domingo, 20 de julho de 2025

.: "O Conto da Ilha Desconhecida", teatro inspirado na obra de José Saramago


Com direção e dramaturgia da premiada Cristiane Paoli Quito, espetáculo é encenado em cima de um quadrado com 4m x 4m e convida o público a pensar sobre o desconhecido. Foto: Caio Oviedo

“Como criar algo que não existe? Como buscar aquilo que já se achou? Como procurar uma ilha desconhecida se não há mais ilhas desconhecidas?”. Inquietações como estas são apresentadas ao público no espetáculo "O Conto da Ilha Desconhecida", com direção e dramaturgia da premiada encenadora Cristiane Paoli Quito, a partir da obra homônima do escritor português José Saramago (1922-2010). O espetáculo está em cartaz no Sesc Ipiranga até dia 7 de setembro.

O trabalho surgiu do encontro da diretora com três ex-alunos na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA/USP): Camila Cohen, Lucas Corbucci e Luiz Felipe Bianchini, que são os intérpretes-criadores. E Josí Neto, que assina a direção musical e toca um piano de meia cauda em cena, completa o time. Esse nosso encontro rendeu outros trabalhos dirigidos por Quito, os espetáculos "Só Eles o Sabem" (2014), com texto de Jean Tardieu; "Idiotxs Magníficxs" (2018). Além disso, o grupo passou a frequentar o treinamento conduzido pela diretora com a máscara de palhaço. 

“A partir dessas experiências e encontros surgiu o desejo de prosseguir vivenciando a poética teatral e práticas artísticas desenvolvidas por  ela, como o compêndio (jogo de palavras), o movimento-imagem-ideia e o treinamento com a máscara do palhaço”, revela a atriz Camila Cohen. "O Conto da Ilha Desconhecida" foi uma proposta trazida por Quito, principalmente pelo fato das palavras de José Saramago apresentarem ritmos e cadências sugestivas ao jogo teatral, bem como pela continuidade do trabalho da diretora com a adaptação literária para o teatro. 

O texto convida a plateia a pensar sobre o desconhecido, por meio da história de um homem que, com notável atrevimento, bate à porta do rei e pede um barco para partir em busca de uma ilha desconhecida. A peça é encenada em um espaço reduzido, um quadrado de 4m x 4m e a poética da encenação explora justamente esse jogo de palavras e os desenhos corporais dos artistas.

E, sobre a encenação, a Quito explica: “A maneira como estamos levando à cena o texto de Saramago busca solucionar as questões de modo muito ‘simples’. Apesar de um cuidado estético bastante apurado e delicado, a ideia é que o corpo, a palavra e o espaço sejam essenciais.  E há o piano de meia cauda, de sonoridade sofisticada, palavras e corpos de sons de nossa pianista a brincar no espaço”

“Inspirados na forma como as crianças brincam com extrema liberdade de serem o que quiserem em uma história inventada, aqui os narradores estabelecem um jogo em um espaço exíguo, com desenhos do corpo e essas relações com o jogo das vozes e imagens criadas pelos corpos no espaço para a comunicação das ideias e da diversão proposta pelo texto. A utilização dos panos e a criação de uma pequena embarcação/ilha são construídas brincando com a possibilidade do ‘faça você mesmo’", acrescenta.

O espetáculo é voltado para pessoas de todas as idades e não busca simplificar o significado de palavras e expressões inusitadas articuladas por Saramago. A ideia é justamente brincar com a sonoridade desses termos e lidar com o material como um parceiro criativo no estabelecimento de jogos cênicos. Compre o livro "O Conto da Ilha Desconhecida", de José Saramago, neste link.


Ficha técnica
Espetáculo "O Conto da Ilha Desconhecida"
Direção geral, concepção e dramaturgia: Cristiane Paoli Quito 
Direção de arte (cenário, figurino e concepção gráfica): Lucas Corbucci
Diretora assistente e preparadora corporal: Ana Noronha 
Intérpretes criadores: Camila Cohen, Lucas Corbucci e Luiz Felipe Bianchini
Direção musical e música de cena: Josí Neto 
Design de luz: Marisa Bentivegna
Produção: Luciana Venâncio (Movicena Produções)
Fotografias: Caio Oviedo e Débora Peccin
Costureiras: Silvana Carvalho e Larissa Slongo
Cenotécnico: Zito Rodrigues 
Agradecimentos: Cristina Mira, Duda Machado, Erica Montanheiro, Flavia Burcatovsky, Gabi Gonçalves, Graciane Diniz Fiori, José Pedro Ferraz, Lu Favoreto, Lucyana Semensatto, Luiz Fernando Marques Lubi, Renato Ghelfond, Vanessa Bruno, Victor Palomo, Turma de Terça e Quarta do palhaço.
Apoio: Espaço Mirabilis e Estúdio Oito Nova Dança


Serviço
Espetáculo "O Conto da Ilha Desconhecida"
Temporada: até dia 7 de setembro*
Domingos, às 11h00
*Sessão do dia 27/7 contará com intérpretes de Libras
Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada)*, R$12 (credencial plena) e grátis (para crianças de até 12 anos)
Venda on-line em https://www.sescsp.org.br/programacao/o-conto-da-ilha-desconhecida
Venda presencial nas unidades do Sesc
*Têm direito à meia-entrada estudantes, servidores de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência
Classificação: livre
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

.: "Macuco" entrelaça memória e debate socioambiental no Sesc Pinheiros


Montagem com dramaturgia de Victor Nóvoa e direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) aborda questão climática e ancestralidade a partir da jornada de um entregador. Foto: Noelia Nájera


Memória, ancestralidade e resistência conduzem a trama de "Macuco", espetáculo que está em cartaz no auditório do Sesc Pinheiros. Com dramaturgia de Victor Nóvoa e direção e cenografia de Luiz Fernando Marques (Lubi), a montagem é protagonizada por Edgar Castro e Vitor Britto, e conta com a participação especial da atriz Cleide Queiroz em vídeos e direção de produção de Helena Cardoso. A temporada segue até 30 de agosto com sessões às quintas, sextas e sábados, às 20h00.

Na peça, Sebastião é um entregador de aplicativo que se aproxima da velhice enquanto carrega memórias que insistem em reaparecer. Um incêndio criminoso ocorrido há mais de 50 anos o forçou a deixar a vila de pescadores onde nasceu. Em sonho, uma revoada de macucos - pássaros da Mata Atlântica ameaçados de extinção - anuncia que sua mãe, Cleide do Ilhote, está em risco por causa de um novo incêndio. A partir daí, ele inicia uma jornada de retorno à ilha onde cresceu, confrontando o apagamento de sua ancestralidade, a destruição de sua comunidade tradicional e as marcas da repressão sofrida na infância, incluindo sua relação homoafetiva com Bernardo.

Com forte preocupação socioambiental, a montagem também se destaca por reunir em sua equipe criativa artistas oriundos de diversas partes do litoral brasileiro, territórios diretamente atravessados pelas questões retratadas em cena. “Das inúmeras urgências do nosso tempo, penso que o teatro precisa refletir os problemas socioambientais - e Macuco discute isso a partir da destruição da Mata Atlântica e das comunidades tradicionais que ali vivem”, afirma o dramaturgo Victor Nóvoa, descendente do bairro Macuco, em Santos, que ficcionaliza memórias de seus familiares caiçaras. “A personagem central é atravessada por camadas de violência, identidade, desejo e pertencimento. É um retorno ao território e à memória afetiva — e também uma crítica à transformação da ilha em um resort.”

A cenografia, também assinada por Lubi, é marcada por um grande mastro com uma vela de barco que gira 360 graus e serve de suporte para projeções. “Essa vela que se movimenta o tempo todo é como o próprio tempo da peça - contínuo, incontrolável, e que nos lembra que precisamos agir antes de sermos levados pela correnteza”, comenta Helena Cardoso, diretora de produção e assistente de direção do espetáculo. A trilha, os sons do mar e o canto do macuco compõem uma ambiência sensorial que dissolve as fronteiras entre sonho e realidade. O desenho de luz é de Matheus Brant; figurinos de Rogério Romualdo; adereços de Beatriz Mendes; e automação de cenário de Djair Guilherme. A filmagem fica a cargo de Paulo Celestino.

Macuco reúne elementos do teatro narrativo e da experimentação audiovisual para construir uma encenação contemporânea composta por memórias pessoais e coletivas, ancestralidade e fabulação. Para Lubi, a proposta estética também é um gesto político. “O cinema nasceu do teatro. Hoje, ele virou símbolo da era das telas - passiva, individual. Quando misturo os dois, crio atrito, falha, espaço para o público se reposicionar e reconstruir a experiência. Não quero só a atenção de quem assiste, quero a participação”, explica o diretor. Essa fricção entre linguagens serve como metáfora para o convite coletivo que o espetáculo propõe. “A questão climática é uma tirania do homem sobre a natureza que volta contra nós. O teatro nos permite provocar o ‘ai de mim’ coletivo, que leva à ação: quem colocamos no poder, o que valorizamos, como reagimos. Só o coletivo nos tira desse sufocamento”


Ficha técnica
Espetáculo "Macuco"
 
Idealização e dramaturgia: Victor Nóvoa
Direção e cenografia: Luiz Fernando Marques (Lubi)
Direção de produção e assistência de direção: Helena Cardoso
Elenco: Edgar Castro e Vitor Britto
Atriz convidada (em vídeo): Cleide Queiroz
Figurinos: Rogério Romualdo
Aderecista: Beatriz Mendes
Cenotécnica: Ronaldo Gonçalves Alves (Colab Ateliê)
Automação de cenário: Djair Guilherme
Desenho de luz: Matheus Brant
Assistência de iluminação: Letícia Nanni
Música instrumental: Marcos Coin
Colaboração de movimento: Ana Vitória Bella
Imagens projetadas: excertos das obras "Homenagem a Turner" (2002), "Herança" (2007) e "Ocean/Atlas" (2014) de Thiago Rocha Pitta
Registros na Ilha Diana: filmagem de Paulo Celestino e montagem de Luiz Fernando Marques (Lubi)
Assistente de produção - Filmagem: Giuliana Maria
Fotos: Noelia Nájera
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli
Redes sociais: Jorge Ferreira
Espaço de ensaio: Vila Ouro Preto


Serviço
Espetáculo "Macuco"
 
De 17 de julho a 30 de agosto, de quinta a sábado, às 20h00.
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Ingressos: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia) e R$ 15,00 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195   
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 10h00 às 21h30; sábados das 10h00 às 21h00; domingos e feriados das 10h00 às 18h00. Mais informações: www.sescsp.org.br

.: "Argila" questiona herança violenta das invasões coloniais aos colapsos


Projeto Teatro Mínimo recebe “Argila”, obra-instalação que escava as urgências do presente, espetáculo de Áurea Maranhão tem como ponto de partida provocações trazidas pelo livro “Sonho Manifesto”, do escritor e neurocientista Sidarta Ribeiro. Foto: Chuseto


Em “Argila”, uma atriz, uma musicista e uma cidade em miniatura em cena contam histórias de ancestralidade e uma sociedade adoecidas pelo sistema, com direção, dramaturgia e performance de Áurea Maranhão. O espetáculo, trazido de São Luís do Maranhão, é atração do projeto Teatro Mínimo do Sesc Ipiranga e tem sua temporada de estreia até dia 10 de agosto, com sessões às sextas-feiras, às 21h30; e aos sábados e domingos, às 18h30.

A peça é protagonizada por uma equipe diversa de artistas residentes em São Luís do Maranhão. Além da diretora, dramaturga e performer, estão no time Valda Lino, responsável pela direção musical e performance musical; Luty Barteix, pela direção de movimento e assistência de direção; Renato Guterres, pelo desenho de luz; Eli Barros, pela direção de arte e figurino: Tathy Yazigi, pela provocação e orientação; e Amanda Travassos, identidade visual e designer (projeto); social media.

O trabalho é uma espécie de ritual cênico, no qual palavra, barro e música respiram juntos. Essa travessia sensorial começa na penumbra de um símbolo de justiça e termina num grito coletivo por reinvenção. Cada gesto sobre o barro questiona a herança violenta que carregamos, e propõe uma ética radical do cuidado. A dramaturgia é livremente inspirada em obras literárias que abordam questões cruciais da existência humana e do futuro do planeta, como "Sonho Manifesto", do neurocientista Sidarta Ribeiro, e os livros de Ailton Krenak, como "O Amanhã Não Está à Venda""A Vida Não É Útil" e "Ideias Para Adiar o Fim do Mundo"

Esses trabalhos oferecem reflexões profundas sobre a importância da reconexão com a natureza e a sabedoria ancestral para uma vida mais sustentável, criticando o paradigma do progresso a qualquer custo e destacam a necessidade de uma abordagem mais consciente e inclusiva para o desenvolvimento humano. “Apesar dos desafios apresentados, tanto Ribeiro quanto Krenak oferecem perspectivas otimistas e inspiradoras, convidando à ação e à transformação social. Suas vozes ressoam como faróis de esperança e inspiração, apontando para um caminho de renovação e transformação em meio aos desafios e incertezas do presente”, revela a idealizadora da montagem Áurea Maranhão.

Com um cenário de cidade em miniatura feito de argila, e complementado por uma iluminação e trilha sonora original, a peça convida o público a refletir sobre a transformação pessoal e coletiva necessária para nossa sobrevivência e prosperidade. A argila não é apenas um mineral, mas foi trazida como um símbolo poderoso de resiliência, adaptação e renascimento. “Nosso trabalho com a argila busca ser uma ferramenta visceral para recuperar a escuta do corpo e curar as mazelas da contemporaneidade, como a solidão causada pelo excesso de virtualidade e a falta de intimidade com nossos próprios desejos”.

A produtora-coletivo Terra Upaon Açu Filmes, sediada em São Luís do Maranhão, nasce desse mesmo impulso: valorizar a criação autoral, a força artística do Norte e Nordeste e a conexão entre memória, território e futuro. Em "Argila", moldar a matéria é também reimaginar o mundo, gesto por gesto, cena por cena, reflete Maranhão.

Essa narrativa costura texto falado, narrativas em off, trilha original percutida ao vivo por Valda Lino (que também assina a direção musical) e uma coreografia de luz que lentamente “escava” o palco. Em cena, a performer alterna narrativa épica e confissão íntima, atravessando temas como sonho coletivo, justiça climática e resistência feminina. Poesia física, som imersivo e discurso afiado, "Argila" transforma sala, auditório ou palco italiano em arena de diálogo entre espectadores e as grandes perguntas do nosso tempo: quem fomos? quem somos? e quem ainda podemos ser, se ousarmos sonhar juntos?


Ficha técnica
Espetáculo "Argila"
Direção geral, dramaturgia e performance: Áurea Maranhão (@aurea.maranhao)
Direção e performance musical: Valda Lino (@valdalinoartista)
Direção de movimento: Luty Barteix (@lutybarteix)
Desenho de luz: Renato Guterres (@renatoguterres)
Operação de luz: Bruno Garcia
Direção de arte, figurino e assistência de produção: Eliane Barros (@eelibarros)
Contrarregragem: Guira Bará, Mateus Rodrigues e Julia Calegari
Designer e identidade visual (projeto); social media: Amanda Travassos (@amandatravassos)
Provocação e orientação artística: Tathy Yazigi (@tathyyazigi)
Fotos: Chuseto (@chuseto) e Taciano Brito (@tacianodbrito)
Produção (São Luis): Terra Upaon Açú Filmes LTDA (@terraupaonfilmes)
Produção (São Paulo): Ricardo Henrique (@richenriques)
Assessoria de imprensa: Pombo Correio Assessoria de Comunicação - Douglas Picchetti e Helô Cintra 


Serviço
Espetáculo "Argila"
Temporada: até dia 10 de agosto de 2025
Às sextas-feiras, às 21h30; e aos sábados e domingos, às 18h30
Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Ingressos: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 15,00 (credencial plena)
Vendas on-line pelo site sescsp.org.br
Classificação: 12 anos
Duração: 55 minutos
Capacidade: 60 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

.: "xs CULPADXS" em temporada gratuita no Teatro Arthur Azevedo


Espetáculo volta em cartaz de 10 a 27 de julho e questiona a linguagem teatral a partir de um thriller violento, regado a música sertaneja dos anos 1980; Carlos Canhameiro assina a encenação e dramaturgia. Foto: Mari Chama


Um cenário que divide o palco em dois andares: embaixo um bar, onde se passa o drama da cidadezinha e, em cima, num ambiente familiar, de aparência refinada, ficam músicos que costuram a trama com canções sertanejas femininas de sucesso. Uma família se muda para uma pequena cidade do interior e é vítima de um massacre após ser acusada de infectar os habitantes daquela localidade com uma doença fatal. Esse é o argumento do novo espetáculo adulto de Carlos Canhameiro, "xs CULPADXS", que faz apresentações gratuitas no Teatro Arthur Azevedo, até dia 27 de julho de 2025, com apresentações de quinta a sábado, às 21h00, e aos domingos, às 19h00. No elenco estão Daniel Gonzalez, Marilene Grama, Nilcéia Vicente, Yantó, Rui Barossi e Paula Mirhan.

A dramaturgia, assinada por Canhameiro, nasceu em maio de 2020 e foi publicada pela editora Mireveja em 2022. “Minha intenção não era refletir sobre a pandemia de Covid-19, até porque ela ainda estava muito no começo, mas sim escrever uma espécie de thriller sobre o horror do desconhecido e ao mesmo tempo sobre as diversas formas de se fazer teatro, entre o drama, o épico e o pastelão!”, comenta.

A peça "xs CULPADXS" acompanha a chegada de um casal com três filhos a uma pequena cidade. Aos poucos, o ambiente se torna tenso: a suspeita de que uma das filhas está gripada desencadeia o medo nos vizinhos, levando a uma série de acontecimentos trágicos. O que se segue é uma sucessão de mortes, tentativas frustradas de acalmar os ânimos e, por fim, uma onda de violência extrema que culmina na morte dos pais e de um dos filhos.

O público acompanha o andamento das investigações e como todos esses acontecimentos impactam os envolvidos e a vida das crianças sobreviventes. Em paralelo, vez por outra os atores assumem um certo papel de ombudsman e fazem comentários sobre as cenas, criticando as estruturas da peça. “Eu gostaria de mostrar como o teatro dramático não dá conta de retratar uma realidade tão complexa, como o de uma pandemia, por exemplo. Na verdade, mostrar como o teatro não precisa se render às representações de situações reais como uma forma de explicá-las", diz o dramaturgo.

No fim das contas, é um espetáculo centrado na culpa. Canhameiro sente-se culpado por escrever um drama, os policiais procuram um culpado para os assassinatos e os habitantes da cidade buscam um culpado pelas mortes que começam a ocorrer quando os novos vizinhos chegam. E para embalar tanta culpa a escolha da trilha sonora executada ao vivo é por músicas sertanejas femininas que fazem sucesso desde a década de 1980. Tem canções de As Marcianas, as Irmãs Galvão, Roberta Miranda, Sula Miranda, Marília Mendonça, Simone & Simaria e outras.

“Há algo nessas músicas, no modo como elas são cantadas, nos tipos de culpa que apresentam: ciúmes, a acusação do outro pelo fim de um relacionamento, a infidelidade, o ressentimento... Há algo que embala uma maneira de ser, de se relacionar, de amar que me parece dialogar com a peça”, defende Canhameiro, que também dirige "xs CULPADXS". “A música não é culpada de nada nessa peça, ela cria uma fricção entre as condições narrativas e suas autocríticas explícitas”.

O cenário de José Valdir Albuquerque é formado por dois andares. Na parte de cima estão os músicos, numa espécie de ambiente doméstico de aparência refinada, na parte de baixo há um bar dos anos 80, onde se desenrola todas as cenas dramáticas da peça. Atores e músicos transitam pelos dois ambientes. O bar, elemento constituinte da sociabilidade brasileira, vira palco para uma tentativa de confrontar o medo do que não se entende.


Ficha técnica
Espetáculo "xs CULPADXS"
Encenação e dramaturgia: Carlos Canhameiro
Elenco: Daniel Gonzalez, Marilene Grama, Nilcéia Vicente, Yantó, Rui Barossi e Paula Mirhan
Trilha Sonora e música ao vivo: Paula Mirhan, Rui Barossi e Yantó
Cenário: José Valdir Albuquerque e Carlos Canhameiro
Figurinos: Bianca Scorza (acervo Godê)
Técnico de som: Pedro Canales
Técnico de luz: Cauê Gouveia
Produção: Corpo Rastreado
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Prêmio Zé Renato de Teatro - Prefeitura de São Paulo


Serviço
Espetáculo "xs CULPADXS"
Duração: 90 minutos | Classificação: 14 anos
Teatro Arthur Azevedo
Data: 10 a 27 de julho, quinta a sábado, às 21h e aos domingos, às 19h.
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca, São Paulo - SP
Ingressos: gratuitos | Retirada com 1 hora de antecedência

sábado, 19 de julho de 2025

.: "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado" é bom, mas não supera o de 97

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em julho de 2025


"Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado", reboot do clássico filme de terror slash de 1997, chega ao "Cineflix Cinemas", entregando uma pegada do filme original, mas adaptada aos moldes das produções modernas. O longa de 1 hora e 51 minutos é muito bom, ainda que subverta drasticamente um personagem queridinho da primeira produção com o intuito de criar uma gigante reviravolta para o desfecho.

Com cena pós-crédito, o longa traz de volta o casal amado da franquia, Julie James (Jennifer Love Hewitt, da série "9-1-1") e Ray Bronson (Freddie Prinze Jr., "Ela é Demais"), garantindo uma piadinha sobre "Scoody-Doo", além da rainha Helen Shivers (Sarah Michelle Gellar, "Buffy, a Caça-Vampiros"), deixando de fora o retorno do ator Ryan Phillippe na reprise do papel do jovem Barry William Cox. 

As mortes conseguem impactar também, porém não há tanto mistério envolvente, essência do filme. Apesar de pecar na não exploração das mortes, algumas acontecem rapidamente, chegando com agilidade ao resultado apresentado pelo matador de Southport. Aliás, a produção embarca numa característica marcante do assassino Ghostface, da franquia "Pânico", quando se trata da revelação de quem está por trás de tudo e colocando o plano maquiavélico em prática.

Em contrapartida, há muita nostalgia com o resgate de personagens importantes do filme original, ainda que em nome de uma reviravolta chocante estrague a história de um deles, ainda mais após tantos anos. Em tempo, "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado" é atrativo enquanto circula pelos antigos personagens, uma vez que os jovens de agora, Danica Richards (Madelyn Cline, "The Originals"), Ava Brucks (Chase Sui Wonders, "Morte, Morte, Morte"), Teddy Spencer (Tyriq Withers, "De Volta Ao Baile") e Stevie Ward (Sarah Pidgeon, "Thw Wilds: Vida Selvagem") sejam bastante insossos, bloqueando o envolvimento automático do público para que se apeguem a algum deles. 

A nova produção segue o visual dos anos 90 de filmes slashers, principalmente o da franquia "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado", entretém, surpreende e garante sustos, porém não consegue superar uma produção de quase 30 anos com tão poucos recursos da época. Ainda assim, vale a pena conferir a novidade na telona! 

Do quarteto original, somente ator Ryan Phillippe não retorna

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN



"Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado" ("I Know What You Did Last Summer"). Ingressos on-line neste linkGênero: suspense, terrorClassificação: 16 anos. Duração: 1h51. Direção: Jennifer Kaytin Robinson. Roteiro: Jennifer Kaytin Robinson, Leah McKendrick, Sam LanskyElenco: Madelyn Cline, Chase Sui Wonders, Jonah Hauer-King, Tyriq WithersSinopse: Cinco amigos causam um acidente de carro fatal e encobrem seu envolvimento mantendo segredo em vez de enfrentar as consequências. Um ano depois, eles se veem perseguidos por um assassino misterioso que sabe o que eles fizeram no verão passado.. Confira os horários: neste link

Trailer "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado"





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Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Priscila Prade

Nathalia Timberg vai além da tarefa de atuar. Ela assombra. E, em "A Mulher da Van", ela retorna não como quem impõe presença, mas como quem finca uma bandeira no tempo e declara: “Estive aqui. E ainda estou”. Aos 96 anos, a Mary Shepherd dela não é somente uma personagem: é um meteoro encardido de humanidade atravessando o palco com odor de mofo e dignidade, acidez e ternura, malcriação e mistério. Tudo ao mesmo tempo. E melhor: sem pedir a opinião alheia sobre isso. É um exemplo para quem ainda se preocupa com a opinião dos outros.

Baseada no texto autobiográfico de Alan Bennett, adaptado com elegância por Clara Carvalho e conduzida com muita sensibilidade por Ricardo Grasson, a montagem brasileira assume o risco do desencaixe. Não tenta agradar, não se curva ao politicamente correto, tampouco oferece um consolo higienizado para o envelhecimento - ela o escancara, sem filtros ou nenhum tipo de botox narrativo.

Timberg encena uma mulher amarga e, às vezes, mal-agradecida com uma grandeza que beira o indecente. É a atriz em sua forma mais crua, esculpindo silêncios, vociferando feridas, desviando do sentimentalismo fácil com a precisão de quem conhece a anatomia da emoção por dentro. A atuação dela é tão pungente que desidrata o texto e o transforma em gesto, em presença viva, em legado performático. Mas ela não está sozinha nessa empreitada existencial. 

Caco Ciocler entrega um Alan comovente e sem vaidade. É doce, mas também melancólico. Já Nilton Bicudo, ao dividir o personagem com Ciocler, protagoniza uma rara parceria:  juntos, eles tecem uma coreografia afetiva que revela o jogo de espelhos e vozes internas do escritor/personagem, um homem partido entre o acolhimento e a culpa. Juntos, os dois dançam um balé emocional em que o ego se dilui para dar espaço ao outro.

Lilian Blanc, por sua vez, aparece com seu selo habitual de encantamento cênico - é como um bom perfume: não precisa de mais do que uma borrifada para deixar a própria marca. Roberto Arduin mostra sua versatilidade camaleônica ao saltar entre personagens com a leveza de quem sabe que o teatro é, antes de tudo, transformação. E o restante do elenco, formado por nomes como Noemi Marinho, Cléo De Páris, Duda Mamberti e Lara Córdulla, forma uma engrenagem rara: coesa, pulsante e generosa. Ninguém se atropela - todos se erguem para o exato momento em que cada um brilha.

A encenação de Grasson constrói um universo que não pede explicações: a van vira casa, o lar vira prisão, a rua vira espelho. Tudo transita entre o cômico e o trágico com a fluidez de um sonho. A direção é, ao mesmo tempo, respeitosa com o texto e atrevida com a forma. Talvez daí resida o maior acerto dessa produção. O público sai transformado? Talvez. Mas sai, no mínimo, cutucado - e isso já é mais do que se espera da maioria dos espetáculos. Porque o teatro, como bem sabe Nathalia Timberg, não existe para fazer carinho no espectador, mas para deixá-lo acordado. E, se possível, ligeiramente desconfortável.

“A Mulher da Van” é uma peça sobre o tempo. Mas não o tempo como calendário ou sentença - o tempo como abismo e bênção. Semelhante àquilo que escapa e, ainda assim, encaixa na vida do outro como algo que já não descola. É também uma fábula sobre encontros improváveis, sobre o cuidado que damos a estranhos enquanto negligenciamos os íntimos, sobre a beleza caótica da convivência. E é, sobretudo, uma carta de amor à arte de envelhecer com selvageria, e não com docilidade.


Ficha técnica
Espetáculo "A Mulher da Van"
Texto: Alan Bennett
Tradução: Clara Carvalho
Idealização: Nosso Cultural
Direção geral: Ricardo Grasson
Assistente de direção: Heitor Garcia
Elenco: Nathalia Timberg, Caco Ciocler, Nilton Bicudo, Noemi Marinho, Duda Mamberti, Lilian Blanc, Roberto Arduin, Cléo De Páris e Lara Córdulla.
Cenário: Cesar Costa
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Trilha sonora e desenho de som: LP Daniel
Figurino: Marichilene Artisevskis
Visagismo: Simone Momo
Assistente de cena: Ligia Fonseca
Camareira: Beth Chagas
Diretor de palco: Victor Ribeiro
Contrarregra: JP Franco
Coordenação de comunicação: André Massa
Comunicação visual e animação: Kelson Spalato
Redes sociais: Gatu Filmes / Gabriel Metzner e Arthur Bronzatto
Estratégia digital: Motisuki PR / Régis Motisuki e Matheus Resende
Fotografia: Priscila Prade
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Direção de produção: Marco Griesi
Coordenação de produção: Bia Izar
Produção executiva: Diogo Pasquim e Tame Louise
Produção geral: Palco7 Produções


Serviço
Espetáculo "A Mulher da Van"
De 4 de julho a 3 de agosto de 2025
Sextas, às 21h00. Sábados, das 17h00 e 21h00. Domingos, às 18h00.
Teatro Bravos - Rua Coropé, 88 - Pinheiros / São Paulo
Ingressos: Plateia Premium - R$ 200,00 (inteira) I R$ 100,00 (meia). Plateia Inferior - R$ 160,00 (inteira) I R$ 80,00 (meia). Mezanino - R$ 120,00 (inteira) i R$ 60,00 (meia). Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/106647.
Classificação: 12 anos.
Duração: 100 minutos.
Capacidade: 611 lugares.
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

.: "Forever Tango", sucesso mundial há 31 anos, ganha palco brasileiro em 2025


Com 12 dançarinos, um vocalista e uma orquestra formada por seis músicos, o espetáculo conta a história do nascimento do tango na Argentina do século XIX. Foto: divulgação

Criado e dirigido pelo argentino Luis Bravo, aclamado espetáculo "Forever Tango" estreia no Brasil no Teatro B32 no dia 19 de julho de 2025, com produção da Black&Red. Indicado ao Tony Award de Melhor Coreografia em 1998, o espetáculo foi eleito o melhor musical de turnê pelo Bay Area Theatre Critics Circle em San Francisco, onde esteve em cartaz por 92 semanas no Theatre on the Square. Reconhecido internacionalmente, o "Forever Tango" também recebeu o cobiçado Prêmio Simpatia no Festival de Spoleto, na Itália, em 1996.

Com 12 dançarinos, um vocalista e uma orquestra formada por seis músicos - incluindo o instrumento símbolo do tango, o bandoneón -, o espetáculo conta a história do nascimento do tango na Argentina do século XIX. As danças, executadas ao som de músicas originais e tradicionais, são resultado da colaboração entre cada casal e o idealizador e criador Luis Bravo.

Criador e diretor de "Forever Tango", o argentino Luis Bravo (que também assina a iluminação) é um violoncelista de renome mundial que já se apresentou com as principais orquestras sinfônicas do mundo. Seus créditos mais destacados incluem aparições com a Filarmônica de Los Angeles, o Teatro Colón de Buenos Aires, a Filarmônica de Buenos Aires e outros conjuntos de prestígio ao redor do mundo.

A equipe conta, ainda, com Argemira Affonso (figurino), Mike Miller (responsável pelo som), Jean-Luc Don Vito (maquiagem) e Víctor Lavallén (direção musical). A produção brasileira é da Black & Red, renomada companhia de teatro musical liderada pelo diretor Billy Bond, reconhecida por suas grandiosas montagens.

Luis Bravo estreou na Broadway em junho de 1997 para uma temporada de oito semanas. O sucesso foi tanto, que o espetáculo ficou em cartaz por 14 meses e desde então voltou a Nova York na Broadway em três ocasiões distintas. 

O espetáculo conta a história do nascimento do tango na Argentina do século XIX, quando milhares de homens, abandonando uma Europa em desintegração para emigrar à América do Sul, se encontraram nos matadouros lotados, nos bares, nas esquinas dos arrabaldes e nas enramadas. O tango nasceu dessa existência solitária e violenta. Originalmente evitado pela sociedade argentina como indecente, o tango tornou-se uma mania da noite para o dia na alta sociedade parisiense, quando intelectuais argentinos o ensinaram durante suas viagens ao exterior. O tango rapidamente se espalhou pela Europa e América, sendo posteriormente reimportado para a sociedade argentina, embora em forma modificada. Nascido nos bordéis de Buenos Aires, o tango pode ser o produto de exportação mais conhecido da Argentina.


Serviço
"Forever Tango", de Luis Bravo 
Teatro B32: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.732
Temporada: de 19 de julho a 3 de agosto
Aos sábados, às 20h30 e aos domingos, às 18h30
R$ 200,00 a R$ 400,00
Classificação indicativa: livre
Duração: 130 minutos 
Lotação: 490 lugares
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

Bilheteria
Internet (com taxa de conveniência):  https://www.sympla.com.br/
Bilheteria física (sem taxa de conveniência): apenas em dias de espetáculos até o início da apresentação

.: "A Comunidade do Arco-Íris", de Caio Fernando Abreu, estreia no CCBB SP


Com direção de Suzana Saldanha e supervisão de direção de Gilberto Gawronski, a peça traz no elenco a atriz Bianca Byington, tem participação especial em vídeo de Malu Mader e tem sua composição-tema assinada por Tonny Belloto e seu filho João Mader. A direção musical é de João Pedro Bonfá. A direção de produção é de Jenny Mezencio e a coordenação geral é de Flávio Helder e BFV Cultura e Esporte. O espetáculo cria uma reflexão sobre temas como confiança, respeito, amizade e democracia. Foto: Kika Antunes


A coletividade e a importância de se respeitar as diferenças são pautas levantadas por "A Comunidade do Arco-Íris", o único trabalho do saudoso autor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996) voltado para o público infantil. A obra ganhou uma montagem dirigida por Suzana Saldanha, sob supervisão de Gilberto Gawronski, que estreou em 2024 e teve temporadas de sucesso em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Agora, a peça chega ao Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, onde tem sua estreia paulista e fica em cartaz de 19 de julho a 31 de agosto, com sessões aos sábados e domingos. Este projeto conta com o patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O trabalho traz no elenco Bianca Byington, Raquel Karro, Tiago Herz, Lucas Oradovschi, Lucas Popeta, André Celant, Renato Reston, Patricia Regina, Aisha Jambo (stand-in) e Maksin Oliveira (stand-in). Além disso, conta com participação especial em vídeo de Malu Mader na abertura do espetáculo. Na trama, brinquedos e seres mágicos decidem viver numa comunidade na floresta, longe do mundo dos humanos, onde não há poluição e nem consumo desenfreado. A chegada de três gatos a esse recanto de paz, provoca discussões sobre confiança, respeito, amizade e democracia. 

Nesse lugar, que lembra uma espécie de rave ou festa hippie, os personagens vivem afastados do mundo humano. São eles: uma sereia cansada da poluição de mares e rios, uma bruxa de pano e uma bailarina de caixinha de música trocadas por videogame e outros eletrônicos, um soldadinho que não gosta de guerra e tem vocação para jardinagem, um mágico que deseja fazer suas mágicas sem ser criticado e um roqueiro que quer tocar sua música na tranquilidade da natureza. 

No papel da Bruxa de Pano, Bianca Byington comenta que não conhecia esse lado do autor “surpreendentemente leve, que não perde o sarcasmo em pequenas brincadeiras”. Para a atriz, chama a atenção que, em 1971, ele tenha dado importância à questão ambiental. “Abordagem simples, sem militância, mas no fundo fala o que realmente importa, a insatisfação em relação ao mundo capitalista, ao consumo”, diz. 

O cenário é composto por uma grande estrutura de ferro flexível que abrange o cenário interativo criado por Sérgio Marimba, promovendo um diálogo com a luz de Aurélio de Simoni e os figurinos de Danielly Ramos. As crianças são levadas a um mundo de faz de conta, com ambientes coloridos em que os atores podem se pendurar, penetrar, subir e passear livremente. 

Segundo Gawronski, na peça, o autor gaúcho convida as crianças à reflexão sobre convívio e coletividade. “Não é um texto sobre empoderamento da mulher, nem sobre racismo, gênero, ou etnias se colocando. Mas abrange isso tudo. O Arco-Íris de Caio é uma ode à diversidade. Simboliza um lugar ‘outsider’, alternativo, uma busca pelo utópico, onde todos vivem em harmonia e a diferença é respeitada”, comenta. 

A direção musical da peça é de autoria de João Pedro Bonfá, que mescla canções gravadas e música ao vivo. “Sempre que posso utilizar como trilha sonora o personagem Roque, interpretado pelo ator e músico Tiago Herz, é muito rico”.  Segundo Bonfá, Caio Fernando indica no texto uma letra com o hino da comunidade do Arco-Íris que, nesta montagem, é musicada por Tony Bellotto e por seu filho, João Mader. “A música virou um baita Rock n’ roll no estilo Titãs. Nós gravamos de uma vez, no estúdio, igual banda de rock, com guitarra e bateria. Isso trouxe uma sonoridade final bem interessante”, conta. 

“A Comunidade do Arco-Íris” é um espetáculo que se alinha aos valores que o Centro Cultural Banco do Brasil busca promover em sua programação, como diversidade, sensibilidade artística e estímulo ao pensamento crítico desde a infância. Ao realizar esse projeto, o CCBB SP reafirma seu papel como espaço de diálogo e formação cultural incentivando reflexões sobre respeito, convivência e a valorização das diferenças. “É uma honra receber uma obra tão simbólica e atual, que apresenta o universo do Caio Fernando Abreu às novas gerações com leveza e profundidade, pois acreditamos na força da arte para inspirar novas formas de ver e viver o mundo, e esta peça representa exatamente isso”, afirma Cláudio Mattos, gerente geral do CCBB São Paulo.


Suzana Saldanha e Caio Fernando Abreu
“Apesar de escrita há mais de 40 anos, trata-se de uma peça ecológica e atual. Caio denuncia, naquela época, o mesmo que denuncio hoje, em 2025”, diz Suzana Saldanha, que participou da fundação do inovador Grupo de Teatro Província de Porto Alegre, em 1970, onde trabalhou com Caio Fernando Abreu. “Além de jornalista e escritor, era um belíssimo ator”, lembra. Logo depois, em 1971, Caio escreveu “A Comunidade do Arco-Íris”

“O texto fala de forma poética sobre esse movimento de pessoas se organizando em comunidades, no auge da ditadura. Para nós, artistas, estava muito ruim. Mas nem todos iam da cidade para o campo. Caio foi para uma comunidade em Londres. Já eu fui morar, em 1973, com colegas de faculdade no Centro de Arte Sensibilização e Aprendizagem, onde também funcionava uma escola de teatro, em Porto Alegre”, recorda.

Quando volta ao Brasil em 1979, Caio entrega “A Comunidade do Arco-Íris” nas mãos de “Suzy Baby”, como chamava a amiga Suzana. “Eu fiquei louca com o texto”, lembra a diretora, que, no mesmo ano, estreia o espetáculo sob sua direção. Em 2008, a diretora contribui para a montagem da peça com crianças da Escola Carlitos (SP). 

Em 2018, um novo encontro com a obra: Suzana apresenta o texto ao amigo e produtor Flávio Helder, que se apaixona, e decidem remontá-lo. “Eu quero mostrar ao público o lado amoroso e divertido de Caio Fernando, um autor que ficou muito marcado como porta-voz do mundo gay e que não conheceu a fama em vida, mas que hoje é lido por todos, sobretudo o público jovem”, afirma a artista. 


Ficha técnica
Espetáculo "A Comunidade do Arco-Íris"
Texto: Caio Fernando Abreu
Direção: Suzana Saldanha
Supervisão de direção: Gilberto Gawronski
Elenco: Bianca Byington (Bruxa de pano); Raquel Karro (Sereia), Tiago Herz (Roque), Lucas Oradovschi (Mágico), Lucas Popeta (Gato Simão), André Celant (Soldadinho), Renato Reston (Gato Tião), Patricia Regina (Gata Bastiana), Stand-in ( Bruxa de Pano): Aisha Jambo, Stand-in ( Mágico): Maksin Oliveira
Participação especial em vídeo: Malu Mader
Cenário: Sérgio Marimba
Iluminação: Aurélio de Simoni
Figurinos: Danielly Ramos
Visagismo: Joana Seibel
Direção de movimento/coreografia: Sueli Guerra
Assistência de movimento/coreografia: Edney d’Conti
Composições e supervisão musical: Tony Belloto em colaboração com João Mader
Direção musical: João Pedro Bonfá
Programação visual: Juliana Della Costa
Assessoria de Imprensa em SP: Pombo Correio
Assistente de produção: Sofia Lima
Direção de produção: Jenny Mezencio
Coordenação geral e realização: Flávio Helder e BFV Cultura Esporte
Patrocínio: Banco do Brasil
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Instagram: @acomunidadedoarcoiris2024


Serviço
Espetáculo “A Comunidade do Arco-Íris”
Período: 19 de julho a 31 de agosto de 2025
Horário: julho | Sábados e domingos, às 11h00 e às 15h00
Agosto | Sábados, às 11h00 e às 15h00. e Domingos, às 15h00.
Local:  Teatro CCBB SP
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico - SP
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia) disponível em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB | Meia-entrada: para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência - e acompanhante, quando indispensável para locomoção, adultos maiores de 60 anos e clientes Ourocard. 
Capacidade: 120 lugares
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.


Informações CCBB SP - Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo  
Endereço: rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico | São Paulo/SP  
Entrada acessível CCBB SP: pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Funcionamento: aberto todos os dias, das 9h00 às 20h00, exceto às terças    
Contato: (11) 4297-0600 | ccbbsp@bb.com.br 
Estacionamento: o CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h00 às 21h00.    
Van: ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h00 às 21h00.
Transporte público: o CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.    
Táxi ou aplicativo: desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).

.: Espetáculo "Uma Peça de Comédia", em nova versão, no Teatro Nair Bello


Em uma versão atualizada, espetáculo do autor Dan Rosseto, narra os desafios enfrentados por um elenco que tenta salvar uma peça ruim e com humor ultrapassado; a montagem fará somente um fim de semana no mês de julho na capital paulista. Foto: divulgação


Nos dias 25, 26 e 27 de julho, no Teatro Nair Bello, o espetáculo “Uma Peça de Comédia”, do dramaturgo, roteirista, ator e diretor Dan Rosseto, abre as portas ao público para a nova versão da obra apresentada em 2023. No elenco, Adriano Paixão, Flávia Pucci, Felipe Caiafa, Lia Antunes e Natália Rabelo; além do próprio Rosseto, que pela primeira vez atua em um texto autoral.

 “Uma Peça de Comédia” acompanha os bastidores dos ensaios do espetáculo "The Fertilization"  (nome fictício de uma peça dentro da peça) que está a uma semana da estreia. O elenco insatisfeito com os métodos de trabalho do diretor, inseguros com o processo de criação e a qualidade duvidosa do texto, interrompem o ensaio para debater falas grosseiras e gags inadequadas, que causam desconforto e constrangimento.

Os atores, preocupados com a recepção do público, tentam convencer o diretor que o texto da peça está ultrapassado; e só enxergam o fim de suas carreiras. Mas o chefe, que tem comportamento egocêntrico e abusivo, não dá espaço e tenta convencê-los do contrário, apesar de ter rompantes de otimismo e paixão pelo ofício teatral. Quando são avisados pelo diretor que uma temida crítica está na plateia, o grupo tenta “desesperadamente” salvar a encenação! É o estopim que acendeu a fogueira das vaidades e promove as confusões. Os egos de cada um eclodem, criando uma atmosfera de competição e hipocrisia, onde as máscaras caem e a razão dá lugar à crueldade.

O espetáculo, através de uma metalinguagem tragicômica, alterna os ensaios com a vida pessoal dos atores traçando um paralelo sobre a ética; afinal tudo aquilo poderia acontecer em qualquer ambiente de trabalho. Ao repensarem o conceito do espetáculo, o texto abre um debate sobre o humor na atualidade: “Como fazer comédia sem ofender?”. Dan Rosseto se inspirou em obras importantes, mas reuniu nesta montagem histórias que ele mesmo vivenciou ao longo de seus 25 anos como artista, apresentando personagens patéticos, levianos e paranoicos, que provocam o riso nervoso por serem hipócritas, completamente ridículos e desprovidos de moral.

As transformações sociais, culturais, de gênero, machismo, sexismo, racismo, etarismo, capacitismo, entre outros temas que vem acontecendo de forma vertiginosa tem provocado debates e gerado diversas questões sobre o que é “politicamente correto”. O humor coloca todos no mesmo nível: palco e plateia, humanizando as partes, fazendo repensar os estímulos de ambos os lados.  É também uma estratégia de sobrevivência, e uma forma descontraída de contribuir para levar informação e um olhar crítico, sem perder o riso e mantendo sua responsabilidade social.


Ficha técnica
Espetáculo "Uma Peça de Comédia" 
Texto e direção: Dan Rosseto
Direção de produção: Fabio Camara
Direção residente e de movimento: Viviane Figueiredo
Elenco:  Adriano Paixão, Flavia Pucci, Dan Rosseto, Felipe Caiafa, Lia Antunes e Natália Rabelo
Preparação vocal: Gilberto Chaves
Preparação corporal: Marize Piva
Iluminação: Beto Martins
Maquiagem: Tainá Araújo
Perucaria: Maurício Somanzari
Arte gráfica e fotografias: Erik Almeida
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Produção executiva: Natália Rabelo Ortega
Realização: Applauzo Produções, Lugibi Produções, Nyn Realizações e EACC.


Serviço
Espetáculo "Uma Peça de Comédia" 
Local: Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca 569 - Consolação). 200 lugares.
Datas: 25, 26 e 27 de julho (Sexta e sábado, às 20h00, e domingo, às 18h00)
Ingressos: R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia-entrada)
Informações: (11) 3472 2414
Vendas pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/107544
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos

.: Comédia "O Marido da Minha Mulher" em nova temporada no Teatro D-Jaraguá


Espetáculo mistura humor e fantasia com grande elenco e estreia uma curta temporada, em São Paulo, no dia 26 de julho. Foto: Ronaldo Gutierrez


Depois do sucesso de sua primeira montagem, a comédia “O Marido da Minha Mulher” retorna aos palcos em nova e curta temporada no Teatro-D-Jaraguá, a partir de 26 de julho, com sessões aos sábados e domingos. A peça, que mistura humor rasgado com elementos sobrenaturais, marca presença na programação do recém-inaugurado teatro e aposta em um elenco carismático formado pela atriz e influenciadora digital Fefe (em sua estreia no teatro) e pelos atores Daniel Rocha, Ton Prado e Conrado Caputo.

Na trama escrita por Sérgio Abritta e dirigida por Carlinhos Machado, o fanfarrão Alex (Daniel Rocha) morre após um acidente inesperado, mas retorna do além para impedir que sua esposa, Bruna (Fefe), se case com seu maior desafeto, o esnobe Nico (Conrado Caputo). Para atrapalhar os planos do rival, Alex contará com a ajuda de seu melhor amigo Paulo (Ton Prado), num enredo repleto de situações hilárias, mal-entendidos e pitadas de emoção.

O espetáculo marca a estreia teatral da influenciadora digital Fefe, que soma mais de 17 milhões de seguidores. “No palco tudo é diferente. É um desafio de postura, timing, linguagem... mas vale muito a pena”, comenta. Já Ton Prado, que participou das montagens anteriores, vê essa nova versão como uma oportunidade de renovação: “É uma nova geração assistindo. Mesmo quem não acredita em fantasmas vai se divertir com a analogia sobre evolução e libertação da alma”, diz.

Para Daniel Rocha, conhecido do grande público por sua participação em diversas novelas na TV Globo, o personagem Alex é um tipo totalmente distante dele: “É um torcedor inflamado do Corinthians que deixa de viver momentos importantes com a família pra farrear com os amigos. Faz tudo errado. Eu não faria isso”, brinca o ator.


Um susto nos bastidores
Durante a gravação de uma versão da peça para a HBO Max, feita em Paranapiacaba, cidade conhecida por suas histórias de assombração, Daniel Rocha passou por um momento curioso: “Uma senhora tinha acabado de limpar e trancar um vagão. De repente, uma mão de criança apareceu no vidro... e não havia crianças no set”, relembra. Agora, o susto dá lugar à gargalhada - pelo menos no palco.


Ficha técnica
Espetáculo "O Marido da Minha Mulher"
Texto: Sérgio Abritta
Direção: Carlinhos Machado
Elenco: Conrado Caputo, Daniel Rocha, Fefe e Ton Prado
Assistente de direção: José Grando
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Trilha sonora: Charles Dalla
Operação de luz: Pablo Perosa
Operação de som: Kaique Andrade
Direção de palco: Bruno Caraíba
Cenário: Thiago Wenzler
Cenotécnico: Tony Medugno
Fotografia: Ronaldo Gutierrez
Mídias sociais: Ton Prado
Assessoria de imprensa: Dobbs Scarpa Multiplataformas – Fábio Dobbs


Serviço
Espetáculo "O Marido da Minha Mulher"
Temporada: de 26 de julho a 7 de setembro de 2025, sábados, às 20h00, e domingos às 19h00
Duração: 75 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Local: Teatro-D-Jaraguá Rua Martins Fontes, 71, Centro (Metrô Anhangabaú)
Capacidade: 260 lugares
Bilheteria: presencial a partir de 2 horas antes do início do espetáculo ou pelo link Sympla - https://bileto.sympla.com.br/event/107657
Ingressos: R$ 150,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia)
Estacionamento: Estapar na entrada principal do hotel com valor reduzido ao teatro de R$ 20,00 por até quatro horas, valorizando a experiência do teatro + restaurantes do hotel

.: "Laudelina" propõe mergulho na luta das trabalhadoras domésticas negras


Com direção de Luiza Loroza, solo protagonizado por Rafaele Breves é inspirado na trajetória de Laudelina de Campos Mello, figura importante na luta pelos direitos trabalhistas no país. Foto: Juliana Nascimento

A SP Escola de Teatro - Centro de Formação das Artes do Palco recebe em julho o espetáculo "Laudelina", solo poético-documental que costura memória, política e ancestralidade a partir da trajetória de Laudelina de Campos Mello - trabalhadora doméstica, militante e uma das figuras mais emblemáticas da luta por direitos trabalhistas no Brasil. O espetáculo cumpre temporada até dia 27 de julho, na Sala Alberto Guzik, com apresentações gratuitas às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h00.

Com dramaturgia inédita assinada por Cristiane Sobral e Rafaele Breves e direção de Luiza Loroza, a montagem é protagonizada pela atriz Rafaele Breves, que entrelaça a história de Laudelina com memórias íntimas de sua própria linhagem familiar. “É um corpo em cena que traz não só a força das lutas passadas, mas também o peso e a beleza do que herdei das mulheres da minha família, que como Laudelina, foram cozinheiras, faxineiras, babás. E com esse solo, eu conto essa história como quem costura um tecido ancestral, ponto por ponto”, afirma Rafaele.

Realizado pela Dupla Companhia, grupo sediado no interior paulista, o projeto reúne uma equipe formada majoritariamente por mulheres negras de diferentes regiões do país, conectando experiências do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Pará. Para Lucas Gonzaga, diretor artístico da companhia, o espetáculo dá continuidade a uma pesquisa que atravessa diversas montagens do grupo: “Temos como eixo a investigação entre Território, Memória e Identidade. 'Laudelina' surge como um gesto de escuta e permanência. Não é uma biografia encenada, mas uma evocação poética das vozes que foram apagadas da história oficial”.

Entre relatos íntimos, registros históricos e imagens de resistência, a peça convida o público a refletir sobre os impactos do trabalho doméstico na vida de milhares de mulheres negras brasileiras, muitas vezes invisibilizadas, exploradas e esquecidas. “Descolonizar, às vezes, é descansar. É interromper o ciclo da exaustão, da obediência forçada, da entrega sem retorno. Com esse trabalho, queremos propor imaginação, invenção e desordem como formas de resistência”, pontua Rafaele.

Laudelina também destaca o esforço coletivo da Dupla Companhia em propor novas narrativas e estéticas para os palcos brasileiros. O grupo, que já encenou montagens como "As Três Marias" (2022), "Ícaros" (2024) e ”Nise em Nós” (2025), mantém seu compromisso com produções que promovem interseções entre arte, educação e memória. “Estamos falando de um teatro que parte do chão da vida real, mas que se permite sonhar - porque, como dizia Fanon, 'não se pode construir o que não se pode imaginar’”, conclui Gonzaga. O espetáculo tem realização da Dupla Companhia, em parceria com o Ministério da Cultura do Governo Federal e a Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.


Ficha técnica
Espetáculo "Laudelina"
Atuação, texto inédito e idealização: Rafaele Breves
Direção e cenografia: Luiza Loroza
Texto inédito: Cristiane Sobral
Figurinos: Nilo Mendes
Iluminação: Dara Duarte
Visagismo: Claudinei Hidalgo
Assistente de cabelo e maquiagem: Pedro Torriani
Cenotécnica: Bruna Boliveira
Trilha sonora: João Loroza
Identidade visual: Laís Oliveira
Fotografia: Juliana Nascimento
Direção de comunicação: Rafaele Breves
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Idealização, direção de produção, vídeos e operação de som: Lucas Gonzaga
Produção executiva: Miranda Gonçalves


Serviço
Espetáculo "Laudelina"
Às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 18h00
SP Escola de Teatro - Sala Alberto Guzik (R1) - Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação, São Paulo
Ingressos: Gratuitos. Retiradas somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro - www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 60 lugares
Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, tradução simultânea para língua brasileira de sinais, audiodescrição, visita tátil para pessoas não videntes.
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