sábado, 2 de janeiro de 2010

.: Resenha crítica de "A Princesa e o Sapo", animação Disney

Tiana busca uma vaguinha entre as famosas (e já tradicionais) Princesas Disney
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2010


Os estúdios Disney acordaram do sono encantado das histórias somente com bichinhos e retornaram ao mundo apaixonante das princesas. Saiba mais da nova animação Disney, A Princesa e o Sapo!


Nada de reinos maravilhosos como cenário para a mocinha e o mocinho da história circularem e lutarem (contra as forças "malignas") para o final feliz de sua história de amor. A princesa e o sapo é mais do que o retorno aos desenhos tradicionais em 2D dos estúdios Disney (animação clássica em que a técnica de papel e lápis é diferente da animação computadorizada e em 3D), é a valorização da mágica essência Disney, assim como um resgate da primeira animação de longa duração: "A Branca de Neve e os Sete Anões" (1937).

Numa viagem para a cidade de Nova Orleans conhecemos a sonhadora Tiana ainda pequena. Filha de pais pobres (mãe costureira e pai sonhador), a garotinha alimenta o sonho do pai. Por isso, quando já bastante crescidinha, decide unir todas as forças para concretizar o desejo dele: construir seu próprio restaurante, custe o que custar.

No entanto, quando "reencontramos" Tiana, embora já seja uma moça, nota-se que todo seu esforço ainda está longe de alcançar tal objetivo familiar. Por ser muito batalhadora Tiana, de 19 anos, não desfruta sua juventude com seus amigos. Tanto é que ao ser convidada para uma festa carnavalesca (ocorre todo o ano em Nova Orleans, E.U.A., sendo um dos mais famosos Carnavais do mundo) a garçonete não aceita o convite. Entretanto, participa da festa quando surge a oportunidade de garantir um dinheirinho extra para a concretização de seu sonho.

A garçonete, ao ser "vítima" de uma trapalhada nesta festa, acaba precisando "trocar de roupa". E, então, vemos a primeira princesa Disney negra em um vestido de baile maravilhoso. E o príncipe? É apresentado na película bem antes do baile. Ele -personagem com traços do príncipe Eric (A Pequena Sereia) e do Alladin- surge na história de modo bastante sutil. Sim! Também pudera o príncipe de 20 anos de idade da Maldônia, Naveen, não é chegado a pegar no batente, por simplesmente "respirar" e amar a música. Assim, o jazz embala, dá brilho e um toque requintado na animação do conto de fadas (do príncipe sapo) mais do que adaptado para o século XXI.

E como os protagonistas se conhecem? É justamente quando a bela está dentro de um vestido de baile. O "sapo" ao pensar que a bela é uma princesa logo pede um beijo para reverter o feitiço vodu feito nele pelo Dr. Facilier. Com nojo ela acaba dando um selinho nele, que por sua vez fica igual a ele. Desta forma, a aventura dos dois sapos (que se detestam) começa a ganhar ritmo a cada cena.

O tom humorístico fica por conta da personagem Charlotte La Bouff, amiga de infância de Tiana. A garota mimada pelo pai, embora seja a diva do lugar e mandona, acredita piamente em contos de fadas. Quando Charlotte não está em cena os diálogos leves e descontraídos ficam por conta do vaga-lume Ray e do crocodilo músico, Louis. 

Mas nem tudo é perfeito neste longa animado. Alguns detalhes nada voltados para o público infantil são bastante destacados. Inicialmente o que assusta é por tratar a temática vodu de modo insistente. Outro ponto não muito atraente aos pequenos é o fato de muitas cenas serem muito escuras, isto é, muitos momentos decisivos acontecem durante a noite. Sinceramente isso irrita os olhos! Afinal, você se pergunta: Cadê o colorido vibrante que só a Disney tem?

Para agradar seu novo público no estilo tradicional, ou seja, os musicais de princesas, os estúdios Disney contrataram o cantor Ne-yo para compor e interpretar a música dos créditos do filme: "Never Knew I Needed". Tanta dedicação ao público cativo e aos novos somente resultaram em um belo desenho. Vale a pena conferir A princesa e o sapo!

Filme: A Princesa e o Sapo (The Princess and the Frog, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Animação / Infantil / Musical
Duração: 97 minutos
Direção: John Musker, Ron Clements
Roteiro: Ron Clements, Rob Edwards, John Musker
Elenco: Anika Noni Rose / Kacau Gomes, Bruno Campos / Rodrigo Lombardi, Keith David / Sergio Fontoura, Jenifer Lewis / Selma Lopes, Jim Cummings / Márcio Simões, Michael-Leon Wooley / Mauro Ramos

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

.: Entrevista com Luiz Marcondes, escritor e tradutor de revista musical

“Duvido muito que uma tradução possa transformar um ‘mau’ livro num ‘bom’ livro, mas o contrário é bem possível”. - Luiz Marcondes

Por: Helder Miranda 

Em janeiro de 2010


Blá-blá-blá Cibernético: Twitteiro, escritor de primeira viagem e tradutor de uma famosa revista sobre música fala sobre os personagens que cria em torno de si mesmo, lista as cinco canções mais importantes de sua vida e muito mais.


A entrevista do mês começou de maneira inusitada, o que me fez pensar que talvez a abordagem, em um tempo completamente informatizado, pode (e deve) ser mais rápida, sem desmerecer o trabalho dos assessores de imprensa. Luiz Marcondes, escritor principiante, divulgava que responderia perguntas feitas a ele no Formspring, site de perguntas e respostas ligadas ao Twitter. 

Juro que procurei os diálogos que sucederam a partir daí, como não encontrei, segue uma reconstituição, meia boca, com menos que os 140 caracteres permitidos pelo Twitter: “@luizmarcondes, Já que vai responder no Formspring, me dá uma entrevista para o site cultural Resenhando?”. “@heldermm Claro! Manda as perguntas!”.

A partir daí, uma série de e-mails formaram um pouco do que é o entrevistado do mês. Mais do que um escritor de primeira viagem que tem o objetivo de divulgar o livro de contos A Fase Azul, Marcondes comprovou que tem maturidade literária, mostrando, assim, que não é tão estreante assim. A vida, também, o assinala: foi redator e acumula passagens em multinacionais como Motorola, Telefônica e Volkswagen, mas vai além disso. 

Formado em Comunicação Social pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), teve a ousadia de apresentar, pela internet, um programa cuja temática era arte e cultura (http://www.youtube.com/loungecultural). Hoje, traduz uma famosa revista sobre música que é ícone no exterior. Também é colunista de duas revistas mensais online, Results On e Pix.


RESENHANDO – O que é luxo e lixo na literatura da atualidade?
LUIZ MARCONDES – Da atualidade, a única autora que li foi a Mayra Dias Gomes, mas ela não é nem luxo, nem lixo: é uma moça inteligente, talentosa. Creio que ainda está longe de desenvolver todo seu potencial – o que, aliás, deve ser até natural, considerando que ela mal completou 22 anos. Do lixo, não sei, fico longe desse tipo de coisa, percebo pelo cheiro. Tem gente que gosta de chafurdar nisso aí, adora falar mal, se lambuzar na merda, eu não. Se está fedendo, saio de perto. É só. 


RESENHANDO – Sua imagem foge do estereótipo que as pessoas ainda têm de escritores – geralmente senhores ou nerds. Isso interfere em sua credibilidade como escritor?
LM – Clara Averbuck não é nada disso, é uma mulher toda tatuada e, que eu saiba, não é nerd. Fernanda Young também não é nerd. Mayra Dias Gomes é uma gata e super roqueira e tal. Carol Teixeira é linda, deslumbrante, tatuada e gostosa pra caralho. O mais perto de um senhor, que eu saiba, talvez seja o Mirisola. Agora... Credibilidade... Nem sei, lancei o livro em 13 de novembro! Não sei se tenho credibilidade. Tenho? Não sei. 


RESENHANDO – Explique o que é “a fase azul”?
LM – Uma fase depressiva, de paixões idealizadas, impossíveis. De muita solidão do pior e mais verdadeiro tipo, a existencial, quando se está sozinho, mesmo cercado de gente. Não é pra qualquer um, meu amigo. Nem eu sei como escapei. Às vezes me sinto como um sobrevivente de alguma guerra, mas o conflito é interior, sempre. 


RESENHANDO – Por que você, como publicitário, resolveu se lançar na literatura? 
LM – Eu escrevo desde os dez anos. Publicitário veio depois. Eu sempre inventei histórias. Comecei a escrever “a sério” (ou seja, com pretensões de ser lido) aos 22 anos, no último ano da faculdade de publicidade. Eu não estou nem aí pra publicidade, mas tenho contas a pagar, como (quase) todo mundo. 


RESENHANDO – Quais as diferenças e semelhanças entre as criações publicitária e literária?
LM – São imensas! Criar para um cliente, que está pagando, criar para um produto, marca, serviço. Criar para um público bem definido. Isso é publicidade. Criação literária: o público sou eu. A motivação vem do subconsciente, ou da alma. Nem seu sei por que escolho escrever isto e não aquilo. Quem manda é minha cabeça, não eu, eis aí um paradoxo interessante! 


RESENHANDO – Dos contos de seu livro, qual considera o melhor?
LM – O último. Porque ele tem suspense, fala de temas existenciais interessantes sem encher o saco do leitor e prende a atenção do começo ao fim (dizem). Além disso, só o desfecho dele, se tomado isoladamente, já é uma obra-prima, coisa de gente grande, nem eu sei como cheguei àquilo, sinceramente. Aponta talvez para o escritor que virei a ser nas próximas décadas, se Deus permitir. 


RESENHANDO – Em que você se inspirou para criar os personagens e situações do livro, como o sujeito que acredita que sua vida está sendo encenada, uma vila no deserto em que só vivem mulheres grávidas e a empresa que vende morte e ressurreição?
LM – As mulheres grávidas vi num videoclipe, nem lembro de que banda, em 2003, mais ou menos. O sujeito que acredita que sua vida está sendo encenada... Não sei de onde saiu isso, mas depois descobri que existe um episódio de Twilight Zone com um tema parecido, embora bem mais simplificado. A empresa que vende morte e ressurreição... bom, eu penso nisso o tempo todo. Vida, morte, ressurreição (ressurreição mesmo em vida, isto é, renovação de energias e de propósitos). Acho que são temas básicos para um ser humano, uma vez que a nossa vida um dia acaba. Penso nisso o tempo todo e me espanta muito que mais gente não fale sobre esses temas, acho o básico do básico da condição humana. 


RESENHANDO - Você tem algum ritual antes de começar a escrever?
LM – Tenho: viver. Só isso. Escrevo dentro da minha cabeça, não na hora que sento na frente do micro; nessa hora, só ponho no papel, ou melhor, na tela. Já escrevi contos no ônibus, indo pro trabalho. É só ir pensando. 


RESENHANDO - O que diferencia o homem Luiz Marcondes, do personagem que se mostra na internet? 
LM – Ah, se eu contar perde a graça. Digamos apenas que o homem é mil vezes mais doce e gentil que a “persona” ou personagem. E fisicamente mais bonito também (risos). 


RESENHANDO - O que faz você querer escrever mais, e o que trava seu processo criativo?
LM – Quando escrevo sou tomado por isso, pela “Mão do Diabo”, que desce sobre mim. Nem paro pra pensar, é algo necessário. Essa pergunta pra mim é a mais difícil, não consigo encarar a questão com objetividade, nem quero. Paro por aqui. Sorry. 


RESENHANDO – Você declarou que se considera um solitário e seu livro é sobre a relação homem-mulher e paixões não correspondidas. Também fala de depressão e solidão numa cidade gigantesca, como São Paulo. Como viver em uma metrópole interfere na maneira de pensar e agir das pessoas?
LM – Não sei, mas já morei num lugar muito menor, na praia, e aqui em São Paulo as pessoas têm neuroses mais interessantes. Só isso. 


RESENHANDO – Por que Jorge Luis Borges é seu autor preferido? 
LM – Não sei exatamente, mas foi o único escritor até hoje que me deu vontade de ler a obra toda e li mesmo, todos os contos e boa parte dos ensaios. Ele me transmite superioridade espiritual quando escreve, não é um autor de picuinhas nem mágoas, nem raivinhas. Quando fala de literatura, fala com amor. Quando escreve, é distante. Só há uma cena de sexo em toda a obra dele, que me lembre, apenas mencionada, no conto Ulrica. Esse distanciamento me encanta. É intelectual, quase espiritual. 


RESENHANDO – No blog de seu livro (www.afaseazul.blogspot.com), há um conto dividido em vários textos sobre os anos 90. O que essa década representa para você?
LM – Uma década cansativa, uma década perdida, de tentar montar bandas que não deram em nada, uma década em que perdi muito tempo deprimido, bêbado ou dormindo. A diferença é que agora estou acordado, em mais de um sentido. É doloroso estar lúcido e de pé, mas é o único jeito. A consciência é um monstro que uma vez desperto, não volta mais a dormir. O lado bom da década de 90 ficou no seu início, tempo de faculdade. Época divertida. A partir de 95, a coisa ficou preta, ou melhor azul, porque meu pai faleceu etc. e tal. Há um conto sobre isso, também. Ele se chama Um Minuto de Silêncio.


RESENHANDO – Como faz para conciliar os quadrinhos, a música, a escrita, e as atividades pela internet?
LM – Quadrinhos é coisa que tem mais a ver com minha adolescência, não leio mais hoje em dia. Música, escuto o tempo todo, é meu suprimento de oxigênio. A escrita é menos frequente, não sou prolífico, levei 14 anos pra escrever o livro. O problema mesmo são as atividades na internet, um vício, uma perda de tempo divertida. 


RESENHANDO – Falando em internet, por que seu programa acabou? Pretende voltar com ele?
LM – Acabou por falta de patrocínio. Adoraria continuar, se tivesse patrocinador. 


RESENHANDO – Na revista em que você trabalha, em vez de traduzir reportagens, ou artigos, não seria mais interessante publicar reportagens elaboradas por aqui?
LM – Também tem matérias elaboradas aqui, mas preferia que fosse inteira traduzida de ponta a ponta, pra eu poder ganhar mais. 


RESENHANDO – Ter na capa Roberto Carlos e Ivete Sangalo não foram escolhas óbvias demais?
LM – Eu não tenho nada a ver com a linha editorial da revista. Mas Ok, se pudesse mudar algo: colocaria a Ivete Sangalo, porém pelada. E o Rei é o Rei, sei lá. Pra mim, está legal. 


RESENHANDO – Em sua opinião, o que pensa do nível das traduções que são feitas de best-sellers internacionais?
LM – Graças a Deus, não tenho lido esse tipo de coisa, acabo de ler O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar. É chato, muito chato, mas é bom. Se é que me entende. 


RESENHANDO – Dizem que Paulo Coelho é bem visto pela crítica internacional porque os tradutores são bons. O que tem a dizer sobre isso?
LM – Desejo sucesso a ele, prazer a seus leitores; sigo lendo o que bem entendo, não acho o assunto relevante. 


RESENHANDO – Nesse sentido, a tradução pode elevar, ou destruir, um livro?
LM – Duvido muito que uma tradução possa transformar um "mau" livro num "bom" livro, mas o contrário é bem possível. 


RESENHANDO – Se fosse fazer uma lista dos cinco cantores/bandas, e das cinco músicas favoritas, quais seriam?
LM – Jane´s Addiction, “Three Days”. Soundgarden, “Room a Thousand Years Wide”. Queen, “Under Pressure”. David Bowie, “Sweet Head”. Red Hot Chili Peppers, “Give It Away”.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

.: Resenha crítica de "Atividade Paranormal", gênero terror

Nova tentativa de fazer um filme "realístico"
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em dezembro de 2009


O tema é interessante, mas diálogos pobres em meio a cenas arrastadas e sem fundamento colaboram para o fracasso do longa amador. Nem toque de Spilberg é capaz de salvar uma Atividade Paranormal. Saiba mais desta tentativa de filme de terror!


Como diz o ditado popular, "Nem tudo o que reluz é ouro". Por esse motivo, "Atividade Paranormal", longa dirigido e roteirizado por Oren Peli, tenta emplacar provando ser a "interpretação" de um fato verídico (já no início do longa "agradece" às famílias de Katie Featherston e Micah Sloat pelas imagens cedidas. Como assim?!?!). E, desta forma, sem muita cerimônia, o longa que até teve um empurrãozinho de Steven Spilberg, quanto à cena final, segue a receita do inovador "A Bruxa de Blair" (1999), mas não mostra a que veio e acaba sendo um novo "Cloverfield", em seu gênero.

Na película, tudo começa com a aquisição de uma câmera filmadora de Micah. Desacreditado de que seja algo sobrenatural, o rapaz pretende filmar o intruso que está tentando pregar uma peça no casal. No entanto, o que a filmadora capta no período noturno não é nada agradável. Decididos a dar um fim nas estranhas ocorrências noturnas, Katie e Micah, recorrem a estudiosos, enquanto que (para alegria ou também tristeza da nação), por meio da câmera coisas muito estranhas e inexplicáveis são registradas pela filmadora. O pior de tudo é que o tal espírito, com o passar do tempo, fica cada vez mais agressivo.

O fato é que o longa que está "semi-pronto", desde 2007, até que tenta convencer o público de que o casal de namorados está sendo atormentado por um espírito maligno. Contudo, as muitas cenas de enrolação (sim! porque nem há história para contar e os diálogos são muito pobrezinhos) somente desinteressam o público. Embora tenha uma cena final plausível, este deixa precedentes para uma continuação. Ora, nem emplacou este e já está pensando em uma continuação? Para um longa ganhar uma sequência, o anterior precisa ser no mínimo convincente, o que não é o caso de Atividade Paranormal. Por isso é importante lembrar: Talento não se vende e muito menos se é ensinado.

Outro ponto que deixa muito a desejar é o fato de o fantasminha -nada camarada- aprontar mil e uma coisas sem um pingo de fundamento. Muito pelo contrário, tudo o que acontece só reforça a questão chave a respeito do enredo: O que o tal espírito queria de fato com os dois? Daí surgem várias opções, entre elas... Atormentar o casal para seu bel prazer, somente possuir alguma das duas "pobres" almas. Sinceramente, acredito piamente que há somente uma resposta: O fantasminha só queria "ajudar" Oren Peli a descolar um dinheirinho. Francamente!


Filme: Atividade Paranormal (Paranormal Activity, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Terror
Duração: 87 minutos
Direção: Oren Peli
Roteiro: Oren Peli
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs, Ashley Palmer, Amber Armstrong

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

.: Entrevista com Caio Vecchio, diretor

“Precisamos desenvolver mecanismos que tornem o investimento no cinema brasileiro um bom negócio financeiro.” - Caio Vecchio

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em dezembro de 2009


Em entrevista ao Resenhando.com o diretor Caio Vecchio comenta detalhes sobre seu primeiro filme, Um Homem Qualquer, sobre o cenário cinematográfico e o que está lendo atualmente. Confira!


O entrevistado do R.G. de dezembro é o diretor de uma tragicomédia metropolitana que discute o que realmente importa, o que não importa e o que é relativo. Caio Vecchio, diretor de Um Homem Qualquer, seu primeiro filme, com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2010, fala ao Resenhando.com sobre o processo de produção deste lançamento nacional, além de falar da importância do cinema na sociedade e seus planos dentro do cenário cinematográfico para até 2011.

O diretor: Estudou Cinema na FAAP, em São Paulo. Iniciou a carreira em 1996, como assistente de produção do filme Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi. Trabalhou como assistente de direção e produção em inúmeros curtas-metragens, documentários e séries para a TV. Dirigiu os curtas Metástase (2002), Keró (documentário, 2003) e Amor de Mula (2004). Para a TV, dirigiu o documentário Catástrofe de Caraguá (2008). Um Homem Qualquer é seu primeiro longa-metragem.


RESENHANDO – Comente um pouco sobre o filme “Um homem qualquer”. 
CAIO VECCHIO - É um filme que fala sobre o drama de um homem que se encontra perdido e sem rumo. Além disso, ele está desempregado, sua companheira terminou o relacionamento com ele e, por isso, está pensando em se matar. Nesse momento de desespero, Jonas (Eriberto Leão) questiona os dogmas religiosos que aprendeu durante a vida. Muitas coisas tidas como certas passam a virar dúvidas e ele vai em busca de respostas. 


RESENHANDO - Na sua opinião, qual foi o momento mais marcante na produção do filme? 
CAIO VECCHIO - Nas cenas em que Isy (Carlos Vereza) contracena com Jonas no abrigo para moradores de rua. No final de cada take a equipe aplaudia a atuação dos dois. Foi emocionante, mas acho que o momento mais marcante foi depois da gravação da última cena. Depois de muitas dificuldades, havíamos acabado uma etapa importante - as quatro semanas de gravação - e nos abraçamos e comemoramos juntos no bar da Rua Augusta onde gravamos as cenas de Tico (Norival Rizzo) sequestrando o gringo (Javier). 


RESENHANDO - O que o público pode esperar de "Um homem qualquer"? 
CAIO VECCHIO - Uma identificação muito grande. Acho que todos passam por momentos em que a vida parece que não esta dando certo. Momentos de grande questionamento sobre o sentido da vida. Por tratar de temas existenciais, o filme agrada a todos os públicos. O amor, a política e a religião... os caminhos para se questionar a realidade... a dificuldade de ser feliz. Acho que outro diferencial está no fato de tratar alguns questionamentos básicos à Instituição Igreja que poucas vezes são citados no cinema: a invenção do pecado, a divinização do Jesus crucificado e não do Jesus redentor, a eterna dúvida da origem do homem, o conflito do Deus vingativo do antigo testamento ("olho por olho, dente por dente") com o Deus amoroso do novo testamento.


RESENHANDO - Como foi dirigir atores brasileiros importantes como Carlos Vereza, Eriberto Leão, Nanda Costa, Pedro Neschling e Norival Rizzo? 
CAIO VECCHIO - Foi muito tranquilo... uma harmonia muito grande no set. Até hoje nós somos grandes amigos. Estava muito ansioso antes do início das filmagens. Nunca imaginei que teria atores tão talentosos e renomados. Acontece que eles gostaram do roteiro e se dispuseram a entrar nesse processo coletivo de realização, que é o cinema. Cada um com sua forma de interpretar, trouxe para o filme uma carga dramática fantástica e fez o filme criar "corpo". Mesclando essa nova safra de atores - Eriberto Leão, Nanda Costa e Pedro Neschling com atores mais experientes como Carlos Vereza e Norival Rizzo, conseguimos fazer um belo filme! 


RESENHANDO - "Um homem qualquer" é uma tragicomédia metropolitana que discute o que realmente importa, o que não importa, e o que é relativo. Como esse assunto é tratado na película? 
CAIO VECCHIO - O filme trata basicamente dessa busca por respostas, por verdades que nem sempre são absolutas, da busca de si mesmo. Mas trata desse tema com muito amor e humor, por isso se trata de uma tragicomédia. Nela os dramas são apresentados de forma leve e despretensiosa. É como se o filme desse risada dele mesmo.


RESENHANDO - Como você analisa o cenário das produções cinematográficas brasileiras dos últimos anos? 
CAIO VECCHIO - Acho que em termos de qualidade técnica houve uma melhora significativa... Temos bons profissionais e bons equipamentos. O que precisa ser desenvolvido é a indústria do cinema: uma indústria constante e sustentável. Os profissionais precisam de garantias para se dedicarem ao trabalho com mais segurança. Precisamos desenvolver mecanismos que tornem o investimento no cinema brasileiro um bom negócio financeiro. O empresário precisa ver atrativos de retorno financeiro no investimento. Não podemos depender eternamente de subsídios fiscais e os filmes que atingirem o grande público precisam começar a andar com as próprias pernas...


RESENHANDO - Tendo em vista que o Resenhando é um site cultural e publica resenhas de livros, nós queremos saber se você gosta de ler. Há alguma obra que tenha lido e gostado? Qual? Por que? 
CAIO VECCHIO - Gosto muito de ler assuntos ligados a arqueologia antiga. Pesquiso muito as descobertas recentes, trechos de manuscritos antigos e tento traçar um paralelo com a Bíblia. Não vejo a Bíblia unicamente como um livro espiritual e sim com uma coletânea de livros (como biblioteca) que contam a história da origem da humanidade. Entretanto as religiões soberanas de suas épocas escolheram os textos de acordo com seus interesses. Os canônicos foram aceitos e passados para outras gerações e os apócrifos foram tidos como farsas e excluídos da história. A partir dos textos originais (pelo menos até que sejam descobertos outros mais antigos) que foram muito alterados no decorrer do tempo eu busco interpretar e desvendar passagens do nosso longínquo passado. 


RESENHANDO - O que está lendo atualmente?
CAIO VECCHIO - Nesse momento particularmente estou lendo "A epopeia de Gilgamesh", da Editora Martins Fontes. É talvez a história mais antiga registrada na forma escrita pelos Sumérios em cita, pela primeira vez, o caso do dilúvio. Eu fico fascinado!


RESENHANDO - O que o cinema representa na sua vida? 
CAIO VECCHIO - O cinema é uma forma de atuação social. Eu gosto muito de trabalhar com histórias próprias e que tratem de questionamentos que levam a mudanças individuais e coletivas. Pelo menos é o que eu tento. Acho que precisamos nos reinventar como indivíduos e como nação. Acredito que precisamos fazer cinema para crianças, intelectuais, para os questionadores e para o grande público. Não é a toa que a indústria cinematográfica do Estados Unidos é uma das mais importantes. Assim como o cinema foi usado nas últimas décadas para vender cigarros e bebidas, jeans, carros luxuosos, justificar guerras e abusos políticos, também pode ser usado para plantar sementes de questionamentos que possam levar a construção de um país e de um mundo melhor.


RESENHANDO - Já tem planos na carreira de diretor cinematográfico? Comente. 
CAIO VECCHIO - Vou dirigir um curta metragem chamado "Gogó da Ema Futebol Clube" em fevereiro. É um projeto infanto-juvenil sobre um time de garotos de 10 a 12 anos que está na última colocação de um campeonato. Também já tenho mais dois roteiros de longas escritos. As coisas não são tão rápidas como planejamos. Caso tudo dê certo, estarei gravando meu próximo longa metragem em 2011.

domingo, 1 de novembro de 2009

.: Entrevista com Fábio Brunelli, escritor de "Elas por ele"

“Talvez o principal (erro) seja ignorar as necessidades femininas. Aqueles corpinhos são bombas de hormônio. Temos que ser pacientes.” - Fábio Brunelli


Por: Helder Miranda
Em novembro de 2009


Em entrevista ao Resenhando.com o escritor Fábio Brunelli fala sobre o livro "Elas por ele" e sua carreira de jornalista. Saiba mais!



No mês em que completa 20 anos de telejornalismo, Fábio Brunelli revela ao site cultural Resenhando detalhes de seu primeiro romance, lançado pela Novo Século. Em outubro, milhões de brasileiros viram na TV a capa de Elas por Ele. O livro foi mostrado por Fausto Silva na vitrine do Domingão do Faustão. Agora, nesta entrevista ao Resenhando, o editor-chefe e apresentador do RJTV produzido pela TV Rio Sul, afiliada da Rede Globo, fala do jornalismo e do universo feminino na visão de um homem.



RESENHANDO – Como conseguiu, aos 20 anos, se tornar o âncora mais jovem da TV brasileira, em rede nacional?
FÁBIO BRUNELLI – Era novembro de 1989. No dia 9, um dos apresentadores do Jornal da Manchete 2ª edição ficou doente. Fui chamado às pressas para a apresentação. Nem tive tempo de sofrer por antecedência. Comecei a trabalhar na Rede Manchete dois meses antes, depois de conhecer o Jayme Monjardim – na época, diretor artístico da TV – e ser convidado para um teste. Nos anos seguintes, apresentei o Rio em Manchete, o Manchete Rural e o programa Free Jazz in Concert. Eventualmente, também apresentei outros telejornais em rede nacional, como o Edição da Tarde. Aprendi muito com toda a equipe: Alice Maria – a diretora de jornalismo, Ronaldo Rosas, Leila Richers, Leda Nagle, Carlos Bianchini e outros colegas com os quais dividi a bancada.


RESENHANDO – O que passou pela sua cabeça quando noticiou a queda do muro de Berlim?
FÁBIO BRUNELLI – 20 anos depois, ainda lembro da sensação de sorriso no meu rosto. Confesso que, talvez, mais pela estreia do que pela notícia. Eu era muito jovem na época. Ainda não tinha noção da dimensão daquele fato na história do mundo moderno. A queda do muro é o grande símbolo do fim da Guerra Fria. 


RESENHANDO – Como o âncora mais jovem da TV brasileira vê a não obrigatoriedade do diploma no curso de Jornalismo?
FÁBIO BRUNELLI – Não creio que o diploma seja ferramenta primordial para formar um bom profissional. No meu ponto de vista, “bom senso”, por exemplo, é mais importante. Com raras exceções, percebo nos jornalistas recém-formados a falta do espírito investigativo, questionador. Essa deveria ser a função das universidades: ensinar os jovens a pensar de forma crítica. Nossas redações precisam desse tipo de profissional.


RESENHANDO – Por que escrever um livro sobre as mulheres de sua vida?
FÁBIO BRUNELLI – No meu ponto de vista, as mulheres são o que há de mais interessante no mundo. Escrever sobre elas é um prazer. Um dia, no fim de uma sessão de análise em que falei muito sobre as mulheres da minha vida, o terapeuta deu um "sorrisinho" e disse que minhas histórias dariam um bom livro. Voltei pra casa, liguei o computador e comecei a escrever.


RESENHANDO – Você acredita que a ótica masculina, sobre o sexo feminino, consegue deixar de ser machista? Por quê?
FÁBIO BRUNELLI – Esse é um grande desafio: entender que não somos melhores, nem piores do que elas. Homens e mulheres são seres complementares. Temos ritmos diferentes, sonhos distintos. “Elas por Ele” descreve várias dessas diferenças. O personagem principal, que já foi casado três vezes e teve inúmeras namoradas, analisa de forma bem humorada as características femininas. Aspectos que tornam as mulheres ainda mais apaixonantes.


RESENHANDO – As experiências das relações anteriores podem levar as pessoas a não cometerem os mesmos erros, em um novo relacionamento?
FÁBIO BRUNELLI – Costumo dizer, brincando, que todo mundo deveria se casar três vezes, pelo menos. A gente só aprende vivendo. Certamente, a experiência das relações anteriores nos ajuda a evitar conflitos, a fazer escolhas cada vez mais conscientes. Com bom humor, o livro aponta caminhos interessantes que podem levar o leitor a uma saudável viagem em direção a autodescoberta. Esse é o nosso primeiro destino: nos perceber. Temos que nos dar conta dos nossos desejos, dos nossos medos. E assim, começar a tomar decisões mais conscientes do que realmente queremos.


RESENHANDO – Você afirmou que para dar realismo ao seu romance, a maioria das frases das personagens femininas foi ouvida ao longo de sua vida. Com base nisso, em que as mulheres se repetem mais?
FÁBIO BRUNELLI – Bem, muitas vão querer me matar agora. Mas, vamos lá: todas querem casar. As que já foram casadas, bem menos, é verdade. Mas se aparecer um homem especial, inteligente, carinhoso e “resolvido”, como elas dizem, por que não? Uma amiga me contou um segredo. Muito íntimo. Disse que só aceita um convite para jantar quando o homem preenche os requisitos necessários de um futuro marido. Mal sabe o anfitrião que a conta pode sair mais cara do que imagina...


RESENHANDO – Quais os erros que os homens sempre cometem nas relações amorosas?
FÁBIO BRUNELLI – Talvez o principal seja ignorar as necessidades femininas. Aqueles corpinhos são bombas de hormônio. Temos que ser pacientes. Elas precisam falar, precisam ser elogiadas, surpreendidas. 


RESENHANDO – O que o homem pode aprender com a mulher, e vice e versa?
FÁBIO BRUNELLI – Já que somos seres complementares, só temos a aprender com as mulheres. E elas com a gente. Como numa boa terapia, escrever “Elas por Ele” me ajudou a refletir sobre a minha vida. Hoje, consigo perceber com mais clareza o porquê das escolhas que fiz no passado, e das que faço hoje. Depois de voltar meu olhar, por meses, para a observação das mulheres, me dei conta mais ainda da necessidade de valorizá-las, de respeitá-las, de amá-las.


RESENHANDO – Como foi, para você, conciliar o trabalho de editor-chefe e apresentador de um telejornal, com a literatura?
FÁBIO BRUNELLI – Levei três meses para escrever esse livro. Aproveitei um período em que estava solteiro e passei as madrugadas escrevendo, já que trabalho durante o dia. Mas o maior desafio foi deixar de lado meu olhar de "editor". No telejornal, acabo sendo uma espécie de sensor do trabalho dos repórteres. Quando comecei a escrever "Elas por Ele", fiz um trato comigo: teria que me deixar mais permissivo. Assim, restou apenas o prazer pela criação.


RESENHANDO – Sobre o que é seu próximo livro?
FÁBIO BRUNELLI – Já tenho um esboço do novo romance. Estou escrevendo sobre a vida. Na verdade, sobre a necessidade de se libertar da própria cultura para viver melhor. Mas, no momento, meu desejo é que os leitores se divirtam e se reconheçam nas páginas de "Elas por Ele". Torço para que sintam o mesmo prazer que tive ao escrevê-lo.

Sobre o lançamento da editora Novo Século - Elas por ele: Com bom humor e um olhar apaixonado, o jornalista e escritor Fabio Brunelli descreve o paradisíaco inferno das relações entre homens e mulheres. A história de Leonardo e Carolina, Vitória, Marina, Bruna, Júlia, Nina… mostra do que um homem é capaz na busca do par ideal.

A livraria e o cinema se tornam cenários para encontros amorosos. O romance moderno mergulha no Orkut. Alimenta paixões com e-mails instigantes. Inspira-se na música e no chocolate. O texto contemporâneo nos convida a uma análise pessoal. Os pensamentos de Leonardo o conduzem à autodescoberta, nosso primeiro destino. E, ao viver o presente, segue viagem rumo a novos amores eternos.

A sedução é um dos ingredientes da história. Com a experiência do telejornalismo, o autor livra o leitor da farsa dos adjetivos. Traça perfis e narra fatos num ritmo empolgante. Focaliza os detalhes para escrever a vida e interpretar os sonhos de um homem que acredita no amor.

.: Entrevista com Marco Haurélio, escritor, cordelista, poeta e professor

“Aos seis anos eu já sabia o que queria. Com essa idade, tentei escrever o primeiro cordel” - Marco Haurélio

Por: Imprensa Editora Paulus / Da Redação do Resenhando
Em novembro de 2009


Conheça melhor o escritor baiano que contribui grandemente para a divulgação da cultura popular em formato de literatura de cordel. Saiba mais de Marco Haurélio!


O escritor, cordelista, poeta, professor e pesquisador do folclore brasileiro e da literatura de cordel no Brasil, Marco Haurélio Fernandes Farias, mais conhecido pelo nome duplo, Marco Haurélio, revela em entrevista toda a magia da literatura de cordel. O representante do Brasil que contribui significativamente para a divulgação da cultura popular brasileira, é um baiano nascido em Riacho de Santana, no dia 5 de julho de 1974.

Ele que gosta de filmes como Um Lugar ao Sol, Arizona Nunca Mais, Cidadão Kane, O Colecionador, Ben-Hur e Mary Poppins, tem em sua bibliografia diversos livros, entre eles: Os Três Porquinhos em Cordel, As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Todos, Breve História da Literatura de Cordel, As Três Folhas da Serpente, Traquinagens de João Grilo, Romance do Príncipe do Reino do Limo Verde, além de seu mais recente lançamento, A Lenda do Saci-Pererê em cordel, publicado pela Editora Paulus. Saiba mais do autor de A Lenda do Saci-Pererê em cordel, Marco Haurélio!




RESENHANDO – Como surgiu a ideia de escrever o livro?
MARCO HAURÉLIO - O Saci é um personagem que fascina crianças e adultos. Ainda hoje existem relatos de pessoas que o avistaram em alguma localidade rural. Há tempos eu queria escrever algo sobre o personagem, mas não queria ficar apenas na descrição de suas características ou de suas peraltices. Daí, pesquisei em vários livros e ouvi alguns relatos da “aparição” do personagem. Recriei-o a partir de várias fontes, todas elas de tradição popular. 


RESENHANDO – O que você espera passar para as crianças com esta obra?
M.H. -As crianças encontrarão no personagem deste livro uma figura simpática, mas que não foge de sua função de atazanar as pessoas. Não quis fugir às suas características, mas também busquei evitar cair no lugar-comum. É um livro infantil que agradará também outros públicos, pois se preocupa, antes de mais nada, em contar uma história.

RESENHANDO – Na sua opinião, o que as crianças mais gostam na história do Saci?
M.H. - O Saci é um personagem que tem DNA africano, indígena e europeu. Entretanto tudo aconteceu espontaneamente, sem interferência consciente. As suas peraltices remetem aos seres do folclore europeu, como duendes e leprechauns. A única perna faz lembrar a lenda do ciápode, um ser mitológico. O gorro também é europeu. A cor e o cachimbo são referências africanas. Em alguns lugares, como no nordeste, ele é retratado como a ave peitica. Acredito que essa mistura facilita a rápida identificação, pois aproxima o personagem de culturas aparentemente tão distintas. Outra coisa a considerar é a peraltice, tão própria das crianças. Embora o Saci exagere em algumas brincadeiras, as crianças acabam se identificando com esse lado traquinas do personagem.



RESENHANDO – Qual outro personagem do folclore você escreveria um livro e por quê?
M.H. - Acho Cobra Norato uma das mais belas lendas, por misturar as tradições indígenas com as crenças europeias. Também escreveria sobre uma lenda urbana, A Moça do Cemitério, que tem forte apelo junto aos jovens, apesar de sua temática ser muito antiga.


RESENHANDO – Fale um pouco sobre a literatura de cordel no Brasil e seu interesse por esse estilo.
M.H. - Não há, em nenhum outro país, uma literatura popular com o mesmo vigor daquela praticada no Brasil. E o cordel, gênero da poesia popular, é o maior responsável por essa honraria. Entrei em contato com o cordel ainda criança, na Ponta da Serra, localidade rural do sertão baiano, no município de Riacho de Santana. Quem me apresentou à literatura de cordel foi minha avó paterna, Luzia Josefina. Ela era também grande contadora de histórias. Num armário antigo, na sala, estava o baú do tesouro: uma gaveta na qual ela guardava os folhetos e romances de cordel. Aos seis anos eu já sabia o que queria. Com essa idade, tentei escrever o primeiro cordel. Aos oito eu já fazia ABCs (cordéis mnemônicos que seguem a ordem do alfabeto), poemas diversos e vários romances de cordel, espalhados por muitos cadernos que guardo como um tesouro.  

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

.: Entrevista com Umberto Gonçalves, escritor pela Editora Scortecci

“A Literatura como um todo me faz viajar. É onde encontro muita paz, conhecimento e busco a sabedoria que ainda não encontrei.” - Umberto Gonçalves


Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em outubro de 2009


Conheça melhor o escritor Umberto Gonçalves, autor de "Cabo Genaro: Homem de Honra”, publicado pela Editora Scortecci.



Natural de Moreno, Pernambuco, Umberto Gonçalves, um  escritor que acredita no poder do ser humano em enfrentar os problema da vida, fala ao site cultural Resenhando sobre o seu livro Cabo Genaro: Homem de Honra, seus planos literários, o gosto pela leitura e o seu amor pela escrita. Saiba um pouco mais deste verdadeiro HOMEM  DE HONRA!




RESENHANDO – Na sua visão de escritor o que é ser um HOMEM DE HONRA? 
UMBERTO GONÇALVES - Na minha visão, Homem de Honra é todo aquele que tem “vergonha na cara”. Não se trata de valentia no sentido de violência, mas para enfrentar os problemas que a vida apresenta. 


RESENHANDO – Como surgiu a história de “Cabo Genaro: Homem de Honra”, publicado pela Editora Scortecci? Comente um pouco sobre o livro. 
UMBERTO GONÇALVES - A história de Cabo Genaro: Homem de Honra surgiu com o intento de contar sobre coisas e costumes do Nordeste do Brasil, aquela terra tão rica e cheia de coisas pra contar. Melhor saber lendo o livro.


RESENHANDO – Como foi o processo de criação deste livro? Por que você decidiu escrever um livro com uma temática bastante forte? 
UMBERTO GONÇALVES - Ora, o tema não é tão forte assim. Talvez um pouco cru, sem meias palavras. O livro conta algumas histórias. De todas conheço um pouco. O resto tive que inventar com a experiência, com a convivência que tive na Região.


RESENHANDO - Qual o sentimento ao ver um livro publicado?
U. G. – Um sentimento similar ao nascimento de um filho. 


RESENHANDO - Como foi despertado o seu gosto pela leitura, e consequentemente, pela escrita?
U. G. – Uma vez fui redator de um pequeno jornalzinho (redundância proposital). Comecei a escrever e não parei mais.



RESENHANDO - O que gostava de ler durante a sua infância e adolescência?
U. G. – De família pobre, não tinha rádio, TV ou qualquer outro entretenimento que não fosse a revista “O Cruzeiro” e eventuais jornais atrasados. Lembro que meu primeiro livro, afora os didáticos, foi Antologia dos Poetas Brasileiros. Ainda o tenho. Foi o primeiro... Responde também a parte da última pergunta.


RESENHANDO - Atualmente, na hora da leitura, qual o seu estilo preferido? 
U. G. – Continuo um sonhador. Amo ficção. Sei que não é verdade hoje. Amanhã, quem sabe? Gosto mais da prosa.


RESENHANDO - O que a literatura representa em sua vida?
U. G. – A Literatura como um todo me faz viajar. É onde encontro muita paz, conhecimento e busco a sabedoria que ainda não encontrei. 


RESENHANDO - Quais seus planos no meio literário?
U. G. – Depois de publicar o “Dr. Zezinho e o Cabo Genaro – Homem de Honra, tenho pronto, no prelo, Zapadojna, uma história passada no Rio de Janeiro, na época da ditadura. Neste, também escrevi sobre os costumes daquele povo maravilhoso que é o Carioca. Atualmente escrevo uma história que ocorre em São Paulo, Santos e São Sebastião, ainda sem título. No mais, é deixar que o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos ilumine e guarde.


PING-PONG
Gosto de: Amigos e Sashimi.
Detesto: Falsos amigos e Limão.
Meus escritores favoritos são: José Lins do Rêgo (Meu Pé de Laranja Lima), Jorge Amado (Capitães de Areia), Margot Morrell  (Sharckleton), entre tantos outros bons autores.
Escrevo por: Amor
Mensagem para o público: Como tímido que sou, espero que este meio traga entretenimento a todos. Me comprometo a trazer aqui, antes que qualquer lugar, o próximo trabalho (ZAPADOJNA). Que Deus os abençoe!

.: Entrevista com Ildi Silva, atriz cosmopolita

“Fizeram teste a partir da saliva e detectaram a proporção de europeu, negro e ameríndio no meu sangue, coisa que nunca tinha imaginado.” - Ildi Silva


Por: Renato Krausz
Em outubro de 2009


A bela e as feras: capa da revista VIP de outubro e aprendiz de vilã em novela, Ildi Silva, a mulher mais bonita da TV na atualidade, fala sobre tudo, inclusive de Caetano Veloso.



A atriz Ildi Silva é mesmo cosmopolita. A influência genética de diferentes raças a transformou num tipo de mulher ideal, como você pode comprovar no ensaio da revista Vip de outubro. Além disso, Ildi costuma dizer que é bapaioca, uma junção de baiana, paulista e carioca: nasceu e morou até os 16 anos em Salvador, e nos últimos 10 anos se dividiu entre São Paulo e Rio e de Janeiro. Ela adora as três cidades.

Anote aí a receita: misture código genético na proporção 75% europeu, 19% negro e 6% ameríndio. Acrescente um pouco de energia baiana diluída com agito paulista e tempere com astral carioca a gosto. Leve às passarelas e deixe desfilar por uns quatro anos. Depois mergulhe em cursos de teatro nacionais e internacionais e ponha à prova em telenovelas das três maiores emissoras do país. Espere completar 27 anos (em 8 de outubro) e pronto: você criou uma Ildi Silva, essa morena de olhos verdes cuja beleza e talento são impossíveis de reproduzir numa receita que não seja exatamente esta. 

A proporção genética não é chute: foi aferida por um teste de DNA encomendado pela BBC de Londres. Seus traços desconcertantes lhe renderam uma música de Caetano Veloso (Musa Híbrida, do álbum Cê, de 2006), com quem ela teve um affair, sobre o qual não gosta de comentar. Hoje, na pele da secretária Dinorá Melo, Ildi diverte o público na cômica novela Bela, a Feia, da TV Record.




Explica essa história de a BBC fazer teste de DNA com você. 
ILDI SILVA – Me ligaram dizendo que estavam fazendo uma pesquisa no Brasil sobre mistura de raças. Fizeram teste a partir da saliva e detectaram a proporção de europeu, negro e ameríndio no meu sangue, coisa que nunca tinha imaginado. Minha avó paterna é negra. Meu avô era branco e tinha olho claro. A família da minha mãe descende de holandeses, mas tem misturas também. 


E onde o índio entrou nessa história. De gaiato?
I.S. – Ah, é. Uma das duas famílias deve antepassados ameríndios. Ou as duas. É uma mistura boa.


Dá para separar algumas partes? Por exemplo: o olho vem dos holandeses...
I.S. – Poxa, brasileira, baiana... O quadril não tem jeito. É mais avantajado, uma influência dos negros. A pessoa malha, corre, mas não adianta. Agora até que entrei nos eixos. O formato do meu rosto é igual ao do meu pai, mas os traços são iguais aos da minha mãe, com o nariz mais fino. É uma mistura mesmo. Fico imaginando como serão os meus filhos...


Como você entrou nos eixos?
I.S. – Corro seis quilômetros todos os dias. Também vou à academia. E acertei a alimentação também. Antes eu fechava a boca por dois dias e depois comia um monte de porcaria. Hoje gosto de comida orgânica e aprendi a cozinhar.


Onde você corre?
I.S. – Na academia ou na praia. Vou do Arpoador até o final do Leblon e volto.


Você trabalhou nas três maiores emissoras do país. Como você as compara?
I.S. – Todas me agregaram experiências muito boas. No SBT fiz uma novela de época, coisa que eu nunca tinha feito. Me senti muito privilegiada. A Globo foi onde eu trabalhei mais, lá é maravilhoso. Agora na Record estou no meu primeiro trabalho. Estou adorando, eles estão com uma ótima estrutura, estão investindo muito para atingir um patamar muito bacana de dramaturgia. Tudo é muito bem tratado, a direção, a iluminação, tudo. 



Você acha que o bom-humor é o motivo principal do sucesso da novela?
I.S. – Eu acho, a novela tem um lado cômico que eu gosto muito. A Dinorá, minha personagem, tem um sarcasmo bem engraçado.


Ela é uma secretária bajuladora ou alpinista?
I.S. – Acho que as duas coisas e eu ainda colocaria mais uma, ela é uma aprendiz de vilã. O primeiro momento em que ela tiver oportunidade de fazer algo para se dar bem, ela vai fazer, seja coisa boa ou má. Ela também maltrata muito a Bela.


Você maltratava as meninas feias na escola?
I.S. – Não, isso nunca. Aliás, pelo contrário. Às vezes eu chegava com o cabelo bagunçado, sem as tranças, com o braço roxo. Havia umas meninas na escola que queriam me bater, fazer algum mal, só porque eu era bonita. Eu me sentia acuada.


Hoje morando no Rio, do que você mais sente falta em São Paulo?
I.S. – Quando eu vim morar no Rio, há cinco anos, eu sentia muita falta de São Paulo. Eu brinco que eu sou bapaioca, mistura de baiana, paulista e carioca. Em São Paulo sinto falta de andar na Oscar Freire, de usar roupas de frio, de ir a restaurante a qualquer hora do dia ou da noite. Mas fui me acostumando com o Rio, até porque tem o mar, como na Bahia, e hoje amo morar aqui.


E de Salvador, o que você mais sente falta. Não vale dizer que é da família porque seria muito óbvio.
I.S. – Da energia que tem lá. É diferente de qualquer outro lugar. Já viajei muito, mas quando chego a Salvador, eu não sei explicar, não sei se é espiritual ou o quê, mas existe uma coisa que me conecta, que me dá força. Eu me sinto revitalizada, como se eu fosse uma bateria que colocassem na tomada. É uma vibração muito diferente.


Quais restaurantes você mais gosta nessas três cidades?
I.S. – Em Salvador, o Soho, na Marina, onde a gente come na varanda, olhando o mar. No Rio, tem vários, gosto muito do Market, em Ipanema, que tem comidas orgânicas deliciosas. E, em são Paulo, eu adoro o Spot.


Quando você veio a São Paulo, você fez curso de teatro no Wolf Maya, né? O que você aprendeu lá?
I.S. – O foco maior lá era televisão, não teatro. Foi muito importante, não tanto na parte prática, mas na teórica. Conheci muitos dramaturgos, li muitas peças. Também estudamos questões corporais. Na parte prática foi legal porque me preparou para a TV. Eles têm um cenário lá que reproduz uma rotina de emissora.



O cinema está entre os seus planos?
I.S. – Quero muito fazer cinema. A preparação para um filme é bem diferente da TV, mais demorada, é um pouco parecida com a do teatro. Na TV tudo é mais imediato. No ano passado fui para Los Angeles fazer um curso de interpretação com o Aaron Speiser, que foi coach do Will Smith e da Jennifer Aniston. Era para ficar um mês, mas fiquei seis. Foi incrível. O curso me amadureceu muito como atriz.


E não pintou uma chance de fazer filme por lá?
I.S. – Fiz ótimos contatos com pessoas do cinema de lá. Mas tive de voltar por causa do meu visto, que não era de estudante. E também houve o convite do (Edson) Spinello (diretor de Bela, a Feia) para trabalhar na Record. Mas minha vontade é voltar para os EUA assim que puder.


Você casou com 19 anos, certo? Não era muito adolescente?
I.S. – Fui morar junto quando tinha 20 anos. Eu estava em São Paulo sozinha, trabalhava como modelo, e ele também morava sozinho e trabalhava como modelo. Ir morar junto foi natural. Foi bacana, vivemos muitas coisas juntos.


Depois que você se separou, que lição tirou da vida a dois?
I.S. – Para um relacionamento dar certo é preciso aprender a fazer concessões e a querer estar junto. 


Você já se definiu como romântica. O que você faz quando quer muito agradar um namorado ou pretendente?
I.S. – Gosto de fazer surpresas e de ser surpreendida.


Qual a maior surpresa que você já fez?
I.S. – Estar muito longe, em outro estado trabalhando, e voltar só para almoçar com a pessoa.


Há uns três anos só se falava no seu affair com Caetano Veloso. É difícil para duas pessoas famosas se conhecerem e iniciarem um relacionamento em paz?
I.S. – Todo mundo, de qualquer área, tem uma vida particular. Para nós é diferente porque estamos muito expostos. Estamos dentro da casa dos outros, nas novelas, nas revistas, então é comum querer saber da nossa vida. Minha única saída é ser uma pessoa muito reservada, tento ao máximo preservar minha vida pessoal.



É por isso que até hoje você não fala sobre o Caetano?
I.S. – Nunca falei sobre isso. Não faz diferença, eu acho. O que eu digo é que somos muito amigos, temos muito carinho um pelo outro.


Que trecho você mais gosta de Musa Híbrida, a música que ele fez para você?
I.S. – Gosto da música como um todo. Acho linda a música. O Caetano é genial.


Você tem planos de ser mãe?
I.S. – Tenho. Sou muito família, acho muito legal ter uma família. As pessoas na minha área acabam dando um peso maior para a profissão. Mas não há coisa melhor que ter uma família, ter um marido, ter filhos, acho que isso só ajuda, só agrega coisas, não atrapalha. Lá em Los Angeles eu via muitos atores novos, talentosos, bem-sucedidos, todos com família. Eu quero isso para mim. Não é para já, mas não vou perder de vista nem deixar passar quando for a hora.


Você está namorando? 
I.S. – Estou.


Pode falar quem? 
I.S. – Um empresário mineiro, Régis Campos. Estou muito feliz.


Então você corre o risco de virar bapaiocaeira?
I.S. – Ai, ai, é verdade. 

Fonte – Revista Vip (http://vip.abril.com.br)
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