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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

.: Crítica: "Caio Fernando Abreu - Contos Completos" é o lançamento do ano


Por Helder Moraes Miranda, em outubro de 2018.


As 765 páginas do livro "Caio Fernando Abreu - Contos Completos", lançamento da Companhia das Letras, não negam: ele, mesmo depois de morto há mais de 22 anos, continua sendo o maior escritor da atualidade. Finalmente, uma editora lança, em uma edição caprichada e cheio de textos extras, todos os livros de contos do escritor, anteriormente publicados indivudualmente entre as décadas de 1970 e 1990. 

Caio Fernando Abreu foi redescoberto a partir de citações nas redes sociais e vem sendo celebrado a cada novo leitor que passa a conhecê-lo. Até hoje, é considerado o autor mais visceral da contracultura brasileira, mas a literatura dele, maciçamente, fala sobre o amor, seja ele o que se nutre pelos outros, correspondido ou não, intenso ou não, fugaz, ou não. A obra demonstra que muitos escritores contemporâneos, mesmo os que não assumem, bebem da fonte dele para escrever o que antes era considerado transgressor e hoje é considerado, sem ser (porque Caio já fez antes), um sopro de novidade.

Ao todo são seis livros - "Inventário do Ir-remediável" (1970), "O Ovo Apunhalado" (1975), "Pedras de Calcutá" (1977), "Morangos Mofados" (1982), "Os Dragões Não Conhecem o Paraíso" (1988) e "Ovelhas Negras" (1995). As novidades são os dez contos avulsos, sendo quatro escritos nos anos 70, três dos anos 90 e os três inéditos em livro "O Meu Travessseiro Tem Um Ramo de Trigo do Lado Esquerdo, Mas o Diário de Kafka Está com a Capa Rasgada", "Angie" e "As Quatro Irmãs (Uma Antropologia Fake)".

Entre os contos, destacam-se o inesquecível "Aqueles Dois", em que dois homens que se apaixonam são perseguidos pelas maledicências dos colegas de expediente, "Terça-feira Gorda", que retrata uma cena de sexo casual na praia e o preconceito gerado a partir dela, "Corujas" e "Uma História de Borboletas", sobre a existência e seus vazios. Mas destacar somente alguns contos de Caio Fernando Abreu de uma obra tão extensa é limitá-la. O livro abre com "Os Cavalos Brancos de Napoleão", sobre um homem que descobre a existência de cavalos nas nuvens e enlouquece, ou é isso que querem que pensem sobre as pessoas que vêem além. 

Todos os personagens dos contos escritos por Caio Fernando Abreu não são inocentes. Eles estão ali por algum motivo, nunca são colocados sem nenhum objetivos. Densos ou leves, sempre têm algo a dizer, a fazer pensar, a conduzir ao ir-além. A temática coloca como protagonistas, na maioria das vezes, homossexuais românticos em épocas em que ainda não se falava em "lugar de fala" ou empoderamento, ou que as causas dos homossexuais nem eram discutidas ou levadas em consideração. Só por essa ótica, a pura e simples escrita de Caio Fernando Abreu é militante e pioneira, mas não é só isso. Ele é profundo quando fala do reencontro sem intimidade do filho soropositivo com a mãe que não lhe faz perguntas em um dos emblemáticos contos que compõem a obra.


Há, ainda, textos que explicam a breve, e inesquecível trajetória desse autor, por outros autores, como Ítalo Moriconi ("A Literatura Como Vingança e Redenção"). Alexandre Vidal Porto ("O Homem do Imediato") e Heloísa Buarque de Hollanda ("Hoje Não É Dia de Rock). Há, também, uma cronologia sobre esse que, até hoje, é o grande nome da prosa moderna. É de uma alegria imensa presenciar a coragem de uma editora em relançar um autor, de uma maneira tão respeitosa e completa, presenteando os fãs da obra de Caio Fernando Abreu e apresentando esse autor para uma geração que ainda não o conhece. É, sem dúvida, o lançamento do ano e permanecerá assim por muito tempo.



Confira também:



terça-feira, 25 de setembro de 2018

.: Resenha de "Uma História de Vogais", de Jussara Braga

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2018


Ler é viajar sem sair do lugar, levantar voo sem ter asas e caminhar sem tirar os pés do chão. "Uma História de Vogais", de Jussara Braga, publicado pela Editora do Brasil, em 24 páginas mostra que há muitas histórias escondidas nas vogais. Promovendo o encontro dos elementos da natureza com a poesia, a autora constrói um enredo rico de acontecimentos inesperados e encantadores que levam os leitores, com extrema facilidade, ao reino da imaginação.

Para tanto, as vogais como protagonistas caminham juntas num belíssimo carrossel de sons. Na jornada repleta de aventuras, as donas da história esbanjam poética, reflexões e ensinamentos. 


"Então, com coragem
revelou o seu segredo,
esse desejo escondido
de brincar no fundo de um rio,
de ser levada pelo som do vento
como podiam apenas as outras vogais
e, i, o, u"

Nesse caminho surpreendente, desde a primeira palavra, a autora Jussara Braga, usa a literatura para unir a poesia e a imaginação ilimitada. Com as ilustrações vibrantes de Bill Borges, a obra é uma excelente dica para ajudar a fazer os pequenos mergulharem no universo encantado da criatividade. "Bill apontou os lápis dos sonhos coloridos, recortou muitas vogais de revistas e papéis pintados, colocou alguns desejos de criança, imaginação de adulto esperançoso para que o leitor tenha algumas surpresas."


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

.: Resenha do livro "Onde está a banda The Beatles?", da Ciranda Cultural

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2018 


Já disse Charles Möeller, o homem do teatro musical do Brasil, que a banda "The Beatles" é eterna. Prova disso é que o quarteto mais famoso de Liverpool permanece no posto de ícones da música, de geração para geração. Aos fãs e admiradores, a Ciranda Cultural disponibilizou nas livrarias o livro em capa dura "Onde está a banda The Beatles?", com a proposta de divertir a todos, independente de idade. 

O livro em capa dura e páginas acetinadas, permite uma vasta busca nas ilustrações que levam ao Submarino Amarelo até o Magical Mystery Tour, além de não ser restrita a John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison. "Onde está a banda The Beatles?" desafia a encontrar outras 13 figuras nas 24 páginas.

A publicação também comenta sobre cada um dos quatro rapazes de Liverpool e aqueles que o influenciaram ou cercaram, desde o Rei do Rock, Elvis Presley até Ravi Shankar, conhecido por popularizar a cítara e a música clássica indiana no mundo ocidental, o estilo de Ravi foi importante influência para Gerge Harrison.

As cenas incríveis baseadas na carreira destes grandes astros envolvem uma entretenimento que pode ser desfrutado de forma individual ou em família. Descubra se você consegue achar esses quatro ícones da música, além de Yoko Ono, Davi Bowie, Madonna e outros.

The Beatles: Foi uma banda de rock britânica, de 1960, formada em Liverpool. É o grupo musical mais bem-sucedido e aclamado da história da música popular. Em 1962, houve a troca de dois integrantes e o grupo formado por John Lennon (guitarra rítmica e vocal), Paul McCartney (baixo, piano e vocal), George Harrison (guitarra solo e vocal) e Ringo Starr (bateria e vocal) iniciou no sucesso musical. Enraizada do skiffle e do rock and roll da década de 1950, a banda veio mais tarde a assumir diversos gêneros que vão do folk rock ao rock psicodélico, muitas vezes incorporando elementos da música clássica e outros, em formas inovadoras e criativas. Sua crescente popularidade, que a imprensa britânica chamava de "Beatlemania", fez com que eles crescessem em sofisticação.

Compre "Onde está a banda The Beatles?" aqui: amzn.to/3GpHLP9

COLEÇÃO: A pergunta “Onde está Wally?” fez a alegria de crianças e adultos no final da década de 1980. Criada pelo ilustrador inglês Martin Handford, a série se tornou uma febre mundial e ainda influencia publicações em todo o planeta. Nela, um garoto de gorro, óculos redondos e blusa listrada desafiava o leitor a encontrá-lo na praia, no Império Romano ou na cidade, sempre camuflado em meio a objetos e personagens.

Inspirada na obra de Handford, a coleção “Onde está?”, lançamento da editora Ciranda Cultural, estimula o jovem leitor a encontrar as maiores lendas da música do século XX, Elvis Presley e os meninos de Liverpool, The Beatles, em cenários paradisíacos, divertidos e históricos. 


Livro: "Onde está a banda The Beatles?"
Autor: Ciranda Cultural 
Editora: Ciranda Cultural 
Idioma: Português 
24 páginas
Encadernação: Capa dura
cirandacultural.com.br



*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: 
@maryellenfsm 





sábado, 1 de setembro de 2018

.: Resenha do impactante "Hex", de Thomas Olde Heuvelt

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2018


Há filmes de tirar o fôlego e grudar os olhos do público na telona, enquanto que há livros tão impressionantes e tensos que estimulam a leitura contínua -ou com raríssimas pausas. Mesclando o clássico e moderno, com total maestria, "Hex", de Thomas Olde Heuvelt, no conjunto texto e apresentação do produto final -capa dura, contra guardas ilustradas com figura-tema e extremidades das páginas coloridas em preto-, é excelente, além de chamativo por si só.

A publicação da Darkside, em 368 páginas, leva o público para Black Spring, pacata cidade da Holanda, que mantém em segredo a existência de uma bruxa. Feiticeira, Katherine Van Wyler condenada à fogueira, que sobreviveu e, após trezentos anos depois do ocorrido, ronda a cidade, mesmo com os olhos e boca costurados, além de correntes pelo corpo. 

"Hex" brinca com a realidade e a ilusão desde o início, ao descrever os pormenores de um acidente, ou seja, o choque da figura central do enredo por um enorme e antigo realejo. Diante da ocorrência, os moradores evidenciam preocupação, mas com cautela; exteriorizam urgência no socorro, mas sem soltar as sacolas de compras das mãos.


"Steve Grant virou a esquina do estacionamento atrás do Black Spring Market e Deli bem a tempo de ver Katherine van Wyler ser atropelada por um enorme e antigo realejo mecânico holandês. Por um minuto, achou que era ilusão de óptica porque, em vez de ser jogada de volta para a sua, a mulher pareceu se fundir nas volutas de madeira, asas de anjos cheias de penas e canos cromados de órgão. Foi Marty Keller quem empurrou o realejo para trás por seu engate de reboque e, seguindo as instruções de Lucy Everett, conseguiu pará-lo. Embora não se tenha ouvido nenhum som de pancada nem se tenha visto um filete de sangue quando Katherine foi atingida, as pessoas começaram a correr de todos os lados com a urgência que os habitantes de uma cidadezinha sempre parecem exibir quando acontece um acidente. No entanto, ninguém deixou cair as sacolas de compras para ajudá-la a se levantar... pois, se havia uma coisa que os moradores de Black Spring valorizavam ainda mais que a urgência, era uma insistência cautelosa em nunca se envolver demais nos assuntos de Katherine."


A cena testemunhada por Steve Grant é o ponta-pé inicial de "Hex". A sensação de calmaria de Black Spring -falsamente externada aos não residentes- não deixa os moradores longe da tecnologiaModernos, eles usam o "hexapp", aplicativo que monitora os passos da bruxa 24 horas por dia, com direito a relatos das aparições, incluindo o horário. Assim, a vigilância contínua intensifica a paranoia dos moradores, sem deixar a bruxa zangada.

Todo o trabalho é organizado para que visitantes não descubram tamanho segredo mortal. Os moradores sabem bem que não se deve mexer com ela, mas um grupo de adolescentes quebra as regras e começa a provocar Katherine para descobrir o grau de periculosidade daquela que os outros não podem ouvir os sussurros ou esbarrar nela de alguma forma. 

Quem assistiu os filmes "Footlose" ou "Juventude Transviada" vai estabelecer certa conexão com essa conduta: jovens quebrando regras de uma determinada região. Qual jovem nunca fez alguma besteirinha, não é mesmo? E é por desafios que os testes de "paciência" acontecem de modo assombroso.

Paralelo aos jovens antenados aos meios tecnológicos, como o jovem youtuber Tyler Grant, há a figura clássica da bruxa vingativa. Bastante reflexiva, seja pelo lado da punição com um toque macabro, o comportamento abusivo do ser humano, a trama apresenta uma narrativa imagética e toma rumo surpreendente.

Capa: O projeto gráfico da imagem de capa da Darkside, criação da Retina 78, é uma obra a ser interpretada, antes, depois da leitura e até em outros momentos. A criação estampa um círculo -representando o que é cíclico- com ausência de cor no centro, gerando novos círculos compostos por diversas setas -objeto que pode ferir mortalmente-, na cor branca, funcionando também como uma seta de fuga, mas que ruma para a ausência da claridade, fortalecendo que a história é cíclica. Logo, há a ilusão da saída do aprisionamento daqueles moradores. Já nas quatro bordas, as setas passam a ideia de continuidade e destacam haver crescimento. 

Contracapa: Embora apresente bordas com as setas pontiagudas na cor branca, acima e quebradas abaixo, o aprisionamento estampado na capa é mantido. Ao centro, na cor verde, há a silhueta de um homem, enquanto que um outro círculo branco, pequeno -em referência à lua, talvez-, une o círculo verde e de setas, o que, observada a distância, remete ainda mais a um olho. Talvez o olho da bruxa, o que tudo vê, mas que também precisa ser vigiada para que os habitantes da cidadela estejam em segurança.

Autor: Thomas Olde Heuvelt é autor de cinco romances e muitos contos fantásticos. Já foi publicado em inglês, holandês, chinês e, agora, em português. Ganhou o Harland Award (prêmio holandês na categoria de Melhor Fantasia) em três ocasiões, e o Hugo Award de 2014 na categoria Melhor Conto. Olde Heuvelt escreveu seu romance de estreia aos dezesseis anos e estudou Língua Inglesa e Literatura dos EUA em sua cidade natal, Nijmegen, e na Universidade de Ottawa, no Canadá. Desde então, ele se tornou autor best-seller na Holanda e na Bélgica. Considera Roald Dahl e Stephen King os heróis literários de sua infância, que incutiram nele o amor pela ficção macabra. HEX é a estreia de Olde Heuvelt como romancista. A Warner Bros. está atualmente desenvolvendo uma série de TV baseada no livro.

Livro: HEX
Título original: HEX
Autor: Thomas Olde Heuvelt 
Editora: Darkside Books
368 páginas

Leia os três primeiros capítulos de "HEX", aqui: issuu.com

Você pode comprar "HEX", de Thomas Olde Heuvelt , aqui: amzn.to/3jvZ0DM


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: 
@maryellenfsm


Trailer #ResenhandoIndica


Book Trailer


Há filmes de tirar o fôlego e grudar os olhos do público na telona, enquanto que há livros tão impressionantes e tensos que estimulam a leitura contínua -ou com raríssimas pausas. Mesclando o clássico e moderno, com total maestria, "Hex", de Thomas Olde Heuvelt, no conjunto texto e apresentação do produto final -capa dura, contra guardas ilustradas com figura-tema e extremidades das páginas coloridas em preto-, é excelente, além de chamativo por si só. A publicação da #Darkside, em 368 páginas, leva o público para Black Spring, pacata cidade da Holanda, que mantém em segredo a existência de uma bruxa. Feiticeira, Katherine Van Wyler condenada à fogueira, que sobreviveu e, após trezentos anos depois do ocorrido, ronda a cidade, mesmo com os olhos e boca costurados, além de correntes pelo corpo. 💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀 Confira a #crítica completa de #Hex, de #ThomasOldeHeuvelt , no Resenhando.com.
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segunda-feira, 2 de julho de 2018

.: Resenha de "Filhote de Cruz-Credo", de Carpinejar

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em julho de 2018



"Custou para me reconhecer feio. Não foi assim fácil. Meus pais viviam dizendo que eu era bonitinho", escreve o autor Carpinejar -na 
história quase autobiográfica-, sobre os dilemas do menino Fabrício, apelidado de Panqueca, no livro "Filhote de Cruz-Credo: a triste história alegre de meus apelidos", publicado pela Bertrand Brasil

Há quem diga que beleza não seja um quesito importante, mas, convenhamos, opinião de mãe ou pai não muda em nada a visão dos outros a respeito da gente. É exatamente isso que Fabrício descobre

Os olhares tortos e cochichos para o garoto que carregava uma cabeça enorme não eram tão suaves quanto os apelidos, como por exemplo, "abacate vazio" ou o deboche de que "o médico trocou o feto pela placenta". "O feto é a criança. Afirmavam que eu era o lixo".

Praticando o exercício de rir de si mesmo, o texto aborda profundamente e com uma linguagem fácil para o público infantil, um tema delicado: a prática do bullying e seus efeitos. Desde os olhares, apelidos e implicâncias a toda a dor e angústia causadas nas vítimas. Entretanto, o tom bem humorado dado à trama, a rotula de triste história alegre.

"Filhote de Cruz-Credo" retrata problemas comuns à crianças que enfrentam a fase do autoconhecimento, momento em que a amizade tem um peso importante, principalmente no ambiente escolar. Assim, a solidão o isola, fazendo com que goste de desenhar e colorir. "Eu e minha térmica azul. Eu e minha maçã embrulhada no guardanapo. Eu e meu bolinho de milho. Meus únicos amigos estavam dentro da merendeira. Vivia triste como um cachorro na chuva".

Contudo, o texto de Carpinejar, mesmo voltado ao público infantil, por meio do bom humor, ensina e faz refletir. Além de destacar a importância da aceitação de como somos, deixando claro que, às vezes, é preciso saber rir de si mesmo para que os outros mudem a forma de nos ver.

Já na contra-capa, as palavras do autor destacam a confiança como grande aliada. "Percebi que, ao contar a tristeza, ela diminui. Ao não contar, ela aumenta. Por isso descrevi a minha tristeza para você. Hoje sou bonito porque tenho confiança em mim. A confiança é a maior beleza que existe."

O livro de 40 páginas do poeta, cronista e jornalista, ilustrado pela argentina Sandra Lavandeira, envolve por despertar o interesse do leitor num problema cotidiano que, muitas vezes, é ignorado por pais e membros escolares. "Filhote de Cruz-Credo" é uma leitura de conscientização!

Filhote de Cruz-Credo: Vem encantando leitores de todas as idades, que já sofreram na escola e aprenderam a se defender com inteligência e bom humor. O livro foi eleito o melhor infantojuvenil pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 2012 e inspirou duas peças de teatro, adaptadas por Bob Bahlis (RS) e Eduardo Katz (RJ), além de ter gerado uma campanha educacional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul contra o bullying em 2014.

Livro: Filhote de Cruz-Credo: a triste história alegre de meus apelidos
Autor: Carpinejar
Ilustradora: Sandra Lavandeira
Editora: Bertrand Brasil
40 páginas


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

quarta-feira, 23 de maio de 2018

.: Resenha do livro "Onde está o Elvis?", da Ciranda Cultural

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em maio de 2018


Elvis não morreu! O ícone da música da década de 50 pode ser encontrado no 
livro "Onde está o Elvis?", publicado pela Ciranda Cultural. O volume da coleção "Onde está?" é, sem sombra de dúvida, um maravilhoso meio de entretenimento puro, pois promove diversas caçadas visuais em imagens de coloridos vibrantes e cheias de detalhes, que ocupam duas páginas.  

A busca pelo Rei do Rock começa no Memphis Blues Club e termina na Gravadora Sun Studio. As dez cenas baseadas na vida do astro, inicialmente, desafiam a encontrar o pioneiro do rock and roll. Contudo, ao fim do livro há outros rostos a serem procurados. Assim, a busca por Priscilla Presley, Sam Philips, Lisa Marie Presley, Coronel Parker, Marylin Monroe, Johnny Cash, Frank Sinatra, Tom Jones, BB King e o Máfia Memphis, tornam a brincadeira ainda mais envolvente.

Além de fazer com que família e amigos interajam, o passatempo ensina. Nas duas primeiras páginas e no fim, há informações extras sobre o Rei do Rock, assim como amigos, parceiros e famosos da época de sucesso de Elvis. Detalhe: A breve biografia do astro apresenta gravuras às margens (uma coroa, um óculos, um par de sapatos, um cachorro e um disco de ouro), as quais também podem ser encontradas nas páginas das multidões caóticas que acompanham o ícone da cultura popular. 

"Onde está o Elvis?" encoraja o jovem leitor a conhecer mais a lenda da música, participando de um jogo que proporciona um exercício prático de atenção visual. Dos 6 aos 100 anos, o livro em capa dura, com 24 páginas, promove diversão a todos.

Compre "Onde está o Elvis?" aqui: amzn.to/4a58NZV

COLEÇÃO: A pergunta “Onde está Wally?” fez a alegria de crianças e adultos no final da década de 1980. Criada pelo ilustrador inglês Martin Handford, a série se tornou uma febre mundial e ainda influencia publicações em todo o planeta. Nela, um garoto de gorro, óculos redondos e blusa listrada desafiava o leitor a encontrá-lo na praia, no Império Romano ou na cidade, sempre camuflado em meio a objetos e personagens.

Inspirada na obra de Handford, a coleção “Onde está?”, lançamento da editora Ciranda Cultural, estimula o jovem leitor a encontrar as maiores lendas da música do século XX, Elvis Presley e os meninos de Liverpool, The Beatles, em cenários paradisíacos, divertidos e históricos.  

Livro: Onde está o Elvis?
Autor: Ciranda Cultural 
Editora: Ciranda Cultural 
Idioma: Português 
24 páginas
Encadernação: Capa dura
cirandacultural.com.br


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: 
@maryellenfsm

sexta-feira, 27 de abril de 2018

.: Oscar Wilde e "O Retrato de Dorian Gray"

Flores se espalham em volta do túmulo de Oscar Wilde, no cemitério Père Lachaise, em Paris. Há também inúmeros bilhetinhos apaixonados pelo chão. São declarações de amor ao autor de "O retrato de Dorian Gray", que morreu num hotel simples, em Paris, em 1900. De certa forma, essas pequenas e diárias homenagens revelam a admiração que até hoje sua literatura suscita entre jovens leitores. Não se pode dizer apenas sua literatura, mas sua figura, que encarnou perfeitamente a imagem do dândi do século XIX. 

Claro que na esteira das admirações também vieram os detratores, com boatos e acusações principalmente sobre sua homossexualidade, Não é para menos. Oscar Wilde desafiou as regras estanques da moral inglesa, buscando ampliar o horizonte literário e estético de sua época. Sua obra e suas atitudes são provas de uma postura que não se poderia chamar de rebelde, mas provocativa. Como anota Richard Ellmann, em Oscar Wilde, extensa e minuciosa biografia do escritor, ele sempre esteve exposto ao perigo, "ri de sua situação difícil e, ao caminhar para a perda de tudo, provoca a sociedade por ser ela muito mais dura do que ele, muito menos amável, muito menos atraente".

Para Jorge Luíz Borges, a literatura nos oferece autores mais complexos ou imaginativos que Wilde, mas nenhum mais encantador. Num resumo impressionante dessa trajetória, Borges escreve o seguinte -e vale seguir suas linhas, deliciosamente bem traçadas: "Mais do que outros de sua espécie, Oscar Wilde foi um homo ludens. Jogou com o teatro; A importância de ser severo, é a única comédia do undo que tem sabor de champanhe. Jogou com a poesia; A esfinge, não tocada pelo patético, é pura e sabiamente verbal. Venturosamente, jogou com o ensaio e o diálogo. Jogou com a novela; Dorian Gray é uma variação decorativa executada sobre o tema de Jekyll e Hyde. Jogou tragicamente com seu destino; iniciou um pleito que sabia de antemão perdido e que levaria ao cárcere e à desonra. Em seu desterro voluntário, disse a Gide que ele quis conhecer 'o outro lado do jardim'".

Assim, em sucintas linhas, Borges nos coloca diretamente no coração da vida de Oscar Wilde, esse irlandês nascido em Dublin, em 1854, e que recebeu o nome completo de Oscar Fingal O´Flahertie Wills Wilde. Foi criado num ambiente em que se respirava literatura. Sua mãe, Jane Francesca Wilde, uma bela e excêntrica mulher, bastante admirada em seu meio, era poeta de inspiração nacionalista, e colaborav na imprensa com seus poemas e também com seus artigos, alguns bastante polêmicos, defendendo a identidade irlandesa. O pai, William Wilde, era médico, com especialização em doenças do olho e do ouvido. Além disso, tinha grande facilidade para escrever. Conta-se que, muitas vezes, entre camponeses, no lugar de receber pelas consultas, ele preferia que lhe contassem superstições locais, lendas, receitas medicinais e feitiços - material que depois ele transformaria em livros sobre a cultura popular irlandesa.

Oscar cresceu num ambiente da abundância. Ele e seu irmão Willie estudaram em Portora e depois no Tritiny College com uma forte formação humanística. Tinham uma irmã menor, Isola, que morreu aos nove anos. Além dela, tinham também três outros irmãos, filhos de seu pais, anteriores ao casamento com Jane. Destes, Henry Wilson seguiu a carreira do pai, e as duas moças morreram cedo, e de forma trágica, marcando profundamente a experiência familiar. O pai, que nunca escondeu os filhos ilegítimos, cuidou da educação de todos.

Foi em Trinity que o menino Oscar começou a se interessar pela cultura estética. Como lembra seu biógrafo, foi nessa época que ele começou a reunir os elementos de seu comportamento em Oxford - "as afinidades com os pré-rafaelistas, as roupas de dândi, a sexualidade ambígua, o desprezo pela moral convencional". Em Oxford, cursando letras clássicas, encontrou o ambiente propício para seu talento e sua verve, principalmente nos seminários de dois professores: John Ruskin e Walter Pater. Ruskin era professor de belas-artes, autor do famoso livro "As pedras de Veneza"; Pater, vinte anos mais novo, trabalhava na mesma área e tinha escrito "Estudos da história da Renascença", livro de cabeceira de Wilde. Foi nas aulas dos dois - que divergiam profundamente - que o jovem Oscar foi buscar sua concepção de estética, de uma vida estética.

Como lembra o crítico Otto Maria Carpeaux, em "História da Literatura Ocidental", a arte para os esteticistas é "a atmosfera do relativismo ético; e para alcançar essa esfera servem-se de mais outros instrumentos, afins ou for das atividades artísticas de escrever, pintar e fazer música: colecionar objetos de arte, bibliofilia, dandismo, prazeres da cozinha e outros prazeres, sejam legítimos ou até proibidos pelo Código Penal". E continua: "A fé na arte não é o elemento essencial do esteticismo; antes, essa fé exclusiva na arte é a última consequência da indiferença moral ou até do imoralismo consciente dos esteticistas".

Essas ideias pavimentam o pensamento filosófico do jovem Wilde que, depois de formado, precisando ganhar a vida (seu pai morreu em 1876, dividindo a herança entre os filhos), acabou se tornando um porta-voz da corrente esteticista não só na Inglaterra, mas também em outros países. Logo depois de lançar seu primeiro livro, "Poems", em 1881, que obteve sucesso e também gerou muita polêmica - chegou a ser acusado de plágio -, o autor passou uma longa temporada nos Estados Unidos, vivendo de palestras e chocando a sociedade local com suas vestimentas exuberantes e suas frases afiadas, cheias de visto, veneno e esteticismo exacerbado.

Entrou em cena o Oscar Wilde que conhecemos - que já vinha de antes, da adolescência, mas que agora desfilava com seus dandismo escorado numa corrente estética e ideológica que reverberava nos jornais e revistas e, claro, na sociedade vitoriana. Durante uma viagem a Dublin, ele conheceu uma jovem admiradora, Constance Lloyd , com quem viria a se casar, em 1884. Eles tiveram dois filhos, Cyrill, que nasceu em 1885, e Vyvyan, em 1886. Mas logo Wilde foi deixando de lado o papel de marido e se aproximando da sociedade dos moços - sua homossexualidade sempre foi tolerada, mas também explorada por seus adversários, muitas vezes em tom de galhofa.

Wilde tinha resposta para tudo. Apaixonado pela forma de epigrama, formulava frases contundentes que revelavam toda a sua inteligência e sua facilidade para a concisão de pensamento. Continuou levando a vida de conferencista, atraindo um público cada vez maior - e também, vale dizer, detratores. Como dizia Carpeaux, "sua vida foi obra de gênio; e ao gênio a sociedade sempre faz pagar caro a singularidade da sua natureza".

A obra: Entre contos, poemas e ensaios, Wilde escreveu, em 1889, a primeira versão de seu único romance "O retrato de Dorian Gray", cuja versão definitiva sairia em 1891. É nessa obra que o leitor encontrará o esteticismo de Wilde condensado em seus principais personagens. O romance foi fortemente criticado -alguns viam nele uma fonte de imoralidade, pois Wild, entre outros objetivos, introduziu com essa ficção o tema da homossexualidade no romance inglês. "A apresentação convenientemente velada desse tema censurado deu ao livro a notoriedade e originalidade", anotou o biógrafo Richard Ellmann.

E foi esse livro que aproximou Wilde do jovem Alfred Douglas, o filho mais moço do marques de Queensberry. Um primo de Alfred os apresentou e logo Wilde se ofereceu para ser seu professor particular. O garoto havia lido nove vezes Dorian Gray. Os dois mantiveram um intenso caso amoroso, que teria desdobramentos trágicos para o escritor. Enquanto isso, Wilde passou a se dedicar ao teatro, escrevendo e apresentando peças como "O leque de lady Windermere" (1892), "Um marido ideal" (1895) e "A importância de ser prudente" (1895).

O caso com Alfred Douglas, conhecido por Bosie, acabou por comprometer a vida do escritor. O pai do garoto acusou publicamente Wilde de sodomia, e este, como reação, resolveu processar o marques por injúria. Ele não só perdeu a causa como o marques contra-atacou com um processo de prática de homossexualidade que levaria Wilde a cumprir dois anos de trabalhos forçados. Na cela, escreveu o texto confessional "De profundi"; e, quando saiu "A balada do cárcere de Reading", sobre seus dias na prisão.

Seus últimos anos de vida foram praticamente no ostracismo. Ele havia perdido toda a notoriedade que conquistara. Mudou-se para Paris, onde chegou a se avistar com Bosie, de quem já havia se separado. Em 1898, soube da morte de Constance, que havia mudado de sobrenome por causa do escândalo do processo. Ele mesmo dera entrada no Hotel d´Alsace, em Paris, assinando-se como Sebastian Melmoth. E foi assim, em 30 de novembro de 1900, com poucos amigos, vivendo na miséria, que ele morreu.

Seu destino, guardadas as devidas diferenças, não deixa de lançar paralelos com seu principal personagem literário: o belo Dorian Gray. Para o escritor Albert Camus, no ensaio "O artistas na prisão", Wilde "desprezava o mundo em nome da beleza": "Toda sua obra de então assemelha-se àquele retrato de Dorian Gray que se cobria de rugas com uma rapidez tanto mais assustadora quanto seu modelo parecia permanecer jovem e gracioso". O romance, que condensa, em seus inúmeros diálogo, todo o pensamento de Wilde sobre o esteticismo, permite leitura variada.

É o romance de um esteta, mas, ao mesmo tempo, contém as limitações do próprio esteticismo - que se esvazia diante da realidade, do tempo que dolorosamente passa e abre sulcos no rosto do homem. Todas as questões que acompanharam o exuberante Wilde ao longo dos anos aparecem nas páginas do livro, principalmente nos diálogos sensacionais entre o jovem Dorian Gray, o pintor Basil Hallward e o velho dândi Henry Wotton. É por meio desse tripé que Wilde oferece ao leitor uma análise detalhada e complexa da sociedade inglesa do final do século XIX.

Um traço que chama a atenção do livro de Wilde é a quase desaparição de um narrador - ele surge, está lá, se intromete, mas, no entanto, a história se desenrola em diálogos. É uma narrativa dramática basicamente marcada por atos teatrais, com seu cenário, movimentos, gestos e conversar de função filosófico. Ele mesmo chegou a comentar com uma amiga: "Receio que se pareça bastante com minha vida - repleto de conversas e nenhuma ação".

É por meio dessas conversas que o escritor vai adentrando em seus assuntos: a moral, a ética, a estética, a religião etc. Aquelas ideias que ele havia bebido em Pater ou em Ruskin são ativadas nesses diálogos. No entanto, o fio condutor é o da tragédia: o belo adolescente Dorian Gray deixa-se retratar pelo pintor Basil Hallward, que nutre por ele uma secreta paixão; Basil o apresenta ao lord Henry Wotton, que, com suas teorias em defesa do individualismo, da arte pela arte, do pouco-caso pela vida comum e do prazer extremo, será uma figura fulgurante ao longo do livro todo. Dorian, diante da beleza do quatro, faz uma súplica, pedindo para permanecer sempre jovem, como no retrato. Não sem espanto, ele descobre certo dia que o retrato começa fantasticamente a envelhecer, a surgir todos os dias novas marcas na face colorida. É a vitória da beleza e, ao mesmo tempo, a derrota do homem, que não a percebe, tão entretido está em si mesmo, no seu profundo individualismo e narcisismo.

Ele passa a esconder o retrato no sótão e a levar uma vida mundana, de esplendor, dissipando-se nos prazeres de toda ordem. Wilde havia se embebido da literatura gótica, como "O médico e o monstro", de Robert Louis Stevenson, ou a famosa lenda do Fausto, que inspirou o poeta alemão Goethe. Mas cirou um romance cuja leitura não se fecha na questão do bem e do mal, vai além disso, criando um personagem que não pode abarcar com respostas prontas: Doriam teria sido um herói do esteticismo, levando-o às últimas consequências, ou vítima ingênua dele?


Texto retirado do livro "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wild; tradução de José Eduardo Ribeiro Moretzsohn. - São Paulo: Abril, 2010. 304p. - (Clássicos Abril Coleções; v.4)


terça-feira, 3 de abril de 2018

.: Resenha de "A Beija-Flor e o Girassol", de Paula Valéria Andrade

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2018


Quem é de admirar a natureza e teve a chance de apreciar um girassol e um beija-flor em seu habitat natural, certamente, pôde presenciar a encantadora amizade entre ambos. Aos que ainda não foram contemplados com tão belo presente, é válido buscar na internet fotos registrando diversos desses encontros
Alinhado a esse ambiente riquíssimo de detalhes de encher os olhos está a narrativa do livro "A Beija-Flor e o Girassol"lançamento da Editora do Brasil.

Com um enredo fascinante, a autora Paula Valéria Andrade leva o público a admirar a beleza do meio-ambiente. Nesse recorte, o leitor é levado para Petrolina. Lá, Doralina, apelidada de Dodô, é uma beija-flor desolada após perder o cantinho para um terrível incêndio. Sem ter os gravetinhos e galhos como lar, por maior azar, ao cair, quebrou uma asa, passando a não alcançar as flores mais altas para se alimentar.

Ao ciscar plantas rasteiras e fazer diversas amizades, embora sentisse saudade de seus voos e de beijar as flores altas, foi num dia quente que uma amizade provável foi iniciada de um modo improvável. "Dodô tropeçou em um largo e grosso caule verde, machucando bem o seu pé: 'Uia...ai!' Era quase como um tronco caído em seu caminho, tamanha a proporção. E, seguindo seu olhar, ela avistou um grande girassol, murcho e curvado, bem caído para dentro do canteiro, no meio da grama alta e abandonada. Por estar assim, Dodô, que por enquanto não voava, pôde ver bem seu novo amigo."

Assim, a amizade entre Gil Girassol e Dodô se fortalece, pois na transferência do amor, Gil e Dodô fizeram, um para o outro, o que de melhor podia ser feito. Ao ajudar o amigo necessitado, a lição ensinada é a da importância de estar ao lado daqueles que nos querem bem, seja em um momento bom ou ruim. 

Em 40 páginas, a publicação "A Beija-Flor e o Girassol" destaca que a força da amizade construída com reciprocidade nos ajuda a crescer, além de nos tornar melhores seres vivos. Afinal, o carinho pelo próximo é uma alegria a ser compartilhada, assim como a amizade que precisa ser regada de modo rotineiro. O livro é uma excelente indicação de aprendizado para os jovens leitores!


Livro: A Beija-Flor e o Girassol

Autora: Paula Valéria Andrade
Ilustrações Luis San Vicente
Editora do Brasil
40 páginas


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

sexta-feira, 9 de março de 2018

.: Resenha de "Maria José é, José Maria ia", de Selma Maria

Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em março de 2018



Ele é José Maria, ela é Maria José. Um menino e uma menina. Contudo, o gênero dos dois não é o foco, pois o interesse é na brincadeira com as palavras e seus significados. "Maria José é, José Maria ia", de Selma Maria faz uso de termos semelhantes, mas que ganham significados diferentes com a mudança de uma letra, como por exemplo: contos e contas ou novela e novelo.

Ao destacar as diferenças nas semelhanças, a publicação da Editora do Brasil engloba todos os gêneros do público infantil, abrangendo até adultos e, inclusive, estudiosos de gramática. A divertida narrativa cheia de possibilidades salienta que as aparências enganam, pois até vocábulos aparentemente femininos e masculinos podem não ser opostos.

É verdade que os relacionamentos têm passado por profundas mudanças. De acordo com a escritora, o despertar de  "Maria José é, José Maria ia" surgiu durante uma conversa com um casal de amigas, na leitura do trecho de um livro que citava a música "O linho e a linha", de Gilberto Gil. 

Conforme Selma, o mundo já foi mais dividido entre coisas de meninos e coisas de meninas. "Hoje, essa distância diminuiu, mas há ainda muito para caminhar, discutir e, refletir sobre os gêneros", acredita. Selma destaca que os jovens colaboram para que ocorra a quebra do preconceito. "Brincar com as palavras é o jeito que arrumei para me comunicar com as pessoas. Tomara que este livro desperte isso".


Trecho da publicação:
"Maria José e José Maria inventaram uma história 
de conto de faz de conta que, afinal de contas,
distraiu sua mãe das contas.
Cada dia contavam uma parte e isso
virava uma novela toda enrolada
feito um novelo..."


Autora: Selma Maria é escritora, educadora e artista plástica. Estreou com autora com o livro "Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos da cidade", da Editora Peirópolis, que ganhou o Selo de Altamente Recomendável pela FNLJ, em 2010, e foi selecionado para o PNBE. Pela Editora do Brasil, publicou também "O livro do palavrão".


Livro: Maria José é, José Maria ia
Autora e ilustradora: Selma Maria
Editora do Brasil
24 páginas

*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm
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