domingo, 22 de janeiro de 2012

.: Eis os indicados para a 84ª cerimônia do Oscar 2012

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2012


O maior evento do cinema já tem os seus indicados de 2012. Saiba mais!


O Oscar, o mais conhecido e cobiçado prêmio do cinema hollywoodiano, chega na 84ª cerimônia. Evento em que ocorrerá a entrega deste importante prêmio de produções cinematográficas, no dia 26 de fevereiro. O longa A Invenção de Hugo Cabret lidera com 11 indicações, seguido por O Artista, presente em dez categorias. Confira a lista divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood dos indicados ao Oscar 2012. 


Melhor filme
Os Descendentes
A Árvore da Vida
Histórias Cruzadas
A Invenção de Hugo Cabret
O Homem Que Mudou o Jogo
Cavalo de Guerra
O Artista
Meia-Noite em Paris
Tão Perto e Tão Forte

Melhor ator
George Clooney - Os Descendentes
Brad Pitt - O Homem Que Mudou o Jogo
Jean Dujardin - O Artista
Demián Bichir - A Better Life
Gary Oldman - O Espião que Sabia Demais

Melhor atriz
Glenn Close - Albert Nobbs
Viola Davis - Histórias Cruzadas
Rooney Mara - Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Meryl Streep - A Dama de Ferro
Michelle Williams - Sete Dias com Marilyn

Melhor ator coadjuvante
Kenneth Branagh - Sete Dias com Marilyn
Nick Nolte - Guerreiro
Max Von Sidow - Tão Perto e Tão Forte
Jonah Hill - O Homem Que Mudou o Jogo
Christopher Plummer - Toda Forma de Amor

Melhor atriz coadjuvante
Bérénice Bejo - O Artista
Jessica Chastain - Histórias Cruzadas
Janet McTeer - Albert Nobbs
Melissa McCarthy - Missão Madrinha de Casamento
Octavia Spencer - Histórias Cruzadas

Melhor diretor
Woody Allen - Meia-Noite em Paris
Terrence Malick - A Árvore da Vida
Alexander Payne - Os Descendentes
Michel Hazanivicous - O Artista
Martin Scorsese - A Invenção de Hugo Cabret

Melhor roteiro adaptado
A Invenção de Hugo Cabret
Tudo pelo Poder
Os Descendentes
O Espião que Sabia Demais
O Homem Que Mudou o Jogo

Melhor roteiro original
Meia-Noite em Paris
O Artista
Margin Call - O Dia Antes do Fim
Missão Madrinha de Casamento
A Separação

Melhor filme em lingua estrangeira
A Separação (Irã)
Bullhead (Bélgica)
Monsieur Lazhar (Canadá)
Footnote (Israel)
In Darkness (Polônia)

Melhor longa animado
Gato de Botas
Kung Fu Panda 2
Rango
Um Gato em Paris
Chico & Rita

Melhor trilha sonora original
As Aventuras de Tintim
O Artista
O Espião que Sabia Demais
A Invenção de Hugo Cabret
Cavalo de Guerra

Melhor canção original
"Man or Muppet" - Os Muppets
"Real in Rio" - Rio

Melhores efeitos visuais
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
A Invenção de Hugo Cabret
Gigantes de Aço
Planeta dos Macacos - A Origem
Transformers: O Lado Oculto da Lua

Melhor maquiagem
Albert Nobbs
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
A Dama de Ferro

Melhor fotografia
Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
O Artista
A Invenção de Hugo Cabret
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra

Melhor figurino
Anônimo
O Artista
A Invenção de Hugo Cabret
Jane Eyre
W.E. - O Romance do Século

Melhor direção de arte
O Artista
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
A Invenção de Hugo Cabret
Cavalo de Guerra

Melhor documentário
Hell and Back Again
If a Tree Falls
Paradise Lost 3: Purgatory
Pina
Undefeated

Melhor documentário de curta-metragem
God is the Bigger Elvis
The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
Incident in New Baghdad
Saving Face
The Tsunami and the Cherry
Blossom

Melhor montagem
Os Descendentes
O Artista
Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
O Homem Que Mudou o Jogo
A Invenção de Hugo Cabret

Melhor curta
Pentecost
Raju
The Shore
Time Freak
Tuba Atlantic

Melhor curta animado
Dimanche
The Fantastic Flying Books of Mister Morris Lessmore
La Luna
A Morning Stroll
Wild Life

Melhor edição de som
Drive
Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Cavalo de Guerra
A Invenção de Hugo Cabret
Transformers: O Lado Oculto da Lua

Melhor mixagem de som
Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Cavalo de Guerra
A Invenção de Hugo Cabret
Transformers: O Lado Oculto da Lua
O Homem Que Mudou o Jogo

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

.: Resenha crítica de "Gato de Botas", o anti-herói fofinho

Fofura em ação que agrada os olhos
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2012


Gato de Botas: Animação com muita aventura em três dimensões. Saiba mais!


Antes de conhecer "Shrek", o dono de um olhar apaixonante (em Shrek 2), viveu uma incrível aventura ao lado da durona e malandra Kitty Pata-Mansa e o astuto Humpty Alexandre Dumpty. O "Gato de Botas", personagem que dá nome ao longa em três dimensões apresenta de um modo inovador algumas histórias infantis como a da gansa dos ovos de ouro e até Alice no País das Maravilhas.

O longa não apresenta apenas belas imagens desenhadas em um colorido que encanta, vai além. Segue a linha de Shrek, um anti-herói (inicialmente) em uma jornada mesclada a histórias que nos são contadas ainda durante a infância. E ao falar sobre os primeiros anos de vida, conhecemos o gato quando ainda era um lindo e fofo bebê. No orfanato, ele faz amizade com Dumpty. 

Contudo, quando o gato é usado (para o mal) pelo falso amigo, eles se afastam ("por motivos de força maior"). Afinal, o Gato de Botas passa a ser um foragido pela justiça de São Ricardo por roubar o banco da cidade. Numa vida cheia de surpresas, em um bar ele é provocado por um desconhecido, que, mais tarde, descobre ser a gata Kitty Patamansa que está a trabalho de seu ex-amigo. Desta forma, o trio parte em busca de feijões mágicos. 

Embora a história não seja tão chamativa para a maioria, principalmente se considerarmos a escolha das histórias referenciais, Gato de Botas agrada. Não apenas por ser uma animação em 3D, mas pelo modo em que a história é contada e os efeitos são utilizados, de forma moderada. Um fator que pesa positivamente é a ambientação da animação que tem um toque latino, com um modo faroeste de viver a vida.


Por fim, o que resta na mente daquele que assiste o longa animado é a mensagem de amizade, a qual exige afeto, compreensão e perdão. Que este seja o primeiro de uma nova franquia de sucesso. Vale a pena conferir Gato de Botas em 3D!

Cinesystem: Aliando tecnologia de ponta a um atendimento jovem e caloroso, a equipe de funcionários da Rede oferece um bom atendimento e recepção em salas de cinema que completam o momento de lazer do público que tem a melhor experiência em entretenimento. 


Filme: Gato de Botas (Puss in Boots, EUA)
Ano: 2011
Gênero: Animação/Comédia
Duração: 90 minutos
Direção: Chris Miller
Elenco (vozes no original): Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis, Billy Bob Thornton, Amy Sedaris, Constance Marie, Guillermo del Toro.
Distribuidora: Paramount/Dreamworks

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

.: Resenha crítica de "A Casa dos Sonhos", suspense e drama

Mistura de gêneros
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em novembro de 2011


A Casa dos Sonhos: Confusão de gêneros em longa que mescla drama e suspense. Saiba mais!


Troca de gêneros em filme recheado de nomes famosos: Daniel Craig, Naomi Watts e Rachel Weisz. "A Casa dos Sonhos" em seu trailer é apresentado como um suspense. Contudo, no decorrer do longa, fica fácil perceber que se trata da história de uma família que se muda para uma casa cheia de segredos e que, por fim, vive um grande drama, capaz até de tirar lágrimas do público.

Nesta película, o editor Will Atenton (Daniel Craig) deixa seu emprego de executivo em Manhattan e segue com a esposa e duas filhas para uma cidade da Nova Inglaterra. Enquanto a família se adapta à nova vida, o verdadeiro histórico da casa vem à tona. Ao investigar detalhadamente os acontecimentos, Will não tem certeza se está vendo fantasmas ou se a história trágica está se repetindo.

História manjada, não? Na verdade, o longa dirigido por Jim Sheridon -que pediu para que seu nome fosse retirado dos créditos por não ter gostado do resultado final-, é um belo drama. Já sob a ótica do gênero que foi "vendido", suspense, não é surpreendente e muito menos inovador. Até porque, sempre há novos moradores para as muitas casas assombradas. Portanto, A Casa dos Sonhos não tem originalidade para ser um suspense marcante. De fato, essa mescla de gêneros é interessante e, entre tantos filmes fracos, A Casa dos Sonhos, torna-se uma boa pedida como entretenimento para, pelo menos, 92 minutos.

Inicialmente, o enredo demora para engrenar e não envolve. O longa derrapa na velha história da família feliz (ou que está tentando ser feliz) de mudança para uma casa que foi cenário de uma tragédia. É claro que este detalhe importante somente é descoberto por meio de vizinhos e boatos. Lembrou de algum filme com esta "linha" de casa maldita? Não é preciso pensar muito, pois há vários, como por exemplo, "Horror em Amityville", "A casa do espanto" e até o novo seriado "American Horror Story" está centrado nesta trama.

Repetitivo? É justamente este o problema de A Casa dos Sonhos. Não convence. No entanto, antes de acabar, o filme ganha fôlego, apesar de não ter como remediar o estrago já foi feito nos minutos anteriores. Para aqueles que buscam diversão nas poltronas do cinema, A Casa dos Sonhos é perfeitamente indicado, mas para aqueles que só gostam de ver bons filmes... É melhor fugir ou terá pesadelos!

Confusões dos bastidores: O longa precisou refilmar algumas imagens, pois a agenda do ator Daniel Craig estava lotada, o que atrasou o lançamento. Já o problema com o diretor Jim Sheridan foi referente ao resultado final. Portanto, ele pediu à DGA (Associação de Diretores Norte-americanos) que seu nome fosse removido dos créditos do longa dirigido por ele. De acordo com Sheridan, a versão lançada nos cinemas foi totalmente reeditada, sendo então, absolutamente distinta da dele. No entanto, os produtores podem escolher como editar um filme, alterando até o enredo, e lançá-lo nos cinemas sem necessitar da aprovação do diretor, como foi o caso de A Casa dos Sonhos. Com o pedido  recusado pela DGA, a película foi lançada com o nome de Sheridan como diretor.

Cinesystem: Aliando tecnologia de ponta a um atendimento jovem e caloroso, a equipe de funcionários da Rede oferece um bom atendimento e recepção em salas de cinema que completam o momento de lazer do público que tem a melhor experiência em entretenimento.

Filme: A Casa dos Sonhos (Dream House, EUA)
Ano: 2011
Gênero: Suspense / Drama
Duração: 92 minutos
Direção: Jim Sheridan
Elenco: Daniel Craig, Rachel Weisz, Naomi Watts, Marton Csokas, Claire Geare, Taylor Geare, Rachel G. Fox, Mark Wilson.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

.: Entrevista com Moacyr Scliar, escritor, autor de "O Carnaval dos Animais"

"Gosto da ficção que tenha humor e imaginação" - Moacyr Scliar

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em novembro de 2004, entrevista republicada em maio de 2011



Moacyr Jaime Scliar autor de quase cem livros e membro da Academia Brasileira de Letras, conhecido popularmente sem o segundo nome (Jaime), no dia 27 de fevereiro, teve falência múltipla de órgãos, aos 73 anos. Internado desde 11 de janeiro para uma cirurgia de extração de tumores no intestino, Scliar sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico no dia 16 de janeiro, sendo encaminhado à Unidade de Tratamento Intensivo. 

No dia seguinte, sofreu uma cirurgia para retirada de coágulo decorrente do AVC, quando foi mantido com o mínimo de sedação necessária. Quando passava pela retirada gradual da sedação quando, no dia 9 de fevereiro, o escritor apresentou um quadro de infecção respiratória, retomando a sedação e a respiração por aparelhos.

Ele que nasceu em Porto Alegre, no dia 23 de março de 1937, conversou com a equipe do site cultural Resenhando.com, no final de 2004 e falou suas publicações, seus gostos e suas referências literárias. Saiba mais sobre de Moacyr Scliar!



RESENHANDO - Como foi para você receber, em 1968 - Prêmio da Academia Mineira de Letras, quando havia ingressado na literatura á pouco tempo? 
MOACYR SCLIAR - Foi muito importante. O prêmio foi para o meu segundo livro, "O Carnaval dos Animais" (contos) que representava para mim mesmo um desafio. É que eu estava insatisfeito com meu primeiro livro, "Histórias de médico em formação", uma coletânea de contos sobre minhas vivências como estudante de medicina que, relendo, me pareceu uma obra de principiante, com muitas falhas. Eu havia decidido que meu destino como escritor dependeria de "O Carnaval". O livro foi bem recebido, ganhou prêmios como o mencionado e, mais importante, resistia à minha própria releitura. Fui em frente...


RESENHANDO - Qual o seu estilo literário preferido? 
MOACYR SCLIAR - Gosto da ficção que tenha humor e imaginação.


RESENHANDO -  Entre os seus mais de 60 livros publicados, qual prefere? Porque? 
MOACYR SCLIAR - Pergunta difícil de responder: é o mesmo que perguntar a um pai de que filho gosta mais (para mim não é problema: só tenho um filho). Mas gosto muito de "O Centauro no Jardim", "A Majestade do Xingu" e "A Mulher que escreveu a Bíblia". Além dos contos.


RESENHANDO -  Como é produzir livros voltados para o público infantil? 
MOACYR SCLIAR - Exige uma sensibilidade especial. O importante é recuperar a criança que existe dentro de cada um e dialogar com ela.


RESENHANDO - Em 31 de julho de 2003 você foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31, ocupada até março de 2003 por Geraldo França de Lima. Qual a sensação de estar entre os imortais da literatura? 
MOACYR SCLIAR - O aspecto mais importante, para mim, é o fato de ser um escritor gaúcho. O RS tinha um trauma com a ABL desde que o nosso grande poeta Mario Quintana foi derrotado duas vezes em eleições. Quando me pediram que me candidatasse hesitei muito, mas não havia como recusar. Candidatei-me meio apreensivo mas o resultado final não deixou dúvidas.


RESENHANDO - Como você interpreta a palavra "imortais", muito empregada para o escritores que fazem parte da Academia Brasileira de Letras? 
MOACYR SCLIAR - Não a levo muito a sério. Imortalidade é uma metáfora, não a realidade.



RESENHANDO -  Qual foi o momento mais marcante na sua carreira de escritor? 
MOACYR SCLIAR - Vou falar em momentos: são aqueles em que me ocorrem uma boa ideia ou quando eu termino um texto que considero satisfatório


RESENHANDO -  Após o reconhecimento, o que a literatura representa na sua vida?
MOACYR SCLIAR - É uma realização pessoal e é uma forma de relação com as pessoas: ofereço-lhes o melhor que sei fazer e fico contente quando um leitor diz que gostou de um livro ou de um texto que escrevi.


RESENHANDO - Quais os escritores que lhe influenciaram na escrita? Qual deles é referência para você até hoje? 
MOACYR SCLIAR - No início de minha carreira, Érico Veríssimo e Jorge Amado; depois, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Graciliano Ramos. Todos eles são referência, ainda hoje.


RESENHANDO - Entre os novos escritores, qual nome destaca? Por quê? 
MOACYR SCLIAR - Não saberia dizer. Não consigo acompanhar todos os lançamentos, tenho medo de injustiças ou omissões.



Alguns títulos de Moacyr Scliar:

A estranha nação de Rafael Mendes.
A festa no castelo. 
A guerra no Bom Fim.
A majestade do Xingu. 
A mulher que escreveu a Bíblia.
Cavalos e obeliscos.
Cenas da vida minúscula.
Ciumento de carteirinha. 
Doutor Miragem.
Eu vos abraço, milhões.
Os cavalos da República. 
O ciclo das águas.
O exército de um homem só.
O tio que flutuava.
Os deuses de Raquel. 
Os vendilhões do templo.
Manual da paixão solitária.
Max e os felinos.
Memórias de um aprendiz de escritor. 
Mês de cães danados. 
Na noite do ventre, o diamante.
No caminho dos sonhos. 
Os leopardos de Kafka.
Os voluntários.
Pra você eu conto
Sonhos tropicais.
Um sonho no caroço do abacate. 
Uma história farroupilha.
Uma história só pra mim.



*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: 
@maryellenfsm

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

.: Resenha crítica de "Larry Crowne - O Amor Está de Volta"

Mais um fiasco nas telonas
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2011


Larry Crowne - O Amor Está de Volta: Filme com Julia Roberts e Tom Hanks não envolve. Saiba mais deste fracasso cinematográfico!


Sabe aquele filme totalmente sem sentido que começa devagar e (até) parece que vai melhorar, mas somente degringola a cada cena? Larry Crowne - O Amor Está de Volta é exatamente esse tipo de longa. Protagonizado por Tom Hanks e Julia Roberts, atores de grande calibre (ainda hoje), o filme com roteiro do eterno "Forrest Gump", não empolga. O filme é insosso, não envolve e nem comove. Deixa o público apenas na condição de espectador.

Outro ponto fraco é a falta de tempero entre Tom Hanks e Julia Roberts. Eles simplesmente não combinam e nem convencem como par romântico. As semelhanças ficam apenas na idade. Apesar da história do mocinho do filme ser (até) interessante, falta liga. Afinal, quem não quer ver o protagonista da história, humilhado nos minutos iniciais da película, dar a volta por cima e encontrar a felicidade plena?

Ok, neste filme tudo começa quando o encantador Larry Crowne (Tom Hanks), um trabalhador extremamente esforçado que lidera a equipe da empresa UMart, é despedido sem grandes cerimônias, enquanto descobre que a sua sentença foi determinada pelo fato de não ter cursado uma faculdade. Embora procure emprego com grande empenho, Larry permanece na mesma situação. Neste mesmo passo, as muitas dívidas acumulam-se, enquanto que ele ainda precisa pagar a parte da casa que comprou de sua ex-mulher. 

Ao tentar fazer uma venda de garagem com o intuito de levantar dinheiro, conversa com um vizinho e percebe que precisa voltar a estudar e, assim, começar uma nova vida. Na faculdade comunitária, ele entra para um grupo de motoristas de scooter e sua vida começa a ser reorganizada. Nesse meio tempo, nas aulas de oratória, Larry apaixona-se por sua professora Mercedes Tainot (Julia Roberts). 

Bonitinho? Pode-se até dizer que sim. Contudo, durante o filme nota-se que nada funciona bem. Resultado: Larry Crowne - O Amor Está de Volta é apenas mais um filme de amor sem graça de tantas e tantas cenas previsíveis com um final retratado (antecipadamente) no cartaz. A verdade é que não é possível fazer um bom filme pautado apenas em grandes nomes do cinema que, após sucessos do passado, não sabem mais escolher quais projetos devem se envolver.

Curiosidades: Tom Hanks dirige e estrela, ao lado de sua amiga de longa data, Julia Roberts ('Idas e Vindas do Amor'); A última vez que Hanks trabalhou como diretor foi em 1996, com 'The Wonders - O Sonho Não Acabou'; O longa tem roteiro de Hanks e Nia Vardalos ('Casamento Grego').

Cinesystem: Aliando tecnologia de ponta a um atendimento jovem e caloroso, a equipe de funcionários da Rede oferece um bom atendimento e recepção em salas de cinema que completam o momento de lazer do público que tem a melhor experiência em entretenimento.

Filme: Larry Crowne - O Amor Está de Volta (Larry Crowne  EUA)
Ano: 2011
Gênero: Comédia / Romance
Duração: 98 minutos
Direção: Tom Hanks
Roteiro: Tom Hanks, Nia Vardalos
Elenco: Tom Hanks, Julia Roberts, Bryan Cranston, George Takei, Peter Scolari, Wilmer Valderrama, Jon Seda, Bob Stephenson, Holmes Osborne, Rami Malek, Malcolm Barrett, Maria Canals Barrera, Gugu Mbatha-Raw, Dale Dye, Cedric 'The Entertainer' Kyles

sábado, 2 de julho de 2011

.: Resenha crítica de 'A Fera", com Vanessa Hudgens e Alex Pettyfer

Clássico infantil repaginado para adolescentes
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em julho de 2011


A Fera: Filme baseado no livro de Alex Flinn, Beastly, atualiza o conto A Bela e a Fera. Saiba mais do longa dirigido por Daniel Barnz!


"A Fera", longa estrelado por Vanessa Hudgens e Alex Pettyfer, recicla "fofamente" (e nada mais!), uma das mais belas e encantadoras histórias de amor da literatura infantil universal, originária da França: A Bela e a Fera. Inicialmente, Kyle Kingson (Alex) está diante de um grande público (admirador e admirado) discursando com saliência e, de modo perverso e cruel, a própria superioridade que consiste na: riqueza, boas oportunidades, beleza, inteligência e poder. 

Detestável, Kyle não consegue enxergar nada além de si, até ser amaldiçoado por Kendra (Mary-Kate Olsen). A feiticeira moderníssima, com um toque gótico, é também uma colega de classe do protagonista. Ela, por sua vez, despeja todo o ódio guardado, após ficar a ver navios em um encontro marcado (por ele) e ser humilhada publicamente pelo pobre-menino-rico. Condenado a viver com uma aparência assustadora, ele precisa encontrar alguém que o ame (realmente, verdadeiramente e eternamente... Ufa!), para que o feitiço seja desfeito. 

Enredo familiar? Sim. É impossível não associar o longa dirigido por Daniel Barnz ao clássico animado de 1991, produzido pelos estúdios Walt Disney: A Bela e a Fera. Há momentos em que fica a sensação de que alguém vai sair cantando as canções de Alan Menken e Howard Ashman (compositores da animação que também é aceita pelas crianças e adolescentes da atualidade). No entanto, quando Vanessa Hudgens entra em cena a sensação High School Musical (made in Disney) retoma com grande força. É inevitável! É fácil pensar neste filme como um novo Encantada, afinal a mocinha da história é uma cantora.

Embora esbarre nas produções cinematográficas de sucesso citadas acima, o longa é baseado no livro homônimo da autora Alex Flinn. A Fera é apenas um clássico direcionado ao público adolescente em que o conto A Bela e a Fera foi adaptado para os dias atuais. Desta forma, os personagens estão situados em Nova York, e a história retrata, pela ótica do rapaz, todo o drama vivido por ele e por seus "amigos". 

Onde Kyle passa a viver? Em uma casa isolada, pois seu pai, enquanto busca tratamentos para tal deformidade, tem medo de que o filho seja visto e reconhecido. Longe do glamour, o ex-belo começa a refletir sobre a convivência a distância que tem com o pai e começa a dar valor aos que o cercam. A boa e velha história de valorizar a beleza interior do ser humano.

A produção de Daniel Barnz repagina um conto de fadas clássico e consegue agradar, mas não convence. A Fera é um bom filme para distrair a mente, após um dia cheio de aborrecimentos ou para ver juntinho com o seu par, ou seja, o longa é mais um novo lindo filme para a Sessão da Tarde e só. Apesar de ser um drama romântico muito atual, A Fera não é um filme marcante, é apenas "fofinho" (e mais nada!). Entretanto, os apaixonados de plantão vão se deliciar!

Filme: A Fera (Beastly, EUA)
Ano: 2011
Gênero: Drama /  Romance
Duração: 86 minutos
Direção: Daniel Barnz
Roteiro: Alex Flinn, Daniel Barnz
Elenco: Vanessa Hudgens, Alex Pettyfer, Mary-Kate Olsen, Neil Patrick Harris, Peter Krause, Lisa Gay Hamilton

sexta-feira, 1 de julho de 2011

.: Entrevista com Thiago Fragoso, ator do remake de "O Astro"

“Acho que nós temos um papel importantíssimo além-palco.” - Thiago Fragoso

Por: Elton Pacheco, de Brasília
Colaboração: Helder Miranda
Em julho de 2011


Minimalista - Do Twitter, Thiago Fragoso encara a paternidade e a tarefa de dar vida ao mocinho de “O Astro”. Tudo em 140 caracteres, ou menos.



Ator desde os nove anos, Thiago Fragoso se vê, aos quase 30, diante de mais desafios. Na vida profissional, se prepara para dar vida a Márcio Hayalla, papel que alçou Tony Ramos definitivamente ao estrelato, no remake de "O Astro", a novela da TV Globo que, em 60 capítulos, presta uma homenagem ao 60º aniversário da telenovela brasileira e, também, à eterna rainha dos folhetins nacionais, Janete Clair. 

O texto é de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro e, entre outros colaboradores, Vitor de Oliveira, do admirado blog Eu Prefiro Melão – www.euprefiromelao.blogspot.com. Completam o time Roberto Talma, na direção geral de núcleo, e Mauro Mendonça Filho, na direção-geral.

O papel em questão trata de um jovem, filho do poderoso Salomão Hayalla (Daniel Filho), que renega toda fortuna da família e vai morar nas ruas tocando seu trompete. O ator afirma se inspirar nos neo-hippies e em São Francisco de Assis. Ele assume o desafio depois de encarar a tarefa de interpretar o vilão Vitor, em Araguaia, novela das seis, da TV Globo – quebrando o estigma de personagens “anjinhos” que consagraram sua carreira. 

Do lado de fora das telinhas, no seu papel de ser pai de um menino, fruto do casamento com a também atriz, Mariana Vaz, afirma: “É bom interpretar vilões. O desafio é não levar aquela energia toda… pesada para casa. A gente aprende, mas leva um certo tempo”. Ao contrário da paternidade, essa não é a primeira vez que o ator carioca interpreta um vilão. Em 2003 deu vida ao malvado Rodrigo, na novela Agora é que são elas e, no início da carreira, em 1996, ao problemático Carlos Alberto, no seriado Malhação. 

Sobre a vida pessoal, Thiago Fragoso fala pouco, é reservado, mas deixa um gostinho aos fãs sobre sua personalidade. “Tenho manias, como somar números de telefones, placas de carros, essas coisas”, brinca. E defende o papel do ator na sociedade. “Acho que nós temos um papel importantíssimo além-palco”. Antenado com as novas redes sociais, Thiago Fragoso concedeu a entrevista abaixo por meio de seu Twitter [@FragosoThiago], espaço que usa para interagir com seus fãs. Em 140 caracteres, ele fala sobre papéis antigos e novos desafios.


RESENHANDO - Como é interpretar o papel que consagrou Tony Ramos na TV brasileira?
THIAGO FRAGOSO - O Márcio é um personagem de extremos, carne viva. Um idealista, nada materialista. Ele vira mendigo por opção.


RESENHANDO - Qual a mensagem que esse personagem passará ao público?
T. F. - Ele acredita que o dinheiro corrompe o homem e causa guerra. Não deixa de estar com a razão.


RESENHANDO - Ele viverá um triângulo amoroso com Lili (Alinne Moraes) e Jôse (Fernanda Rodrigues). Fale sobre isso.
T.F. - Ele não é apaixonado pela Jôse, é mais uma coisa de criança. Com a Lili é um choque. Ela é suburbana e chega mais perto dos ideais dele. 


RESENHANDO - “O Astro” é uma novela que flerta com o esoterismo. É verdade que você teve curiosidade de estudar astrologia, por conta de seu signo, escorpião?
T.F. - Falava que era escorpiano, as pessoas se espantavam, só faltavam jogar alho. Em Araguaia, fui “consultor astrológico” da Cléo Pires e Milena Toscano. 


RESENHANDO - Você tocará trompete, teve alguma dificuldade?
T.F. - Não tive problema, quando morava nos EUA aprendi a tocar tuba. 


RESENHANDO - Como é fazer várias novelas seguidas, sem descanso?
T.F. - Se puder emendar dez novelas, eu emendo. Agora, então, com meu filho, estou pensando muito nele, em dar segurança, conforto.


RESENHANDO - TV, teatro e cinema são apenas meios. O importante é a qualidade e a entrega de cada ator e de cada trabalho. Qual dos três te dá mais prazer?
T.F. - Teatro é a arte do ator. O mais desafiador e prazeroso nesse ponto de vista. Mas os outros dois têm outros apelos tão sedutores quanto.


RESENHANDO - Você diz que o seu “maior desafio é sempre o próximo trabalho”. Ator desde os nove anos, qual desses desafios, em sua opinião, foram os mais marcantes?
T.F. - Muitos. Citaria “O Clone”, “A Casa das Sete Mulheres” e “O Profeta” por diferentes motivos.



RESENHANDO - Em “O Clone”, o jovem e inconsequente Nando torna-se viciado em drogas. Quando o personagem aborda um tema tão importante e pesado, o desafio é maior?
T.F. - Com certeza. O difícil é não levar aquela energia toda, pesada, pra casa. A gente aprende, mas leva um tempo. Foi uma campanha nacional…


RESENHANDO - Em “A Paixão de Cristo”, você fez o papel de Pilatos. No que, exatamente, esta interpretação de teatro ao ar livre modificou ou acrescentou à sua carreira?
T.F. - Já havia feito teatro ao ar livre. A interpretação deve ser mais dilatada. É quase uma máquina do tempo. Um teatro de séculos atrás.


RESENHANDO - Para viver o personagem de “O Profeta” você teve aulas de dança. Tomou gosto pela atividade?
T.F. - Sempre acabo fazendo dança pelos mais variados papéis. Jazz, Ballet, Sapateado, Street Dance, Tango, Forró, Rock ‘n’ Roll… Sempre divertido.


RESENHANDO - Você trabalhou com Schechtman [Marcos, diretor de novelas da Globo], profissional conhecido por incentivar a preparação dos atores antes de um trabalho. Você tem algum processo específico de laboratórios. Como você se prepara?
T.F. - Depende do trabalho. Pode ser de larga busca de referências ou de um trabalho de vivência mais objetiva. Acho importante se preparar bem.


RESENHANDO - Sabemos do seu apoio a Declaração do Bem Estar Animal, a defesa do direito animal. O social significa um ponto importante em sua vida?
T.F. - Sim. Não acho necessário para todos, mas acho importante para mim. Acredito que o ator tenha uma função social “além-palco”.


RESENHANDO - O que você acha do Twitter? Sente algum tipo de responsabilidade com seus comentários, já que seu público o segue e interage com você?
T.F. - Respeito e não critico quem pensa diferente de mim. Essa é a minha abordagem no Twitter. Não somos mais importantes que qualquer cidadão.


RESENHANDO - O debate político hoje está sendo pautado por líderes religiosos. A questão do aborto e leis em defesa LGBT são exemplos. O que você pensa a respeito?
T.F. - O aborto tira a vida de muitas mães. Acho que deve-se descriminalizar, mas não legalizar. Eu nunca apoiaria.


RESENHANDO - Para terminar, uma fã pediu que a gente perguntasse a você: é verdade que você assume que tem mil e uma manias? Quais são elas?
T.F. - Tenho poucas manias. Como todo mundo. Somo números de telefones, placas de carros e reduzo a um dígito… Nada de mais.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

.: Resenha crítica de "Juntos pelo Acaso", com direção de Greg Berlanti

Uma comédia romântica bastante dramática
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em junho de 2011


Filme dirigido por Greg Berlanti é melhor do que o imaginado. Saiba mais de Juntos pelo Acaso!


É comum casais tentarem unir os seus melhores amigos, ou seja, ela "puxa" a melhor amiga, enquanto que ele arrasta o amigão para um encontro -às vezes, às escuras e- 99% forçado. Juntos pelo Acaso, longa estrelado por Katherine Heigl (A Verdade Nua e Crua) e Josh Duhamel (Quando em Roma) até lembra o filme com Jennifer Lopez, Plano B, mas algumas semelhanças no enredo como, por exemplo, a de formar uma família sem seguir a ordem dos "fatores" é apenas um detalhe que se "repete", pois a história romântica de Holly e Messer é de longe melhor elaborada (dramaticamente).

No filme com roteiro de Ian Deitchman e Kristin Rusk Robinson, tudo começa com um encontro entre Holly Berenson (Katherine Heigl) e Eric Messer (Josh Duhamel) que termina em um terrível desencontro. O tempo passa. Apesar de se odiarem, eles se toleram, afinal os seus respectivos amigos casaram e tiveram uma linda filhinha, chamada Sophie, a qual eles são padrinhos. Entretanto, a vida apresenta dilemas que devem ser solucionados, e em Juntos pelo Acaso não é diferente (assim como em todos os filmes deste gênero). Eis que a pequena Sophie fica órfã de pai e mãe e, seguindo fielmente o desejo do casal, a pequena deve ficar sob os cuidados de Holly e Messer.

Este é um dos momentos tristes da trama. Contudo, quando os dois também "herdam" uma super casa com tudo do bom e do melhor, a comédia romântica à lá Plano B aparece, porém mais envolvente. Embora o desfecho seja bastante previsível (e esperado), há momentos em que a dúvida do final feliz paira no ar. É claro que, apesar de relutarem os dois acabam se envolvendo afetivamente. Neste meio tempo Sophie, interpretada (fofamente) pelas trigêmeas Alexis, Brynn e Brooke Clagett, incrementa ainda mais a história confuss. Resultado: A comédia romântica dramática funciona!

Outro ponto positivo para o longa é a "química" entre Katherine e Josh. Não há como deixar de torcer pelo fim das diferenças entre os solteiros que dividem o mesmo teto para cuidar de uma linda órfã. O cenário do filme também valoriza todo o enredo. Não há duvida! Juntos pelo Acaso agrada a todos, desde os amantes de comédias românticas aos que não são muito fãs deste gênero. Vale a pena se emocionar, ou melhor, derramar algumas lágrimas!

Curiosidades: Este é o segundo longa dirigido por Greg Berlanti, que estreou em 2000 com a comédia romântica O Clube dos Corações Partidos. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os seriados  "Everwood", "Eli Stone" e "Brothers & Sisters", em que trabalhou como roteirista.


Filme: Juntos pelo acaso (Life As We Know It, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Comédia / Drama / Romance
Duração: 115 minutos
Direção: Greg Berlanti
Roteiro: Ian Deitchman, Kristin Rusk Robinson
Elenco: Katherine Heigl, Josh Duhamel, Josh Lucas, Christina Hendricks, Jean Smart

quarta-feira, 1 de junho de 2011

.: Entrevista com Caio Fernando Abreu, escritor

“Chique é sobreviver” - Caio Fernando Abreu

Por: Paulo Mohylovski

Em junho de 2011



Resenhando oito anos: A entrevista perdida de CAIO FERNANDO ABREU, o escritor que adorava viver!



No final dos anos oitenta, fiz esta entrevista com o escritor Caio Fernando Abreu. Não era todo dia que tínhamos a oportunidade de ficarmos diante de um escritor que era um ícone de toda uma geração. Juntamente com Marcelo Rubens Paiva, Caio agitou o panorama literário com seu livro de contos “Morangos Mofados” de 1982. 

Naquela tarde, Caio me recebeu no seu apartamento na região dos Jardins. Estranhei que estivesse vestindo um roupão de banho. Ainda hoje, acho que esta imagem faz parte de um sonho. Eu ainda me questiono se vi mesmo Caio Fernando Abreu de roupão de banho. Mas enfim, sentamos no sofá e ele começou a responder minhas perguntas de uma maneira calma e pausada. 

A voz de Caio era grave e profunda. Ele demorava em responder as perguntas. Tive a impressão que a entrevista duraria horas. Outra impressão que ficou foi de uma pessoa tensa, quase deprimida. Ele pouco sorriu durante toda a entrevista e não parou de fumar. Por mais que eu me esforçasse para tornar o ambiente mais relaxado, havia um estranhamento no ar. Sensação que nunca mais senti com nenhum outro entrevistado.

Quando fomos fazer as fotos, encontrei Caio no jornal O Estado de S. Paulo, onde ele trabalhava como copidesque. Ele estava menos tenso e mais sorridente. Fomos para a cobertura do prédio, onde ventava muito. Caio ajeitava os poucos cabelos com dificuldade. Mesmo assim fumou um cigarro, brincou com a fotógrafa fazendo caretas e estava mais sorridente do que nunca.

Caio morreu em 1996. Da mesma maneira que aconteceu com Raul Seixas, depois da sua morte, a cada dia aumenta a sua popularidade, principalmente entre as gerações mais jovens. A entrevista que se segue é uma das poucas e raras que Caio Fernando Abreu concedeu na sua (breve) carreira literária. 


RESENHANDO - Qual foi a sua formação literária?
Caio Fernando Abreu - Comecei a ler muito cedo e lia absolutamente tudo. Com treze anos, descobri Lawrence e a literatura inglesa, minha grande paixão. Daí, fui indo por Joyce e Virgínia Woolf. Com 19 anos, eu tinha lido muito a vanguarda literária. Eu queria romper. Sempre gostei de cinema. Tentei, através da palavra, trabalhar uma linguagem cinematográfica. 


RESENHANDO - Você considera a sua literatura como sendo de vanguarda?
C.F.A. - Não sei mais o que quer dizer vanguarda. Um conceito que se dispersou. Não tenho mais a preocupação de romper com nada. Tenho a preocupação de ser o mais verdadeiro e o mais claro possível. Tenho a preocupação com a beleza do texto. Como gosto muito de música, trabalho os meus textos em voz alta. E no livro que estou escrevendo há três anos, trabalho com a técnica minimalista de repetição, de coisa avançando lentamente, como um pingo d’água batendo na pedra.


RESENHANDO - A literatura tende a desaparecer?
C.F.A. - Numa época, eu lia muito antipsiquiatria. Eu me lembro de uma frase, que não sei se é do Laing ou do Cooper, que dizia: “O pior já aconteceu.” Pode parar de esperar pelo mais horrível, pelo mais grave, porque já aconteceu. A gente está se movendo no meio de escombros psicológicos. Ele dizia isto em relação à psicologia humana. Em literatura a explosão nuclear já aconteceu com “Ulisses” de James Joyce e com “Waves” de Virginia Woolf. E apesar disto, continua existindo.


RESENHANDO - Paul Valéry dizia que o primeiro verso de um poema era dito pelos deuses e que o resto era mão de obra. Você concorda com isso?
C.F.A. - Concordo plenamente. Eu crio muito em cima de frases, que eu não sei de onde vem, que chama de “frases-irmãs”. Esta frase não está ligada aparentemente a nada. Sou muito místico e romântico. Acredito que tenha ondas no seu cérebro que contactam com coisas misteriosas. 


RESENHANDO - Você entra em transe quando escreve?
C.F.A. - Eu fico muito esquisito quando escrevo. Fico realmente numa outra faixa vibratória. Acontecem coisas muito loucas. Fico com taquicardia, tenho insônia e meu ritmo muda completamente. Eu me lembro que quando estava escrevendo a novela “Dodecaedro”, chegou um momento que bloqueou o texto. Eu não conseguia achar a saída. Eu estava escrevendo sobre uma personagem que seria o arquétipo do signo de Sagitário. Eu tentava e não vinha nada. Na época, eu tinha uma estante bem na minha frente com meus livros de poesia. Peguei um ao acaso e abri. Era um poema do Garcia Lorca chamado “Poema de La Saeta”, que fala sobre a constelação de sagitário. Incorporei este poema no texto e consegui a seqüência final da novela.


RESENHANDO - A situação que você descreveu no processo de criação da novela “Dodecaedro”, de não estar encontrando uma saída para o prosseguimento do enredo, é a mesma situação que os personagens viviam, presos numa casa, cercada por cães raivosos. Acontece de você se transformar naquilo que escreve?
C.F.A. - Acontece. Às vezes, é muito grave. “Morangos Mofados”, por exemplo, eu acho um livro pesado, amargo, depressivo, angustiado. E me aconteceu de receber personagens de contos que já tinha escrito. Tenho um conto chamado “Sobreviventes” que é um monólogo de uma moça que está bebendo muito. Eu recebia os “Sobreviventes” de vez em quando e era muito negativo.


RESENHANDO - A sua literatura é autobiográfica? 
C.F.A. - Não. Esta questão não existe, porque o único ponto de vista que você conhece sobre o mundo é seu próprio. São seus olhos que vêem, seu nariz que cheira, suas mãos que tocam. A experiência pessoal é indissociável do texto. Érico Veríssimo dizia que a cabeça do escritor é como o laboratório do doutor Frankenstein: um braço é de uma pessoa, a cabeça é de outra, formando um personagem que é a síntese de muita gente. 


RESENHANDO - Você trabalha muito com a linguagem poética. Como você consegue encontrar poesia numa cidade como São Paulo?
C.F.A. - A poesia está solta por aí. É como o filme “Sid e Nancy” que é horrivelmente poético. É a estética urbana do lixo. Tem uma cena muito bonita, que é um beijo dos dois no meio da rua e começa a cair uma chuva de lixo em câmera lenta sobre eles. Isto é medonho, mas é também muito bonito. Numa cidade como São Paulo, o belo está muito misturado com o horrível. O medonho e o maravilhoso vêm interligados. 


RESENHANDO - O sofrimento e o suicídio estão ligados à obra literária?
C.F.A. - Não sei. Eu me lembro de Clarice Lispector que dizia: “As grandes sensibilidades não passam impunes”. Quanto mais você percebe o mundo, quando você capta o que se passa com outras pessoas e na sociedade, mais você fica vulnerável e sofre. Ultimamente, eu ando muito feliz. Eu tenho me debatido com esta idéia de que para criar é preciso sofrer. Acho que você pode manter a razão sobre sua criação e descobrir formas de encontrar de acordo com a sua realidade objetiva, sem que ela te fira tanto. 


RESENHANDO - Você nunca pensou em suicídio?
C.F.A. - Já tentei três vezes. Mas eu era muito jovem e faz muito tempo. Não tentaria de novo. Adoro viver. Era uma atitude um pouco literária. Achava muito chique se suicidar aos 20 anos. Mas chique é sobreviver.


RESENHANDO - Você trouxe para a literatura um tipo de conteúdo até então inédito, que trata de drogas e sexo. Quais foram as suas influências para este tipo de conteúdo?
C.F.A. - De minha própria vida. Sempre fui muito atrevido e curioso. Fui me metendo nas barras mais pesadas que se possa imaginar até acabar me marginalizando na Europa. Sou a minha própria personagem. A tua vida é um romance que você está escrevendo ou um filme que você está dirigindo. Nada é muito sério. Tudo é artifício. Há momentos em que você pode ser bandido, mocinho, anjo ou burguês. Eu sempre tive uma grande atração pela marginalidade ou pela literatura feita por marginais. Sejam marginais eróticos, como Genet ou marginais psicológicos, como Artaud. Ou a marginalidade espiritual de Virginia Woolf, que sempre me encantou muito. 


RESENHANDO - Você conseguiu fazer a união entre vida e literatura?
C.F.A. - Há dois tipos de escritores. Um seria, por exemplo, o Borges que ficou trancado a vida inteira no escritório e morava com a mãe até a velhice. O outro tipo seria como Jack Kerouac, que vai para a rua, para a sarjeta, para a vida. Qualquer um dos tipos é maravilhoso se o trabalho dele for bom. Eu me sinto mais próximo de Kerouac. Tenho muita vontade de viver. Tenho o espírito muito aventureiro. 


RESENHANDO - Você se utiliza muito do recurso da citação, seja no começou ou no meio do texto. Esta é uma forma de dialogar com outros escritores?
C.F.A. - De certa forma, sim. Há pequenas homenagens no que escrevo. Mas vivendo em 1986, em cima de milhares de anos de História, onde tudo já foi dito e feito, aquilo que você escreve vai repetir o que já foi dito. A Grécia mitológica convive com os computadores. Há um excesso de cultura e de informação e isso transparece no meu texto.


RESENHANDO - Você consegue ir além da palavra ou ela é um fardo que você carrega?
C.F.A. - Às vezes, a palavra se torna uma escravidão. Com a palavra se supõe que você domestica a realidade. Se você estiver envolvido numa relação amorosa complicada e chamá-la de neurótica, você terá a impressão de que está compreendendo a relação. Mas o neurótico pode estar só na palavra. As emoções explodem além das palavras.


RESENHANDO - Você tem algum nome para o tipo de trabalho que você faz?
C.F.A. - Numa época, eu chamava de literatura sensorial. Porque eu queria impregnar o texto de cheiros, cores, formas. Que não é nada novo. Rimbaud queria isso também. Depois eu pensava que escrevia uma ecologia das emoções, que foi numa época que meu trabalho era muito psicológico. 


RESENHANDO - Na época que você morou no bairro de Moema, perto do parque do Ibirapuera, você escreveu alguma coisa?
C.F.A. - Eu escrevi alguns contos. Eu morava numa casinha tão boa, tinha uma roseira tão bonita. Foi onde comecei a trabalhar neste livro que estou escrevendo há três anos. Foi uma época muito boa. Eu tinha uma bicicleta e passeava muito pelo Ibirapuera. Era uma delícia. E finalmente este último livro virá impregnado do ar de Moema.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

.: Resenha crítica de "Eu Sou o Número Quatro", de roteiro fraco

Fugitivos de Lorien estão na Terra
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em maio de 2011


Ficção científica adolescente perde com roteiro fraco. Saiba mais de Eu Sou o Número Quatro!


Um filme adolescente focado em alienígenas. O longa "Eu Sou o Número Quatro", dirigido por  D. J. Caruso, conta a triste história dos últimos habitantes do planeta Lorien, destruído pelos Mogadorianos (personagens que remetem esteticamente os vampiros de 30 Dias de Noite). Chamados apenas por números, eles têm o grande desafio de fugir dos inimigos que tem como objetivo eliminar todos os nove, na ordem certa, para que poderes especiais não possam ser usados contra eles no futuro.

Para sobreviver o lorieno Número Quatro (Alex Pettyfer), junto com o seu protetor Henri (Timothy Olyphant), vivem (camuflados) entre os habitantes do planeta Terra. Com o intuito de não serem reconhecidos, os dois constantemente mudam de cidade e de nome. No entanto, nem todo cuidado é o suficiente, pois nos minutos iniciais da trama o adolescente descobre que será o próximo da lista. 

Tal aviso é dado quando, assim como um adolescente normal, Número Quatro aproveita um dia inteiro na praia com uma garota. Já de noite, para o seu total azar, ainda na água, quando está prestes a se dar bem, ele sente a perna queimando enquanto que raios de luz são emitidos do símbolo formado em sua pele. Desesperado, ele sai da água correndo, mas todos flagram o momento inusitado. Um "ligeirinho" das águas salgadas filma e posta o vídeo na internet (Quanta modernidade!).

Após o flagrante, Henri e seu protegido mudam de cidade. Eis que o Número Quatro, que era chamado de Daniel passa a ser John Smith. Na tranquila cidade de Paradise, em Ohio, "John" descobre seus novos poderes, conhece a estudante Sarah Hart (Dianna Agron) e se apaixona por ela. Quando a história de amor fica um pouco de lado, a número Seis (Teresa Palmer) encontra o próximo da lista dos Mogadorianos e os seres inimagináveis ganham papel fundamental na trama.

O longa é um bom representante de outros tantos filmes e alguns seriados. Como? Simples. É inevitável deixar de intertextualizar Eu Sou o Número Quatro com outras películas famosas como, por exemplo, Crepúsculo (garota tímida se apaixona pelo bonitão misterioso); Duro de Matar (a cena da Número Seis explodindo a casa); Transformers (são tantas cenas!). 

Tantos momentos de suspense remetem a filmes de terror como, por exemplo, Pague para entrar, reze para sair, e, lembram também o seriado Sobrenatural (sequência no parque de diversões em que os protagonistas passeiam em um Trator Fantasma). Glee é outro seriado que será lembrado, principalmente por ser um filme adolescente americano que retrata aa rixas escolares dos novatos e os "diferentes" contra os "queridinhos do colégio". Talvez esta lembrança também ocorra pelo fato de ter Dianna Agron no elenco de ambos). 

Em um balanço geral, Eu Sou o Número Quatro pode ser classificado como bom, principalmente quando considerados os efeitos elaborados que pipocam (e muito bem) na tela, a fotografia lindíssima e a trilha sonora perfeita para o gênero. Entretanto, quando o assunto é o enredo, mesmo aqueles que acharam o filme empolgante por gostarem de filmes de ficção científica, hão de concordar que o roteiro fraquinho e insosso deixa a desejar. Resultado: Eu Sou o Número Quatro tem tudo para ser mais um filme juvenil moderninho (ou modernístico?!?!) da Sessão da Tarde.

Filme: Eu Sou o Número Quatro (I am Number Four, EUA)
Ano: 2011
Gênero: Ficção científica
Duração: 110 minutos
Direção: D. J. Caruso
Roteiro: Alfred Gough, Miles Millar e Marti Noxon, baseados no livro de Jobie Hughes e James Frey
Fotografia: Guillermo Navarro
Trilha Sonora: Trevor Rabin
Produção: Michael Bay
Elenco original: Alex Pettyfer, Timothy Olyphant, Dianna Agron, Kevin Durand.

sábado, 2 de abril de 2011

.: Resenha crítica de "Um Parto de Viagem", por Daniel Romano

Química de Downey e Galifianakis em repeteco cinematográfico
Por: Daniel Romano
Em abril de 2011


Apesar de ter uma bela fotografia, Um Parto de Viagem, deixa a impressão de ser uma refilmagem. Saiba mais!


"Um Parto de Viagem" narra a história de Peter (Robert Downey Jr.), um arquiteto um tanto quanto esquentado em uma viagem de negócios, que está prestes a se tornar pai. Sua vida vira de cabeça para baixo quando surge em sua vida o desencanado e meio infantilizado aspirante a ator Ethan (Zach Galifianakis). 

Graças a um mal-entendido no avião, os dois são colocados na lista de pessoas proibidas de voar. Após perder os seus documentos, Peter se vê obrigado a aceitar uma carona, oferecida por Ethan, de volta para Los Angeles. 

Infelizmente, o roteiro ficou bem parecido com Se Beber, Não Case (do mesmo diretor Todd Phillips). É chato quando a gente assiste algo que nos dá a impressão de repeteco. Fica previsível demais. Quem assistiu Antes Só Do Que Mal Acompanhado (de 1987, com Jonh Candy e Steve Martin) vai saber do que estou falando. Até a situação do aeroporto é parecida. Contudo, em Hollywood nada se cria, tudo se refilma. 

No entanto, não posso deixar de citar algumas cenas hilárias e politicamente incorretas. Em uma delas, Robert Downey Jr dá um soco no estômago de um garoto chato. Em qual filme você já viu um adulto dar um soco no estômago de uma criança insuportável? Ok, em alguns. Mas alguma vez riu disso? Outra cena bem bacana é quando o mesmo Robert Downey Jr. conta a triste história de ter sido abandonado pelo pai e o personagem de Zach Galifianakis ri descontroladamente. Uma cena (que poderia ser emocionante) e se torna cômica. 

Os dois atores estão impecáveis e a história cumpre o papel de tirar algumas risadas. Porém, pra mim, não preenche. É uma comédia gostosa, que desce geladinha (feito uma coca-cola). Mas dizem que quando estamos com sede, somente água resolve.

Sinopse: Peter Highman (Robert Downey Jr.) é um ansioso pai de primeira viagem, cuja esposa está a cinco dias de dar à luz. Peter corre contra o tempo para conseguir um vôo de volta para Atlanta a tempo de chegar para o parto, mas seus planos são atrapalhados quando ele conhece o aspirante a ator Ethan Tremblay (Zach Galifianakis). Esse encontro força Peter a pegar carona com Ethan, o que se transforma em uma travessia pelo país que vai resultar na destruição de carros, amizades e da paciência de Peter.

Filme: Um Parto de Viagem (Due Date, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Comédia
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Alan R. Cohen, Alan Freedland, Adam Sztykiel, Todd Phillips
Duração: 100 minutos
Fotografia: Lawrence Sher
Trilha Sonora: Christophe Beck
Elenco: Robert Downey Jr., Zach Galifianakis, Michelle Monaghan, Juliette Lewis, Jamie Foxx, Alan Arkin, Matt Walsh, RZA, James Martin Kelly, Mimi Kennedy, Rhoda Griffis.

.: Resenha crítica de "O Retrato de Dorian Gray", a décima adaptação

Um retrato (sobrenatural) de Dorian Gray
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em abril de 2011


Décima adaptação de romance gótico de Oscar Wilde é fixada no suspense sobrenatural. Saiba mais de O Retrato de Dorian Gray!


Adaptar livros para a telona é brincar com fogo. Contudo, quando se trata de um clássico da literatura universal tudo muda ainda mais de figura, afinal, muitos já conhecem a história original e todos os seus detalhes e acabam não aceitando qualquer mínima mudança que este sofra.

"O Retrato de Dorian Gray", dirigido por Oliver Park, reconta o romance gótico, homônimo, de Oscar Wilde. Tanto quanto o texto original, o longa critica o culto desenfreado da juventude e da beleza eternizada. Qual o diferencial? O lado místico da obra é mais valorizada e, assim, torna a décima adaptação da história de Wilde em um suspense sobrenatural.

No enredo ambientado na Londes Vitoriana, o jovem recém-chegado, Dorian Gray, aspirando ingressar na alta-roda, torna-se amigo de Henry Wotton. Este, por sua vez, o apresenta à sociedade e aos prazeres que o local oferece. Sentindo-se invencível, Gray se perde em um universo confuso abarrotado de sexo, vaidade e total falta de valores. Sem limites para concretizar o que deseja, ele passa a se concentrar em um outro prazer: a própria beleza. 

Obcecado por sua beleza inquestionável (Seria Ben Barnes o mais indicado para tal papel?), Dorian permite que o pintor Basil Hallward o retrate com fidelidade e, assim, sem qualquer dúvida, o jovem dá a própria alma com a intenção de ter para sempre a aparência nele registrada. Enquanto que o aristocrata Lorde Wotton o deseduca sobre os verdadeiros valores da vida, Basil retrata a verdadeira beleza, jamais pintada por alguém. Apesar dos anos já corridos, Gray permanece jovem, belo e atraente, enquanto que o quadro, não mais exposto, mas coberto e escondido, apresenta, cada vez mais, um ar sombrio e malévolo.

"O Retrato de Dorian Gray", com direção de Oliver Park, é um bom filme, não é tão marcante quanto a leitura do livro em seu texto integral, mas no quesito figurino e maquiagem dá um banho de perfeição. Assim, passa a ser um fato comprovado, pois apesar de a beleza de Ben Barnes (que tem cara de cachorro molhado) não ter as características de um Dorian Gray, em poucos minutos de filme é possível "ver" nele aquilo que não há de fato.

Por outro lado, o nobre ardiloso Wotton, interpretado brilhantemente por Colin Firth é quem rouba a cena. Não há duvida, ele é o melhor advogado do Diabo de todos os tempos. Tal atuação, de tão marcante permite que o público analise, por conta própria, quem é o verdadeiro pintor de Dorian Gray. Vale a pena conferir O Retrato de Dorian Gray, embora a leitura do livro (texto integral e/ou original) seja indispensável!


Filme: O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray, Reino Unido)
Ano: 2009
Gênero: Drama
Duração: 112 minutos
Direção: Oliver Park
Roteiro: Toby Finlay, Oscar Wilde (romance)
Fotografia: Roger Pratt
Trilha Sonora: Charlie Mole
Elenco original: Colin Firth, Ben Barnes, Rachel Hurd-Wood, Rebecca Hall, Emilia Fox, Ben Chaplin, Caroline 

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