sábado, 22 de julho de 2023

.: Dentro da Mostra "Not So Barbie", filme "Heathers" estreia na MUBI


A MUBI anuncia o especial "Not So Barbie" para homenagear a estreia do aguardado filme "Barbie", de Greta Gerwig. A comédia "Atração Mortal" ("Heathers"), de 1988, chega para completar a programação, que reúne outras oito produções. A icônica boneca Barbie apresenta um estereotipado padrão feminino de perfeição em beleza, estilo de vida, profissão e contextos culturais. A coleção "Not So Barbie" faz uma antítese, com filmes de protagonistas femininas que fogem do comum e subvertem o padrão de comportamento, vestuário e aspirações profissionais e pessoais imposto às mulheres.

Entre os filmes já disponíveis, estão: o drama sobre amadurecimento "Garotas", de Céline Sciamma; a comédia dramática espirituosa "The African Desperate", de Martine Syms; o drama de baixo orçamento "Hannah Takes the Stairs", de Joe Swanberg e estrelado por Greta Gerwig; o destemido e perspicaz "Actual People, de Kit Zauhar"; a comédia lúdica e sombria, dirigida por Emma Seligman, "Shiva Baby"; o filme de Ninja Thyberg, "Pleasure", sobre a indústria pornográfica; "Showgirls", de Paul Verhoeven, um ícone de entretenimento do kitsch dos anos 1990; e o melodrama sobre resiliência feminina "Volver", de Pedro Almodóvar, estrelado por Penélope Cruz.

Estrelado por Winona Ryder, "Atração Mortal", de Michael Lehmann, conta a história da adolescente Veronica Sawyer, que falha ao tentar fazer parte do grupo descolado da escola. Quando o trio de meninas malvadas começa a passar dos limites em seus jogos cruéis, Veronica torna-se cúmplice do rebelde J.D. (Christian Slater) em uma série de assassinatos no colégio.

"Barbie" está em cartaz na rede Cineflix Cinemas. Para acompanhar as novidades da Cineflix, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site acessando este link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.

O Resenhando.com é parceiro da MUBI desde abril de 2023. A MUBI é um serviço global de streaming, produtora e distribuidora de filmes dedicada a celebrar o melhor do cinema. A MUBI produz, adquire, exibe e promove filmes visionários, levando-os a diferentes públicos em todo o mundo. Assine a MUBI e fique por dentro das novidades do cinema neste link.

.: Revista "serrote 44" publica sobre a relação de Toni Morrison e Angela Davis


A revista "serrote #44" publica ensaio de Evandro Cruz Silva sobre os dilemas da classe média negra brasileira, texto de Natalia Carrillo e Pau Luque a respeito das distinções entre culpa e responsabilidade no engajamento político e artigo sobre a relação entre Toni Morrison e Angela Davis. A nova edição da revista de ensaios do Instituto Moreira Salles será lançada no dia 26 de julho, na Livraria Tamarindo, em São Paulo. Na ocasião, haverá um debate com Evandro Cruz Silva e a escritora Juliana Borges.

A 44ª edição da "serrote" já está disponível nas livrarias, com textos sobre as tensões entre raça e classe no Brasil, os riscos do engajamento de boas intenções, a dor do luto, as diferenças entre arte abstrata e representativa, entre outros temas. A publicação será lançada na próxima quarta-feira, 26 de julho, às 19h, na Livraria Tamarindo, que fica dentro da Galeria Metrópole, em São Paulo, em um bate-papo com o sociólogo e escritor Evandro Cruz Silva, autor do livro de contos praia artificial e pesquisador com ênfase nos temas da segurança e da desigualdade, e a escritora e pesquisadora Juliana Borges, autora do livro Encarceramento em massa. A entrada é gratuita.

Os dois conversarão sobre o ensaio de Evandro, “Eu, Minhas Convicções e Um Moleque Preto com Arma na Mão”, que abre a nova edição da revista. A partir de um assalto que sofreu em Salvador, o autor reflete sobre as tensões entre ascensão social, racismo e o discurso da segurança: “A defesa dos direitos de ‘nós negros’, quando enunciada, serve para mim e para aquele moleque preto com uma arma na mão? Entre o intelectual e o assaltante, temos dois jovens negros brasileiros e dois projetos políticos de difícil acomodação. No drama característico dos episódios de violência, a pretensão de uma ‘classe média negra’ forjada pelo acesso ao ensino superior se confrontava com o mundo do crime”, afirma.

Outro destaque da publicação é o ensaio “Hipocondria Moral”, assinado pela pesquisadora mexicana Natalia Carrillo e pelo espanhol Pau Luque. Os dois analisam como, em nome dos supostos bons sentimentos, parte das classes médias progressistas ocidentais se engaja na política de forma narcisista, não distinguindo entre culpa e responsabilidade. Segundo os autores, a hipocondria moral “trata-se da ideia segundo a qual, se nos sentimos culpados pelos males e doenças do mundo social e político, é porque eles de fato são culpa nossa, embora muitas vezes não esteja nada claro o que isso significa. Em poucas palavras, hipocondria moral é acreditar que sentir culpa nos torna culpados. Essa forma de falsa consciência revela um narcisismo patológico desconcertante, que mescla uma presença excessiva do ego e uma bússola moral bem imantada”.

A autora zambiana Namwali Serpell, por sua vez, escreve sobre como a figura da prostituta é constantemente retratada no meio artístico, tanto na pintura quanto no teatro, passando pela literatura e pelo cinema e, mais recentemente, pela internet. Ainda que com mudanças na forma de representação, sua imagem continua gerando desconfortos na sociedade, como pontua a autora: “Hoje, nossa interpretação ainda é incerta: a puta é alguém que faz sexo por prazer, por dinheiro ou pelo prazer do dinheiro. Também há uma suspeita de que a piranha gosta de seu trabalho, o que faz dela um exemplo raro de trabalhadora inalienada”.

Melina Moe, curadora de literatura na Biblioteca de Manuscritos e Livros Raros da Universidade Columbia, retoma como a consagrada escritora Toni Morrison conseguiu convencer a ativista Angela Davis a publicar seu livro de memória pela Random House, em 1974. Em seu ensaio, Moe narra as trocas e os diálogos entre as duas no processo de edição do livro, mas principalmente os esforços de Morrison dentro da editora para conseguir manter o tom politizado e militante de Davis no texto final.

Ainda no campo da cultura e das lutas do movimento negro, o poeta americano Ishmael Reed relembra os encontros do Black Arts Movement, grupo de artistas negros que redefiniu a cena cultural e política dos EUA nos anos 1960, do qual era um dos integrantes. Reed relata, com afeto e sinceridade, as trocas entre os membros, as experimentações com a linguagem, as buscas por novas referências para além do cânone de autores brancos e também as disputas e discordâncias, políticas e estéticas, que marcaram o movimento, num balanço sobre sua trajetória e legado.

As artes visuais e suas opções estéticas são tema do ensaio de Jed Perl. O crítico norte-americano alega que as diferenças entre abstração e representação, debate presente ao longo de todo século XX, ainda são aspectos relevantes, que devem ser considerados pelos artistas. Sem defender que se trata de ideologias, ou que uma seria mais adequada que a outra, o autor pontua, no entanto, que tanto a representação quanto a abstração são formas de interpretar o mundo e não apenas veículos de expressão. “Chega um momento em que certas perguntas devem ser feitas. Quais são as tradições artísticas mais significativas para você? Qual é a sua herança artística? Como você se posiciona?”, indaga.

A revista publica também um ensaio sobre o luto escrito por Joseph Epstein. Partindo de sua própria experiência com a morte de seu filho, o autor norte-americano propõe que a dor da perda “assume tantas formas que é impossível de ser capturada satisfatoriamente pela filosofia ou pela psicologia”, podendo se manifestar tanto pela raiva quanto pela tristeza profunda ou mesmo pelo alívio. Para o escritor, “a natureza da dor é tão diversa quanto suas causas. Como o diabo, a dor está nos detalhes”.

Também com tom intimista, Paloma Vidal assina o ensaio “Pra Onde a Gente Tá Indo”, no qual intercala fotografias, mapas e frames de vídeos com reflexões sobre a volta às salas de aula depois da pandemia, o ensino da literatura e a história de sua família, marcada pela ditadura argentina. O ensaio foi apresentado originalmente na serrote ao vivo, durante o Festival Serrote 2023.

A "serrote #44" traz também o texto “Cadernos de Campo”, em que o antropólogo australiano Michael Taussig trata do hábito de fazer anotações mantido por intelectuais como Walter Benjamin e Le Corbusier, e o ensaio visual “Papéis de Um Dia”, da artista Leila Danziger. E ilustrações de Lia D Castro, Julie Mehretu, André Penteado, Talles Lopes, Andrés Sandoval e Wadsworth Jarrell. 

Serviço
Debate de lançamento da serrote #44, com Evandro Cruz Silva e Juliana Borges. Quarta-feira, dia 26 de julho, às 19h. Livraria Tamarindo. Galeria Metrópole, L.19 - 1° andar, Av. São Luís, 187, em São Paulo. Entrada gratuita.

.: Inédita na TV aberta, animação "Tarsilinha" estreia na TV Cultura


Neste domingo, dia 23 de julho, às 13h, "Tarsilinha" chega à tela da TV Cultura. Lançado em 2022, o longa-metragem inédito em TV aberta é inspirado na obra de Tarsila do Amaral e conta a história de uma menina de 8 anos que embarca numa jornada incrível para recuperar as memórias roubadas de sua mãe. Confira a crítica do filme neste link: .: Crítica: "Tarsilinha" é a brasilidade maximizada na tela do cinema.

O filme mostra a aventura de Tarsilinha ao descobrir que a Lagarta roubou a memória de sua mãe. Ela entra em um mundo fantástico, povoado por estranhos seres, onde precisará buscar aliados e enfrentar inimigos. Superada a crise e o susto iniciais, a guerreira em Tarsilinha desperta e as habilidades para se adaptar e usar seu julgamento vêm à tona.

Com direção de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, a animação mostra o crescimento de Tarsilinha e sua transformação em uma menina independente e corajosa. A cada encontro e obstáculo que supera, ela entende melhor quem é: uma amiga fiel, protetora e destemida. Compre os livros de "Tarsilinha" neste link.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

.: Crítica: "Barbie" é esteticamente lindo, mas perde a magia até o desfecho


Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2023


O tão aguardado filme da "Barbie" está em cartaz no Cineflix Cinemas e vale pela estética, principalmente quando tudo acontece em Barbilândia, além de fazer refletir -e arrancar lágrimas- sobre o que é ser mulher nos dias de hoje. Com classificação indicativa para maiores de 12 anos, o longa dirigido por Greta Gerwig ("Lady Bird: A Hora de Voar") ainda batalha pra quebrar o estereótipo da Barbie e mostrá-la como uma mulher comum. 

Aliás, no ponto dos estereótipos sobre o que é a Barbie e sobre ser mulher, a produção entrega um certo aprofundamento, mas acaba lançando e largando muitas pontas soltas. Isto, não somente na visão de colecionadores da boneca, mas para quem desconhece a história da Barbie e se pega analisando o desfecho escolhido por Gerwig. Começando por detalhes bobos, como o não uso do nome da boneca, Barbara Milicents Roberts -mas o da filha de Ruth Handler- ou por inserir Kens suficientes para as Barbies em cena, sendo que o boneco sempre foi escanteado por meninas, logo ter um ou dois já era suficiente.

"Barbie" tem um texto divertido, debochando até mesmo de bonecos e bonecas descontinuados na linha, o cachorro Tanner -que comia e expelia as mesmas esferas- marcam presença. Há, inclusive, uma Barbie estranha (Kate McKinnon), que sofreu nas mãos de uma criança destruidora, embora digam que a boneca fica daquele jeito quando muito brincada. As peças de roupas colecionáveis e raras também são apresentadas no desenrolar da trama -não no corpo da boneca principal que aliás, até o fim do filme, usa roupas longe do estilo Barbie.

Caso você esteja inscrito no canal do estúdio e siga a página "Barbie The Movie" nas redes sociais, fatalmente, assistiu a cada vídeo liberado. Ao estar diante da telona, muito do efeito surpresa será perdido, mesmo que, no filme, as cenas estejam contextualizadas. Trailers e afins, entregaram muito do filme, sim! Algo que aconteceu recentemente com "The Flash", inclusive.

A Barbie da Margot chora e faz o público chorar facilmente, mas não chega a ser uma atuação de milhões, uma vez que a personagem não brilha o tempo todo. É impossível não se emocionar com os encontros de Barbie e Ruth Handler. Ryan Gosling dá a alma para ser um Ken incrível, sendo do tipo que canta e dança, embora a idade fique evidente em certas cenas. Um ponto alto dele é o número musical. Exibido completo é um verdadeiro espetáculo. Contudo, para quem acompanhou os vídeos liberados no YouTube, também poderá ter a expectativas quebradas -eu vi e revi por vezes a ponto de decorar o refrão. Fuja dos "sneak peaks da vida"!

A trama da Gloria (America Ferrera) com a boneca Barbie não é suficientemente desenvolvida, deixando dúvidas para quem está do outro lado da telona. Por outro lado, é lindo o discurso de Gloria, a mãe de Sasha (Ariana Greenblatt) sobre o que é ser mulher, ainda mais nos dias de hoje. Trabalhando com emoção o efeitos do machismo e a submissão feminina. Há criticidade também quando apresenta os funcionários da Mattel trabalhando dentro de "caixas", tendo na sala dos chefões somente homens. 

Quase tudo no filme é pincelado, inclusive a relação mãe e filha, de Gloria e Sasha. Há bastante superficialidade em "Barbie", mas a maior decepção é o desfecho. Além de encerrar para baixo, leva a boneca para um lado nada interessante, uma vez que a Barbie já é a representação de uma mulher, não uma mulher em si.  O longa da Warner é bom e passa longe de ser um filme para amar em primeiro lugar, ainda que exiba um trecho do musical "Grease". De toda forma, é  sem dúvida, um filme para se assistir na telona do Cineflix Cinemas!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"Barbie"Ingressos on-line neste link
Gênero: fantasia. Classificação: 12 anos. Duração: 1h55. Ano: 2023.  Idioma: inglês. 
Distribuidora: Warner Bros. Pictures. Roteiro: Greta Gerwig, Noah BaumbachDireção: Greta Gerwig. Elenco: Margot Robbie (Barbie), Ryan Gosling (Ken), Emma Mackey, Simu Liu. Sinopse: Depois de ser expulsa da Barbieland por ser uma boneca de aparência menos do que perfeita, Barbie parte para o mundo humano em busca da verdadeira felicidade.

Trailer



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.: Entrevista: a bossa de Menescal com Ricardo Bacelar e Diogo Monzo

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Já imaginou produzir e tocar em um disco homenageando a obra de um ídolo, e contar com o próprio na gravação e elaboração do mesmo? Pois foi o que aconteceu com Ricardo Bacelar e Diogo Monzo, que revisitaram a obra de Roberto Menescal, um dos principais nomes da Bossa Nova nos anos 50 e 60. E o homenageado além de tocar o seu inconfundível violão, ainda soltou a voz pela primeira vez em disco em duas composições: "O Barquinho" e "Ah Se Eu Pudesse". 

Em entrevista para o Resenhando.com, o músico Ricardo Bacelar explica como se deu essa produção do disco intitulado "Nós e o Mar" e revela detalhes de sua trajetória na música, que inclui passagem pela banda Hanoi Hanoi nos anos 80 e trabalhos em parceria com nomes como Tonho Horta. “A música que me interessa é sempre a próxima que vou fazer ou tocar”.


Resenhando.com – Como foi tocar a música de Menescal ao lado do próprio?
Ricardo Bacelar –
Foi um privilégio enorme. Mas ao mesmo tempo foi algo tranquilo e natural. Ele é uma pessoa que eu já conhecia e que conhece o meu trabalho. Deixou-nos muito a vontade para produzir. Ele toca um violâo que tem um som inconfundível. Na Bossa Nova você não pode mudar muito os arranjos. Mas, ao mesmo tempo, ela tem possibilidades de algumas texturas sonoras que podem ser inseridas. Acabamos deixando a obra dele com um ar contemporâneo. Foi muito emocionante ouvir o resultado final


Resenhando.com – E coincidiu com os 85 anos que ele completará em outubro.
Ricardo Bacelar – 
Isso tornou o disco ainda mais especial. Trata-se de uma obra muito rica. Toda vez que revisitamos ela, encontramos novas texturas e possibilidades. Porque ela permite que o músico abra horizontes de várias formas.


Resenhando.com – Fale mais sobre essa produção, "Nós e o Mar".
Ricardo Bacelar – 
Uma coisa bem significativa foi o fato de o Menescal ter cantado duas canções, pela primeira vez, em disco. Segundo ele próprio, isso só tinha acontecido uma única vez nos anos 60, no antológico show do Carnegie Hall, em Nova York. Mas posso citar a participação da Leila Pinheiro que canta divinamente "Bye Bye Brasil", cujo arranjo foi sugerido pelo Menescal. A ideia inicial era um disco instrumental. Mas acabamos agregando vocais em algumas faixas e creio que acabou ficando muito bom. Ouvir o violão do Menescal é mais que uma benção. É uma aula prática de como tocar bossa nova em sua essência.


Resenhando.com – Você também integrou a formação da banda Hanoi Hanoi nos anos 80. Cmo foi essa experiência?
Ricardo Bacelar – 
Integrei a banda por 12 anos. Foi muito gratificante. A banda era liderada pelo Artnaldo Brandão, que tocou o Caetano Veloso. Naquele período chegou a emplacar hits nas paradas, como Totalmente Demais, que foi até tema de novela da Rede Globo.


Resenhando.com – Seu trabalho como artista solo é bastante eclético, com parcerias de nomes como a Delia Fischer. Você prefere a música instrumental ou cantada?
Ricardo Bacelar – 
Eu sigo aquele mantra que o Egberto Gismonti costuma dizer: a música que me interessa é sempre a próxima que vou elaborar ou tocar. Gosto da ideia de estar sempre em movimento. Como sou um multi-instrumentista, sempre acabo tendo ideias novas para a produção, arranjo, etc.


Resenhando.com - Falando da Delia Fischer, o trabalho que vocês fizeram com canções de Gilberto Gil foi outro momento marcante.
Ricardo Bacelar – 
E que também coincidiu com as comemorações dos 80 anos dele. Tivemos a honra de contar com ele nos vocais de Andar com Fé e Prece. Essa última inclusive acabou emocionando o Gil. A Délia é outra intérprete incrível.

Resenhando.com – Como você vê o uso de recursos como o da Inteligência Artificial na música?
Ricardo Bacelar – 
Vejo com reservas. A música não pode se tornar um mero algorítmo, uma ciência exata e fria. Para se ter uma canção ainda é preciso uma boa dose de inspiração e sensibilidade. Ou seja, coisas que a IA não é capaz de oferecer. Mas se ela for usada como algo para agregar na música, será sempre bem-vinda.

Resenhando.com – Como estão os planos para divulgação desse trabalho mais recente?
Ricardo Bacelar – 
Neste primeiro momento vamos fazer a divulgação do disco e nas plaformas de streaming. Mas gostaria muito de levar esse trabalho para o palco. Por conta da obra do Menescal, acreditamos que, além do Brasil, possamos levar uma eventual turnê para o Japão e a Europa. Em países onde a bossa nova ainda é admirada pelos amantes da boa música.

 "O Barquinho"

"Bye Bye Brasil"

 "Copacabana de Sempre"

.: Crítica: "Veraneio" é uma alegoria sobre amor e ódio nas famílias


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Há muita humanidade, e a ausência desse sentimento, nas relações humanas mostradas em "Veraneio", exibido na semana passada no Sesc Santos, que nesta sexta-feira, dia 21 de julho traz "Frida - Viva La Vida", mais informações neste link - e agora em cartaz no Teatro Bravos. O espetáculo dirigido por Pedro Granato e escrito por Leonardo Cortez, que atua na peça, trata de pessoas que se amam e não conseguem conviver porque estão tão envolvidos em suas vidas que já não há mais espaço para nada. Em alguns momentos, parecem se odiar, e que o confronto vai explodir a qualquer momento. O espetáculo celebra esses sentimentos antagônicos como uma espécie de ode. 

O pano de fundo é o aniversário da matriarca da família, interpretada por Clarisse Abujamra, uma atriz que dá um toque de delicadeza e sofisticação em todos os projetos em que se envolve. A personagem interpretada por ela reúne os filhos sob o pretexto de comemorar o aniversário para apresentar o novo namorado. No primeiro momento, há a apresentação dos personagens - todos sobreviventes da pandemia de covid-19. Todos interagem entre si, mas ninguém conversa, muito menos se interessa pelo outro. Estão muito envolvidos em seus próprios dramas pessoais. 

Em um texto sensível, todos se destacam, como uma espécie de engrenagem em que ninguém é dispensável. Mas é com a chegada de Rubinho, o namorado da matriarca, que o espetáculo ganha cor. Ele entra na história para remexer as estruturas da família, que já estão danificadas. É um personagem incisivo e extremamente carismático, feito sob medida para o talento do ator Maurício de Barros, que sabe, como ninguém, tirar boas risadas - até mesmo em uma atmosfera tão pesada.

Todos os atores têm bons momentos e, em determinado momento, o foco gira em torno de cada um deles. Sílvio Restiffe, como o filho depressivo, Tatiana Thomé, como a esposa magoada, Glaucia Libertini, como a filha egocêntrica e rica, uma atriz extremamente carismática e engraçada - principalmente quando se mostra indignada ao descobrir os segredos da mãe. Leonardo Cortez, autor desse texto repleto de tanto material humano, brilha como o filho piadista que esconde uma dor profundal.

Todos fazem a dinâmica deste espetáculo evoluir até o ponto de colisão. Eles representam tipos para tratar da alegoria da vida e apertam o público até a reflexão. É um espetáculo que, além de colocar o dedo nas feridas e em assuntos sensíveis a qualquer família, também aborda a hipocrisia e a descoberta da sexualidade durante a velhice. São assuntos pertinentes e há, com isso tudo, a direção certeira de Pedro Granato - neste espetáculo milimetricamente pensada para não poupar ninguém. É como diz o velho ditado: uma mãe pode cuidar de dez filhos, mas dez filhos não conseguem cuidar de uma mãe. "Veraneio" é uma pancada que começa parecendo inofensiva, mas não há como sair ileso.

Ficha técnica:
"Veraneio" no Teatro Bravos. 
Idealização: Leonardo Cortez e Pedro Granato. Texto: Leonardo Cortez. Direção: Pedro Granato. Elenco: Clarisse Abujamra, Glaucia Libertini, Leonardo Cortez, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe e Tatiana Thomé. Cenário e Adereços: Diego Dac. Iluminação: Beto de Faria. Figurino: Anne Cerutti. Cenotécnico: Roberto Tomasim. Costureira: Binidita Apelina. Assistente de Direção: Jade Mascarenhas. Assistente de Figurino: Luiza Spolti. Assistente de costura: Lis Regina. Produção Executiva: Carolina Henriques. Direção de Palco: Diego Dac. Técnico de Luz: Ariel Rodrigues e Beto de Faria. Técnica de Som: Jade Mascarenhas. Assessoria de Imprensa: Flavia Fusco. Fotos e Registro em Vídeo: Nadja Kouchi. Direção de Produção: Jessica Rodrigues. Realização: Contorno Produções e Pequeno Ato.


Serviço
"Veraneio" no Teatro Bravos. 
Duração: 80 minutos. Classificação: 14 anos. Gênero: tragicomédia. Temporada: De 5 a 27 de agosto - Sábados às 21h e domingos às 19h. Exceto dia 13 de agosto. Ingressos: R$ 80 e R$ 40.Vendas on-line https://bileto.sympla.com.br/event/85186Horário da bilheteria: de terça à domingo das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo. Formas de Pagamentos aceitas na bilheteria: Aceitamos todos os cartões de crédito, débito e dinheiro. Não aceitamos cheques. Local: Teatro Bravos. Rua Coropé, 88 – Pinheiros. Complexo Aché Cultural, entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais. Abertura da casa: 1 horas antes do espetáculo. Café no 3º andar. Capacidade da casa: 611 lugares Acessibilidade para deficiente físico e obesos. Estacionamento: MultiPark - R$ 39,00 (até 3 horas).

.: "Cordel do Amor Sem Fim" em nova temporada no Teatro do Sesi-SP


Espetáculo dirigido por Daniel Alvim e elenco formado por Helena Ranaldi, Patricia Gasppar, Márcia de Oliveira, Luciano Gatti e Rogério Romera, retrata de forma simples e poética a “esperança e o amor”. Foto: Priscila Prade

Visto por mais de 15.000 pessoas, o premiado texto "Cordel do Amor Sem Fim", de Cláudia Barral e direção de Daniel Alvim, ganha uma nova temporada gratuita no Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp - Ruth Cardoso, de 4 de agosto a 3 de setembro. As apresentações acontecem às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos às 19h.

Essa bem-sucedida montagem estreou em 2019, produzida por Helena Ranaldi e Daniel Alvim, e, desde então, circulou pelos principais teatros do estado de São Paulo, através de convites da Secretaria de Cultura, do Sesi-SP e Sesc SP. A reestreia coincide com o lançamento do longa-metragem Cordel do Amor sem Fim, também produzidos por Helena Ranaldi e Daniel Alvim, que estreia em Festival Internacional (Nova Iorque e Miami), no mês de setembro de 2023.

A peça apresenta ao público uma história simples, universal e familiar para muitos que passam a vida à procura de um sentido maior, para quem vive ou quer viver em função do amor e para quem se alimenta da difícil procura de encontrar-se no outro. Trata-se de uma história de encontros e desencontros, na qual o tempo não tem medida e esperar é viver intensamente o presente. 

A trama retrata o cotidiano simples de três irmãs, Madalena (Helena Ranaldi), Carminha (Patricia Gasppar) e Teresa (Márcia de Oliveira), que vivem à margem do rio São Francisco, na cidade Carinhanha, fronteira da Bahia com Minas Gerais.

No dia em que Teresa, a irmã mais nova, ficará noiva de José (Luciano Gatti), todos são surpreendidos com a chegada de Antônio (Rogério Romera), que promete voltar e ocupar o lugar do primeiro pretendente no coração da moça. A partir desse momento, as personagens passam a viver na expectativa do possível retorno de  Antônio, transformando, assim, a simples rotina e a vida de todos que vivem na pequena cidade de Carinhanha. 

Com personalidades distintas e que se complementam, as três irmãs podem ser vistas como uma só, de modo que o feminino é retratado de forma plena e absoluta. Por meio de personagens sutis e singelas, que trazem à cena uma apaixonante simplicidade, a autora apresenta um universo lúdico e genuíno, característicos de sua escrita. 

Partindo de uma narrativa poética e da execução de canções originais, essa história de amor e esperança, permeia as relações entre as três irmãs.  O texto discute temas como solidão, paixão, destino, força do feminino e a eterna busca pela felicidade e pelo amor, questões presentes e relevantes do mundo dito pós-moderno.

Aparentemente distante da realidade e das referências urbanas, as personagens conduzem a plateia rio adentro. Vezes ingênuas e paradoxalmente grifadas em cores marcantes, são completamente identificáveis pelos espectadores na alegria de viver, na força da atitude, na paixão, no desejo e na saudade. De tão humanas, essas personagens parecem romper com a distância entre o urbano e o sertão, entre as águas dos rios e o solo das fronteiras do nosso Brasil. Uma conexão da poesia e da mítica popular brasileira. 

"Cordel do Amor Sem Fim" é um suspiro de amor, um alívio para a alma do espectador, acredita o diretor Daniel Alvim. “Em tempos difíceis de polarização, Cordel do Amor sem Fim dá ao público a oportunidade de tentar resgatar o tempo e o verdadeiro sentido das relações humanas. Cordel resgata o cheiro, as cores e a escuta do silêncio. Estar diante desse texto, é como estar à beira de um pequeno cais à espera de uma embarcação soprada pelo vento. Cordel do Amor sem fim é tentar encontrar o amor, é tentar encontrar-se consigo mesmo”, esclarece.


Sinopse do espetáculo
Na pacata cidade de Carinhanha, no sertão baiano, às margens do rio São Francisco, vivem três irmãs, Madalena, Carminha e a jovem e sonhadora Teresa, por quem o namorado José nutre um sentimento arrebatador e possessivo. No dia em que José vai pedi-la em casamento, um encontro no porto da cidade sela o destino de Teresa: ela se apaixona por Antônio, um viajante que está de passagem pela cidade.  A partir deste ponto, a trama se desenrola em função da espera de Teresa pelo retorno de Antônio. A espera contagia a todos e as personagens passam a viver na expectativa de que algo mude em suas vidas.


Ficha técnica
"Cordel do Amor Sem Fim". Texto: Cláudia Barral. Direção: Daniel Alvim. Elenco: Helena Ranaldi, Patricia Gasppar, Márcia de Oliveira, Luciano Gatti e Rogério Romera. Trilha sonora: Marcello Amalfi e Alessandro Lima. Iluminação: Wagner Freire. Cenografia: André Cortez. Figurinos: Anne Cerutti. Produtores associados: Helena Ranaldi e Daniel Alvim. Realização: Alvim Produções Artísticas e Arte Ranaldi Produções. Assessoria de imprensa: Pombo Correio.


Serviço
“Cordel do Amor sem Fim”. Temporada: de 4 de agosto a 3 de setembro. Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h. Sesi - Centro Cultural Fiesp – Avenida Paulista, 1313, Bela Vista - Em frente a estação do Trianon-Masp do metrô. Ingressos: gratuitos. Duração: 1h. Classificação: 14 anos. Lotação : 450 pessoas. Acessibilidade: Teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.


.: Santos Jazz Festival celebra a arte de Rita Lee na voz de Paula Lima


A cantora Paula Lima revisita a obra da imortal rainha do rock no consagrado espetáculo "Soul Lee"

Por Milena Zimbres, jornalista.

Uma diva da música popular brasileira e da soul music é a escolhida pela curadoria para prestar justa homenagem à rainha do rock. De diva para diva, o Santos Jazz Festival traz ao palco a cantora Paula Lima no espetáculo "Soul Lee", revisitando a genialidade da obra de Rita Lee, falecida em maio deste ano, e para sempre exaltada como símbolo de música de qualidade, irreverência e emponderamento feminino. O espetáculo ocupa o palco principal, no Largo Marquês de Monte Alegre, no Centro Histórico, fechando com chave de ouro a programação da noite de sábado, dia 29. Entrada franca.

Paula fala de Rita, com quem já dividiu o palco, com verbo no presente. “Rita Lee sempre foi uma inspiração, uma figura surpreendente, livre e genial, à frente do seu tempo, independente, forte e sensível. É absolutamente original e apaixonante. Falo tudo isso no presente, porque Rita jamais deixará de fazer parte de nós”, conta. A cantora paulista converteu sua admiração no espetáculo "Soul Lee" em 2019. De lá pra cá o show ganhou estrada, lotou importantes teatros do País e levou Paula a celebrar Rita no "Acoustic Sessions", no Grammy Latino 2022.

A cantora não esconde a satisfação de trazer o espetáculo à cidade de forma inédita. “Cantar no 'Santos Jazz Festival' será um enorme prazer. Meu carinho pela cidade, com a sua energia singular, é especial. Faremos uma linda homenagem à deusa-maravilha Rita Lee, apresentando os seus hits e a sua poesia no meu mood soul, vibrante e suingado. Feliz demais por esse reencontro!”. No set list estão grandes sucessos, como "Baila Comigo", "Ovelha Negra" e "Agora Só Falta Você". 


Paula Lima
Com mais de duas décadas de carreira sólida e reverberação internacional Paula tem cinco álbuns lançados, um DVD e três singles. Coleciona indicações aos prêmios Multishow, Tim e Grammy Latino. Ganhadora do Troféu Raça Negra, protagonizou os musicais Cats e Brasilis. Fez parcerias com Elza Soares, Margareth Menezes, Milton Nascimento, Marcelo D2, Jorge Benjor, Baby do Brasil e muitos outros ícones, como o próprio rapper Rael, que também constela no line-up deste ano do Santos Jazz Festival.

Desde 2011, Paula apresenta o programa "Chocolate Quente" na rádio Eldorado FM, vencedor do Prêmio APCA. Atualmente abraça o repertório de Rita Lee com o espetáculo "Soul Lee" e prepara um álbum especial de inéditas com canções de Zélia Duncan, Emicida e Seu Jorge. Destaque na representatividade do movimento negro e emponderamento feminino, em absoluta sintonia com os propósitos do Santos Jazz Festival, Paula é também a embaixadora da Campanha Rompa o Silêncio, você não está sozinha! #SomosTodasMariadaPenha, a convite do Tribunal de Justiça de São Paulo. Compre os álbuns de Paula Lima neste link.

Estrutura
O evento contará com toda infraestrutura para oferecer uma experiência de conforto, segurança e qualidade ao público. O projeto contempla palco com os melhores recursos audiovisuais, praça de alimentação, área coberta e sanitários públicos. Haverá segurança particular, além do apoio da Guarda Municipal e das Polícias Militar e Civil.


Realização
O 11º Santos Jazz Festival tem chancela da Lei federal Rouanet com os patrocínios das empresas G.Pierotti, Bandeirantes Deicmar, Terminais AGEO, Autoridade Portuária de Santos (APS) e Ecoporto. Correalização: Prefeitura Municipal de Santos. Apoio Institucional: Sesc Santos e Museu do Café. O projeto conta também com emenda parlamentar dos vereadores Benedito Furtado, Bruno Orlandi, Cacá Teixeira, Chico Nogueira, Edivaldo Fernandes e Telma de Souza.

.: "Dentro de Um Olhar", da Cia. Recôncavo, fala sobre amor e desamor


O amor que quase sempre é negado socialmente para pessoas trans, travestis, não-binárias e agênero é tema do espetáculo "Dentro de Um Olhar", com direção de Mayla Fernandes, trilha sonora original ao vivo de Amanda Ferraresi e dramaturgia de Myra Gomes, que ainda está no elenco ao lado de Carol Lira.  O espetáculo da da Cia. Recôncavo tem apresentações no TUSP Butantã (de 25 a 27 de julho), no Centro Cultural da Diversidade (de 28 a 30 de julho) e no Centro Cultural Olido (de 19 a 27 de agosto).

A montagem acompanha a relação entre Laura e Liz, que se apaixonam à primeira vista. Com o passar dos anos, a dependência emocional, a bebida e a toxicidade tornam essa relação fria e distante. A falta do olhar que uniu duas almas poderia separá-las? Essa história de amor e desamor desmistifica a heterocisnormatividade nas relações ao desconstruir a ideia de que um casal é formado apenas por pessoas hetero-cisnormativas, trazendo ao palco um relacionamento entre uma pessoa trans e uma pessoa cisgênero.

A peça ainda aborda um mix de sentimentos complexos, determinados pela individualidade das pessoas envolvidas. Afinal, as relações são formadas por mundos que colidem e causam sempre um grande fenômeno – resta saber se este é uma flor que desabrocha ou um furacão devastador. Além disso, a montagem evoca o tema da dependência emocional nos relacionamentos e como isso pode ser nocivo para todas as pessoas envolvidas. Na trama, pode-se dizer que tanto Liz como Laura são dependentes uma da outra, mas essa questão é mais complexa para a segunda personagem. 

Desde que se apaixonou, Laura se vê num relacionamento no qual quer prover tudo: a comida, o teto e o cuidado. Ela se dedica integralmente à Liz, sem perceber que, pouco a pouco, por causa do seu ciúmes possessivo e abusos, acaba sufocando sua parceira. Laura abriu mão de estudar, se afastou das pessoas que amava, e espera, de uma forma abusiva, que Liz faça o mesmo para viver integralmente. Já o alcoolismo de Liz é evocado pelo grupo para propor uma reflexão sobre as consequências dessa dependência física e emocional para o indivíduo, tanto no relacionamento como em outras esferas da vida. 

A partir de todas essas questões, a peça tem a proposta de despertar no público sentimentos sobre as relações interpessoais que vivenciamos na nossa jornada pessoal e como elas podem afetar o modo como vivemos, nos relacionamos com o outro e na percepção que temos de nós mesmos.


Sinopse do espetáculo
Laura e Liz se conhecem e se apaixonam a partir de um olhar. Com o passar dos anos, a dependência emocional, a bebida e a toxicidade tornam essa relação fria e distante. A falta do olhar que uniu duas almas poderia separá-las? "Dentro de Um Olhar" é uma história de amor e desamor, que desmistifica a heterocisnormatividade nas relações. 


Ficha técnica:
"Dentro de Um Olhar", da Cia. Recôncavo. Dramaturgia: Myra Gomes. Direção: Mayla Fernandes. Produção: Corpo Rastreado | Jack dos Santos. Elenco: Carol Lira e Myra Gomes. Direção musical/Trilha sonora original: Amanda Ferraresi. Composição - Música ação e teoria: Yuri Garcia. Operação de luz: Marina Gatti, Lilia Silva e Carol Honorato. Figurino: Gustavo de Carvalho. Visagismo: Athena Leto. Preparadora vocal: Beatriz Chadt. Vídeos e projeções: Genildo e Wellington Belarmino. Registro vídeo e fotografia: Rafa Tayslan \ Transmuta. Designer: Oru. Intérprete de libras: Amanda Marcondes. Social media: Carol Ancoreli. Assessoria de imprensa: Pombo Correio.

Serviço:
"Dentro de Um Olhar", da Cia. Recôncavo. Classificação: 14 anos. Duração: 60 minutos

TUSP Butantã – Teatro Rua do Anfiteatro, 109
De 25 a 27 de julho, às 20h. Sessão extra dia 27 de julho, às 18h. Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação. Capacidade: 380 lugares. 

Centro Cultural da Diversidade – Rua Lopes Neto, 206, Itaim Bibi, São Paulo
De 28 a 30 de julho, na sexta e sábado às 20h, e no domingo, às 18h. Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação. Capacidade: 186 lugares. Acessibilidade: 28 e 29 de julho - sessões com interpretação de libras. 

Centro Cultural Olido – Sala Paissandu - Avenida São João, 473, Centro Histórico, São Paulo
De 19 a 27 de agosto, aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 16h. Dia 19 de agosto, sessão extra às 16h. Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação. Capacidade: 136 lugares. Acessibilidade: 19 de agosto, às 19h, e 20 de agosto, às 16h - sessões com interpretação de libras

.: Atriz Duda Pimenta fala sobre dores e delícias da adolescência em livro-diário


Estrela da série "Dois Tempos", da da Star +, e membro do elenco da novela teen "Poliana Moça", no SBT, Duda Pimenta, de 16 anos, conta na obra curiosidades do seu dia a dia e passeia por temas que têm marcado sua adolescência, como bullying, namoro e influências. Ela lança livro-diário "Eu Sou Duda Pimenta", pela editora Mostarda, no qual trata, com um olhar muito particular, questões comuns da adolescência, entra elas o uso de redes sociais, como lidar com boy lixo e o primeiro beijo. O leitor encontrará até um guia de sobrevivência no capítulo “Adolescência, e agora?”

Além da TV aberta, a jovem tem se destacado no streaming, com participação na série "Olhar Indiscreto", da Netflix, e no papel da marcante Terezinha em "Dois Tempos". Na obra, a artista ainda aborda sua paixão pela Coreia do Sul, abre seu álbum de família, fala do início na televisão, revela sua rotina de maquiagem e de cuidados com o cabelo, aponta as peças indispensáveis no seu guarda-roupa e conta tudo o que os fãs querem saber. Tudo pautado pela potência que a menina preta carrega consigo.

Além das curiosidades sobre Duda, o livro traz uma boa dose de interatividade, com QR codes para playlists, e testes com múltipla escolha para o leitor descobrir qual estrela da música seria, e outro para saber se o príncipe é, na verdade, um boy lixo. Bônus: o livro presenteia os leitores com alguns pôsteres de Duda. Compre o livro "Eu Sou Duda Pimenta" neste link.


Sobre a autora
Maria Eduarda Pimenta Oliveira Jimenez
, que também atende como Duda, Pretinha, Dudinha, Dus e Du, nasceu em 22 de junho de 2006, é canceriana com ascendente em peixes. Seu orixá é Ogum. Aos quatro anos ingressou em uma agência de modelo; dois anos depois fez seu primeiro teste na TV. Interpretou Lila nas três primeiras temporadas de "O Zoo da Zu!," série da Discovery Kids, e se destacou na TV aberta no núcleo principal da novela "As Aventuras de Poliana" e, na sequência, "Poliana Moça". 

Integrou outros sucessos do SBT como "Chiquititas", "Carinha de Anjo" e "Cúmplices de Um Resgate". Em 2019, lançou o álbum "Pensa num Beat", no qual convidou vários artistas para a gravação do clipe do hit "Seu Cabelo". Fez trabalhos pontuais como apresentadora e, devido ao sucesso das suas redes sociais, sobretudo do seu perfil no Instagram, com mais de 6 milhões de seguidores, também atua como influenciadora digital. Garanta o seu exemplar de "Eu Sou Duda Pimenta" neste link.


Sobre a editora Mostarda
Fundada em 2018 pela segunda geração de uma família dedicada aos livros, a editora Mostarda nasce com o nome e com o propósito de uma pequena semente que se transforma na maior das hortaliças. Inclusiva e diversa, a editora Mostarda entende que seu papel é germinar histórias e responsabilidades sociorraciais e socioambientais, sobretudo entre crianças e adolescentes.

Não por acaso compõem seu portfólio biografias de personalidades pretas de todos os tempos na jovem e já aclamada Coleção Black Power, indígenas notáveis da atualidade na Coleção Kariri, mulheres inspiradoras na Coleção Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas, além das tramas ficcionais presentes nas demais obras, como "O Jardim de Marielle". Com livros em braille (inclusive com ilustrações) e em fontes ampliadas, a intenção da Mostarda é ser uma grande e importante difusora do livro e que, nessa trajetória, seja possível mudar a vida das pessoas, agregando conhecimento, quebrando barreiras e preconceitos.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

.: "Oppenheimer": livro mostra o triunfo e a tragédia do Prometeu americano


A editora Intrínseca lança a biografia de uma figura fundamental para a história: J. Robert Oppenheimer, o físico por trás da criação da bomba atômica. "Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano", escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin, chega às livrarias brasileiras próximo à estreia do filme de mesmo nome, dirigido por Christopher Nolan e com Cillian Murphy, Robert Downey Jr. e Emily Blunt no elenco. O filme está em cartaz na rede Cineflix Cinemas, confira a programação neste link. A tradução é de George Schlesinger.

J. Robert Oppenheimer foi o brilhante e carismático físico que liderou os esforços para desenvolver uma arma nuclear em favor de seu país durante a guerra. Logo após o bombardeamento de Hiroshima, tornou-se o cientista mais famoso de sua geração — uma das figuras icônicas do século XX, a personificação do homem moderno que enfrenta as consequências do progresso científico.

No entanto, Oppenheimer em seguida se opôs ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio e criticou os planos da Força Aérea de travar uma guerra nuclear infinitamente perigosa. Na hoje quase esquecida histeria do início dos anos 1950, suas ideias contrariaram poderosos defensores de um avanço nuclear maciço, e, como consequência, ele foi considerado indigno de confiança para lidar com segredos de governo dos Estados Unidos.

Este livro narra a vida de Oppenheimer em detalhes reveladores e sem precedentes. Construído após numerosas pesquisas, baseou-se em milhares de registros e cartas encontrados em arquivos nos Estados Unidos e no exterior, em extensos relatórios do FBI e em cerca de uma centena de entrevistas com amigos, parentes e colegas de Oppie. Ao longo das páginas, acompanhamos os primeiros anos escolares dele; a ida para Berkeley, Califórnia, onde estabeleceu, durante a década de 1930, a principal escola norte-americana de física teórica e se envolveu profundamente com causas de justiça social e muitos adeptos do comunismo; o período em Los Alamos, Novo México, em que transformou um ermo planalto escarpado no laboratório de armas nucleares mais potente do mundo — e transformou-se a si próprio.

Vencedor do prêmio Pulitzer e considerado o melhor livro de 2006 por veículos como The New York Times, The Washington Post e Chicago Tribune, é um retrato rico e instigante sobre um homem notável e ambicioso e sobre os Estados Unidos da primeira metade do século XX. Ao traçar a jornada desse Prometeu moderno, Oppenheimer nos faz pensar nos caminhos percorridos pela humanidade e em como podemos construir nosso futuro. Compre o livro "Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano", de Kai Bird e Martin J. Sherwin, neste link.

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site acessando este link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


O que disseram sobre o livro 
“Esta biografia obrigatória, resultado de 25 anos de pesquisa, reavalia o caráter de Robert Oppenheimer e oferece seu mais complexo retrato até hoje.”  — The New Yorker

Sobre os autores
Kai Bird é autor de "The Chairman: John J. McCloy and The Making of the American Establishment" e "The Color of Truth: McGeorge Bundy and William Bundy, Brothers in Arms". Co-organizou, com Lawrence Lifschultz, "Hiroshima’s Shadow: Writings on the Denial of History and the Smithsonian Controversy". Editor colaborador da revista The Nation, vive em Washington com a esposa e o filho.

Martin J. Sherwin
 foi professor de inglês e de história norte-americana na Tufts University e publicou também "A World Destroyed: Hiroshima and Its Legacies", além de ter vencido o prêmio Stuart L. Bernath e o American History Book Prize. Garanta o seu exemplar de "Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano", de Kai Bird e Martin J. Sherwin, neste link.

.: As Olívias estreiam comédia "Mulher, Imagina!" no Teatro Sérgio Cardoso


Espetáculo retrata grupo de comediantes mulheres que criam uma série sobre o universo feminino; peça celebra 18 anos de trajetória do grupo. Foto: Vitor Vieira

Em comemoração aos 18 anos de trajetória, o grupo de humor As Olívias reafirma sua parceria com a autora e diretora Michelle Ferreira na comédia "Mulher, Imagina!", que faz temporada no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas com gestão da Amigos da Arte, de 21 de julho a 6 de agosto. O espetáculo é uma paródia da própria trajetória do grupo, com  Marianna Armellini, Renata Augusto, Sheila Friedhofer e Victor Bittow no elenco.

Michelle Ferreira participou do grupo desde o início com a criação do primeiro trabalho, “As Olívias Palitam”, e escreveu o segundo espetáculo, Riso Nervoso, dirigido pelo diretor Hugo Possolo. “Somos apaixonadas por ela e por seu trabalho e ela nos conhece super bem e se conecta com o que queremos dizer”, diz Renata Augusto, co-fundadora do grupo.  

Em “Mulher, Imagina!”, um grupo de mulheres roteiristas, que já trabalham juntas há muitos anos, tem a missão de criar, em tempo recorde,  uma série para uma famosa plataforma de streaming sobre o universo feminino. Para não perder essa grande chance, as Olívias se reúnem e enfrentam um processo caótico, estressante e engraçado de ter uma ideia original para a série, o que traz à tona os conflitos e desejos do próprio grupo. Enquanto isso, elas ainda têm que encaixar nessa história o único homem do coletivo, que vira um objeto de experimentação, se revezando em diversos personagens na imaginação delas.

“'Mulher, Imagina!' é uma brincadeira de metalinguagem, o que vemos no palco é um espaço de criação”, diz Marianna Armellini. A plateia é convidada a participar do processo desde o brainstorm e testemunha as ideias dessas artistas se materializarem em cena. De acordo com Mariana, a encenação dialoga com outros elementos visuais o tempo todo. “Esses elementos não só ajudam a plateia a visualizar o que está sendo criado pelas roteiristas, mas também traz  referências a séries de TV e  à história do próprio grupo (que já teve um programa de TV). Nos perguntamos: será que tudo já foi feito? É possível ter uma ideia original quando tratamos do "universo feminino"?”.

Entre as referências pesquisadas pelo grupo durante o processo criativo, estão séries clássicas estrangeiras e brasileiras, como Seinfeld, Friends, The Rehearsal, A Grande Família e Armação Ilimitada, além de outras produções que fizeram sucesso recentemente nos streamings.

A ideia de criar um trabalho que revisitasse a trajetória das Olívias é uma forma de refletir sobre como o fazer humorístico evoluiu dentro do próprio grupo ao longo do tempo. “No começo, nós produzimos inúmeros conteúdos para teatro, internet ou TV, com piadas que hoje consideramos machistas, gordofóbicas etc”, diz Sheila Friedhofer. “Não achamos que exista tema proibido para se fazer piada, mas a questão é: qual piada se vai fazer? Vamos contribuir para a perpetuação de preconceitos e violências, ou vamos fazer piada sobre quem ainda oprime todo mundo em pleno 2023?”.


Sobre As Olívias
Formado nos corredores da Escola de Arte Dramática (EAD / USP) pelas atrizes Marianna Armellini, Renata Augusto, Sheila Friedhofer e pelo ator e diretor Victor Bittow – As Olívias são um grupo de comédia que resolveu transformar em humor seu jeito inusitado de ver o mundo. 

A estreia aconteceu em 2005, com o espetáculo As Olívias Palitam, que fez milhares de espectadores por todo o país ao longo de nove anos em cartaz. O humor do grupo também ganhou espaço na internet e, em 2011, As Olívias estrearam na televisão com um programa semanal no canal Multishow – Olívias na TV – com 4 temporadas exibidas até 2013. 

Em 2015, em comemoração aos 10 anos do grupo, As Olívias estreiam seu segundo espetáculo teatral, Riso Nervoso, com texto e direção de Michelle Ferreira. Desde 2022, dentro do projeto "Rindo com Elas", o grupo vem ministrando oficinas de humor gratuitas para mulheres, além de um ciclo de debates sobre a presença feminina no humor brasileiro.


Sinopse
Depois da saída de uma das integrantes, um grupo de humor composto por três mulheres precisa criar uma série para uma plataforma de streaming sobre o universo feminino. Em conflito com o tema, com a existência do grupo e com a própria comédia, elas têm pouco tempo para ter uma ideia genial. Dentro de uma sala de roteiro onde tudo é permitido, elas dividem com o público as alegrias e as angústias de um processo de criação.

Ficha técnica
"Mulher, Imagina!". Criação: As Olívias. Dramaturgia e direção: Michelle Ferreira. Elenco: Marianna Armellini, Renata Augusto, Sheila Friedhofer e Victor Bittow. Produção: Gustavo Sanna. Assistente de direção: Maíra de Grandi. Cenário e adereços: Michelle Ferreira. Figurino: Theodoro Cochrane. Iluminação: Laiza Menegassi. Design de som: Eric Budney. Assistente de produção: Raphael Carvalho. Assessoria de imprensa: Pombo Correio. Projeto contemplado pela 15ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo.

Serviço
"Mulher, Imagina!". Temporada: 21 de julho a 6 de agosto. Sexta a domingo, às 19h. Teatro Sérgio Cardoso – Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista - São Paulo. Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada). Vendas on-line em teatrosergiocardoso.org.brBilheteria: de terça a sábado, das 14h às 19h. Informações: (11) 3288-0136. Capacidade: 144 lugares. Classificação: 12 anos. Duração: 90 minutos. Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Apresentações em LIBRAS e audiodescrição.

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