubados” é a história de uma mulher que espera seu amante, trancada em seu apartamento por muito tempo. Enquanto espera, ela observa seus vizinhos pela janela - e passa a inventar e encenar suas histórias no espaço do seu confinamento, vivenciando situações de solidão e violência, mas também de erotismo, sarcasmo e humor ácido, em um jogo que a seduz e a absorve. Nessas histórias ela vai encontrar fragmentos de si própria, iluminando também territórios ocultos do relacionamento abusivo em que ela se descobre.


Ficha Técnica

Idealização: Zé Pereira e Mariana Loureiro

Direção: Zé Pereira e Luiza Magalhães

Elenco: Mariana Loureiro

Dramaturgia: Zé Pereira com colaboração de Mariana Loureiro

Direção de movimento: Luiza Magalhães

Figurino: Camila Bueno

Cenografia: Bruno Fernandes

Design de luz: Felipe Stucchi

Design de som: Bruno Fernandes

Vídeo e fotos: Mia Shimon

Arte gráfica: Claudia Furnari

Produção: Cotiara Produtora - Ana Elisa Mello e Samya Enes

Assistência de Produção: Letícia Rodrigues

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio


Serviço

Espetáculo "Sonhos Roubados"

Temporada: 6 a 21 de maio, aos sábados às 20h, e aos domingos às 18h

Casa Teatro de Utopias – Rua Duílio, 46, Lapa*

Ingressos: R$80 (apoiador) R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada)

Vendas online pelo site Sympla

Classificação: 18 anos

Duração: 75 min

Capacidade: 60 lugares

Acessibilidade: Sim

Informações e reservas: (11) 941093191 | casateatrodeutopias.com.br

*A casa abre uma hora antes do início do espetáculo.


.: "Macunaíma, Um Brinquedo": trechos intocados do livro de Mário Andrade

"Macunaíma, um Brinquedo" adapta obra clássica da literatura brasileira para espetáculo que mescla teatro e contação de histórias. Sob direção e realização de Cristiane Paoli Quito,  o espetáculo do grupo Favas de Paricá é um mergulho nas palavras e na escuta de uma das obras centrais do modernismo brasileiro: "Macunaíma, um Herói Sem Nenhum Caráter", escrito em 1928 por Mário de Andrade. Crédito: Caio Oviedo


Transposição de uma das obras literárias mais emblemáticas do modernismo brasileiro para a cena, o espetáculo "Macunaíma, um Brinquedo" traz trechos intocados do livro de Mário Andrade reinterpretados pelo grupo Favas de Paricá. Em cena, estão Marisa Bezerra e Arce Correia. O trabalho, que vem sendo apresentado e remodelado desde 2016, tem direção de Cristiane Paoli Quito e circula por bibliotecas da capital paulista e do interior. As primeiras confirmações são no dia 29 de abril, sábado, às 16h, com apresentação na Biblioteca Municipal Batista Cepelos, em Cotia; e na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em Araraquara, dias 2 de maio, terça-feira, às 18h; e 3 de maio, quarta-feira, às 16h. Após cada sessão, há uma roda de conversa entre os atores e o público  - toda a programação é gratuita.

Ao optar por apresentar a obra em espaços não convencionais da cena, Macunaíma, um Brinquedo explora os limites da contação de histórias e do teatro, fazendo das sessões um momento de partilha com o público que retoma tradições da oralidade enquanto busca, nos termos da companhia, levantar a palavra do livro. "Apresentar em bibliotecas traz para um lugar de vida a própria palavra do Mário de Andrade. Nas bibliotecas é onde moram as palavras deitadas, então nossa ideia é propor uma ação que dinamize essa obra tão importante", conta Marisa Bezerra.

Para facilitar a circulação do espetáculo, o cenário é composto por elementos simples, como um tapete e uma luminária que sugere ao público sentar-se em torno desses  objetos cênicos, propondo uma encenação em arena. Durante o espetáculo, são utilizadas passagens originais do texto de Mário de Andrade em um caráter rapsódico, com resumos de cada capítulo. "Resgatamos as partes do livro que decidimos recontar mantendo uma linha de raciocínio de cada capítulo e também mantendo as palavras de Mário de Andrade", reforça Bezerra.

O trabalho realizado pelo grupo foi conduzido a partir da pesquisa de mestrado da diretora Cristiane Paoli Quito, denominada O corpo da voz, que integra o conhecimento profundo da história literária, recursos físicos e vocais, improviso de onde começa e termina a narração, dependendo das  reações e respostas do público.

A companhia reforça que a escolha das edições dos capítulos também conversa com os públicos para quem as sessões serão apresentadas. "Em apresentações para idosos, por exemplo, percebemos um encantamento ao selecionar trechos específicos da obra sobre a cidade de São Paulo, pois muitas pessoas ali vivenciaram o que está descrito", diz Bezerra. A artista complementa que, com professores, é possível notar uma cumplicidade em pensar maneiras alternativas de apresentar a obra aos alunos. Já para crianças e adolescentes, a encenação apoia a pensar os termos da escrita por meio de figuras acessíveis.


Ficha Técnica

Baseado no livro de Mário de Andrade

Direção - Cristiane Paoli Quito

Elenco - Marisa Bezerra e Arce Correia

Preparação Vocal - Rodrigo Mercadante

Confecção de Figurino - Silvana Carvalho

Cenário - Cristiane Paoli Quito, Marisa Bezerra e Arce Correia

Garimpo Musical - Sílvia Bittencourt

Direção de Produção - Marina Merlino

Assistência de Produção - Marisa Bezerra


Sobre Marisa Bezerra: Atriz, produtora, diretora artística e apresentadora desde 2002. Formada pela Escola de Arte Dramática (ECA-USP), é paraense, criada no Ceará, e radicada em São Paulo desde 2008. Membro fundadora do Cabauêba, grupo de Fortaleza com o qual migrou para São Paulo e realizou obras como "Sobre o fim" (2010); "As formigas" (2006); "O jardim Selvagem" (2007), dirigidas por Lucas Sancho. Integrou o elenco da peça teatral "Planeta água", com turnês pelo país inteiro. Integrou o elenco de "Coisas que você pode dizer em voz alta" (2019), dir. Ricardo Henriques; "Idiotxs Magnificxs" (2018), "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, um brinquedo" (2016), ambos dirigidos por Cristiane Paoli Quito, "De Passagem ou que ano louco 2020", dir. Juracy de Oliveira; "Em Análise", dir. Bruno Sperança (2020); "Love Live show", dir. Elisa Porto e Juracy de Oliveira (2020).

Trabalhou também com diretores e grupos como Bete Dorgam, Lucienne Guedes Fahrer, Eco Teatral , Coletivo Garoa, entre outros. Como produtora, atualmente integra a equipe de Johnny Hooker (desde 2015) e Josyara (entre 2019 e 2023). Em 2014 passa a integrar o grupo “Pronto Sorrir” que promove atividades artísticas semanais para crianças hospitalizadas, seus acompanhantes e funcionários em diversos hospitais de São Paulo.

Sobre Arce Correia: Arce Correia DRT-130/MS. Multiartista Sul-Mato-Grossense e que vive em São Paulo desde 2011, formado pela Escola de Arte Dramática ECA/USP com licenciatura e bacharelado em teatro pela Universidade Anhembi Morumbi. Tem mais de 24 anos de atuação em teatro, dança, música, cinema, televisão e mais recentemente na literatura lançando seu primeiro livro de contos, poemas e letras de música “Alinhavo deLírios e açoCenas” Atuou como ator, bailarino, diretor e coreógrafo nos grupos: Teatral Grupo de Risco, Teatro Vento Forte, Circo do Mato e Ginga Cia de dança. É preparador de expressividade vocal e corporal para atores e pessoas interessadas em comunicação. Criou e atua com a personagem humorística Maria Quitéria desde 2000. 

Esteve sob algumas direções como Cristiane Paoli Quito, João Lima, Roma Roman, Ilo Krugli, Silvana Garcia, Mônica Montenegro, Bel Teixeira e Carla Candiotto. Trabalhos de relevância como: Macunaíma um brinquedo, Apareceu a Margarida, Itinerâncias de Graciliano e Baleia, História de lenços e ventos, O mistério do fundo do pote, Tá tudo treta e a poesia rege, Dias rasgados um bordado inacabado, O cortiço, Quarto de despejo (onde também compôs músicas e letras), Vorazcidade, Eleutheria, e Cimbeline. Prêmios: Festival Sul Matogrossense de teatro, Festival nacional Veiga de Almeida, Festival nacional de teatro de Duque de caxias. Seu mais recente trabalho é o show autoral “Alinhavo” onde apresenta textos e músicas de seu livro.

Sobre Cristiane Paoli Quito: Diretora-criadora-realizadora, atriz e produtora. Sócia-fundadora da Pimba Produções Artísticas e diretora da Cia. Nova Dança 4. Projeta-se na cena teatral paulista nos anos 90, através de seus espetáculos recheados de técnicas e referências da commedia dell'arte. Na segunda metade da década, volta-se para a dança, e desenvolve linguagem própria, fundada na pesquisa sobre a dramaturgia do intérprete em improvisação. A partir de 1996 une- se a Tica Lemos e cria a Cia. Nova Dança 4.

Inicia suas atividades teatrais pelas mãos de Antonio Januzelli, em 1977. Sua formação é resultante de encontros com profissionais como Philippe Gaulier, Maria Helena Lopes, Francesco Zigrino, Tica Lemos, Neide Neves, Lu Favoretto, Rose Akras, Steve Paxton, Lisa Nelson, Janô, entre outros. Foi responsável pela direção da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo - EAD/ECA-USP de 2005 a março de 2009, onde leciona e monta espetáculos desde 1996. Foi professora do curso de Comunicação das Artes do Corpo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo de 2001 a 2004. Entre 1996 e 2007, foi Diretora e Professora do Projeto Estúdio Nova Dança, espaço/conceito de ensino, pesquisa, criação, produção e realização artística.


Serviço

Espetáculo "Macunaíma, um Brinquedo"

Temporadas: 

Cotia

Data: 29 de abril, sábado, às 16 horas 

Local: Biblioteca Municipal Batista Cepelos - Av. Prof. Manoel José Pedroso, 1147 - Parque Bahia, Cotia - SP, 06717-100


Araraquara 

Data: 02 de maio, terça-feira, às 18 horas 

Local: Biblioteca Municipal Mário de Andrade -  R. Carlos Gomes, 1729 - Centro, Araraquara - SP, 14801-340

Data: 03 de maio, quarta-feira, às 16 horas 

Local: Biblioteca Municipal Mário de Andrade -  Biblioteca Municipal Mário de Andrade -  R. Carlos Gomes, 1729 - Centro, Araraquara - SP, 14801-340


Classificação: Livre. Recomendação etária: a partir de 12 anos

Duração dos espetáculos: 80 min

Ingressos: Toda a programação é integralmente gratuita e aberta a todos os públicos


terça-feira, 25 de abril de 2023

.: Releitura de "A Gaivota", de Anton Tchekhov, explora a comicidade

Com direção de Felipe Sales, a peça explora a comicidade desse clássico teatral com as linguagens da palhaçaria, da bufonaria e da música ao vivo. Foto: Jennifer Glass


Escrito em 1895, o clássico teatral "A Gaivota", de Anton Tchekhov (1860-1904) é revisitado no novo trabalho da Cia. Bípede de Teatro Rupestre. O espetáculo estreia no dia 5 de maio no Centro Cultural Galeria Olido, onde segue em cartaz até o dia 28 do mesmo mês, com apresentações às sextas e aos sábados, às 18h30, e aos domingos, às 15h.

A direção é assinada por Felipe Sales e o elenco conta com Alana Oliveira, Bárbaro Xavier, Cristiano Kozak, Gustavo Zevallos, Luciana Schwinden, Nanda Versolato, Mariana Matanó, Rafael Pacheco e Thiago Winter.

A história original se passa em uma tarde de verão em uma propriedade rural na Rússia, no final do século 19, quando o escritor Trepliov decide apresentar para a própria família sua mais nova peça, que é estrelada por Nina, por quem ele está apaixonado. 

A encenação, no entanto, não agrada aos convidados, em especial à mãe de Trepliov, Arkadina, que é uma grande atriz do teatro clássico e ao seu amante Trigórin, um renomado romancista. O fracasso da encenação leva o jovem a questionar o próprio talento e entrar em uma profunda crise. Ao mesmo tempo, Nina se apaixona por Trigorin e, desejando a fama e glória, foge para Moscou na tentativa de viver um romance com o escritor e ir atrás de seu sonho de tornar-se uma atriz profissional

Esses conflitos expõem uma série de problemas das pessoas daquele ciclo social – e de toda a sociedade daquela época. O espetáculo discute temas como a frieza nas relações familiares, o desencanto da juventude perdida e alguns conflitos geracionais.

A montagem da Cia. Bípede de Teatro Rupestre acentua a comicidade do texto de Tchekhov por meio da música ao vivo interpretada pelos próprios artistas, da palhaçacia e da bufonaria.

Sinopse: A história de Anton Tchekhov se passa em uma propriedade rural durante o verão russo. Trepliov, um jovem aspirante a escritor, decide apresentar para a sua família sua mais nova obra. No entanto, suas expectativas são quebradas pela reação de sua mãe, Arkádina, uma verdadeira prima donna do teatro clássico. Essa frustração desencadeia uma série de fricções entre as personagens e, dessa convivência, as mais diversas questões aparecem: triângulos amorosos, a frieza nas relações familiares, o desencanto da juventude perdida e diversos conflitos geracionais. A montagem da Cia. Bípede de Teatro Rupestre revisita esse clássico e traz à tona a comicidade do texto através do jogo cênico, que combina o teatro dramático com elementos da palhaçaria, da bufonaria e quebras musicais.


Ficha Técnica

Texto: Anton Tchekhov

Tradução: Rubens Figueiredo

Encenação: Felipe Sales

Direção Musical: Verônica Agnelli

Elenco: Alana Oliveira, Bárbaro Xavier, Cristiano Kozak, Gustavo Zevallos, Luciana Schwinden, Nanda Versolato, Mariana Matanó, Rafael Pacheco e Thiago Winter

Cenografia: Cristiano Kozak

Adereços: Madalena Marques

Figurino: Mariana Matanó

Iluminação: Thiago Winter

Direção de Produção: Felipe Sales e Luciana Schwinden

Assessoria de imprensa: Pombo Correio Assessoria de Imprensa

Realização: Prefeitura de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Centro Cultural Galeria Olido e Companhia Bípede de Teatro Rupestre


Serviço

"A Gaivota", de Tchekhov, com a Cia. Bípede de Teatro Rupestre

Temporada: 5 a 28 de maio

Às sextas e aos sábados, às 18h30, e aos domingos, às 15h


Centro Cultural Olido – Sala Paissandu – Avenida São João, 473, Centro Histórico

Ingressos: Grátis, distribuídos 1 hora antes de cada apresentação

Duração: 110 minutos

Classificação: 14 anos


Oficinas na Virada Cultural

Processos Criativos: revisitando Tchekhov no Século XXI

Datas: 27 e 28 de maio 

Carga horária: 4 horas

.: Teatro: "Gabriel só quer ser ele mesmo" tem temporada popular

Com texto de Renata Mizrahi, direção de Renata e Priscila Vidca e direção musical de Marcelo Rezende, o espetáculo conta a história de um menino de 8 anos, vivido por Vinicius Teixeira, que ama dançar e defende isso dentro da sua escola. Foto: Dalton Valério


Gabriel é um menino de 8 anos que gosta de dançar, ao mesmo tempo em que joga futebol e toca rock. Mas na escola onde estuda, não querem que ele faça aula de dança só porque é menino. Será que o garoto vai desistir de fazer o que gosta? Com texto da premiada Renata Mizrahi, conhecida por suas peças infantis de qualidade e conteúdo, direção de Renata e Priscila Vidca e direção musical de Marcelo Rezende, o musical infantil “Gabriel só quer ser ele mesmo” encerra sua temporada popular, neste domingo (30/04), no Teatro Glauce Rocha, no Centro.

As músicas originais, criadas por Renata e Marcelo Rezende, são interpretadas pelo elenco que, além de cantar, toca instrumentos como violão, pandeiro, kazoo, escaleta, tambor grave, castanhola, agogô de côco, chocalho pequeno, ukulele e triângulo. Em cena, estão Vinicius Teixeira, Flora Menezes, Vicente Coelho, Marcos França, Nathália Colón e Clara Santhana/Paula Cavalcanti, que vivem diferentes personagens.

A peça leva à cena uma história que, com leveza e humor, questiona as diferenças na educação de meninos e meninas e as expectativas de pais e professores em relação às crianças. O musical, que já está há três anos em cartaz, sempre com sucesso de público, marca a primeira parceria de Renata Mizrahi com o produtor Bruno Mariozz, que, há oito anos, desenvolve um importante trabalho teatral voltado para o diálogo entre adultos e crianças, com temas profundos e sem subestimar a lógica infantil.

A trama tem início no aniversário de 9 anos de Gabriel (Vinicius Teixeira), quando o garoto expõe o medo de que ninguém apareça na sua festa devido aos inúmeros questionamentos feitos durante o ano na escola. A história, então, é contada em flashback, mostrando momentos em que tentaram impor a ele comportamentos baseados em estereótipos de gênero.

A ideia surgiu depois que Renata assistiu ao documentário americano “The Mask You Live In”. Segundo o filme, desde a infância os garotos começam a brigar se alguém lhes diz “Quem aqui é a mulherzinha?”, demonstrando como o não reconhecimento da sua masculinidade parece torná-los fracos e “menininhas”. Ser “menininha” é considerado insulto. “Isso tem início nos primeiros anos e se arrasta por toda a vida”, lamenta a autora. “A hipermasculinização e hiperfeminilização se impõem às crianças desde o começo da vida. Até os brinquedos que são destinados para um ou para o outro são reflexos de uma tentativa de simplificar o mundo baseado em estereótipos de gênero, cuja origem não passa de mera construção social. Com este espetáculo, quero provocar a reflexão sobre educação infantil, sobre o quanto deixamos as crianças serem quem são, ou se estamos oprimindo a partir de uma conduta social automatizada”, completa.

O cenário de Mina Quental foi idealizado em cima cubos coloridos e de acessórios que simbolizam as mudanças de ambientes como o apartamento de Gabriel, a sala de aula e o pátio da escola. Também fazem parte da equipe criativa Ana Luzia Molinari (iluminação) e Flávio Souza (figurino).

Sinopse: Gabriel tem 8 anos, adora dançar e vai lutar para ter aulas de dança para meninos na escola em que estuda.


Ficha técnica

Texto: Renata Mizrahi

Direção: Renata Mizrahi e Priscila Vidca

Elenco: Clara Santhana/Paula Cavalcanti, Flora Menezes, Marcos França, Nathália Colón, Vicente Coelho e Vinicius Teixeira

Músicas: Renata Mizrahi e Marcelo Rezende

Direção musical: Marcelo Rezende

Direção de produção: Bruno Mariozz

Cenário: Mina Quental

Iluminação: Ana Luzia Molinari

Figurino: Flávio Souza

Assessoria de Comunicação: Rachel Almeida (Racca Comunicação)

Design gráfico: Patrícia Clarkson

Fotografias: Dalton Valério

Produção: Palavra Z Produções Culturais

Idealização: Renata Mizrahi e Teatro de Nós Produções Artísticas.


Serviço

Espetáculo "Gabriel só quer ser ele mesmo"

Apresentações: 08/04 a 30/04

Teatro dos Glauce Rocha: Av. Rio Branco, 179 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20040-007

Telefone teatro: 2220-0259

Datas: sábados e domingos, às 16h.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 reais (meia-entrada). Pagamento em dinheiro ou pix

Lotação: 130 pessoas

Duração: 50 minutos

Classificação: Livre.

Compra: bilheteria do teatro, a partir das 14h.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

.: Marcos Lanza celebra 20 anos de carreira com musicais e reality show


Conhecido dos palcos e telas, ator se divide entre muitos personagens ao protagonizar “Kafka e a Boneca”, integrar o elenco de “Ney Matogrosso - Homem com H”, estrelar campanhas publicitárias e compor o júri do “Canta Comigo”. Foto: Felipe Quintini


Talvez crescer em uma casa musical, sob a boa influência dos pais, e ser um apaixonado pelo audiovisual, tenha inspirado o ator e cantor Marcos Lanza para que ele se tornasse um artista plural. Foi assistindo a clássicos do cinema e da teledramaturgia que ele se viu despertar, ainda na infância, para o sonho da carreira artística, celebrada há 20 anos com trabalhos nas telas e nos palcos, incluindo mais de 60 campanhas publicitárias e 15 espetáculos musicais, entre eles “Kafka e a Boneca” e “Ney Matogrosso - Homem com H”, onde atualmente se divide para somar personagens.

Empenhado em absorver o máximo de aprendizado, nos últimos 23 anos Lanza se dedicou a estudar teatro, canto e dança com profissionais renomados, mas entre tantos cursos e workshops feitos, foi ao lado de um grupo de garçons-cantores, com a Cia. Cine In Show, que ele se viu trocando a teoria pela prática ao longo de 13 anos, se apresentando em diversos eventos que lhe renderam muito aprendizado e direcionaram para seu primeiro grande trabalho: o musical “Avenida Q”.

A premiada comédia da Broadway abriu caminho para outros títulos importantes como as montagens brasileiras de “Chaplin - O Musical”, “Forever Young”, “Barnum - O Rei do Show” e “O Fantasma da Ópera” - que considera um divisor de águas na sua carreira ao interpretar Monsieur André -, além de produções originais como “Elis, a Musical”, “Divas, o Musical”, “Alegria, Alegria - O Musical”, “Enlace - A Loja do Ourives”, “Os 10 Mandamentos - O Musical”, “A Paixão Segundo Nelson”, “Sub-Pop-Ópera dos Mendigos” e o infantil “Tic Tic Tati”.

De Hebreu/Egípcio a dono de ópera, passando inclusive por um velhinho roqueiro e uma drag queen, o artista é conhecido por sua versatilidade e explora sua veia cômica com facilidade, mas é dando vida a personagens sérios que ele se sente mais desafiado, a exemplo de Franz Kafka,  que interpreta no espetáculo que conta a história real do encontro entre o escritor e uma garotinha, que precisa aprender a lidar com a dor da perda de sua boneca e o entendimento de muitos sentimentos, enquanto ele reavalia, em seus últimos momentos, os 41 anos de vida.

“Quando fui convidado pelo (autor e diretor) Marllos Silva eu já sabia que seria desfiador protagonizar o musical, não só pela oportunidade de mostrar algo que nunca tinha feito, mas também porque Kafka era um escritor complexo e cheio de dramas pessoais, que com suas palavras traduzia, maravilhosamente bem, o cotidiano psicológico e os problemas existenciais dos seus personagens/seres humanos. Eu li e assisti muitas coisas que me ajudaram na construção dele, e assimilando todas as informações pensei em como seria o meu Kafka no universo infantil. O que também ajudou no processo foi a curva dramática que ele tem na história, pois me deu muito material para construí-lo, tanto fisicamente quanto emocionalmente”, conta ele.

E se durante o dia, de quinta a domingo, ele assume a forma de um “carteiro de bonecas”, é no período da noite, nos mesmos dias, que ele ele pode ser visto na pele de Moracy do Val, produtor musical e jornalista conhecido pelo trabalho com o grupo Secos e Molhados, liderado por Ney Matogrosso, o homenageado do espetáculo que realiza sua segunda temporada em São Paulo - e que conta com Lanza em mais de um papel.

“A jornada dupla é desafiadora, pois ambos exigem bastante de mim. Em ‘Kafka’ tenho muito texto, principalmente por ser o protagonista - o que é, por si só, uma responsabilidade, já em ‘Ney’ também tenho bastante texto, mas em função de interpretar vários personagens. É preciso muita concentração e observação para encontrar as possibilidades de diferenciação, nem que seja em pequenos detalhes, na voz ou na intensidade da energia, até porque, é o mesmo ator ali, trocando de personalidade. Analisando esse momento, sempre penso como é maravilhoso para mim, como ator, poder estar em dois espetáculos distintos e que me provocam e estimulam em lugares igualmente diferentes”, diz.


Dos palcos para as telas
Entre estudos, ensaios e apresentações, Lanza encontra ainda tempo para se dedicar ao audiovisual - aquela antiga paixão, alimentada desde criança. Atualmente ele pode ser visto também como um dos 100 jurados do reality musical "Canta Comigo", exibido pela Record TV, onde pode usar de todo seu conhecimento, adquirido ao longo das últimas duas décadas em exercício, para avaliar os candidatos que se apresentam no palco comandado por Rodrigo Faro todos os domingos.

“Eu amo fazer parte do elenco de jurados, nos divertimos e aprendemos muito a cada programa. Para mim, responsabilidade é a palavra que define essa função, não só de julgar, mas de poder colaborar com a jornada do candidato no programa. Sempre penso o quanto deve ser desafiador cantar para um paredão de 100 pessoas - logo penso como seria se fosse comigo -, então ouço a história deles, vejo como eles se comunicam, como se conectam com o seu propósito e claro, não deixo de observar o que apresentaram, o repertório escolhido e se cantaram com uma voz presente. Quando a apresentação me move e me instiga, eu levanto e canto junto!”, conta.

E outra forma de encontrar o são-bernardense Marcos Lanza por aí é entre uma propaganda e outra. Considerado um dos rostos mais conhecidos da publicidade atual, não vai demorar muito para ele atingir a marca de 100 campanhas publicitárias, outra atividade profissional que adora exercer, especialmente pelas oportunidades inesperadas, e muitas vezes inusitadas, que acabam lhe tirando da rotina, e que servem como uma segunda vitrine para sua trajetória artística. É através delas que ele espera alcançar os mais diversos produtores e ampliar suas oportunidades.

“Sou muito realizado profissionalmente com todos os meus trabalhos até aqui, mas morro de vontade de fazer cinema, ainda sonho em ver meu nome nos créditos do cinema nacional, assim como desejo fazer personagens maiores em séries e novelas. Já participei de algumas, mas quero mais!”, finaliza.

sábado, 22 de abril de 2023

.: Espetáculo "Os Números e a Vida" reúne questões matemáticas inusitadas


Novo trabalho do Coletivo Comum relaciona dilemas comuns da adolescência a conceitos matemáticos do cotidiano. Peça faz temporada no Teatro Cacilda Becker. Foto: Lienio Medeiros


Você sabia que o baralho tem 52 cartas para representar a quantidade de semanas que formam um ano? E que o Coringa está relacionado ao dia 29 de fevereiro? Essas e outras curiosidades inusitadas estão reunidas no espetáculo "Os Números e a Vida", do Coletivo Comum, que faz sua temporada de estreia no Teatro Cacilda Becker, de 29 de abril a 21 de maio, aos sábados e domingos, às 15h. As apresentações são gratuitas.

Com texto e direção de Fernando Kinas, o trabalho, destinado a jovens de dez a 14 anos, mantém a tradição do grupo de despertar no público o prazer de aprender e pesquisar, sempre utilizando técnicas de teatro documental. Na trama, comportamentos comuns na adolescência, como as inquietações existenciais, a utilização de tecnologias digitais e a rebeldia social, são relacionados a questões e jogos matemáticos -  com muita leveza e um toque de rebeldia. 

Pode-se dizer que os espectadores são convidados a explorar conexões entre seu cotidiano e as múltiplas aplicações do número pi, os números primos e naturais, o teorema de Pitágoras, o número de ouro (phi), a sequência de Fibonacci, o quadrado mágico (cuja soma é sempre 34) e outras questões matemáticas. O elenco formado por Fernanda Azevedo, Maria Dressler, Renata Soul, Renan Rovida e o baterista Lienio Medeiros, vai dar forma a tudo isso. 

“Queremos mostrar como o teatro pode ser uma espécie de manual do mundo - um lugar onde podemos entender a realidade e a nós mesmos, algo muito importante quando lidamos com jovens”, explica Kinas. Por isso, temas como morte, ditadura militar, contexto político-social brasileiro e depressão são evocados pela montagem. 


Uma dose de rebeldia
E, como a adolescência é a fase da contestação e da rebeldia, o trabalho utiliza o rock na trilha sonora e a arte urbana no cenário. “Criamos uma espécie de ateliê permanente, com os atores grafitando frases ao vivo e preenchendo as paredes com os escritos num cine papel (tipo de lousa com bobina que os atores utilizam para demonstrações). A ideia é que tudo fique à mostra e seja cumulativo durante a temporada, como se estivesse em construção permanente”, conta o diretor. Há até um andaime em cena. Essa potente atmosfera foi construída por Julio Dojcsar, importante artista urbano com obras de referência no grafite, que assina a cenografia de “Os Números e a Vida”.

A música, por estar intimamente ligada à matemática, assume um papel de protagonismo na encenação. O baterista e percussionista Lienio Medeiros passeia por diferentes sonoridades. Além de dar espaço ao rock, a trilha explora outros universos musicais, como o maracatu e a música de Bach. O texto foi o vencedor do Prêmio Funarte de Dramaturgia 2017 (região sudeste), obtendo a maior pontuação entre as mais de 500 obras inscritas (reunindo as categorias adulto e infanto-juvenil). Vale dizer que a peça também pretende suprir uma demanda no atual cenário das artes cênicas: a pequena quantidade de produções dedicadas ao público de 10 a 14 anos. 


Sinopse
“Os Números e a Vida” propõe associações entre comportamentos comuns na adolescência, como as inquietações existenciais, a utilização de tecnologias digitais e a rebeldia social, com questões e jogos matemáticos. Ao mesmo tempo, mostra mecanismos de solidariedade e o papel positivo que o teatro pode desempenhar.


Ficha técnica
"Os Números e a Vida". 
Texto e direção: Fernando Kinas. Elenco: Fernanda Azevedo, Maria Dressler, Renata Soul, Renan Rovida. Música ao vivo: Lienio Medeiros. Pesquisa musical: Eduardo Contrera e Fernando Kinas. Assistência direção e produção: Beatriz Calló. Cenografia: Julio Dojcsar. Iluminação: Clébio Ferreira (Dedê). Figurino: Silvana Marcondes. Produção: Patricia Borin. Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques. Realização: Coletivo Comum, com apoio do Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. 


Serviço
"Os Números e a Vida".
De 29 de abril a 21 de maio, aos sábados e domingos, às 15h. Local: Teatro Cacilda Becker | Endereço: Rua Tito, 295, Lapa. Ingressos: gratuitos | Retirada na bilheteria com 1 hora de antecedência. Duração: 85 minutos. Classificação: Destinado prioritariamente ao público juvenil (10 a 14 anos).

.: Espetáculo "Página em Branco" sai em turnê com apresentações gratuitas


Contemplado pelo Proac, o espetáculo "Página em Branco", que faz parte do repertório do Coletivo Floresce Menina desde 2018, fez parte do Festival de Curitiba, da Virada Cultural e esteve em cartaz na cidade de São Paulo, durante a pandemia o espetáculo realizou atividades online para manter o grupo ativo. Agora, ganha os palcos e segue em turnê gratuita para encantar e promover questionamentos a assuntos relevantes do cotidiano entre os espectadores.

Com texto e direção de Alexia Annes, que atua no espetáculo ao lado da talentosíssima Analice Pierre, que retorna ao teatro após uma temporada longe dos palcos, além das atrizes Isabela Prado e Letícia Andréa, o espetáculo "Página em Branco" trata do questionamento existencial, vontades, anseios, medos, vícios e coragem.

No palco, está retratada a história de Alice, que está dividida em quatro partes, mergulhada em seu universo de loucuras, medo e solidão. Ela se depara com uma cena de crime e ao mesmo tempo enfrenta uma batalha pessoal para finalmente libertar-se das amarras impostas pela sociedade. A proposta é o mergulho no Universo feminino, onde um instante é um Universo de acontecimentos.

Ficha técnica
"Página em Branco".
Elenco: Alexia Annes, Analice Pierre e Letícia Andréa. Direção: Alexia Annes. Dramaturgia: Alexia Annes. Realização: Batom Produções. Elenco de apoio: Alana Oliveira, Dani de Lova, Débora Sartori, Vitor Gaiotti, Bianca Ricci. Equipe técnica: Giovanna Annes e Adriano Gomez. Classificação 12 anos. Entrada franca.

Circulação do espetáculo:

Pindamonhangaba
27 e 28 de maio e 3 e 4 de junho, às 19h, no Teatro Galpão.

Taubaté
1°,15, 22 e 23 de junho, às 19h, no Teatro Metrópole.

Votorantim
Dias 22 e 23 de julho. Dias 9 e 10 de setembro, às 19h30, no Teatro Municipal de Votorantim Francisco Berager.

Embu das Artes
Dias 15, 16, 29 e 30 de julho, às 19h, no Centro Cultural Santo Eduardo.
Dias 5, 6, 12 e 13 de agosto, às 19h, no Centro Cultural Mestre Assis.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

.: Roberto Cordovani estreia "Morte em Veneza", de Thoman Mann, no teatro


Em montagem de texto inédito no país, o premiado ator Roberto Cordovani estreia. Espetáculo tem texto de Thomas Mann e direção de Vinicius Coimbra. Estreia dia 21 de abril, com sessões de sexta a domingo. Foto: Vinicius Coimbra

O livro "Morte em Veneza" foi publicado em 1912. Escrito por Thomas Mann, escritor alemão premiado com o Nobel de Literatura, o texto ganha agora uma inédita montagem, que chega a São Paulo no dia 21 de abril, com sessões no teatro Paiol Cultural. A adaptação literária e a direção são assinadas por Vinicius Coimbra, que já recebeu o Prêmio Emmy Internacional.

No elenco, o ator Guilherme Cabral, no ar na novela "Travessia", em projeção, e Roberto Cordovani, que também assina a adaptação e estruturação teatral da montagem. Roberto Cordovani já foi premiado como melhor ator em Londres, Madri e Compostela. Estamos nos primeiros anos do século XX e o escritor Gustav Von Aschenbach está em crise criativa na sua cidade Munique. Decide partir de férias para Veneza. É um artista rigoroso, obcecado pela perfeição e da beleza ideal.

Ao chegar em Veneza hospeda-se em um luxuoso hotel a beira mar. Encontra o jovem Tadzio, cuja beleza natural supera todos os esforços da arte. Uma paixão platônica avassaladora e a peste que se dissemina em Veneza, levará ao atormentado escritor a uma reflexão sobre a tensão entre o artístico e o natural, a luta contra a passagem do tempo, a decadência do corpo, e a doença como metáfora em um mundo em agonia.

“'Morte em Veneza' em minha carreira, e poder interpretar Gustav Von Aschenbach, é um mergulho na vida de todos os seres humanos, verdades que por décadas camuflamos e um dia sem nos darmos conta estamos diante do desejo mais intimo. A beleza é o caminho que conduz o homem sensível a seu espirito", diz Cordovani.


Sobre Roberto Cordovani
Ator, autor, diretor e produtor paulista, tem mais de 45 espetáculos teatrais na carreira, entre eles "Amar, Verbo Intransitivo", "A Dama das Camélias", "O Retrato de Dorian Gray", "Isadora Duncan - A Revolução da Dança", "Eva Perón - O Espetáculo", "Olhares de Perfil - o mito de Greta Garbo" e "Orlando". Fez trabalhos também na TV e no cinema. 

Fez trabalhos no cinema e na TV, entre eles, o vilão Sebastião Quirino na novela "Novo Mundo". Premiado como melhor ator em temporadas em Londres, Madri e Santiago de Compostela. Em 2011 foi lançado o livro "Infinitas Faces - A Construção do Ator de Thelma Bertozzi", sobre o método interpretativo do autor.


Sobre Vinicius Coimbra
Diretor de cinema televisão e teatro traz no currículo prêmios como o Emmy Internacional de 2013 pela novela "Lado a Lado" e "Cinco Redentores" no Festival do Rio 2011 com o filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga". No teatro, dirigiu “Como a Gente Gosta" de Shakespeare. Na TV, dirigiu a minissérie “Ligações Perigosas” e as novelas “Liberdade, liberdade”, “Novo Mundo” e “Nos Tempos do Imperador” No cinema, dirigiu ainda os longas metragens “A Floresta que se Move”, baseado em "Macbeth", de Shakespeare, e “O Amante de Julia", baseado em “O Amante de Lady Chatterley", de DH Lawrence.

Ficha técnica
"Morte em Veneza".
Autor: Thomas Mann, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Adaptação literária e direção: Vinicius Coimbra (Premio Emmy Internacional). Adaptação e estruturação teatral: Roberto Cordovani. Elenco: Roberto Cordovani (Prêmios de melhor ator em Londres, Madri e Compostela) e Guilherme Cabral como Tadziu (Em projeção). Vozes em off: Debora Olivieri, Ruben Gabira e Vinicius Coimbra. Trilha sonora: Sacha Amback. Cenário: kerrys Aldalbalde. Figurinos : Reinaldo Machado. 


Serviço
"Morte em Veneza". 
Temporada: de 21 de abril a 30 de julho. Sextas e sábados, às 21h, e domingos às 20h. Dia 1° de maio, apresentação extra: segunda-feira, às 19h. Gênero: drama. Duração: 70 minutos. Recomendação: 14 anos. Ingressos: entre R$ 40 e R$ 80. Link para compra de Ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/80532?utm_source=site-symplabileto-production&utm_medium=webapp_share&utm_campaign=webapp_share_event_80532Bilheteria: de quarta a domingo, das 15h às 21h, ou até o início do espetáculo do dia. Teatro Paiol Cultura. Rua Amaral Gurgel, 164 - Vila Buarque - São Paulo. Telefone: (11) 99801-7828.

terça-feira, 18 de abril de 2023

.: "Grande Sertão: Veredas": adaptação estreia no Teatro Sérgio Cardoso


Adaptação da obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, estreia no Teatro Sérgio Cardoso. "O diabo na rua, no meio do redemunho" estreia em 28 de abril. Foto: Marco Sobral

O Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, recebe o monólogo “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho”, peça adaptada da obra "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa, idealizada pelo ator e pesquisador da obra de Rosa, Gilson de Barros, que também está em cena. A direção é de Amir Haddad. Os ingressos já estão disponíveis via Sympla. 

Com estreia marcada para o dia 28 de abril, o espetáculo integra a "Trilogia Grande Sertão: Veredas", estudos do ator e diretor sobre a obra de João Guimarães Rosa, considerado um dos maiores escritores brasileiros do século 20. “Ler, estudar Guimarães Rosa é um prazer tão grande que me tomou inteiro. Vivo perdido e achado nesse Ser Tão”, brinca Gílson. “Temos um pacto de amor”.

A trilogia é composta pelas peças "Riobaldo", "O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho" e "O Julgamento de Zé Bebelo" (com estreia prevista para 2024). "Riobaldo", que este ano  ganhou o Prêmio Shell de 2023 em duas categorias (Melhor Dramaturgia e Melhor Ator), estreou em 2020 e, no ano passado, fez temporada no Teatro Sérgio Cardoso.  

O monólogo apresenta o famoso personagem Riobaldo, protagonista e narrador do clássico de Guimarães Rosa. Riobaldo, um ex-jagunço, hoje um velho fazendeiro, conversa com um interlocutor (o público) e, nesse encontro, cheio de filosofia, conta passagens de sua vida e reflete sobre a dialética do bem e do mal.  

Riobaldo, na juventude, por amor, e para conseguir coragem e força, fez o que julga ser um pacto com o demônio. Durante a narrativa, o personagem se vale de várias histórias populares para questionar: “o diabo existe?”. Ao final, conclui, sem certeza: “Nonada! O diabo não existe, arrenego! Existe é homem humano. Travessia!”. Compre a edição especial do livro "Grande Sertão: Veredas" neste link.

Depoimentos de Amir Haddad
Li as duas primeiras páginas do "Grande Sertão" várias vezes até perceber que aquela "língua" tinha tudo a ver comigo. O resto da narrativa devorei em segundos, segundo minhas sensações. Aprendi a ler, aprendi a língua, lendo este romance portentoso no original. Entendi! Não era uma tradução, era um livro brasileiro, escrito na "língua" brasileira.

Até hoje me orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de Guimarães Rosa. E tenho certeza de que qualquer leitor estrangeiro que ler o livro traduzido jamais lerá o que eu li. Assim como jamais saberei o que lê um inglês quando lê Shakespeare. Os realmente grandes são intraduzíveis.


Depoimento de Gilson de Barros
Há alguns anos venho estudando a obra de João Guimarães Rosa, com ênfase no livro "Grande Sertão: Veredas". Interpretar Riobaldo tem sido meu trabalho e minha dedicação. A cada releitura do livro, cada temporada da peça, a cada curso que participo, vou aumentando a compreensão da obra.

O objetivo é traduzir a prosa roseana para a linguagem do teatro. Pretensioso, eu sei. Mas, não imagino outra forma de enfrentar essa obra-prima, repleta de brasilidade. Por fim, registro a honra de estar no palco com o suporte de João Guimarães Rosa, Amir Haddad, José Dias, Aurélio de Simoni e todos os colegas envolvidos nessa montagem. Evoé!


Sobre Amir Haddad
Amir Haddad, em parceria com José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi, criou em 1958 o Teatro Oficina, ainda em atividade com o nome de Uzyna Uzona. Nesse grupo, Amir dirigiu "Cândida", de George Bernard Shaw; atuou em "A Ponte, de" Carlos Queiroz Telles, e em Vento Forte para Papagaio Subir (1958), de José Celso Martinez Corrêa. Em 1959, dirigiu A Incubadeira e ganhou o prêmio de melhor direção.

Deixou o Oficina em 1960. Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro para assumir a direção do Teatro da Universidade Católica do Rio. Fundou, em 1980, os grupos A Comunidade (vencedor do Prêmio Molière pelo espetáculo A Construção) e o grupo Tá na Rua. Paralelamente, Amir também realizou projetos como O Mercador de Veneza, de Shakespeare (com Maria Padilha e Pedro Paulo Rangel), e shows de Ney Matogrosso e Beto Guedes.

Ainda hoje, com o microfone na mão, Amir coordena sua trupe de atores pelas ruas e praças o Grupo Tá Na Rua. Tem dirigido e/ou supervisionado peças com grandes nomes da cena, como Clarice Niskier, Andrea Beltrão, Pedro Cardoso, Maitê Proença, entre outros. Garanta o seu exemplar da edição especial de "Grande Sertão: Veredas" neste link.


Sobre Gilson de Barros
Gilson é operário do teatro, é ator, gestor, dramaturgo e apaixonado pelo que faz. Hoje, aos 62 do segundo tempo, pode dedicar todas as suas horas ao ofício, seja no palco ou fora dele. Precisou de uma pausa estratégica para conseguir criar suas três filhas que já são adultas, neste período, dividiu seu tempo teatral com a tecnologia.

Estudou na Unirio, Bacharelado em Artes Cênicas. Trabalhou com diretores expoentes, como Augusto Boal, Luiz Mendonça, Mário de Oliveira, Domingos Oliveira e o próprio Amir Haddad com o qual estabeleceu parceria artística na Trilogia Grande Sertão: Veredas.

Participou como ator de mais de 25 peças. Algumas: "Bolo de Carne", de Pedro Emanuel e direção de Yuri Cruschevsk; "Murro em Ponta de Faca", texto e direção de Augusto Boal; "Ópera Turandot", com direção de Amir Haddad; "Os Melhores Anos de Nossas Vidas", texto e direção de Domingos de Oliveira; "Da Lapinha ao Pastoril", texto e direção de Luís Mendonça; "A Tempestade", de Shakespeare, direção de Paulo Reis e "O Boca do Inferno", texto de Adailton Medeiros e direção de Licurgo. Ganhou ainda o prêmio de Melhor Ator no Festival Inter-regional de Teatro do Rio – 1982 e prêmio de Melhor Ator do Festival de Teatro – Sated/RJ – 1980. Foi  indicado ao Prêmio Shell  2023, em duas categorias: Melhor Dramaturgia e Melhor Ator. 


Ficha técnica
"O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho". Adaptação e atuação: Gilson de Barros. Direção: Amir Haddad. Direção de arte a cenário: José Dias. Figurinos: Ansa Luiza. Iluminação: Aurélio de Simoni. Programação visual: Guilherme Rocha. Fotos e vídeos: Marco Sobral. Técnicos: Mikey Vieira.


Serviço
"O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho". 
Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno - (Av. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista - SP). Temporada: estreia dia 28 de abril a 28 de maio, sexta a domingo, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). Sympla. Classificação indicativa: 16 anos. Capacidade: 149 lugares.

sábado, 15 de abril de 2023

.: Pensamentos de Carl Sagan, Bertolt Brecht e Daniel Bensaïd no teatro


Inspirada em obras de Carl Sagan, Bertolt Brecht e Daniel Bensaïd, peça usa a linguagem do teatro documentário para discutir o método científico, os obscurantismos e o projeto universalista. Na imagem, cena do espetáculo. Fotos: Lienio Medeiros


"Universo", do Coletivo Comum, está em cartaz no Sesc Belenzinho. A temporada estará em cartaz até 7 de maio, na Sala de Espetáculos I da unidade -  sextas e sábados, às 21h30, e aos domingos e feriados, às 18h30. A peça aborda questões científicas e sociais contemporâneas, como a emergência climática, o especismo e as fake news. A direção é de Fernando Kinas.  

O espetáculo é inspirado em obras de Carl Sagan, Bertolt Brecht e Daniel Bensaïd, e usa a linguagem do teatro documentário. Beatriz Calló e Fernanda Azevedo interpretam um Demiurgo irritado (com direito à túnica branca, barba branca e sandálias) e uma cientista-artista-filósofa e em um tratado cênico, elas utilizam e também refletem sobre o método científico, os obscurantismos e o projeto universalista. 

Com o objetivo de investigar formas de indagação da realidade e as possibilidades de emancipação social, e assim estimular uma reflexão a respeito do nosso futuro como civilização, o Coletivo Comum estreia o espetáculo "Universo". A peça aborda questões científicas e sociais contemporâneas, como a emergência climática, o especismo e as fake news, e segue em temporada até 7 de maio na Sala Espetáculos I do Sesc Belenzinho, com sessões às sextas e sábados, às 21h30, e aos domingos e feriados, às 18h30.

Há quase três décadas, o Coletivo Comum pesquisa estratégias cênicas e dramatúrgicas documentais e não psicológicas, neste trabalho partiu de textos considerados não teatrais, especialmente uma conferência proferida em 1994 pelo físico, astrônomo e astrofísico Carl Sagan (1934-1996). No processo criativo, o coletivo estabeleceu relações entre os temas tratados por esse material com obras como "A Vida de Galileu", peça escrita e reescrita por Bertolt Brecht entre os anos 1930 e 1950, e "Os Irredutíveis", do filósofo e ativista político Daniel Bensaïd, publicada em 2008.  

"Galileu, embora atravessado por contradições - vários dos seus biógrafos e o próprio Brecht salientaram suas ambiguidades e fraquezas muito humanas - é um representante da luta contra a intolerância e a perseguição ao conhecimento livre. Ele, assim como Carl Sagan, três séculos e meio depois, são melhor compreendidos a partir do embate com a igreja e com outras tentativas de domesticação do pensamento. Já Bensaïd, filósofo e militante internacionalista, profundo conhecedor do Brasil, onde esteve por diversas vezes, é uma referência do movimento socialista desde sua participação nos eventos de maio de 1968, na França", comenta o diretor Fernando Kinas.  

Coube a Kinas olhar para todas essas contribuições e desenvolver o roteiro de "Universo". A ideia nunca foi fazer uma biografia de figuras historicamente relevantes, mas apresentar processos sociais decantados em experiências concretas. O espetáculo se tornou um tratado cênico que utiliza e também reflete sobre o método científico, os obscurantismos e o projeto universalista. Para isso, justapõe, com bastante ironia, um Demiurgo irritado (com direito à túnica branca, barba branca e sandálias) e uma cientista-artista-filósofa.

Para o Coletivo Comum, é urgente mostrar as conexões entre a ciência e a vida cotidiana, procurando evitar a confusão entre opinião (doxa) e conhecimento (episteme), bem como a disseminação de informações do que Sagan chama de "pensamentos imperfeitos". Em tempos de negacionismo sobre o Holocausto, a escravidão, o aquecimento global e a eficácia das vacinas, e de circulação massiva de teorias conspiratórias, isso é ainda mais importante. 

"Usando um belo exemplo sobre os !Kung do deserto do Kalahari, mostramos como, em praticamente cada momento da vida das pessoas, a ciência está presente. A observação dos astros, por exemplo, é algo que existe desde as primeiras civilizações. É um exemplo de deslumbramento com o desconhecido, mas também de estudo sobre as estações do ano, com implicações diretas sobre a sobrevivência", explica a atriz Fernanda Azevedo.


Sobre a encenação
Em cena, Fernanda Azevedo e Beatriz Calló – que também assina a pesquisa dramatúrgica e a assistência de direção – expõem e contrapõem argumentos sobre a necessidade do debate baseado em fatos e valores para a construção de conhecimentos mais sólidos sobre a realidade.

Para reforçar o caráter documental do trabalho, o público entra em contato com projeções de documentos históricos e imagens ficcionais, além de fotografias recentes produzidas por satélites e sondas espaciais. Artistas audiovisuais como Luiz Cruz (na primeira etapa de pesquisas) e Gabriela Miranda estão na origem destas propostas.

Outra grande referência para a composição imagética da peça é o cineasta Harun Farocki (1944-2014). Ao retratar o mundo do trabalho e suas consequências na organização da sociedade, o diretor questiona em que medida as máquinas são responsáveis pelo controle dos corpos e o cerceamento da imaginação. 

Por todos esses elementos, o cenário de "Universo" apresenta um ambiente curiosamente neutro. Pode ser a superfície de Marte, mas também o ateliê de um mundo ainda em construção. Julio Dojcsar, cenógrafo e artista urbano, usou como referência o filme "Stalker" (1979), mas subverteu o mundo onírico de Andrei Tarkovski.  

Já a iluminação assinada por Clébio Ferreira mescla o tom farsesco, com o de um show de variedades, com a sobriedade de um laboratório de ciências. O figurino é concebido por Madalena Machado, que tem vasta experiência com vestimentas para a dança contemporânea.  


Por que levar o Carl Sagan para o teatro?
Dedicado a divulgar a ciência para um público não especializado, ultrapassando os muros das universidades Harvard e Cornell, onde trabalhava, Carl Sagan contribuiu - e muito - para a popularização do conhecimento. Ao longo da carreira, investigou temas relevantes, como o efeito estufa e a existência de vida extraterrestre.

Nesse sentido, um de seus mais notáveis trabalhos foi a série de TV "Cosmos: Uma Viagem Pessoal", veiculada em 1980 em vista em 60 países. O astrofísico usava poesia e humor para expressar suas ideias, estimulando reflexões sobre nossa responsabilidade para com o planeta Terra e nossa insignificância diante do Universo. Sua clareza e despojamento fizeram o programa ser assistido por 1 bilhão de pessoas.

"Muito antes do período de emergência climática em que vivemos, questões envolvendo aquecimento climático, escalada nuclear, perda da biodiversidade e poluição química, já faziam parte das preocupações de Sagan", conta Fernando Kinas. Para Sagan, a combinação entre poder econômico e ignorância científica representava um dos maiores riscos para a sobrevivência do planeta - tópico ainda mais relevante em um momento de disseminação de informações falsas e oligopólio das mídias tradicionais. Por isso, o cientista empreendia uma intensa luta contra os "pensamentos descuidados", os charlatanismos e os auto enganos. 

"No nosso dia a dia, somos esmagados pela precariedade do trabalho, pela ignorância, pela violência e por uma série de outras questões que nos impedem de pensar sobre nós mesmos. Por isso, convidamos os espectadores a usar o espaço do teatro como um local de aprendizado. Não queremos apresentar para eles uma verdade absoluta, mas oferecer um momento ao público para que ele possa pensar sobre coisas que ainda não foram bem pensadas, e que, embora influenciem suas vidas, talvez não estejam no centro das suas preocupações", afirma Fernanda. 


Sinopse
Inspirado nas obras de Carl SaganBertolt Brecht e Daniel Bensaïd, e com uma ampla pesquisa de imagens, "Universo" aborda temas como o método científico, os obscurantismos e o projeto universalista. O resultado é uma experiência teatral que investiga nossa maneira de indagar o mundo e de pensarmos sobre nós mesmos e nosso futuro como sociedade. Neste trabalho, proposto pelo Coletivo Comum, estão em cena Beatriz Calló e Fernanda Azevedo (Prêmio Shell de 2013), com direção de Fernando Kinas.


Ficha técnica
Roteiro e direção: Fernando Kinas. Texto livremente inspirado na obra de Carl Sagan, Bertolt Brecht e Daniel Bensaïd. Assistência de direção e pesquisa dramatúrgica: Beatriz Calló. Elenco: Beatriz Calló e Fernanda Azevedo. Produção: Patricia Borin. Iluminação: Clébio Ferreira (Dedê). Pesquisa de imagens e vídeo (primeira fase): Luiz Cruz. Vídeo final: Fernando Kinas e Gabriela Miranda. Cenário: Julio Dojcsar. Figurino: Madalena Machado. Programação visual: Camila Lisboa (Casa 36). Assessoria de imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques. Realização: Coletivo Comum.


Serviço
"Universo". Até dia 7 de maio de 2023, às sextas e sábados, às 21h30, e, aos domingos e feriados, às 18h30. Local:  Sesc Belenzinho - Sala Espetáculos I - Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho - São Paulo - SP. Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante) e R$ 10 (trabalhador do comércio de bens, serviço e turismo credenciado no Sesc e dependentes). Duração: 90 minutos. Classificação: 14 anos.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

.: "O que Faremos com Walter?", com direção de Jorge Farjalla, no Teatro Opus


De Juan José Campanella e Emanuel Diez. Na visão de Jorge Farjalla. O espetáculo, que está em cartaz no Teatro Opus Frei Caneca, conta com Norma Blum, Flávio Galvão, Elias Andreato, Grace Gianoukas, Marcello Airoldi, Marianna Armellini e Fernando Vitor no elenco. Foto: Danilo Santos


O sucesso absoluto de público e crítica na Argentina de "O que Faremos com Walter?" é motivado pelo humor ácido e inteligente de Juan José Campanella, vencedor do Oscar por "O Segredo dos Seus Olhos". Junto com Emanuel Diez transformam uma situação corriqueira de uma reunião de condomínio numa comédia absoluta, onde algumas vezes o espectador ri para não chorar das situações, atitudes e palavras proferidas na reunião extraordinária para saber o que fazer com o funcionário sexagenário. 

Depois do sucesso de "Brilho Eterno" e "Irma Vap", Jorge Farjalla dirige o espetáculo no Brasil. Os produtores Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira entregaram para ele essa missão. Farjalla é um dos diretores mais comentados na cena teatral por sua inovadora e certeira visão de encenar textos clássicos e contemporâneos, assim como fez em seus últimos premiados espetáculos, sucesso de público. O espetáculo é apresentado pela Bradesco Seguros, por meio do Circuito Cultural Bradesco Seguros.

Na montagem de Farjalla, o cenário é uma espécie de mausoléu/portaria, impondo aos condôminos uma quase prisão, onde deverão discursar sobre seus posicionamentos discutidos, tendo que encarar o outro. “A ação ganha mais força pelo uso dos signos das cores, aqui representada nos figurinos em uma alusão ao 'Flicts' de Ziraldo, adianta o diretor, admirador do autor e do texto. "'O Que Faremos Com Walter?' é sobre a necessidade de olhar para o outro sem o enxergar, condição em que vivemos diariamente em nossas redes sociais, nos aplicativos de relacionamento, nas mesas de bar, em casa”, afirma.

Quem viverá Walter, o Zelador, será o ator Elias Andreato, que volta aos palcos depois de um longo período dedicando-se à escrita e direção. E não poderia encontrar melhores personagem e montagem para tal feito. Para dar vida aos condôminos, ao Zelador e ao surpreendente aparecimento de uma irmã, os produtores e o diretor, reuniram um elenco notável. Norma Blum, que em março de 2023 (mês das mulheres) completa 70 anos de carreira, Flávio Galvão ("Tieta", "Cambalacho", "Força de Um Desejo", "Império", "A Bíblia"), Marcello Airoldi (no teatro, "Amor Profano", "A Queda", de sua autoria, "Misery". Na Televisão, entre tantos, 'Belíssima", "Novo Mundo", "Viver a Vida"), Grace Gianoukas ("Terça Insana", "Haja Coração", "Salve-se Quem Puder", "Grace em Revista", "Dercy"), Marianna Armellini  ("Ti Ti Ti", "Vai que Cola", "Salve-se Quem Puder") e Fernando Vitor ( No teatro, "Mary Stuart", "Terremotos", "Mãe Coragem") e Elias Andreato (com 46 anos de carreira e algumas dezenas de personagens marcantes no teatro, como em "A Gaivota", "Diário de Um Louco", "Artaud, O Avarento", "Van Gogh", "Estado de Sítio", "Amigas, Pero No Mucho", "Pessoa". Na televisão, "A Grande Família" e 'Beleza Pura").

Moradores do condomínio convocam uma reunião extraordinária para decidirem o que fazer com Walter, zelador do edifício há anos. No início, tudo é amenidade. A comicidade começa quando discussões sérias, referente àquele condomínio, são expostas, o que também induz o público à emoção. Todo tipo de absurdos, que faz o público rir de situações constrangedoras, são expostos. Um fato inesperado acontece.

A chegada da irmã gêmea do zelador também é uma linha condutora da história. As discussões entre os personagens contém palavras com viés ideológico, apontam traições e atitudes diferentes entre as gerações. O texto aborda a questão do idoso. Traz à tona um tema importante, o etarismo, de forma leve, mas, questionadora. E convida o público a refletir sobre a maneira que convive com seus idosos. 

A comédia escrita pelos argentinos Juan José Campanella e Emanuel Díez, traz de forma irreverente, o cotidiano vivido por tantos condôminos. Uma reflexão sobre nossos comportamentos e, quem sabe, mudar a partir daí. Ou não. Enfim. E uma pergunta que não quer calar: o que aqueles condôminos farão com Walter? 

O espetáculo fica em cartaz no Teatro Opus Frei Caneca até o dia 19 de março, com sessões sexta e sábado às 20h e domingo às 18h. Os ingressos estão disponíveis pelo site uhuu.com ou bilheterias dos teatros. Mais informações no serviço abaixo.


Por Jorge Farjalla: "Ou seja, pra você a mudança é não mudar nada."
A obra dos autores Campanella e Diez tomaram exatamente a mesma proporção e potência da frase acima pinçada do texto e veio, de assombro para mim, com a ideia de inércia que nos colocamos, não somente na vida como também nas relações pessoais. Para desenhar bem - a você espectador - é como fazer uma publicação no IG, abreviação de Instagram, porque todos estão fazendo a mesma publicação sem nem saber o motivo pela qual essa publicação é feita. Parece confuso, mas é isso mesmo.

"O Que Faremos Com Walter?" é sobre a necessidade de olhar para o outro sem o enxergar, condição em que vivemos diariamente em nossas redes sociais, nos aplicativos de relacionamento, nas mesas de bar, em casa... os autores usaram do etarismo para sobrepor o que realmente se escancara com o texto impecável, vindo de um período na Argentina, país de origem da obra, em que a política e as condições sociais daquele país refletiam uma nação descontente nas ruas em 2017/2018, período em que a obra estava em cartaz. 

Fui presenteado pelos produtores Danny Olliveira e Leo Miggiorin para enfrentar essa comédia, sim porque é uma comédia e por isso tem sua função de crítica, que na encenação adquiriu um tom de Teatro do Absurdo, o que texto me provocava, exatamente a loucura e inércia num recorte do microcosmo de uma sociedade doente e aniquilada diante da lei do mais forte ou da sabedoria/inteligência do mais fraco, chegando num espelhamento entre as personagens refletidas na sua solidão diária e nos egos inflados daqueles que não se importam com o outro.

Presos numa espécie de mausoléu/portaria em que o elevador é quase um 'sasportas' kafikaniano, onde essa sociedade/condôminos vive suas vidas de acordo com a ideologia de cada um e são surpreendidas/forçadas a se olharem uns para os outros. A ação ganha mais força pelo uso do signo das cores, aqui representada nos figurinos em uma alusão ao 'Flicts' de Ziraldo, onde aquele que não tem cor se sentiria renegado ou ainda, na surpresa ao descobrir o significado dessas cores como um símbolo/crítica dessa nossa sociedade.

Walter é a representação não só da liberdade de expressão de uma sociedade como também da essência dela mesma. Se identificar com essa personagem é a ponta do iceberg para entender que ele se representa como fio condutor de uma sociedade falida à repetição de padrões e pré-conceitos ainda arraigados num mesmo sistema.  Walter sou eu, você e todo aquele que acredita em MUDANÇA.


Por Danny Olliveira
Textos argentinos que unem comicidade e profundidade ao mesmo tempo, sempre me chamaram a atenção. A simplicidade ao falar com o público, que aproxima a plateia, sem perder a acidez dos personagens, me encanta. Meu objetivo é levar entretenimento ao público, mas com mensagens importantes que de fato nos ajudem a ser pessoas melhores para nós, e para os outros. 

"O que Faremos com Walter", vai fazer o expectador rir, se emocionar, se divertir em família, sozinho, com os amigos e com seus vizinhos de condomínio, mas ao mesmo tempo refletir sobre nosso processo de envelhecer e dos que estão envelhecendo à nossa volta. Sou grata por este reencontro com Farjalla, que além de amigo, é um profissional que admiro. Gosto do “fora do lugar comum”. E ele sabe fazer isto muito bem. 


Por Leonardo Miggiorin
Produzir Teatro é aprender a falar no plural. Aprender a prever situações. É considerar todos os lados e entender que cada momento, cada palavra, pode alterar o rumo da história. É lembrar do objetivo maior e seguir. É aprender a se divertir mesmo em meio ao caos. Entender que do Caos nasce uma Nova Ordem! É dividir e multiplicar. 

Produzir Teatro é acompanhar o nascimento do talento, da força e do brilho de um Artista em cena. É saber que o Artista e a Arte renascem em qualquer terreno, sob quaisquer circunstâncias. Agradeço a cada pessoa que me ajudou a trilhar este caminho, um novo início pra mim e para os que me acompanham.E que venham muitas alegrias e saúde para todos os envolvidos em “O que faremos com Walter?”, inclusive vocês, público amado e esperado!! Sem vocês, nada disso faria sentido! Obrigado, do fundo do meu coração!!


Ficha técnica:
Autores: Juan José Campanella e Emanuel Diez. Tradução: Diogo Villa Maior. Direção e encenação: Jorge Farjalla. Assistente de direção: Leonardo Miggiorin. Elenco: Elias Andreato, Grace Gianoukas, Marcello Airoldi, Mariana Armellini, Fernando Vitor. Atores convidados: Norma Blum e Flávio Galvão. Figurinos e adereços: Jorge Farjalla. Iluminação: César Pivetti. Cenário: Marco Lima. Trilha sonora original: Daniel Maia. Fotografia: Caio Gallucci. Fotografia leitura Auditório do Man: Abner Palmas. Designer gráfico: José Godoy. Visagismo: Dicko Lorenzo. Camareira: Silvia Lopes. Costureira: Juditi de Lima e equipe. Planejamento de comunicação: Danny Olliveira e Priscilla Coutto. Gestão de mídia e marketing cultural: Rodrigo Medeiros (R+Marketing). Assistente de produção: Igor Dib. Assessoria de imprensa: Morente Forte. Direção de produção: Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira. Produção executiva: Leonardo Miggiorin, Danny Olliveira, Priscilla Coutto e Igor Dib. Assistente de produção: Igor Dib e Amanda Mendes. Produtores: Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira. Realização: LM Produções Artísticas e Pólen Cultural.


Serviço
“O Que Faremos com Walter?”. Teatro Opus Frei Caneca. Shopping Frei Caneca - R. Frei Caneca, 569 - Consolação - São Paulo. Duração: 100 minutos. Classificação: 12 anos. Acessibilidade. Ar-condicionado. Capacidade: 600 pessoas. Dias e horários: sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h. Ingressos: a partir de R$ 35. Confira legislação vigente para meia-entrada. Canais de venda oficiais: Uhuu.com – com taxa de serviço - https://tinyurl.com/2z9p54mu. Bilheteria física – sem taxa de serviço. Teatro Opus Frei Caneca (Shopping Frei Caneca). De segunda a domingo, das 12h às 20h (pausa almoço: 15h às 16h). Formas de pagamento: bilheteria do teatro: dinheiro, cartão de crédito e cartão de débito. Site da Uhuu.com e outros pontos de venda oficiais: cartão de crédito. Cartões de créditos aceitos: Visa, Mastercard, Diners, Hipercard, American Express e Elo. Cartões de débito aceitos: Visa, Mastercard, Diners, Hipercard, American Express e Elo. Estacionamento: R$14 por 2 horas.

terça-feira, 11 de abril de 2023

.: Peça de Guillermo Calderón, "Neva" estreia dia 14 no Teatro Paulo Autran


Versão cênica de Paulo de Moraes, indicada ao Prêmio Shell Rio de Janeiro nas categorias de melhor direção e iluminação, celebra 35 anos de formação da Armazém Companhia de Teatro. Foto: Mauro Kury

"Neva"* é uma peça escrita em 2005 pelo dramaturgo e diretor de teatro chileno Guillermo Calderón. A peça se passa em São Petersburgo, então capital do Império Russo, em um dia de 1905. Não em um dia qualquer, mas em 9 de janeiro de 1905, no dia que ficou conhecido como Domingo Sangrento, quando manifestantes que marchavam para entregar uma petição ao Czar, pedindo melhores condições de trabalho nas fábricas, foram fuzilados pela Guarda Imperial. 

A ação de NEVA, no entanto, se passa dentro de um teatro, onde um ator e duas atrizes que iriam se encontrar para ensaiar "O Jardim das Cerejeiras", acabam, meio sem querer, se abrigando do massacre que acontece nas ruas. O espetáculo cumpre temporada no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, de 14 de abril a 14 de maio, às sextas e sábados, às 21h, e domingos e feriados, às 18h.

Uma das atrizes trancadas dentro do teatro é a alemã Olga Knipper (Patrícia Selonk), primeira atriz do famoso Teatro de Arte de Moscou e que foi casada com o dramaturgo russo Anton Tchekhov. Sentindo-se incapaz de representar, depois da morte do marido por tuberculose acontecida há seis meses, e na tentativa de seguir vivendo - enquanto lá fora a cidade desaba –- Olga instiga Masha (Isabel Pacheco) e Aleko (Felipe Bustamante) a encenarem repetidamente com ela a morte de Tchekhov.

A partir desse desassossego, entre incertezas artísticas e embates políticos, a pergunta que mais se impõe é “para que serve o teatro?”. Com um humor feroz, Calderón escreve sobre uma Rússia conflagrada politicamente no início do século 20, mas reflete sobre o seu Chile da década de 1970 e, talvez, sobre o Brasil desses anos obscuros, tempos em que “tudo o que tem água está congelado, inclusive os homens”.

A discussão proposta pelas personagens oscila entre a afirmação da absoluta necessidade da arte “temos que fazer teatro. Temos que fazer uma peça que nos cure a alma” e da sua total irrelevância “pra que perder tempo fazendo isso? O teatro é uma merda. Querem fazer algo que seja de verdade: saiam às ruas”.

Calderón propõe um tipo de teatro que me encanta porque é um teatro eminentemente político, mas que se propõe a mergulhar em uma linguagem poética cortante e num humor extremamente ácido. A partir de acontecimentos surpreendentes, no meio de muitas tosses e promessas vagas de amor, ele levanta perguntas muito provocativas. Perguntar bem, perguntar mais e melhor, esse é o teatro que me interessa –, declara o diretor Paulo de Moraes.

* O rio Neva é um curso de água no Oblast de Leningrado, na Rússia, e vai desde o lago Ladoga até ao golfo da Finlândia passando pela cidade de São Petersburgo. Apesar do modesto comprimento, é o terceiro maior rio europeu em termos de volume de água.

Sobre a Armazém Companhia de Teatro
No fim de 2022, a Armazém Companhia de Teatro completou 35 anos de atividades ininterruptas apresentando seu novo espetáculo NEVA no Rio de Janeiro (estreia nacional). Com mais de 40 prêmios nacionais no currículo, a companhia também foi premiada duas vezes no Festival Fringe de Edimburgo (na Escócia), com o prestigiado Fringe First Award (2013 e 2014) e no Festival Off de Avignon (na França), com o Coup de Couer de la Presse d’Avignon (2014).

A Armazém Companhia de Teatro foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 - de onde saíram nomes importantes no teatro, na música e na poesia. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.

Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia completa agora 35 anos de sua formação. Sempre baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina.

Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como "A Ratoeira É o Gato" (1993), "Alice Através do Espelho" (1999), "Toda Nudez Será Castigada" (2005), "O Dia em que Sam Morreu" (2014), "Hamlet" (2017) e "Angels in America" (2019), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém, talvez a grande protagonista do mundo representacional da companhia.


Ficha técnica
Texto: Guillermo Calderón. Montagem: Armazém Companhia de Teatro. Direção: Paulo de Moraes. Tradução: Celso Curi. Elenco: Patrícia Selonk (Olga Knipper), Isabel Pacheco (Masha) e Felipe Bustamante (Aleko). Interlocução Artística: Jopa Moraes. Iluminação: Maneco Quinderé. Música: Ricco Viana. Figurinos: Carol Lobato. Instalação cênica: Paulo de Moraes. Maquete "Teatro de Arte de Moscou": Carla Berri. Mecânica da Maquete: Marco Souza. Assessoria de imprensa: Ney Motta. Design gráfico: Jopa Moraes. Fotografias: Mauro Kury. Preparação corporal: Patrícia Selonk e Ana Lima. Técnico de montagem: Djavan Costa. Assistente de produção: Malu Selonk e Amanda Rumbelsperger. Produção local São Paulo: Pedro de Freitas. Produção: Armazém Companhia de Teatro.

Serviço
"Neva". Direção de Paulo de Moraes.Texto de Guillermo Calderón. Atuação: Patrícia Selonk, Isabel Pacheco e Felipe Bustamante. De 14 de abril a 14 de maio. Sexta e sábado, às 21h. Domingos e feriados, às 18h. Duração: 80 minutos. Classificação indicativa: 14 anos. Local: Teatro Paulo Autran - Sesc Pinheiros. Rua Pais Leme, 195, Pinheiros - São Paulo. Telefone: (11) 3095-9400. Capacidade: 700 lugares. Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia) e R$ 12 (credencial plena). Vendas na bilheteria ou pelo site https://www.sescsp.org.br/programacao/neva/Acessibilidade: O acesso de cadeirantes à plateia é feito por elevador. Os banheiros de público, masculino e feminino, tem cabines acessíveis com barras de apoio.

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