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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

.: Chico Buarque mostra ao vivo a genialidade de sua obra, por Luiz Otero

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Registro de apresentações ao vivo em fevereiro deste ano no Rio de Janeiro, o CD duplo "Que Tal Um Samba" reúne uma ótima coletânea de canções de Chico Buarque interpretadas por ele e por Monica Salmaso. Trata-se de uma rara oportunidade para conferir a importância de sua obra para a nossa música popular.

Desde 1975, o ano do disco e show com Maria Bethânia, o compositor não dividia um projeto com uma intérprete. E por sua vez, Monica Salmaso já tinha uma forte identificação com o universo musical de Chico Buarque, pois gravou um disco em 2007 com o grupo Pau Brasil inteiramente dedicado a sua obra.

A direção musical, arranjos e regência ficaram por conta do experiente Luiz Cláudio Ramos. E a banda contou com João Rebouças (Piano e cavaquinho), Jorge Helder (Baixo, violão e bandolim), Jurim Moreira (Bateria), Chico Batera (Percussão), Bia Paes Leme (teclado e vocais) e Marcelo Bernardes (sopros).

O disco começa com Monica Salmaso interpretando com sua habitual maestria canções como Bom Tempo, Passaredo e Mar e Lua. Chico dá o ar da graça na biográfica Velho Francisco. A partir daí o que se ouve é uma sucessão de canções marcantes de sua obra, cantadas em uníssono pelo público presente.

Chico homenageia Gal Costa (1945-2022), evocada em Mil Perdões, e Miúcha (1937-2018), com Maninha, o mergulho ficcional do cantor na infância com a irmã. Também  recria canções do disco de 1987 (As Minhas Meninas e Bancarrota Blues) e do album Paratodos (Choro Bandido, Biscate e Futuros Amantes). A inclusão de O Meu Guri (do álbum Almanaque de 1981) surpreendeu e emocionou o público presente no show.

No final, as 31 faixas de Que tal um Samba? mostram um Chico Buarque revigorado, recriando canções que se mostram atemporais. Um perfeito retrato da nossa vida cotidiana.


O Meu Guri


Bom Tempo


Que Tal Um Samba


sexta-feira, 24 de novembro de 2023

.: Crítica musical: Edu Lobo completa 80 anos em grande estilo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Edu Lobo chega aos 80 anos em plena atividade musical. Lançou um disco com participações de quatro intérpretes e um time de feras acompanhando. O repertório conta com canções autorais menos conhecidas, que soam como pérolas musicais para o ouvinte. No time de cantores figuram Monica Salmaso, Vanessa Moreno, Zé Renato e Ayrton Montarroyos.

Uma mescla bem interessante de novos nomes com outros com mais tempo de estrada na música. Entre os instrumentistas estão Kiko Horta (criador do Cordão do Boitatá) e o violão de oito cordas de Paulo Aragão (do Quarteto Maogani), além do naipe de sopros de Carlos Malta e Mauro Senise. Na seção rítmica está o trio que acompanha Edu há décadas: Cristóvão Bastos (além de pianista, arranjador e diretor musical), Jorge Helder (contrabaixo) e Jurim Moreira (bateria), acrescido da percussão de Marcelo Costa.

O disco tem 24 canções, sendo Beatriz talvez a faixa mais conhecida, composta originalmente para "O Grande Circo Místico" em parceria com Chico Buarque. Edu Lobo interpreta a bela composição em dueto com Monica Salmaso. A faixa de abertura é a instrumental "Casa Forte", que mostra suas raízes com Pernambuco. E é na redescoberta das demais composições que reside a beleza da obra de Edu Lobo. Seja na malemolência do samba "Nego Maluco" (cantado por Zé Renato), ou no xote com toques de baião da "Dança do Corrupião" (cantada por Edu e por Vanessa Moreno).

Edu Lobo redescobre da peça "Cambaio" a bela canção "A Moça do Sonho" (cantada por Ayrton Montarroyos). E ele mesmo interpreta magistralmente Bancarrota Blues, que tinha sido gravada originalmente por Chico Buarque nos anos 80. Se você esperava ouvir os antigos hits de Edu Lobo, como "Ponteio", "Upa Neguinho" ou "Lero-Lero", talvez fique desapontado. Mas isso muda logo ao ouvir as ótimas canções desse disco. Um trabalho de extremo bom gosto que prova que a sua obra resistiu ao teste do tempo.

A voz de Edu Lobo está firme e impecável, assim como a direção musical de Cristóvão Bastos. Na verdade, com uma produção desse nível, dificilmente o resultado seria negativo. "Edu Lobo 80" é um daqueles discos para se ter em sua discoteca particular e ser degustado com audições sem a menor pressa.


"Beatriz"

"Casa Forte"

"Gingado Dobrado"

sábado, 18 de novembro de 2023

.: Domingando mantém a tradição do choro com tempero nordestino

Quarteto Domingando e Ferragutti. Foto: Gláucia Chiva


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O Quarteto Domingando vem divulgando o show De Choro a Choro, um espetáculo instrumental concebido em homenagem a dois importantes músicos do choro, referências em seus respectivos instrumentos: Charles da Flauta (premiado flautista, reverenciado mundialmente como um gênio de seu instrumento) e Toninho Ferragutti (acordeonista, compositor e arranjador, reconhecido como um dos mais inventivos e talentosos instrumentistas de sua geração). E o trabalho do grupo vem chamando a atenção do público que curte a boa música instrumental. O nome do quarteto é uma homenagem a um ícone da música: Dominguinhos. Em entrevista para o Resenhando, Cicinho Silva conta como foi conceito para a formação do grupo e revela que eles já estão produzindo material autoral. “Queremos manter viva a tradição do choro”.


Resenhando – Como foi seu início na música?

Cicinho Silva – Venho de uma família de músicos. Meu pai foi um divulgador do forró em São Paulo. Comecei aprendendo cedo, aos 15 anos, no acordeon. Depois estudei em conservatórios, para aperfeiçoar e aprender novas técnicas. Fui aluno do Oswaldinho do Acordeon e do Toninho Ferragutti, dois mestres do instrumento, que foram muito importantes nessa minha formação.


Resenhando – Ouvindo as canções, notamos que vocês mostram um som do choro próximo de outros ritmos tradicionais, como o xote e o forró. Houve essa intenção?

Cicinho Silva – Primeiro é preciso lembrar que o nome do grupo se originou de uma homenagem ao grande Dominguinhos, um mestre de nossa música popular, que tinha raízes fortes com os ritmos do Nordeste. E a nossa proposta consiste mesmo em mostrar a influência do choro no forro. Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga utilizavam conjuntos regionais como acompanhamento em suas apresentações. Então essa identificação com os ritmos tradicionais é natural. Utilizamos o acordeon, o instrumento mais característico do forró. São ritmos que se integram, no final das contas. O público tem respondido positivamente ao nosso trabalho.


Resenhando – Qual é a formação atual do Quarteto?

Cicinho Silva – O Quarteto conta  com Cicinho Silva (acordeon e direção musical), Edmilson Capelupi (violão de 7 cordas), Alex Cavaco (cavaquinho) e Lucas Brogiolo (percussão), além do músico convidado Diego Lisboa (flauta) - e o homenageado Toninho Ferragutti (acordeon) que tem participação especial nas apresentações.


Resenhando – Como você avalia o panorama da música instrumental no Brasil?

Cicinho Silva – Essa é uma pergunta interessante. A mídia de uma forma geral não dá muito espaço para a música instrumental. Mas o que noto nas nossas apresentações é que o público gosta do trabalho. Acho que o fato de nós tocarmos ritmos tradicionais, que fazem parte de nossa autêntica música popular, acaba mexendo com a memória afetiva de quem ouve. O que percebo é que o público gosta e se mostra presente nas apresentações. Hoje temos um grande número de músicos talentosos de várias gerações, que buscam seu espaço na música.


Resenhando – Como vocês estão trabalhando para divulgar o projeto?

Cicinho Silva - Esse projeto é uma realização do Quarteto Domingando, da Associação Construindo Consciência (ACC), da produtora cultural Elielma Carvalho. Foi viabilizado com o apoio do 6º Edital de Apoio à Música para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura da Capital. Fizemos uma apresentação na Escola de Música Tom Jobim no dia 7 de novembro, na Capital Paulista. E estamos programando novas apresentações em breve.

Papo de Sanfoneiro


Ferragutiando


A Gente vê Depois



sexta-feira, 10 de novembro de 2023

.: "Now and Then": novo single dos Beatles emociona os fãs


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Um dos versos da canção "Clube da Esquina 2", de Milton Nascimento, Lo Borges e Marcio Borges, afirma que os sonhos não envelhecem. E a máxima faz ainda mais sentido quando constatamos que os Beatles estão de volta. Com o lançamento do single "Now and Then", uma canção de John Lennon gravada originalmente em uma fita cassete nos anos 70 e que recebeu o acabamento dos dois integrantes remanescentes (Paul McCartney e Ringo Starr), além de intervenções de guitarra deixadas por George Harrison nos anos 90.

A história da canção remonta a época do lançamento das coletâneas "Anthology", em 1995, que incluíram outras duas canções de Lennon acabadas pelos três integrantes (George faleceu em 2001). As três canções constavam na fita dada por Yoko Ono para Paul McCartney. "Free As a Bird" e "Real Love" foram incluídas nas coletâneas denominadas "Anthology". E "Now and Then" acabou deixada de lado, pelo fato da gravação não ter ficado tecnicamente boa pelos músicos.

Porém, com o avanço dos recursos técnicos, foi possível melhorar a qualidade da gravação da voz de John. E novamente surgiu a possibilidade de lança-la, com o material que George já tinha feito em 1995, além do acabamento feito recentemente por Paul e Ringo. Ou seja: genuinamente é uma canção onde os quatro integrantes originais (John, Paul, Ringo e George) participam.

O lançamento em formato single com a versão remasterizada de "Love Me Do", o primeiro hit da banda, provocou uma catarse entre os fãs da pelo mundo. Seriam esses ecos da Beatlemania? Talvez sejam. O fato é que nesse mundo globalizado, interligado por diversas redes sociais, ficou muito mais fácil para os fãs se conectarem para comentar sobre a novidade relacionada com o grupo. Até o ex-íntegrante da banda Oasis, Liam Gallagher, teceu comentários elogiosos sobre o single.

Ouvi mais de uma vez a gravação. E é realmente emocionante ouvir a voz de John misturada com os vocais dos demais integrantes. Senti a mesma coisa quando ouvi Free as a Bird pela primeira vez. "Now and Then" é uma balada típica de John Lennon dos anos 70. Se você ouvir seus discos solo, constatará outras canções com um tom melancólico e triste, no mesmo estilo deste single.

A questão é que a inclusão de Paul, George e Ringo na gravação fez com que a despretensiosa fita demo caseira se potencializasse, ampliando o seu raio de alcance e atingindo em cheio os corações de milhares de fãs espalhados pelo mundo. "Now and Then" coincide com o relançamento de duas coletâneas lançadas originalmente nos anos 70. Chamadas de "Red and Blue", as duas foram ampliadas com a inclusão de mais faixas dos Beatles.

Se estivesse vivo, talvez John Lennon até gostasse do single e da sua repercussão, 53 anos depois do anúncio do fim da banda. Mas creio que também estaria triste ao ver que estão ocorrendo guerra entre Russia e Ucrânia e, mais recentemente, o conflito entre Israel e os grupos palestinos. Creio que ele retomaria a sua campanha pacifista “War is Over – If You Want It” ("A Guerra termina – se você quiser"). Outro trecho do "Clube da Esquina 2", cita que “basta contar compasso e consigo, pois de tudo se faz canção”. O resultado final de Now and Then é a prova definitiva disso, com certeza.


"Now and Then" - The Beatles

Trailer sobre "Now and Then"


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

.: Entrevista: Marcelo Costa celebra a MPB em disco com convidados


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Considerado um dos percussionistas mais requisitados da MPB, Marcelo Costa conseguiu reunir um time de intérpretes para produzir o seu Volume 2, um projeto no qual atua como diretor artístico e recria canções que marcaram a sua trajetória na música. Para viabilizar esse projeto, ele contou com nomes como Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Jussara Silveira, Marisa Monte, Teresa Cristina e Martinália, entre outros. Em entrevista para o Resenhando.com, Marcelo explica que cada convidado tem uma passagem profissional com ele na música e que o repertório tem uma característica atemporal. “Esse projeto é uma celebração para nossa MPB”.

Resenhando.com - Como foi seu início na música?
Marcelo Costa -
 Eu comecei nos anos 70, com o grupo A Barca do Sol. Tinha apenas 14 anos naquela ocasião. Logo em seguida, participei da gravação do primeiro disco do grupo Boca Livre, que acabou alcançando ótimos índices de vendagens. Em 1984 fui convidado para participar da Banda Nova do Caetano Veloso, que gravou o álbum Velô. Essa participação acabou me projetando no meio musical ainda mais e desde então tenho sido requisitado e trabalhado com vários nomes.


Resenhando.com - Como foi possível reunir esse grupo de intérpretes nesse trabalho?
Marcelo Costa - 
Não foi difícil porque tenho uma história com cada um dos convidados. Todos entenderam o conceito artístico do projeto e colaboraram da melhor forma possível. Então, a questão foi apenas conciliar datas para poder agendar a gravação. Esse projeto tem um caráter atemporal, com composições de vários nomes consagrados, como Lupicínio Rodrigues e Vinícius de Morais. Não sou compositor, portanto pude me concentrar na escolha do repertório e na produção. Foi muito legal foi ver a colaboração dessas pessoas que sempre admirei e continuo admirando na música.

Resenhando.com - Você citou o Caetanos Veloso, mas tem trabalhado bastante com a Maria Bethânia. Como tem sido essa parceria com ela?
Marcelo Costa - 
Se por um lado trabalhar com o Caetano Veloso ajudou a abrir portas, trabalhar com a Bethânia foi uma benção. Comecei a trabalhar com ela a partir de 1999. Como intérprete, nem preciso falar muito; considero ela uma das maiores vozes de sua época, capaz de transmitir uma emoção incrível em suas interpretações. Nesse Volume 2 ela canta a canção intitulada Número Um, parceria de Benedito Lacerda e Mario Lago. E para minha surpresa, a Bethânia disse que já conhecia porque a mãe dela cantava essa canção durante a infância dela. E ela cantou divinamente, como sempre.

Resenhando.com - Nesse Volume 2 você participa cantando uma das faixas. Como foi essa experiência?
Marcelo Costa - 
Foi algo que se encaixou no conceito do disco. Mas não tenho pretensão de virar um intérprete. Continuo tendo a mesma pretensão de ser um músico que acompanha o intérprete.


Resenhando.com - Como está sendo feita a divulgação desse trabalho.
Marcelo Costa -
A Gravadora Biscoito Fino já disponibilizou o disco nas plataformas de streaming. No futuro quero levar esse trabalho para o palco.

 "Número Um" (Maria Bethânia)

"Deixei Recado" (Roberta Sá)

"Mulher Sem Razão" (Ney Matogrosso)

sábado, 28 de outubro de 2023

.: "Hackney Diamonds": os Rolling Stones desafiam o tempo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Ninguém poderia imaginar que estaríamos em pleno 2023 ouvindo uma canção nova dos Rolling Stones. Mas foi justamente o que aconteceu com o lançamento mundial do álbum "Hackney Diamonds", recheado de participações especiais e uma vitalidade musical de dar inveja a qualquer fã ou um simples admirador do grupo.

A banda se resume hoje a três integrantes: Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood. O falecido baterista Charlie Watts chegou a gravar quatro faixas do disco, sendo que nas demais as baquetas são tocadas por Steve Jordan.

Entre as participações especiais estão Elton John que toca teclados nas faixas "Get Close" e "Live By The Sword", sendo que nesta segunda há também a presença de Bill Wyman, ex-baixista da formação original dos Stones. Destaque também para Stevie Wonder (no piano) e Lady Gaga (vocal)  na canção gospel "Sweet Sound Of Heaven".

Mas a colaboração que chamou mais a atenção foi a de Paul McCartney, ex-Beatle, que toca baixo na divertida faixa "Bite My Head Off", um rock´n roll bem ao estilo dos anos 60. Isso meio que fecha um ciclo. Beatles e Stones efetivamente juntos em uma faixa era algo que poucos poderiam apostar que aconteceria, apesar de não ser bem uma novidade.

Nos anos 60, Jagger participou do coro de "All You Need Is Love" dos Beatles, enquanto que John LennonPaul McCartney fazem vocais na canção "We Love You" dos Rolling Stones, gravada  também naquela época. E um os primeiros hits dos Stones foi composto por Lennon e McCartney ("I Wanna Be Your Man").

Na audição de Angry, o primeiro single do álbum, você percebe que eles tentaram buscar aquela sonoridade de discos clássicos, como "Tatoo You" e "Exile From Main Street".  É fato que eles não conseguiriam repetir o mesmo efeito. Mas só por fazer algo novo podemos considerar relevante a iniciativa. O núcleo criativo segue na mão da dupla Jagger-Richards, mas claro que sem o brilho de outrora. E é preciso entender que lançar material inédito exige esperar para ver se o mesmo passa no teste do tempo.

Se você deixar de lado as inevitáveis comparações e ouvir o disco despretensiosamente, pode até curtir, pois Jagger segue cantando como se tivesse 20 anos. E Keith Richards continua sendo um mestre indiscutível dos riffs. Há até momentos de clímax na faixa "Sweet Sound Of Heaven", no dueto de Jagger com Lady Gaga. E essa faixa lembra um pouco "Fool to Cry", do disco "Black And Blue", mas longe de ser repetitiva. Também gostei das faixas "Get Close" e "Driving Me Too Hard", ambas com ecos do passado nos arranjos e na produção. No geral, o disco soa um pouco saudosista, sem dúvida. Mas quem se importa com isso? É somente rock´´n roll e eu gosto. Vale muito a audição. Compre o álbum "Hackney Diamonds" neste link.

"Angry"

"Sweet Sound Of Heaven"

"Bite My Head Off"

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

.: O "Presente & Cotidiano" de Cristina Guimarães por Luiz Gomes Otero

Foto: Gal Oppido 

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


A paulistana Cristina Guimarães está divulgando o show "Presente & Cotidiano" com repertório em homenagem ao cantor e compositor Luiz Melodia (1951-2017). O show é um trabalho de releituras pautado pela originalidade, trazendo arranjos que apresentam obras de Luiz Melodia pela interpretação de Cristina Guimarães.

A banda que acompanha a cantora é formada pelos músicos André Bedurê (violão, baixo e direção musical), Rovilson Pascoal (guitarra) e Gustavo Souza (bateria), além da participação de Bianca Godoi como técnica de som e violonista em uma das canções. 

São composições imortalizadas e outras menos conhecidas, porém de extrema beleza e que traduzem bem a sensibilidade do poeta. "Luiz Melodia é um artista que me toca e encanta por vários motivos, desde a sua melodia, sempre moderna e desafiadora, além de bastante elaborada, até as canções que trazem poesias lindas com versos surpreendentes e que, muitas vezes, só depois de algum tempo cantando você se dá conta do que ele realmente fala. Para uma cantora isso já é um desafio incrível”, comenta Cristina Guimarães.

O programa do show traz “O Sangue Não Nega” (Luiz Melodia e Ricardo Augusto), “Começar pelo Recomeço” (Luiz Melodia e Torquato Neto), “Congénito” (Luiz Melodia), “Presente Cotidiano” (Luiz Melodia), “Magrelinha” (Luiz Melodia), “Estácio, Eu e Você” (Luiz Melodia) e “O Caderninho” (Olmir Stocker), entre outras.

Cristina Guimarães lançou, recentemente, seu primeiro EP, Em Canto, um trabalho de voz e piano formado por composições que a apresentam como uma intérprete singular, de timbre aveludado, que imprime sua identidade à música popular brasileira. Em Canto é formado pelas faixas “Caso Você Case” (Vital Farias), “Nunca” (Lupicínio Rodrigues), “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) e “Tempo Velho” (Douglas Germano), sendo que essas duas últimas foram lançadas também em formato single.

Filha de pianista, Cristina descobriu o amor pelo canto na juventude. Estudou canto; formou-se em Psicologia na Universidade São Francisco, em Itatiba, SP; cursou Psicanálise na Escola de Psicanálise de Campinas e segue em formação no Instituto Vox de Pesquisa em Psicanálise, em São Paulo, cidade onde mantém trabalho em consultório. Paralelamente, seguiu cantando. Em Campinas, foi a voz de grupos que se apresentavam na cidade, atuando ao lado de instrumentistas como o pianista Bebeto von Buettner, o baterista Ramo Montagner e, no Trio Azeviche, com o guitarrista Bruno Mangueira e o baixista Marcos Souza. Em 2019, a pianista e cantora Cida Moreira, com quem fazia aulas de canto, incentivou-a assumir definitivamente sua relação com a música. Foi quando decidiu investir em um trabalho próprio de intérprete, gravar alguns singles e, finalmente, lançar seu primeiro EP.


Presente Cotidiano


O Sangue não nega



sábado, 14 de outubro de 2023

.: Entrevista: Bernardo Lobo traz "Bons Ventos" para a MPB


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O cantor e compositor Bernardo Lobo, filho do consagrado músico Edu Lobo, lançou o CD "Bons Ventos", oitavo de sua discografia. Gravado em Lisboa, o álbum que leva o nome de uma canção inédita do artista carioca no título, marca os 30 anos de sua carreira. O produtor foi Marcelo Camelo, que participou da seleção do repertório e toca quase todos os instrumentos no álbum: guitarra, piano, baixo, bateria e percussão.Em entrevista para o Resenhando.com, Bernardo Lobo conta como foi o conceito de produção do disco, relembra passagens marcantes de sua carreira e explica como está sendo feita a divulgação desse novo trabalho. “A música é uma parte importante da minha vida”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música?
Bernardo Lobo - A música sempre esteve presente em mim. Meu pai tocava as fitas e eu cantava. Mais tarde participei de dois discos dele: o "Jogos de Dança" e o "Grande Circo Místico", no qual participei do coro infantil. Na adolescência gostava de rock, reggae. E um pouco mais tarde comecei a fazer teatro. E foi o teatro que me trouxe de volta a música brasileira. Caetano. Gilberto Gil, Jorge Benjor, Djavan,  Edu (Lobo). Eu me apaixonei por esses mestres. Em uma turnê do meu pai, ele me levou junto como roadie e decidi que queria ser músico. Passei a fazer aulas de violão com a minha mãe e no segundo mês de aula eu já estava fazendo música. Logo depois fiz minha primeira gravação profissional no songbook do meu pai, editado pelo Almir Chediak. Daí em diante passei a fazer shows e não parei mais. Tive projetos com Chico Buarque, Paulinho Moska e quando me vi já estava totalmente envolvido com a música. Em 1998, fiz minha primeira fita demo com as minhas canções. E no ano 2000 lancei meu primeiro disco autoral


Resenhando.com - Quais são as suas principais influências musicais?
Bernardo Lobo - Inicialmente Caetano Veloso. Mais tarde Chico Buarque, Djavan e Milton Nascimento, Gilberto Gil, João Bosco, Ivan Lins, Dori Caymmi. Essas são minhas principais influências da formação musical.


Resenhando.com - Fale sobre a produção do novo disco.
Bernardo Lobo - Tive a ideia de chamar o Marcelo Camelo. E aí passamos a conceituar o que seria o disco. Ele escolheu oito músicas e a lista acabou ficando igual a minha. Queria um disco com as canções mais comunicativas. E acho que conseguimos atingir o nosso objetivo


Resenhando.com - Na sua discografia consta um disco com canções de Marcos Valle.  Como foi essa experiência?
Bernardo Lobo - Foi ótimo. Foi muito importante. Naquela época estava sem fazer nada. E um produtor de São Paulo me procurou depois de uma apresentação, me convidando para gravar esse disco. Quando estava gravando, me mudei para Portugal. E o Marcos Valle apareceu por lá. Desse contato resultou em uma parceria que fizemos e ainda faríamos outra canção. As duas por final para meus filhos. Não estava no script virar parceiro do Marcos, mas acabou acontecendo e foi algo incrível. Uma experiência gratificante da qual me orgulho muito.


Resenhando.com - Como é trabalhar com o Marcelo Camelo na produção?
Bernardo Lobo - Foi fácil demais. O Marcelo Camelo foi um gigante. Tocou vários instrumentos e me obrigou a tocar violão em todas as músicas, coisa que eu nem queria. Tinha intenção de trazer um violonista, mas ele (Camelo) disse que queria eu no violão. Acabei inclusive participando dos arranjos que partiam mesmo do meu violão. Foram dois meses de gravação sem uma única discussão.

Resenhando.com - Há planos para shows no Brasil para divulgar o álbum?
Bernardo Lobo - Sim. Devo me apresentar no Brasil em 2024, logo depois do carnaval. Tenho planos de shows em algumas capitais. Rio e São Paulo, com certeza estarão no roteiro.


"Bons Ventos"

"Na Palma da Mão"

"Arrebentação"

sábado, 7 de outubro de 2023

.: Entrevista com Jurema Otaviano: vozes de Minas que cantam e encantam


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Fundado há mais de 20 anos em Guaxupé, no Sul de Minas, o grupo vocal A Quatro Vozes segue realizando um trabalho íntegro resgatando composições do nosso cancioneiro e produzindo material autoral. Um dos mais recentes é o show com repertório que celebra os 50 anos do LP "Clube da Esquina", que vem sendo apresentado na série Sotaques do Brasil.

Atualmente o grupo atua como trio formado pelas irmãs Dora Otaviano, Jurema Otaviano e Jussara Otaviano, que cantam acompanhadas pelos violões de Brau Mendonça e Marquinho Mendonça. Em entrevista para o Resenhando, Jurema Otaviano conta como se deu a formação do grupo e revela suas principais influências musicais. “Cantar em harmonia é uma experiência incrível que te renova como interprete”.


Resenhando – Como foi o seu início na música?
Jurema Otaviano –
Minhas primeiras lembranças remontam lá no Sul de Minas, ouvindo a Radio Clube de Guaxupé. Tinha uma programação com música instrumental durante o dia. E ouvíamos muitos discos de cantores e grupos vocais. Desde Trio Irakitan até o Boca Livre. Notei que o Brasil tinha uma tradição forte com grupos vocais na MPB. Isso serviu como estímulo para fundar o A Quatro Vozes.


Resenhando – Como foi a formação do grupo?
Jurema Otaviano –
A origem dele começa na família. Nossa mãe gostava muito de cantar, o que fez com que a gente também pegasse o gosto pela coisa. O fato é que houve uma identificação com nossas ideias sobre música. Começamos em 1994 e desde então continuamos juntas.


Resenhando – Mas nos últimos tempos a formação, que originalmente era quarteto, se tornou um trio. Como foi essa transição?
Jurema Otaviano –
Foi um desafio e tanto. As harmonizações com quatro vozes têm um tipo de nuance diferente do trio. Por outro lado, estamos descobrindo outras ideias de arranjos. Tudo tem sido um aprendizado diário extremamente proveitoso.


Resenhando – Como foi resgatar canções do Clube da Esquina?
Jurema Otaviano –
Essa era uma ideia antiga nossa. Somos todas fãs de Milton Nascimento e de toda a turma do Clube da Esquina. São canções atemporais que ainda nos emocionam. Foi uma honra poder cantá-las, porque o álbum completou 50 anos e o Milton chegou aos 80 anos.


Resenhando – Vocês produzem material autoral?
Jurema Otaviano –
Nós também temos composições próprias. Nossa produção tem sambas, baladas e outros estilos mais próximos do folclore. Tudo fruto de nossa formação musical.


Resenhando – Como estão programando novas apresentações?
Jurema Otaviano –
Nesta sexta, dia 6 de outubro, nós nos apresentamos em Guararema na Estação Literária. Vamos continuar nos apresentando dentro da caravana Sotaques do Brasil. E continuamos levando nossa música para todos. Porque como diz aquela canção do Milton Nascimento: Todo artista tem que ir onde o povo está.


"Pantanal"

"Bola de Meia Bola de Gude"

"Conto de Areia"

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

.: Uyara Torrente traz o seu quebra-cabeça musical em disco

 
Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Marco Novack

Integrante da Banda Mais Bonita da Cidade, a paranaense Uyara Torrente está lançando seu primeiro disco solo, intitulado "Montada em Seu Cabelo". Um trabalho que se assemelha a um mosaico musical, com canções inéditas de autores contemporâneos e releituras de composições que marcaram a sua formação musical. O disco já está disponível nas plataformas de streaming.

Lançar um álbum solo representou um desafio, conforme explica Uyara. “Porque está intrinsecamente ligado aos processos pessoais, que trazem consigo inevitavelmente as inseguranças, os medos, tudo isso está presente ali. Como uma fotografia sonora”. A ideia surgiu em 2017 e acabou começando a tomar forma em 2021

Para o ouvinte, fica a impressão de uma cantora com uma voz suave e marcante, que canta um repertório convincente. Flertes com uma MPB imersa no estilo indie e um  vocal de timbre cool. Destaque para as deliciosas releituras de "Nuvem Passageira" (sucesso de Hermes de Aquino nos anos 70) e "Sereia" (hit de Lulu Santos que foi lançado originalmente por Fafá de Belém).

Entre as canções inéditas se sobressaem as faixas "Ela Vem", "Sol do Meio Dia" e "Pudera", que contam com arranjos marcantes. Uyara parece ter sido influenciada pela chamada Vanguarda Paulista, representada pelo Grupo Rumo. A cantora Ná Ozzetti poderia ter sido uma de suas influências.

Mas não pense que o som de Uyara se classifica como alternativo. Ela tem uma forte essência pop nos arranjos e na produção musical em si. Produz música que pode ser ouvida nas rádios ou até mesmo em trilhas de novelas ou minisséries da TV. E o mais legal é que ela não precisa fazer concessões para atingir isso. Tudo flui naturalmente. Tomara que Uyara estenda sua turnê para outros estados. Porque o público precisa  conhecer melhor o seu trabalho.

 "Ela Vem"

"Pudera"

"Sol do Meio Dia"

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

.: Vitor Novello estreia na música bem "À Beça". Confira entrevista!

Vitor Novello. Foto: Saulo Segreto


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Com 17 anos de carreira como ator, Vitor Novello inicia agora na música, com o lançamento do álbum "À Beça", que já foi disponibilizado nas plataformas de streaming. O trabalho mescla diversas influências musicais, passeando pelos ritmos tradicionais como o xote e por outros elementos relacionados com o pop contemporâneo. Em entrevista para o Resenhando, Novello conta como busca integrar a sua formação como ator na nova carreira musical e revela seus planos para o futuro. “Quero levar a minha música para o maior número de pessoas possível”.


Resenhando – Como foi se aventurar na música depois de uma carreira bem sólida como ator?

Vitor Novello – Foi algo bem natural. Porque a música sempre fez parte da minha vida. Eu já tinha algumas composições autorais. E graças a produtora carioca Reurbana pude concretizar essa iniciativa de gravar um disco. Lançamos um vídeo no YouTube que já contabiliza um número significativo de visualizações. Tudo tem sido um aprendizado diário, mas a receptividade do público tem sido bem positiva.


Resenhando – E a formação como ator deve ter contribuído para essa nova empreitada.

Vitor Novello – Com certeza. O fato de ser ator ajuda muito na concepção da performance no palco, de acordo com a mensagem da canção. Mas não posso deixar de mencionar o auxílio dos parceiros que tive nessa empreitada.


Resenhando – Fale sobre suas principais influências.

Vitor Novello – Minha formação passa por várias vertentes. Desde Luiz Gonzaga até o pop contemporâneo de nossa MPB, como o Nando Reis. Passei pelo som do Secos e Molhados, além dos representantes do Nordeste, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Alceu Valença entre outros. Todos foram muito importantes para minha formação na música.


Resenhando – Como foi a participação do músico Targino Gondim, autor de Esperando na Janela?

Vitor Novello – Foi na última canção do disco, que é um xote bem no estilo do que ele compõe. Fizemos o convite e ele aceitou de pronto. Quando ouvimos o resultado final ficamos muito emocionados. Tenho o Targino como uma referência nesse estilo e tê-lo ao lado tocando acordeon e cantando foi uma emoção dupla.


Resenhando – Fale sobre produção do disco e do show de divulgação.

Vitor Novello – A direção musical é de Beto Lemos, responsável pelos arranjos de quatro faixas do álbum “À Beça”. Tem repertório autoral e covers de canções conhecidas da MPB, como "Flor de Maracujá", "O canto da ema", "Conselho" e "Sanfona sentida". A direção do Beto Lemos imprime a linguagem pretendida ao show: um território híbrido entre música, poesia e dramaturgia.


Resenhando – Em paralelo, você continua trabalhando como ator?

Vitor Novello – Eu atuo desde os 10 anos no teatro, cinema e televisão. Interpretei personagens em novelas como "Paraíso Tropical" (2007) e "Malhação" (2015 e 2016), da Rede Globo. Há tempos eu divido o tempo entre o teatro e a música. Participei de espetáculos teatrais como "Zaquim" (2020 a 2022) e "Clube da Esquina - Os Sonhos Não Envelhecem" (2022). Também escrevo para teatro: em 2018 estreei a peça autoral "Mármore”, e lancei ainda o livro de poesia "Par ou ímpar", publicado em 2020 pela editora Penalux.


Resenhando – Como estão os planos para divulgar esse trabalho?

Vitor Novello – Fizemos um show no Rio de Janeiro em agosto, no Teatro Cesgranrio. Estou programando uma participação em um festival em Belo Horizonte e iremos fazer mais um show no Rio de Janeiro. Estou vendo a possibilidade de estender a turnê para outros estados. Nos próximos meses iremos definir esse planejamento e divulgaremos. Quero levar a minha música para o maior número de pessoas possível.


Ideia de Alguém


Não Corra Perigo


Teu Olhar Dá Bandeira



sexta-feira, 15 de setembro de 2023

.: Gaia Wilmer e Jaques Morelenbaum conjugam o verbo Caetanear em disco

Em dupla para conjugar o verbo Caetanear em disco. Foto: divulgação


"Trem das Cores" é um trabalho em homenagem à música de Caetano Veloso, artista fundamental nas vidas de Gaia Wilmer e Jaques Morelenbaum, que chega às plataformas de música, por intermédio da Gravadora Biscoito Fino.  O resultado prima pela excelência dos arranjos e releituras interessantes que fazem o verbo Caetanear passear com desenvoltura pelas ondas do jazz em alguns momentos.

Além do imenso prazer de estarem juntos tocando Caetano, a ideia do álbum é celebrar os 80 anos do baiano e, principalmente, valorizá-lo como compositor, para além de sua beleza como poeta e cantor. Sendo assim, Trem das Cores propõe uma viagem instrumental pela obra de Caetano Veloso: apenas duas das nove faixas são cantadas por Mônica Salmaso, convidada especial do projeto.

Gaia e Jaques trabalharam juntos pela primeira vez em 2018, numa homenagem aos 70 anos Egberto Gismonti, que incluiu uma série de shows de Gaia pelo Brasil e a gravação do álbum “Folia – The Music of Egberto Gismonti” (de Gaia Wilmer Large Ensemble, no qual Jaques era um dos convidados). Desde então queriam fazer algo juntos, e foi durante a pandemia que nasceu a ideia de homenagear Caetano Veloso.

O disco conta com Gaia Wilmer (Sax Alto e Arranjos), Jaques Morelenbaum (Cello e Arranjos), Maiara Moraes (Flauta, Flauta em Sol e Flautim), Aline Gonçalves (Flauta, Flauta Baixo e Flautim),

Gustavo D`amico (Sax Soprano), Eduardo Neves (Flauta, Flauta em Sol, Sax Tenor), Rui Alvim (Clarinete e Clarone), Pedro Franco (Guitarra), Vitor Gonçalves (Acordeom), Pablo Arruda (Baixo Elétrico e Acústico) e Diego Zangado (Bateria e Percussões). Monica Salmaso canta as canções "Trem das Cores" e "Um Dia".

Entre as faixas instrumentais destaco as releituras de "Queixa" (com um solo incrível de flauta e um arranjo que remete ao original em vários momentos) e de "Trilhos Urbanos". Entretanto, o disco inteiro merece uma audição do ouvinte, principalmente se você for admirador da obra do genial compositor baiano.

Trem das Cores


Trilhos Urbanos


Queixa



sexta-feira, 8 de setembro de 2023

.: Crítica musical: "Casa Ramil", uma família musical por natureza


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A família Ramil decidiu mostrar no palco um pouco de sua musicalidade. Como se abrissem a porta de sua casa para o público presente nas duas apresentações registradas no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, fizeram um registro raro e emocionante, resgatando canções consagradas e mostrando outras mais recentes. E esse registro chega agora nas plataformas digitais por intermédio do gravadora Biscoito Fino.

O espetáculo "Casa Ramil" teve como objetivo levar para o palco o espírito dos encontros familiares descontraídos na casa dos Ramil. Kleiton & Kledir e Vitor foram os pioneiros: conquistaram o país e colocaram a música do Sul no mapa da música brasileira. Já lançaram dezenas de discos e fazem shows pelo mundo afora. Suas canções foram gravadas por grandes intérpretes da música popular brasileira, como Gal Costa, Simone, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Nara Leão, Ivan Lins, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhotto, MPB4 e Chico César, além de artistas de renome da música internacional, como Mercedes Sosa, Jorge Drexler, Fito Paez e León Gieco, entre tantos outros.

Ian, Thiago, Gutcha e João Ramil, da segunda geração da família, já acumulam uma legião de admiradores em shows, discos e redes sociais. Já receberam vários prêmios importantes, com destaque para o Grammy Latino: Thiago foi indicado na categoria “Melhor Álbum Pop Contemporâneo”, e Ian saiu vencedor na categoria “Melhor Álbum de Rock”. 

O resultado dessa união familiar produziu uma espécie de colcha de retalhos musicais. O registro tem a indefectível "Vira Virou" (um dos primeiros hits da dupla Kleiton e Kledir, que fez sucesso também com o grupo MPB-4) e a bela "Estrela Estrela" (composição de Vitor Ramil que foi gravada por Gal Costa no auge de sua carreira, nos anos 80).

Mas o que chama a atenção são as canções menos conhecidas do grande público, como a surpreendente "Artigo 5º", na qual Ian Ramil coloca de forma genial uma melodia em ritmo reggae no texto do quinto artigo da Constituição Federal. Posso citar ainda a divertida "Autoretrato", cantada com maestria por todos. Há ainda a saudosista "Noite de São João", cuja letra lembra as festas juninas realizadas no sul do país.

O álbum foi gravado por André Colling e mixado/masterizado por Leo Bracht. O vídeo do show tem a direção de Renato Falcão (diretor de fotografia de "A Era do Gelo", "Rio", etc). Espero que a família Ramil resolva gravar mais um disco, uma vez que há várias outras canções que poderiam ser incluídas em um segundo volume.

"Vira Virou"

"Autorretrtato"

"Estrela Estrela"

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

.: Entrevista: Mu Carvalho fala sobre A Cor do Som em Santos


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Um dos grupos mais respeitados na nossa MPB, A Cor do Som marcou uma trajetória de mais de 40 anos mesclando elementos de nossa música tradicional com diversos outros estilos, promovendo uma fusão bem interessante que chegou a tocar bastante nas rádios nos anos 70 e 80. De uma certa forma, a banda ajudou a abrir as portas para o movimento do rock nacional que tomaria de assalto a rádios durante os anos 80. 

O fato é que Mu Carvalho (teclados), Armandinho (guitarra), Dadi Carvalho (baixo), Ary Dias (percussão) e Gustavo (bateria) conseguiram criar uma sonoridade que se tornou uma marca registrada da banda. E continua a atrair um público fiel em todos os seus shows. Nesta quinta-feira, dia 31 de agosto, eles estarão no palco do Festival Som das Palafitas, do Arte do Dique, a partir das 15h00, tocando seus sucessos cantados e instrumentais. Em entrevista para o Resenhando.com, Mu Carvalho conta como está a fase atual da banda, que acabou de conquistar o Grammy Latino com um elogiado álbum instrumental. E dá a sua opinião sobre a longevidade da banda. “Acho que conseguimos criar juntos um tipo de som que nos definiu como músicos”.

Resenhando.com - Qual é a receita para manter a mesma formação da banda há mais de 40 anos?
Mu Carvalho - No nosso caso, há realmente uma amizade sincera. Eu e o Dadi somos irmãos de sangue. Mas nós consideramos Ary, Armandinho e Gustavo como nossos irmãos também. Agora, se não houvesse uma empatia musical, isso não teria durado tanto tempo. É fato que nós, juntos, conseguimos criar um tipo de sonoridade que se tornou uma marca registrada da Cor do Som. Se você ouvir a gravação do Hino de Duran com o Chico Buarque na trilha da Opera do Malandro, vai perceber logo que o acompanhamento é da Cor do Som.


Resenhando.com - Há uma lenda sobre o início da banda. É verdade que vocês começaram a cantar por imposição da gravadora na época (Warner)?
Mu Carvalho Não foi bem assim. Já havia algumas faixas que cantávamos no terceiro disco. Com o tempo, percebeu-se na gravadora que algumas canções poderiam ser trabalhadas nas rádios. Foi um processo natural, que amadureceu aos poucos.


Resenhando.com - O último disco, chamado de Álbum Rosa, ganhou um Grammy Latino, só com peças instrumentais no repertório. Como foi a repercussão dessa premiação?
Mu Carvalho Foi uma surpresa muito agradável. Há tempos tínhamos esse desejo de gravar composições instrumentais, incluindo a regravação de duas canções que só tinham sido lançadas no disco ao vivo em Montreux, de 1977. Além de outras que foram importantes em nossa trajetória. O Grammy serviu como um reconhecimento dessa nossa área instrumental. É sempre um estímulo para continuar desenvolvendo a carreira.

Resenhando.com - Para o show de Santos vocês vão tocar esse repertório instrumental?
Mu Carvalho Vamos fazer meio a meio. Teremos uma parte instrumental e no final tocaremos algumas canções que foram sucesso de nosso repertório. Hits como "Beleza Pura", "Abri a Porta" entre outros

Resenhando.com - Além de A Cor do Som, você trabalhou na Rede Globo como produtor musical. Como foi essa experiência?
Mu Carvalho Foi importante demais para mim. Fiquei lá de 1994 a 2021. Fiz peças musicais para várias produções da TV. Isso me deu uma experiência incrível.

Resenhando.com - Além disso, você trabalhou com vários outros artistas e bandas?
Mu Carvalho Assim com o Dadi, fui muito requisitado para gravações em estúdio. E teve uma turnê da Legião Urbana na qual participei como músico de apoio da banda. Lembro com carinho a recepção do Renato Russo, que colocou um tapete vermelho para minha chegada no ensaio. Ele confessou que ia nos shows da Cor do Som antes de tocar profissionalmente. O Dadi também integrou por um tempo o Barão Vermelho. Gravou até um disco com eles.

Resenhando.com - De uma certa forma, A Cor do Som abriu portas para aquela geração do rock nacional nos anos 80.
Mu Carvalho Abrimos portas e acabamos atropelados por todas aquelas bandas (risos). Mas é interessante notar que muitos daquela geração 80 falam com carinho de nossa música. Tem um documentário sobre a Cor do Som no Canal Music Box Brasil que confirma isso.

Resenhando.com - Vocês já tocaram várias vezes aqui, no litoral paulista. Lembra de alguma passagem que te marcou?
Mu Carvalho Lembro de um show que fizemos na praia, em Santos, no início dos anos 80. Eu estava com um teclado novo, que havia acabado de adquirir. Aí, no meio do show, alguém da plateia cismou de jogar areia para cima. Em pouco tempo era areia pra todo o lado. Quando voltamos para o Rio de Janeiro, levei o teclado no técnico que fazia a manutenção nele. E ele ficou assustado com a quantidade de areia que havia entrado dentro do instrumento. Nunca me esqueci dessa passagem. Mas é preciso dizer que o público do Litoral sempre nos recebeu de forma calorosa. Toda vez que tocamos aí é sempre um prazer enorme.

Resenhando.com - Vocês têm canal de comunicação na rede social?
Mu Carvalho A banda está sempre atualizando informações nos canais das redes. No Instagram, Facebook e YouTube é só acessar @acordosomoficial, Eu também tenho um canal no YouTube : @MooCarvalho.

Serviço:
Festival Som das Palafitas. Instituto Arte no Dique - Av. Brigadeiro Faria Lima - Rádio Clube - Santos. Horário: 15h. Entrada Franca

"Beleza Pura"

"Abri a Porta"

"Frutificar"

sábado, 26 de agosto de 2023

.: Entrevista: Aline Calixto resgata a obra de Clara Nunes em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Carioca de nascimento e radicada em Minas Gerais desde os seis anos, a cantora Aline Calixto vem desenvolvendo uma carreira consistente, baseada principalmente no samba. Desde o seu primeiro disco, lançado em 2009, ela realizou diversos projetos, incluindo o DVD “10 Anos de Aline Calixto – Ao Vivo em BH”, com arranjos e produção musical de Thiago Delegado, e participações especiais de Monarco e Velha Guarda da Portela, Mauricio Tizumba e Tambor Mineiro; dos cantores mineiros Tavinho Leoni, Isadora Ferreira, Marina Gomes e Cinara Ribeiro e de Beth Carvalho, sendo esse o último registro audiovisual da madrinha do samba.

O seu mais recente lançamento é o disco "Clara Viva", no qual revive a rica obra da cantora Clara Nunes, que faleceu há 40 anos. Em entrevista para o Resenhando.com, Aline conta como se deu o processo de elaboração desse trabalho mais recente e sobre outros projetos, como o CD "Pontinhos de Amor", dedicado ao segmento infantil sobre o universo mitológico dos Orixás, além de sua relação afetiva com o estado mineiro. “Minas Gerais tem uma força musical que me encanta sempre”

Resenhando - Sua carreira traz a marca do samba em vários momentos. De onde veio essa identificação com esse estilo?
Aline Calixto - É muito difícil responder. Lembro na infância ter visto alguém cantando Clara Nunes na TV. Aquilo me despertou a atenção para a obra dela pela primeira vez. Mais tarde passei a conhecer a fundo a sua obra, bem como as de outros nomes do samba, como Martinho da Vila, só pra citar um exemplo. E morando em Minas Gerais, percebi que esse estado tem uma força musical que sempre me encanta e continua me encantando. Tem grupos musicais de samba maravilhosos aqui.


Resenhando - E como foi reviver a obra de Clara Nunes?
Aline Calixto - Foi uma felicidade imensa. Ela tinha um poder de interpretação sem igual. Cantava qualquer estilo musical com uma desenvoltura convincente. Seu timbre vocal me arrepia até hoje. Buscamos mostrar nesse trabalho uma pequena amostra da sua riqueza musical. Fiz questão de manter a essência das canções, muito embora eu tenha um estilo próprio de cantar. Pude fazer uma releitura respeitosa dessa obra e o melhor foi perceber que as pessoas ainda conseguem admirar essas canções. Tem até "Feira de Mangaio", um xote do Sivuca, que foi um sucesso dela naquela época.

Resenhando -  Como estão os planos para shows?
Aline Calixto - Temos uma banda definida. O repertório é basicamente o disco "Clara Viva", com algumas inserções de canções que não entraram no disco mas que funcionam bem ao vivo. Estou muito contente com o que estamos ensaiando. Começamos em Belo Horizonte e depois levamos para outros estados.

Resenhando - Por que você optou por permanecer em Minas Gerais ao invés de explorar o eixo Rio-São Paulo?
Aline Calixto - Foi uma opção pessoal. Desde que fiquei aqui, passei a ter público cativo e também encontrei músicos incrivelmente talentosos aqui. Se houver possibilidade de levar o show para o eixo Rio-São Paulo ou até para outros estados, eu levarei, com certeza. Mas não encaro isso como uma obrigação. Eu já tenho um público cativo em Minas Gerais.

Resenhando - Clara Nunes era ligada a Umbanda, assim como você. Fale sobre essa relação.
Aline Calixto - Ela tinha canções belíssimas que exploravam temas da Umbanda e do Candomblé. Foi mais uma identificação que tive com sua obra. Eu cheguei a lançar um disco autoral voltado para o segmento infantil, apresentando o universo dos orixás para as crianças. O trabalho chamou-se "Pontinhos de Amor" e teve uma boa repercussão na mídia.

Resenhando - Você pensa em gravar um disco autoral de samba no futuro?
Aline Calixto - Tenho essa meta no futuro. Mas nesse momento estou focada no papel de intérprete. "Reviver" a obra da Clara Nunes me abriu um horizonte incrível. Nós temos um material riquíssimo na nossa MPB, sobretudo na área do samba, que merece ser redescoberto pelas novas gerações.

"Nação"

"Conto de Areia"

"O Mar Serenou/Coroa de Areia"

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

.: "Cinema Mudo": há 40 anos, a estreia dos Paralamas do Sucesso em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Há 40 anos, Os Paralamas do Sucesso lançavam o seu álbum de estreia. "Cinema Mudo" foi um começo bem promissor, aproveitando a abertura que as rádios deram na época para o rock nacional naquela década. As canções mostravam influência do rock britânico e do reggae em muitos momentos. E é preciso destacar o perfeito entrosamento do trio, formado por Herbert Vianna (guitarra e vocal), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo).

Os três músicos vieram da chamada safra de Brasília, que logo traria bandas como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, entre outras. E de uma certa forma, a longevidade da banda, aliada com a sua sonoridade singular, que sempre caiu no gosto popular, contribuiu para a consolidação do rock nacional no cenário cultural do país.

Logo de cara, algumas faixas tocaram nas rádios, como "Vital" e "Sua Moto", "Patrulha Noturna" e a faixa-título ("Cinema Mudo"). Isso já serviu para mostrar para a gravadora deles na época (EMI) que havia um potencial a ser explorado. O som da banda nesse disco mostra uma influência do trio inglês The Police. O arranjo de Vital e Sua Moto comprova a adoração que os então jovens tinham pelos ídolos britânicos. O estilo de Barone na bateria mostra influência direta de Stewart Copeland, do The Police. O próprio Barone já confirmou isso em entrevistas recentes.

O disco foi produzido por Marcelo Sussekind e conta com participação de Lulu Santos que toca guitarra na faixa O" Que Eu Não Disse". A canção "Volúpia" tem arranjo de metais de Leo Gandelman. E conta ainda com "Química", canção de Renato Russo que a Legião Urbana gravaria somente no seu terceiro disco.

"Cinema Mudo" foi o pontapé inicial ideal para o trio, que entraria novamente em estúdio no ano seguinte para gravar "O Passo do Lui", alcançando um sucesso ainda maior que culminaria na apresentação antológica da primeira edição do "Rock In Rio" em 1985.

"Cinema Mudo"

"Vital e Sua Moto"

"Patrulha Noturna"

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

.: Guilherme Arantes: os 70 anos do "Coração Paulista"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

O coração paulista de Guilherme Arantes chegou aos 70 anos. E o melhor é que ele sempre parece estar se renovando, buscando novas inspirações de forma inquieta. Prova disso são seus mais recentes lançamentos autorais que só confirmam a sua genialidade e reforçam a sua importância no cenário da nossa MPB.

No meu caso, toda vez que a obra dele me vem na mente, sempre predominam as canções do seu primeiro álbum, de 1976. Nessa época ele conseguia traduzir em versos situações cotidianas com perfeição. Um exemplo é a faixa "A Cidade e a Neblina". Quem já passou pela região do ABC Paulista certamente se identifica com as imagens descritas nos versos da canção, que ilustravam os efeitos que a cerração provoca na paisagem das cidades daquela área. E o que dizer de "Descer a Serra", que lembra os passeios de trem pela antiga estrada férrea no litoral? E claro que não posso esquecer de citar "Meu Mundo e Nada Mais", que tocou exaustivamente em uma novela da Rede Globo e se tornou um clássico de seu repertório.

Com uma discografia tão extensa, era justo que sua mente inquieta explorasse novos horizontes. No álbum "Coração Paulista", em 1980, ele buscou uma sonoridade mais próxima do rock com letras ácidas e densas, mostrando uma realidade de tom cinza. E foi assim que ele conseguiu involuntariamente chamar a atenção de ninguém menos do que Elis Regina, que lhe pede duas canções para um disco que ela estava gravando no início dos anos 80. E Guilherme faz "Aprendendo a Jogar", que se tornou o último hit dela nas rádios. No ano seguinte, participa do festival MPB Shell com Planeta Água, canção que foi cantada pelo numeroso público presente. Não ganhou o festival, mas caiu nas graças do gosto popular..

A partir daí seguiu uma sequência de hits que marcaram definitivamente aquela década. Canções como "Deixa Chover", "Lance Legal", "Cheia de Charme", "Loucas Horas" e "Coisas do Brasil", entre outras, mostraram a sua competência como um autêntico hitmaker. Suas canções faziam sucesso até na voz de outros intérpretes, como Maria Bethânia ("Brincar de Viver"). Até o Rei Roberto Carlos gravou a bela "Toda a Vã Filosofia", composta sob encomenda para ele.

Os anos seguiram e Guilherme Arantes continuou gravando e lançando novas canções autorais. No disco mais recente, "A Desordem dos Templários", ele flerta até com elementos do rock progressivo, que norteavam o seu início de carreira. A verdade é que mesmo tendo alcançado todo esse sucesso, esse cara continua sendo o mesmo do início de carreira. E você ainda consegue vê-lo e ouvi-lo em shows ao vivo, com toda a sua essência como compositor e intérprete. Viva você, Guilherme Arantes. Viva nós, Viva o dia. 

"Viva" (álbum "A Cara e a Coragem", 1978)

"A Cidade e a Neblina" (álbum "Guilherme Arantes", 1976)


"Descer a Serra" (álbum Guilherme Arantes, 1976)


"A Desordem dos Templários" (2023)


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

.: Entrevista com Diogo Brown: Gafieira Rio Miami apresenta seu balanço


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Andres Fierro.

Criada e produzida pelo baixista brasileiro Diogo Brown, a Gafieira Rio Miami está lançando o seu álbum de estreia, intitulado “Bring Back Samba” com participações especiais de João Donato (em uma de suas últimas gravações), a clarinetista Anat Cohen, o guitarrista Chico Pinheiro e os cantores Jair Oliveira, Vanessa Moreno, Liz Rosa, Moyseis Marques e Alfredo Del-Penho.

O repertório do grupo é uma mistura de clássicos antigos e modernos, que busca resgatar algo que Brasil tinha nos anos 40 e 50. E a Big Band conta com músicos brasileiros, além de representantes de Cuba, Venezuela e dos Estados Unidos, o que proporciona um tempero a mais na sonoridade. Em entrevista para o Resenhando, Diogo conta como foi possível concretizar esse inusitado projeto que já tem agenda de shows prevista para os próximos meses. “Foi como um sonho se materializasse na minha frente”.


Resenhando – O som do grupo remete ao som dos anos 40, mas ao mesmo tempo tem um ar contemporâneo. Como foi possível realizar esse projeto?
Diogo Brown –
A ideia eu já tinha há alguns anos. Quando me mudei para os Estados Unidos, comecei a conviver com outros músicos que tinham a mesma linha de pensamento e gosto musical. Quando apresentei a proposta, todos acabaram gostando e a coisa fluiu de forma incrível. Não se vê lá nos Estados Unidos grupos fazendo um som como esse. E tivemos a preocupação de trazer nos arranjos esse ar contemporâneo. O Ricardo Gilly foi fundamental nesse processo.

Resenhando – Há músicos de outras nacionalidades na banda. Foi difícil encontrar o entrosamento?Diogo Brown – Foi muito fácil.  Foi gratificante colocar esse tempero cubano, venezuelano e americano em nossa Gafieira. Abriu novos horizontes, trouxe novas perspectivas para a música que apresentamos.

Resenhando – O repertório é composto só de canções conhecidas ou vocês também fazem material autoral próprio?
Diogo Brown –
Nesse projeto buscamos investir apenas em material já conhecido, dando uma roupagem com a linha musical que gostamos de tocar.  No primeiro disco tem composições de nomes como Baden Powell, Martinho Da Vila e Billy Blanco, só prá citar alguns exemplos.  O repertório da MPB é vasto e muito rico musicalmente para explorar. E não podemos deixar de mencionar as participações especiais. O Jair Oliveira, por exemplo, canta Deixa Isso Prá Lá, um clássico que o pai dele, Jair Rodrigues, lançou nos anos 60.

Resenhando – E esse disco traz também uma das últimas gravações do João Donato, que toca e canta em uma das faixas. Como foi a experiência?
Diogo Brown –
Foi uma honra incrível. Um prazer inenarrável, impossível de descrever. Contar com alguém que foi fundamental para a nossa música tocando e cantando com a gente. A canção que tocamos chama-se A Rã, parceria do Donato com Caetano Veloso. Nem preciso dizer o que todos nós sentimos ao ouvirmos a gravação finalizada. Foi uma alegria imensa poder ajudar a divulgar e deixar registrada a genialidade dele nessa gravação.

Resenhando – Vocês pretendem fazer novas parcerias no futuro?
Diogo Brown –
Estaremos sempre abertos para eventuais participações especiais. É muito difícil conciliar agendas. Mas se algum nome quiser, estaremos dispostos a realizar outras experiências. Se um Caetano Veloso dissesse que quer cantar com a Gafieira Rio Miami, quem seria contra a ideia? Só um louco (risos)

Resenhando – Como estão os planos para divulgação do disco?
Diogo Brown –
Inicialmente disponibilizamos os vídeos no YouTube e os áudios nas plataformas de streaming. Estamos lançando o CD físico e também iremos lançar a versão em vinil. A aceitação de nosso som nas rádios de jazz foi muito boa nos Estados Unidos. E estamos programando agenda de shows nos Brasil e no Exterior. Vamos cair na estrada.

"Deixa Isso Prá Lá"

"A Rã"

"Nó na Madeira"


sexta-feira, 28 de julho de 2023

.: Monica Salmaso e André Mehmari celebram Milton Nascimento em álbum


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A obra de Milton Nascimento foi celebrada em disco pela cantora Monica Salmaso e pelo músico André Mehmari ao piano. A dupla recriou algumas canções clássicas do eterno "Bituca da MPB", além de resgatar outras pérolas menos conhecidas de seu vasto e rico repertório. A escolha das composições aconteceu de forma natural, como costumam ser os encontros entre os dois, que são parceiros há mais de 20 anos na música.

Profundo conhecedor da obra de Milton, André deu autonomia para que Mônica escolhesse as músicas que gostaria de cantar. O único pedido foi a inclusão de "Paixão e Fé", uma composição de Tavinho Moura e Fernando Brant, imortalizada na voz de Bituca. O disco foi gravado em um único dia, em 14 de dezembro de 2020, no estúdio Monteverdi, em São Paulo. 

Além de piano, André toca também marimba de vidro. Teco Cardoso é o único músico convidado, participando de duas faixas: em "A Terceira Margem do Rio" toca flauta baixo; já em "Milagre dos Peixes", toca sax soprano. O repertório traz ainda "A Lua Girou", "Noites do Sertão", "Saudades dos Aviões da Panair", "Canção Amiga", "Casamento de Negros", "Credo" e "Paula e Bebeto", uma citação de "San Vicente", além da leitura de um trecho de "A Terceira Margem do Rio", conto de Guimarães Rosa.

Todas as releituras ganharam um toque a mais com a voz maravilhosa de Monica e o acompanhamento de André nos teclados e arranjos. Especialmente nas canções "Noites do Sertão" e "Paixão e Fé", que destaco como pontos fortes do disco, assim como "Morro Velho". Se você é fã do Milton Nascimento, certamente irá gostar de ouvir essas releituras de suas composições. Vale muito a audição.

"Morro Velho"

"Paula e Bebeto"

"A Terceira Margem do Rio"


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