domingo, 1 de junho de 2025

.: Musical "Janis", com Carol Fazu, estreia no Teatro J. Safra em curta temporada


Monólogo musical que celebra a alma de Janis Joplin chega à capital após turnê premiada pelo Brasil. Foto: Lúcio Luna.


Após conquistar plateias pelo Brasil e ser consagrado com o Prêmio Cesgranrio de Melhor Atriz de Musical, o espetáculo "Janis" chega à capital paulista para temporada especial no Teatro J. Safra. No palco, Carol Fazu entrega uma das interpretações mais intensas e comoventes de sua trajetória, dando vida à alma indomável de Janis Joplin - não como uma imitação, mas como uma evocação poderosa de sua essência. A curta temporada acontece de 30 de maio a 8 de junho, com sessões às sextas e sábados, às 21h00, e aos domingos, às 19h00, no Teatro J. Safra. Os ingressos custam a partir de R$ 35,00.

Janis é um monólogo musical que transborda música, poesia e emoção, com texto de Diogo Liberano, direção de Sergio Módena e direção musical de Ricco Viana. A montagem propõe um encontro íntimo com o universo sensível, instável, explosivo e profundamente humano da artista texana que marcou os anos 60 com sua voz rasgada e sua entrega absoluta. No palco, acompanhada por uma banda ao vivo, Carol Fazu encarna uma Janis que não está interessada em ser mitificada, mas em ser ouvida como mulher, como artista, como ser vulnerável e potente.

A trilha sonora passeia por clássicos como Cry Baby, Piece of My Heart, Mercedes Benz, Me and Bobby McGee e Try (Just a Little Bit Harder, entre outras canções que fizeram de Janis Joplin um ícone eterno do rock, da contracultura e da liberdade feminina. A dramaturgia costura reflexões sobre arte, fama, solidão, rejeição e desejo, revelando uma Janis introspectiva, ácida, engraçada e trágica, em um fluxo de consciência que flerta com o delírio e a epifania.

Carol Fazu, atriz, cantora e roteirista, transita com naturalidade entre a televisão, o teatro e o cinema. Atuou em novelas e séries da TV Globo como Segundo Sol, Insensato Coração, Tapas e Beijos, A Grande Família e Cidade Proibida, além de estrelar filmes como Gonzaga: De Pai pra Filho e O Vendedor de Passados. No teatro, construiu uma carreira sólida em espetáculos como Mulheres de Caio e Dançando no Escuro. Em Janis, entrega uma performance visceral que já lhe rendeu, além do prêmio Cesgranrio, indicações ao Prêmio Shell de Teatro, ao Prêmio Botequim Cultural e o reconhecimento da crítica especializada. Apoie o Resenhando.com e compre "Janis", o livro da peça, neste link.


Ficha técnica
Musical "Janis"
Autor: Diogo Liberano.
Direção: Sergio Módena.
Elenco: Carol Fazu.
Direção musical: Ricco Viana.
Músicos: Ciro Visconti (guitarra), Edson Barreto (baixo elétrico), Rorato (bateria) e Guilherme Gila (piano).
Figurino: Marcelo Marques.
Luz: Fernada Mantovani e Tiago Mantovani
Designer de som: Branco Ferreira
Operadora de som: Anna Vis
Operador de luz: Gabriel Borelli
Preparação vocal - Patrícia Maia
Direção de produção: Sandro Rabello
Realização: Diga Sim Produções


Serviço
Musical "Janis", com Carol Fazu
Local: Teatro J. Safra – Rua Josef Kryss, 318 – Barra Funda – São Paulo/SP
Temporada: 30 de maio a 8 de junho. Sextas e sábados, 21h00. Domingos, 19h00.
Classificação: 12 anos.
Duração: 80 minutos.
Ingressos: R$ 80,00 (Plateia Premium), R$ 70,00 (Plateia VIP), R$ 50,00 (Mezanino), R$ 35,00 (Mezz. Visão Parcial).
Link para compra: https://www.eventim.com.br/artist/teatro-j-safra/carol-fazu-em-janis-musical-sobre-janis-joplin-3795218/?affiliate=JSA

.: "Encontro com os Escritores" recebe Zukiswa Wanner em São Paulo


A Universidade do Livro anuncia uma edição especial e de caráter internacional da série "Encontro com os Escritores", que recebe a renomada autora sul-africana Zukiswa Wanner. Reconhecida globalmente como uma das vozes mais influentes e inovadoras da literatura contemporânea africana, ela vem ao Brasil para a palestra e bate-papo (com sessão de autógrafos), sobre "Vozes Africanas Contemporâneas: desafios, Resistência e o Futuro da narrativa Global", bem como para lançar seu mais novo romance aos brasileiros "Amar, Casar ou Matar". O encontro com a escritora será na segunda-feira, dia 16 de junho, das 19h00 às 21h00, na Biblioteca Mário de Andrade. Inscrições gratuitas neste link. A mediação será feita pela professora Maria Valéria Barbosa.

Com uma linguagem que transborda autenticidade, profundidade e uma perspicácia ímpar, Zukiswa Wanner convida o público a uma imersão profunda nas complexas dinâmicas de gênero, classe e identidade. Sua obra é um espelho da experiência da mulher africana moderna, explorando as nuances de um continente em constante transformação e desafiando as perspectivas coloniais que por muito tempo moldaram a narrativa global. Este encontro é uma oportunidade ímpar para mergulhar em histórias que celebram a diversidade cultural, a resiliência e a força das vozes africanas.

Zukiswa Wanner é uma figura proeminente no cenário literário mundial, com uma trajetória marcada não apenas por sua prolífica produção literária, mas também por seu ativismo incansável em prol da literatura africana e da descolonização do pensamento. Com uma trajetória marcada pela defesa da diversidade narrativa e pelo questionamento das perspectivas coloniais, sua obra ˗ que abrange romances, contos e ensaios ˗ é um retrato vívido das realidades sociais e políticas da África do Sul pós-apartheid, abordando temas cruciais como racismo, machismo e as complexas heranças coloniais.

Série "Encontro com os Escritores"
Promovida pela Universidade do Livro, vinculada à Fundação Editora da Unesp, em parceria com a Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp e a Biblioteca Mário de Andrade, esta série tem como objetivo aproximar leitores e autores em um diálogo direto e enriquecedor.

Cada encontro oferece ao público a oportunidade de:
• Conhecer de perto escritores de destaque, em uma conversa intimista e reveladora.
• Explorar seu percurso criativo e editorial – desde suas influências literárias até o processo de escrita.
• Debater temas relevantes do cenário cultural, como tendências editoriais, desafios do mercado livreiro e o papel da literatura na sociedade,
• Interagir com o autor, tirando dúvidas e compartilhando percepções.


Serviço
"Encontro com os Escritores": Zukiswa Wanner
Segunda-feira, dia 16 de junho de 2025, das 19h00 às 21h00
Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94, ao lado da Praça Dom José Gaspar
Estação Anhangabaú do Metrô | Centro de São Paulo (SP)
Inscrições gratuitas neste link. 

sexta-feira, 30 de maio de 2025

.: A voz contra a fome: Manolo Rey e a missão mais impossível de todas


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: divulgação.

Com mais de 40 anos de carreira, Manolo Rey é uma das vozes mais reconhecíveis do audiovisual brasileiro. Diretor de dublagem e dublador de personagens icônicos como Sonic, Will Smith em "Um Maluco no Pedaço", Tobey Maguire em "Homem-Aranha" e Robin nas animações da DC, ele coleciona trabalhos que marcaram gerações. Atualmente, ele assina novamente a direção de dublagem da superprodução "Missão: Impossível - O Acerto Final", estrelada por Tom Cruise e em cartaz na rede Cineflix e nos cinemas brasileiros. "Produções dessa magnitude exigem um alto nível de atenção aos detalhes e comprometimento com a qualidade", afirma o diretor, que também destaca a importância da fidelidade emocional na adaptação brasileira.

Além do profissional técnico e versátil, Manolo Rey revela um lado sensível, divertido e engajado. Quando questionado sobre qual vilão derrotaria com sua voz, respondeu sem hesitar: “A fome, com certeza, é o maior vilão do mundo real. E se minha voz fosse tão poderosa, eu a usaria para acabar com a fome”. Nesta entrevista exclusiva, ele compartilha bastidores emocionantes da dublagem, fala sobre os aprendizados que cada personagem lhe trouxe e até confessa em qual universo fictício gostaria de viver. Um mergulho na voz por trás de tantos heróis, comediantes e figuras inesquecíveis.


Resenhando.com - Se a sua voz fosse um superpoder, qual vilão você derrotaria com ela - e como?
Manolo Rey -
A fome, com certeza, é o maior vilão do mundo real.  E se minha voz pudesse fosse tão poderosa, eu a usaria para acabar com a fome.


Resenhando.com - Existe alguma cena ou fala que, ao dublar, você teve que parar tudo porque se emocionou ou riu demais? Pode nos contar essa história?
Manolo Rey - Várias.  “Anjos da Vida: mas Bravos que o Mar” (Ashton Kutcher), chorei muito. “Spin City”(Michael J. Fox), chorei quando ele apareceu com (a doença de) Parkinson.  “Um Maluco no Pedaço”(Will Smith), chorei muito na cena com o pai e o tio Phil.


Resenhando.com - Entre tantos personagens que você já dublou, qual é o que lembra com mais carinho?
Manolo Rey - Todos.  Tive a sorte de, ao longo da carreira, dublar muitos personagens icônicos, e que atravessaram gerações.  Citar apenas um ou dois, seria desonesto e injusto de minha parte.

Resenhando.com - Algum desses personagens influenciou suas escolhas pessoais ou até seu jeito de ver a vida?
Manolo Rey - Acho que em cada um deles tive aprendizados importantes.  Seja em situações engraçadas, em situações sérias, sempre há um aprendizado.


Resenhando.com - Você viveu muitas vidas através de vozes diferentes. Em qual cotidiano desses personagens você gostaria de viver?
Manolo Rey - Com certeza no Mundo dos Looney Tunes.  É tudo muito simples, divertido, e sempre tem solução para tudo.


Resenhando.com - Nos bastidores da dublagem, há silêncio, fones de ouvido e precisão técnica. Mas qual foi o momento mais "rock'n'roll" que você já vivenciou em estúdio?
Manolo Rey - Engana-se quem pensa que há calmaria.  Quando dirijo, atormento os atores, propondo loucuras e fazendo algazarra, e quando dublo entro nas loucuras e algazarras dos diretores.


Resenhando.com - Que ator é muito difícil de dublar e, por outro lado, qual é o mais fácil de realizar a dublagem?
Manolo Rey - Não há essa medida específica.  A meta de toda dublagem é passar verdade com a voz, fazer o público esquecer que é uma produção dublada, acreditar que a voz é do personagem realmente.


Resenhando.com - Você é um dos poucos que já deu voz a heróis, comediantes, românticos e rebeldes. Mas e o Manolo? Que personagem você ainda não teve coragem de ser - nem no microfone, nem fora dele?
Manolo Rey - Jamais seria desonesto e covarde.  Não combina com a minha pessoa.

.: “Essa injustiça tem que ser reparada!”: Anna Toledo e a revolução do palco


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. Foto: Ale Catan.

Anna Toledo é muito mais do que a dramaturga por trás do espetáculo “Cenas da Menopausa” - ela é uma artista multifacetada, cujo talento transborda dos palcos para as letras e das canções para as emoções humanas. Com uma carreira que atravessa três décadas, ela construiu uma trajetória rara, que une a força do teatro, a delicadeza da música e o olhar sensível sobre temas muitas vezes negligenciados, como a maturidade feminina. Com únicas apresentações em Curitiba, nos dias 6, 7 e 8 de junho no Teatro Guaíra, “Cenas da Menopausa” segue para São Paulo, onde fica em cartaz de 12 de junho a 17 de agosto no Teatro Claro.

Nascida em Curitiba, Anna já brilhou como atriz, cantora lírica, compositora e como autora que tem o dom de transformar experiências pessoais e sociais em narrativas que comovem. O trabalho dela é marcado por um compromisso honesto e humor inteligente, capaz de confrontar tabus sem perder a leveza.

“A menopausa - essa fase tão pouco falada - não é um fim, mas um renascimento”, costuma dizer Anna, cuja parceria com Claudia Raia, com quem já trabalhou no musical sobre Tarsila do Amaral, já rendeu peças que desafiam estigmas e celebram a vida. Em “Cenas da Menopausa”, ela não apenas escreve. Também convida o público a rir, refletir e, acima de tudo, a se reconhecer. Anna Toledo é uma voz essencial do teatro contemporâneo brasileiro, que utiliza sua arte para abrir diálogos necessários e provocar transformações reais, dentro e fora dos palcos.


Resenhando.com - Anna, se a menopausa fosse uma personagem de teatro, que arquétipo ela representaria?
Anna Toledo -
Até hoje, a menopausa foi representada no nosso imaginário pela figura das bruxas e madrastas, mulheres amarguradas pela perda da juventude, que descontam sua frustração em jovens princesas ou pobres filhotinhos de dálmatas (risos) - ou então por aquela figura da mulher surtada se abanando freneticamente. Só que na vida real, quando a menopausa acontece, a gente se sente o próprio cachorrinho perdido e indefeso, sem saber o que está acontecendo! Essa injustiça tem que ser reparada! (Risos)


Resenhando.com - Como você, enquanto autora de "Cenas da Menopausa", percebeu que o humor poderia ser uma arma poderosa contra o estigma social?
Anna Toledo - 
A menopausa pode ser um momento muito solitário. Por sentir vergonha e confusão sobre os sintomas, muitas mulheres afastam as pessoas próximas de si. Mas quando essas dores são compartilhadas, elas se tornam mais leves e podem, inclusive, virar algo para rir junto. É aquilo que o Suassuna já dizia: “o que é ruim de viver é bom de contar”.


Resenhando.com - Você já pensou em transformar as fases do luto, que estruturam a peça, em uma trilha sonora original? Como cada fase poderia soar, se pensássemos nessas fases como estações do ano?
Anna Toledo - Gente, que viagem (risos). Taí uma boa ideia para um spin-off da peça!


Resenhando.com - Seu trabalho transita entre a dramaturgia e a música. Como a sua formação em canto lírico e jazz influencia a forma como você constrói os diálogos e o ritmo das suas peças?
Anna Toledo - 
É uma pergunta interessante. A minha trajetória deu muitas voltas, né? Acredito que a maior influência dessa formação musical na minha dramaturgia se aplica à escrita para musicais, porque eu penso a música sempre como parte da narrativa. Mas o jazz treina a escuta, o que talvez seja bom para a vida, de modo geral.


Resenhando.com - Em uma sociedade que ainda silencia temas como a menopausa, qual você acredita ser o impacto de expor esse tema no palco em termos de transformação social e pessoal?
Anna Toledo - 
Na temporada da peça em Portugal, eu pude ver que as mulheres iam assistir com as amigas e depois voltavam com os maridos. Um destes maridos falou comigo, depois da peça: “agora eu entendi que não era nada pessoal!” A peça tem essa ambição de abrir uma gaveta de assuntos guardados e arejar a comunicação, além de compartilhar informações sobre sintomas que muitas vezes são confundidos com outras doenças, como depressão e ansiedade.


Resenhando.com - Se "Cenas da Menopausa" fosse adaptada para uma linguagem não-verbal, como dança ou pantomima, quais elementos essenciais da experiência feminina você tentaria preservar? Por quê?
Anna Toledo - 
No ano passado tive a oportunidade de roteirizar um espetáculo de teatro-dança (ou dança-teatro) sobre a idade na dança, chamado "A Última das Bailarinas". Eram três bailarinas de diferentes idades dançando a mesma música. Era muito bonito, porque a gente falava de qualidade de movimento como uma metáfora para a qualidade da experiência de vida, em todas as idades. E esta busca pela qualidade da experiência também é o que emerge no "Cenas da Menopausa".


Resenhando.com - Você se vê, como autora, mais como uma cronista do tempo e das transformações sociais, ou como uma provocadora que desafia tabus com sua arte?
Anna Toledo - 
Eu bem que queria ser uma provocadora que desafia tabus, mas minha maior habilidade é enxergar as histórias que surgem na minha frente e imaginar um jeito legal de contá-las.

Resenhando.com - Qual personagem de "Cenas da Menopausa" mais a surpreendeu durante a criação? 
Anna Toledo - 
A Laurinha foi a primeira personagem que escrevi. Ela é uma mulher que está em negação absoluta em relação à menopausa e tudo que envolve o seu próprio envelhecimento e isso pode ser muito engraçado quando você vê de fora. No processo de criação, a personagem foi se revelando e me dando munição para escrever uma cena hilária, que virou uma das minhas favoritas na peça.


Resenhando.com - Na sua trajetória, qual foi o papel mais desafiador que você já interpretou - no palco ou como dramaturga - e como ele dialoga com a maturidade que a menopausa simboliza?
Anna Toledo - 
Tive alguns papéis muito especiais, que guardo com carinho imenso e saudade. A Fraulein Schneider, de "Cabaret", ou a Luzita, de "Vingança", a Mãe de "Lembro Todo Dia de Você", a cantora Alice Rae em "Chet Baker, Apenas Um Sopro"… Mas não sei dizer qual foi o mais desafiador, porque cada um trouxe um desafio diferente. Todas são mulheres maduras, complexas, interessantes, com um lado sombrio tão grande quanto a sua luz. Fui muito feliz vivendo estas personagens.


Se você pudesse escrever um espetáculo sobre um tema inesperado que ainda não explorou, mas sente que tem uma urgência pessoal, qual seria?
Anna Toledo - 
Tenho muita vontade de falar sobre o tempo e as múltiplas percepções a seu respeito. Se o Tempo me permitir, o farei.

.: Crítica musical: The Who, bem próximo do epílogo final da trajetória


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Integrantes da formação original da banda The Who, Pete Townshend e Roger Daltrey anunciaram uma turnê de despedida dos palcos pelos Estados Unidos e Canadá no segundo semestre deste ano. Será provavelmente o epílogo final da trajetória de um dos mais influentes grupos da história do rock. 
Há diversos fatores que podem ter contribuído para essa decisão. O principal deles talvez tenha sido a idade. Os dois integrantes estão próximos da casa dos 80 anos. E a conta pelos anos de excessos nas outras décadas pode ter chegado.

Seja lá qual for a razão, é compreensível a decisão de parar com as turnês. Muitos entendem que a banda deveria ter encerrado as atividades em 1978, após a morte do baterista Keith Moon. Mais tarde, seria a vez do baixista John Entwistle sair de cena em 2002. A ausência desses dois músicos, responsáveis pela cozinha rítmica da banda, acabou fazendo falta seja nos shows ou na gravação de discos de estúdio.

A dupla remanescente (ou seria sobrevivente?) manteve a banda ativa com outros integrantes de apoio. Entretanto, os recentes incidentes que resultaram na demissão do baterista Zak Starkey, filho do ex-beatle Ringo Starr, mostraram que o ambiente interno da banda apresentava problemas de relacionamento. A exposição desse mal-estar interno em um dos shows da banda acabou pegando mal perante o público.

Creio que nada irá apagar ou diminuir a importância da banda dentro do contexto do rock como movimento musical. Nomes como Noel Gallagher do Oasis e Eddie Vedder do Pearl Jam, já deram declarações enaltecendo as canções de Pete Townshend e mostrando como a força da obra do The Who marcou as suas formações musicais.

A trajetória do The Who ficou marcada pelas operas-rock "Tommy" e "Quadrophenia", ambas com momentos geniais, além do emblemático álbum "Who´s Next", de 1971, que continha as canções "Baba O´Ryley" e "Won´t Get Fooled Again". Mas não ficam de fora de uma relação canções como "My Generation", "The Seeker", "Substitute" e "I Can´t Explain", entre outras que deixaram uma marca indelével dentro do rock.

Não acredito em uma aposentadoria integral da banda. Creio que tanto Townshend como Daltrey ainda têm plenas condições de continuar produzindo músicas novas em estúdio. Mas somente o tempo responderá essa questão.


"Baba O´Ryley"

 "Won´t Get Fooled Again"

"My Generation"

quinta-feira, 29 de maio de 2025

.: O drama da liberdade moderna na democracia da Era do Espetáculo


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com

No célebre discurso de 1819, Benjamin Constant diferenciou a liberdade dos antigos - baseada na participação direta na vida política - da liberdade dos modernos, centrada na proteção dos direitos individuais. Hoje, no entanto, vive-se uma metamorfose desse conceito: a liberdade moderna convive com a passividade eleitoral, o culto à opinião alheia nas redes sociais e atitudes que distorcem o próprio sentido de democracia. Esta reflexão pretende discutir como a noção de liberdade evoluiu, como ela se manifesta nas democracias atuais e como é, por vezes, distorcida por práticas e discursos autoritários travestidos de reivindicações legítimas.

Benjamin Constant argumentava que, nas democracias antigas, como em Atenas, a liberdade significava a participação ativa do cidadão na política, enquanto os modernos, em sociedades complexas e populosas, valorizam a autonomia privada e os direitos civis. Essa distinção se reflete nos regimes democráticos atuais, nos quais poucos cidadãos participam efetivamente além do voto. A democracia moderna pressupõe uma estrutura institucional estável - com divisão de poderes, eleições periódicas e garantias constitucionais -, mas que não impede o crescimento da apatia política e da alienação digital. Ao mesmo tempo, surgem novos desafios: a liberdade de expressão colide com o controle algorítmico e a cultura do like, e a intimidade é negociada em troca de aceitação e visibilidade.

Esse novo tipo de “prisão livre” revela um paradoxo: o indivíduo moderno, embora dotado de direitos civis, parece cada vez mais condicionado pela necessidade de aprovação externa e pela lógica das plataformas digitais. O romance "1984", de George Orwell, retrata uma sociedade dominada pela vigilância total do Estado. Hoje, vivemos uma forma invertida desse cenário: a vigilância é voluntária, e os cidadãos se expõem deliberadamente nas redes. A chamada “sociedade do espetáculo”, como denunciou Guy Debord, transformou a realidade em imagem, e a experiência em performance pública. Os reality shows como o "Big Brother Brasil" são o ápice desse modelo: desconhecidos e até famosos abrem mão da privacidade em troca de fama e entretenimento, e milhões consomem essas intimidades como forma de lazer. Nesse contexto, a liberdade se torna uma moeda de troca no mercado da atenção, e o escândalo, uma estratégia de marketing e visibilidade.

Essa alienação enfraquece a virtude democrática da responsabilidade, permitindo que cidadãos confundam liberdade com impunidade. Exemplo disso são as ações de vandalismo durante os atentados de 8 de janeiro de 2023, em Brasília: os participantes alegaram estar exercendo sua liberdade de expressão, enquanto destruíam instituições que garantem justamente a liberdade de se manifestar a partir do diálogo. A sensação de impunidade e a ausência de culpa - acompanhadas por pedidos absurdos de anistia - revelam como a democracia pode ser corroída por discursos que retalham seus fundamentos. A “sociedade do escândalo” se alimenta da indignação instantânea e da comoção superficial, esvaziando o debate público e normalizando atos extremistas como se fossem manifestações legítimas de liberdade.

Dessa forma, a liberdade dos modernos, se por um lado ampliou direitos individuais e privacidade, por outro exige uma vigilância ética constante. A democracia não se resume ao direito de votar, nem a uma aparência de liberdade digital. Exige consciência crítica, participação ativa e compromisso com o bem coletivo. Em tempos de superficialidade virtual e extremismos travestidos de liberdade, é urgente retomar o sentido profundo da democracia: garantir que sejamos, de fato, livres para viver com dignidade, sem abrir mão da responsabilidade que essa liberdade exige. Porque não há liberdade sem consciência ou consistência - e muito menos não existe democracia sem pessoas dispostas a defendê-la.

.: Cineflix Cinemas Santos estreia "O Esquema Fenício" e "Entre Dois Mundos"


A unidade Cineflix Cinemas Santos, localizada no Miramar Shopping, bairro Gonzaga, estreia no dia 29 dois longas: o suspense, thriller de Wes Anderson "O Esquema Fenício" e o drama com Juliette Binoche "Entre Dois Mundos".

Seguem em cartaz o aguardado live action de comédia e ficção científica da Disney "Lilo & Stitch", o documentário sobre a cantora, poetisa, compositora, instrumentista, escritora e musa Rita Lee, intitulado "Ritas", assim como o longa de ação protagonizada por Tom Cruise, "Missão Impossível - O Acerto Final" 

Estão abertas a pré-venda dos filmes "Bailarina", com pré-estreia para o dia 4 de junho, "Como Treinar o Seu Dragão", com sessões a partir de sábado, dia 7 de junho e "F1", com Brad Pitt e exibições a partir de 26 de junho.

No sábado, dia 31 de maio, serão exibidos o musical "j-hope - Hope On The Stage: Live Viewing" e a "UEFA Champions League 2025", ao vivo. Garanta seus ingressos aqui: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

Programe-se, confira detalhes e compre os ingressos aqui: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN. Você pode assistir as estreias com pipoca quentinha, doce ou salgada, tendo em mãos o balde colecionável de "Lilo & Stitch""Thunderbolts*" e "Um Filme Minecraft".

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


Leia+ 

.: Crítica: documentário "Ritas" é um retrato amoroso e rebelde de uma lenda

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quarta-feira, 28 de maio de 2025

.: Entrevista: Juliete Vasconcelos e a construção da mente de um assassino


Juliete Vasconcelos subverte convenções do thriller ao revelar desde o início a mente do assassino e mergulhar em suas origens, motivações e perversidades. Foto: divulgação


Em "O Ceifador de Anjos: a Coleção de Fetos", a escritora Juliete Vasconcelos conduz o leitor por um thriller psicológico intenso e perturbador, onde o foco não está na descoberta de um assassino, mas em compreender sua mente. Inspirada por séries como "Dexter" e "You", a autora opta por revelar logo nas primeiras páginas que Vincent Hughes é um assassino em série - o que importa, aqui, é o “porquê” e não o “quem”. A narrativa desafia julgamentos fáceis e propõe uma imersão desconfortável e fascinante na complexidade da psicopatia, da manipulação e das múltiplas faces da maldade. 

Em vez de seguir a fórmula do suspense policial, a trilogia se dedica a acompanhar o Ceifador em três fases distintas: a glória invisível, os gatilhos da infância e o declínio inevitável. Em entrevista, a autora comenta o processo criativo da obra, fala sobre a construção do vilão e o compromisso de sua escrita com a complexidade humana. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "O Ceifador de Anjos: a Coleção de Fetos" neste link.


“O Ceifador de Anjos: a Coleção de Fetos” conta a história de Vincent Hughes, um homem aparentemente comum, mas que esconde ser um serial killer meticuloso e cruel. Como foi a construção psicológica do protagonista?  
Juliete Vasconcelos Acredito que por eu consumir conteúdos do gênero há tantos anos, a construção se deu de forma bastante natural. Conseguia ver no Ceifador traços muito similares aos vilões/anti-heróis dos livros e da TV. Inclusive, tive ótimos feedbacks no que se refere à construção psicológica do Ceifador vindos de psicólogos e psiquiatras. Soube por uma leitora, que também é psicóloga, que ela o indicou para o Conselho de Psicologia do qual fazia parte, sob a justificativa de que eu soube, enquanto autora, apresentar um psicopata “tal qual é de verdade”, o que me deixou muito feliz. 

O livro lida com temas como psicopatia, manipulação e assassinatos brutais. Como foi o processo de pesquisa e preparação emocional para escrever cenas tão intensas?  
Juliete Vasconcelos Como consumidora aficionada por conteúdos do gênero (livros, filmes, séries, documentários etc.), no que se refere à preparação emocional, não tive dificuldade para escrever a maior parte das cenas. Para mim, diferentemente do que ocorre quando leio outros gêneros, quando se trata de um thriller/criminal, consigo visualizar as cenas perfeitamente em minha mente, como se estivesse assistindo um filme. 


A escolha de revelar a identidade do assassino logo no início é incomum em thrillers. O que te motivou a subverter essa expectativa clássica do gênero? 
Juliete Vasconcelos Partindo da premissa de que produzimos aquilo que gostamos de consumir, sempre me senti mais instigada quando consigo (como leitora e telespectadora) mergulhar na mente do vilão/anti-herói, porque me permite despir-me de preconceitos e de fazer julgamentos, forçando-me a buscar as razões, obviamente não justificáveis, dos atos cometidos. Escancarar que a mente humana é complexa e que há variadas leituras e interpretações da realidade por “N” motivos, assim como diversas reações a elas - das mais brandas às mais perversas -, é o compromisso que assumi com minha escrita. 


Quais foram as referências para a construção da narrativa?  
Juliete Vasconcelos Documentários que partem da vida do criminoso, seja ele um assassino psicopata ou um serial killer; livros e séries como “Dexter” (Jeff Lindsay), “Perfume: a História de Um Assassino” (Patrick Süskind), “Bates Motel” (Robert Bloch) e “You” (Caroline Kepnes), que assim como na trilogia “O Ceifador de Anjos” acompanhamos o dia a dia do vilão/anti-herói, ficando as investigações sempre em segundo plano. 


O que os leitores podem esperar da trilogia “O Ceifador de Anjos” nos próximos volumes? 
Juliete Vasconcelos Muito sangue, muitas descobertas e reviravoltas. A trilogia está dividida nas três fases da vida do Ceifador. Neste primeiro volume (A coleção de fetos), temos a melhor fase da sua vida: onde ele faz e acontece sem precisar lidar com as consequências, é feliz e invisível no que se refere ao radar dos detetives; no volume 2 (Antes da coleção), retornamos à sua infância e adolescência, além de parte da sua vida adulta, quando dá início à coleção, de forma que o leitor possa “compreender” o que o levou a cometer tamanhas atrocidades; e por fim, no volume 3 (A última ceifa), deparamo-nos com a pior fase da vida do Ceifador, onde ele começa a arcar com as consequências de seus atos. Costumo brincar que no primeiro livro é fácil “amar” e até “torcer” pelo Ceifador, e que no segundo, o leitor é capaz de o entender e até ter alguma empatia pelo protagonista, enquanto, no livro três, quaisquer sentimentos são transformados em ódio.



.: Oscar 2025: "Trilha Sonora para Um Golpe de Estado" estreia no Sesc Digital


“Trilha Sonora para um Golpe de Estado”, de Johan Grimonprez, estreia no Sesc Digital

A partir desta quinta-feira, dia 29 de maio, a plataforma Sesc Digital recebe em sua programação cinco novos títulos imperdíveis. O serviço de streaming gratuito do Sesc São Paulo pode ser acessado em todo o país, pelo site ou por meio do aplicativo Sesc Digital, disponível para download nas lojas Google Play e App Store. Estreia na plataforma Sesc Digital o documentário "Trilha Sonora para Um Golpe de Estado", dirigido por Johan Grimonprez, vencedor do Prêmio Especial do Júri de Inovação Cinematográfica no Festival de Sundance 2024 e indicado ao Oscar® de Melhor Documentário em 2025. Jazz e descolonização se entrelaçam nessa montanha-russa que reescreve o episódio da Guerra Fria que levou os músicos Abbey Lincoln e Max Roach a invadir o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba.

Um dos mais recentes filmes do cineasta sul-coreano Hong Sang-soo, "As Aventuras de Uma Francesa na Coreia", foi vencedor do Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim em 2024. Na trama, uma francesa, que costumava tocar flauta em um parque, supera suas dificuldades financeiras ensinando francês a duas mulheres na Coreia do Sul. Ela encontra conforto deitando-se em pedras e recorre ao makgeolli - vinho de arroz típico da Coreia - para se sentir bem. O longa é estrelado pela consagrada atriz francesa Isabelle Huppert.

O drama italiano "Mia Madre", de Nanni Moretti, conta a história de Margherita, uma diretora de cinema que está prestes a iniciar as filmagens de seu novo longa-metragem, que será protagonizado pelo astro internacional Barry Hughins. Paralelamente, ela precisa lidar com vários problemas em sua vida pessoal, como o fim de um relacionamento e a doença de sua mãe, que está internada no hospital. O longa venceu o Prêmio Ecumênico do Júri no Festival de Cannes e foi eleito melhor filme pela revista Cahiers du Cinéma em 2015.

Completando 50 anos de lançamento em 2025, o aclamado documentário "Grey Gardens" estreia em versão restaurada na plataforma Sesc Digital. Em uma mansão decadente nos Hamptons, em Nova York, vivem Big e Little Edie Beale, mãe e filha, abandonadas da alta sociedade e parentes reclusas de Jackie Onassis, viúva de John F. Kennedy e ex-primeira-dama dos EUA. Dirigido pelos irmãos Albert e David Maysles e codirigida por Ellen Hovde e Muffie Meyer, a produção é um retrato íntimo impressionante sobre isolamento, sonhos, paixões e cultura, assim como sobre uma complexa relação entre mãe e filha.

Por fim, estreia a ficção brasileira "As Duas Irenes", primeiro longa-metragem de Fabio Meira, que estreou no Festival de Berlim em 2017. Na trama, Irene de 13 anos descobre que o pai tem uma segunda família e outra filha de sua mesma idade, também chamada Irene. Sem que ninguém saiba, ela se arrisca para conhecer a menina e acaba descobrindo uma Irene completamente diferente dela. O filme venceu quatro Kikito's no Festival de Gramado: Melhor Ator Coadjuvante (Marco Ricca), Melhor Roteiro (Fabio Meira), Melhor Direção de Arte (Fernanda Carlucci) e o Prêmio da Crítica.


Sesc Digital | Programação da Semana | Estreias 29 de maio 


"Trilha Sonora para Um Golpe de Estado"
Dir.: Johan Grimonprez | Bélgica, França, Países Baixos | 2024 | 150 min | Documentário | 14 anos
Jazz e descolonização se entrelaçam nessa montanha-russa que reescreve o episódio da Guerra Fria que levou os músicos Abbey Lincoln e Max Roach a invadir o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba. Disponível até 29/07/25. 

"Mia Madre"
Dir.: Nanni Moretti | Itália | 2015 | 107 min | Ficção | 14 anos
Margherita é uma diretora de cinema que está prestes a iniciar as filmagens de seu novo longa-metragem, que será protagonizado pelo galanteador astro internacional Barry Hughins. Paralelamente, ela precisa lidar com vários problemas em sua vida pessoal, como o fim de um relacionamento e a doença da mãe, que está internada no hospital. Disponível até 29/07/25. 

"As Aventuras de Uma Francesa na Coreia"
Dir.: Hong Sang-soo | Coreia do Sul | 2024 | 90 min | Ficção | 14 anos
Uma francesa que costumava tocar flauta em um parque supera suas dificuldades financeiras ensinando francês a duas mulheres na Coreia do Sul. Ela encontra conforto deitando em pedras e recorre ao makgeolli — vinho de arroz típico da Coreia — para se sentir bem. Grande Prêmio do Júri Berlim 2024. Disponível até 29/07/25. 

"Grey Gardens"
Dir.: Albert Maysles, David Maysles, Ellen Giffard, Muffie Meyer | EUA | 1975 | 96 min | Documentário| 14 anos
Em uma mansão decadente nos Hamptons, em Nova York, vivem Big e Little Edie Beale, mãe e filha, abandonadas da alta sociedade e parentes reclusas de Jackie Onassis, viúva de John F. Kennedy e ex-primeira-dama dos EUA. “Grey Gardens” é um retrato íntimo impressionante sobre isolamento, sonhos, paixões e cultura, assim como sobre uma complexa relação entre mãe e filha. O aclamado documentário dos irmãos Albert e David Maysles, e codirigido por Ellen Hovde e Muffie Meyer, rapidamente se tornou um clássico cult e consagrou Little Edie como um ícone da moda e uma rainha filósofa. Completando 50 anos de lançamento em 2025, “Grey Gardens” estreia em versão restaurada. Disponível até 29/07/25. 

"As Duas Irenes"
Dir.: Fabio Meira | Brasil | 2017 | 85 min | Ficção | 14 anos
Irene, 13 anos, descobre que o pai tem uma segunda família e outra filha de sua mesma idade, também chamada Irene. Sem que ninguém saiba, ela se arrisca para conhecer a menina e acaba descobrindo uma Irene completamente diferente dela. Disponível até 29/07/25. 


Serviço
Acesse gratuitamente sesc.digital
Ou baixe o aplicativo, disponível para download nas lojas Google Play e App Store 

Aplicativo Sesc Digital
Filmes de ficção, documentários, produções originais, shows, mostras e festivais dão vida à nova plataforma de streaming do Sesc São Paulo. Disponível para Apple e Android, o app Sesc Digital é uma ferramenta intuitiva com acesso gratuito a vídeos em até 4K. Compatível com Chromecast e AirPlay, permite ao usuário assistir às obras audiovisuais sem cadastro e gerenciar perfis para toda a família.

.: Lagum lança “As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo”, 5° álbum de estúdio


Mesclando rock, reggae e pop, o disco com dez faixas inéditas estará disponível em todas as plataformas digitais a partir do dia 27 de maio


E se você simplesmente se permitisse experimentar o mundo sob o ponto de vista de um olhar livre das camadas ilusórias da realidade hiperconectada que permeia a essência do jogo social atual? Se, ao abrir os olhos, sua perspectiva não fosse distorcida pela estética implacável das telas, mas ampliada por uma visão multifacetada da existência humana? Essa é a proposta da banda Lagum com seu mais novo trabalho de estúdio. O álbum é um convite a um mergulho profundo na literalidade da vida real.

A banda nos (re) apresenta a beleza da simplicidade por meio de uma complexa tapeçaria emocional de timbres e sonoridades em um álbum que é uma verdadeira ode às singelas situações e aos momentos leves do dia a dia. Em um cenário musical em que bandas são cada vez mais raras, a Lagum finca sua bandeira como um grupo de músicos que produz com propósito. Ao tomar posse e adquirir cada vez mais consciência de seu lugar, Pedro Calais, Zani, Jorge e Chico abrem mão dos gatilhos e dos mecanismos de captura de atenção e voltam-se para um processo criativo que traduz a felicidade no descomplicado e romantiza as pequenas coisas do cotidiano.

Cores, curvas e dores quando vistos de maneira isolada podem até ser elementos ordinários. No entanto, quando percebidos de forma expandida, como se olhados através de uma lupa, as cores, as curvas e as dores do mundo abrem universos de possibilidades.

As “Cores”, revelam-se a multiplicidade de gêneros musicais e de assuntos abordados - as 10 faixas apresentam uma vasta gama de texturas e camadas, passeando por uma diversidade de harmonias, arranjos e melodias. Do rock ao reggae, das grandes canções com arranjos delicados e progressivos a um folk de violão aconchegante e um rock sujo com bends de guitarra desafinados fala-se de temas como o poder do agora, de relacionamento à distância, do sentimento de falta, de desejos e de amor.

As “Curvas” retiram a obviedade do processo daquilo que é retilíneo, ou seja, é onde estão as gostosas surpresas que o ouvinte encontra durante todo o percurso de audição do álbum. Que, diga-se de passagem, recomenda-se ser trilhado em ordem. É aqui que se deparam os contrastes, as viradas e as verdadeiras provocações sonoras que a Lagum nos proporciona com maestria e elegância. É onde também descobrimos um delicioso encontro das vozes de Pedro Calais e de Céu. Única participação especial no projeto, a cantora aparece para deixar tudo ainda mais orgânico.

Por fim, as “Dores” são um ponto de conexão universal, uma teia emocional que transpassa a existência de cada um de nós. Afinal, quem de nós nunca sentiu dor, seja ela física ou afetiva? Gravado na Ilhota, estúdio da banda em Belo Horizonte, e produzido pela própria Lagum em parceria com Paul Ralphes, produtor musical ganhador do Grammy Latino considerado um dos principais agentes de transformação da cena pop nacional, “As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo” nos presenteia com uma Lagum em sua versão mais autêntica e livre. São aproximadamente 30 minutos de uma experiência sensorial que perdura por dias a fio na memória e no coração


Sobre a Lagum
Com três álbuns indicados ao Grammy Latino — "Memórias (De Onde Eu Nunca Fui)" (2022), "Depois do Fim" (2023) e "Lagum Ao Vivo" (2023) — a Lagum é uma banda mineira formada em 2014 por Pedro Calais (voz), Zani (Otavio Cardoso) e Jorge (Glauco Borges) nas guitarras, e Chico (Francisco Jardim) no baixo. Durante sua trajetória, o grupo conheceu Tio Wilson (Breno Braga), que assumiu a bateria e marcou profundamente a história da banda. Misturando rock, pop, reggae, indie e o que mais a criatividade permitir, a Lagum não se prende a rótulos. Sua liberdade estética é um reflexo da busca por identidade artística, resultando em um som que transita por gêneros com autenticidade e assinatura própria.

O primeiro álbum, "Seja o Que Eu Quiser" (2016), apresentou ao público suas composições autorais e iniciou o caminho de uma carreira ascendente. Entre uma leva de singles, a faixa “Deixa” explodiu nas plataformas digitais e rádios, catapultando a banda ao cenário nacional. Em 2019, veio o segundo disco, Coisas da Geração, que ampliou o público com hits como “Oi” e os levou a turnês pelo Brasil e exterior.

Em 2020, a banda enfrentou a perda de Tio Wilson, vítima de uma parada cardiorrespiratória causada por uma miocardiopatia dilatada. O álbum Memórias (De Onde Eu Nunca Fui), lançado no ano seguinte, eternizou suas últimas gravações e consolidou a capacidade da Lagum de transformar dor em arte — rendendo a primeira indicação ao Grammy Latino. Mais tarde, em 2023, o EP FIM e o disco Depois do Fim marcaram uma nova fase do grupo, com experimentações sonoras, letras confessionais e um mergulho emocional profundo. O álbum alcançou o Top 50 do Spotify Brasil em menos de uma semana e trouxe visuais gravados em Belo Horizonte que expandem a experiência da obra.

No mesmo ano, a banda lançou o projeto "Lagum Ao Vivo", gravado para 8 mil pessoas no Espaço Unimed (SP), consolidando sua potência nos palcos. Reconhecida por shows grandiosos e viscerais, a Lagum entrega ao vivo uma experiência catártica e eletrizante. Em 2024, a banda lançou seu projeto de bloco de carnaval, Lagum na Avenida. Com as edições de 2024 e 2025, mais de 200 mil foliões foram às ruas de Belo Horizonte.


Ficha técnica “As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo”
Produção: Lagum e Paul Ralphes
Mixagem: João Milliet
Engenheiros de Gravação: Victor Amaral (Victão) e Rodrigo Aires (Grilo)
Músicos: Glauco Mendes, Rodrigo Tavares e Felipe Pacheco
Gravado na Ilhota Estúdios


Equipe Lagum
Diretor de operações: Bernardo Barcelos
Tour manager: Carol de Amar
Head de marketing: Clara Diniz
Direção criativa: Breno Galtier
Produção executiva: Catarina Capelossi
Editora Ilha: Pedro Costa
Jurídico: Bruno Fernandes
Financeiro: Thaís Valadares
Merchandise: Pedro Costa
Distribuição: The Orchard
Consultoria de marketing: Moving Comunicação
Assessoria: Lupa Comunicação
Gestão de tráfego: Felipe F. Azevedo
Ilha Records ©

.: "Closer" mostra os impasses do amor moderno no Teatro Vivo


Dirigido por Kiko Rieser, espetáculo estreia em 15 de junho com José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi e Rafael Lozano. Foto: Heloísa Bortz

Longe dos clichês das comédias românticas, o espetáculo "Closer" mergulha na complexidade dos relacionamentos contemporâneos com um olhar nu e direto. A peça, escrita por Patrick Marber, oferece um retrato honesto e intenso sobre amor, traição, desejo, ciúmes e a fragilidade dos laços humanos. A montagem brasileira, com direção de Kiko Rieser, estreia no Teatro Vivo no dia 15 de junho, e segue em temporada até 27 de julho, com sessões às quintas, sextas e sábados, às 20h00, e domingos, às 18h00. A estreia para convidados no dia 14 de junho. O elenco reúne José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi e Rafael Lozano em uma coreografia emocional entre quatro personagens cujas relações são marcadas por encontros e desencontros, jogos de poder, manipulação e busca por afeto. 

Na trama, Dan, um escritor iniciante, conhece Alice, uma jovem misteriosa, após um atr. A conexão entre os dois é imediata. Ao longo dos anos, seus caminhos se cruzam com os de Anna, uma fotógrafa de sucesso, e Larry, um dermatologista. O quarteto se envolve em uma rede de desejos, traições, mentiras e jogos emocionais. Em uma narrativa cheia de reviravoltas, Closer revela as contradições do amor e os limites da intimidade.

A peça deu origem ao premiado filme homônimo lançado em 2004, dirigido por Mike Nichols e estrelado por Julia Roberts, Natalie Portman, Jude Law e Clive Owen. A adaptação cinematográfica ampliou o alcance da obra e rendeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, consolidando Closer como um dos retratos mais contundentes sobre amor, desejo e desilusão no início do século 21. 

Para o diretor Kiko Rieser, a peça soa ainda mais atual agora do que quando foi escrita, mais de duas décadas atrás. “Hoje vivemos o imediatismo dos meios de comunicação. Tudo é para ontem, e isso se reflete diretamente nas relações amorosas. As pessoas não querem mais pensar a longo prazo, e o resultado é que as relações duram menos e raramente são trabalhadas com profundidade. Closer mostra o momento em que a paixão dá lugar ao companheirismo e à carência — e como isso acaba revelando jogos de dominação, projeções e vaidades.”

A encenação aposta em uma estética contemporânea e simbólica. O cenário, assinado por Bruno Anselmo, é um ambiente abstrato, de inspiração brutalista, com volumes e estruturas que se transformam ao longo do espetáculo. São espaços que se revelam à medida que as personagens se encontram, formando quase um labirinto que, visualmente, traduz a complexidade das relações ali estabelecidas. “São 12 ambientes diferentes representados em cena, e usamos câmeras ao vivo mescladas com projeções pré-gravadas. Isso cria uma camada entre o real e o ficcional, entre o que os personagens mostram e o que escondem — um jogo de voyeurismo e exibicionismo que conversa com os próprios temas da peça”, comenta Kiko.

A direção também exigiu intensa entrega do elenco, já que Closer coloca seus personagens em situações extremas. “É um vespeiro mexer com esse texto, ainda mais para quem está em uma relação estável. É quase um processo terapêutico. A gente entende os personagens a partir da gente — e se entende também a partir deles”, completa o diretor. 

“O que eu faria no lugar deles?” — é essa a inquietação que Kiko gostaria que o público levasse para casa. “A peça começa como um jogo de amor e se transforma num grande ringue de boxe. Os personagens vão abrindo mão da ética para tentar vencer. E é aí que está o incômodo, a identificação, a reflexão.” A solidão, a liquidez das relações e os vínculos frágeis da era contemporânea compõem o pano de fundo dessa obra que provoca o espectador a questionar até que ponto conseguimos ser honestos — com os outros e com nós mesmos.

Ficha técnica
Espetáculo: "Closer". Texto: Patrick Marber.  Tradução: Rachel Ripani.  Direção: Kiko Rieser.  Elenco: José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi, Rafael Lozano.  Cenário: Bruno Anselmo.  Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo). Música original: Mau Machado.  Desenho de luz: Gabriele Souza. Visagismo: Eliseu Cabral.  Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Direção de produção: Edinho Rodrigues.


Serviço
Espetáculo "Closer"
Estreia dia 13 de junho, quinta, às 20h, no Teatro Vivo.
Temporada: De 15 de junho a 27 de julho.
Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
Duração: 100 minutos. Classificação: 16 anos.
Ingressos: Quintas e sextas: R$100 e R$50 Sábados e domingos: R$120 e R$60.
Promocional: R$45 - Preço Popular conforme determinação da Lei Rouanet, havendo um limite de ingressos por sessão.
Teatro Vivo - Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi. Telefone: 11 3430-1524.
Bilheteria: funcionamento somente nos dias de peça, 2h antes da apresentação.
Ponto de Venda Sem Taxa de Conveniência: Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 (antigo 860) – Morumbi
Estacionamento no local: Valor R$30 - Funcionamento: 2h antes da sessão até 30 minutos após o término da apresentação.

terça-feira, 27 de maio de 2025

.: Crítica: documentário "Ritas" é um retrato amoroso e rebelde de uma lenda


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com

Dirigido por Oswaldo Santana e codirigido por Karen Harley, o documentário "Ritas", em cartaz na rede Cineflix e em cinemas de todo o Brasil, é mais do que uma homenagem à Rita Lee: o filme é um retrato com adjetivos antafônicos, já que celebra, de intimista e explosiva a mulher que revolucionou o cenário cultural brasileiro. Longe de seguir fórmulas convencionais, o filme convida o público a uma conversa sensível com a artista e revela camadas raramente expostas da vida pessoal da mulher que quebrou padrões por onde passou.

O maior mérito de "Ritas" está na presença poderosa da própria artista. A narrativa é conduzida pela voz, pensamentos e memórias da cantora, culminando na honraria de apresentar a última entrevista inédita de Rita Lee e passando a ser mais que um documentário, virou um registro histórico ou "o filme da última entrevista de Rita Lee". Mais do que um adeus, essa entrevista é um brinde à vida, pois mostra Rita Lee serena, espirituosa e afirmando estar na melhor fase da vida. Era uma senhora otimista, a exemplo de ser uma mulher para cima ao longo de toda a trajetória.

O documentário é agradabilíssimo de assistir. A montagem afetuosa faz com que a experiência seja tão envolvente que faz com que o espectador não perceba o tempo passar. A trilha sonora com os hits de Rita embala o espectador em uma jornada que mistura o amor pelos animais, o senso de família e o afeto na forma mais genuína – tudo isso vindo de uma artista que nunca se encaixou em padrões e que sempre fez questão de ser politicamente incorreta, mas absolutamente verdadeira na vida e na arte.

Com imagens inéditas do arquivo pessoal da artita e uma cuidadosa curadoria de acervos, "Ritas" apresenta uma Rita doce, irreverente e profunda. É um filme que emociona sem apelar para o melodrama. A força de Rita Lee está ali, não apenas como um nome importante da música brasileira, mas como ser humano inteiro e suas características: frágil, forte, amorosa e livre.

Em meio a tantos documentários que se perdem em cronologias frias, "Ritas" escolhe o caminho mais corajoso: o de fazer sentir. A narrativa aproxima o público da Rita Lee Jones, e as várias facetas dela, e não da persona da midiática, esse é um presente raro. O filme estreou nos cinemas em 22 de maio – data escolhida por Rita como seu "novo aniversário", por ser o dia de Santa Rita de Cássia e agora oficialmente o Dia de Rita Lee na cidade de São Paulo. É uma verdadeira carta de amor da artista ao público. Um registro necessário, emocionante e sonoro. Um retrato fiel e belo de uma mulher que, até o fim, nunca abaixou a cabeça para ninguém.

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