sábado, 2 de agosto de 2025

.: Cia. do Pássaro apresenta “Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário”


A Cia. ocupa a sede na Rua Álvaro de Carvalho, no Anhangabaú, com uma intensa programação e criações voltadas ao combate do apagamento histórico das pessoas negras. Foto: Noelia Nájera

O espetáculo “Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário”, da Cia do Pássaro - Vôo e Teatro, é inspirado na única autobiografia conhecida de um africano escravizado em terras brasileiras, Mahommah Gardo Baquaqua. A peça, estreada em 2016, volta em cartaz com Alessandro Marba e Breno da Matta para reinaugurar a sede do grupo, em São Paulo, após uma reforma realizada por meio do Edital Fomento CULTSP PNAB 38/2024, para Manutenção e Modernização de Espaços Culturais no Estado de São Paulo. A temporada acontece entre os dias 2 e 24 de agosto, aos sábados, às 20h00, e aos domingos, às 19h00. Todas as sessões são gratuitas e contam com acessibilidade em Libras.

A peça conta a história de Baquaqua, nascido em uma família muçulmana no final dos anos 1820, no reino de Bergoo (atual Borgoo, no Benin). Ele  foi traficado para o Brasil na década de 1840, trabalhando em uma embarcação comercial até escapar, em 1847. Com o auxílio de abolicionistas na cidade de Nova Iorque, ele seguiu para o Haiti, onde viveu com missionários batistas. Em 1849, retornou aos Estados Unidos, mas logo optou por morar no Canadá. Nesse país, trabalhou com o editor Samuel Moore, responsável pela publicação de seu livro de memórias. Em 1857, ninguém mais teve notícias de Baquaqua.

"Baquaqua- Documento Dramático Extraordinário" recebeu muitos reconhecimentos ao longo da sua trajetória. A peça ganhou um selo da York University do Canadá, como uma fonte oficial de pesquisa para a história de Baquaqua, já que contaram com a assessoria de Bruno Véras, um importante pesquisador da instituição. Além disso, uma ação do MEC - Ministério da Educação do Brasil incluiu fotos e informações da peça em um livro didático de Artes para a oitava série. 

 
Trilogia do Resgate
A Trilogia do Resgate é um projeto teatral que busca recuperar histórias negras silenciadas e refletir sobre o racismo estrutural. O primeiro espetáculo, “Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário”, estreou em 2016 e é baseado na autobiografia de Mahommah Gardo Baquaqua, africano escravizado no Brasil que registrou sua história em livro. “Na época, a obra ainda não tinha tradução em português. Hoje tem, e isso mostra a força desse trabalho”, comenta Alessandro Marba. 

“Também queremos mostrar que, apesar dos muitos avanços sociais, o racismo segue presente no cotidiano. Por isso, a cada temporada, atualizamos o texto com referências recentes, como o caso do assassinato de George Floyd ou de Genivaldo de Jesus Santos, que foi asfixiado por policiais com uma bomba de gás”, comenta o diretor e um dos dramaturgos Dawton Abranches - ele assina o texto com a dramaturga Dione Carlos. 

A segunda montagem, “Jacinta – Você só Morre Quando Dizem seu Nome Pela Última Vez”, relembra Jacinta Maria de Santana, mulher preta que teve seu corpo exposto por 30 anos na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O terceiro espetáculo está em criação e tem previsão de estreia em 2026. 


Sobre a encenação
“Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário” é um espetáculo que trabalha com alegorias. Os dois atores em cena se alternam entre o papel de narradores, do personagem-título e de figuras opressoras que brotam das cenas. Em um canto do palco, ficam posicionados alguns manequins brancos com figurinos que remetem às figuras como a justiça, a liberdade, a religião e a polícia. “E me transformo nesses personagens ao longo da encenação”, diz Breno da Matta. 

O cenário evoca um navio negreiro, com a plateia embarcando junto com o personagem em suas múltiplas viagens. Pedro de Alcântara utilizou ripas de madeira em cor natural para criar essa ambiência. Ao fundo, um mapa pintado à mão ilustra a trajetória de Baquaqua pelos países percorridos. A trilha sonora é de LP Daniel que mescla instrumentais clássicos com elementos de música tribal africana. Nem todas as canções são autorais, mas Breno e Alessandro compuseram um repente para o trabalho. “Nossa trilogia pretende refletir sobre as heranças da escravidão para que possamos criar estratégias de combate a essa realidade".
 

Atividades paralelas
Além das oito apresentações do espetáculo "Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário", a programação de reinauguração da Cia do Pássaro para 2025/26 envolve núcleos de pesquisa, a abertura do espaço para ensaios gratuitos de grupos, uma mostra de trabalhos em pequenos formatos, uma temporada de "Jacinta - Você só Morre Quando Dizem seu Nome Pela Última Vez" e um festival musical.

São dois os núcleos de pesquisa que estão com inscrições abertas no período de 28/07 a 10/08:  “Núcleo Políticas Públicas para Cultura e Arte: disputas, conflitos e vetos”, com orientação de Judson Cabral; e “Núcleo de Estudos em Produção Cultural e Elaboração de Projetos para Artistas e Produtoras(es) Independentes”, com Fernando Gimenes. As informações completas encontram-se no Instagram da Cia do Pássaro (@cia_do_passaro). 

A iniciativa foi viabilizada pelo Fomento CULTSP, Política Nacional Aldir Blanc, ProAC Editais 38/2024, Secretaria da Cultura Economia e Indústria Criativas e Ministério da Cultura. Com 14 anos de trajetória, a companhia mantém sua sede em uma verdadeira calçada cultural paulistana, vizinha ao Instituto Capobianco, ao Grupo Redimunho e à Ocupação Nove de Julho.

 
Ficha técnica
Espetáculo "Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário"
Elenco: Alessandro Marba e Breno da Matta
Dramaturgia: Dione Carlos e Dawton Abranches
Direção: Dawton Abranches
Assistência de direção: Dione Carlos
Produção: Plataforma - Estúdio de Produção Cultural
Direção de Produção: Fernando Gimenes
Produção Executiva: Rafael Procópio
Consultoria de pesquisas: Bruno Véras
Cenário e figurinos: Pedro de Alcântara
Costureira e confecção de Abaiomys: Maria de Lourdes Ventura
Trilha sonora: LP Daniel
Composição da música ao vivo: Breno da Matta e Alessandro Marba
Operação de som: Dawton Abranches
Orientação musical e de movimentos: Laruama Alves
Criação de luz: Alice Nascimento
Adaptação e operação de luz: Rebeka Teixeira
Painel e aquarelas: Renato Caetano
Designer gráfico: Murilo Thaveira
Fotos: Noelia Nájera
Redes Sociais: Jorge Ferreira
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes


Serviço
Espetáculo "Baquaqua - Documento Dramático Extraordinário"
De 2 a 24 de agosto, aos sábados, às 20h00 e, aos domingos, às 19h00
Local: Sede da Cia do Pássaro, Vôo e Teatro - Rua Álvaro de Carvalho, 177 – Centro – São Paulo – SP
Ingressos: gratuitos | Retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo – Sujeito à lotação
Classificação etária: Livre Duração do espetáculo: 60 minutos Capacidade: 40 pessoas
Acessibilidade: O espaço é acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, todas as apresentações contam com intérpretes de LIBRAS.


Núcleos de Pesquisa
Inscrições até dia 10 de agosto
·Políticas Públicas para Cultura e Arte: disputas, conflitos e vetos. Coordenação: Judson Cabral
· Estudos em Produção Cultural e Elaboração de Projetos. Coordenação: Fernando Gimenes
Inscrições e informações na bio da @cia_do_passaro

.: Musical infantil ensina conceitos de finanças e empreendedorismo


Com dramaturgia de Renata Mizrahi e direção de Leandro Mariz, a peça faz da imaginação dos pequenos um espaço fértil para solidificar boas ideias e práticas. Nova montagem estreia no dia 2 de agosto no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo. Foto: Priscila Prade

Com a missão de ensinar para as crianças, de forma leve e divertida, que o dinheiro não nasce em árvore e que é possível empreender, poupar e realizar sonhos, a peça "De Onde Vem o Dinheiro" ganha uma nova montagem com temporada entre os dias 2 a 31 de agosto no Teatro Ruth Escobar.O trabalho é apresentado pelo Ministério da Cultura, com patrocínio da Nubank, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).  A direção artística é de Leandro Mariz e o elenco traz Aurélio Lima, Inês Munhoz e Titzi Oliveira. 

A realização é do Instituto Arte e Cultura Para Todos, e conta com a produção da WB Produções, comandada por Bruna Dornellas e Wesley Telles, responsável por grandes espetáculos como "Misery", de Stephen King, com Mel Lisboa e Marcello Airoldi; e "Três Mulheres Altas", de Edward Albee, com Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill. Na história, conhecemos Tina e Antônio, dois melhores amigos de 8 anos que vivem separados por muitos quilômetros, mas unidos pela saudade e pela vontade de se reencontrar. Quando Tininha pede à mãe para visitar o amigo, descobre que a viagem custa dinheiro, e que esse tal de dinheiro tem um caminho até chegar nas nossas mãos.

É então que começa a brincadeira! Inspirada pelos jogos digitais que os dois personagens adoram, Marta, a mãe de Tina, cria um “game da vida real”, transformando a sala de casa em um cenário mágico. Entra em cena a Rainha Dim-Dim  (sua própria versão gamificada) e propõe desafios cheios de música, perguntas e fases. Tudo para ensinar, de forma divertida, sobre poupança, esforço, planejamento e educação financeira. O que parece sonho vira aprendizado e o aprendizado vira conquista. Ao final, Tininha percebe que aprender a lidar com o dinheiro também é uma forma de crescer. "De Onde Vem o Dinheiro?" é um espetáculo que ensina sem ser didático, diverte sem subestimar a inteligência da criança e faz do teatro um espaço vivo para aprender sobre economia, amizade, família e respeito.


Ficha técnica
Espetáculo "De Onde Vem o Dinheiro?"
Idealização: Bruna Dornellas e Wesley Telles
Dramaturgia: Renata Mizrahi
Direção artística: Leandro Mariz
Assistente de direção: Leandro Flores
Elenco: Inês Munhoz, Titzi Oliveira e Aurélio Lima
Direção de produção: Bruna Dornellas e Wesley Telles
Trilha sonora original: Carlos Careqa
Cenografia e figurinos: Paula di Paoli
Iluminação: Leandro Mariz
Visagista: Bruna Recchia
Produção executiva: Leandro Flores e Clarice Coelho 
Produção executiva turnê: Aline Gabetto 
Assistente de produção: Guilherme Balestrero
Designer de LED: Rogério Cândido 
Técnico e operador de luz: GB Tech Art
Técnica e operadora de áudio: Vinicius Soares
Contrarregra: Anderson Assis (Popó)
Intérprete de Libras: Karina Zonzini
Designer gráfico: Alana Karralrey e Jhon Lucas Paes
Gestão de comunicação: Ismara Cardoso
Motion design: JL Estúdio
Fotos de cena: Moises Pazianotto
Fotos de estúdio: Priscila Prade
Vídeos: Stone Vídeos
Ilustrações: Rayan Casagrande
Assessoria jurídica: Maia, Benincá & Miranda Advocacia
Coordenação administrativa: Vianapole Arte e Comunicação
Gestão administrativa: Deivid Andrade
Assessoria contábil: Gavacon Contabilidade
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Gestão de patrocínio: AFAF CONSULTORIA
Produção: WB Produções e WB Entretenimento
Apresentado por: Ministério da Cultura e Nubank
Realização: Instituto Arte e Cultura para Todos


Serviço
Espetáculo "De Onde Vem o Dinheiro?"
Temporada: de 2 a 31 de agosto de 2025
Aos sábados e domingos, às 15h00
Teatro Ruth Escobar - Rua dos Ingleses, 209 - Morro dos Ingleses, São Paulo 
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia-entrada)
Vendas on-line em  www.teatroruthescobar.com.br
Gênero: teatro infantil
Classificação: livre
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: intérprete de Libras, Programa em Braile e Acessibilidade para Pessoas com Mobilidade Reduzida

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

.: "Amores Materialistas" parece filme francês, mas acaba do jeito americano

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em agosto de 2025


Um longa com pegada de filme francês por conta da carga dramática e rumo diferente da trama -pouco antes do término. Eis que o romance "Amores Materialistas", em cartaz na "Cineflix Cinemas"acontece sem pressa e segue totalmente fora da receita atropelada dos filmes atuais. Todavia, ao se aproximar do desfecho veste a formatação dos longas de jeitinho americano. A produção com direção e roteiro de Celine Song ("Vidas Passadas"), faz rir devido ao sarcasmo do texto, mas, definitivamente, não pode ser enquadrado no gênero comédia.

Nos primeiros minutos, "Amores Materialistasleva o público a uma era em que o cortejo do parceiro era marcado pela companhia e até simples mimos. Sem uma palavra, o casal do tempo da cavernas imprime muito. Assim, o drama romântico chega aos tempos atuais em que a maior casamenteira da Agência Adore, Lucy (Dakota Johnson), celebra o nono enlace matrimonial com seu toque de Midas.

Nos festejos, antes de acalmar a noiva em pânico, a cupido solteirona entra na mira de um homem rotulado pelas casamenteiras de unicórnio, um homem dos sonhos. Portanto, o irmão do noivo, Harry (Pedro Pascal) é quem promete derrubar a premissa levantada no próprio longa de que uma mulher casada com um ricaço é o mesmo que viver na solidão. Em meio aos cortejos na festa do casamento, surge um homem do passado de Lucy, trabalhando no evento como garçom, John (Chris Evans).

O longa de 1 hora e 56 minutos deixa transparecer a necessidade de uma melhor edição, uma vez que prolonga situações em que nada acrescentam para o enredo da apática e insossa Lucy e, talvez por sua beleza, consiga ter a atenção de dois homens distintos, de variadas qualidades e que vivem em seu encalço.

A produção que parece ser diferente, tal qual os filmes franceses, incluindo a estética que imprime na telona e a provocação a refletir sobre as relações, acaba embarcando no romance água com açúcar para mostrar que de nada vale viver num mar de dinheiro e não ter amor. O maior pecado fica no desfecho em que coloca a mulher seguindo seu parceiro, abrindo mão de seu sustento para viver uma história de amor -que não garante um final feliz. A cena enquanto sobem os créditos reforça a ideia de que ainda vale a pena casar -lá estão Lucy com seu amado, assim como o primeiro casal apresentado na trama.

De toda forma, "Amores Materialistas" vale o entretenimento e por reunir atores que defenderam heróis da Mavel como o recente Senhor Fantástico de Pedro Pascal ("Quarteto Fantástico: Primeiros Passos"), a protagonista Madame Teia de Dakota Johnson, assim como Chris Evans, quem deu vida ao Tocha Humana dos antigos filmes de "Quarteto Fantástico" (2005 e 2007) e Capitão América. Só não espere muito!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN


"Amores Materialistas" ("Materialists"). Ingressos on-line neste linkGênero: romance, dramaClassificação: 14 anos. Duração: 1h56. Direção: Celine Song. Roteiro: Celine Song. Elenco: Dakota Johnson, Chris Evans, Pedro Pascal, Zoe Winters. Sinopse: Uma casamenteira de Nova York vê seus negócios complicados ao se envolver num triângulo amoroso entre seu ex, agora garçom, e um rico pretendente. Confira os horários: neste link

Trailer "Amores Materialistas"





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: Crítica musical: Vannick Belchior, um novo talento que surge


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto:divulgação

Santos terá a oportunidade de conhecer um pouco da obra de Vannick Belchior, filha do consagrado cantor e compositor Antonio Carlos Belchior.  Ela irá se apresentar no dia 14 de agosto a partir das 20h00 no Quintal da Veia (Rua Julio Conceição, 263 - Vila Mathias), trazendo o seu "Concerto a Palo Seco", com foco na rica obra autoral de Belchior.

Uma curiosidade: até 2020, Vannick Belchior estava muito certa de que seguiria o caminho do Direito e que cantar seria só um sonho de criança. Mas, faltando poucos meses para o mundo ganhar uma nova advogada, ela encontrou o músico Tarcísio Sardinha, velho amigo de seu pai e um dos mais experientes e admirados da cena cearense, que a convida para fazer um show. Foi o que bastou para mostrar o caminho da música para ela, que dois anos mais tarde lançaria o seu primeiro EP. Apresentações na televisão em programas como o "Altas Horas" do Serginho Groisman, serviram para mostrar que a cantora Vannick estava na área.

Nesse "Concerto a Palo Seco", Vannick traz um show mais acústico com releituras de composições consagradas, mescladas com outras canções menos conhecidas do grande público. Dessa forma ela inclui joias como "De Primeira Grandeza", que se mesclam com os conhecidos hits belchiorianos, como "Medo de Avião", "Paralelas" e "Divina Comédia Humana", entre outros. Direção musical e violões: Lu D'Sosa.

Vannick pretende levar o "Concerto a Palo Seco" em outras cidades  no segundo semestre. Para 2026, ela prepara um novo projeto ainda com foco na obra de seu pai e depois pretende investir na carreira como autora, uma coisa que vem amadurecendo aos poucos. “Quando o meu pai faleceu, que eu vi outras pessoas incessantemente regravando e cantando aquela coisa toda. Eu fiquei feliz. Eu pensei: ‘cara, ele merece. Ele merece ser cantado, ele merece estar em cada esquina com alguém cantando mesmo a música dele, a obra dele. Ele merece esse reconhecimento”. Informações sobre o show da Vannick em Santos podem ser acessadas no link https://www.bilheteriaexpress.com.br/ingressos-para-um-concerto-a-palo-seco-com-vannick-belchior-quintal-da-veia-shows-444256910214118.html

"Comentário a Respeito de John"

"De Primeira Grandeza"

"Galos Noites e Quintais"

quinta-feira, 31 de julho de 2025

.: Entrevista: Peter LaRubia e o romance que surgiu de uma cena insuportável


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Quando o silêncio fala mais do que a palavra, é porque alguma coisa já morreu - e ninguém teve coragem de enterrar. É nesse terreno movediço entre o que se cala e o que se insinua que o escritor carioca Peter LaRubia finca o quarto romance escrito por ele e, talvez, o mais provocativo: "Dos Quatro Nenhum Sentou à Cabeceira". O título já é um soco educado. A história, um jantar que ninguém digere. E o autor, uma dessas presenças raras: feroz na escrita, mas discreto o suficiente para deixar desconfiado até o leitor mais atento.

Com uma trajetória marcada por frases cortantes, influências díspares (de Eurípides a Mutarelli) e um olhar clínico herdado da psicologia que nunca exerceu, Peter não oferece respostas, mas distribui feridas abertas. O novo livro, publicado pela Editora Patuá, será lançado na Flip 2025, nasceu do impacto de uma cena real: um suicídio presenciado em família. Mas o autor não buscou espetáculo, e sim abismo simbólico. Quem sobrevive a um jantar desses? Nesta entrevista, Peter encara perguntas que talvez preferisse manter sob o tapete da sala de estar. Afinal, como ele mesmo já escreveu, o silêncio também pode ser uma arma. Compre o livro "Dos Quatro Nenhum Sentou à Cabeceira", de Peter LaRubia, neste link.


Resenhando.com - Você escreve sobre o silêncio como quem traduz um grito abafado. Já pensou se, no fundo, a literatura é só um disfarce elegante para a nossa covardia de falar o que realmente sentimos?
Peter LaRubia - Gostei muito da analogia, obrigado. Agora, esse disfarce elegante algumas vezes é movido, sim, pela covardia, outras pela vaidade, outras pela curiosidade, outras vezes também pelo altruísmo, muitas vezes por uma necessidade de autocura e quase sempre por tudo isso junto. A literatura permite que o artista fale de si, mas também abre essa porta maravilhosa que é a da imaginação, a da chance de vestir várias peles e de mostrar muitos mundos.


Resenhando.com - “Dos Quatro Nenhum Sentou à Cabeceira” tem peso de tragédia grega, mas o cenário é um jantar em família. O que é mais insuportável: as tragédias mitológicas ou os almoços de domingo?
Peter LaRubia - Nenhum dos dois supera os jantares de Natal. Porque nada pode trazer alegria mais autêntica ou machucar mais fundo do que as pessoas mais próximas. O que há de trágico desde três mil anos atrás até hoje são os ciclos viciosos e a sensação de inescapibilidade deles. A sensação de que algo está escrito e que é impossível fugir. Como os comportamentos repetitivos que temos com os outros e de como não conseguimos - quase sempre nem nos damos conta - escapar dessa repetição.


Resenhando.com - Um homem se mata diante da ex-mulher e das filhas. Você rumina essa cena há 20 anos. Não seria esse tempo uma espécie de luto emprestado, uma tentativa de ressignificar a própria dor através da dor alheia?
Peter LaRubia - Pode ser. Não saberia dizer. Precisaria de alguns anos de análise pra dar essa resposta. Mas fugi da análise. Talvez por isso tenha escrito o livro. De qualquer forma, o livro acaba tomando um rumo bem diferente da história que ouvi. É a tal porta da imaginação que permite retrabalhar um material num diferente - alquimia das letras.


Resenhando.com - Seu livro é atravessado por mal-entendidos. Qual foi o maior mal-entendido da sua vida que, se não tivesse existido, talvez você nem escreveria?
Peter LaRubia - Impossível dizer. Mas de vez em quando lembro que quase fiz o ensino médio em zootecnia, eu gostava muito de animais e queria estudar e trabalhar com eles, principalmente insetos. Sempre me pego pensando que minha vida seria mais simples e prática, e eu seria muito mais feliz e satisfeito se tivesse tomado esse rumo.


Resenhando.com - Raduan Nassar, Cormac McCarthy, Mutarelli, Eurípides e Sófocles. Numa mesa de bar, com esses cinco, quem você acha que quebraria o silêncio primeiro?
Peter LaRubia - Nenhum. Eles se levantariam um a um se desculpando em gestos confusos e tímidos com a cabeça, sairiam do bar e tomariam o rumo de casa.


Resenhando.com - Frases curtas, imagens densas, diálogos como cordas bambas. Isso é estilo ou é o seu jeito de não deixar o leitor confortável demais?
Peter LaRubia - As duas coisas. A forma é indissociável do conteúdo. O estilo surgiu justamente porque eu precisava deixar o leitor no mesmo desconforto dos personagens.


Resenhando.com - “Entre as coisas humanas que podem nos assombrar, vem a força do verbo em primeiro lugar”, diz a epígrafe. Mas e a ausência do verbo? O que mais lhe assombra: o que foi dito ou o que nunca foi?
Peter LaRubia - O que pode ser dito é o que me dá medo. O que não consigo dizer é o que me persegue.


Resenhando.com - Você estudou Psicologia e Letras, mas nunca atuou. Isso diz mais sobre a universidade brasileira, sobre o mercado de trabalho, ou sobre sua recusa em lidar com a vida real fora da ficção?
Peter LaRubia - A terceira opção. Essa é uma resposta pro divã do terapeuta.


Resenhando.com - Campo Grande, tragédias gregas, bandas de rock alternativo e livros que não consolam. Quem é o Peter LaRubia que você teme que descubram - e quem é o que você tenta proteger?
Peter LaRubia - Independente do que eu responda cada um vai ver o que conseguir/quiser ver. E além do mais, sou apenas um rapaz latino-americano qualquer sem importância nenhuma, a não ser para a minha família e amigos íntimos. O importante mesmo para os outros, espero, são meus livros.


Resenhando.com - Você diz que cada livro é uma tentativa de responder perguntas que nem sabia que tinha. Já cogitou que talvez escreva justamente para não precisar responder a nenhuma?
Peter LaRubia - Pelo contrário, cada vez percebo mais que cada livro é justamente uma tentativa de me conhecer melhor e de lidar melhor com meus demônios.


.: Netflix revela primeiras imagens do filme "O Filho de Mil Homens"


Com direção de Daniel Rezende, produção emocionante chega globalmente à Netflix em 2025; confira a caracterização dos personagens principais. Filme com Rodrigo Santoro e grande elenco é baseado na obra homônima de Valter Hugo Mãe. Fo
to: Marcos Serra Lima / Netflix


A Netflix divulgou, nesta quarta-feira, as primeiras imagens dos personagens principais da adaptação de "O Filho de Mil Homens", filme baseado no livro homônimo de Valter Hugo Mãe. Com direção e roteiro de Daniel Rezende, o longa-metragem é protagonizado por Rodrigo Santoro, Miguel Martines, Rebeca Jamir e Johnny Massaro. "O Filho de Mil Homens" estreia na Netflix em 2025. 

Primeira adaptação de um livro do escritor Valter Hugo Mãe, a obra é um best seller e acompanha Crisóstomo (Rodrigo Santoro), pescador solitário que tem o sonho de ter um filho. Sua vida muda quando ele encontra Camilo (Miguel Martines), um menino órfão que decide acolher. Em uma tentativa de fugir de sua própria dor, Isaura (Rebeca Jamir) cruza o caminho dos dois, e, em seguida, Antonino (Johnny Massaro), um jovem incompreendido, também se conecta com eles. Juntos, os quatro aprendem o significado de família e o propósito de compartilhar a vida.

Com produção da Biônica Filmes e da Barry Company, também fazem parte do elenco Antonio Haddad, Carlos Francisco, Grace Passô, Inez Viana, Juliana Caldas, Lívia Silva, Marcello Escorel, Tuna Dwek, entre outros. 

"O Filho de Mil Homens" foi gravado entre Búzios, no litoral do Rio de Janeiro, e na Chapada Diamantina, na Bahia. As imagens divulgadas estarão em exposição para o público, a partir de amanhã, 31 de julho, na casa literária Esquina piauí + Netflix, durante a 23ª edição da Flip - Festa Literária Internacional de Paraty, mesma ocasião em que o autor do livro, Valter Hugo Mãe, se reúne com o diretor e roteirista do longa, Daniel Rezende, e a líder de filmes da Netflix Brasil, Higia Ikeda, para debater sobre os aspectos mais relevantes dessa adaptação. Compre o livro "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe, neste link.

Ficha técnica
"O Filho de Mil Homens"
Direção: Daniel Rezende
Produzido pela Biônica Filme
Roteiro: Daniel Rezende (adaptação do livro O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe)
Produção: Karen Castanho, Juliana Funaro, Bianca Villar, Fernando Fraiha, Krysse Melo, René Sampaio.
Produção Executiva: Bianca Villar, Daniel Rezende, Juliana Funaro, Karen Castanho, Rodrigo Santoro
Elenco: Luciano Baldan
Direção de Fotografia: Azul Serra
Direção de Arte: Taísa Malouf
Figurino: Manuela Mello
Caracterização: Martín Macías Trujillo
Montagem: Marcelo Junqueira
Música: Fábio Góes
Supervisão de Efeitos: Juliano Storchi
Supervisão de pós-produção: Bruno Horowicz Rezende
Produtor associado: João Macedo 


.: Escritora narra o rompimento com a fé em romance com traços autobiográficos


Em "Mulher de Pouca Fé", romance de formação com tintas autobiográficas, Simone Campos conta a jornada de uma menina carioca desde a infância, quando se converte a uma renomada denominação evangélica, até a vida adulta - momento em que rompe com a igreja. Uma história de amadurecimento, vínculos familiares e convicções que, muitas vezes, podem cair por terra. Lançado pela Companhia das Letras, o livro de 240 páginas tem capa de Alles Blau.

Nascida em uma família católica nos anos 1980, a narradora de "Mulher de Pouca Fé" se converte, ainda criança, a uma influente igreja evangélica no Rio de Janeiro depois que o pai decide abraçar a doutrina pentecostal e se torna um fiel fervoroso. Para quem nunca se sentiu acolhida na escola, entre colegas, e pela sociedade de modo geral, a religião surge como resposta para a dor da solidão.

Fazer parte da igreja passa a ter muitos significados. Vestir o rótulo de “crente” num meio de classe média em que eles são minoria a enquadra em um estigma, mas por outro lado faz com que a menina se sinta parte de algo maior. Criança precoce, desde cedo é chamada a cumprir papéis importantes na comunidade religiosa: orar na rádio, cantar no púlpito e, já na adolescência, participar da campanha política de um candidato-pastor e trabalhar como sua ghost-writer.

Ao descrever o desabrochar da sexualidade e do interesse por música e por literatura, a protagonista relata seu percurso espiritual, afetivo e profissional desde a infância até o começo da vida adulta. O machismo aparece como plano de fundo imprescindível da trama, pelo olhar de uma narradora que sente na pele o peso dos comportamentos que a doutrina evangélica rotula como desviantes e condenáveis.

No auge da juventude, alguns episódios fazem com que a personagem passe a questionar as próprias convicções, e ela decide romper com a igreja. Já adulta, recebe o diagnóstico de autismo e busca se reaver com o passado a partir de novas interpretações para os momentos e as situações que a formaram. Mulher de pouca fé é uma obra de ficção que parte de um testemunho real para narrar uma trajetória pouco convencional, em que a religião se apresenta, num primeiro momento, como acolhimento e, mais tarde, como privação. Compre o livro "Mulher de Pouca Fé", de Simone Campos, neste link.

Sobre a autora
Simone Campos nasceu no Rio de Janeiro em 1983. É doutora em literatura pela UERJ e autora de "No Shopping" (7 Letras, 2000), "A Feia Noite" (7 Letras, 2006), "A Vez de Morrer" (Companhia das Letras, 2014) e "Nada Vai Acontecer com Você" (Companhia das Letras, 2021), entre outros livros. Fopto: Luiza Sigulem. Compre os livros de Simone Campos neste link.


.: Nei Lopes traduz conceitos dos direitos humanos para a linguagem cotidiana


Vencedor do Prêmio Jabuti e considerado um dos principais intelectuais brasileiros em atividade, Nei Lopes lança "Dicionário de Direitos Humanos e Afins" pela Editora Civilização Brasileira. Na obra, o autor, compositor e cantor “traduz” quase 500 verbetes para a fala popular, esclarecendo conceitos e práticas ligadas aos direitos humanos. Nei é um dos autores confirmados na programação oficial da Flip 2025.

Figura essencial para o pensamento brasileiro, no livro ele oferece ferramentas para ampliar a leitura de mundo de pesquisadores, ativistas, educadores e estudantes. Mais do que palavras impressas no papel, os significados listados no livro têm implicações na vida prática. A obra reúne quase 500 verbetes que explicam, em linguagem acessível, termos relacionados a esse vasto campo teórico e de prática que assegura a dignidade a todas as pessoas, principalmente àquelas pertencentes a grupos não hegemônicos. E faz isso apresentando com a mesma clareza e profundidade tanto conceitos populares, como “periferia”, “discurso de ódio” e “samba”, quanto os que circulam mais restritamente, como “decolonialidade”, “Estado democrático de direito” e “lugar de fala”.

Como Carlos Alberto Medeiros afirma no prefácio do livro, este "Dicionário de Direitos Humanos e Afins" poderia ser descrito como manual antirreacionarismo. "Capaz de transmitir os princípios básicos a serem defendidos por todos aqueles que valorizam a convivência harmônica e o apoio mútuo entre os seres humanos”, define.

Com obras que vão da música à literatura, Nei Lopes se consagra como um dos intelectuais mais prolíficos e multifacetados do país. Seu mais novo livro desmitifica conceitos e expressões que antes ficavam restritos à esfera acadêmica. Dessa forma, além da obra ser uma rica fonte de estudo, o autor traz, para as massas, a clareza no que diz respeito a defesa dos direitos da cidadania de todo o povo brasileiro. Compre o livro "Dicionário de Direitos Humanos e Afins" neste link.


Sobre o autor
Nei Lopes
(Rio de Janeiro, 1942) é bacharel em Direito e Ciências Sociais pela UFRJ e doutor honoris causa por quatro prestigiosas universidades: UFRJ, UERJ, UFRRJ e UFRGS. Autor de mais de quarenta livros, incluindo ficção e poesia, assina também diversas obras de referência, como "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" (Selo Negro) e "Novo Dicionário Banto do Brasil" (Pallas). 

Na música popular, sobretudo no samba, é compositor premiado, com parcerias renomadas e obras interpretadas por grandes artistas, como Alcione, Candeia, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Zeca Pagodinho. Recebeu a prestigiosa medalha da Ordem do Rio Branco pela importância de sua obra sobre cultura africana e afro-diaspórica. Pela editora Civilização Brasileira, publicou "Dicionário da História Social do Samba", vencedor do Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção, e "Filosofias Africanas: uma Introdução" (ambos em parceria com Luiz Antonio Simas), além de "Dicionário da Antiguidade Africana". Compre os livros de Nei Lopes neste link.

.: "Um Clássico: matou a Família e Foi ao Cinema" em cartaz na Vila Maria Zélia


Com uma abordagem ácida e provocativa, o espetáculo desconstrói a moralidade e explora os limites entre realidade e ficção, revelando os dilemas de uma geração perdida. Na imagem, 
Walmick de Holanda, Carlos Jordão e Lucas Rocha em cena. Foto: Dany Fontana

Com uma abordagem crítica e provocativa, o espetáculo "Um Clássico: matou a Família e Foi ao Cinema" desconstrói a moralidade e explora os limites entre realidade e ficção, revelando os dilemas de uma geração perdida. A nova temporada acontece de 9 de agosto a 7 de setembro, com sessões aos sábados e domingos às 16h00. Ingressos a R$ 80,00 e R$ 40,00 na temporada de resistência do grupo XIX na Vila Maria Zélia.

A peça está indicada ao prêmio Shell 2025 na categoria melhor Direção. Participou do Festival de Teatro de Curitiba de 2025, do Farofa na Funarte-São Paulo, além de já ter sido contemplada pelo prêmio Zé Renato de Circulação da Secretaria de Cultura de São Paulo. 

Decorrente do núcleo de pesquisa O Cinema Como Presença, desenvolvido e orientado por Luiz Fernando Marques - Lubi, dentro do contexto dos núcleos de pesquisa do Grupo XIX de Teatro, a montagem traz a busca por pertencimento e a banalização da violência traçando um retrato de uma geração perdida entre o desejo de se rebelar e a incapacidade de agir.

Inspirado em dois filmes marcantes dos anos 60 - "Matou a Família e Foi ao Cinema", de Júlio Bressane, que trouxe terror e comédia juntos ao cinema e "Um Clássico, Dois em Casa, Nenhum Jogo Fora", de Djalma Limongi, um dos primeiros filmes a abordar uma relação homossexual no cinema brasileiro - o espetáculo brinca com a fronteira entre o que é visto na tela e o que acontece ao vivo. No palco, dois homens, duas mulheres e um narrador criam um jogo onde passado e presente se confundem, convidando o espectador a construir sua própria narrativa.

Essa história cinematográfica leva aos palcos um olhar inquietante sobre a apatia contemporânea e o papel do entretenimento na construção de narrativas que anestesiam a realidade. Com uma encenação provocativa, o espetáculo convida o público a refletir sobre os limites entre a ficção e a brutalidade do cotidiano.


Sobre a Temporada de Resistência na Vila Maria Zélia
Desde 2004, o grupo XIX de Teatro realiza uma residência artística nos espaços históricos e públicos da Vila Maria Zélia. Em 2025, o grupo foi intimado a se retirar do local. A princípio, a temporada realizada em maio marcaria a despedida de uma trajetória de 21 anos de residência. Uma solicitação de diálogo foi feita à Funarte, que se dispôs a interceder junto ao INSS. No entanto, enquanto não há uma definição sobre a permanência no espaço, o grupo segue sendo cobrado pelos aluguéis vigentes.

Neste contexto, serão realizadas uma série de ações voltadas à manutenção do grupo na Vila Maria Zélia, sendo esta temporada parte dessas iniciativas. Como forma de ampliar o acesso do público, está sendo oferecida uma cota de ingressos sociais gratuitos. Não será exigida qualquer forma de comprovação para a retirada desses ingressos, seja na compra online ou na bilheteria. Siga a peça no Instagram @umclassico.mffc.


Sinopse de "Um Clássico: matou a Família e Foi ao Cinema"
Em um país onde cinemas se transformaram em igrejas pentecostais, dois filmes brasileiros pioneiros, lançados em 1968 e 1969, abordam temas homoafetivos. Essas histórias pertencem a um passado conservador em preto e branco ou são presságios de um presente tingido de sangue?

Os clássicos de Júlio Bressane e Djalma Limongi (1950-2023) se encontram na fricção entre cinema e teatro, dando forma a uma experiência única. O público recria a narrativa, mesclando o que foi filmado com o que acontece ao vivo. Dois filmes, uma peça, duas mulheres, dois homens e um narrador entrelaçam passado e presente na busca por um futuro mais diverso.


Ficha técnica
Espetáculo "Um Clássico: matou a Família e Foi ao Cinema"
Direção e dramaturgia: Luiz Fernando Marques (Lubi). Diretora assistente: Juliana Mesquita. Artistas Colaboradores e Atuantes: Bruna Mascarenhas, Clara Paixão, Carlos Jordão, Lucas Rocha e Walmick de Holanda. Cenografia e Edição de vídeo: Luiz Fernando Marques (Lubi). Figurino, visagismo e direção de arte: Bruna Mascarenhas, Clara Paixão, Carlos Jordão, Juliana Mesquita, Lucas Rocha, Luiz Fernando Marques Lubi e Walmick de Holanda. Técnico de Luz, som e vídeo: Luiz Fernando Marques (Lubi) e Juliana Mesquita Técnico de apoio: Cafi Otta e Luís Roberto Oliveira Mídias Sociais: Wagner Marinho Produção:Grupo XIX e Corpo Rastreado Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli.


Serviço
Espetáculo "Um Clássico: matou a Família e Foi ao Cinema"
De 9 de agosto a 7 de setembro - Sábados e domingos, às 16h.
Duração: 80 minutos. Indicação: Maiores de 18 anos. Capacidade: 50 espectadores por sessão. Ingressos: R$ 80,00 e R$ 40,00.Compras pelo Sympla : https://www.sympla.com.br/eventos?s=um%20classico%20matou
Vila Maria Zélia - Rua Mário Costa 13 (Entre as ruas Cachoeira e dos Prazeres) – Belém. Telefone – (11) 2081-4647. Acessibilidade. Estacionamento: gratuito. 

.: Jéssica Balbino lança "Porca Gorda" na Flip e transforma gordura em manifesto


Livro é publicado pela Barraco Editorial e, em formato de bolsa, expõe as violências da gordofobia. Foto: Jéssica Balbino / Selfie


No dia 1º de agosto, às 10h00, na Casa Queer, durante a Flip 2025 - Festa Literária Internacional de Paraty, a escritora, jornalista e curadora Jéssica Balbino lança "Porca Gorda". Misturando memória, desejo e política em uma autoficção radical, a autora transforma a própria carne em campo de batalha e convida o leitor a encarar o que normalmente é escondido: o corpo gordo, sexual, ferido e indomável. O resultado é um texto direto, brutal e, por vezes, desconcertante, que denuncia a gordofobia como violência estrutural e escancara a hipocrisia dos discursos de aceitação.

“Sou porca. E isso é um elogio”, escreve Jéssica, em um dos trechos da obra. "Escrevo com a gordura que vocês tentam apagar com bisturi”. A autora constrói uma narrativa que mistura crônica, manifesto e prosa poética, e desafia qualquer tentativa de enquadramento. "Porca Gorda" é literatura feita de suor, sexo, escárnio, cicatriz e palavras afiadas. O lançamento acontece na programação independente da Flip, em Paraty, e segue para a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) em São Paulo. Com ela, promete marcar a edição com uma das vozes mais inquietas e provocadoras da nova literatura brasileira.


Sobre a autora
Jéssica Balbino é jornalista com mais de 20 anos de carreira, mestre em Comunicação pela Unicamp e professora de bibliodiversidade no Centro Universitário Assunção (PUC). Colunista do Estado de Minas, escreve sobre literatura, corpo e dissidências. Atua como curadora, consultora de conteúdo e ministra oficinas e cursos em instituições como o Sesc, além de festivais como FLIPEI, MIA, FLUP e FLIMA. É autora de Gasolina e Fósforo (selo Doburro) e co-criadora do curso Insurgências Gordas.

Apresentadora do podcast Rabiscos, já integrou júris de prêmios como Jabuti, Arte como Respiro (Itaú Cultural) e Caminhos. Seus textos foram adotados em universidades no Brasil e no exterior, como a Universidade de Berlim, como bibliografia obrigatória para disciplinas de literatura marginal e periférica. Defende uma literatura viva, acessível e plural - e acredita nela como espaço de encontro e confronto.

Serviço
Lançamento do livro "Porca Gorda"
Sexta-feira, dia 1° de agosto de 2025, às 10h00
Casa Queer – Flip (Paraty/RJ)
Evento gratuito

quarta-feira, 30 de julho de 2025

.: Inácio Araujo detona farsas e revela os bastidores da análise cinematográfica


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: redes sociais do crítico

Fazer cinema é uma arte. Assistir também. Mas escrever sobre ele com lucidez, coragem e ironia - isso é para poucos. Inácio Araujo, crítico de cinema da Folha de S.Paulo, montador nos anos 1970, professor desde os anos 90 e escritor premiado, transita por essas múltiplas dimensões com uma lucidez rara. Em pleno 2025, quando a crítica cultural parece pisar em ovos e o algoritmo dita a relevância, Araujo continua escrevendo com o refinamento de quem acredita que um filme pode ser desvendado - ou desmascarado.

À frente de mais uma edição do curso “Cinema Moderno e Contemporâneo”, ele conversou com o Resenhando.com sobre cinema, política, redes sociais, farsas premiadas, cochilos confessos e a arte de dizer “esse filme é ruim” sem perder o sono - ou a elegância. Há uma honestidade crua em Inácio Araujo que falta a boa parte da crítica cultural contemporânea - aquela que se preocupa mais com o engajamento que com o pensamento. O resultado é uma conversa entrecortada por humor ácido, referências afiadas e a consistência de quem carrega 40 anos de crítica sem nunca ter pedido desculpas por pensar demais. 


Resenhando.com - Você foi montador, roteirista, crítico e professor de cinema. O que mais te emociona: o “corte seco” de uma edição bem-feita ou uma plateia que realmente entendeu um subtexto que o próprio diretor talvez não tenha percebido?
Inácio Araujo - Prefiro o primeiro, porque o segundo não existe, é um sonho.


Resenhando.com - Em tempos de redes sociais, onde todo mundo virou “crítico de cinema” com duas linhas e uma hashtag, como você lida com a banalização da crítica?
Inácio Araujo - Acho que ainda não há tempo para julgarmos as redes sociais, nesse sentido. Me parece muito bom que muitas pessoas possam escrever, pensar, discutir sobre filmes. Claro, sempre haverá quem esteja mais bem preparado ou não para    isso.  Pessoalmente, quase não frequento redes sociais, mas não por ser contra. Fui formado em outra época. Mas não creio que redes sociais possam ser responsáveis pela banalização do que quer que seja. Talvez a nossa formação, brasileira, seja muito fraquinha. Isso, sim, é uma questão.


Resenhando.com - O curso "Cinema Moderno e Contemporâneo" fala de reinvenção. Qual cineasta contemporâneo você considera uma farsa elegante e qual é um gênio silencioso que ainda será descoberto?
Inácio Araujo - Cineasta farsa: Peter Greenaway. Ainda por ser descoberto: vários, mas André Novais Oliveira me parece especial.


Resenhando.com - . O crítico deve mesmo dizer quando cochila ou há um pacto de silêncio entre o tédio e a diplomacia? 
Inácio Araujo - Acho que certas reações indicam o que sentimos. Tive um amigo que, quando gostava mesmo de um filme, não saía da sala para fumar  (e era um grande fumante). Por vezes me parece justo, até saudável, reportar alguma reação desse tipo. Mas muito raramente. Não acho que haja pacto, e sempre é possível rever um filme... Só dormi (dormi dormido) em um filme na vida: "Tommy", de Ken Russell. Vai passar numa retrospectiva da Cinemateca. Será que em  50 anos eu mudei, ou o filme mudou?


Resenhando.com - Você já foi acusado de escrever críticas “hostis” demais. Prefere a franqueza que machuca ou a gentileza que mente? Por quê?
Inácio Araujo - Eu posso não gostar de um filme, de um modo de filmar, de olhar o mundo. Mas posso apenas dizer o quanto não gostei do filme. Outras pessoas podem gostar. De todo modo, tomo cuidado de, eventualmente, ser contra o filme, não contra o diretor ou o roteirista. Não ataco pessoas. Tudo de que um crítico dispõe é do seu pensamento, da sua maneira de olhar o mundo. Se você não for fiel a isso, acabou. Pessoalmente, acho desagradável, mas tenho de dizer às pessoas coisas como "olha, eu não gostei". Faz parte e não quer dizer que eu esteja dando a última palavra. Um crítico é um intérprete, não um juiz.


Resenhando.com - Brian De Palma, David Lynch, Abbas Kiarostami: se os três estivessem em uma mesma sala e você tivesse que tirar um para conversar a sós, quem você escolheria - e por quê os outros dois ficariam de fora?
Inácio Araujo - Os três na mesma sala? Eu sairia. Deixa que eles se entendam. Quem sou eu para escolher um deles?


Resenhando.com - Seu texto sobre "Que Horas Ela Volta?" toca em um ponto sensível: a herança escravocrata brasileira. O cinema nacional está preparado para ser político sem virar panfleto?
Inácio Araujo - Está muito bem equipado. Essa geração que surge entre o fim dos 90 e o século XXI é ótima. Mas "Que Horas Ela Volta" é uma falsa boa ideia. Uma ideia traiçoeira...Mas se a mesma Anna Muylaert filmasse, digamos, a história de um cotista e o que ele sofre quando frequenta, por exemplo, a Medicina da USP... Como é hostilizado pelos riquinhos... Tenho certeza de que faria um bom filme. Ela é muito boa diretora… Mas talvez para fazer esse filme que estou propondo fosse melhor chamar o fantasma do Pasolini... O Pasolini do Salô, claro, só ele está à altura de mostrar a sordidez da riqueza nacional.


Resenhando.com - Você já dedicou linhas duras a filmes da Globo Filmes. Se fosse convidado para escrever um roteiro para a própria Globo, você aceitaria? 
Inácio Araujo - Veja: enquanto eu falava mal dos filmes da Globo Filmes, minha mulher os estudava. E me convenceu, no fim sobre o quanto esses filmes eram importantes, porque "mercado também é cultura", como dizia o Gustavo Dahl... então, a Globo, os roteiristas e artesãos que fazem esses filmes, compreendem muito melhor um público grande, que eu mesmo não compreendo. Então, eu "falava mal" porque falava em nome dos princípios da arte. Mas arte ou "arte"? Não sei. Agora, claro que a Globo não me convidaria para escrever um roteiro, porque não entendo bem o desejo desse público, o que ele quer ver, por que quer etc... Não que eu tenha mudado de ideia: quase todos esses filmes são insuportáveis para quem tem o hábito de ver filmes, cinema. Mas de vez em quando aparece uma joia, como que para provar que, se a gente insistir, se a gente pensar em aproveitar a experiência dessa população, pode-se chegar a bons resultados. Foi assim com o cinema popular dos anos 60/70. Pode vir a ser de novo... por exemplo, existe uma comédia que uma joia, chama-se "Os Parças" (2017), popular e inventivo. Depois a Globo foi lá e fez "Os Parças 2" e estragou tudo. Acontece. Às vezes a gente tem de entender o que há por trás daquilo. Por que 2 milhões de pessoas foram ver "De Pernas para o Ar"? É claro, porque fala, a seu modo, de liberação feminina. Mas quando você escreve o filme ainda não foi visto... A melhor crítica seria, nesse sentido, aquela que você faz vendo o filme junto com o público. Sobretudo de filmes endereçados a um público diferente do que você é, mas igualmente merecedor de atenção e respeito

Resenhando.com - A crítica cultural, hoje, parece andar sobre ovos para não ser “cancelada”. O que dá mais medo: um filme ruim ou uma plateia que prefere a mediocridade bem embalada?
Inácio Araujo - O problema para mim é que vivemos num mundo em que a intolerância é enorme. A vigilância é permanente, por todos os motivos: políticos, religiosos e tudo mais. Todo mundo virou polícia de todo mundo. E eu não gosto de polícia. Já fui repórter na vida, cobri  muita polícia.


Resenhando.com - Aos 40 anos de carreira como crítico, qual foi o momento em que você pensou: “Agora entendi o cinema”?
Inácio Araujo - Nunca. Ele é como o tempo, escapa sempre.


Serviço 
Curso “Cinema Moderno e Contemporâneo” com Inácio Araujo
Início: 28 de julho de 2025
Horário: Segundas-feiras, das 20h às 22h30
Plataforma: Zoom (com gravação das aulas para acesso posterior)
Duração: 20 aulas (até 8 de dezembro)

Conteúdo
O curso percorre a transformação do cinema no pós-guerra, com foco em cineastas como Orson Welles e Roberto Rossellini, movimentos como o neorrealismo italiano e a nouvelle vague francesa, e segue até o cinema contemporâneo, incluindo nomes como Abbas Kiarostami, Brian De Palma, David Lynch, além do cinema feminino, negro e das vanguardas orientais.

Investimento: 5 parcelas de R$ 300,00

Inscrições e informações:
WhatsApp: (16) 97414-3634 (com Letícia)
E-mail: cinegrafia@uol.com.br


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