domingo, 26 de junho de 2022

.: Entrevista: Janaron Uhãy: "Não estou torcendo para ninguém"

Participante indígena do povo Pataxó se destacou no programa "No Limite" pela habilidade nas provas, mas deixou o reality na última terça. Foto: Globo / Fábio Rocha

As habilidades nas provas do "No Limite" surpreenderam: Janaron Uhãy se destacou não só pela força e determinação, mas também pela tranquilidade que demonstrava em momentos de grande tensão. O competidor virou destaque dentro e fora do reality show, chegando a ser um dos favoritos ao prêmio pelos fãs, mas acabou não se saindo tão bem no jogo social, já que deixou de fazer alianças fortes o suficiente para formar maioria em um portal.

Com a união das tribos no programa e o início da dinâmica individual, Janaron se tornou um alvo fácil e terminou eliminado pelos seus companheiros. Na entrevista a seguir, o participante explica a sua estratégia e a escolha de fazer um jogo mais introspectivo. Ele também comenta a mudança de tribos e repercute o carinho que vem recebendo nas redes sociais. 

 
Você foi um dos participantes que mais movimentou torcida nas redes sociais ao longo da temporada. Agora aqui fora, foi surpreendido ou já imaginava que seria um dos favoritos do público?
Janaron Uhãy -
Eu não imaginava essa proporção imensa de ser o favorito ao prêmio nas redes. Eu fui tão surpreendido ao chegar aqui fora e ver essa repercussão, a grandeza com que o povo me acolheu e me considerou um vencedor, não só com o meu povo pataxó, mas também entre outros povos indígenas e as pessoas de todo o Brasil. Fiquei muito surpreendido de ver isso tudo, essa maravilha, acolhimento, carinho e amor. 
  

Algo muito comentado ao longo da sua participação foi a representatividade indígena que você trouxe. Na sua visão, qual a importância disso? 
Janaron Uhãy - 
Eu, como representante do meu povo pataxó, acho que a maior importância é ver a história sendo contada por nós, indígenas. Para mim, é muito importante estar em rede nacional falando um pouco da nossa cultura, mostrar a pintura. O meu povo e outros povos sofreram, foram esquecidos. E ter a oportunidade de levar essa representatividade foi importante para ajudar a quebrar paradigmas. Foi uma descolonização, muito importante para a cultura e para mostrar a história sendo contada pelo indígena. 


Você tinha muitas habilidades que eram importantíssimas nas provas e se destacou em vários momentos. Quais você avalia como os seus pontos fortes e fracos no jogo?
Janaron Uhãy - Dentre os meus pontos fortes, vejo alguns que mais predominam: natação, força, agilidade e tranquilidade. Acho que a tranquilidade foi um ponto muito forte e que fez muita diferença no jogo. Nos pontos fracos, acho que talvez eu precisasse ter formado uma aliança. Não vejo como um ponto fraco, mas faltou uma desenvoltura no programa. 


Apesar de ir muito bem nas provas, você mencionou que deixou a desejar no jogo social, no acampamento. Ser mais observador era uma estratégia?
Janaron Uhãy - 
O meu jogo era eu comigo mesmo. Depois, quando tive noção de que eu precisaria fazer aliança, era tarde, não tive como reverter.


Qual era a sua estratégia no jogo?
Janaron Uhãy - 
A minha estratégia era simplesmente fazer acontecer e ficar na minha, tentar me manter bem, cuidar do meu emocional, não deixar os outros participantes me atingirem. Eu tentei me manter forte mentalmente e cumprir na hora das provas. Manter bem a minha mente para o meu físico poder fazer nas provas. Mas não foi suficiente porque faltou o jogo social. Acho que o meu erro foi esse. 
  

Você foi um dos participantes que trocou de tribo, saiu da tribo Lua e foi para a Sol. Que diferenças sentiu? 
Janaron Uhãy - 
Quando aconteceu a troca, foi um momento do jogo em que me senti acolhido, muito bem, fiquei em paz ali. E nesse sentido, com o enredo que estava acontecendo, eu já estava satisfeito de ter chegado até ali.


O que mudou no seu jogo a partir dessa troca?
Janaron Uhãy - 
Mudou a minha mente. Se eu saísse depois da troca, eu já estava em paz, tranquilo e satisfeito de chegar até o ponto que cheguei. 
 

Você tentou uma aliança com os meninos na tribo Estrela aos “45 minutos do segundo tempo”, mas não foi o suficiente para se salvar. Agora eliminado, você se arrepende de não ter feito alianças mais cedo no jogo?
Janaron Uhãy - 
Realmente, tentei fazer para que eu continuasse no jogo. Não me arrependo, se fosse diferente talvez eu não teria seguido os meus princípios. O social prejudicou, sim, poderia ter ficado mais se tivesse chegado nas panelinhas, mas o meu jogo não era esse, não seria eu, o Janaron, se eu fizesse de outra forma. 


Como foi a experiência para você, valeu a pena?
Janaron Uhãy - 
Como eu vejo a galera falando na Bahia, valeu a pena e a galinha toda. Valeu demais ter participado dessa experiência, viver isso tudo. Foi bom demais, uma maravilha. Se me chamarem de novo, eu iria. Mas seria eu mesmo, da mesma forma, não teria outra visão de jogo. Não sei o que acontece, quando tem um prêmio envolvido as pessoas mudam de personalidade. Mas eu seguiria sendo o Janaron mesmo. 

Para quem fica a sua torcida?
Janaron Uhãy - 
Na verdade, sendo sincero, vejo que eu não tenho uma torcida definida. Nesse momento, não estou torcendo para ninguém. 

"No Limite" tem exibição às terças e quintas, após "Pantanal", com apresentação de Fernando Fernandes, direção de gênero de variedades de Boninho, direção artística de LP Simonetti e direção geral de Angélica Campos. O reality é mais uma parceria da Globo com a Endemol Shine Brasil, com base no "Survivor", um formato original de sucesso. Ana Clara apresenta o "A Eliminação" aos domingos, após o "Fantástico".

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