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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

.: Uyara Torrente traz o seu quebra-cabeça musical em disco

 
Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Marco Novack

Integrante da Banda Mais Bonita da Cidade, a paranaense Uyara Torrente está lançando seu primeiro disco solo, intitulado "Montada em Seu Cabelo". Um trabalho que se assemelha a um mosaico musical, com canções inéditas de autores contemporâneos e releituras de composições que marcaram a sua formação musical. O disco já está disponível nas plataformas de streaming.

Lançar um álbum solo representou um desafio, conforme explica Uyara. “Porque está intrinsecamente ligado aos processos pessoais, que trazem consigo inevitavelmente as inseguranças, os medos, tudo isso está presente ali. Como uma fotografia sonora”. A ideia surgiu em 2017 e acabou começando a tomar forma em 2021

Para o ouvinte, fica a impressão de uma cantora com uma voz suave e marcante, que canta um repertório convincente. Flertes com uma MPB imersa no estilo indie e um  vocal de timbre cool. Destaque para as deliciosas releituras de "Nuvem Passageira" (sucesso de Hermes de Aquino nos anos 70) e "Sereia" (hit de Lulu Santos que foi lançado originalmente por Fafá de Belém).

Entre as canções inéditas se sobressaem as faixas "Ela Vem", "Sol do Meio Dia" e "Pudera", que contam com arranjos marcantes. Uyara parece ter sido influenciada pela chamada Vanguarda Paulista, representada pelo Grupo Rumo. A cantora Ná Ozzetti poderia ter sido uma de suas influências.

Mas não pense que o som de Uyara se classifica como alternativo. Ela tem uma forte essência pop nos arranjos e na produção musical em si. Produz música que pode ser ouvida nas rádios ou até mesmo em trilhas de novelas ou minisséries da TV. E o mais legal é que ela não precisa fazer concessões para atingir isso. Tudo flui naturalmente. Tomara que Uyara estenda sua turnê para outros estados. Porque o público precisa  conhecer melhor o seu trabalho.

 "Ela Vem"

"Pudera"

"Sol do Meio Dia"

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

.: Vitor Novello estreia na música bem "À Beça". Confira entrevista!

Vitor Novello. Foto: Saulo Segreto


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Com 17 anos de carreira como ator, Vitor Novello inicia agora na música, com o lançamento do álbum "À Beça", que já foi disponibilizado nas plataformas de streaming. O trabalho mescla diversas influências musicais, passeando pelos ritmos tradicionais como o xote e por outros elementos relacionados com o pop contemporâneo. Em entrevista para o Resenhando, Novello conta como busca integrar a sua formação como ator na nova carreira musical e revela seus planos para o futuro. “Quero levar a minha música para o maior número de pessoas possível”.


Resenhando – Como foi se aventurar na música depois de uma carreira bem sólida como ator?

Vitor Novello – Foi algo bem natural. Porque a música sempre fez parte da minha vida. Eu já tinha algumas composições autorais. E graças a produtora carioca Reurbana pude concretizar essa iniciativa de gravar um disco. Lançamos um vídeo no YouTube que já contabiliza um número significativo de visualizações. Tudo tem sido um aprendizado diário, mas a receptividade do público tem sido bem positiva.


Resenhando – E a formação como ator deve ter contribuído para essa nova empreitada.

Vitor Novello – Com certeza. O fato de ser ator ajuda muito na concepção da performance no palco, de acordo com a mensagem da canção. Mas não posso deixar de mencionar o auxílio dos parceiros que tive nessa empreitada.


Resenhando – Fale sobre suas principais influências.

Vitor Novello – Minha formação passa por várias vertentes. Desde Luiz Gonzaga até o pop contemporâneo de nossa MPB, como o Nando Reis. Passei pelo som do Secos e Molhados, além dos representantes do Nordeste, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Alceu Valença entre outros. Todos foram muito importantes para minha formação na música.


Resenhando – Como foi a participação do músico Targino Gondim, autor de Esperando na Janela?

Vitor Novello – Foi na última canção do disco, que é um xote bem no estilo do que ele compõe. Fizemos o convite e ele aceitou de pronto. Quando ouvimos o resultado final ficamos muito emocionados. Tenho o Targino como uma referência nesse estilo e tê-lo ao lado tocando acordeon e cantando foi uma emoção dupla.


Resenhando – Fale sobre produção do disco e do show de divulgação.

Vitor Novello – A direção musical é de Beto Lemos, responsável pelos arranjos de quatro faixas do álbum “À Beça”. Tem repertório autoral e covers de canções conhecidas da MPB, como "Flor de Maracujá", "O canto da ema", "Conselho" e "Sanfona sentida". A direção do Beto Lemos imprime a linguagem pretendida ao show: um território híbrido entre música, poesia e dramaturgia.


Resenhando – Em paralelo, você continua trabalhando como ator?

Vitor Novello – Eu atuo desde os 10 anos no teatro, cinema e televisão. Interpretei personagens em novelas como "Paraíso Tropical" (2007) e "Malhação" (2015 e 2016), da Rede Globo. Há tempos eu divido o tempo entre o teatro e a música. Participei de espetáculos teatrais como "Zaquim" (2020 a 2022) e "Clube da Esquina - Os Sonhos Não Envelhecem" (2022). Também escrevo para teatro: em 2018 estreei a peça autoral "Mármore”, e lancei ainda o livro de poesia "Par ou ímpar", publicado em 2020 pela editora Penalux.


Resenhando – Como estão os planos para divulgar esse trabalho?

Vitor Novello – Fizemos um show no Rio de Janeiro em agosto, no Teatro Cesgranrio. Estou programando uma participação em um festival em Belo Horizonte e iremos fazer mais um show no Rio de Janeiro. Estou vendo a possibilidade de estender a turnê para outros estados. Nos próximos meses iremos definir esse planejamento e divulgaremos. Quero levar a minha música para o maior número de pessoas possível.


Ideia de Alguém


Não Corra Perigo


Teu Olhar Dá Bandeira



sexta-feira, 15 de setembro de 2023

.: Gaia Wilmer e Jaques Morelenbaum conjugam o verbo Caetanear em disco

Em dupla para conjugar o verbo Caetanear em disco. Foto: divulgação


"Trem das Cores" é um trabalho em homenagem à música de Caetano Veloso, artista fundamental nas vidas de Gaia Wilmer e Jaques Morelenbaum, que chega às plataformas de música, por intermédio da Gravadora Biscoito Fino.  O resultado prima pela excelência dos arranjos e releituras interessantes que fazem o verbo Caetanear passear com desenvoltura pelas ondas do jazz em alguns momentos.

Além do imenso prazer de estarem juntos tocando Caetano, a ideia do álbum é celebrar os 80 anos do baiano e, principalmente, valorizá-lo como compositor, para além de sua beleza como poeta e cantor. Sendo assim, Trem das Cores propõe uma viagem instrumental pela obra de Caetano Veloso: apenas duas das nove faixas são cantadas por Mônica Salmaso, convidada especial do projeto.

Gaia e Jaques trabalharam juntos pela primeira vez em 2018, numa homenagem aos 70 anos Egberto Gismonti, que incluiu uma série de shows de Gaia pelo Brasil e a gravação do álbum “Folia – The Music of Egberto Gismonti” (de Gaia Wilmer Large Ensemble, no qual Jaques era um dos convidados). Desde então queriam fazer algo juntos, e foi durante a pandemia que nasceu a ideia de homenagear Caetano Veloso.

O disco conta com Gaia Wilmer (Sax Alto e Arranjos), Jaques Morelenbaum (Cello e Arranjos), Maiara Moraes (Flauta, Flauta em Sol e Flautim), Aline Gonçalves (Flauta, Flauta Baixo e Flautim),

Gustavo D`amico (Sax Soprano), Eduardo Neves (Flauta, Flauta em Sol, Sax Tenor), Rui Alvim (Clarinete e Clarone), Pedro Franco (Guitarra), Vitor Gonçalves (Acordeom), Pablo Arruda (Baixo Elétrico e Acústico) e Diego Zangado (Bateria e Percussões). Monica Salmaso canta as canções "Trem das Cores" e "Um Dia".

Entre as faixas instrumentais destaco as releituras de "Queixa" (com um solo incrível de flauta e um arranjo que remete ao original em vários momentos) e de "Trilhos Urbanos". Entretanto, o disco inteiro merece uma audição do ouvinte, principalmente se você for admirador da obra do genial compositor baiano.

Trem das Cores


Trilhos Urbanos


Queixa



sexta-feira, 8 de setembro de 2023

.: Crítica musical: "Casa Ramil", uma família musical por natureza


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A família Ramil decidiu mostrar no palco um pouco de sua musicalidade. Como se abrissem a porta de sua casa para o público presente nas duas apresentações registradas no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, fizeram um registro raro e emocionante, resgatando canções consagradas e mostrando outras mais recentes. E esse registro chega agora nas plataformas digitais por intermédio do gravadora Biscoito Fino.

O espetáculo "Casa Ramil" teve como objetivo levar para o palco o espírito dos encontros familiares descontraídos na casa dos Ramil. Kleiton & Kledir e Vitor foram os pioneiros: conquistaram o país e colocaram a música do Sul no mapa da música brasileira. Já lançaram dezenas de discos e fazem shows pelo mundo afora. Suas canções foram gravadas por grandes intérpretes da música popular brasileira, como Gal Costa, Simone, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Nara Leão, Ivan Lins, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhotto, MPB4 e Chico César, além de artistas de renome da música internacional, como Mercedes Sosa, Jorge Drexler, Fito Paez e León Gieco, entre tantos outros.

Ian, Thiago, Gutcha e João Ramil, da segunda geração da família, já acumulam uma legião de admiradores em shows, discos e redes sociais. Já receberam vários prêmios importantes, com destaque para o Grammy Latino: Thiago foi indicado na categoria “Melhor Álbum Pop Contemporâneo”, e Ian saiu vencedor na categoria “Melhor Álbum de Rock”. 

O resultado dessa união familiar produziu uma espécie de colcha de retalhos musicais. O registro tem a indefectível "Vira Virou" (um dos primeiros hits da dupla Kleiton e Kledir, que fez sucesso também com o grupo MPB-4) e a bela "Estrela Estrela" (composição de Vitor Ramil que foi gravada por Gal Costa no auge de sua carreira, nos anos 80).

Mas o que chama a atenção são as canções menos conhecidas do grande público, como a surpreendente "Artigo 5º", na qual Ian Ramil coloca de forma genial uma melodia em ritmo reggae no texto do quinto artigo da Constituição Federal. Posso citar ainda a divertida "Autoretrato", cantada com maestria por todos. Há ainda a saudosista "Noite de São João", cuja letra lembra as festas juninas realizadas no sul do país.

O álbum foi gravado por André Colling e mixado/masterizado por Leo Bracht. O vídeo do show tem a direção de Renato Falcão (diretor de fotografia de "A Era do Gelo", "Rio", etc). Espero que a família Ramil resolva gravar mais um disco, uma vez que há várias outras canções que poderiam ser incluídas em um segundo volume.

"Vira Virou"

"Autorretrtato"

"Estrela Estrela"

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

.: Entrevista: Mu Carvalho fala sobre A Cor do Som em Santos


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Um dos grupos mais respeitados na nossa MPB, A Cor do Som marcou uma trajetória de mais de 40 anos mesclando elementos de nossa música tradicional com diversos outros estilos, promovendo uma fusão bem interessante que chegou a tocar bastante nas rádios nos anos 70 e 80. De uma certa forma, a banda ajudou a abrir as portas para o movimento do rock nacional que tomaria de assalto a rádios durante os anos 80. 

O fato é que Mu Carvalho (teclados), Armandinho (guitarra), Dadi Carvalho (baixo), Ary Dias (percussão) e Gustavo (bateria) conseguiram criar uma sonoridade que se tornou uma marca registrada da banda. E continua a atrair um público fiel em todos os seus shows. Nesta quinta-feira, dia 31 de agosto, eles estarão no palco do Festival Som das Palafitas, do Arte do Dique, a partir das 15h00, tocando seus sucessos cantados e instrumentais. Em entrevista para o Resenhando.com, Mu Carvalho conta como está a fase atual da banda, que acabou de conquistar o Grammy Latino com um elogiado álbum instrumental. E dá a sua opinião sobre a longevidade da banda. “Acho que conseguimos criar juntos um tipo de som que nos definiu como músicos”.

Resenhando.com - Qual é a receita para manter a mesma formação da banda há mais de 40 anos?
Mu Carvalho - No nosso caso, há realmente uma amizade sincera. Eu e o Dadi somos irmãos de sangue. Mas nós consideramos Ary, Armandinho e Gustavo como nossos irmãos também. Agora, se não houvesse uma empatia musical, isso não teria durado tanto tempo. É fato que nós, juntos, conseguimos criar um tipo de sonoridade que se tornou uma marca registrada da Cor do Som. Se você ouvir a gravação do Hino de Duran com o Chico Buarque na trilha da Opera do Malandro, vai perceber logo que o acompanhamento é da Cor do Som.


Resenhando.com - Há uma lenda sobre o início da banda. É verdade que vocês começaram a cantar por imposição da gravadora na época (Warner)?
Mu Carvalho Não foi bem assim. Já havia algumas faixas que cantávamos no terceiro disco. Com o tempo, percebeu-se na gravadora que algumas canções poderiam ser trabalhadas nas rádios. Foi um processo natural, que amadureceu aos poucos.


Resenhando.com - O último disco, chamado de Álbum Rosa, ganhou um Grammy Latino, só com peças instrumentais no repertório. Como foi a repercussão dessa premiação?
Mu Carvalho Foi uma surpresa muito agradável. Há tempos tínhamos esse desejo de gravar composições instrumentais, incluindo a regravação de duas canções que só tinham sido lançadas no disco ao vivo em Montreux, de 1977. Além de outras que foram importantes em nossa trajetória. O Grammy serviu como um reconhecimento dessa nossa área instrumental. É sempre um estímulo para continuar desenvolvendo a carreira.

Resenhando.com - Para o show de Santos vocês vão tocar esse repertório instrumental?
Mu Carvalho Vamos fazer meio a meio. Teremos uma parte instrumental e no final tocaremos algumas canções que foram sucesso de nosso repertório. Hits como "Beleza Pura", "Abri a Porta" entre outros

Resenhando.com - Além de A Cor do Som, você trabalhou na Rede Globo como produtor musical. Como foi essa experiência?
Mu Carvalho Foi importante demais para mim. Fiquei lá de 1994 a 2021. Fiz peças musicais para várias produções da TV. Isso me deu uma experiência incrível.

Resenhando.com - Além disso, você trabalhou com vários outros artistas e bandas?
Mu Carvalho Assim com o Dadi, fui muito requisitado para gravações em estúdio. E teve uma turnê da Legião Urbana na qual participei como músico de apoio da banda. Lembro com carinho a recepção do Renato Russo, que colocou um tapete vermelho para minha chegada no ensaio. Ele confessou que ia nos shows da Cor do Som antes de tocar profissionalmente. O Dadi também integrou por um tempo o Barão Vermelho. Gravou até um disco com eles.

Resenhando.com - De uma certa forma, A Cor do Som abriu portas para aquela geração do rock nacional nos anos 80.
Mu Carvalho Abrimos portas e acabamos atropelados por todas aquelas bandas (risos). Mas é interessante notar que muitos daquela geração 80 falam com carinho de nossa música. Tem um documentário sobre a Cor do Som no Canal Music Box Brasil que confirma isso.

Resenhando.com - Vocês já tocaram várias vezes aqui, no litoral paulista. Lembra de alguma passagem que te marcou?
Mu Carvalho Lembro de um show que fizemos na praia, em Santos, no início dos anos 80. Eu estava com um teclado novo, que havia acabado de adquirir. Aí, no meio do show, alguém da plateia cismou de jogar areia para cima. Em pouco tempo era areia pra todo o lado. Quando voltamos para o Rio de Janeiro, levei o teclado no técnico que fazia a manutenção nele. E ele ficou assustado com a quantidade de areia que havia entrado dentro do instrumento. Nunca me esqueci dessa passagem. Mas é preciso dizer que o público do Litoral sempre nos recebeu de forma calorosa. Toda vez que tocamos aí é sempre um prazer enorme.

Resenhando.com - Vocês têm canal de comunicação na rede social?
Mu Carvalho A banda está sempre atualizando informações nos canais das redes. No Instagram, Facebook e YouTube é só acessar @acordosomoficial, Eu também tenho um canal no YouTube : @MooCarvalho.

Serviço:
Festival Som das Palafitas. Instituto Arte no Dique - Av. Brigadeiro Faria Lima - Rádio Clube - Santos. Horário: 15h. Entrada Franca

"Beleza Pura"

"Abri a Porta"

"Frutificar"

sábado, 26 de agosto de 2023

.: Entrevista: Aline Calixto resgata a obra de Clara Nunes em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Carioca de nascimento e radicada em Minas Gerais desde os seis anos, a cantora Aline Calixto vem desenvolvendo uma carreira consistente, baseada principalmente no samba. Desde o seu primeiro disco, lançado em 2009, ela realizou diversos projetos, incluindo o DVD “10 Anos de Aline Calixto – Ao Vivo em BH”, com arranjos e produção musical de Thiago Delegado, e participações especiais de Monarco e Velha Guarda da Portela, Mauricio Tizumba e Tambor Mineiro; dos cantores mineiros Tavinho Leoni, Isadora Ferreira, Marina Gomes e Cinara Ribeiro e de Beth Carvalho, sendo esse o último registro audiovisual da madrinha do samba.

O seu mais recente lançamento é o disco "Clara Viva", no qual revive a rica obra da cantora Clara Nunes, que faleceu há 40 anos. Em entrevista para o Resenhando.com, Aline conta como se deu o processo de elaboração desse trabalho mais recente e sobre outros projetos, como o CD "Pontinhos de Amor", dedicado ao segmento infantil sobre o universo mitológico dos Orixás, além de sua relação afetiva com o estado mineiro. “Minas Gerais tem uma força musical que me encanta sempre”

Resenhando - Sua carreira traz a marca do samba em vários momentos. De onde veio essa identificação com esse estilo?
Aline Calixto - É muito difícil responder. Lembro na infância ter visto alguém cantando Clara Nunes na TV. Aquilo me despertou a atenção para a obra dela pela primeira vez. Mais tarde passei a conhecer a fundo a sua obra, bem como as de outros nomes do samba, como Martinho da Vila, só pra citar um exemplo. E morando em Minas Gerais, percebi que esse estado tem uma força musical que sempre me encanta e continua me encantando. Tem grupos musicais de samba maravilhosos aqui.


Resenhando - E como foi reviver a obra de Clara Nunes?
Aline Calixto - Foi uma felicidade imensa. Ela tinha um poder de interpretação sem igual. Cantava qualquer estilo musical com uma desenvoltura convincente. Seu timbre vocal me arrepia até hoje. Buscamos mostrar nesse trabalho uma pequena amostra da sua riqueza musical. Fiz questão de manter a essência das canções, muito embora eu tenha um estilo próprio de cantar. Pude fazer uma releitura respeitosa dessa obra e o melhor foi perceber que as pessoas ainda conseguem admirar essas canções. Tem até "Feira de Mangaio", um xote do Sivuca, que foi um sucesso dela naquela época.

Resenhando -  Como estão os planos para shows?
Aline Calixto - Temos uma banda definida. O repertório é basicamente o disco "Clara Viva", com algumas inserções de canções que não entraram no disco mas que funcionam bem ao vivo. Estou muito contente com o que estamos ensaiando. Começamos em Belo Horizonte e depois levamos para outros estados.

Resenhando - Por que você optou por permanecer em Minas Gerais ao invés de explorar o eixo Rio-São Paulo?
Aline Calixto - Foi uma opção pessoal. Desde que fiquei aqui, passei a ter público cativo e também encontrei músicos incrivelmente talentosos aqui. Se houver possibilidade de levar o show para o eixo Rio-São Paulo ou até para outros estados, eu levarei, com certeza. Mas não encaro isso como uma obrigação. Eu já tenho um público cativo em Minas Gerais.

Resenhando - Clara Nunes era ligada a Umbanda, assim como você. Fale sobre essa relação.
Aline Calixto - Ela tinha canções belíssimas que exploravam temas da Umbanda e do Candomblé. Foi mais uma identificação que tive com sua obra. Eu cheguei a lançar um disco autoral voltado para o segmento infantil, apresentando o universo dos orixás para as crianças. O trabalho chamou-se "Pontinhos de Amor" e teve uma boa repercussão na mídia.

Resenhando - Você pensa em gravar um disco autoral de samba no futuro?
Aline Calixto - Tenho essa meta no futuro. Mas nesse momento estou focada no papel de intérprete. "Reviver" a obra da Clara Nunes me abriu um horizonte incrível. Nós temos um material riquíssimo na nossa MPB, sobretudo na área do samba, que merece ser redescoberto pelas novas gerações.

"Nação"

"Conto de Areia"

"O Mar Serenou/Coroa de Areia"

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

.: "Cinema Mudo": há 40 anos, a estreia dos Paralamas do Sucesso em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Há 40 anos, Os Paralamas do Sucesso lançavam o seu álbum de estreia. "Cinema Mudo" foi um começo bem promissor, aproveitando a abertura que as rádios deram na época para o rock nacional naquela década. As canções mostravam influência do rock britânico e do reggae em muitos momentos. E é preciso destacar o perfeito entrosamento do trio, formado por Herbert Vianna (guitarra e vocal), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo).

Os três músicos vieram da chamada safra de Brasília, que logo traria bandas como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, entre outras. E de uma certa forma, a longevidade da banda, aliada com a sua sonoridade singular, que sempre caiu no gosto popular, contribuiu para a consolidação do rock nacional no cenário cultural do país.

Logo de cara, algumas faixas tocaram nas rádios, como "Vital" e "Sua Moto", "Patrulha Noturna" e a faixa-título ("Cinema Mudo"). Isso já serviu para mostrar para a gravadora deles na época (EMI) que havia um potencial a ser explorado. O som da banda nesse disco mostra uma influência do trio inglês The Police. O arranjo de Vital e Sua Moto comprova a adoração que os então jovens tinham pelos ídolos britânicos. O estilo de Barone na bateria mostra influência direta de Stewart Copeland, do The Police. O próprio Barone já confirmou isso em entrevistas recentes.

O disco foi produzido por Marcelo Sussekind e conta com participação de Lulu Santos que toca guitarra na faixa O" Que Eu Não Disse". A canção "Volúpia" tem arranjo de metais de Leo Gandelman. E conta ainda com "Química", canção de Renato Russo que a Legião Urbana gravaria somente no seu terceiro disco.

"Cinema Mudo" foi o pontapé inicial ideal para o trio, que entraria novamente em estúdio no ano seguinte para gravar "O Passo do Lui", alcançando um sucesso ainda maior que culminaria na apresentação antológica da primeira edição do "Rock In Rio" em 1985.

"Cinema Mudo"

"Vital e Sua Moto"

"Patrulha Noturna"

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

.: Guilherme Arantes: os 70 anos do "Coração Paulista"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

O coração paulista de Guilherme Arantes chegou aos 70 anos. E o melhor é que ele sempre parece estar se renovando, buscando novas inspirações de forma inquieta. Prova disso são seus mais recentes lançamentos autorais que só confirmam a sua genialidade e reforçam a sua importância no cenário da nossa MPB.

No meu caso, toda vez que a obra dele me vem na mente, sempre predominam as canções do seu primeiro álbum, de 1976. Nessa época ele conseguia traduzir em versos situações cotidianas com perfeição. Um exemplo é a faixa "A Cidade e a Neblina". Quem já passou pela região do ABC Paulista certamente se identifica com as imagens descritas nos versos da canção, que ilustravam os efeitos que a cerração provoca na paisagem das cidades daquela área. E o que dizer de "Descer a Serra", que lembra os passeios de trem pela antiga estrada férrea no litoral? E claro que não posso esquecer de citar "Meu Mundo e Nada Mais", que tocou exaustivamente em uma novela da Rede Globo e se tornou um clássico de seu repertório.

Com uma discografia tão extensa, era justo que sua mente inquieta explorasse novos horizontes. No álbum "Coração Paulista", em 1980, ele buscou uma sonoridade mais próxima do rock com letras ácidas e densas, mostrando uma realidade de tom cinza. E foi assim que ele conseguiu involuntariamente chamar a atenção de ninguém menos do que Elis Regina, que lhe pede duas canções para um disco que ela estava gravando no início dos anos 80. E Guilherme faz "Aprendendo a Jogar", que se tornou o último hit dela nas rádios. No ano seguinte, participa do festival MPB Shell com Planeta Água, canção que foi cantada pelo numeroso público presente. Não ganhou o festival, mas caiu nas graças do gosto popular..

A partir daí seguiu uma sequência de hits que marcaram definitivamente aquela década. Canções como "Deixa Chover", "Lance Legal", "Cheia de Charme", "Loucas Horas" e "Coisas do Brasil", entre outras, mostraram a sua competência como um autêntico hitmaker. Suas canções faziam sucesso até na voz de outros intérpretes, como Maria Bethânia ("Brincar de Viver"). Até o Rei Roberto Carlos gravou a bela "Toda a Vã Filosofia", composta sob encomenda para ele.

Os anos seguiram e Guilherme Arantes continuou gravando e lançando novas canções autorais. No disco mais recente, "A Desordem dos Templários", ele flerta até com elementos do rock progressivo, que norteavam o seu início de carreira. A verdade é que mesmo tendo alcançado todo esse sucesso, esse cara continua sendo o mesmo do início de carreira. E você ainda consegue vê-lo e ouvi-lo em shows ao vivo, com toda a sua essência como compositor e intérprete. Viva você, Guilherme Arantes. Viva nós, Viva o dia. 

"Viva" (álbum "A Cara e a Coragem", 1978)

"A Cidade e a Neblina" (álbum "Guilherme Arantes", 1976)


"Descer a Serra" (álbum Guilherme Arantes, 1976)


"A Desordem dos Templários" (2023)


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

.: Entrevista com Diogo Brown: Gafieira Rio Miami apresenta seu balanço


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Andres Fierro.

Criada e produzida pelo baixista brasileiro Diogo Brown, a Gafieira Rio Miami está lançando o seu álbum de estreia, intitulado “Bring Back Samba” com participações especiais de João Donato (em uma de suas últimas gravações), a clarinetista Anat Cohen, o guitarrista Chico Pinheiro e os cantores Jair Oliveira, Vanessa Moreno, Liz Rosa, Moyseis Marques e Alfredo Del-Penho.

O repertório do grupo é uma mistura de clássicos antigos e modernos, que busca resgatar algo que Brasil tinha nos anos 40 e 50. E a Big Band conta com músicos brasileiros, além de representantes de Cuba, Venezuela e dos Estados Unidos, o que proporciona um tempero a mais na sonoridade. Em entrevista para o Resenhando, Diogo conta como foi possível concretizar esse inusitado projeto que já tem agenda de shows prevista para os próximos meses. “Foi como um sonho se materializasse na minha frente”.


Resenhando – O som do grupo remete ao som dos anos 40, mas ao mesmo tempo tem um ar contemporâneo. Como foi possível realizar esse projeto?
Diogo Brown –
A ideia eu já tinha há alguns anos. Quando me mudei para os Estados Unidos, comecei a conviver com outros músicos que tinham a mesma linha de pensamento e gosto musical. Quando apresentei a proposta, todos acabaram gostando e a coisa fluiu de forma incrível. Não se vê lá nos Estados Unidos grupos fazendo um som como esse. E tivemos a preocupação de trazer nos arranjos esse ar contemporâneo. O Ricardo Gilly foi fundamental nesse processo.

Resenhando – Há músicos de outras nacionalidades na banda. Foi difícil encontrar o entrosamento?Diogo Brown – Foi muito fácil.  Foi gratificante colocar esse tempero cubano, venezuelano e americano em nossa Gafieira. Abriu novos horizontes, trouxe novas perspectivas para a música que apresentamos.

Resenhando – O repertório é composto só de canções conhecidas ou vocês também fazem material autoral próprio?
Diogo Brown –
Nesse projeto buscamos investir apenas em material já conhecido, dando uma roupagem com a linha musical que gostamos de tocar.  No primeiro disco tem composições de nomes como Baden Powell, Martinho Da Vila e Billy Blanco, só prá citar alguns exemplos.  O repertório da MPB é vasto e muito rico musicalmente para explorar. E não podemos deixar de mencionar as participações especiais. O Jair Oliveira, por exemplo, canta Deixa Isso Prá Lá, um clássico que o pai dele, Jair Rodrigues, lançou nos anos 60.

Resenhando – E esse disco traz também uma das últimas gravações do João Donato, que toca e canta em uma das faixas. Como foi a experiência?
Diogo Brown –
Foi uma honra incrível. Um prazer inenarrável, impossível de descrever. Contar com alguém que foi fundamental para a nossa música tocando e cantando com a gente. A canção que tocamos chama-se A Rã, parceria do Donato com Caetano Veloso. Nem preciso dizer o que todos nós sentimos ao ouvirmos a gravação finalizada. Foi uma alegria imensa poder ajudar a divulgar e deixar registrada a genialidade dele nessa gravação.

Resenhando – Vocês pretendem fazer novas parcerias no futuro?
Diogo Brown –
Estaremos sempre abertos para eventuais participações especiais. É muito difícil conciliar agendas. Mas se algum nome quiser, estaremos dispostos a realizar outras experiências. Se um Caetano Veloso dissesse que quer cantar com a Gafieira Rio Miami, quem seria contra a ideia? Só um louco (risos)

Resenhando – Como estão os planos para divulgação do disco?
Diogo Brown –
Inicialmente disponibilizamos os vídeos no YouTube e os áudios nas plataformas de streaming. Estamos lançando o CD físico e também iremos lançar a versão em vinil. A aceitação de nosso som nas rádios de jazz foi muito boa nos Estados Unidos. E estamos programando agenda de shows nos Brasil e no Exterior. Vamos cair na estrada.

"Deixa Isso Prá Lá"

"A Rã"

"Nó na Madeira"


sexta-feira, 28 de julho de 2023

.: Monica Salmaso e André Mehmari celebram Milton Nascimento em álbum


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A obra de Milton Nascimento foi celebrada em disco pela cantora Monica Salmaso e pelo músico André Mehmari ao piano. A dupla recriou algumas canções clássicas do eterno "Bituca da MPB", além de resgatar outras pérolas menos conhecidas de seu vasto e rico repertório. A escolha das composições aconteceu de forma natural, como costumam ser os encontros entre os dois, que são parceiros há mais de 20 anos na música.

Profundo conhecedor da obra de Milton, André deu autonomia para que Mônica escolhesse as músicas que gostaria de cantar. O único pedido foi a inclusão de "Paixão e Fé", uma composição de Tavinho Moura e Fernando Brant, imortalizada na voz de Bituca. O disco foi gravado em um único dia, em 14 de dezembro de 2020, no estúdio Monteverdi, em São Paulo. 

Além de piano, André toca também marimba de vidro. Teco Cardoso é o único músico convidado, participando de duas faixas: em "A Terceira Margem do Rio" toca flauta baixo; já em "Milagre dos Peixes", toca sax soprano. O repertório traz ainda "A Lua Girou", "Noites do Sertão", "Saudades dos Aviões da Panair", "Canção Amiga", "Casamento de Negros", "Credo" e "Paula e Bebeto", uma citação de "San Vicente", além da leitura de um trecho de "A Terceira Margem do Rio", conto de Guimarães Rosa.

Todas as releituras ganharam um toque a mais com a voz maravilhosa de Monica e o acompanhamento de André nos teclados e arranjos. Especialmente nas canções "Noites do Sertão" e "Paixão e Fé", que destaco como pontos fortes do disco, assim como "Morro Velho". Se você é fã do Milton Nascimento, certamente irá gostar de ouvir essas releituras de suas composições. Vale muito a audição.

"Morro Velho"

"Paula e Bebeto"

"A Terceira Margem do Rio"


sexta-feira, 21 de julho de 2023

.: Entrevista: a bossa de Menescal com Ricardo Bacelar e Diogo Monzo

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Já imaginou produzir e tocar em um disco homenageando a obra de um ídolo, e contar com o próprio na gravação e elaboração do mesmo? Pois foi o que aconteceu com Ricardo Bacelar e Diogo Monzo, que revisitaram a obra de Roberto Menescal, um dos principais nomes da Bossa Nova nos anos 50 e 60. E o homenageado além de tocar o seu inconfundível violão, ainda soltou a voz pela primeira vez em disco em duas composições: "O Barquinho" e "Ah Se Eu Pudesse". 

Em entrevista para o Resenhando.com, o músico Ricardo Bacelar explica como se deu essa produção do disco intitulado "Nós e o Mar" e revela detalhes de sua trajetória na música, que inclui passagem pela banda Hanoi Hanoi nos anos 80 e trabalhos em parceria com nomes como Tonho Horta. “A música que me interessa é sempre a próxima que vou fazer ou tocar”.


Resenhando.com – Como foi tocar a música de Menescal ao lado do próprio?
Ricardo Bacelar –
Foi um privilégio enorme. Mas ao mesmo tempo foi algo tranquilo e natural. Ele é uma pessoa que eu já conhecia e que conhece o meu trabalho. Deixou-nos muito a vontade para produzir. Ele toca um violâo que tem um som inconfundível. Na Bossa Nova você não pode mudar muito os arranjos. Mas, ao mesmo tempo, ela tem possibilidades de algumas texturas sonoras que podem ser inseridas. Acabamos deixando a obra dele com um ar contemporâneo. Foi muito emocionante ouvir o resultado final


Resenhando.com – E coincidiu com os 85 anos que ele completará em outubro.
Ricardo Bacelar – 
Isso tornou o disco ainda mais especial. Trata-se de uma obra muito rica. Toda vez que revisitamos ela, encontramos novas texturas e possibilidades. Porque ela permite que o músico abra horizontes de várias formas.


Resenhando.com – Fale mais sobre essa produção, "Nós e o Mar".
Ricardo Bacelar – 
Uma coisa bem significativa foi o fato de o Menescal ter cantado duas canções, pela primeira vez, em disco. Segundo ele próprio, isso só tinha acontecido uma única vez nos anos 60, no antológico show do Carnegie Hall, em Nova York. Mas posso citar a participação da Leila Pinheiro que canta divinamente "Bye Bye Brasil", cujo arranjo foi sugerido pelo Menescal. A ideia inicial era um disco instrumental. Mas acabamos agregando vocais em algumas faixas e creio que acabou ficando muito bom. Ouvir o violão do Menescal é mais que uma benção. É uma aula prática de como tocar bossa nova em sua essência.


Resenhando.com – Você também integrou a formação da banda Hanoi Hanoi nos anos 80. Cmo foi essa experiência?
Ricardo Bacelar – 
Integrei a banda por 12 anos. Foi muito gratificante. A banda era liderada pelo Artnaldo Brandão, que tocou o Caetano Veloso. Naquele período chegou a emplacar hits nas paradas, como Totalmente Demais, que foi até tema de novela da Rede Globo.


Resenhando.com – Seu trabalho como artista solo é bastante eclético, com parcerias de nomes como a Delia Fischer. Você prefere a música instrumental ou cantada?
Ricardo Bacelar – 
Eu sigo aquele mantra que o Egberto Gismonti costuma dizer: a música que me interessa é sempre a próxima que vou elaborar ou tocar. Gosto da ideia de estar sempre em movimento. Como sou um multi-instrumentista, sempre acabo tendo ideias novas para a produção, arranjo, etc.


Resenhando.com - Falando da Delia Fischer, o trabalho que vocês fizeram com canções de Gilberto Gil foi outro momento marcante.
Ricardo Bacelar – 
E que também coincidiu com as comemorações dos 80 anos dele. Tivemos a honra de contar com ele nos vocais de Andar com Fé e Prece. Essa última inclusive acabou emocionando o Gil. A Délia é outra intérprete incrível.

Resenhando.com – Como você vê o uso de recursos como o da Inteligência Artificial na música?
Ricardo Bacelar – 
Vejo com reservas. A música não pode se tornar um mero algorítmo, uma ciência exata e fria. Para se ter uma canção ainda é preciso uma boa dose de inspiração e sensibilidade. Ou seja, coisas que a IA não é capaz de oferecer. Mas se ela for usada como algo para agregar na música, será sempre bem-vinda.

Resenhando.com – Como estão os planos para divulgação desse trabalho mais recente?
Ricardo Bacelar – 
Neste primeiro momento vamos fazer a divulgação do disco e nas plaformas de streaming. Mas gostaria muito de levar esse trabalho para o palco. Por conta da obra do Menescal, acreditamos que, além do Brasil, possamos levar uma eventual turnê para o Japão e a Europa. Em países onde a bossa nova ainda é admirada pelos amantes da boa música.

 "O Barquinho"

"Bye Bye Brasil"

 "Copacabana de Sempre"

sexta-feira, 14 de julho de 2023

.: Entrevista: Barbara Rocha, mineira para inglês ver, ouvir e curtir


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Nascida no interior de Minas Gerais, Barbara Rocha veio em 2010 para São Paulo, onde deu seus primeiros passos na música, tocando em bandas. E surpreendentemente escolheu um caminho incomum: compor e cantar composições autorais em inglês, explorando uma sonoridade que oscila entre o indie rock e o pop mainstream contemporâneo.

Em pouco tempo já conseguiu se projetar lançando dez singles, dois EPs e um videoclipe no YouTube, além de encontrar espaço na Rádio Kiss FM no ano passado, que divulgou um de seus singles. Em entrevista para o Resenhando.com, Barbara conta como se deu o seu processo de início na música e disse confiar no que o futuro reserva para ela: “Eu acredito muito que as minhas composições possam encontrar seu espaço no exterior”.


Resenhando.com - Conte como foi o seu início na música
Barbara Rocha -
Fui apresentada aos 10 anos de idade às minhas futuras grandes paixões: o violão e a língua inglesa. Cantava canções de bandas como Roxette. Em 2009 compus minha primeira canção em inglês, o que acabou me estimulando a seguir por esse caminho. Nessa época cantava com a banda BEJAMZ, cujo nome era simplesmente as iniciais dos integrantes. Cantávamos covers de vários grupos, como Bon Jovi, Beatles, Queen entre outros. A partir de 2014, passei a focar no meu trabalho autoral.


Resenhando.com - E não houve receio de explorar sua produção autoral em outro idioma?
Barbara Rocha - 
Eu nunca tive receio de seguir nesse caminho. Sempre acreditei no material que consegui produzir.  Cantar em inglês abre portas para o mercado internacional da música, porque as mensagens das músicas serão transmitidas em um idioma que o mundo todo consegue compreender.

Resenhando.com - Seu single mais recente, "Get Loud", explora o luto como tema. Por que optou por esse tema?
Barbara Rocha -
É curioso porque as canções que mais gosto são aquelas relacionadas com algum tipo de perda ou desilusão. Get Loud vai fazer parte do EP Seven, que lançarei em breve. Ela resume o espírito de libertação das correntes do passado abraçando um novo começo. Sua energia, sua melodia contagiante e letra deixa os ouvintes inspirados e prontos para protestar contra injustiças que atormentam o nosso mundo.


Resenhando.com - Em quem você se inspirou na música?
Barbara Rocha -
Tive muitas bandas como influência, mas tenho como referência mais forte a cantora Pink, que tem um tipo de sonoridade que gosto muito.


Resenhando.com - E como você tem procurado divulgar esse novo trabalho?
Barbara Rocha -
Tenho participado de festivais e eventos. E estou preparando o show de divulgação do novo EP Seven. Teremos uma banda de apoio para apresentar as composições autorais. E vou continuar explorando as plataformas de streaming e o YouTube como canal de divulgação.

"Get Loud"

"Don´t Bother Me"

sábado, 8 de julho de 2023

.: Entrevista: Ian Ramil mantém pulsando a veia artística da família


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Fotos: Carine Wallauer.

Filho do músico Vitor Ramil e sobrinho da dupla Kleiton e Kledir, Ian Ramil dá sequência a sua carreira na música com seu terceiro disco, intitulado "Tetein", inspirado no nascimento de sua primeira filha, Nina. O trabalho foge um pouco da característica e sonoridade dos dois primeiros trabalhos, ao mesmo tempo em que aponta novos horizontes para o jovem músico gaúcho, que já conquistou um Grammy Latino (com seu segundo disco, "Derivacivilização"). Em entrevista para o Resenhando.com, Ian Ramil conta como se deu o processo de produção desse novo trabalho e a sua relação com os demais familiares músicos. “A Música sempre fez parte da minha vida”.


Resenhando.com – Esse seu terceiro disco tem uma sonoridade singular, inspirada no nascimento de sua filha. E foge um pouco do tipo de sonoridade explorada nos álbuns anteriores. Não. Houve receio de explorar esse caminho?
Ian Ramil –
Não tive qualquer receio. Na verdade, o meu primeiro disco já tinha algumas canções mais leves, que exploravam um som mais acústico.  Estava interessado em não ter bateria e guitarra, fugir do ruído, algo muito presente no meu disco anterior ("Derivacivilização"). Procurei um universo mais delicado. Isso foi o que me norteou desde sempre. Mas não tive qualquer tipo de medo de seguir por esse caminho.

Resenhando.com – Como foi seu início na música?
Ian Ramil –
Venho de uma família essencialmente musical. Meu pai, Vitor Ramil, e meus tios Kleiton e Kledir já atuam desde os anos 70 e 80 na música. Sempre tinha um violão em casa dando sopa. Fui aprendendo tendo sempre um contato bem legal com eles, que sempre me aconselham e dão toques importantes. Eu comecei a tocar e compor profissionalmente meio tarde, aos 24 anos. Fiz teatro e atuei em algumas pelas e produções na TV. Até chegar no meu primeiro disco.

Resenhando.com – O Rio Grande do Sul já lançou várias bandas com relativo sucesso. Como está hoje o mercado cultural nessa região?
Ian Ramil –
Infelizmente enfrentamos recentemente um período muito complicado na área cultural, com poucos investimentos por parte do governo. Continuamos lançando novos talentos no Sul, mas as oportunidades para divulgação cessaram de forma brusca. Nos anos 80 o mercado era capitaneado pelas gravadoras, que investiam no artista e na sua divulgação. Hoje em dia ficou bem mais difícil. Mas acredito que esse panorama possa mudar.

Resenhando.com – Mas alguns dizem que ficou mais fácil produzir um disco.
Ian Ramil –
De uma certa forma, a internet democratizou um pouco o acesso a música e a divulgação dos trabalhos. O problema é que se perdeu um norte que tínhamos para divulgar novos trabalhos. Se os governos oferecerem condições para que nós possamos divulgar, ficaria muito mais fácil para o artista e para o público ter acesso aos nossos trabalhos

Resenhando.com – Como foi conquistar o Grammy Latino?
Ian Ramil –
Foi uma loucura. O segundo disco ("Derivacivilização") foi lançado de forma independente. Foi gravado praticamente em casa. Aí o pessoal do selo resolveu inscrever o disco no Grammy. E surpreendentemente ele recebeu o prêmio. Foi algo inesperado. Mas serviu de estímulo para desenvolver a carreira na música.

Resenhando.com – Você prefere compor sozinho ou é aberto para fazer parcerias na música?
Ian Ramil –
Eu sempre estou aberto para estabelecer parcerias. No "Tetein" tem parcerias com Luiz Gabriel Lopes ("O Mundo É Meu País"), Poty ("Lego Efeito Manada" e "Homem-bomba") e Juliana Cortes ("Macho-rey"). Tenho coisas autorais, mas não me importo em trabalhar com algum outro parceiro ou parceira que se identifique com o tipo de trabalho que desenvolvo.

Resenhando.com – Quais são seus planos para shows?
Ian Ramil 
 O lançamento de "Tetein" nos palcos será no dia 3 de agosto, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. No show estarei acompanhado de Pedro Petracco (voz, controladores, pads e percussões) e Bruno Vargas (voz, baixo, controladores), entre outras participações. Temos intenção de levar esse trabalho para outros estados. E quero ver se consigo convidar músicos das cidades em que for me apresentar. Seria uma troca de experiência muito interessante.

"O Bichinho"

"Macho-Rey"

"Tetein"



domingo, 2 de julho de 2023

.: Entrevista: o veneno musical de Cida Moreira vai te conquistar


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Com mais de 40 anos de carreira, Cida Moreira se destacou com uma proposta artística arrojada e original no meio musical. Seu tipo de interpretação, que lembra o chamado estilo vaudeville dos cabarés dos anos 20 e 30, consegue se adaptar perfeitamente nas canções das mais variadas épocas, formando uma interessante espécie de caleidoscópio musical. Mas engana-se quem pensa que ela começou mais tarde na música. 

Quando tinha sete anos já cantava na rádio e estava aprendendo a tocar piano. E nunca mais parou. Teve formação no teatro e integrou o elenco da primeira montagem da peça Ópera do Malandro de Chico Buarque. Atualmente segue divulgando o show "Um Copo de Veneno", baseado no CD e na série homônima do Canal Brasil. Em entrevista ao Resenhando.com, Cida fala sobre o tempo presente, alicerçado nas influências recebidas no passado. “Eu acredito que a música brasileira está sempre se renovando”.

Resenhando.com - "Copo de Veneno" traz uma mescla de canções que mostra a sua versatilidade. Como foi essa experiência?
Cida Moreira -
Lá se vão mais de 40 anos de carreira. Então, era natural mostrar o que essa trajetória me fez como artista na música. Esse show tem como base a série "Copo de Veneno" do Canal Brasil, que também virou um CD e tem um repertório bem eclético, mesclando coisas antigas com outras mais contemporâneas. A recepção do público tem sido bastante positiva nos shows.

Resenhando.com - O que o público pode esperar nesse show?
Cida Moreira -
O programa traz sucessos da MPB e da música internacional como “Você Me Vira a Cabeça”, gravado por Alcione, e “Private Dancer”, obra marcante na carreira solo de Tina Turner, além de versão inédita do hit “Eu Sou a Diva que Você quer Copiar”, de Vanessa Popozuda. Há músicas com temáticas contemporâneas como “A Bala” (sobre a cultura armamentista), do premiado Calle 13 (de Porto Rico), “Efêmera”, de Tulipa Ruiz, e “O Verbo e a Verba”, de Lenine e Lula Queiroga. Inclui outras canções como “A Última Sessão de Música” (Milton Nascimento), “Singapura” (Eduardo Dussek), “Perfeição” (Renato Russo) e “Não Leve Flores” (Belchior).

Resenhando.com -  Você tem se adaptado ao formato das plataformas digitais?
Cida Moreira -
Eu não sou uma pessoa saudosista, que tem saudade da época do disco de vinil. Eu me adaptei ao formato de plataforma como tantos outros. As grandes gravadoras praticamente desapareceram. Essas plataformas oferecem música dos mais variados tipos ou estilos. Migrei para ela como tantos outros artistas novos ou antigos. Acho que é uma tendência atual que acabou se consolidando nos últimos anos.

Resenhando.com - Na sua formação inicial, quais foram suas referências na música?
Cida Moreira -
Foram as grandes cantoras da era do rádio. Angela Maria, Dalva de Oliveira e tantas outras com suas interpretações maravilhosas. Para mim foi uma escola ouvi-las na rádio ou nos discos.

Resenhando.com - Seu estilo de interpretar é bem peculiar. A formação teatral influenciou nisso?
Cida Moreira -
Com toda certeza. Eu já era atriz antes de começar a cantar profissionalmente. Mas busco cantar sempre aquilo que acredito ter uma sinceridade. Eu não sou compositora. O que quero e procuro fazer é interpretar a canção da melhor forma possível, sempre.

Resenhando.com - Como você avalia o atual momento para a música?
Cida Moreira - 
Eu tenho visto surgir uma nova safra de ótimos músicos no Brasil, com trabalhos consistentes e interessantes. Nomes como Thiago Pethit, por exemplo, estão mostrando porque vieram e conquistaram seu espaço na MPB, que vem sempre se renovando com esses talentos.

"Private Dancer"

"Você me Vira a Cabeça"

"Singapura"


sexta-feira, 23 de junho de 2023

.: Entrevista: Danilo Caymmi relança primeiro álbum da carreira solo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Músico e compositor Danilo Caymmi carrega no DNA a arte da música. Filho do lendário Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, ele construiu uma carreira sólida na música, juntamente com os irmãos Dori e Nana Caymmi, além de compor canções considerados clássicos da MPB, como "Andança" e "Casaco Marrom". Atualmente está divulgando o relançamento do disco "Cheiro Verde", que marcou a sua estreia na carreira solo em 1977. Em entrevista para o Resenhando.com, ele conta detalhes dessa sua estreia e comenta alguns planos. “Os shows ao vivo são a melhor coisa da vida, me realizo por completo”.


Resenhando.com - Fale sobre a experiência desse álbum de estreia, "Cheiro Verde". Por que você preferiu lançá-lo de forma independente?
Danilo Caymmi - 
Foi uma experiência maravilhosa. Optei pelo modelo independente por uma questão puramente estética. Ao finalizar o disco, percebi que não se encaixava nos padrões comerciais das grandes gravadoras. Naquela época, o músico Antonio Adolfo tinha lançado o seu disco independente, o "Feito em Casa", com êxito. Isso abriu portas para um novo segmento não só para mim, como para outros artistas. O grupo Boca Livre, por exemplo, também lançou seus dois primeiros discos dessa forma. E ainda atingiram uma vendagem muito boa.


Resenhando.com - Para esse disco você se cercou de músicos experimentados. Como foi possível isso?
Danilo Caymmi -
Eu tive a sorte de conhecer muitos craques da música. A começar por Milton Nascimento na faixa “Lua do Meio-Dia”. Além dele, teve Nelson Angelo (guitarra), Novelli e Fernando Leporace (baixo), Airto Moreira, Gegê e Pascoal Meirelles (bateria), Cristóvão Bastos e Helvius Vilela (piano), Maurício Maestro (violão) e Edson Maciel (trombone). Eu toco flauta, violão e os vocais.


Resenhando.com - É verdade que o disco virou cult no exterior?
Danilo Caymmi -
Em 2002, ele ganhou edição internacional. A Ana Terra, que ajudou a produzir e foi parceira em várias canções, licenciou, por intermédio de Durval Ferreira, uma tiragem na Inglaterra para o selo “WhatMusic”, em formato vinil e CD, já que “Cheiro Verde” havia se tornado “cult” na Europa. Mas ainda não havia sido distribuído no Brasil.


Resenhando.com - Você fez parte da banda de apoio de Tom Jobim e foi bastante requisitado também para gravações em estúdio. Você prefere o palco ou a calma do estúdio?
Danilo Caymmi -
 Eu me sinto à vontade nos dois casos. Mas arrisco dizer que o palco é a razão de minha existência. Eu realmente amo estar com uma banda tocando ao vivo. No estúdio costumo ser rápido nas sessões de gravação.

Resenhando.com - Durante a sua carreira você fez trilhas de produções de TV, como novelas. Há planos para voltar a produzir algo dessa forma?
Danilo Caymmi -
Estou sempre aberto para futuros projetos nessa linha. Até hoje me falam com carinho das canções da minissérie "Riacho Doce" (baseada no romance de José Lins do Rego). É recompensador ver que o trabalho rendeu frutos dessa forma.


Resenhando.com - E quais são seus planos para o presente?
Danilo Caymmi -
Estou finalizando um projeto que reunirá canções clássicas que vivenciei nos anos 60 e 70. Tem “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” do Geraldo Vandré e “Eu e a Brisa” do Johnny Alf. São canções daquela atmosfera dos festivais. Além é claro de “Andança”, parceria minha com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós. E continuar divulgando o "Cheiro Verde" para o público. 

Ouça o álbum "Cheiro Verde" neste link.

 

"Mineiro"

 "Pé Sem Cabeça"

 "Lua do Meio-dia"

sexta-feira, 16 de junho de 2023

.: Chris Standring comemora 25 anos de carreira com dois discos


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


O músico britânico Chris Standring, um dos nomes emergentes do jazz, está comemorando 25 anos de carreira com dois lançamentos. Um disco de canções inéditas (Simple Things) e uma coletânea de suas canções mais populares remixadas especialmente para a ocasião (The Lovers Remix Collection).

Para quem ainda não conhece, Chris Standring é chamado por alguns do meio musical como o homem do soul jazz. Sua música se insere no segmento smooth jazz com influências da música pop contemporânea. Seu estilo refinado lembra um pouco o som que George Benson fazia quando tocava música instrumental. Mas é possível notar outras influências em seu trabalho, como Joe Pass por exemplo.

No CD "Simple Things", Standring reflete sobre sua experiência recente (ele teve problemas cardíacos em 2021) e sua nova e íntima consciência da fragilidade da vida. “Todos nós já ouvimos clichês como quem sabe o que o amanhã pode trazer e não se esqueça de parar e cheirar as rosas, mas geralmente não levamos esses velhos aforismos a sério. De repente, ficar cara a cara com minha própria mortalidade me fez pensar sobre o que é realmente importante para mim e como quero viver meu terceiro ato”, relata o músico. Em última análise, a resposta se resumia a apenas algumas coisas básicas - passar tempo com os entes queridos, estar presente no momento e fazer as coisas com alegria.

De fato, o tema de "Simple Things" é alegria, positividade, esperança e um pouco de tristeza também. Standring mostra muita influência do funk. Várias composições do álbum foram fortemente influenciadas por Prince e Bootsy Collins (baixista que revolucionou a forma de tocar funk).  A faixa “Thank You Bootsy” foi feita em homenagem ao lendário músico.

Outro destaque é a faixa "Change The World", que foi escrita originalmente para outro artista. Entretanto, Standring decidiu manter a música para si porque se encaixava muito bem em seu estilo. Ele lançou essa música como single, que alcançou o primeiro lugar na Billboard em março de 2022.

"A Thousand Words" foi composta para uma velha amiga que sofria de doença mental e que recentemente acabou com a própria vida. Não por acaso essa é a faixa mais introspectiva do disco.

Já na "The Lovers Remix Collection", Standring apresenta 10 faixas de canções descontraídas mais populares de seu repertório, sendo que todas ganharam uma remixagem especial para este lançamento.

Standring revisita as dez canções autorais juntamente com uma nova faixa, uma versão de jazz eletrônico de "Albatross", de Peter Green (da primeira formação da banda Fleetwood Mac). Destaque para as faixas "Kaleidoscope" e "Liquid Soul", que ganharam vida nova com o novo tratamento dado em estúdio por Standring.

Comemorar 25 anos de carreira em alto nível de produção musical é para poucos privilegiados. E Chris Standring está inserido nesse seleto grupo, com certeza.

"Change The World"

"Thank You Bootsy"


"A Thousand Words"





sexta-feira, 9 de junho de 2023

.: “Se Você Não Me Queria”, o novo single da pernambucana Uana


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

“Se Você Não Me Queria” é o novo single da cantora e compositora Uana, com produção de Barro, Marley No Beat e Tom BC. A música conta com um sample da faixa "Me deixe em paz" de Alaíde Costa e Milton Nascimento e segue como um som contemporâneo com influências do trip hop.  

"´Se Você Não Me Queria´ fala sobre afetividade e, de alguma maneira, faz um paralelo com ´Me deixe em paz´. "Não só optamos por usar o sample como também fazer uma obra que, num outro momento e recorte, se relacione com essa faixa icônica pra música brasileira. Mesmo com uma distância grande entre os lançamentos, ambas falam sobre afetividade a partir da perspectiva de uma mulher negra, e vemos que muita coisa ainda é realidade nas relações afetivas", explicou Uana.

O single acompanha um videoclipe, o que mostra que ela busca  cada vez mais atrelar sua imagem a narrativas emocionais e a moda. “O clipe de ‘Se Você Não Me Queria’ se propõe a emoldurar os anseios de Uana em relação a afetividade, vulnerabilidade e independência emocional. Tudo imerso em um mundo de sonhos. O material homenageia Alaíde Costa, permitindo um momento de referência visual, e bastante afetuosa, à artista", explica. 

Uana é cantora e compositora natural de Recife. Participou do grupo Sagaranna, tendo como primeiro trabalho o disco "Véu do Dia". Em 2016, decidiu trilhar carreira solo e em 2021 surgiu o desejo de trazer uma roupagem pop para o seu trabalho musical, desde então tem lançado singles  nas plataformas e formado parcerias importantes como a com FBC em "Quando o DJ Toca" e "Facin". A artista foi escolhida como umas das dez cantoras que são apostas da música brasileira, pela Forbes Mulher, participou dos programas "Cultura Livre" com Roberta Martinelli, "Estação Livre" e "Lugar IncomUm" com Didi Wagner. 

Uana tem circulado por vários estados do Brasil com seu show.  Participou do Festival No Ar Coquetel Molotov nas edições de Recife e Belo Jadim( PE), do Wehoo Festival (PE), do Batekoo Festival (SP), Bloquinho Gostoso (CE), Bailinho Gostoso (PE), Festival de Inverno de Garanhuns (PE), Carnaval do Recife, entre outros.

"Se Você Não Me Queria" - Uana


sexta-feira, 2 de junho de 2023

.: Bob Dylan, os 82 anos do menestrel folk do rock


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Bob Dylan completou 82 anos de vida em maio. Um fato que merece uma profunda reflexão, pois trata-se de uma figura que influenciou a história do rock de forma decisiva na década de 60 ao incorporar a guitarra elétrica ao seu som, que se baseava essencialmente na música folk tradicional. A força poética de suas canções continua fazendo todo o sentido nos dias atuais.

Nascido Robert Allen Zimmerman, nos Estados Unidos, era neto de imigrantes judeus russos. No início, chegou a cantar imitando pioneiros do rock, como Little Richard e Buddy Holly. Mas ao entrar na Faculdade, logo se voltou para a música folk americana. Tinha o cantor e compositor Woody Guthrie como seu ídolo e principal referência musical.

Seu início na música teve hits como "Blowin The Wind", "A Hard Rain's A-Gonna Fall" e "The Times They Are A-Changin'", sendo que todas acabaram marcando a vida dos americanos naquela época. Sua interpretação singular, marcada pela sua voz anasalada e de timbre incomum para os padrões da época, acabou ampliando ainda mais o mito em torno de sua obra.

Quando passou a usar grupo de rock em suas apresentações ao vivo, provocou polêmica entre os mais conservadores. No entanto, para outros, Bob Dylan mostrava novos horizontes para o rock. O álbum "Highway 61 Revisited" marcou definitivamente a história com a clássica "Like A Rolling Stone". E depois dele ainda viriam outras canções marcantes, como "All Along The Watchtower", que ganharia uma versão definitiva de Jimi Hendrix no final dos anos 60.

Hendrix, aliás, não foi o único a ser influenciado por Bob Dylan. Os Beatles nunca esconderam sua admiração por ele. Um dos integrantes do fab four, George Harrison, era o mais entusiasta da obra do menestrel folk americano. Após sofrer um acidente de moto no final dos anos 60, Bob Dylan se afasta das apresentações ao vivo, tendo aparecido somente de forma esporádica em festivais. Lança álbuns regularmente gravados em estúdio seguindo a influência da música folk com toques do rock acompanhado por guitarras elétricas. Só retomaria a rotina das turnês a partir de 1974.

Se por um lado sua discografia dos anos 70 e 80 não chama muito a atenção, por outro é possível ainda notar sinais claros de sua genialidade em vários momentos, como na trilha do filme "Pat Garrett and Billy The Kid", que continha a antológica canção "Knockin' On Heaven's Door", que acabaria sendo regravada pela banda Guns´N Roses anos mais tarde.

Destaco ainda a canção "Hurricane", do disco "Desire", que conta a saga do lutador de box negro Rubin Carter, que foi injustamente preso e condenado acusado de ter matado três homens brancos em um bar com a ajuda de um amigo. E a ótima canção Jokerman, do álbum Infidels nos anos 80.

Talvez a obra mais recente de Bob Dylan não provoque o mesmo impacto das décadas anteriores. Mas só o fato de ter sobrevivido a todos os excessos do show business já o torna um vencedor. Ainda mais pelo fato de ainda se manter na ativa, gravando e lançando discos regularmente, ao invés de se acomodar nos velhos hits do passado.

"Blowin The Wind"

"Knockin on Heaven´s Door"

"Like a Rolling Stone"

sexta-feira, 26 de maio de 2023

.: Entrevista: Igor Bueno traz o recanto dos mil sonhos para o palco


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O cantor e compositor Igor Bueno vive um momento especial da carreira, ao desenvolver o projeto da turnê "Recanto dos Mil Sonhos", no qual interpreta composições autorais acompanhado por músicos talentosos. O show já passou por São Bernardo do Campo e tem agenda para Ubatuba no dia 27. Artista multifacetado, Bueno é compositor, multi-instrumentista, intérprete, poeta e educador musical.

Possui licenciatura em Música pela Unesp e experiência em teatro. Integra o Grupo Cupuaçu, cujo trabalho é reconhecido pela riqueza e a diversidade da cultura popular afro-brasileira, em especial a maranhense. Em 2022, lançou suas primeiras canções nas plataformas de música e já figura no panorama emergente de artistas da nova MPB. Em entrevista para o Resenhando.com, ele conta como foi o seu início na música e comenta as possibilidades para o futuro na música. “O acesso à cultura é algo fundamental para nossa sociedade”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música?
Igor Bueno -
Minhas lembranças vêm desde os 10 anos, quando passei a ter os primeiros contatos com a música. Comecei aprendendo a tocar flauta doce e a partir daí fui descobrindo os demais instrumentos. Ouvia de tudo um pouco. Samba, rock, forró, música tradicional folclórica e vários outros estilos. A minha música é o resultado de todas as influências que tive ao longo dos anos.

Resenhando.com - Algumas de suas composições lembram as canções que ouvíamos nos antigos festivais. Existe esse paralelo?
Igor Bueno - 
Ocorre que nessa época dos festivais havia muita música com influência de raízes culturais muito fortes. Quem não se lembra de Disparada, por exemplo, do Geraldo Vandré e Theo de Barros? Há uma relação porque também tenho uma influência forte da nossa música regional. Mas considero meu estilo bem eclético, abrangendo várias áreas e segmentos.

Resenhando.com - O teatro parece ter sido determinante nessa sua formação.
Igor Bueno - 
Não só o teatro como também a literatura. Ler bastante me permitiu abrir horizontes como compositor. Sou grato aos professores de Língua Portuguesa, que me incentivaram a ler os chamados livros clássicos de autores,como Machado de Assis e poetas como Carlos Drummond de Andrade.

Resenhando.com - Como foi que surgiu a ideia do "Recanto dos Mil Sonhos"?
Igor Bueno - 
Eu vinha compondo canções há uns dez anos, aproximadamente. Então já tinha um repertório autoral que poderia ser mostrado ao vivo. Tive e tenho o auxílio de músicos talentosos, que ainda por cima são pessoas amigas, com as quais tenho muita empatia. Aí foi só definir um repertório linear, que ajudasse a contar um pouco de minha história como músico.


Resenhando.com - Você acredita que há espaço para a MPB na mídia?
Igor Bueno - 
A nossa autêntica música popular sempre terá seu espaço. Há público para todos os estilos musicais. Eu acredito que a cultura, ou melhor, o acesso da população a ela, seja algo fundamental para a nossa sociedade.

Resenhando.com - E como estão os planos para a turnê?
Igor Bueno - 
Iniciamos a turnê por São Bernardo do Campo e temos uma apresentação agendada para o dia 27 de maio em Ubatuba. Em breve definiremos outros locais para junho e julho. Nesse projeto eu me apresento acompanhado por Debora Predella (violino), Gabriel Moreira (flauta transversal, clarinete e sax), Lua Bernardo (baixo elétrico), Ná Magalhães (percussão), Renato Ihu (percussão) e Rodrigo Zanettini (piano e sanfona). Assino a direção musical e os arranjos, junto com o Zanettini.

Serviço
Turnê: "Recanto dos Mil Sonhos". Ubatuba / SP. Data: 27 de maio - Sábado, às 20h. Local: Fundação Projeto Tamar. Rua Antônio Atanázio, 273 - Jardim Paula Nobre. Telefone: (12) 3832-6202 | (12) 3832-7014. Gratuito. Duração: 60 minutos. Livre.

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