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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

.: Crônica: só não gosta de ler, quem não encontrou o livro certo

Por Luciana de Gnone*


Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro revelou que o brasileiro lê em média 4,96 livros por ano. Pode parecer bastante, mas os franceses, por exemplo, chegam a ler mais de 20 obras no mesmo período. O que explica então o desinteresse pela leitura, especialmente entre os mais jovens, no nosso país?

Acredito que estas estatísticas negativas sobre leitura estão, em parte, ligadas à obrigatoriedade de ler os grandes clássicos da literatura brasileira durante o ensino básico. Não me entenda mal, não estou criticando os clássicos, longe de mim.

O que quero dizer é que a maioria das pessoas tem dificuldade em ler e interpretar a linguagem rebuscada dessas narrativas. Esta formalidade, aliada à obrigação imposta sobre estas leituras, acaba criando um afastamento entre os jovens e a literatura que infelizmente se estende para a vida toda.

Há algum tempo, em uma conversa de família, soube que minha sobrinha de 15 anos, que até então não gostava de livros, finalmente descobriu sua paixão pela leitura. Isso aconteceu porque ela estava lendo um livro que despertou seu interesse.

Este caso retrata minha crença que defendo quase como um mantra: a pessoa diz não gostar de ler até ler um livro que gosta. Não acho que o ser humano seja avesso à leitura. Acredito apenas que cada um tem estilos, gostos e interesses diferentes.

Desde que comecei a escrever romances profissionalmente, tento reverter este movimento contra a leitura que parece ter se enraizado na nossa cultura. Na verdade, todas as pessoas que não leem hoje são potenciais leitores, basta encontrar o livro certo.

Como escritora, uso meu ativismo pró-leitura para enfatizar a importância dos livros no desenvolvimento humano. Inclusive, costumo indicar três caminhos para quem não gosta de ler descobrir como identificar os títulos certos para investir seu tempo.

Para saber quais são os seus gêneros literários preferidos, basta analisar os filmes e séries que você mais assiste. Depois, vale procurar os trabalhos de autores destes gêneros e ler resenhas de livros escritos por eles para encontrar aquele que mais chama a sua atenção.

Tem ainda a regra 80/20: se você leu 20% do livro e não gostou, o melhor é deixá-lo de lado e começar uma nova leitura. Se até ali você não se encantou por aquela história, talvez não seja o livro certo ou mesmo o momento ideal para ele.

Se você conhece alguém que se encaixa neste perfil de brasileiros que não gostam de ler, sugira estas técnicas. Pode ser o incentivo necessário para que mais uma pessoa descubra o potencial dos livros e se apaixone pelo universo mágico da literatura.

* Luciana de Gnone é escritora e autora do suspense policial “Evidência 7: Segredo Codificado”.


.: Evidência 7: além do "quem matou" e mergulho na mente do assassino

domingo, 13 de fevereiro de 2022

.: Ri Happy entrega produto igual a lixo e tacha cliente de inerte


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


Passou uma semana inteira da reclamação feita sobre a entrega de produto em estado deplorável que chegou a mim, da Ri Happy, em 4 de fevereiro. Até dia 11, nenhuma resposta me foi dada, mesmo com a reclamação aberta no Procon. Decidi procurar alguma mensagem na rede social em que entrei em contato. Lá pediam os meus dados, enviei. Rapidamente, tive a devolutiva, às 15:47:

"Muito obrigado pelo envio dos seus dados, Mary! Já enviamos o seu caso ao setor responsável e assim que tivermos um retorno entraremos em contato, tá bom? Permanecemos à disposição."

Respondi: "Ok". Depois, às 16:33, recebi a seguinte mensagem:

"Oi, Mary. Verificamos que você abriu caso no Procon. Dessa forma, prosseguiremos com a tratativa e atendimento por lá, tá bom? Permanecemos à disposição."

Respondi mais uma vez: "Ok".

Eis que ao consultar os vários documentos anexados ao caso, encontrei a resposta da Ri Happy no Procon. Detalhe: a devolutiva foi enviada pela empresa somente na sexta-feira (11/02), às 18:10, ou seja, após eu voltar a procurar a Ri Happy no Facebook e enviar os meus dados é que o caso teve uma devolutiva aleatória. Tudo isso sem contar com o perigo que a empresa me expôs, solicitando o envio de dados por rede social. 

Contudo, o absurdo não ficar por aqui. Pasmem! A Ri Happy tirou print da minha reclamação via Facebook e anexou junto ao Procon. Sim! Com minha foto e tudo. Nem se deu ao trabalho de somente usar a conversa, privada, que é o que importa para a reclamação. 

Eis que a devolutiva junto ao Procon foi o pedido de arquivamento e, eu, cliente, compradora, ainda fui chamada de inerte pelo jurídico da Ri Happy, além de ter minha mensagem privada exposta. Com que direito esso tudo é feito?! Que acinte!

Na rede social, apenas apontei o problema na entrega do produto que chegou em estado deplorável e avisei que iria procurar o Procon. Assim o fiz para que a empresa resolvesse o problema, não busquei conversa fiada em rede social. 

Assim, o caso que data de 04/02, com mais de uma semana, segue sem resolução. Sigo eu, com a minha compra parecendo lixo, fui mais uma vez humilhada, agora como uma pessoa com inércia -por não responder rede social, no caso, enviando meus dados pessoais, os quais já estavam no Procon- e o jurídico ainda tem a audácia de solicitar arquivamento do caso sem a resolução devida e solicitada por mim desde o início. 

Quero o produto que comprei em perfeitas condições, em caixa lacrada e não igual a um lixo, que foi o que recebi. 

Qual será o limite da empresa que desrespeita o cliente, por vezes seguidas, tendo a compra em mãos toda avariada?! É de indignar qualquer um o tratamento abusivo que venho recebendo da Ri Happy!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


.: Compre na Ri Happy Brinquedos e receba o produto igual a lixo!


domingo, 6 de fevereiro de 2022

.: Compre na Ri Happy Brinquedos e receba o produto igual a lixo!



Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


Uma boneca colecionável que desejo há tempos. Eis que apareceu uma propaganda do item com um preço muito atrativo. Pensei: - Chegou a minha vez de tê-la! Gerei o boleto, paguei na segunda-feira (31/01) e aguardei a entrega, que aconteceu na sexta-feira (04/02). 

No mesmo dia, de tarde, recebo uma mensagem de zap da minha mãe avisando que havia sido entregue uma caixa toda amassada e fotografou o estado da encomenda. Sim! Tudo o que compro vai para a minha mãe, pois lá há portaria e nunca tive problemas com o recebimento, diferente de quando vinha para a minha casa. 

Compro muito, mas muito mesmo pela internet, inclusive de fora do Brasil. Nesses anos todos, nunca recebi algo novo em estado de lixo. Eis que chegou o dia e veio especialmente com o nome da Ri Happy Brinquedos. Aliás, até mesmo o nome da loja está enquadrado no amarrotado da embalagem. Contudo, o mais assustador foi que o cara-de-pau do entregador teve a audácia de dizer ao porteiro do prédio que a caixa só estava amassada, pois o produto estava inteiro. Mais descaso?! Desconheço!

Ao ver aquilo, fotografei, filmei o produto e procurei o SAC da Ri Happy, no site. Resultado: tentei por vezes enviar a reclamação com foto, porém nas diversas tentativas, a mensagem com anexo não prosseguiu.

Assim, antes de procurar o Procon, achei melhor enviar uma mensagem inbox, no Facebook para a Ri Happy.

"Fiz uma compra que foi entregue pior do que lixo. Contudo, trata-se de um item colecionável. O prédio tem portaria e o produto foi recebido. De acordo com ele, o entregador disse que apesar do estado da caixa, o produto estava inteiro. Ora! Trata-se uma entrega que além de estar com a caixa estragada, ainda estava violada -a ponto de o entregador afirmar que o produto estava inteiro. 

Quero saber qual é a posição da Ri Happy quanto ao ocorrido, uma vez que realizei uma compra, não recebi uma doação. No aguardo de um posicionamento antes de eu entrar no Procon."

No sábado, dia 5 de fevereiro, tive o seguinte retorno.

"Oi, Mary! Sentimos muito pela situação, esse não é o padrão de serviço que gostaríamos de proporcionar aos nossos clientes. Você pode nos informar se deseja solicitar a devolução, por favor? 

Você pode nos passar nome completo e CPF do comprador, telefone, e-mail e número do pedido, por favor?

Mesmo se optar por não prosseguir com a devolução, precisamos dos dados para encaminhar seu caso ao setor responsável para que tomem as devidas providências, ok?

Estamos à disposição, aguardamos o retorno."

Ué! Se eu procurei a Ri Happy fazendo uma reclamação é óbvio que quero o item novo, na caixa lacrada e em perfeito estado. Não a devolução do dinheiro e seguir sem o item que ainda tem disponível no site e lojas. 

Com o péssimo serviço realizado até a entrega, eu enquanto cliente, recebi um produto deteriorado e, de brinde, uma dor de cabeça. Claro! Terei de resolver essa, sendo que se a Ri Happy tivesse embalado adequadamento e o entregador não tivesse feito uma pilha em cima dessa caixa, nada disso teria acontecido.

Detalhe: a portaria do prédio da minha mãe não é responsável por recusar uma entrega e muito menos de manter uma caixa amassada na cabine para realizar a troca para mim. Tudo o que quero é o que comprei, a boneca com a caixa em perfeitas condições. No momento, o que garanti foi um gasto para receber um lixo e uma baita dor de cabeça. 

A ironia vem pronta e estampada na mesma caixa deteriorada: OBA! Meu brinquedo chegou! Revoltante!

Agora é esperar a solução no Procon!

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm



sábado, 5 de fevereiro de 2022

.: Crônica: teorizadores do achismo espalham aleatoridades como verdades

Ilustraçao de Banksy

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


Quem me conhece, sabe o quanto eu detesto o Facebook. Ao meu ver, é uma rede social que foi transformada da pior forma. Aliás, já começou mal. Até implicou no encerrado do Orkut. Sei que o zap é, indiscutivelmente, o meio mais usado para disseminar ideias aleatórias e infundadas. Contudo, a rede social do tio Zuck, não fica tão atrás. Para tanto, aproveito o espaço para refletir a respeito de uma das "Teorias Facebookianas".

Lembro-me de que na época da rede social em que era preciso ser convidado para entrar, existiam comunidades em que se discutiam teorias. De todos os tipos. Com discussões e exposições de ideias. Tudo com respeito. Uma comunidade muito movimentada, era justamente sobre a das teorias do seriado "Lost", sucesso do momento. Embora fossem suposições somente para a história de um seriado, havia uma preocupação em se ter fundamento para convencer os membros participantes. 

No entanto, após tantos anos, tudo o que se vê exposto e defendido, como verdade absoluta, muito disso no Facebook, são insanidades tiradas de delírios. Assim, ideias medíocres, sem sentido, são livremente disseminadas. Hoje em dia, o que mais temos na internet são os achadores do nada.

Lembro de quando estava numa conversa e desconhecia o assunto a fundo, simplesmente me calava. Era hábito procurar saber e não ostentar a falta de conhecimento. Para tanto, logo se pesquisava sobre em livros ou ainda se esperava dar meia-noite para plugar o fio do telefone no computador e tentar encontrar mais informações em sites confiáveis. 

Hoje em dia, ser ignorante, nas mais variadas leituras do termo é sinônimo de lacre puro. Assim, os que nada sabem bradam verdades próprias, sem conhecimento de causa e buscam sempre coro. De fato, uma mentira muitas vezes repetida torna-se uma verdade, ao menos para os de mente fraca. 

Eis que vi entre os comentários de uma notícia, no Facebook, sobre a pandemia um achismo curioso. Segundo o achista, pessoas com sangue do tipo O não se infectavam ao dizer que conhecia alguém que tinha tido contato com o vírus e não havia se contaminado. Abaixo, surgiram diversos apoiadores, enquanto que outros deram exemplos de que aquela teoria era furada. 

Como era sabido, a pessoa que levantou a teoria fundamentada no achismo puro, simplesmente partiu para a ignorância com os que exemplificaram os casos em que pessoas de sangue O foram infectadas, até mesmo ficaram em estado grande ou dos que faleceram. Claro! A pequena amostra de uma pessoa não infectada, para a achista da vida, tinha mais valor do que todos aqueles casos relatados. 

Enfim, o meme "corram para as colinas" faz cada vez mais sentido, embora estejamos em 2022.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm



segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

.: "Fique em Casa", uma crônica sobre o "BBB", de Alexandre F. Azevedo


O escritor Alexandre F. Azevedo escreveu uma crônica sobre o "Big Brother Brasil", que estreia nesta segunda-feira, dia 17 de janeiro. "Fique em casa" faz parte do livro recém-lançado "Conversando com Paredes", sobre a casa mais vigiada do país. Com lirismo característico, Alexandre comparou a saída da casa com a pandemia. Confira!


"Fique em Casa"

Por Alexandre F. Azevedo*

— Alexandre… (Longa pausa dramática.) Com 87% dos votos, foi você o escolhido. Seu tempo na casa chegou ao fim. Vem viver sua vida aqui fora!
— Ei, espera aí. Assim, de supetão?
— Como “de supetão”? Já é seu quinto paredão e sua mala inclusive está pronta aí do seu lado.
— Mas eu achei que era só jogo de cena, pra manter a audiência ligada até o final.
— Não, infelizmente não é jogo de cena. Vem! Sua família te espera.
— Você só pode estar maluco. Meus pais já têm mais de 70 anos, não posso ter contato próximo com eles não.
— Olha, eu sei que é difícil se desfazer desse sonho, mas chegou a hora de você encarar a realidade aqui fora. Tem muita coisa boa te esperando!
— Tipo o quê?
— Você agora é uma celebridade. Não vai mais conseguir andar na rua sem ser assediado, pessoas querendo uma selfie pra postar no Instagram, esse tipo de coisa…
— Como assim? Assédio, selfie? Na cartilha que vocês nos mandaram estava escrito em caixa-alta: EVITAR O CONTATO PESSOAL!
— Olha, realmente aconteceu esse probleminha…
— Probleminha? Também estava escrito que não era pra acreditar de modo algum em quem dissesse que era apenas um “probleminha”. Não estou entendendo mais nada, achei que eu entraria nessa casa e sairia com a minha situação resolvida, mas pelo visto me dei mal.
— Alexandre, eu sei que você está preocupado e não tiro sua razão. Estamos em um momento difícil, mas que passará, como tudo na vida. Veja pelo lado bom, agora você é uma pessoa pública e pode ajudar a conscientizar a população.
— Mas quem irá me reconhecer, se sou obrigado a sair de máscara?
— Você pode fazer lives dentro da sua casa mostrando como pode ser boa a vida no confinamento, afinal você já tem experiência no assunto.
— Uma coisa é me divertir numa casona dessa, com festa toda semana, bebida e comida à vontade, tempo livre, gente bonita, piscina, academia e o escambau; outra é ficar preso naquele meu quarto e sala, com vista pra parede do outro prédio e uma internet que cai o tempo inteiro.
— Infelizmente, não podemos nos responsabilizar por tudo que acontece após o programa. Cada um tem que achar um jeito de se inserir no mundo aqui fora. O próprio Rubinho, que saiu no último paredão, tá fazendo um sucesso danado confeccionando máscaras com rostos de ex-BBBs. Se a pessoa quiser sair sem ser notada, é só escolher a cara de alguém que participou dos programas mais antigos que é batata.
— Quer dizer que eu posso usar uma máscara com meu próprio rosto impresso?
— Claro, tem gosto pra tudo. Vem, o Brasil te espera!
— Bom, pelo menos ainda posso fazer presença em festas.
— Não existem mais festas.
— Como assim?
— Acho que falei besteira — murmurando baixinho.
— O quê?
— É isso mesmo, as festas foram proibidas.
— Como vou me sustentar sem fazer presença em festas? Torrei todo o meu dinheiro pra clarear os dentes e fazer uma abdomino plastia. Não sobrou mais nada.
— Você tem smartphone?
— Tenho.
— Então… Você pode baixar um aplicativo que vai te dar direito a receber uma ajuda do governo.
— Que bom… Quer dizer que não vou passar aperto? De quanto é esse auxílio?
— Seiscentos reais.
— Seiscentos reais?}
— Isso.
— … Tá, mas e a Solange? Ainda está me esperando aí fora?
— Bom… Você sabe que ela saiu logo na terceira semana… Olha, eu não vou te enrolar não, ela está morando com o Rubinho.
— Mas o Rubinho saiu daqui semana passada jurando que ia voltar pra Ju.
— Ju?
— Ju, a que saiu na primeira semana.
— Ah, lembrei. Aquela lourinha, né?
— A própria.
— É tanta gente que fica difícil de lembrar. Pois é, ela ficou com medo da pandemia aqui no Brasil e viajou pra longe.
— Foi para onde?
— Nova York.
— Sorte a dela, hein?
— Vamos mudar de assunto? Tenho certeza de que você fará muito sucesso quando sair da casa. Inclusive, existe a chance de você ser recebido pelo presidente da república! Tá cheio de gente querendo saber sua opinião sobre a cloroquina.
— Cloro o quê?
— Esquece. Vem, Alexandre, vem brilhar aqui fora!

*Alexandre F. Azevedo é médico, músico e escritor, lançou a coletânea de crônicas "Conversando com Paredes" pela editora Labrador, publica textos sobre as suas percepções de mundo no Instagram @conversandocomparedes





sábado, 1 de janeiro de 2022

.: O que o filme "Don't Look Up" nos ensina sobre privacidade

Por Francisco Gomes Júnior


Nos últimos dias um filme lançado pela Netflix tem dado o que falar. “Don’t Look Up” ou “Não olhe para cima” é um dos assuntos mais comentado em todas as mídias sociais. Com um elenco repleto de estrelas como Leonardo Di Caprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e Jonah Hill, o filme conta ainda com a participação da cantora Ariana Grande.

O filme causa controvérsia pois vê-se nele um retrato de nossa realidade. Sem dar spoilers, a história apresenta um mundo polarizado, uma imprensa de ética questionável, políticos sem escrúpulos e negacionistas de verdades científicas. O filme apresenta aspectos jurídicos relevantes de nossos dias, a começar por um mundo onde todos são monitorados, vigiados por celulares, redes e celulares desenvolvidos para esse fim.

Na trama, uma gigante de tecnologia controla o mundo digital, diminuindo a capacidade opinativa crítica de seus usuários e o CEO da empresa é considerado um guru tecnológico, um visionário do futuro. É uma mistura de Steve Jobs, Zuckemberg e Elon Musk.  O que se retrata é como as big techs capturam milhões de nossos dados sem que percebamos quando navegamos pelas redes sociais, aplicativos de conversação ou programas para fins específicos como treinos ou dietas. Elas possuem nossos dados pessoais, inclusive os sensíveis, sabem o que você curte, o que comenta, o que compra, enfim, sabem mais de você que você mesmo.

Leonardo Di Caprio interpreta o cientista que, juntamente como sua assistente Jennifer Lawrence quer comunicar ao mundo uma importante descoberta. Com o desenvolvimento da trama, as dificuldades para efetivar a comunicação vai crescendo, culminando com a parte final do filme, bastante tensa. O filme traz uma reflexão para nós brasileiros, se todos os nossos dados estão disponíveis nas mídias sociais, se sabemos inclusive que são vendidos na dark web e se os sistemas públicos e privados são com frequência alvo de invasões, será que a LGPD (Lei Geral de Proteção dos Dados) será suficiente para conter os abusos? Ou será que, como na película, as big techs irão capturar inclusive os poderes públicos?


De fato, no filme nenhum de nós de forma individual tem muita autonomia na gestão de seus dados pessoais. E somos estimulados a consumir novos aplicativos que as gigantes da tecnologia nos disponibiliza, sempre com novos avanços tecnológicos e novas funcionalidades. Se é inevitável em um mundo cada vez mais digital esse domínio crescente pelas mídias sociais e pelas empresas que as administram, como evitar um futuro catastrófico, sem nenhuma privacidade ou escolha sobre quais dados concordamos em disponibilizar?

Se muitos dizem que o filme é um retrato e até uma visão de nosso futuro, devemos torcer para que o final de nosso mundo não seja o mesmo da trama. E estamos em um momento chave, pois invasões de hackers estão ocorrendo e expondo dados de usuários, inclusive retirando aplicativos públicos por muitos dias do ar. Se a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) demonstrar que sancionará com equidade empresas públicas e privadas e atuar para que tenhamos uma cultura de cibersegurança, iremos evoluir, aguardemos.

Se você ainda não assistiu “Não olhe para cima”, assista e participe do debate que vem tomando nossas mídias nos últimos dias. E reflita sobre a importância de ser cada vez mais cuidadoso com seus dados pessoais.

Francisco Gomes Júnior - Advogado Especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Instagram: fgjr


.: Crítica: "Não Olhe Para Cima", comédia faz público rir da própria desgraça


.: Shopee: Feliz Ano Velho com venda de livro novinho e envio de brinde

Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em janeiro de 2022


Lidar com o outro é sempre uma tarefa árdua. De fato, o ser humano é muito complicado. Quando o assunto envolve o mínimo valor que seja, muito pode mudar de figura. Tudo começou com o interesse na compra de um livro. Tendo dois perfis, fez a mesma abordagem de "dar desconto como primeira compra". Pensei: "Não tenho uma loja de departamento com tantas opções de escolha, mas tudo bem". Aceitei. Quando queremos nos desfazer do que está além em nossa casa, acabamos aceitando certas propostas. 

Após a abordagem inicial, o comprador sumiu por mais de um mês até que no dia 22 de dezembro fechou a compra clicando na oferta de R$ 20,00. Mesmo o livro estando anunciado por R$ 30,00, lá fui eu tentar emitir a etiqueta. Sem sucesso, os sites dos Correios estavam fora do ar.

No dia 24, cedo meu marido foi procurar onde imprimir a etiqueta que foi emitida na noite anterior. Claro! O lugar estava fechado. Contudo, tínhamos um velório e enterro para ir. De qualquer forma, o pacote do livro tinha sido aprontado anteriormente, tendo junto do livro comprado, um outro de brinde.

Encontramos um lugar para a impressão e o pacote seguiu viagem.

No dia 30, o comprador puxou conversa no chat. Pois é! O vendedor tem a obrigação de responder ou recebe como punição a diminuição da porcentagem no espaço de atendimento como avaliação da loja. Logo, é preciso dar uma devolutiva a cada nova mensagem.

Após tantas perguntas que tentei responder enquanto limpava as minhas janelas de casa, por volta das 18 horas, no mesmo chat, o comprador alegou não ter recebido o livro, embora estivesse computado com encomenda entregue. Foi, então, que a história daquela "amizade repentina de chat" virou do avesso. 

E eu que tinha enviado o livro apesar de toda a dificuldade para impressão da etiqueta, enfrentar um velório e enterro, além da fila nos Correios, no dia 24 de dezembro, passei a ser a culpada pelo comprador não ter recebido o produto. Sim! Fiquei como a responsável pelo não recebimento do produto que constava como entregue.

Assim que li a justificativa de que a culpa de não ter recebido o tal livro era minha, enviei foto do comprovante de postagem com a observação: "Comprador iniciou conversa no chat dizendo estar sofrendo problemas de entrega com a Shoppe. Após longa conversa, entrou com o pedido de reembolso alegando não ter recebido o livro que foi com brinde."

Não satisfeita, voltou ao chat para me intimidar, inclusive usou outro perfil na plataforma de vendas. Contudo, assinalou a opção de recebimento do livro para deixar a seguinte avaliação com uma estrela: "Só pra deixar bem claro que estou saindo no prejuízo, pois confirmei o recebimento sem de fato receber o produto, não que isso seja culpa da vendedora mas a contestação dela foi totalmente sem fundamento, e ainda com insinuações a meu respeito que me magoaram demais, mas fica o aprendizado."

Ao ler isso, não há como ficar intrigado por toda a narrativa em que fui envolvida. Qual o intuito de forçar conversa no período da tarde e pedir por vezes meu número alegando que deixaria de usar a plataforma de vendas? Claro que não passei. Do contrário, minha lojinha seria banida dali. Por que assinalou ter recebido já que não o fora entregue?

Eis que respondi: "um livro novinho anunciado por R$ 30.00, feito a R$ 20.00 para ter 18% descontado, enviado na véspera de Natal, saindo de um velório e enterro, paguei a impressão da etiqueta para logo mandá-lo e seguiu viagem com brinde. Eis que fui tratada no nível do comentário acima. 

Assustador é que a mesma passou a tarde escrevendo no chat, mostrando preocupação com a não chegada das compras que faz na plataforma, alegando que deixaria de usá-la. O que a fez insistir na troca de números de telefones, ação proibida em plataformas de vendas.

Não se culpa o vendedor por não envio ou o ameaça, inclusive por meio de outro perfil, quando um produto consta como entregue, sendo que você não o recebeu. É preciso buscar quem assinou pelo recebimento, nos Correios, para que quando tiver o produto em mãos possa, de fato, confirmar o recebimento dele.

Basta ver meu histórico de vendas, nunca fui de destratar ninguém. Esse não é o meu modo de agir. 

Sou compradora. Aliás, muuuuuuito mais compradora do que vendedora nessa plataforma, portanto entendo muito bem o lado do comprador. 

Situação descabida, mas é vida que segue."

A verdade é que paguei R$ 2,00 pela impressão da etiqueta, logo esses foram os R$ 16,86 mais infernais da minha vida. Contudo, não deixarei de anunciar na minha lojinha, ainda que, mesmo enviando os prints das abordagens para a Shopee, incluindo a forçação para eu dar o número, nenhuma atitudade foi tomada. 

No fim, é preciso contar que do outro lado tenham sempre boas pessoas.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

.: Meu singelo adeus ao mestre Dirceu Fernandes Lopes



Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em dezembro de 2021


Há uma semana, maridão nem bem esperou eu abrir os olhos quando me disse que o professor Dirceu Fernandes Lopes havia falecido. Assim que entendi a mensagem, bateu uma sensação inexplicável de perda. Eu me formei na UniSantos, em 2004, e ele não chegou a ser, efetivamente, professor da minha turma. Uma lástima.

O Dirceu foi nosso professor substituto -o que era sempre uma surpresa. Sendo assim, o certo era sempre chegar no horário para não levar uma chamada dele, diante de todos. Vergonha! Eu adorava quando era ele. Até hoje repito o comentário que fazia sobre a fraca programação televisiva e os realities que estavam começando a emplacar: "isso faz a orelha de burro crescer". 

Ele podia fechar a cara para atrasos, mas sabia sorrir de modo acolhedor. Era a caricatura de um homem bravo: voz de trovão, sobrancelhas arqueadas e um bigodão. Como não tremer de medo de errar com ele? Foi nessa condição que eu o conheci. Não que antes eu não tivesse ouvido falar muito de Dirceu Fernandes Lopes. Havia unanimidade quanto o nome Dirceu: ele uma lenda para os alunos da FACOS, localizada na Rua Euclides da Cunha, em Santos. 

No primeiro dia da turma com o mestre, ouvimos a peripécia de ele ter jogado um celular pela janela. Um aviso direto para caso o de algum aluno presente chegasse a tocar durante a aula. Bem, eu nem tinha um. Minha obrigação era prestar atenção e anotar os ensinamentos. E são tantos repetidos por nós até hoje.

Se tenho mania de falar "Juízo, hein!", é por causa dele. Brincava comigo e meu namorado -que hoje é meu marido-, mas sempre terminava a conversa dando esse alerta. A verdade é que o professor Dirceu tentava assustar, mas logo descobríamos que ele era muito do bem, tal qual um paizão. 

Dava medo quando ele pegava os nossos textos, mas a devolutiva era de orgulho para quem recebia. Grifava tudo o que achava importante e fazia anotações. E até comentava com a gente sobre as ideias abordadas. Ele realmente lia o que tínhamos escrito. Isso conta muito quando somos foquinhas. 

Claro que quando comecei a dar aula de Redação para o ensino médio, muitas das minhas manias vieram dele! Como deixar de se lembrar do "Momento Mágico" quando ele premiava os textos dos alunos com livros? Outro hábito replicado por mim e meu marido.

Além das brincadeiras e conselhos dados nos corredores da antiga FACOS fica uma outra lembrança muito viva. Ao terminar a conversa, numa modalidade de despedida própria, o professor dava uns petelecos na barriga -dos rapazes. Nas moças, encostava de leve no braço e ia embora.

E como era legal encontrá-lo num ponto de ônibus ou numa rua de Santos. Geralmente de calça jeans, Hering branca, boné e mochila nas costas. Hoje em dia, partilho com meu marido, também ex-aluno dele a maravilha que é estar na rua com mochila nas costas, em roupas confortáveis e sair por aí.

Não é que havia a lenda de que ele não pisava em Shopping?! Claro que nós acreditávamos! Contudo, certa vez, eu e meu ainda namorado, encontramos o próprio, o professor Dirceu, no Praiamar Shopping. Iria ao cinema assistir "O conde de Monte Cristo". 

O professor não era só bom em recomendar filmes, mas também livros. Lembro que eu estava no primeiro ano de Jornalismo, quando meu pai deu um bom dinheiro para eu ir ao Gonzaga, comprar livros para a faculdade. Pois bem! Voltei com um que desejava há certo tempo "O Mundo de Sofia", enquanto que trouxe indicações dele: "Minha Razão de Viver" e "História da Imprensa no Brasil". Tenho todos até hoje, em minha estante.

Ensinou sobre ajudar a quem precisa e a ser grato. Essa é a imagem que tenho dele. Ele é a saudade que levamos daquele prédio na Euclides que nem existe mais.

Dirceu Fernandes Lopes foi gigante, não apenas por tudo o que representou para meu marido e, consequentemente, para mim. Ele é o cara!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Acompanhe a página no Facebook "A vida de Dirceu Fernandes Lopes": https://www.facebook.com/A-vida-de-Dirceu-Fernandes-Lopes

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

.: Crônica: "Homem-Aranha" e eu, por Mary Ellen Farias dos Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em dezembro de 2021


Cursava o segundo ano da graduação de Comunicação Social com ênfase em Jornalismo, na Católica de Santos. Era o ano em que os foquinhas tinham o prazer de escrever para o "Agência Facos", jornalzinho para os alunos iniciantes. Foi nessa época que o meu amor pelo amigo da vizinhança começou.

Até então, curtia muito o Homem-Morcego trazido para as telas de cinema pelas mãos de Tim Burton. Cresci assistindo "Batman", "Batman: O Retorno" e "Batman Eternamente" -os quais considero até hoje clássicos. Era uma época maravilhosa a de ir numa locadora e selecionar alguns filmes para nos divertirmos em família. Sim! Até meu pai, quando folgava do trabalho de turno, sentava com a gente e curtia. Aliás, tenho muito viva em minha memória cenas assim.

Mas os anos 90 se foram e em 2002, eu estava no segundo ano de Jornalismo, sentindo ainda mais a necessidade de escrever. Sem contar que a nossa turma de alunos fez o jornalzinho xerocado, era o "Sem Censura, Sem Frescura". Caso um texto fosse negado para o "Agência Facos", tínhamos uma nova chance.

E o "Homem-Aranha" com Tobey Maguire chegou aos cinemas já envolto de certa "confusão", uma vez que no ano anterior os terroristas haviam derrubado as torres gêmeas, o que deu trabalho para a produção que  precisou apagar a construção de certas cenas. Pois é! O burburinho foi crescendo. 

O que esperar do filme?! Não fazia ideia do que seria apresentado, o pouco que se sabia era por meio das mídias, sendo que a internet era a discada. Lembro do meu pai chegar com um jornalzinho distribuído gratuitamente e lá estava ele, na capa, era a manchete. Claro que eu tinha a certeza de querer assistir esse filme numa grande sala de cinema. 

Eu e o Helder éramos namorados. Estudantes com carteirinha para pagar meia entrada, fazia esquema com os horários dos filmes para que numa ida, conseguíssemos assistir também mais um filme. Esse, eu me recordo perfeitamente, não dava. Teríamos que assistí-lo e ir correndo para a faculdade. Sim! Eu não faltava por nada.

Na época, o assentos do cinema não eram numerados. Lembro de assistir parte de um filme de terror na escada do cinema, pois não encontrei lugar vazio, uma vez que a sala de cinema já estava no escuro. Nessa época o celular era um tijolão e para adultos. Logo qualquer adolescente comum nem imaginava ter.

Helder e eu já tínhamos nossos ingressos e quando adentramos a sala de cinema no Shopping Praiamar, que era "Cinemark", estava muito lotada. Claro que iríamos sentar juntinhos, mas, no meio da sala só restava a fila do gargarejo. Ficamos chateados, mas... Não tinha escolha. 

E foi assim, bem de cara, na primeira fileira, que assistimos o primeiro filme do Aranha, e por dias não parávamos de comentar certas cenas e diálogos. Sem contar que o desfecho até hoje vive em minha mente, volta e meia quando tenho dúvida sobre algo, lá vem a clássica pergunta que ele faz: "Who am I?". Claro que não sou o "Spiderman", sei bem quem sou e é bom sempre relembrar!

Ah! Sim! O meu texto sobre o filme foi publicado no "Agência Facos". E ainda ganhou uma retranca, pois outro aluno, nascido no mesmo dia que eu, também quis escrever um texto sobre o miranha. Geminianos, né?!


E foi nesse filme que o ator Willem Dafoe chamou mais a minha atenção. Sabia que o nome dele era sinônimo de bom filme, mas vê-lo como Duende Verde foi o ponto alto que me marcou. Ali, pontuei que aquele seria o maior vilão do miranha. E não é que o tempo passou, tantos rivais, mas nenhum tão demoníaco quanto o dele. E ao retornar em "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" ele arrebenta mais uma vez. Cara de demônio tal qual todo vilão deveria ter.

O tempo passou. Eu e Helder nos casamos e o nosso amor pelo cabeça de teia nunca diminuiu. Tanto é que trouxe o meu pote de pipoca do cinema, de plástico, do filme "Homem-Aranha 3", daquele que ele mistura com o simbionte, "Venom"

Lembro como se fosse hoje, a nossa gigante felicidade divida por comprar o BOX de DVDs do primeiro filme e por aí foi, a coleção seguiu crescendo... Com direito, inclusive, ao Homem-Aranha animado com Miles Morales. Sem contar as minhas blusinhas infantis do teioso. Sim! Volta e meia vou nas roupinhas de crianças e compro um exemplar para mim.

É assim o meu amor por esse herói que entrou na minha vida por meio da atuação incrível de Tobey Maguire e, desde então, nunca diminuiu. Claro que vê-lo retornar na pele do miranha mexeu com as minhas emoções. Inclusive, assisti duas vezes o filme, no Cineflix em Santos, legendado e dublado. Acabei chorando de soluçar na entrada dele -até quando já sabia que era ele.

Enfim... Sou muito marvete fâzoca do teioso criado por Stan Lee!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


segunda-feira, 22 de novembro de 2021

.: Crônica sobre o musical "Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate"


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em novembro de 2021


Sábado tive o prazer de adentrar num mundo mágico. Pude me deliciar com o musical "Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate", baseado na obra de Roald Dahl, um dos mais importantes escritores do mundo. O espetáculo da Atelier de Cultura é puro deleite e que, com carinho, leva o público para um universo de imaginação, assim que se passa da porta para dentro do Teatro Renault, em São Paulo.

No hall de entrada, espaços para fotos com personagens, bilhetes dourados para registrar cliques e alguns até no chão afixados, além de faixas com os atores devidamente paramentados. Não bastasse, há também uma lojinha com itens exclusivos e oficiais do espetáculo, além de uma mini fábrica de chocolate em que Willy Wonka aguarda por você para registrar um clique e lhe presentear com... Claro! Chocolate. Moedas grandes de R$ 1,00!!

Dentro, o teatro que oferece excelentes acomodações, apresenta no palco uma linda moldura com um gigante "W" no topo, completo com engrenagens e, ao centro, o tão cobiçado bilhete dourado. Quando o espetáculo começa, é fácil embarcar na história de Charlie para conseguir entrar na fábrica do senhor Wonka, ao lado do sonhador vovô Joe (Rodrigo Miallaret). 


Tudo no palco é muito enriquecedor, sempre permitindo que a história flua e envolva o público de 0 a 100 anos. O elenco, visivelmente, muito bem selecionado, com entrosamento perfeito, inclui os atores mirins a grandes nomes do teatro musical como o de Sara Sarres e Cleto Baccic. 

É lindo de se ver a explosão de cores nos cenários e figurinos, além dos efeitos que acontecem diante dos olhos de todos. Seja quando Violet vai inflando tal qual uma goma de mascar ou na cena mágica de Wonka e Charlie flutuando pelo palco num elevador transparente, num cenário estrelado

Em tempo, ver os Oompa Loompas dançando é de encher o coração de alegria de tão especial que é. Embora executem coreografias, por conta do tamanho das figuras, o fofurômetro chega no nível máximo. Uma mexedinha nas mãos de um ou nos pés de outro, já tornam a cena encantadora. 

Ter a oportunidade de vivenciar algo tão lindo é um presente que só pode acontecer até o dia 19 de dezembro, quando a temporada acaba. Eu aconselho: garanta seu ingresso!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm





.: O mundo é uma fábrica de pessoas ridículas (e eu posso provar porquê)


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando. 

As pessoas estão ridículas. Ri-dí-cu-las, e eu posso provar. Outro dia, estava no banco para receber meu salário. Quase em frente ao caixa eletrônico, enquanto um homem, que não estava na fila, fazia alguma coisa.

Quando a pessoa que estava na minha frente desocupou o caixa, a criança se planta na minha frente por uns bons cinco segundos, tempo suficiente de o homem, que estava na minha frente, mas não na fila e sim na lateral do caixa  (fazendo alguma coisa) entrou na minha frente com seu corpo de triângulo e sua perna de saracura.

Não havia ninguém atrás de mim. Ele bem que poderia esperar, mas por algum motivo ridículo como ele, sentiu-se no direito de me ultrapassar e, de certo, orientou o menininho que se plantou na minha frente para fazer aquele papelão. Um ridículo em miniatura. 

Como se não bastasse, o ridículo com pernas de saracura tinha uns dez papéis de depósito. Sacava, colocava no envelope e escrevia coisas com uma letra que, imagino eu, eram garranchos ridículos. Tudo para não deixar o próximo, que coincidentemente era eu, mas poderia ser qualquer pessoa, não passar na sua frente.

Afinal, na cabeça pequena e de maus-modos dele, era a sua vez e os outros que esperassem. As pessoas andam ridiculamente territorialistas. E idiotas... e meio abobalhadas na ânsia de preencher um espaço que consideram ser delas mas que, invariavelmente, acabam invadindo o dos outros. Eu só queria fazer um saque e liberaria o caixa eletrônico para ele continuar com suas ridicularidades da maneira que lhe apetecesse. 

No segundo envelopinho em que ele fazia o ritual saque-envelope-caneta, eu desisti, enfrentei outra fila e saí antes do coitado que se dispôs a esperar as peripécias do triângulo vivo que, ainda por cima, ostentava uma autoestima tão ridícula quanto tudo o que ele representava. Essa parte eu não sei, ridículo fazer juízo de valor dos outros, mas quando se está com raiva abre-se a brecha para uma trincheira de pensamentos, digamos... ridículos. 

O ridículo está em tudo. Na mulher que invade a selfie dos outros porque os filhos pequenos são ensinados a não respeitar o espaço dos outros porque desde cedo são intolerantes à espera justa. Aquela em que não se "furou a fila" de ninguém. Está no hit "Shallow", da Lady Gaga, em versão forró. Está em mim batendo a cabeça quase sempre no teto da garagem do prédio em que moro porque ele foi construído em uma época em que a estatura do brasileiro era menor. Está naquele que chora na chuva porque é um lugar seguro para as lágrimas não aparecerem, ou naquele que abafa as lágrimas no travesseiro quando sente saudade de alguém. 

E você ainda se pergunta o porquê de eu não ter reclamado nada para o cara na minha frente no caixa eletrônico, ou para a mulher que ficava incentivando um projeto de gente ridícula a invadir uma foto...

Porque tempos atrás eu xinguei um homem que furou fila no mesmo banco, e não tenho orgulho disso porque não sei xingar ninguém. Era um senhor metido a "novinho" que furou fila e as pessoas reclamaram. Por algum motivo ridículo ele pensou que era eu quem estava reclamando. 

Nunca seria, porque fui ensinado a nunca retrucar com mais velhos, por mais que eu esteja com a razão. Ele me chamou de idiota e, naquele dia, eu coloquei o dedo na ferida do calcanhar de Aquiles dele e o chamei de "seu velho babaca" em alto e bom som. Ele paralisou e saber que ofendi alguém não me fez bem. Mesmo depois de minha irmã dizer que "babaca" não era xingamento e que eu não sabia ofender as pessoas. Talvez para aquele senhor tenha doído mais pelo "velho", mas considero "babaca" bem ofensivo. E quando você fala o quanto alguém está sendo "desagradável". Basta usar essa palavra e você neutraliza a pessoa, que fica bem sem graça. Afinal, ninguém quer ser desagradável. 

Também não falei nada porque tenho escolhido bem minhas guerras para não me desgastar sobre o que não vale a pena. Xingar mentalmente é falsidade ou uma maneira civilizada de estabelecer uma convivência cordial? Não sei, mas tenho certeza de que quando me deparo com esses tipinhos, eu me vingo nas crônicas...


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

.: Crônica: devolução Shopee funciona igual presente de grego. Cuidado!

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em outubro de 2021


No final de 2020, a Mattel lançou a coleção Barbie Extra. Com vídeos animados lindos, apareceram três bonecas e cada uma levando o número 1, 2 e 3 na caixa. Demoraram um pouco para aparecerem no Brasil, foi por perto do início de 2021 que as vi numa loja em Praia Grande, litoral paulista. O valor? R$ 250,00. Preço que desde sempre eu e maridão consideramos incompatível. Na caixa informam haver 15 acessórios, mas nem assim. 

Vamos considerar que R$ 250,00 é dinheiro, ainda mais que é uma coleção inicialmente de três bonecas. O tempo foi passando, essas três primeiras foram aparecendo nas lojas, além de novas integrantes para a coleção Barbie Extra, sendo que o valor começou a sofrer reajustes e começou a beirar os R$ 300,00 cada uma. 

Concluímos que o melhor seria esperar uma remarcação da Mattel, coisa que até então não havia acontecido. Contudo, mês passado elas começaram a aparecer nas lojas de departamentos por R$ 199,99. Valor alto, mas ainda mais atrativo. 

Como era nosso aniversário de 15 anos de casamento, maridão resolveu me dar duas delas: a número 1 e a 3. Afinal, já tinha visto diversas da número 2 na Shopee por um preço menor. Esperamos a promoção "10.10" para resgatar cupons de desconto e usar na compra dessa Barbie Extra 2.

E foi o que fizemos, ou melhor, maridão. Ele comprou no Shopee dele. A boneca estava favoritada. Fizemos uma nova busca, aquela nova e lacrada era a mais em conta R$ 180,00, tendo ainda os cupons a serem aplicados. Compra perfeita! Ledo engano. Embora a busca dentro da plataforma tenha apontado outro anúncio, de uma no valor de R$ 160,00, por estar sem o diamante com glitter que vem colado na caixa, além de um pouco descabelada. Ficamos com a de R$ 180,00. Era completa, conforme as imagens de protótipo e descrição do produto.

Eis que recebemos a boneca com a caixa perfeita?! Não mesmo! Descabelada?! Exatamente.

Fomos até Praia Grande buscar as encomendas e ao abrir o embrulho, passei a procurar pela caixa o complemento. Nada mais tinha. Ao entrar em contato com a vendedora "mouzinho" a resposta foi indiferente, considerando solicitar logo a devolução. Contudo, ao entrar com a garantia estendida da Shopee, a vendedora tornou a escrever dizendo que não havia notado a ausência do item e que era um produto original.

Ora, em nenhum momento foi questionada a originalidade da boneca, apenas que optei por comprar aquela, R$ 20,00 mais cara por estar completa. Contudo, a cereja do bolo ainda estava por vir ao solicitar a devolução, pois o Shopee não gerou o número. Como nunca tínhamos realizado qualquer devolução, pensamos ser o número do pedido. O que só descobrimos na terça-feira, 19 de outubro, quando estávamos nos Correios. Para tanto, ainda mesmo na agência dos Correios, entramos em contato com o Shopee pelo Chat. Após passar o número do pedido e print de como aparecia, não havia o código de devolução, fomos informamos de que o número seria enviado manualmente e precisaria esperar 48 horas. 



Eis que na sexta-feira, ainda sem nada do tal código aparecer, entramos em contato com a Shopee, novamente por Chat, foi solicitado mais uma vez o número do pedido, print do "número de devolução", que não aparece, somente a informação "Drop off at Correios Logística Reversa". A atendente disse que no dia 19 foi enviado o código por e-mail -o que não é verdade, pois se trata de um e-mail de trabalho e é acompanhado diariamente. A moça nada resolveu e, desta vez, nem mesmo ajudou nos encaminhando para uma possível solução.

Enfim, nesse Brasil do absurdo normalizado, as coisas são favoráveis aos corruptos que sempre encontram meios de tirar vantagem em cima dos outros. O que faremos?! Tentar o Procon.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm

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