sábado, 2 de julho de 2005

.: Resenha de "Teatro das Princesas", publicado pela Editora Caramelo

Jasmine, Cinderela e Branca de Neve no teatro
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em julho de 2005


A magia da infância feminina da atualidade são duas: as bonecas Barbie (e suas derivadas, como por exemplo, a My Scene) e as princesas Disney, Jasmine (Aladim), Bela (A Bela e a Fera), Cinderela (Cinderela), Branca de Neve (Branca de Neve e os Sete Anões), Aurora (A Bela Adormecida) e Ariel (A Pequena Sereia). Para realizar um destes sonhos e ter Jasmine, Cinderela e Branca de Neve em casa a dica é o livro "Teatro das Princesas" que conta com cenários, roteiros para peça e bonequinhos de papel para destacar.

Por meio do roteiro que acompanha o livro a peça pode ser feita pelos pais ou até mesmo pela criança que já saiba ler, apesar de o livro ser indicado para maiores de 4 anos. Todo o processo de montagem e desmontagem do palco do teatro é instruído no próprio livro. Cada um dos personagens destacáveis vem identificados, além de dizer de qual história pertence. Como por exemplo, Abu, de Aladim, Fada-madrinha, de Cinderela e Rainha, de Branca de Neve e os Sete Anões.

O roteiro do teatro traz cenas da história das três princesas. De início tem uma introdução para cada princesa, como por exemplo a de Cinderela. "Em uma bonita mansão, numa terra distante, uma adorável moça chamada Cinderela morta com sua malvada madrasta, Madame Tremaine, e suas filhas mimadas, Anastácia e Drizella. Elas maltratam Cinderela e obrigam-na a cozinhar, limpar a casa, esfregar o chão e lavar a louça. Elas não deixam Cinderela em paz. Mas, mesmo assim, Cinderela está sempre tranqüila. Seus Amigos ratinhos (principalmente Jaq e Tatá) seu câo Bruno e os outros animais da casa ajudam-na a sentir-se feliz".

Após a apresentação, os "atores" são instruídos da seguinte maneira. "Cena um: A mansão (cenário um)", seguida pelos textos da madrasta, Anastácia, Drizella, Cinderela, entre outros. Para quem pretende ver seu filho fascinado por este mágico teatro, a melhor forma de interagir com o universo infantil é contar e dirigir esta peça cheia de encanto com fada que ajuda a princesa, vendedor grosso, rainha malvada, príncipes amáveis, espelho que fala, entre outros. 

O livro "Teatro das Princesas" é indicado para todas as crianças, inclusive aos meninos que não são muito fãs das princesas, mas que sonham (no mundo da imaginação) em ser um dia um belo príncipe. Vale a pena por incentivar a criança à leitura, além de já apresentá-la o universo rico e envolvente que o teatro. Reúna a sua família e encante os pequenos com a magia Disney. A diversão será garantida para todos, independente da idade.

Um pouco de Walt Disney: O diretor Walter Elias Disney, mais conhecido como Walt Disney, celebrizado por seus desenhos animados e filmes infanto-juvenis. Como desenhista, criou uma grande galeria de animais "humanizados" em seus desenhos animados e histórias em quadrinhos, entre eles o rato Mickey (1928), o cão Pateta (1932) e o pato Donald (1934). Os seus mais famosos desenhos de longa metragem são Branca de Neve e os Sete Anões, Pinóquio, Bambi e A Dama e o Vagabundo. Contudo, em 1940, seguiu á Política de Boa Vizinhança, dos Estados Unidos, e produziu desenhos de longa metragem com personagens latino-americanos, como "Saludos Amigos" (Alô, amigos) e The Three Caballeros (Você já foi à Bahia?).

Livro: Teatro das Princesas
Inclui: 10 cenários, 27 personagens e um livrinho ilustrado com o roteiro das peças
Roteiro: 44 páginas (ilustradas)
Editora: Caramelo

sexta-feira, 1 de julho de 2005

.: Entrevista com Déo Garcez, ator da Rede Record

"Ser ator é uma necessidade existencial, embora tenha encontrado muitas dificuldades nesta trajetória. Porém, as dificuldades sempre foram menores do que minha vontade de realizar este sonho." - Déo Garcez


Por: Eduardo Caetano
Em julho de 2005


Ator desde os 11 anos de idade, com 25 anos de profissão, Déo Garcez assinou contrato de três anos com a Rede Record e vive uma ótima fase profissional após ter interpretado o destemido André, no remake de A Escrava Isaura. Também está na telinha como Paulo, na reprise de Xica da Silva, no SBT. Professor de Teatro da rede pública do Rio de Janeiro, Déo é bacharel em Interpretação Teatral, licenciado em Artes Cênicas e tem muito a dizer ao público e à mídia porque para ele “ser ator é uma necessidade existencial”.



RESENHANDO - Déo, você começou no teatro ainda criança. Como foi este primeiro contato com o teatro e de que forma você ingressou?
DÉO GARCEZ - Em casa eu sempre brincava de “faz-de-conta”, desde pequeno. Aí, um dia, minha escola foi ao teatro assistir uma peça infantil. Fiquei maravilhado e enlouquecido com aquilo e pensei é o "faz-de-conta" que eu brinco em casa. Eu quero entrar no teatro”. Aí, uns quatro meses depois eu fui ao teatro, procurei a bilheteira, que me indicou ao ator, ao diretor e eu ingressei no Teatro de Expressão do Maranhão, o Tema. Meus pais ficaram surpresos, mas me deram a maior força.


RESENHANDO - Você se envolveu de tal forma que acabou cursando faculdade de Teatro. Você sempre teve como meta viver exclusivamente da arte?
DÉO GARCEZ - Ser ator é uma necessidade existencial, embora tenha encontrado muitas dificuldades nesta trajetória. Porém, as dificuldades sempre foram menores do que minha vontade de realizar este sonho. Então, me profissionalizei dentro da área, sou professor de Teatro. Quando eu tinha 18 anos, em 1987, minha família foi morar em Brasília e eu ingressei na Faculdade Dulcina de Moraes, na qual, em cinco anos, me formei bacharel em Interpretação Teatral e licenciado em Artes Cênicas.


RESENHANDO - Vir para o eixo Rio-São Paulo foi determinante para você se estabelecer como profissional? Ainda falta incentivos dos governos locais para a formação de atores?
DÉO GARCEZ - Sim, foi preciso me estabelecer neste eixo para me estabilizar, hoje moro no Rio. As opções são maiores por aqui devido à tradição de favorecer produções, abrir mercado. Falta sim incentivo a produções regionais e produções próprias. Nossa cultura é tão vasta e tão rica... É preciso valorizar essas produções próprias.


RESENHANDO - O público que vai ao teatro hoje ainda é um público elitizado? O que falta para que o teatro se torne mais acessível a maior parte da população?
DÉO GARCEZ - O teatro ainda é um lazer de elite porque é uma arte cara para produzir. Embora hajam tentativas isoladas de popularização do teatro, que ainda é restrito à elite.


RESENHANDO -  Como você vê hoje o Governo Lula em âmbito geral e no âmbito específico da Cultura?
DÉO GARCEZ - Acho que o Lula é um homem que ama e luta pelo Brasil. Eu acredito nele.Votei nele. Quanto às denúncias que tem havido, acredito que é uma evolução da democracia. Nunca se apurou tanto a corrupção, mas reconheço que há muito a se fazer porque a desigualdade social é muito grande. Sobre a Cultura, sei que existem muita leis de incentivo, mas que acabam favorecendo grandes artistas por causa do retorno de mídia. Sem contar a burocracia que é muito grande. As empresas e o Governo deveriam apoiar grupos menos conhecidos, mas que também têm qualidade.


RESENHANDO -  Xica da Silva foi seu primeiro trabalho na TV. Como foi a experiência de encarar o horário nobre da Manchete, fazer cenas de nudez, trabalhar com Walter Avancini?
DÉO GARCEZ - Fiz o teste com o Avancini. Foi uma experiência nova, uma linguagem diferente. Agora, fazer as cenas de nudismo no início eram constrangedoras, tanto que na primeira fui pego de surpresa para um banho de rio (risos!), mas depois fui relaxando. Fazer “Xica” foi prazeroso. Experimentei bastante como ator. O Paulo cresceu na trama, de uma participação pequena se tornou um dos principais coadjuvantes. A relação do Paulo com o Zé Maria e a Elvira era interessante.


RESENHANDO -  Você já atuou na Manchete, SBT, Globo e agora está na Record. Como foi trabalhar em cada uma destas emissoras?
DÉO GARCEZ - A Manchete não tinha muitos recursos, mas fazia produções de muita qualidade. A Globo tem todo aquele aparato de Hollywood, o que favorece a projeção do ator. Já no SBT e na Record o clima de família nas produções é muito bom. Aliás, adorei fazer A Escrava Isaura na Record.


RESENHANDO - Você acredita que é interessante para um ator ter um contrato assinado com uma emissora?
DÉO GARCEZ - É super importante porque financeiramente te dá tranqüilidade para os anos seguintes, tanto para você descansar entre um trabalho e outro e se reciclar, pesquisar, porque não se repetir é fundamental. Assinei um contrato de três anos com a Record como artista exclusivo. Estamos vivendo um momento muito favorável na teledramaturgia, nunca se produziu tanto.


RESENHANDO -  Você tem alguma técnica especial para compor um personagem? 
DÉO GARCEZ - Sigo uma técnica russa na qual é preciso detectar pontos de identificação do ator com o personagem. E além disso pesquiso e estudo muito. Leio sobre o tema que a trama vai tratar, assisto filmes. Faço laboratório sozinho. Fiz muito isso em peças de teatro.


RESENHANDO - Othelo, de Sheakspeare, ainda é o personagem de seus sonhos? Por quê?
DÉO GARCEZ - Ainda é porque eu adoro este personagem. Mas aqui no Brasil autores e diretores não ousam em colocar atores negros ou mestiços em papéis como Hamlet, que também sonho em fazer. Na Inglaterra isso já acontece. Gostaria de fazer personagens independente da cor e do nível social.


RESENHANDO - Aproveitando que você tocou neste assunto, no início do ano o presidente Lula declarou que 2005 é o Ano Nacional da Igualdade Racial. Como você encara a questão racial hoje? 
DÉO GARCEZ - Acredito que existe a raça humana. No Brasil, que temos uma mistura de culturas, os negros ainda não foram totalmente libertos. A História nos retrata toda uma situação de exclusão até hoje. Houve muitas conquistas, mas a questão racial ainda é um assunto sério.


RESENHANDO - Você, recentemente, fez o filme “O Outro lado da rua”, com Fernanda Montenegro e Raul Cortez, como foi este trabalho e o que representa para você atuar no cinema?
DÉO GARCEZ - O personagem é pequeno, faço o porteiro do prédio da Fernanda. Mas estar com ela, que é alguém que venero e é um parâmetro de interpretação, foi importantíssimo. Fiz também O Dono do Mar, baseado no livro do José Sarney. Gravar no Maranhão, viver um personagem de lá, de um autor maranhense, foi muito interessante. Este retorno a São Luís, onde pude rever amigos e familiares me fez muito bem. Neste filme vivo um pescador maranhense e há muitas lendas de pescadores. O filme foi feito em 2001, mas ainda não foi lançado. Estou ansioso pela estréia.


RESENHANDO - Como é sua relação com o público e com a imprensa?
DÉO GARCEZ - Busco cumplicidade com o público porque preciso de seu retorno e com a imprensa para divulgar meu trabalho. E preciso ser conhecido como pessoa, não só como personagem. É preciso mostrar que tenho algo a dizer e responsabilidade social no que digo.


RESENHANDO - E como é a rotina do Déo Garcez?
DÉO GARCEZ - Moro sozinho. Pesquiso, leio e crio muito como ator. Faço laboratório muitas vezes sozinho no meu quarto, treino voz e olhar em frente ao espelho. Voltei a dar aulas na Prefeitura do Rio de Janeiro. Sou funcionário público, concursado. No Rio, nas aulas de Educação Artística do Ensino Fundamental contam com Artes, Teatro e Música. Sou professor de Teatro em duas escolas públicas, uma na Tijuca e outra em Ipanema. Tenho de 15 a 20 aulas por semana e meus alunos têm entre 7 e 15 anos. Quando estou gravando peço licença das aulas na rede municipal.


RESENHANDO - Quais seus planos para o futuro?
DÉO GARCEZ - No fim de agosto começo a gravar a próxima novela da Record, de autoria do Tiago Santiago. Quero continuar fazendo novelas, teatro e cinema. Quero personagens interessantes, independentes de estereótipos, porque ser ator é a coisa mais importante da minha vida. É uma necessidade existencial.

.: Entrevista com Ana Cristina Duarte, escritora

"Usar a tecnologia indiscriminadamente acrescenta risco a um processo que normalmente funciona sem maiores problemas" - Ana Cristina Duarte

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2005




Ana Cristina Duarte, autora Parto Normal ou Cesárea? O Que Toda Mulher Deve Saber (e todo homem também), editado pela Unesp, em entrevista exclusiva ao Resenhando.com, fala sobre a tecnologia à favor do nascimento humano e seu uso indiscriminado.

Conheça mais esta bióloga graduada pela Universidade de São Paulo, doula e educadora perinatal, ela que é uma das idealizadoras das iniciativas Amigas do Parto (www.amigasdoparto.com.br) e Doulas do Brasil. Coordena grupos de gestantes e cursos de capacitação de doulas e educadores perinatais em São Paulo, além de ser casada e mãe de dois filhos. Aproveite a conversa do Resenhando e de Ana Cristina Duarte! 



RESENHANDO - Por que escrever um livro sobre Parto Normal e Cesárea? 
ANA CRISTINA DUARTE - Uma das razões é que não existia uma única obra que tratasse das evidências científicas numa linguagem que pudesse ser compreendida pela mulher leiga. Sem a devida noção das evidências, dos riscos e dos benefícios de cada procedimento, exame, tratamento ligados à gravidez, ao parto e ao pós-parto, fica muito fácil ser enganada por discursos amedrontadores durante o pré-natal. A outra razão é que os livros traduzidos de outros países são ótimos para preparar uma mulher para o parto, mas não contextualizam essa preparação dentro do cenário que a mulher brasileira vai encontrar em nossas maternidades. Temos recebido muitos telefonemas e e-mails de mulheres que chegam ao final da gestação perturbadas pelo fato de não terem ainda encontrado um profissional ou uma instituição adequados às suas próprias necessidades. Enfim, existia uma demanda por uma obra em português que estivesse adaptada à nossa realidade, que é muito particular.


RESENHANDO - Como foi o processo para produção de Parto Normal ou Cesárea? O Que Toda Mulher Deve Saber (e todo homem também)?
ANA CRISTINA DUARTE - A parte que produzi já estava praticamente pronta, pois utilizo essas informações nos cursos para gestantes. Eu apenas tive que adaptar e acrescentar algumas informações. Escrevi em três semanas, no máximo.


RESENHANDO - Na sua visão de autora, o livro é voltado para um público específico? Por que?
ANA CRISTINA DUARTE - É voltado para toda pessoa que se interessa por nascimento, pode ser uma grávida, um homem que está prestes a ganhar um filho, um casal pensando em ter filhos, ou mesmo quem já teve filhos, mas gostaria de entender melhor seus partos. Acho que é um público geral.


RESENHANDO - Você concorda com o uso das tecnologias a favor da mulher ou prefere a moda antiga para parto? Por quê?
ANA CRISTINA DUARTE - Eu sou a favor do uso racional da tecnologia. Usar a tecnologia indiscriminadamente acrescenta risco a um processo que normalmente funciona sem maiores problemas. Por exemplo quando se usa anestesia em todos os partos normais, sem critério, aumenta o número de cesáreas, de fórceps, de sofrimento fetal, de mal posicionamento do bebê, e de problemas com as mulheres também. No entanto a tecnologia bem empregada salva vidas. O uso de monitoramento fetal (aparelho que ouve os batimentos cardíacos do bebê continuamente) em gestações de alto risco está associado a um menor número de mortes neonatais. A maioria das mulheres e bebês não precisa de nada em especial para parir, a não ser um acompanhamento profissional de boa qualidade, que pode ser oferecido tanto por um médico como por uma enfermeira obstetra/obstetriz. Ainda não inventaram substituição tão segura, tão simples e com tão poucos erros como o processo natural de parto e nascimento.


RESENHANDO - A capa do livro é muito bonita, tanto pela foto, quanto o tom amarelado que dá um ar de leveza. Como ela foi escolhida?
ANA CRISTINA DUARTE - A escolha foi dos editores, e nós gostamos muito.


RESENHANDO - Na questão do formato, o livro é prático e pode ser levado pela grávida (ou não) para todos os lugares. O formato foi escolhido para facilitar? Por quê?
ANA CRISTINA DUARTE - Sim, o formato foi escolhido para toda a coleção de Saúde e Cidadania. Ela é direcionada para usuários em geral e portanto deve ter um formato prático.


RESENHANDO - Já tem algum livro publicado?
ANA CRISTINA DUARTE - Não, esse é o primeiro.


RESENHANDO - Este livro é explicativo. Há algum interesse seu em outro estilo literário? O que gosta de ler?
ANA CRISTINA DUARTE - Como autora, meu interesse é informar usuárias, de modo que não pretendo investir em outro estilo. Mas como leitora, devoro tudo o que me cai nas mãos, quando tenho tempo. Ser mãe, profissional, esposa, dona-de-casa, estudante e autora dá menos espaço e tempo para a leitura do que eu gostaria.


RESENHANDO - Por que mesmo estando no século XXI, e nos considerando modernos, muitas mulheres (e homens) ainda são desinformadas sobre o parto?
ANA CRISTINA DUARTE - Acho que as mulheres (e homens) estão desinformados sobre muitas coisas, pois o Brasil não é um país focado na educação e no empoderamento do cidadão. O parto é apenas uma das facetas dessa deseducação nacional. As pessoas estão fazendo cirurgia de estômago, de safena, lipoaspiração, implantes de silicone, sem ter a menor idéia dos riscos envolvidos. Uma cesárea entra nessa equação como uma gotinha a mais de água num copo de desinformação. Por outro lado, culturalmente e tradicionalmente, as mulheres acham que o parto é uma questão do médico e ninguém mais. Muitas pensam que o parto não é delas, apesar de acontecer por mérito e esforço delas próprias, e com satisfação e/ou seqüelas para ela e para seu bebê e não para os médicos.


RESENHANDO - Qual a razão do grande número de cesáreas realizadas no Brasil?
ANA CRISTINA DUARTE - Penso que não há um fator único, nem um só vilão. Temos uma população desinformada e assustada, que não assume seu próprio papel nos processos de saúde, e temos uma classe médica que pratica algo como 90% de cesáreas nos hospitais privados de todo o país. Temos planos de saúde que pagam uma ninharia pela assistência ao parto, e temos um governo que demora para responder a uma necessidade clara. Colocar a culpa em um ou em outro, unicamente, seria no mínimo leviano. Mas penso que a classe médica teria uma obrigação moral de lutar contra essa realidade vergonhosa.



RESENHANDO - As mulheres atuais têm medo da dor?
ANA CRISTINA DUARTE -Sim, têm medo da dor, têm medo da exposição e falta de privacidade associadas ao parto institucionalizado. O objetivo do livro é desmistificar essa tal "dor do parto", dando a ela a dimensão real e mostrando o que pode ser feito para minimizá-la, desde os procedimentos simples como os banhos e as massagens, até os meios farmacológicos como as anestesias. Associar o parto normal à dor e pensar na cesárea como uma opção "sem dor" é o maior erro de muitas mulheres, que é alimentado por um grupo de profissionais que deseja que essa crença se perpetue.


RESENHANDO - Qual a importância de fazer um plano de parto?
ANA CRISTINA DUARTE - O plano de parto faz a mulher pensar um pouco sobre o que pode ser escolhido no parto. São diversos itens que são de responsabilidade e escolha do casal, como o ambiente do parto, quem deverá estar presente, quais procedimentos gostaria de evitar e a quais está mais aberto. Ao discutir o plano do parto com seu médico, o casal poderá compreender quais são as limitações desse profissional e escolher se ele atende realmente suas necessidades ou se é melhor partir para uma outra alternativa.


RESENHANDO - O que fazer para não ficar tão frustrada no caso de uma cesárea necessária?
ANA CRISTINA DUARTE - Quando uma mulher se preparou para um parto e acaba passando por uma cesárea, é difícil evitar a frustração, pois esse sentimento faz parte de qualquer desejo não atendido. Mas para uma elaboração saudável da cesárea não desejada é necessário conversar muito com pessoas que compreendam essa frustração, sem culpá-la ou fazê-la sentir-se inadequada. Nessas conversas é importante a mulher compreender porque a cesárea aconteceu, em que contexto, o que poderia ter sido diferente, o que fazer na próxima gravidez para evitar outra cirurgia. Conversa, compreensão e tempo são os melhores remédios para a frustração.

.: Resenha de "A Pequena Princesa", Frances H. Burnett

Princesa passa por desventuras e tem final feliz
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2005


Uma infância cheia de reviravoltas: órfã de mãe, mas com uma grande riqueza, seguida pela pobreza e, finalmente, o retorno à uma vida boa com roupas novas, brinquedos, boas amizades, sem proibições bobas da diretora do internato e alimento necessário. Esta é uma forma de reduzir a história de Sara Crewe, filha de um capitão que decide investir na busca de diamantes. A procura nada rende a ele e a filha, esta, que como o costume dos ingleses que viviam na Índia, está em um internato.

"Fora criada numa ótima casa, mimada pelos lascars e por uma babá indiana, cercada de lindos brinquedos e usando as mais belas roupas que uma menina pudesse desejar. A única preocupação de sua infância era a certeza de que um dia teria de separar-se do pai". Tal afastamento acontece. Até que no dia do seu aniversário de onze anos uma triste notícia é dada a ela: a morte do pai e a falta de dinheiro para que a garota continuasse a receber o tratamento que há tempos vinha recebendo de Miss Minchin, a diretora do colégio interno.

Ao saber que o pai de Sara morrera e não deixara nada para a pequena ou para o colégio, a diretora, a coloca imediatamente no sótão. Por sorte, Sara nunca fora exibida, pelo contrário era humilde e tratava suas amigas igualmente, até mesmo a pobre Becky, empregada do colégio de mesma idade de Sara. "A pobre Becky ollhou-a, espantadíssima. Nunca em sua vida alguém lhe falara com tamanha delicadeza".

Pobre, Sara tornou-se vizinha de Becky e a amizade das duas somente aumentou. No entanto, Ermengarda e Lottie, garotas ricas, amigas de Sara que a conheceram na riqueza não a abandonaram e muitas vezes até fugiram para o sótão para tentar alegrar a "pequena princesa". Entretanto, é após a mudança de um homem indiano que a vida de Sara volta a ser como antes.

Saber que a história de "A Pequena Princesa", em Frances H. Burnett, com texto adaptado por Isabel Vieira é linda, nem é preciso afirmar, pois isto é fato. O interessante desta adaptação, publicada pela Editora Rideel, está no uso de quadrinhos explicativos para as palavras mais difíceis que estão no texto de cada página do livro, o que facilita a leitura dos pequenos, assim como o aumento do vocabulário deles. Um exemplo é a página 12 que traz as palavras honorário e submissa desta forma: "HONORÁRIO: remuneração de profissional liberal / SUBMISSA: que se sujeita, dócil".

Este livro é totalmente indicado para crianças a partir de 6 anos, pois trata de uma bela história de maneira simples e direta, além de ser uma maneira fazer a crianças enxergar a leitura não como quadrinhos, pois o livro não é ilustrado, mas vale pela história que certamente irá agradar ao leitor-mirim. Caso tenha interessado-se pela obra e seu filho ainda não lê, a dica é ler a história para ele, esta é sem dúvida uma forma simples de melhor o seu relacionamento com o pequeno, além de estar inserindo-o no universo da boa leitura.

Um pouco de Fances Burnett: Esta romancista anglo-americana nasceu em Manchester, Inglaterra, em 1849. Com a morte precoce de seu pai, foi educada com poucos recursos pela mãe. Em 1865, mudou-se com a mãe e os irmãos para os Estados Unidos, onde viveram numa fazenda no estado de Tennessee. Foi então que começou a escrever contos e os publicou em revistas. Casou-se com Dr. Swan Burnett e acompanhou o marido na mudança para Washington. Passou a escrever histórias infantias para a revista St. Nicholas. Foi então que publicou livros como O Pequeno Lorde,  (1886), A Pequena Princesa (1905) e O Jardim Secreto (1909). Frances faleceu em Tennessee, Estados Unidos, no ano de 1924.

Livro: A Pequena Princesa
Autora: Frances H. Burnett, com texto adaptado por Isabel Vieira
32 páginas
Editora: Rideel

sexta-feira, 10 de junho de 2005

.: Resenha de "Giusfredo Santini: O Grande Comandante", Ivani Ribeiro da Silva

Giusfredo Santini e a história da comunicação de Santos
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2005


A história da comunicação da cidade de Santos resgatada. "Giusfredo Santini: O Grande Comandante - Um marco na história da comunicação em Santos", obra da professora e jornalista Ivani Ribeiro da Silva, publicada pela Editora Universitária Leopoldianum, da Universidade Católica de Santos, ao produzir uma biografia deste personagem marcante para a história da imprensa de Santos, revela o crescimento do jornalismo na região da Baixada Santista.

Giusfredo que trabalhou na administração do jornal A Tribuna, o qual soma hoje 111 anos, tinha como preocupação "fazer a empresa crescer moderna e eficiente e, por diversas vezes, A Tribuna, um jornal regional, esteve entre os jornais brasileiros de grande porte, no que diz respeito à técnica de produção".

De acordo com a autora, "assim como Olímpio Lima e Manoel Nascimento Júnior têm suas histórias contadas e recontadas em livro e edições especiais de jornais, Giusfredo Santini passa a integrar o quadro daqueles que lutaram pela manutenção de um jornal na região, entendendo que um povo livre é aquele que saber contar sua história e que dispõe de um tribuna para se fazer ouvir".

Em Primeiras palavras, texto de apresentação da obra, a autora, diz: "A biografia de Giusfredo Santini, ora apresentada neste livro, expõe fatos da vida do empresário que dedicou a maior parte de seu trabalho à administração de uma empresa jornalística, A Tribuna, promovendo sua manutenção, crescimento e perenidade. [...] Neste livro, o leitor pode encontrar o contexto histórico da cidade em que A Tribuna se desenvolveu e a chegada de Giusfredo Santini à sua administração. Essa história extrapola os fatos de Santos, pois, para contá-la, procurei contextualizar nesta introdução, o porquê da imigração européia para o Brasil, que motivou a vinda dos pais de Giusfrado, a fixação dos imigrantes nas terras do interior de São Paulo de onde os jovens saiam para buscar a realização do sonho de vida melhor na Capital".

O livro conta com quatro capítulos: Giusfredo Santini, o grande comandante, A família, Os funcionários e A Tribuna. O primeiro capítulo trata de dois temas: Políticos destacam dignidade e honradez e Todas as honras para um homem honrado. No capítulo A família, o livro conta com: Um momento de saudade, Filha lembra as histórias que o pai contava, Um pai enérgico, mas muito carinhoso, Irmão e anjo da guarda, Netos falam do avô carismático. Já em Os funcionários os subtítulos do capítulo são: Lembranças do patrão amigo, O mais antigo jornalista da região lembra do patrão e companheiro, Giusfredo manda soltar funcionários, Um exemplo de dignidade. No capítulo final A família, a autora aborda os aspectos históricos da empresa e seu administrador: A Tribuna faz sua história contando a história de Santos e A hora da expansão de A Tribuna com Giusfredo e Roberto Santini.

Além desta biografia conter momentos importantes da história de Giusfredo que se relacionam com o gosta de ler, o time Santos Futebol Clube, a revolução de 64 e preocupação com o social, os dados históricos são os fatores que colaboram para o enriquecimento da obra.

Autora: Ivani Ribeiro da Silva é formada pela Universidade Católica de Santos em Jornalismo (1979) e História (1984). É pós-graduada na Escola de Comunicação e Artes da USP, onde conquistou os títulos de Mestre em Ciências da Comunicação (1992) e Doutora em Jornalismo (2001). Trabalhou 18 anos no jornal A Tribuna como revisora, repórter e editora. Atualmente, é professora da Universidade Católica de Santos há 13 anos no curso de Jornalismo do Centro de Ciências da Comunicação e Artes. Exerce, ainda, o cargo de secretária do Conselho Deliberativo da Fundação D. David (fomento de recursos a estudantes carentes).

Livro: Giusfredo Santini: O Grande Comandante - Um marco na história da comunicação em Santos
Autora: Ivani Ribeiro da Silva
131 páginas
Editora: Leopoldianum


terça-feira, 7 de junho de 2005

.: Resenha de "Minimanual Compacto da Literatura Brasileira: Teoria e Prática", Ana Tereza Pinto de Oliveira

A literatura brasileira sem mistérios e complicações
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2005


A literatura é o meio mais interessante para conhecer os mundos: o imaginário e o habitável. Um mergulho na história do universo da criação escrita. O "Minimanual Compacto da Literatura Brasileira: Teoria e Prática", da professora Ana Tereza Pinto de Oliveira, publicado pela Editora Rideel é um livro de bolso que facilita a leitura dos períodos importantes da literatura brasileira, além de permitir um divertido "mergulho" a este universo um tanto que desconhecido e, por isso, muito, muito rico e infinito à nossa sabedora.

Ao utilizar uma linguagem clara e objetiva, a obra expõe de maneira direta todos os períodos da literatura brasileira: Quinhentismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo (Naturalismo e Parnasianismo), Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo (A Semana de Arte Moderna e primeira fase), Modernismo (Segunda fase) e Modernismo (Terceira fase).

O livro é totalmente indicado para os interessados em literatura que tem como objetivo a busca incansável de aprender mais e mais, assim como estudantes de Literatura e vestibulandos que necessitam (re)estudar tudo o que já foi passado no período dos bancos escolares.

O Minimanual Compacto da Literatura Brasileira: Teoria e Prática é divido em 11 capítulos, consta de 368 páginas, além de 32 páginas que fazem parte um encarte colorido com curiosidades. "A Literatura permite ao leitor problematizar o mundo, incita-o à reflexão, desafia-o em sua sensibilidade enriquecendo-o a cada leitura".

Neste encarte, o das curiosidades, também há explicações do que é poesia, a importância de José de Anchieta, Gregório de Matos, assim como a presença do índio na literatura brasileira, o que é poesia engajada, o que são romances de tese, entre outros assuntos relacionados.

Outro fator muito interessante no livro são as as questões de vestibulares localizadas ao final de cada capítulo para que o usuário da obra possa verificar o seu grau de compreensão do tema. É válido lembrar que é comum que estudantes tenham dificuldades em diferenciar períodos literários, identificar autores e suas obras. 

De fato, este livro é uma "mão-na-roda" para os vestibulandos que pretendem sair-se bem no vestibular e entrar no caminho para a sua tão sonhada formação acadêmica.

Livro: Minimanual Compacto da Literatura Brasileira: Teoria e Prática
Autora: Ana Tereza Pinto de Oliveira
368 páginas
Editora: Rideel

segunda-feira, 6 de junho de 2005

.: Resenha de "365 Beijos Para Mães Queridas"

Um presente que é um "beijo"
Por: Helder Moraes Miranda

Em junho de 2005


Existem pais que são verdadeiras mães, e vice-versa. Se você quer agradar a sua mãe, o seu pai ou um "pãe" mas está em dificuldade para encontrar o presente certo e não quer gastar muito dinheiro ou não não tem muita grana mesmo, o livro, "365 Beijos Para Mães Queridas", lançado pela Publifolha, é uma ótima pedida.

Este livro celebra o Dia dos Pais (mês de agosto, segundo domingo) e das Mães (mês de maio, segundo domingo) também, de uma maneira cult.

Partindo desta filosofia, a autora Kathy Wagoner selecionou 365 citações, formuladas por escritores e personalidades de todo o mundo e de todos os tempos, além de ter reunido expressões de sabedoria popular. Frases de pessoas como Victor Hugo. Jackeline Kennedy Onassis, Papa João Paulo II, Charles Dickens e o filósofo Sócrates. 

Este livro, em especial, lembra que o Dia dos Pais, das Mães ou de alguém que amamos, não deve se restringir a uma data comemorativa e, sim, sempre. O sentido da vida não é incentivar o consumismo de forma emblemática e, sim, amar de forma verdadeira. 

É evidente que não adianta passar o ano inteiro em "pé de guerra" e se redimir com este bonito presente. Ou mesmo se você não tem a quem presentear nesta data, por que não expressar seu amor a uma pessoa querida, ou a alguém que esteja próximo. Talvez esta pessoa esteja precisando de você.

Livro: 365 Beijos Para Mães Queridas
Autor: Vários autores
Editora: Publifolha

sábado, 4 de junho de 2005

.: Resenha de "Uma vida de contos de fadas: A história de Hans Christian Andersen", Marcos Bagno

Pobreza e tentativas frustradas fazem da vida de Andersen um verdadeiro conto de fadas
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2005


Em "Uma vida de contos de fadas: A história de Hans Christian Andersen", de Marcos Bagno, tudo começa em uma certa noite, quando um garotinho sem sono decide ler os Contos de Andersen. Para narrar este momento o autor abre o livro (com o narrador) da seguinte forma:"Há algum tempo, quando eu era do seu tamanho, uma coisa estranha me aconteceu. Se eu contar você vai dizer que tudo não passou de um sonho, mas vou logo avisando que meus olhos estavam bem abertos quando ele apareceu".

Bem só este trecho da abertura da obra pode não ser esclarecedora, mas sim deixar uma pergunta: Quem apareceu? Calma! Vou explicar, não é o espectro de Hans Christian Andersen, mas sim um de seus personagens mais conhecidos e queridos Ole LukØie - em dinamarquês, LukØie significa "fecha-olho" -, isto é, por meio desta personagem que o menininho mergulha na fascinantes história de vida de Andersen.

Ole é um ser pequenino que pula de dentro do livro Contos de Andersen. Ele que usa uma túnica colorida e um grande chapéu, diz que contou a Hans Christian Andersen todas as histórias que o escritor produziu.

Nessa viagem alucinante, que acontece exatamente no  dia 2 de abril, aniversário de Andersen, Ole e o garoto descobrem a dura vida de um dos mais famosos contistas da história universal da literatura, desde zombarias de outros garotos por suas pernas compridas à tentativas frustradas de entrar no teatro como ator.

Este livro infantil tem uma linguagem bastante solta, apesar de conter dados históricos, tem bastante leveza e qualidade para contar a triste história, por esse motivo, intitulada aqui de conto de fadas, do escritor Hans Christian Andersen. Com as ilustrações de Cris Eich, a leitura fica ainda mais fácil de compreender.

O diferencial da obra está entre as páginas 44 e 47, parte em que está explicada e também ilustrada, a biografia e bibliografia do escritor que criou personagens como a sereiazinha (que foi adaptado para a telona pelos Estúdios Disney, tornando-se em A Pequena Sereia), a polegarzinha (livro de mesmo nome), a pequena vendedora de fósforos (livro de mesmo nome), assim como o imperador que desfila nu (do conto As Roupas Novas do Imperador), o bastante conhecido cisne que vive entre patos (da obra O Patinho Feio), entre outros.

Livro: Uma vida de contos de fadas - A história de Hans Christian Andersen
Autor: Marcos Bagno
48 páginas
Coleção: Clara Luz
Editora: Ática

sexta-feira, 3 de junho de 2005

.: Resenha de "As Imaginações Pecaminosas", Autran Dourado

Contos que refletem os caminhos imaginários de Autran Dourado 
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2005


Os pecados imaginários dos moradores de Duas Pontes. Saiba mais do livro de Autran Dourado, As imaginações pecaminosas!


Uma escrita de primor e excelência. Estas seriam duas palavras perfeitas para definir o trabalho literário do escritor Autran Dourado. "As imaginações pecaminosas", publicado pela primeira vez em 1981, não fica fora desta definição. Neste, fantástica obra composta por nove contos e um artigo de não-ficção, as histórias são narradas sob o ponto de vista dos moradores de Duas Pontes, aqueles que tudo observam de maneira astuta e nada perdoam.

Apesar deste livro não ter o conhecimento do grande público, foi ele que possibilitou a Autran Dourado a conquista ao Jabuti, em 1982, além do importante prêmio Goethe de literatura, oferecido pelo governo alemão. O valor deste livro pode ser notado já dos títulos dos contos: Um Ajuste de Contas, Noite de Cabala e Paixão, Os Gêmeos, além dos outros seis contos bastante animadores para todos tipos de leitores.

De fato, os títulos são instigantes, porém a história é ainda mais curiosa, mesmo tendo um conteúdo mais denso e preciso, a escrita é inteligente, o que torna a leitura envolvente, pois as palavras estão (exatamente) no lugar correto.

Um exemplo é está no segundo conto Retrato de Vítor Macedônio, em que é iniciado da seguinte forma. "O mal de Vítor Macedônio foi não saber esperar a própria morte. Nisso não diferia do comum dos mortais, em que a regra geral é a impaciência. Poucos tem o ânimo necessário para aguardá-la, quando então tudo acontece naturalmente, como a queda de de uma folha, a vinda do outono ou do inverno". Uma abertura de texto um tanto que inusitada, não?

Sim, ainda mais ao levar-se em conta que a cada parágrafo dos contos há essa surpresa do leitor. Não foi à toa que, em entrevista ao Guia do Livro (http://www.guiadolivro.com.br/info.php?not=28), disse que a única maneira de saber-se se você tem talento é escrevendo. É justamente o que não falta à ele, talento para a escrita.

O diferencial de As imaginações pecaminosas é o artigo de não-ficção, um presente para os admiradores do escritor Machado de Assis. Neste, Dourado faz a sua versão para a Missa do Galo, reescrita para integrar o livro Missa do Galo – Variações sobre o mesmo tema, publicado pela Sumus Editorial. A versão conta os motivos que o levaram a aceitar o desafio de reescrever um dos contos mais famosos do (mestre) Machado de Assis, destrinchando o complexo simbolismo utilizado pelo mestre da literatura brasileira (Machado) para narrar uma história que parece simples mas que é cheia de insinuações.

Autor: Waldomiro Autran Dourado nasceu em Patos de Minas, Minas Gerais, em 1926, e mora há mais de 40 anos no Rio de Janeiro. Nenhum outro escritor brasileiro possui os prêmios e honrarias do romancista. Há vários livros seus traduzidos e trinta teses de mestrado e doutorado sobre sua obra. Seu romance Ópera dos mortos foi escolhido pela Unesco para integrar a sua Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal e Os sinos da agonia, adotado para os exames de Agregação das Universidades Francesas. Tem nove prêmios no Brasil e um na Alemanha, o Prêmio Goethe de Literatura. Em agosto de 2000, recebeu o Prêmio Camões pelo conjunto de sua obra. A Rocco está reeditando as obras selecionadas e revistas pelo autor, entre romances, contos e ensaios. As capas das reedições são feitas especialmente pelo gravurista Ciro Fernandes.


Obras reeditadas pela Rocco
Ópera dos mortos, romance
Os sinos da agonia, romance
A barca dos homens, romance
O risco do bordado, romance
Um artista aprendiz, romance
Uma poética de romance: matéria de carpintaria, ensaio
Novelário de Donga Novais, romance
A serviço del-Rei, romance
Gaiola aberta, memórias (inédito, lançado em 2000)

Livro: As Imaginações Pecaminosas
Autor: Autran Dourado
160 páginas
Editora: Rocco

quinta-feira, 2 de junho de 2005

.: Resenha de "Eu Te Amo!", Gabriela Nascimento Spada e Souza

O amor em formato de livro
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2005


Dizer "Eu Te Amo", na maioria das vezes, é muito difícil, seja por timidez ou por não saber o lugar e momento certo, principalmente com o dia dos namorados se aproximando cada vez mais. Para quem quer dizer esta frase de uma maneira diferente a dica é o livro "Eu Te Amo!", de Gabriela Nascimento Spada e Souza, republicado pela Celebris, em 2004.

A obra que mostra o quanto o amor é lindo, mesmo entre momentos de fervor e algumas briguinhas, conta com 47 ilustrações que expressam os altos e baixos de um casal, mesmo porque "tudo começa com uma flechada do cupido... que acerto em cheio o nosso coração!" e nos leva à conclusão de que o amor é lindo. 

Contudo, no processo de expor as etapas da consolidação do amor, além de utilizar ilustrações em preto de branco, Adriana escreve o amor, até nas estações. "Amar é bom em qualquer época - no inverno, para aquecermos um ao outro. / Na primavera, para ganharmos lindos buquês de presente e caminharmos de mãos dadas pelos campos floridos. / No verão, para irmos à praia, para jogarmos água e refrescarmos nosso amor tão ardente! / E o outono... Ah, para catarmos as folhas que caem e guardá-las como recordação daquele dia inesquecível...".

E as fotos? Só conferindo a riqueza delas na própria obra que inicialmente foi publicada pela editora Original e alcançou destaque nas vendas editoriais, pois permaneceu 16 semanas entre os 10 mais vendidos das principais livrarias do Brasil. A republicação promete conquistar mais leitores e prestígio do público em geral, além dos românticos de plantão que sempre buscam novas formas de agradar o seu parceiro.

Não sabe o que dar para o seu companheiro? Eu Te Amo!, de Gabriela Nascimento Spada e Souza é certamente uma ótima opção, além de ser muito original! Até mesmo porque, não é a toa, que a autora abre o seu livro com uma frase do escritor Machado de Assis: "Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar".

Livro: Eu Te Amo!
Autora: Gabriela Nascimento Spada e Souza
62 páginas
Editora: Celebris

.: Entrevista com José Roberto Torero, escritor

"Os prêmios ajudam a dar um certo status ao escritor" - José Roberto Torero

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2005


No mês de junho, o site cultural Resenhando.com, tem o prazer de presentear seus internautas com entrevista ao escritor José Roberto Torero. Aproveite e conheça um pouco mais sobre o autor de obras como Ira - Xadrez, Truco e Outras Guerras, O Chalaça, Os Cabeças-de-Bragre também merecem o paraíso, Pequenos Amores, Uma História de Futebol, Zé Cabala e outros filósofos do futebol, além de publicações em parceria com Marcus Aurelius como Os Vermes, Terra Papagalli, entre outros.


RESENHANDO - Hoje, após 10 anos, qual a sua opinião sobre o Prêmio Jabuti?
TORERO - Os prêmios ajudam a dar um certo status ao escritor, mas não fazem um livro vender mais.


RESENHANDO - Toda escrita é autobiográfica? Até que ponto a vida pode interferir na literatura, e vice e versa?
TORERO - Não. No meu caso, que escrevo romances históricos, uma não influi na outra. 


RESENHANDO - Qual é a sua maior paixão: escrever ou produzir curtas e longas-metragens?
TORERO - Escrever ganha fácil.


RESENHANDO - Como e quando começou a escrever? O que escrevia? Por que?
TORERO - Não escrevia nada antes de O Chalaça. Nem contos ou poesia. Mas lia bastante.


RESENHANDO - Você lia muito quando criança?
TORERO - Comecei a ler livros só lá pelos 12 anos, com uma coleção chamada Clássicos Juvenis. 


RESENHANDO - O que representa a literatura em sua vida?
TORERO - Uma boa diversão e um bom trabalho. E ao mesmo tempo, o que é raro.


RESENHANDO - De todas as suas obras, tem preferência por alguma? Por que?
TORERO - Não. São como filhos (e, mesmo que você goste mais de um, não fala para não magoar os outros).


RESENHANDO - Para você, a evolução o computador e suas maravilhas estão afastando as pessoas dos livros, da boa leitura?
TORERO - Acho que não. Nós, brasileiros, nunca fomos muito de ler mesmo. E há boa leitura na internet.


RESENHANDO - Quem são seus escritores favoritos? 
TORERO - Machado de Assis e Guimarães Rosa. Entre os vivos, Verissimo, Millôr e Saramago.


RESENHANDO - Sofreu ou sofre (ainda) alguma influência dele (s)?
TORERO - De todos, é claro.


RESENHANDO - Conta com novos projetos literários? Comente.
TORERO - Conto, mas não comento, pois dá azar.




quarta-feira, 1 de junho de 2005

.: Resenha de "Parto Normal ou Cesárea?", Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte

A melhor forma de nascimento do seu bebê
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em junho de 2005


A evolução humana trouxe e ainda traz, muitas novidades tecnológicas, entre elas, o parto de cesariana. Para alguns, uma aberração, para outros algo normal e até mesmo indispensável. A verdade é que tantas opiniões divergentes e fundamentadas ao modo de seu emissor torna-se um grande problema para as mulheres. Afinal, o que é melhor para a mulher e o bebê, parto normal ou cesárea? Dúvida cruel, mas o livro "Parto Normal ou Cesárea? O Que Toda Mulher Deve Saber (e todo homem também)", de Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte, editado pela Unesp, tem o intuito de colocar um ponto final nestas perguntas.

O livro mostra a possibilidade de um parto mais humanizado, aliando segurança e satisfação, para que este belo momento da vida feminina seja vivido e posteriormente, lembrado, como algo positivo e não uma tortura imposta pelo pecado original. 

Em cinco capítulos, o livro trata de temas importantes como a presença do homem no parto, como lidar com a dor do parto, a escolha dos acompanhantes, como planejar o parto, qual tipo de parto mais seguro, como é a dor do parto normal e de cesárea, entre outros.

Além de abordar as várias vertentes dos tipos de parto, a obra, traz um pouco de história, como por exemplo na página 19. "Trata-se também de uma mudança estética: o parto de século XX foi visto como algo arriscado, desagradável, degradante, repugnante, assustador, uma exposição humilhante dos genitais a estranhos. E mais: um assalto cirúrgico às partes íntimas, uma situação na qual as mulheres se sentiam como 'carne no açougue', como muitas descrevem, ou seja, um pesadelo a ser evitado". 

Outro ponto histórico que o livro esclarece são os erros cometidos inicialmente no parto normal. "Durante a segunda metade do século XX, em boa parte do mundo ocidental se realizou a episiotomia (corte da vulva e da vagina no momento do parto) em praticamente todas as mulheres, pois se acreditava que era benéfico para mães e bebês. Hoje, sabemos que nunca houve evidência sólida para recomendar tal prática como rotina".

É certo que antigamente muito erros foram cometidos durante o parto normal, o que acaba influenciando grande parte das mulheres a optarem pela cesárea. Sabe-se  também que a mulher que pode usufruir de um bom plano de saúde, pode ter um melhor parto, seja ele normal ou cesárea, porque ainda hoje, em pleno século XXI, muitas mulheres passam pela episiotomia por não ter um plano de saúde. Na verdade a dúvida feminina deveria ser: economizo e pago um plano de saúde que cubra um bom parto (normal ou cesárea) ou opto por alimentar a minha família e vou para o temido açougue, pois posso ter sorte ou não! Saiba mais sobre este tema no livro de Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte, realmente, vale a pena!

Livro: Parto Normal ou Cesárea? O Que Toda Mulher Deve Saber (e todo homem também)
Autoras: Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte
179 páginas
Editora: Unesp
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