domingo, 10 de agosto de 2025

.: "Antes do Início": Ernesto Mané encara o passado com olhos de futuro

Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Valeria Fiorini

Doutor em física nuclear, diplomata de carreira, pesquisador em centros de excelência como o CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) e a Universidade de Princeton - Ernesto Mané poderia, com facilidade, ser apenas um desses nomes que figuram em listas internacionais de prestígio, como a dos 100 negros mais influentes do mundo segundo a plataforma global MIPAD (Most Influential People of African Descent). Mas ele decidiu se mover por outro campo de força: o das memórias partidas.

Em "Antes do Início", livro de estreia dele publicado pela Tinta-da-China Brasil, Ernesto embarca em uma travessia que vai além do Atlântico. Vai do abandono ao pertencimento, do racismo velado às feridas expostas, da ciência para a espiritualidade, em uma escrita híbrida que combina diário de viagem, ensaio e confissão. Ao retornar à Guiné-Bissau em busca da família paterna, o autor confronta heranças esquecidas, desmancha mitos familiares e apresenta uma África real - nem exótica, nem idealizada - onde a fome e a alegria dividem o mesmo prato.

Filho de uma paraibana e de um guineense que o deixou aos sete anos, Ernesto Mané não se contenta em ser um sobrevivente da meritocracia. Quer ser ponte. Ou, como sugere nas páginas do livro escrito por ele, uma espécie de embaixador informal entre dois mundos que se evitam: o Brasil que apagou a África da memória e a África que não reconhece o Brasil como semelhante.

Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, ele fala sobre relações interrompidas, a difícil arte de construir identidade em terra movediça e os desafios de existir entre continentes, línguas, códigos e silêncios. Porque, às vezes, antes do início, há uma urgência: a de não esquecer. Compre o livri "Antes do Início", de Ernesto Mané, neste link.


Resenhando.com - Você é doutor em Física Nuclear e diplomata. Agora se lança como autor de um diário afetivo sobre ancestralidade. Onde termina o cientista cético e começa o filho órfão de continente, tentando religar os fios rompidos da Kalunga?
Ernesto Mané - Da maneira como vejo, existe um contínuo entre o cientista e o filho da diáspora africana. Quando fui estudar física na Europa, me sentia incomodado com todo o processo. Havia uma relação quase colonial, em que eu, um jovem negro vindo de um país periférico, estava sendo “civilizado” pelos europeus. Essa tensão sempre esteve presente. Por outro lado, desde o final da adolescência vinha nutrindo o desejo de conhecer a Guiné-Bissau e minha família paterna, de modo que só consegui reunir as condições materiais para realizar a viagem depois de ter completado o doutorado.


Resenhando.com - 
No livro, seu pai surge como uma figura dividida entre a fuga e o abandono. Que palavras o Ernesto de hoje, pai e diplomata, diria ao pai que partiu quando você tinha sete anos?
Ernesto Mané Diria para ele ainda que, embora eu hoje entenda mais sobre as complexidades da vida, ainda tenho dificuldade de entender a escolha que ele fez de abandonar seus filhos tanto da África quanto os do Brasil, sobretudo se considerar que morávamos na mesma cidade, em João Pessoa. Sua falta foi sentida e precisávamos de uma referência e de alguém que nos protegesse do racismo e da branquitude. Na falta dele, tive que aprender a lidar com essas questões do jeito mais doloroso.


Resenhando.com - Você já foi chamado de “macaco” nas ruas do Brasil e de “branco” nas ruas de Bissau. O que significa para você habitar essa encruzilhada racial em que nenhuma identidade parece bastar?
Ernesto Mané Não me resta dúvidas de que sou um homem fenotipicamente negro, embora seja mestiço. Ter sido chamado de “branco” pelas crianças da Guiné-Bissau tem muito a ver com o fato de eles considerarem o Brasil como “terra de gente branca”, ou seja, não está presente no imaginário de uma criança guineense que o Brasil seja um país majoritariamente negro - o segundo maior país negro depois da Nigeria. Além disso, ser “branco” está relacionado a uma questão de poder, e eu, pelo fato de ser estrangeiro, projetava esse poder através da forma de me vestir, de falar e de portar comigo uma câmera fotográfica digital - todos códigos relacionados com o poder financeiro e com a branquitude no imaginário deles.


Resenhando.com - Em “Antes do Início”, você revela que ninguém em sua família africana toca tambores ou veste roupas tradicionais, mas você ensina capoeira angola às crianças da Guiné. A cultura afro-brasileira está mais próxima da África do que a própria África?
Ernesto Mané Algumas mulheres da minha família, inclusive a minha avó, usam roupas tradicionais. De fato, não tive contato com nenhum parente que tocasse instrumentos musicais locais. Mas isso não os torna menos africanos. São indivíduos pertencentes a um continente que possui uma diversidade cultural riquíssima e que continua sendo a fonte de referência para toda a diáspora, incluindo o Brasil.


Se fosse possível colocar seu livro nas mãos de uma única pessoa - viva ou morta - para que ela o lesse com atenção, quem seria essa pessoa?
Ernesto Mané Seria o meu pai, seguramente. Na verdade, o diário de viagem que serviu de inspiração para o livro ficou por algum tempo guardado junto com alguns dos meus pertences na casa do meu pai. Tenho algumas evidências de que ele talvez tenha lido o diário, embora nem ele nem eu jamais tenhamos puxado o assunto em nossas conversas.


Em algum momento, entre o transporte de uma galinha viva e os silêncios da memória familiar, você se sentiu um estrangeiro em sua própria origem?
Ernesto Mané Eu me senti bastante acolhido pela minha família africana. A etnia a qual pertenço, a balanta, é patrilinear, de modo que todos reconheceram que eu era guineense, a única diferença sendo a de que eu fui “parido fora” da Guiné-Bissau. Hoje, minha leitura sobre os silêncios da memória familiar tem muito a ver com o dano causado pelo colonialismo ao tecido social e familiar do país, que sofreu com a presença colonial portuguesa por mais de 500 anos. Esse dano causou e causa muita dor, sofrimento e vergonha para todos os afetados, de modo que eu entendo que estava sendo poupado pela minha própria família dos detalhes acerca de um capítulo triste da história recente da Guiné-Bissau.


Você é um diplomata que lida com desarmamento e segurança internacional, mas seu livro desmonta outro tipo de armamento: o emocional, o simbólico, o familiar. Foi mais difícil negociar com líderes mundiais ou com seus próprios fantasmas?
Ernesto Mané Se, por um lado, minha decisão de publicar livro sobre a viagem que fiz a Guiné-Bissau foi fruto de uma negociação interna, em que tive que lidar com meus próprios fantasmas, por outro, a questão do armamento nuclear está intimamente vinculada com as relações coloniais. Portugal, por exemplo, já fazia parte da Organização do Tratado do Atlantico Norte - OTAN, durante a luta pela independência da Guiné-Bissau. Cabe lembrar que a OTAN é uma aliança fundada em cima do poderio nuclear de seus membros. Atualmente vivemos em um período de grande tensão internacional, que tem colocado em xeque a segurança de toda a humanidade. Meu trabalho como diplomata e como físico tem sido guiado pela convicção de que essas armas precisam ser eliminadas, pois representam um grande risco existencial. Sem dúvidas, essa tarefa é urgente e muito mais difícil do que lidar com meus próprios fantasmas, uma vez que o livro foi publicado, mas os países nuclearmente armados seguem aumentando seus arsenais.


O crioulo é falado por todos na Guiné-Bissau, mas não é língua oficial. No Brasil, o racismo é falado em silêncio, mas rege as relações sociais. Em qual idioma se traduz melhor o que é ser negro entre dois mundos?
Ernesto Mané Fiz essa reflexão no livro, em que verifiquei ser o crioulo a língua franca da Guiné-Bissau, ao passo que o português ainda está associado com a língua do colonizador. Registrei que minha avó simplesmente se recusava a falar o português, ao mesmo tempo em que há guineenses que deixam de ensinam o crioulo a seus filhos, por acreditarem ser o português o melhor veículo para ascensão social. No Brasil, país que se tornou independente a mais tempo, acabamos por moldar o português através das contribuições dos africanos trazidos para cá e das nações originarias, como nos ensinou Lélia Gonzales. Em ambos os casos, o crioulo e o português brasileiro trazem consigo a marca da resistência contra o colonizador.


Sua trajetória parece negar a ideia de origem fixa - como se você tivesse que começar sempre outra vez. Qual é o seu ponto de partida hoje?
Ernesto Mané Essa sensação de ter que recomeçar constitui experiencia definidora dos processos diaspóricos. Ao longo de cinco séculos, sofremos violências físicas, psicológicas, epistêmicas e materiais. Muitas vezes, o que temos é apenas nosso corpo. Meu ponto de partida é saber que carrego comigo esse legado e tenho que seguir a diante, reconstruindo pontes e criando possibilidades de existir. Isso passa, por exemplo, em ser capaz de garantir as condições para que as próximas gerações não tenham que começar do zero.


Para quem acredita na meritocracia como dogma, sua trajetória seria um exemplo da famosa “superação”. Mas você parece rejeitar esse rótulo. O que existe por trás do homem que venceu - e o que ele ainda precisa perder para se reencontrar?
Ernesto Mané Existe uma pessoa que cobra de si o tempo inteiro excelência em tudo o que faz, porque não consegue esquecer uma frase que ele escutou ainda quando criança, vinda de pessoas próximas: “o preto quando não caga na entrada, caga na saída”. Essa frase é de um fatalismo gigantesco, porque não importa o quanto você seja um “vencedor”, a branquitude sela o seu destino, ao dizer que você, em dado momento, vai colocar tudo a perder, pelo fato de ser preto. Eu trabalho tanto para assegurar que esse dia nunca chegue, mas, se chegar, preciso ser capaz de reivindicar minha humanidade, porque como cantava o mestre Jorge Bem, “errare humanum est”.


sábado, 9 de agosto de 2025

.: Bernadete Moraes revela como a mente sabota e como reprogramá-la

Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Em um cenário em que a busca por autoconhecimento e saúde mental ganha cada vez mais urgência, Bernadete Moraes - psicanalista, pedagoga sistêmica e hipnoterapeuta - chega para desafiar o leitor a encarar a maior armadilha que as pessoas criam: as mentiras internas que bloqueiam o desenvolvimento e paz interior. Coautora do best-seller "Seja (Im) Perfeito", ela lança agora o livro "Pare de Mentir para Si Mesmo", publicado pela Editora Gente.

A obra que mergulha fundo nas ilusões mentais que sustentam a autossabotagem e oferece um método psicossistêmico para desmontar essas narrativas falsas e resgatar a autonomia emocional. Nesta entrevista exclusiva para o Resenhando.com, ela conversa sobre as complexas dinâmicas entre mente, trauma, crenças limitantes e liberdade emocional - e desafia você a parar de se enganar e reescrever uma história de vida com coragem e clareza. Compre o livro "Pare de Mentir para Si Mesmo", de Bernadete Moraes, neste link.


Resenhando.com - A mente humana é expert em criar narrativas para se proteger - até que ponto essa autossabotagem pode ser considerada uma forma de autopreservação legítima e quando ela se torna um cárcere mental?
Bernadete Moraes - A autossabotagem é, muitas vezes, um grito de autopreservação. A mente cria narrativas ilusórias para evitar o sofrimento, repetindo padrões que mantêm o indivíduo em uma zona conhecida - ainda que dolorosa. No olhar psicossistêmico, isso é compreendido como uma estratégia inconsciente de sobrevivência, enraizada em traumas, lealdades familiares e crenças limitantes. Ela se torna um cárcere mental quando impede o fluxo natural da vida, bloqueando o movimento da alma rumo ao crescimento, à liberdade e à verdade pessoal.


Resenhando.com - Seu método integra ciência, psicanálise, hipnose e abordagens sistêmicas. Você acredita que o autoconhecimento profundo pode substituir, em algum momento, a necessidade de medicação para transtornos mentais, ou essas ferramentas devem sempre caminhar juntas?
Bernadete Moraes - A medicina tem seu lugar e deve ser respeitada. No entanto, muitas vezes a medicação trata o sintoma, não a causa. O autoconhecimento profundo, quando conduzido de forma ética, amorosa e integrada, pode transformar o terreno onde o sofrimento se instala. Já acompanhei casos em que a transformação foi tão significativa que a medicação se tornou desnecessária — sempre com acompanhamento médico. O psicossistêmico não substitui, mas complementa. Ele convida o paciente a se tornar o protagonista da própria cura.


Resenhando.com - No seu livro, você fala em “mentiras que contamos a nós mesmos”. Qual é a mentira mais comum e mais perigosa que as pessoas se contam, e que poucos têm coragem de confrontar?
Bernadete Moraes - A mais comum e perigosa é: “Eu sou assim mesmo, não tem jeito”. Essa mentira cristaliza a identidade em um lugar de impotência, como se a pessoa estivesse condenada a repetir o que viveu. No fundo, ela esconde medo, dor e vergonha. Confrontar essa mentira exige olhar para as feridas da infância, para os condicionamentos herdados - e isso dói. Mas é aí que começa a libertação.


Resenhando.com - Em sua experiência, até que ponto as “lealdades familiares” inconscientes moldam nossas escolhas - e como se libertar dessas amarras sem romper com a própria história?
Bernadete Moraes - As lealdades familiares moldam nossas escolhas de forma profunda. No inconsciente, existe o desejo de “pertencer” à família, mesmo que isso signifique repetir fracassos, doenças ou dores ancestrais. Libertar-se dessas amarras não é desrespeitar a história, mas honrá-la de forma madura: reconhecendo que é possível continuar o legado familiar com mais saúde, consciência e liberdade. No Método Psicossistêmico, trabalhamos esse rompimento simbólico com amor, inclusão e verdade.


Resenhando.com - O que você diria a quem está preso no ciclo da autossabotagem, mas teme encarar as próprias feridas porque tem medo do que pode encontrar?
Bernadete Moraes - Eu diria: você já está convivendo com a dor - só que ela está disfarçada de rotina. Encarar as feridas dói, sim. Mas negar esse enfrentamento gera um sofrimento silencioso, contínuo e, muitas vezes, devastador. O medo passa. A cura fica. Enfrentar as sombras é um ato de amor-próprio - e no caminho, você vai descobrir uma força que nem imaginava que tinha.


Resenhando.com - Como psicanalista e educadora, você vê a educação formal atual preparada para integrar saúde mental de forma efetiva, ou ainda seguimos numa lógica obsoleta que alimenta crenças limitantes?
Bernadete Moraes - Ainda vivemos uma educação que prioriza notas, desempenho e controle. Pouco se fala sobre emoções, pertencimento e sentido de vida. A criança é vista como um “aluno”, não como um ser sistêmico com uma história, uma família e uma subjetividade. A mudança já começou, mas ainda é tímida. Precisamos educar para o ser, não apenas para o fazer.


Resenhando.com - Você liderou projetos em políticas públicas para autoestima e autoconhecimento. Qual é o maior desafio para que as esferas públicas e privadas adotem a saúde emocional como prioridade real?
Bernadete Moraes - O maior desafio é a mentalidade de curto prazo. Muitos gestores ainda enxergam a saúde emocional como algo secundário ou intangível. O olhar psicossistêmico mostra que o emocional impacta diretamente nos resultados - seja na educação, na produtividade ou na saúde pública. Falta coragem política e visão humanizada. O futuro será de quem compreender isso agora.


Resenhando.com - O seu livro propõe exercícios vivenciais para desbloquear emoções. Na sua opinião, por que a maioria das pessoas prefere soluções rápidas, como remédios ou fórmulas mágicas, ao invés de se engajar nesse processo de autorresponsabilidade?
Bernadete Moraes - Porque fomos educados a não sentir. A sociedade nos vendeu a ilusão de que curar é apagar o sintoma - e não entender o que ele quer dizer. O remédio, muitas vezes, alivia. Mas só o mergulho consciente cura. As pessoas fogem da autorresponsabilidade porque ela exige mudança, atitude e enfrentamento. Mas só ela nos devolve o poder da vida.


Resenhando.com - A autossabotagem muitas vezes é invisível até para quem a vive. Quais sinais sutis indicam que alguém está preso nessa armadilha mental?
Bernadete Moraes - Sinais como: procrastinar sonhos, atrair relacionamentos tóxicos, ter medo de crescer, sentir culpa quando se sente feliz, repetir padrões familiares de fracasso. Tudo isso são vozes internas dizendo: “Você não pode”, “Você não merece”, “É melhor não tentar”. O olhar psicossistêmico ajuda a ouvir essas vozes e ressignificá-las.


Resenhando.com - Se você pudesse implantar uma mudança radical no modo como a sociedade enxerga a mente e o sofrimento psíquico, qual seria o ponto central dessa revolução?
Bernadete Moraes - Eu implantaria a consciência de que o sofrimento psíquico é um pedido de escuta da alma, ou da mente profunda. Não é fraqueza, não é falha, não é desvio. É uma tentativa de reorganizar a história interna. Se a sociedade aprendesse a acolher a dor com presença, sem julgamento e com responsabilidade, viveríamos em uma cultura de saúde integral - não de repressão emocional.


.: O cotidiano é mais bonito pelo olhar de Maria Ribeiro em novo livro de crônicas


A atriz, escritora e documentarista Maria Ribeiro estreia na editora Record com "Não Sei Se É Bom, Mas É Teu", compilação de crônicas escritas desde 2018. Com prefácio de Anitta, posfácio de Caetano Veloso e texto de orelha de Alexandre Machado, o livro traz reflexões sobre questões contemporâneas, de futebol a menopausa, de João Gilberto a maternidade. Muitas das crônicas têm viralizado nas redes por meio da leitura da autora

Maria Ribeiro lança o livro no dia 14 de agosto, às 19h00, na livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417 - Leblon, Rio de Janeiro). No último sábado, ela participou da Casa Record na Flip, diante de centenas de pessoas, conversando com Dani Arrais sobre o novo livro na mesa Ultimamente têm passado muitos anos. A frase, do ídolo Rubem Braga, é epígrafe de "Não Sei Se É Bom, Mas É Teu", resumindo as transformações de Maria Ribeiro que agora vemos nestas páginas

Dez anos após o último livro escrito por ela, Maria Ribeiro retorna com "Não Sei Se É Bom, Mas É Teu", reunião de mais de 70 textos. Aqui a autora escreve como quem conversa, registrando o cotidiano com seu olhar aguçado de cronista. O título remete a uma fala de Paulo José no filme "Todas as Mulheres do Mundo", de Domingos Oliveira, que foi um grande amigo e parceiro profissional de Maria Ribeiro.

Nas páginas de "Não Sei Se É Bom, Mas É Teu", acompanhamos desde fatos da vida comum a grandes acontecimentos, sempre a partir da sensibilidade de uma mulher que vem se transformando radicalmente junto com o Brasil e o seu tempo. Compre o livro "Não Sei Se É Bom, Mas É Teu", de Maria Ribeiro, neste link.


Sobre os textos
“Nenhum dia é apenas mais um dia. Maria tem um olhar clínico da vida, sua clínica é especializada em dramaturgia. Ela não perde as esperanças no mundo nunca, e decide que ele vai ser um lugar belo.” - Anitta

“Tomemos muito cuidado com o que podemos produzir ou encontrar de beleza. Você não tem ideia do quanto, me assustando, me encorajou.” - Caetano Veloso

“Maria Ribeiro é uma grande revelação da crônica brasileira.” - Zuenir Ventura

“Maria, minha amiga, mais uma vez, me emocionei com seu texto. O coração bate mais forte lendo o que você escreve. Temos assuntos, projetos para inventar e, principalmente, muito afeto para download.” - Heloisa Teixeira

“Conheço bem algumas Marias. Como atriz, me deslumbrei quando a vi no palco e a chamei para atuar numa peça que dirigi. A cada apresentação, ela me surpreendia. Pelo carisma. Pela comunicação com a plateia. Conheço a Maria colunista, entrevistadora, amiga, gaiata, indignada, diretora de cinema, apaixonada, apaixonante, artista, inquieta, ativista, indignada, feliz. Agora, desvendarei mais Marias em suas crônicas. Com licença…” - Marcelo Rubens Paiva

“Maria é dessas mulheres que escrevem com liberdade, audácia e coragem, e fazem o mundo ir para frente com seus livros, filmes, séries e peças. Dessas que eu recomendo e quero por perto.” - Alexandre Machado

“Quem não conhece a Maria vai ter a impressão, com este livro, de ter se tornado um amigo íntimo, e quem já é amigo íntimo vai ter a certeza de que é um sortudo. Em ambos os casos, não deixe de ler a Maria. Tudo o que a gente precisa agora. Um livro de amor a granel, em escala industrial.” - Gregório Duvivier


Sobre a autora
Maria Ribeiro
é atriz, escritora e documentarista, formada em jornalismo pela PUC-Rio. No cinema, fez, entre outros, os filmes "Como Nossos Pais", "Tropa de Elite" e "Tolerância". Dirigiu os documentários "Domingos", "Los Hermanos" e "Outubro", além de assinar o roteiro de "Larissa - O Outro Lado de Anitta". É responsável, com Domingos Oliveira, pelo argumento da adaptação de "Todas as Mulheres do Mundo" para a TV. Fez parte do elenco de inúmeras peças e novelas, com destaque para "Pós-F", "Feliz Ano Velho", "Capitu", "Império", "História de Amor" e "Desalma".

Apresentou o programa "Saia Justa", no GNT, de 2013 a 2016, foi colunista do jornal O Globo, das revistas Veja Rio e Tpm. Atualmente, escreve na revista Gama e no portal Uol, onde também comanda o "Maria Vai com os Outros". É autora de "Tudo o Que Eu Sempre Quis Dizer, Mas Só Consegui Escrevendo" e "Trinta e Oito e Meio", editado também em Portugal. Está nas coletâneas "Dias de Domingo" e "Crônicas Pra Ler em Qualquer Lugar". O livro "Não Sei Se É Bom, Mas É Teu" é a estreia de Maria Ribeiro na Editora Record. Compre os livros de Maria Ribeiro neste link.

.: Livro propõe 201 filmes para fortalecer vínculos entre pais e filhos


Na correria do dia a dia, encontrar tempo de qualidade com os filhos pode parecer um desafio. Mas e se bastasse escolher um bom filme, preparar a pipoca e se deixar levar pela história para construir memórias, ensinar valores e estreitar laços? É essa a proposta do livro “201 Filmes para Assistir com Seus Filhos de 9 a 18 anos”, de Maurício Passaia, lançado pela Literare Books International.

A obra é um verdadeiro guia afetivo pensado por um pai, e para pais, que desejam transformar o cinema em ferramenta de diálogo, aprendizado e conexão com os filhos. Em cada uma das 464 páginas, Passaia apresenta um filme cuidadosamente selecionado, explicando por que ele é especial, quais valores ele transmite e sugerindo perguntas que incentivam conversas significativas após a sessão.

O livro é dividido por faixas etárias e conta com títulos clássicos e contemporâneos que tratam de temas como empatia, coragem, amizade, superação, respeito às diferenças, entre outros. Mais do que uma lista, o autor propõe uma experiência familiar contínua, com espaço para anotações e impressões, uma espécie de diário cinematográfico intergeracional.

Para o Dia dos Pais, a ser celebrado no segundo domingo de agosto, a publicação surge como uma sugestão simbólica e sensível de presente. Afinal, assistir a um filme com os filhos, de forma presente e intencional, pode ser um gesto tão poderoso quanto qualquer declaração.

Natural de Bento Gonçalves (RS) e pai de dois filhos, Maurício Passaia é oficial do Registro de Imóveis em Santa Catarina e apaixonado por cinema desde jovem. A ideia do livro surgiu a partir de suas próprias vivências familiares. “Além de entreter, os filmes nos ajudam a conversar sobre a vida com os filhos. E isso é essencial para a formação deles, e nossa também, como pais”, destaca o autor. Compre o livro “201 Filmes para Assistir com Seus Filhos de 9 a 18 anos” neste link.

.: "Brasil de Susto e Sonho", nova mostra de Rivane Neuenschwander em SP


Mostra mescla obras inéditas, releituras e trabalhos consagrados como Quarta-feira de Cinzas/Epílogo, de 2006. Entre vídeos, esculturas, pinturas, instalações e desenhos, os trabalhos abrangem diferentes caminhos artísticos percorridos por Rivane nos últimos 30 anos. 
Na imagem, a obra "A.E. (Nunca Mais Brasil)". Foto: Eduardo Ortega


No dia 14 de agosto, o Itaú Cultural abre para o público "Brasil de Susto e Sonho: um Panorama da Obra de Rivane Neuenschwander". A exposição segue em cartaz até 2 de novembro e apresenta obras inéditas, releituras e trabalhos consagrados de Rivane, como "Quarta-feira de Cinzas/Epílogo", de 2006. No conjunto, entre vídeos, esculturas, pinturas, instalações e desenhos, os trabalhos abrangem diferentes caminhos artísticos percorridos por ela nos últimos 30 anos.

De seus trabalhos inéditos tem Mestre Zenóbio e o Cordão da Bicharada, vídeo comissionado que marca o retorno das parcerias de Rivane e Cao Guimaraes. "Dream.lab/São Paulo", inédita no Brasil, foi apresentada no fim do ano passado e início deste na Áustria e agora ela é exibida feita com crianças brasileiras e seus sonhos desenhados. Também entre as novidades há dois conjuntos formados por seres surreais que representam a realidade: "As Insubmissas" e "Perversos, Marcianos, Canibais e Alienados". Ainda, tem uma nova escultura, "Apocaplástico", que evoca a região do rio Tocantins, onde há mais templos do que hospitais e escolas, e cinco pinturas inéditas acrescidas à série Notícias de Jornal.

Em suma, a mostra apresenta o olhar atento de Rivane sobre assuntos que vêm movendo os brasileiros na história contemporânea do país - dos anos de 1970 aos atuais. A inspiração trafega entre registros de manifestações diversas captadas por ela em solo firme, no espaço das redes sociais, em sonhos de crianças, em festas folclóricas e em observações subjetivas capturadas em suas andanças pelo país. A curadoria da exposição é de Fabiana Moraes e a concepção e realização são do Itaú Cultural. 


Até dia 2 de novembro no Itaú Cultural
"Dream.lab/São Paulo", obra inédita no Brasil, apresentada no fim do ano passado e início deste na Áustria, agora feita com crianças brasileiras e seus sonhos desenhados; "Mestre Zenóbio e o Cordão da Bicharada", vídeo comissionado realizado em colaboração com o cineasta Cao Guimarães; "As Insubmissas" e "Perversos, Marcianos, Canibais e Alienados", dois conjuntos formados por seres surreais que representam a realidade; "Apocaplástico", que evoca a região do rio Tocantins, onde há mais templos do que hospitais e escolas, e cinco pinturas inéditas acrescidas à série "Notícias de Jornal". Estas são as novas peças da artista visual Rivane Neuenschwander, que, com outras obras construídas por ela ao longo de sua trajetória de três décadas, compõem a exposição "Brasil de Susto e Sonho: um Panorama da Obra de Rivane Neuenschwander".

Com abertura no Itaú Cultural (IC) na noite de 13 de agosto - e visitação do público do dia seguinte, 14, até 2 de novembro -, a mostra tem curadoria da pesquisadora (Universidade Federal de Pernambuco/UFPE) e jornalista Fabiana Moraes e realização da equipe do IC. A exposição se estende pelos três pisos do espaço expositivo da instituição dedicados às mostras temporárias. No conjunto, Brasil de susto e sonho: um panorama da obra de Rivane Neuenschwander apresenta o olhar atento da artista sobre assuntos que vêm movendo os brasileiros na história contemporânea do país  dos anos de 1970 aos atuais. 

Os suportes artísticos são variados: vídeos, esculturas, pinturas, instalações e desenhos. A inspiração trafega entre registros de manifestações diversas captadas por ela em solo firme, no espaço das redes sociais, em sonhos de crianças, em festas folclóricas e em observações subjetivas capturadas em suas andanças pelo país.


Piso 1
Este andar acolhe duas de suas obras inéditas: "Dream.lab/São Paulo", ainda não vista pelo público brasileiro, e a estreia de "Mestre Zenóbio e o Cordão da Bicharada". A primeira navega pelos sonhos de crianças, cuja colaboração, como uma espécie de coautores de produção espontânea, marca outros trabalhos da artista. Apresentada no museu de arte moderna KinderKunstLabor, na Áustria, com curadoria de Mona Jas e Andreas Hoffer, esta é a primeira montagem da obra no Brasil após um processo de pesquisa denso e específico para a exposição. Resultado de oficinas conduzidas pela equipe de mediação cultural do Itaú Cultural, ao lado da artista, com alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Abrão de Moraes e da Emef Desembargador Amorim Lima, as atividades partiram de uma leitura do livro "Sonhozzz" (editora Salamandra, 2021), de Silvana Tavano e Daniel Kondo, que também assina as ilustrações. As crianças fizeram exercícios para a produção de desenhos nos quais manifestaram seus sonhos, desembocando em uma delicada investigação sobre a infância, o inconsciente coletivo e os sonhos desses brasileiros em crescimento.

A segunda obra, "Mestre Zenóbio e o Cordão da Bicharada", é um vídeo de cerca de 20 minutos dirigido por Cao Guimarães e Rivane, que retomam uma parceria já vista na obra "Quarta-feira de Cinzas/Epílogo" (2006), também presente na exposição. O trabalho versa sobre o cordão que lhe dá nome, fundado por Mestre Zenóbio na Vila de Juaba, em Cametá, interior do Pará, na primeira metade dos anos de 1970. Em um tempo em que a Copa do Mundo e a Transamazônica dominavam as telas e os discursos do regime ditatorial, Zenóbio enchia uma pequena embarcação com representações de animais de países e climas distintos para chamar a atenção para a preservação da natureza, em um cortejo que se repete todos os anos no Carnaval das Águas (tradição centenária da cultura paraense). Rivane e Cao registraram o mais recente, resultando neste filme que mescla sonho e susto, beleza e plástico jogado fora, ontem e agora. A trilha é da dupla performer brasileira O Grivo, que também aparece em trabalhos como Erotisme.

Ainda fazem parte deste piso "Atrás da Porta e L.L." ("O Vendedor de Furos"). A primeira é de 2007, uma serigrafia sobre madeira composta de 140 peças de dimensões variadas com desenhos e rabiscos, que a artista foi capturando ao longo dos anos nas portas de banheiros públicos. De 2023, a segunda reúne pequenas esculturas, que se espalham pelos três andares da exposição. A obra é baseada em uma memória de infância de L.L., amiga de Rivane, na qual ela imaginava um comerciante que ganhava dinheiro vendendo buracos, e faz uma conexão precisa sobre o mundo em que vivemos na atualidade.


Piso -1
Aqui, o público encontra mais dois trabalhos inéditos: "As Insubmissas" e "Perversos, Marcianos, Canibais e Alienados". Uma ema antifascista, um tubarão verde com lenço amarelo pronto para atacar, arapongas e tigrinhos, entre outros, representam personagens que falam da história mais recente do país. Somando os dois conjuntos, são 23 figuras, entre bichos, frutas, plantas na composição desses bonecos, feitos de tecido, papel machê, garrafas de vidro, bordados e outros materiais.

"As Insubmissas" reúne os personagens A Ativista; O Brasil; O Comunista; O Socialista; A Anti-fascista e O Ministro. Em "Perversos, Marcianos, Canibais e Alienados" estão A Agência de Vigilância; A Alta Patente; A Emenda Parlamentar; A Força Aérea Expedicionária; A Funcionária Fantasma; A Inflação; A Patriota; O Algoritmo; O Autocrata; O Deputado Federal; O Empresário; O Jogo de Apostas; O Magnata da Fé; O Oligarca; O Tarifaço e O Tecnocrata.

Estes trabalhos derivam da obra "O Alienista" (2019), atualmente exposta no Instituto Inhotim e baseada no livro de Machado de Assis. Nela, estão personagens como O Orador de Sobremesas, O Juiz de Fora, O Terraplanista, O Barbeiro, A Viúva e João de Deus (personagem de O alienista, de Machado de Assis), entre outros.

Também está neste piso o vídeo digital Enredo, produzido por Rivane em 2016 com o neurocientista Sérgio Neuenschwander. O audiovisual se inspira na coletânea de contos populares do Oriente Médio "As Mil e Uma Noites" (edição em português) para acompanhar uma aranha tecendo a sua teia com o seu fio entremeado por confetes feitos de pequenos trechos do livro, entre palavras que atravessam o seu caminho e ao som de um tamburello (versão italiana da pandeireta) tocado pelo cantor e compositor Domenico Lancellotti.  

Neste andar, ainda, o público encontra mais um vídeo de Rivane e Cao Guimarães: "Quarta-feira de Cinzas/Epílogo", realizado em 2006. O filme de 10 minutos articula a folia em fim de festa. A obra Repente, de 2016, apresenta etiquetas de tecido bordadas, painel de feltro, caixas de madeira, alfinetes de cabeça e de segurança, em um trabalho que a artista vem atualizando ao longo dos anos com novas palavras de ordem em um remix de protestos, mobilizações e lutas dos brasileiros. 

No trabalho "Noites Árabes" (2008), ela evoca a claridade volátil da Lua mobilizando um número palíndromo, assim como na obra "Enredo, as Mil e Uma Noites de Sherazade". Aqui, o rolo de filme de 16 milímetros se desdobra em 1.001 pequenos furos atravessados pela luz, entre 1.001 noites, histórias e recomeços. 

"À Espreita", acrílica sobre papel preto acid free, reúne 24 pinturas que investigam tanto o lado psicanalítico quanto político do medo. Rivane vem investigando há anos a infância como um lugar também político. Neste trabalho ela exibe formas sombrias desenhadas pelas próprias crianças, a partir de oficinas realizadas na pesquisa O nome do medo. As formas remetem a monstros, fantasmas e espíritos que além de viverem nas casas, habitaram porões e delegacias no período ditatorial brasileiro.

Piso -2
"Apocaplástico", obra exibida com destaque neste andar, também é inédita. Trata-se de uma escultura composta de madeira, massa e tinta acrílica, corda, plástico e papel, com dimensões variadas. Tem origem na viagem que a artista fez ao lado de Cao Guimarães, na região do rio Tocantins, para a produção de Mestre Zenóbio e o Cordão da Bicharada. Lá, Rivane observou uma grande quantidade de plásticos e outros materiais jogados após o Carnaval, cujas imagens aparecem no vídeo e nestas obras.

A artista também anotou pontos de reflexão sobre o projeto de colonização dos interiores do norte do país, que segue firme e cada vez mais forte por meio da religião, e as depositou em "Apocaplástico". A localidade é a que abriga mais templos religiosos no país – 459 deles a cada 100 mil habitantes; mais do que hospitais e escolas.

Também neste andar, "Notícias de Jornal (...)", de 2025, expõe o noticiário cotidiano – em especial os tantos casos de feminicídio – em uma série de cinco novas pinturas baseadas em ex-votos – sem santos, mas com sangue. São elas: Notícias de Jornal(Simone),Notícias de Jornal (Natália),Notícias de Jornal (Érica), Notícias de Jornal (Jaciara) e Notícias de Jornal (Suely), todas realizadas neste ano.

Em "A Conversação" (2010-2025), Rivane se inspirou no filme homônimo dirigido por Francis Ford Coppola em 1974. Nesta instalação composta de papel de parede, carpete, forro para carpete, cola, gravadores de áudio, aparelho de som e alto-falantes, também de dimensões variadas, o mote é a paranoia da espionagem, que transforma todos em suspeitos e alvos – dos celulares e drones, da entrega e monetização dos dados de cada pessoa, notícias sobre grupos e pessoas espionados pela gestão federal encerrada em 2022. Neste trabalho, há escutas escondidas no assoalho e nas paredes e microfones camuflados.

"M.C." ("Sete Exu da Lira/Chacrinha"), de 2025, é um bordado de miçangas e lantejoulas sobre sarja de algodão. O trabalho vai buscar o Brasil de 1971 – quando, em pleno governo militar, os brasileiros assistiam ao programa do Chacrinha aos domingos. Ele tem foco especialmente no último domingo de agosto daquele ano, no qual a umbandista Mãe Cacilda de Assis recebia a entidade Seu Sete Rei da Lira e promovia um transe coletivo no programa da TV Globo (e, depois, no famoso show de Flávio Cavalcanti, na TV Tupi). Andrógina, negra e à frente de uma prática não cristã, Mãe Cacilda se tornou alvo do discurso moralista e racista das mais poderosas representantes do catolicismo conservador do país.

No vídeo "Erotisme", produzido por Rivane em 2014, a trilha sonora é de O Grivo. Nele, uma mão interpreta o alfabeto desobedecendo a sua sombra. Entre umas imagens e outras, vão aparecendo palavras em francês, usuais ou inventadas, riscadas a canivete na madeira: masturber, nidifier, occulter (masturbar, aninhar, ocultar), entre outras. A obra faz referência direta ao verbete “erotismo”, atribuído a Georges Bataille, na obra surrealista Le memento universel Da Costa, e passeia por dualidades do sexo, visto como prazer ou arma; gozo ou ferida, remetendo à violação.

"M.F. (Road Trip)", de 2015, poderia ser resumido como um buraco de 1 x 2 cm feito na parede, para exalar o cheiro de gasolina. Mas é muito mais do que isso. Trata-se de uma referência ao Brasil militar-desenvolvimentista e suas grandes estradas que cortaram aldeias e florestas, já a partir da década de 1970.

Em "A.E. (Nunca Mais Brasil)", de 2023, uma tapeçaria de 1,70m x 1,70m, Rivane apresenta uma costura de retalhos de medos e lembranças, infância e geografia, arquivos e pavores: monstros e nomes de locais que serviram como espaços de tortura e desova de corpos, em uma referência ao livro "Brasil: Nunca Mais" (1985; editora Vozes) – organizado por Dom Paulo Evaristo Arns, Hélio Bicudo e Jaime Wright, reúne documentos de episódios de tortura durante a ditadura militar no Brasil. Aqui, a artista mescla a pesquisa "O Nome do Medo" (iniciada em 2015) a outro tema que demarca suas investigações: o regime autoritário que por duas décadas enterrou pessoas em locais como a Ponta da Praia (RJ).

"R.R. (90 Milhões em Ação)", de 2025, também remete aos anos de 1970, quando o Brasil conquistou o tetra na Copa de Futebol, com jogadores como Pelé, Rivelino, Tostão, Gerson e Jairzinho em campo. A vitória foi capitalizada pelo governo Médici (1969-1974) e embalada pela marchinha de Miguel Gustavo transformada em uma espécie de hino: “Noventa Milhões em Ação / Pra Frente, Brasil, do Meu Coração”. Nas telas brilhava o Canal 100, fundado em 1957 pelo produtor Carlos Niemeyer, que exibia zooms de rostos em sua maioria desconhecidos acompanhando partidas de futebol enquanto, longe das câmeras, gestões autoritárias sequestravam, torturavam e matavam. 


Serviço
Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149 – próximo à estação Brigadeiro do metrô.

.: Entrevista: Tony Ramos e a morte que chocou o Brasil na novela


A partida de Abel inaugura uma nova fase na trama das sete, com histórias que se desdobram e outras que emergem, prometendo agitar ainda mais os rumos da narrativa. Foto: Globo / divulgação


A morte de Abel, personagem de Tony Ramos na novela "Dona de Mim", chocou o Brasil e deixou fãs e telespectadores emocionados. A inesperada perda do patriarca da família Boaz abriu um novo capítulo dramático na trama, mexendo com os corações e expectativas do público. A emoção dominou o ambiente, especialmente quando Rosa (Suely Franco) faz um comovente discurso sobre a gratidão por ter sido mãe do empresário.

A partida de Abel inaugura uma nova fase na trama das sete, com histórias que se desdobram e outras que emergem, prometendo agitar ainda mais os rumos da narrativa, como antecipou a autora Rosane Svartman. Sempre muito querido pelo público, Tony Ramos se despede de "Dona de Mim" com palavras de gratidão aos fãs que já sentem sua falta. 


Como foi para você saber que Abel tem esse destino na novela?
Tony Ramos - Eu fui convidado para fazer essa novela em um jantar com Rosane Svartman e Allan Fiterman, nosso querido e amado diretor, no final de setembro do ano passado. E, neste momento, eles me contaram o que seria a personagem, então, eu entrei nesse projeto já sabendo o destino do Abel, que ele e Rebeca, personagem de Silvia Pfeiffer, sofreriam um grave acidente. E isso faz parte, inclusive, do desenvolvimento e da narrativa da trama. Faz parte do ofício do ator se entregar à personagem, seja qual for sua trajetória. O texto é de Rosane Svartman, competente escritora, então nem preciso falar. É uma roteirista que ama escrever novela e sabe o que está fazendo.

 
Para os fãs que já dizem sentir falta do personagem, qual o seu recado?
Tony Ramos - A admiração do público é sempre muito bem-vinda. Quando se tem uma boa história, você tem o público ao seu lado. Essa é uma equação simples. Eu amo o que faço e, sem dúvida, o carinho e o reconhecimento do nosso trabalho são combustíveis na hora de subir ao palco ou entrar num set de gravação. A reação mostra que deu certo e a novela é um sucesso. A novela ainda promete muitas emoções e surpresas. Então, meu recado pro público é que não deixem de acompanhar essa história.
 

Como analisa a novela e a parceria com a pequena Elis e os colegas de elenco?
Tony Ramos - Rosane Svartman e equipe são muito talentosos, e a jornada da novela tem sido linda. Elis é uma revelação, é uma atriz vocacionada. Ela é espontânea. E o bonito é que ela é criança, com a mãe e o pai presentes. E nós também a tratamos como criança, como deve ser. Isso é fundamental. Contracenar com os jovens é reaprender. Com eles aprendo muita coisa, até o palavreado. São momentos de explosão de afeto, de humor, como eu sou. Fui muito feliz reencontrando Cláudia Abreu, Marcello Novaes, Suely Franco, Camila Pitanga, Rafa Vitti, e conhecendo o Juan Paiva, Bel Lima e Clara Moneke nesse belo e lindo trabalho.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

.: Crítica: "Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda" entrega nostalgia em bom filme

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em agosto de 2025


A confusão causada pela troca de corpos entre mãe e filha que fez sucesso em 2003, adaptada de livro para filme, virou clássico cinematográfico juvenil e agrada sempre que passa na televisão aberta, volta aos cinemas, mas com uma nova situação. Desta vez, mais de 20 anos depois, em "Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda", a troca acontece entre mãe, filha, avó e futura enteada. Logo, Tess (Jamie Lee Curtis, "Halloween", "Scream Queens") e Anna (Lindsay Lohan, "Operação Cupido") descobrem que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar -para a nossa sorte. 

Em cartaz na "Cineflix Cinemas"produção dirigida por Nisha Ganatra ("A Batida Perfeita") causa uma confusão muito maior, sem largar a nostalgia de lado, mescla tudo o que há de moderno em pleno 2025 quando "saltam" LPs na telona, seja o de Britney Spears, "In The Zone" ou de Madonna estampada na capa de seu álbum "True Blue". Ao som de Britney Spears e Spice Girls, tudo acontece com direito ao retorno do "gatinho" dos filmes da época, o ator Chad Michael Murray ("Lances da Vida", "A Nova Cinderela"), na pele de Jake, ex-namorado de Anna.

Com os antigos personagens, novas carinhas ajudam a costurar a trama continuada em grande estilo. Logo o tempero da história chega com Harper (Julia Butters), a filha de Anna, Eric (Manny Jacinto), noivo de Anna e Lily (Sophia Hammons), filha de Eric, entrando no balanço da história Ella (Maitreyi Ramakirshnan) como uma cliente de Anna. No início da troca pode até confundir um pouco, mas rapidamente tudo entra nos eixos da compreensão de quem assiste a todo o caos familiar.

Enquanto inúmeros desafios pipoquem quando as duas famílias estão prestes a virar uma só, Harper e Lily precisam aprender se unir, ainda que se odeiem com todas as forças, ou dar seu melhor para afastar os pombinhos apaixonados. "Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda" também entrega muito do lado cômico da ganhadora do Oscar, em "Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo"Jamie Lee Curtis. A rainha do grito arrasa mais uma vez ao lado de Lindsay Lohan, capaz de despertar o gostinho de que "Herbie - Meu Fusca Turbinado" (2005), ganhe uma sequência também. 

O enredo que é um verdadeiro "terremoto" juvenil, assinado pela roteirista Jordan Weiss, empolga do início ao fim, traz o melhor das produções Disney do início dos anos 2000. Com alguns minutos a mais do que seu antecessor, a produção não desaponta em nada. "Uma Sexta-feira Mais Louca Aindaé sem dúvida uma excelente produção para se ver e rever com a família -capaz até de arrancar algumas lágrimas de seu público próximo do fim. Não há como negar, o filme é incrível. Não perca!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN


"Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda" ("Freakier Friday"). Ingressos on-line neste linkGênero: comédiaClassificação: 10 anos. Duração: 1h51. Direção: Nisha Ganatra. Roteiro: Jordan Weiss. Elenco: Jamie Lee Curtis, Lindsay Lohan, Chad Michael Murray, Manny Jacinto, Sophia Hammons, Maitreyi RamakirshnanSinopse: Após os eventos inusitados de Sexta-Feira Muito Louca, onde Anna (Lindsay Lohan) e Tess (Jamie Lee Curtis), que são mãe e filha, trocaram de corpos e aprenderam lições valiosas, as coisas agora tomam um rumo ainda mais estranho. Anna agora é mãe de uma filha e se prepara para ser madrasta, enquanto Tess, agora avó e ganhadora de um Oscar, também está em um momento de grandes mudanças. Quando suas vidas se cruzam novamente, enfrentando os desafios de duas famílias se unindo, Tess e Anna descobrem que, de algum modo, o raio pode cair duas vezes. Uma nova crise de identidade se aproxima, e as duas terão que aprender mais uma vez a lidar com a transformação de suas vidas de maneira inesperada e cheia de surpresas. Confira os horários: neste link

Trailer "Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda"




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.: Cinema de graça: pais acompanhados de filhos não pagam ingresso no Cineflix


Neste domingo, dia 10 de agosto, a rede Cineflix Cinemas preparou uma surpresa especial para homenagear aqueles que estão sempre por perto, nos bons filmes e na vida. Em comemoração ao Dia dos Pais, a rede oferece uma promoção imperdível - pais acompanhados de filhos não pagam ingresso em qualquer sessão do dia 10. É a oportunidade perfeita para reforçar os laços em frente à tela cheia, com pipoca, emoção e boas histórias.

Em Santos, a semana também marca a chegada de novas estreias no Cineflix, localizado no Miramar Shopping, no Gonzaga. Entre os destaques, a comédia "Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda" é a pedida certa, com situações inusitadas e risadas do começo ao fim. O filme brasileiro "A Melhor Mãe do Mundo" traz uma emocionante história familiar que combina humor e delicadeza.

Para quem gosta de romance e suspense, "Drácula - Uma História de Amor Eterno" revisita o mito do vampiro mais famoso do mundo sob uma nova perspectiva. E o drama francês "A Prisioneira de Bordeaux" promete envolver o público com uma trama densa e cheia de reviravoltas. Programação completa e ingressos: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


🎟️ Serviço Cineflix Santos
📍 Miramar Shopping - Rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, Santos/SP
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.: "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca" neste fim de semana


Com a atuação de Ana Barroso e direção de Fernando Philbert, espetáculo chega ao palco da Arena B3 neste fim de semana, nos dias 9 e 10 de agosto. Foto: Ana Barroso/Divulgação

A Arena B3 dá continuidade à programação de agosto com o espetáculo "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta À Rainha Louca". As apresentações acontecem neste sábado, dia 9 de agosto, às 14h30 e às 17h00, e no domingo, dia 10 de agosto, às 14h00 e 17h30. Com atuação e adaptação de Ana Barroso, o texto dirigido por Fernando Philbert ficciona a história real de uma mulher do século XVIII acusada de loucura e rebeldia e enclausurada no convento do Recolhimento da Conceição, em Olinda. 

Por meio de uma carta, ela tenta se comunicar com a Rainha Maria I, conhecida como a Rainha Louca, com quem se sente irmanada na opressão pelo mundo dos homens, e de quem espera receber clemência e liberdade. A carta relata sua infância e juventude pelos sertões da Bahia e Minas Gerais, e os destemperos e injustiças praticados pelos homens de poder contra mulheres, escravizados e todos que se encontravam em situação de vulnerabilidade. Entre perdas e amores proibidos, a saga de Isabel passa por períodos em que assumiu identidade masculina para sobreviver da única coisa que sabia fazer: ler e escrever.

O espetáculo recebeu excelente acolhida de público e crítica em temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo. O texto é uma adaptação do romance Carta à Rainha Louca, de Maria Valéria Rezende. Sucesso de crítica, a obra foi finalista do Prêmio Jabuti 2020 e vencedor do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa. Sob o comando da Aventura e da Arte&Atitude, o espaço cultural, localizado no prédio da bolsa, na Praça Antônio Prado, em São Paulo é marcado pelas diversas manifestações artísticas privilegiadas em seu palco intimista a preços populares. A Arena traz em sua programação monólogos, peças teatrais, tributos musicais e uma gama imensa de diversidade cultural acessível no centro da maior metrópole da América Latina.


Ficha técnica
Espetáculo "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca"
Direção: Fernando Philbert
Adaptação e atuação - Ana Barroso
Música original - Marcelo Alonso Neves
Cenografia - Natalia Lana
Iluminação - Vilmar Olos
Figurino - Luciana Cardoso
Projeto gráfico - Raquel Alvarenga
Assistência de direção - Renata Guida
Preparação vocal - Angela De Castro/rj E Lilian De Lima/sp
Pintura de arte - Ana Frazão
Fotos: Nil Caniné
Gestão e conteúdo das mídias: Sarah Marques
Operação de som: Vicente Barroso
Operação de luz: Lucas Jp Santos
Produção e idealização: Ana Barroso/bb Produções Artísticas


Serviço:
Espetáculo "Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca"
Data: 9 e 10 de agosto de 2025
Hora: 14h30 e 17h00
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$10,00 / R$ 5,00
Link de compra.

.:"Todas Elas": Vanessa da Mata lança versão deluxe do novo álbum




Vanessa da Mata lançou a versão deluxe do álbum “Todas Elas”. O álbum conta com uma gravação da mato-grossense para o clássico “Nada Mais”, música lançada em 1984 na voz de Gal Costa para o álbum “Profana”, que é uma versão brasileira da balada “Lately” de Stevie Wonder, de 1980. A versão em português é de Ronaldo Bastos.

Viralizou nas redes sociais um vídeo de Vanessa da Mata interpretando a música durante os bastidores da gravação do programa “Altas Horas”. Na época, o vídeo recebeu inúmeros compartilhamentos e muitos elogios para Vanessa. A cantora e compositora explica o porquê da escolha de “Nada Mais” para a versão de luxe de “Todas Elas”.

“Gal Costa sempre foi uma referência de uma das vozes mais lindas do mundo para mim, atitude feminina, coragem. Acho que qualquer homenagem a Gal Costa e de suas contemporâneas só reacendem uma tradição de qualidade da música brasileira que nos sustenta em uma admiração mundial até hoje! Isso deve sempre ser recuperado, relembrado na nossa mais sociológica pulsão cumulativa de troca entre gerações e seus representantes e admissão de quem somos nos pontos mais grandiosos”, afirmou Vanessa da Mata.

O disco apresenta 11 músicas autorais com participação de João Gomes, Robert Glasper e Jota.pê, nas faixas Demorou e Um Passeio Com Robert Glasper Pelo Brasil e Troco Tudo. Assim como no trabalho anterior, Vanessa da Mata assina a produção musical do álbum "Todas Elas". Os arranjos têm criação coletiva, envolvendo a banda formada por músicos como Marcelo Costa (bateria), Maurício Pacheco (violão e guitarra) e Rafael Rocha (trombone), entre outros instrumentistas. Gravado e mixado no estúdio Visom Digital, na cidade do Rio de Janeiro.

A sonoridade oscila entre o som mais dançante de faixas como "Maria Sem Vergonha" e "É Por Isso Que Eu Danço", com momentos mais suaves e introspectivos, como as ótimas faixas "Esperança" e "Troco Tudo". Trata-se de um trabalho onde Vanessa está bem à vontade interpretando suas canções acompanhada de um time experiente de músicos.

"Maria Serm Vergonha"

"Esperança"

"Nada Mais"

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

.:"Porgy and Bess", de George Gershwin, estreia no palco do Theatro Municipal


 Em setembro, destaque da temporada lírica, o espetáculo estreia em São Paulo. Foto: Rafael Salvador/Divulgação

Com a obra de Gershwin em contexto brasileiro, a produção ganha novos contornos sob a direção de Grace Passô. Além disso, a programação tem concertos como Texturas Brasileiras, com composições de dois grandes compositores brasileiros Ronaldo Miranda e Arthur Barbosa, e Schubertiades, um especial com composições de Franz Schubert, ambos do Quarteto de Cordas da Cidade, além da Oficina de Regência da Camerata da Orquestra Experimental de Repertório.

Iniciando a programação de setembro, o Quarteto de Cordas da Cidade, formado por Betina Stegmann e Nelson Rios, violinos, Marcelo Jaffé, viola e Rafael Cesario, violoncelo, apresenta Texturas Brasileiras, no dia 04, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório. O repertório terá Quarteto Texturas, de Ronaldo Miranda, e Quarteto Brazuca, de Arthur Barbosa. Os ingressos custam R$35, a classificação é livre e a duração de 60 minutos, sem intervalo.

O programa tem composições de dois grandes compositores brasileiros e amigos do Quarteto de Cordas, Ronaldo Miranda e Arthur Barbosa. O primeiro é um dos principais e mais atuantes compositores contemporâneos brasileiros, o carioca ocupa a cadeira de número 13 da Academia Brasileira de Música. Já o segundo é compositor, violinista e regente, natural de Fortaleza, o músico é violinista da Orquestra e Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) e regente da orquestra jovem da mesma instituição.

Já no dia 12, sexta-feira, às 19h, na Sala do Conservatório, a Camerata da Orquestra Experimental de Repertório, sob regência de Wagner Polistchuk, apresenta Oficina de Regência. O repertório terá composições de Ludwig Van Beethoven, como Abertura Leonora n.1, op.138, Abertura Leonora n.2, op.72a, Abertura Leonora n.3, op.72b e Abertura Fidelio, op.72c. Os ingressos custam R$35, a classificação é livre e duração de 50 minutos, sem intervalo.

Em programação oficial do Ano do Brasil na França, o Balé da Cidade de São Paulo se apresenta no país em turnê especial, com início no dia 18 de setembro, no Teatro Olympia, em Arcachon, com os dois espetáculos de Rafaela Sahyoun, Fôlego e BOCA ABISSAL. Em seguida, de 23 a 27 de setembro, a turnê passará pelo Théâtre de la Ville, em Paris. Nos dias 2 e 3 de outubro, apresentações na La Comédie de Clermont Ferrand, em Clermont Ferrand. Já nos dias 8 de outubro e 9 de outubro, o Balé apresenta as obras de Sahyoun no Château Rouge, em Annemasse. Encerrando a turnê, Lyon recebe os espetáculos entre os dias 15 e 19 de outubro, na Maison de la danse, sendo está apresentação formada por Fôlego e por Réquiem SP, do coreógrafo e diretor da companhia Alejandro Ahmed.

Em mais um concerto do Quarteto de Cordas da Cidade, esse ao lado do convidado especial Robert Suetholz, violoncelista, e apresentam Schubertiades, no dia 18, quinta-feira, às 20h, na Sala do Conservatório. Com Betina Stegmann e Nelson Rios, violinos, Marcelo Jaffé, viola e Rafael Cesario, violoncelo. O repertório terá Quinteto em Dó Maior, op. 163, de Franz Schubert. Os ingressos custam R$35, a classificação é livre e a duração de 60 minutos, sem intervalo.

Destaque da temporada lírica, a ambiciosa obra de George Gershwin, Porgy and Bess, chega ao Theatro Municipal. Com direção musical de Roberto Minczuk, e o olhar poético e ousado de Grace Passô que assina a direção cênica e traz à cena o universo multifacetado desta ópera, que cruza as fronteiras do jazz, do teatro e da música clássica para contar uma história de luta e amor. As apresentações acontecem do dia 19 ao dia 27, na Sala de Espetáculos.

O espetáculo contará com o Coro Lírico Municipal, sob regência de Hernán Sánchez Arteaga, e Coral Paulistano, sob regência de Maíra Ferreira. A equipe técnica conta com Marcelino Melo na concepção cenográfica, Vinicius Cardoso com projeto cenográfico, Mario Lopes com criação de movimento e coreografia, Alexandre Tavera com figurino, Ana Vanessa como assistente de direção cênica. Os ingressos custam de R$33 a R$210 e duração de aproximadamente 230 minutos, com intervalo.

A trama de "Porgy and Bess" gira em torno das dores e paixões dos moradores de Catfish Row, com personagens como Porgy, um homem humilde e com uma deficiência física, e Bess, em busca de redenção após uma vida de provações. Canções como "Summertime", "My Man’s Gone Now" e "I Got Plenty o’ Nuttin" emergem como clássicos eternos, capturando a alma da música norte-americana.

O baixo Luiz-Ottavio Faria interpreta Porgy em todas as récitas. No papel de Bess, Latonia Moore canta nos dias 19, 21 e 27, enquanto Marly Montoni assume a personagem nos dias 20, 23, 24 e 26. Nas récitas dos dias 19, 21, 24 e 27, Bongani Kubheka interpreta Crown, Jean William será Sportin’ Life e Bette Garcés assume o papel de Clara. Já nas apresentações dos dias 20, 23 e 26, os papéis são interpretados, respectivamente, por Davi Marcondes (Crown), Carlos Eduardo Santos (Sportin’ Life) e Nubia Eunice (Clara). Michel de Souza (Jake) integra o elenco em todas as datas.

.: Papo reto e divã aberto: Darson Ribeiro responde sem censura, nem filtro


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Na imagem, Darson Ribeiro entre os atores Guilherme Chelucci e Olivetti Herrera. Foto: Moisés Pazianott

Quando o assunto é teatro, Darson Ribeiro não apenas sobe no palco: ele inventa, ilumina, dirige e às vezes até abandona. Ousado, polêmico e apaixonado pelo ofício, é um artista sem freios e nenhum tipo de filtro. Com passagens marcantes por novelas, séries e uma extensa carreira teatral, ele cravou o nome na cena com obras que mesclam inquietação estética, existencialismo bem-humorado e aquele faro certeiro para o que mexe com a alma, até mesmo quando incomoda.

Um dos maiores sucessos da carreira dele, "Homens no Divã" - em cartaz até 25 de agosto no Teatro Fernando Torres com sessões às sextas, sábados e domingos - completa dez anos de apresentações com sessões abarrotadas, risos nervosos e confissões sussurradas até o cair do pano. Darson não quer plateias confortáveis, ele precisa provocar espectadores. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, Darson Riobeiro responde a perguntas nada terapêuticas sobre vaidades cênicas, fracassos, fetiches teatrais e a eterna dúvida: o que é, afinal, um bom teatro?


Resenhando.com - Você já saiu de espetáculos por tédio ou repulsa estética. Já pensou em sair de algum espetáculo seu no meio da apresentação? E o que o impediu?
Darson Ribeiro - Já saí, sem o menor constrangimento. Assim como eu, no palco, penso e avalio que isso é passível de acontecer, do outro lado eu também tenho esse direito. Por isso, até prefiro comprar ingresso para prestigiar autores, atores, diretores. Sempre fico - é raro acontecer. Mas já saí numa peça do Gerald Thomas e numa do Zé Celso, no Museu Hélio Oiticica, ambas no Rio. E isso não significa que não os admire. Mas não foi por tédio ou repulsa estética, esses adjetivos são muito pesados.


Resenhando.com - Você afirma detestar escatologia no teatro. O que te causa mais nojo: uma cena de excremento em cena ou uma plateia que aplaude qualquer coisa por medo de parecer burra? 
Darson Ribeiro - De novo, uma palavra pesada demais: “nojo”. Nunca saí só por isso. O pseudo-excremento ou escatologia, num bom contexto, me segura. Ou segura qualquer espectador. Os Satyros, por exemplo, já fizeram muita coisa escatológica e nunca saí. Pelo contrário. Assisti a uma peça num festival na Holanda em que o ator comia um fígado cru, mas aquilo fazia todo sentido dentro da encenação. O que é ruim é o “gratuito” - querer chocar por chocar. Isso já foi, é passado. Como o nu, quando inserido de forma grotesca ou gratuita. E jamais teria nojo de uma plateia que aplaude qualquer coisa. O teatro tem isso: ele provoca, transforma (quando é bom) e as pessoas, às vezes, o fazem porque não entenderam ou estão só seguindo a massa, que levanta pra aplaudir mesmo sem ter gostado.


Resenhando.com - Em uma era em que o streaming domestica o olhar e o teatro luta por público, ainda faz sentido montar clássicos como "O Jardim das Cerejeiras"? Ou seria melhor enterrar os coveiros de Tchekhov de vez?
Darson Ribeiro - Jamais. Por isso se chama clássico: sempre será, e nunca morrerá. Graças a Deus temos o TAPA fazendo do bom e do melhor desses clássicos todos. Amo "O Jardim das Cerejeiras" e já sonhei em montar. Dei uma entrevista hoje e comentei sobre isso. O teatro está perdendo - ou já perdeu - a tradição.


Resenhando.com - "Homens no Divã" completa uma década em cartaz. O que mudou mais: o homem no palco, o homem na plateia ou o terapeuta invisível que está entre eles?
Darson Ribeiro - Não existe terapeuta invisível. Quem dera! Por isso o êxito da peça: ela traz a psicanálise como forma de entendimento da vida, usando a risada pra isso. É uma comédia inteligentíssima que, graças a anos de análise freudiana, eu pude contribuir. O homem não mudou. Pelo contrário: piorou. O ser humano está regredindo na sua forma de pensar, de agir, de conviver, de se autovalorizar. O homem no palco fará aquilo que o autor ou o diretor propuser. O da plateia, jamais teremos controle - por isso disse que é natural um espectador sair.


Resenhando.com - Você citou "A Falecida", de Nelson, como um marco. Hoje, o autor ainda nos representa ou virou fetiche de encenador sem repertório?
Darson Ribeiro - Concordo que algum encenador pode, sim, usar Nelson Rodrigues pra se firmar ou mostrar que conhece a dramaturgia brasileira. Mas Nelson é um clássico - e, como disse, nunca morrerá. Graças! Não é que “ele nos representa” - isso parece frase feita, pronta. Mas ele ainda escreve como ninguém sobre a sordidez humana. E isso, infelizmente, nunca vai morrer também.


Resenhando.com - Paulo Autran foi seu conselheiro. Qual foi o melhor conselho que você ignorou – e se arrepende até hoje?
Darson Ribeiro - Ignorei, mas não me arrependi. Quando montei "Disney Killer", de Philip Ridley - que traduzi, produzi, dirigi e protagonizei (risos) - ele me aconselhou a não montar. Disse: “Pra quê? Quem é que vai ver isso?”. E fiquei dois anos em cartaz, sempre com público, sempre com muita discussão e retorno positivo.


Resenhando.com - Você disse que “o espetáculo dos sonhos sempre será o próximo”. E se o seu próximo fosse o último, o que você colocaria em cena como testamento artístico?
Darson Ribeiro - Já tenho o meu “testamento artístico”, que é o texto do Flavio de Souza, "O Homem que Queria Ser Livro". Sendo assim, o que vier pode ser ou não o último. Mas confesso que ando cansado de ter que provar o tempo todo o improvável do teatro. Ele é. E ponto.


Resenhando.com - Já dirigiu, produziu, atuou e fez cenários. Em qual dessas funções você mais errou?
Darson Ribeiro - Não errei. Ainda comentei com o Ulysses Cruz, esses dias, que tenho orgulho do que fiz, porque sempre deu certo. Nenhuma peça minha ficou sem público. Nenhum projeto me deu prejuízo. Te respondo isso com carinho e sobriedade, porque é difícil reconhecer o próprio erro.


Resenhando.com - Você elogia Beckett, Ridley e Bonder. Em tempos de urgência política, onde cabe o teatro filosófico e poético?
Darson Ribeiro - Um homem sem poesia é um homem já morto. Sem viço. Sem tesão pela vida. A filosofia vem pra chancelar isso tudo - ou seja, essa existência. Já sofri muito por ter nascido com uma sensibilidade que me joga num lugar solitário, de difícil compreensão e partilha. As pessoas concretas são chatas. Não consigo ter muita relação. Amo os silêncios de Beckett. Bonder consegue nos atualizar filosoficamente sem cair na autoajuda. E Ridley... Bem, montei três peças dele e traduzi uma. É um ótimo dramaturgo, que também escancara essa miséria humana que a maioria morre teimando que não é. É muito triste morrer sem ter uma história pra contar. Vivemos delas. Somos elas.


Resenhando.com - Em dez anos de "Homens no Divã", você ouviu confissões de público nos bastidores? Qual foi a mais absurda, comovente ou inesperada que te fez pensar: “valeu a pena montar isso”?
Darson Ribeiro - Valeu muito a pena. Cheguei a apanhar em cena aberta uma vez, e ainda assim não fiz a pergunta querendo parar. Pelo contrário. Mas talvez tenha sido a participação de dois casais que tinham uma relação a quatro - e abriram isso publicamente ali, comigo. E a vontade de continuar só aumentava, porque vinham a mim me pedindo o cartão do consultório.


Resenhando.com - O que é mais difícil hoje: fazer bom teatro ou convencer as pessoas de que ainda vale a pena assisti-lo?

Darson Ribeiro - Convencer as pessoas a irem ao teatro. Vivemos num mundo de concorrência desleal - futebol, shows sertanejos, stand-up, mídia eletrônica... É como convencer alguém a ler. As pessoas acham um absurdo, mas quando sentem o cheiro da leitura e embarcam numa imaginação, o mundo gira. E vira!


Serviço
Espetáculo "Homens no Divã"
Temporada: a partir de 1° de agosto de 2025 – sextas-feiras, às 20h00
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Local: Teatro BDO-Jaraguá Rua Martins Fontes, 71, Centro (Metrô Anhangabaú)
Capacidade: 260 lugares
Bilheteria: a partir de duas horas antes do início do espetáculo ou pelo portal Sympla. Ingressos: https://www.sympla.com.br/
Ingressos: R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia)

Estacionamento no local: entrada principal do hotel com valor reduzido para frequentadores do teatro - R$ 20,00 por até 4h, valorizando a experiência “espetáculo + jantar” no restaurante do hotel
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