segunda-feira, 29 de novembro de 2021

.: Mauricio de Sousa Produções vence 3 categorias do Oscar dos Quadrinhos

A Mauricio de Sousa Produções (MSP) será premiada em três categorias na 33ª edição do Troféu HQMIX, considerado o “Oscar” dos quadrinhos no Brasil. A premiação aconteceu em 27 de novembro, às 19h, de forma virtual, com transmissão no canal do YouTube da Unidade do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP.

A MSP foi a vencedora dos prêmios: Publicação Infantil ("Cascão - Temporal"), Publicação de Clássico ("Cebolinha 60 Anos - Dono da 'Lua'") e Publicação Juvenil ("Jeremias - Alma"). Neste ano, os vencedores do HQMIX receberam o troféu “Bruxinha”, personagem da desenhista e escritora Eva Furnari, que foi esculpido pelo artista Wilson Iguti. O evento será apresentado por Serginho Groisman, padrinho da premiação, e pela dupla Gual e Jal, criadores do troféu.


"Cascão - Temporal"
Quando seus pais viajam para um cruzeiro, só resta ao Cascão passar três dias na casa de seu tio "esquisito" Gerson. E, para piorar as coisas, a previsão é de muita, muita chuva. Em Temporal, Camilo Solano faz uma releitura do clássico personagem de Mauricio de Sousa, numa história repleta de surpresas, aventuras, imaginação e descobertas. Você pode comprar o livro neste link.

"Cebolinha 60 Anos - Dono da 'Lua'"
Desde a sua estreia, em 1960, o menino franzino, com cabelos espetados e mente inquieta viveu tantas aventuras que seria praticamente impossível colocar em palavras! Seus planos infalíveis surgiram nas tiras de jornais, passaram por tabloides até que ganhassem sua própria revista! E nunca mais deixou de se meter nas mais diversas confusões ao lado de toda a Turminha! Pode-se dizer que mesmo antes de atingir seu maior objetivo, que é se tornar o Dono da Rua, ou melhor, Dono da “Lua”, Cebolinha conquistou o mundo! E nada mais justo que uma edição mais que especial para celebrar sua incrível trajetória! Você pode comprar o livro neste link.


"Jeremias - Alma"
Rafael Calça e Jefferson Costa, vencedores do Prêmio Jabuti, na categoria Histórias em Quadrinhos, retornam ao Jeremias numa trama emocionante sobre ancestralidade, racismo, merecimento e histórias. Sejam elas fictícias ou de vida. O clássico personagem de Mauricio de Sousa ganha mais um capítulo de sua bela e forte releitura. Você pode comprar o livro neste link.



.: Estúdio 41 apresenta "Luz Teimosa", com fotografias da Galeria Utópica


A partir de terça-feira, dia 30 de novembro, o Estúdio 41 recebe a exposição "Luz Teimosa", uma seleção de 44 fotografias de 14 fotógrafos representados pela Galeria Utópica (antiga FASS), espaço que se ocupa em pesquisar a fotografia moderna, a ligação entre fotografia e literatura, o fotojornalismo e vários outros assuntos atiçados pela curiosidade e contribuições de seus colaboradores e parceiros. Essa é a terceira mostra do Estúdio 41, inaugurado em agosto de 2021. Foto: Fernando Lemos | "Luz Teimosa"

A partir desta terça-feira, dia 30 de novembro, o Estúdio 41 recebe a exposição Luz Teimosa, uma seleção de 44 fotografias de 14 fotógrafos representados pela Galeria Utópica (antiga FASS), espaço que se ocupa em pesquisar a fotografia moderna, a ligação entre fotografia e literatura, o fotojornalismo e vários outros assuntos atiçados pela curiosidade e contribuições de seus colaboradores e parceiros. Essa é a terceira mostra do Estúdio 41, inaugurado em agosto de 2021.

"Luz Teimosa" é a primeira de um projeto contínuo do Estúdio 41 que trará, anualmente, acervos fotográficos de outras galerias brasileiras. Segundo o curador da mostra, o escritor Diógenes Moura, a ideia é oferecer ao público a oportunidade de contemplar a seleção de um determinado acervo a partir do olhar de um outro espaço. "É a possibilidade de uma outra leitura, como se fossem novas páginas de um livro a partir dessa seleção", argumenta. Os fotógrafos que constam na exposição Luz Teimosa são Annemarie Heinrich, Fernando Lemos, German Lorca, Wilhelm von Plüschow, Jean Manzon, Luiz Carlos Barreto, Martín Chambi, Miro, Wilhelm von Gloeden, Guillermo Srodek-Hart, Guadalume Miles, Juca Martins, Hiroshi Watanabe e Carlos Moreira

O título da exposição, "Luz Teimosa", é também o nome de uma das cinco fotografias de Fernando Lemos (1926 - 2019) que compõem a mostra. "Ela é uma fotografia profundamente literária; tem a ver com o desejo de um fotógrafo de enxergar o que está do outro lado, algo que só é possível quando se tem luz", argumenta Diógenes, reforçando que Lemos foi um fotógrafo e poeta de nome definitivo na história da fotografia. "Luz Teimosa é a poética de Fernando Lemos e todas as declinações, desejos e possibilidades para alguém que leia esse título possa criar", afirma.

A seleção de fotografias que compõem a mostra cria novas relações entre as imagens do acervo da Galeria Utópica, possibilitando que o público conheça as obras curadas por um escritor, editor e curador de fotografia. É necessário lembrar que um dos intuitos do Estúdio 41 é reforçar a profunda ligação entre fotografia, imagem e literatura.

No dia 9 de dezembro, quinta-feira, 18h, Diógenes se reúne com Pablo de Giulio, fundador da Galeria Utópica, para uma conversa aberta ao público no Estúdio 41. Atualmente, a Utópica representa as obras de 17 fotógrafos. Além deles, seu acervo conta com obras de mais de 30 artistas consagrados, como os brasileiros Luiz Carlos Barreto e Voltaire Fraga.

Estúdio 41
Um espaço voltado à reflexão e discussão sobre o fazer artístico da fotografia. Esse é o mote do Estúdio 41, projeto que ocupa o conjunto 41 do prédio 1254 da Rua Pedroso Alvarenga, no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo. Com direção artística do curador e escritor Diógenes Moura e comandado pela fotógrafa Dani Tranchesi e sua sócia Paula Rocha, o novo espaço cultural vai apresentar projetos de fotógrafos emergentes e consagrados em uma programação de exposições, exibição de filmes, lançamento de livros e conversas sobre a linguagem fotográfica.


Serviço:
"Luz Teimosa"
Período expositivo:
30 de novembro de 2021 a 8 de janeiro de 2022
Endereço: Rua Pedroso Alvarenga, 1254, cj 41, Itaim Bibi
Funcionamento: terça a sexta, das 13h às 18; e sábados, das 11h às 13h, com horários agendados via Whatsapp: 55 11 99452 3308.

Conversa com o fotógrafo e galerista Pablo de Giulio e o curador Diógenes Moura
Quando:
9 de dezembro, quinta-feira, às 18h
Lotação: 15 pessoas
Presencial e gratuita

domingo, 28 de novembro de 2021

.: #ResenhaRápida: Catharina Conte atriz, diretora e ex-“Futuro Ex-Porta”

Depois de ler a entrevista exclusiva com Catharina Conte, você vai querer que ela seja a sua melhor amiga. Foto: Victoria Venturella

Radicada em Londres desde 2018, Catharina Conte é uma atriz e diretora que resolveu se aventurar no reality show "Futuro-Ex-Porta"do grupo Porta dos Fundos. “Acho que eu me colocaria mais no jogo, não chegaria tão tímida e arriscaria mais, cheguei muito como atriz e menos como comediante. Foi minha primeira inserção na comédia, mas já aprendi tanto! Eu faria tudo de novo mil vezes. Agora não quero mais parar!”, diz ela sobre a bem-sucedida participação no programa.

Mas a carreira dela não se resume à participação no reality. Catharina Conte já atuou  em espetáculos como "Closed Lands", que lhe rendeu elogios da crítica especializada. Também na Inglaterra, estreou no "Southwark Playhouse", em agosto de 2021, quando dirigiu “The Sky Five Minutes Before a Storm'' (O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade), da brasileira Silvia Gomez. Atualmente, escreve e protagoniza a microssérie "Fragmentada", no YouTube, Instagram e TikTok, que discute temas como sexualidade, feminismo, diferenças culturais e TDAH. Com tantas experiências e talentos, Catharina chamou a atenção do Resenhando.com e agora estrela, também, o panteão de entrevistados do #ResenhaRápida. 

#ResenhaRápida com Catharina Conte

Nome completo: Catharina Cecato Conte.
Apelidos: Catha, Cath, Cathinha (risos).
Data de nascimento: 18 de julho de 1991.
Altura: 1,70m.
Qualidade: criatividade hiperfocada.
Defeito: ansiedade e desorganização.
Signo: câncer.
Ascendente: aquário.
Religião: Religião da Fé na Deusa do Acaso e na confiança nos Mistérios da Vida.
Time: gremista por pura e espontânea pressão do meu pai.
Amor: aceitar o pior de si para se abrir para o outro.
Sexo: uma parte importante do encontro comigo mesma e a alegria de ter um corpo!
Mulher bonita: Michaela Coel.
Homem bonito: Caetano Veloso na época de "Transa", ninguém ganha dele.
Família é: a conexão maior com a origem de tudo.
Ídolo: Miranda JulyMichaela Coel, Phoebe Waller Bridge.
Inspiração: mulheres criativas que escrevem, dirigem e fazem seus trabalhos autorais acontecer.
Arte é: um espaço onde novos pensamentos e visões de mundo podem nascer, mas há que se ter vontade de abrir os olhos.
Brasil: o melhor país do mundo nas mãos das piores pessoas do mundo.
Fé: necessária.
Deus é: o incompreensível, o inominável que eu busco. Como a utopia de Galeano: dou dois passos, ele se afasta dois passos, mas existe para que eu continue andando. E eu sigo.
Política é: tudo que nos rodeia como sociedade.
Hobby: fazer vários nadas sem hora para acabar.
Lugar: Lisboa.
O que não pode faltar na geladeira: uma cerveja bem gelada.
Prato predileto: uma massa bem cheia de molho vermelho e queijo!
Sobremesa: SORVETE!
Fruta: morango.
Bebida favorita: cerveja IPA, suco de laranja ou vinho.
Cor favorita: esmeralda.
Medo de: fracassar, de não tentar, de estancar. De me arrepender.
Uma peça de teatro: "In On It" foi um espetáculo que me marcou muito quando assisti. Mas também não sai da minha cabeça a Glen Close em "Sunset Boulevard", que assisti em NY. Foi absurdo.
Um show: o melhor show da minha vida foi da Ivete Sangalo em um planeta Atlântida quando eu era adolescente (risos).
Um ator: Wagner Moura, Gabriel Leone, Michel Melamed, Fabio Porchat, Clive Owen, Joaquin Phoenix.
Uma atriz: Letícia Colin, Barbara Paz, Georgette Fadel, Glenn Close, Cate Blanchett.
Um cantor: Caetano Veloso mil vezes.
Uma cantora: aqui no Brasil eu amo a Luísa Sonsa, acho que ela tá arrasando. Gloria Groove, Liniker, Elis Regina e Cássia Eller.
Um escritor: Milan Kundera e Valter Hugo Mãe
Uma escritora:
ando encantada com o trabalho da escritora Clara Corleone. Mas adoro Alice Ruiz, Ana Cristina Cesar, Alexandra Pizarnik, Clarissa Pinkola. Estes... Escritora boa é o que não falta.
Um filme: "Closer"; "Inside", "Cisne Negro", qualquer um que fale sobre algum personagem perturbado.
Um livro: "A Insustentável Leveza do Ser", Milan Kundera
Uma música: atualmente, meu hino tem sido "GIGANTESCA", da Mariana Volker.
Um disco: "Pearl", da Janis Joplin. Apaixonada.
Um personagem: Fleabag.
Uma novela: "O Clone" EU AMAVA!
Uma série: "I May Destroy You", da Michaela Coel.
Um programa de TV: adoro esses programas de humor da TV brasileira hoje, "Lady Night", "Que História É Essa, Porchat?", "Dani-se"… E, na internet, "Diva Depressão", amo.
Uma saudade: de ser um bebê e poder caber no colo de minha mãe.
Algo que me irrita: gente que culpa os outros e o mundo por tudo em vez de buscar a sua parte na questão.
Algo que me deixa feliz é: pensar que vou ser mais feliz do que consigo imaginar.
Uma lembrança querida: eu com meu pai, um dia antes de ele sair de casa, quando meus pais se separaram. Chorávamos em silêncio, mas foi um momento de muita conexão.
Um arrependimento: não ter passado mais tempo com o meu irmão enquanto ele estava vivo.
Quem levaria para uma ilha deserta? Atualmente, levaria minha amiga Julie, ela é a melhor planner que já conheci e simplesmente só ela poderia ser capaz de nos tirar de lá.
Se pudesse ressuscitar qualquer pessoa do mundo quem seria e por quê? Janis Joplin! Queria tomar um trago com ela e indicar um antidepressivo também.
Se pudesse fazer uma pergunta a qualquer pessoa do mundo, seria... Ando obcecada com a série "Impeachment", então eu perguntaria para a Monica Lewinsky de onde ela tirou a força que teve pra superar o grande slut shaming que sofreu nos anos 90.
Não abro mão de: meu tempo sozinha. Amo estar com os outros, mas preciso do meu tempo comigo mesmo pra organizar os pensamentos e desejos e vontades.
Do que abro mão: balada eletrônica. Não faço menor questão.
Um talento oculto: desenhar, cozinhar, costurar. Eu sou ótima em trabalhos manuais.
Você tem fome de quê? Acolhimento.
Você tem nojo de quê? Arrogância.
Se tivesse que ser um bicho, eu seria: uma cachorrinha louca por um carinho, certo.
Um sonho: estar em um set de filmagem com pessoas que admiro e pensar “quem diria, hein, Catharina? Sabia que ia dar tudo certo”. Ainda sei que vai se realizar.
Humor em uma palavra: distorção.
"Porta dos Fundos" em uma palavra: crítica.
Teatro em uma palavra: poesia.
Televisão em uma palavra: festa.
O que seria se não fosse artista: uma pessoa que sonha ser artista.
Ser artista é: assumir que a criação, meu corpo e meu eu são subsídios para meu trabalho. E é delicioso também.
O que me tira do sério: gente que quer contar vantagem ou que se leva muito a sério. Cafona!
Ser mulher, hoje, é: ter a difícil tarefa de redescobrir o prazer de existir sem medo.
Palavra favorita: DICOTOMIA
Catharina Conte por Catharina Conte: uma grande gostosa esquisita em busca de afeto subversivo.





.: "Raízes do Amanhã": coletânea de oito contos afrofuturistas e nove autores


"Raízes do Amanhã" é uma coletânea de oito contos organizada por Waldson Souza e escrita por nove autores brasileiros de destaque – um projeto da editora Gutenberg e coedição da editora Plutão. Uma das marcas deixadas pelo colonialismo é a existência de um presente que dificulta a projeção de futuros para a população negra. Por isso, contar e protagonizar histórias é tão importante para ampliar o campo de possibilidades.

No século XXI, nove herdeiros dessa luta se unem para imaginar noções de futuro próximas e longínquas em oito contos afrofuturistas e afro-brasileiros. Com organização do autor e pesquisador Waldson Souza, G. G. Diniz, Kelly Nascimento, Lavínia Rocha, Pétala e Isa Souza, Petê Rissatti, Sérgio Motta e Stefano Volp traçam em suas histórias, ora um respiro - em que o amor, a superação das adversidades e a liberdade são possíveis -, ora um alerta para nos lembrar de que estamos reféns de uma realidade que muitas vezes nos proíbe de sonhar.

Esse movimento de ficção especulativa de autoria e protagonismo negros, que mistura tecnologia, fantasia e possui a negritude como temática é chamado de afrofuturismo e ele se expressa em diversos campos, como o cinema, a literatura, a moda, a música, entre outros.

Wakanda, por exemplo, pode ser fictícia, mas sua simbologia extrapola o universo cinematográfico e constrói um mundo onde nações africanas sejam tão poderosas e respeitadas como todas as outras. "Raízes do Amanhã" é um livro incrível e potente de ficção especulativa, afrofuturista e afro-brasileira.

Se o real nos impõe, então, tais impedimentos, o exercício de especular, dentro e fora da ficção, é o que nos permite resgatar o passado, questionar o presente e construir futuros. É o que fortalece as raízes do amanhã, que perfuram solo brasileiro e vão fundo em direção ao desconhecido.

Evidenciando noções de futuro próximas ou longínquas, os contos de "Raízes do Amanhã" é oferecem respostas diversas sobre o tempo e o espaço da juventude negra, proporcionando um espaço revolucionário de experimentação ficcional. A ilustração da capa é de Nazura Santos, que conseguiu captar muito bem a essência do projeto. Você pode comprar o livro neste link.



.: Teatro: "A Vela" com Herson Capri e Leandro Luna em temporada on-line

Prestes a se mudar, Gracindo (Herson Capri) precisa empacotar suas coisas e acaba revirando seu passado enquanto a falta de luz o obriga a usar uma vela. Porém, quem chega para ajudar nessa mudança é Cadú (Leandro Luna), ou melhor, Emma Bovary, seu filho drag queen que retorna para tentar as pazes com seu velho pai e entender o que fez um homem tão culto agir de forma tão violenta. Mas, Cadú, ou Emma é categórico: eles têm apenas o tempo da vela que o pai acendeu se consumir para essa conversa se resolver. Foto: Caio Gallucci

Herson Capri e Leandro Luna interpretam pai em filho no espetáculo "A Vela", escrito por Raphael Gama. Com direção de Elias Andreato, a montagem está em cartaz em temporada on-line até 10 de dezembro, on demand, ou seja, o espectador pode acessar o conteúdo a qualquer momento. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site Eventim por R$10.

Na trama, o velho professor Gracindo decide se mudar para um asilo, por conta própria, depois de se ver muito sozinho após o falecimento de sua esposa. Ele rompeu relações com o filho há muito tempo, quando descobriu sobre sua orientação sexual, o expulsando de casa.

Prestes a se mudar, Gracindo precisa empacotar suas coisas e acaba revirando seu passado enquanto a falta de luz o obriga a usar uma vela. Porém, quem chega para ajudar nessa mudança é Cadú, ou melhor, Emma Bovary, seu filho drag queen que retorna para tentar as pazes com seu velho pai e entender o que fez um homem tão culto agir de forma tão violenta. Mas, Cadú, ou Emma é categórico: eles têm apenas o tempo da vela que o pai acendeu se consumir para essa conversa se resolver.

“É uma história contada com delicadeza para que o espectador possa se identificar com os personagens. O nosso objetivo é mergulhar numa relação verdadeiramente teatral e humana. O teatro sempre será a arena necessária para debater todas as formas de preconceitos”, fala o diretor Elias Andreato.

Para Leandro Luna, o espetáculo aborda as relações humanas e as feridas familiares que todos temos e nos identificamos. “É muito importante, principalmente nos dias de hoje, estarmos em constante discussão sobre as diferenças e estimularmos a tolerância e o respeito ao próximo. Vivemos tempos muito polarizados, onde o conceito de moral e conservadorismo tem alimentado a sociedade com discursos odiosos, segregacionistas, em vez de criar o diálogo respeitoso e democrático. Precisamos, através da Arte, propor o discurso de temáticas que incentivem o respeito entre os indivíduos, principalmente, a partir do ponto de vista da educação familiar”. 

Já Herson Capri ressalta a atualidade do tema. “A peça discute preconceito, acolhimento e a relação familiar de uma forma inteligente e sensível. Os preconceitos estão por aí, à nossa volta, o tempo todo. Convivemos, de uma forma ou outra, com pessoas conservadoras e até negacionistas. Acho que a arte tem o dever de abordar os temas que tocam e afligem a sociedade. Acolher as diferenças é um deles. E negá-las, também é preciso ser discutido”.

Para a construção do texto, o autor Raphael Gama recorreu da percepção que teve ao constatar a dificuldade em dialogar com sua avó, uma mulher tradicional, com resistência em entender as mudanças que aconteciam na sociedade; e o quanto a incompreensão familiar afetava as escolhas de vida das drag queens em geral. “Eu convivo com diversos artistas queers de São Paulo. Conheço pessoas que foram expulsas de casa e o fato dessa comunidade seguir sendo tão negligenciada e odiada, mesmo em meio à tanta informação, me fez querer falar do assunto no ambiente familiar e sobre a importância do diálogo como ferramenta de cura”, explica.


Relações humanas
Entre álbuns de fotos, livros clássicos, música e poesia, os personagens vão revirando o passado para entender o presente e enfrentar o futuro. Ambientada em uma casa com poucos móveis e algumas caixas, o elemento central em cena é uma janela, onde o tempo e os segredos são discutidos.

A peça é entremeada por trechos de famosos escritores e pensadores, com músicas que definiram gerações como Carpenters, Edith Piaf e Dalva de Oliveira. O drama, vivido entre pai e filho, pretende aproximar as questões pertinentes da sociedade contemporânea, levando o espectador a entrar em contato de maneira sensível, com temáticas extremamente relevantes: as relações humanas e os preconceitos instaurados na estrutura social e familiar.

“A Vela não é sobre mocinhos e bandidos, não é sobre vítimas e vilões. É sobre algo que todos nós conhecemos intimamente. É sobre família e amor. Sobre erros humanos. Sobre conflito de gerações e de identidades. E a importância do diálogo em tempos tão odiosos. Mais do que falar sobre quaisquer tabus ou polêmicas, quando falamos sobre amor falamos sobre reflexão e cura”, conclui Raphael Gama.


Sinopse
O solitário professor Gracindo (Herson Capri) está de mudança para um asilo quando é surpreendido pela visita do filho gay que expulsou de casa há vinte anos. Cadu (Leandro Luna) agora é a drag queen Emma Bovary. Em meio a uma queda de energia, os dois têm apenas o tempo de uma vela para acertar as contas. 


Ficha técnica: "A Vela"
Texto:
Raphael Gama. Direção, cenário e figurino: Elias Andreato. Elenco: Herson Capri (Gracindo) e Leandro Luna (Cadú/Emma Bovary). Assistente de direção e produção: Rodrigo Frampton. Iluminador e operador de luz e som: Cleber Eli. Contrarregragem e camarim: Renato Valente. Foto: Caio Gallucci. Caracterização: Brechó Minha Avó Tinha. Visagista: Márcio Merighi. Designer Gráfico: Luciano Angelotti. Vídeo: Otávio Pacheco e Douglas B. Silva. Produtora de vídeo: Trapézio Produções Culturais. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produtores: Leandro Luna e Priscilla Squeff. Produção: VIVA Cultural e Luna Produções Artísticas. Realização: Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.


Serviço:
Espetáculo "A Vela" - Temporada on-line
Duração:
60 minutos.
Classificação etária: 14 anos.
Até 10 de dezembro de 2021 - On demand.
Ingressos: R$ 10 (preço popular).
Transmissão: Eventim.


.: Cia Articularte apresenta o espetáculo de sombras "Histórias Pintadas"


Dentro do projeto Biomas Cadentes, as apresentações acontecem de maneira online na página do Facebook da Cia entre os dias 28 de novembro a 8 de dezembro. Foto: Dario Uzam

E se de repente o mundo começar a girar ao contrário? Assim começam as aventuras e desventuras de um moço que vai fazer de tudo para tentar resolver os problemas que estão acontecendo com a natureza que ficou tão irritada. Nessa caminhada pelos seis cantos da terra, o personagem vai se deparar com animais, pessoas diferentes, terras estranhas e seres fantásticos esquecidos. 

Histórias Pintadas, por Dario Uzam:
A ideia de desenvolver uma peça de teatro com o nome Histórias Pintadas surgiu a partir da existência de muitos contos populares ou folclóricos que envolvem onças, conhecidas também como animais misteriosos e surpreendentes. Sob o signo das onças, diversas histórias indígenas e sertanejas já foram criadas e transmitidas oralmente através de várias gerações, envolvendo noções de imaginário, perigo e crendices, entre variadas outras metáforas.

No campo dos contos populares, quase tudo é possível, desde pequenos acontecimentos banais, até eventos de certa forma “milagreiros”, tal é a força desses contos de onças difundidos pelo memorial, dentro de lendas e costumes populares.

Nossa história é narrada por uma onça aos seus pequenos filhotes. A onça conta histórias “pintadas” sobre terras distintas (no caso, biomas), bem como possíveis ações apressadas ou desenfreadas de homens que podem acabar resultando em reações robustas vindas da natureza bruta como respostas.

Contamos de forma teatral para o público infantojuvenil as andanças de um personagem que se chama Moço, que recebe um chamado para cumprir uma trajetória urgente. Tudo começa quando o personagem e o seu querido boi Buriti apostam uma corrida e acabam pisando no rabo de uma onça (mítica ou ancestral). A partir daí, o mundo se ressente, estremece e começa a girar ao contrário. Surgem relâmpagos sem chuva, secas surpreendentes, estiagens inesperadas, além de estouros de barragens, entre outros acidentes, causados por descuidos ou falta de planejamentos. 

O personagem tenta ajudar a consertar o mundo à sua volta e, nas suas andanças, acaba conhecendo mais de perto outras realidades. Assim o Moço se relaciona com pessoas e animais, diante de suas mazelas. E acaba sofrendo uma transformação que lhe traz um novo olhar sobre o convívio com todos os seres e biomas.

Em nossa história teatral, o personagem Moço carrega um Berrante, representando o legado da amizade afetiva entre o animal e o homem. O berrante significa um instrumento sonoro antigo e agregador, com o poder de reunir, organizar, conduzir e agregar. Berrantes podem ser ouvidos até três quilômetros de distância, tal o seu poder de comunicação. É também um instrumento que carrega o signo de permanência e presença no campo, como aliado de uma jornada ou causa de importância.

O personagem Moço pode representar novas tendências e ações, além possibilidades de novas atitudes. E a sonoridade “mágica” do seu berrante que ajuda a consertar as mazelas da terra - pode sugerir novos respiros ou atitudes mais humanas. 

Dentro dos nossos biomas nada está sozinho, tudo está interligado e cada ação pode repercutir na vida ou no sistema de cada animal, planta ou paisagem. E o homem faz parte de tudo isso. A convivência nessa biodiversidade incrível pode estar cheia de surpresas, tanto positivas como negativas.

A natureza se renova a um simples comando consciente representado aqui pelo som do berrante. Em nossa história, pisar no rabo de uma onça tem o significado metafórico de agressão desmedida diante da natureza.

Ficha técnica - "Histórias Pintadas"
Elenco:
Surley Valerio, Tânagra Andria e William Lobo.
Direção e texto: Dario Uzam.
Bonequeiras: Surley Valerio e Thaís Uzan.
Iluminação: Eric Valerio.
Produção: Cia. Articularte – Teatro de Bonecos.
Site: www.articularte.com.br.
Fotos: Dario Uzam.

Transmissão: www.facebook.com/cia.articularte/live_videos/ 
Peça de Teatro de Sombras – Histórias Pintadas (20 minutos). Oficina de Teatro de Sombras (15 minutos).

  • 28 de novembro de 2021 - 17h - 27º Festival de Artes de Itu.
  • 30 de novembro de 21 - 15h - Ceu Pera Marmelo (aniversário e festividades).
  • 1º de dezembro de 2021 - 14h30 - Biblioteca Villa-Lobos - BVL
  • 1º de dezembro de 2021 - 15h30 - Biblioteca São Paulo - BSP.
  • 2 de dezembro de 2021 - 9h30 e 13h30 - Associação Sal da Terra (duas sessões).
  • 2 de dezembro de 2021 - 15h - Atibaia/SP - Secretaria da Cultura.
  • 3 de dezembro de 2021 - 13h30 - Guaraçaí/SP - Escola - Secretaria da Educação.
  • 8 de dezembro de 2021 - 10h e 14h30 - Projeto Quixote - (duas sessões) - Vila Mariana.
  • 9 de dezembro de 2021 - 15h - Americana/SP - Secretaria da Educação e Cultura.
  • 14 de dezembro de 2021 - 15h - Itapira/SP - Secretaria da Cultura.


.: Atração infantil da Bienal do Livro Rio terá espaço inclusivo e imersivo


O Espaço Metamorfoses, patrocinado pela Petrobras Cultural, vai brincar com a imaginação dos pequenos em mundo repleto de mudanças.

Se o maior festival de cultura do país quer estimular, este ano, o debate sobre que “histórias queremos contar a partir de agora”, o espaço infantil da Bienal do Livro do Rio também traz esse mesmo propósito: usar a criatividade para desenhar novos futuros. Batizado de “Espaço Metamorfoses”, a atração foi cui-dadosamente idealizada mesclando diversos aspectos lúdicos e hi-tech para encantar crianças de todas as idades.

Patrocinada pela Petrobras Cultural, a área infantil tem como intuito despertar nos pequenos visitantes e nos pré-adolescentes o interesse pelas histórias, pelos livros e pela natureza. Com curadoria do LERCONECTA, o Espaço Me-tamorfoses convida as crianças e suas famílias a descobrirem nas histórias a potência necessária para reescrever a trajetória do mundo pós-pandemia.

O público presente vai vivenciar experiências sensoriais em ambientes plane-jados, com uma exposição imersiva que traz cenários interativos. O que pro-porcionará a cada visitante a possibilidade de viver uma viagem literária em diversas linguagens, criando conexões com a natureza, o planeta e o futuro. "A metamorfose é um mote cheio de possibilidades. Escolhemos a imagem da borboleta para concretizar o conceito do espaço, pois sabemos que somos seres em constante transformação - assim como as leituras e suas ferramentas", explica Martha Ribas, uma das curadoras.

Alinhado ao momento atual, o espaço infantil seguirá protocolos para preservar o bem-estar dos visitantes. Haverá controle de entrada do número de crianças e visita guiada especial para os pequenos com deficiência visual. O agendamento deve ser feito pelo e-mail visitaguiada@glbr.com.br. A visita-ção guiada será de segunda a sexta-feira, às 8h30; e sábado e domingo, às 9h30 – recebendo 15 crianças por dia.

Salas coloridas e tecnológicas
O espaço infantil é composto por 4 salas principais. A primeira apresenta a exposição interativa "Leitura em metamorfose", com os imperativos: "Entre", "Fale", "Brinque", "Ouça", "Leia" e "Jogue". Casulos sensoriais de alturas distintas são disponibilizados para as crianças trabalharem os sentidos nesse desafio imersivo.

"Nos últimos anos, tanto as crianças quanto os adultos estão carentes de espaços mais lúdicos. Então, no fundo, o Metamorfoses é para todas as idades. Sabemos que dia de semana o fluxo de visitações escolares é maior, e no fim de semana recebemos mais famílias", comenta a curadora Rona Hanning.

A sala "Somos todos natureza" traz painéis de LED coloridos com imagens da natureza e folhas caindo em tempo real. Já a sala "Ainda Há Tempo" propõe imaginação, leitura, metamorfose, diálogo e aventuras. A ideia é sugerir que o tempo também está nas mãos dos pequenos e que eles são fundamentais nessa transformação.

O último ambiente é a sala "Inspirar para Mudar", que exibirá um vídeo em formato de livro, apresentando da dupla de artistas Mundo Aflora com depoimentos sobre a importância da criatividade, da literatura, da arte e da imaginação. O filme, que também estará disponível no site do festival, intercala músicas, imagens da natureza e entrevistas de autores prestigiados.

Para deixar registrada a experiência que é participar de um evento que "dá asas às crianças", as crianças poderão tirar fotos em um painel de borboleta, localizado na saída do Metamorfoses. Além da fotografia, 60 mil revistinhas com atividades serão distribuídas para os pequenos que visitaram o espaço.

"Queremos desmistificar que a educação não pode caminhar de mãos dadas com o entretenimento. Criamos uma área sedutora para os olhos e com efeitos visuais contemporâneos como táticas de aproximar as crianças da leitura. Ao formar leitores na contemporaneidade, não dá para se afastar das tendências de leituras por meio das telas", defende a curadora Carolina Sanches.

"Depois de um período tão desafiador, a nossa comemoração de 20 edições precisaria ser inesquecível, ratificando o propósito de transformar o país através da leitura e com toda a responsabilidade que o momento exige. Estamos entregando um festival ainda mais plural, aproveitando o reencontro para enri-quecer nossos olhares, trocas e reflexões com muita cultura e estímulo à imaginação", afirma Tatiana Zaccaro, diretora da GL events, responsável pela Bienal.

A Bienal acontece de 3 a 12 de dezembro, no Riocentro, na Barra da Tijuca, e os ingressos já estão à venda no site do evento. O festival é realizado pela multinacional francesa GL events, uma das líderes mundiais no mercado de eventos, e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), que há 80 anos representa a classe editorial no país.


sábado, 27 de novembro de 2021

.: Crítica: "Casa Gucci" é filmaço de ritmo frenético e elenco estelar


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em novembro de 2021


Gucci é uma grife italiana fundada em 1921 e, claro, ao longo desses 100 anos foi envolvida em muitas histórias -nem todas positivas. Logo, a mais macabra delas é a representada em 2h 38min, no longa dirigido por Ridley Scott, "Casa Gucci", em cartaz no Cineflix. 

Nesse recorte acompanhamos a história do casal Patrizia Reggiani e Maurizio Gucci, entre 1970 a 1990, que termina nos registros policiais e, fatalmente, respingando na marca da família, fundada por Guccio Gucci. Contudo, a relação conturbada, não se restringe ao casal, mas entre os que construíram uma marca gigante.

Assistir a adaptação da história de grandes nomes da moda é sempre uma chance de dar fim a certas curiosidades ou entender como fatalidades aconteceram. Seja no formato seriado, como foi para Versace, em "American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace", ou, no caso de "Casa Gucci", nos cinemas.

A produção que apresenta uma trama cheia de caminhos surpreedentes tem um ritmo, por vezes, frenético. Além de um elenco com grandes nomes para os personagens importantes, como por exemplo, Lady Gaga interpretando Patrizia Reggiani, quem faz a história acontecer e deixa tudo de pernas para o ar. Ela é o personagem agente da trama que assume o protagonismo descaradamente.

Maurizio Gucci (Adam Driver), filho de Rodolfo Gucci (Jeremy Irons) leva uma vida comum, até o fim da primeira página, pois embora ande pela cidade de lambreta, vive sendo observado por um segurança do pai. Claro! Ele é um herdeiro Gucci. E, sim, do personagem o que se vê na telona é uma apatia marcante. Um cara chato, até esbarrar em Patrizia -ou ela perseguí-lo e forçar uma aproximação que deu justamente no casamento deles.

Patrizia entra para a família, pois numa briga com o pai, Maurizio dá uma -mais ou menos- de São Francisco de Assis e abandona a riqueza. Assim, ele passa a viver na humilde casa dos Reggiani e ajuda a cuidar dos caminhões do pai da moça. E como toda história precisa de um ou vários "mas", em "Casa Gucci", Patrizia e Maurizio recebem uma ligação do tio, Aldo Gucci (Al Pacino). 

É justamente aí que tudo começa a mudar, Patrizia consegue se aproximar do tio Gucci. É assim  que conhecemos o alucinado Paolo Gucci (Jared Leto), primo de Maurizio, numa brincadeira esportiva em família. E não há como deixar de elogiar, o camaleão Jared Leto. Inicialmente, está irreconhecível, além de convencer totalmente no papel de um excêntrico e ignorado pelo pai, Aldo.

Nesse meio tempo de história, já se cria uma barreira com Rodolfo Gucci, homem frio que só se importa com a fortuna da família e, assim como Aldo, ignora o filho e, consequentemente, a esposa dela. Embora, ao saber que Patrizia espera um filho, melhora um pouco no quesito respeito por Maurizio.

A trama que é uma verdadeira cama de gato para Maurizio Gucci acontece de modo ágil, do tipo que não permite distração, nem mesmo uma piscadela e, muito menos, um cochilo do espectador mais dorminhoco que seja. 

"Casa Gucci" é envolvente e traz o melhor dos atores que nele encenam, com espaço para Salma Hayek brilhar no papel de Giuseppina "Pina" Auriemma, personagem que também faz a história acontecer em um ritmo acelerado. A produção de Ridley Scott com roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna tem glamour, amor, ódio, vingança e a dose certa para grande elenco brilhar em cena. Filmaço imperdível!

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


Filme: Casa Gucci (House of Gucci)

Data de lançamento: 25 de novembro de 2021 (Brasil)

Diretor: Ridley Scott

Música: Harry Gregson-Williams

Roteiro: Becky Johnston; Roberto Bentivegna

Distribuição: United Artists (Estados Unidos); Universal Pictures (Internacional)

Companhia(s) produtora(s): Metro-Goldwyn-Mayer; Bron Creative; Scott Free Productions

.: Entrevista exclusiva: Maurício Barros apresenta trabalho solo em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Quarenta anos depois de ter fundado o Barão Vermelho, Maurício Barros decidiu mostrar um trabalho solo, que será desenvolvido em paralelo ao da banda. Trata-se do álbum “Não Tá Fácil Prá Ninguém”, que tem parcerias com o pernambucano Otto (na faixa "Abra Essa Porta", o single de divulgação), Arnaldo Antunes (na faixa "Zanzando"), Fausto Fawcett ("Alô, Alô, Humanidade") e Dadi Carvalho ("Como Você Está?"), entre outros. Em entrevista para o Resenhando.com, Maurício conta como foi o seu início no Barão Vermelho e revela como gosta de trabalhar com música. “Sou daqueles que saem do estúdio à noite e, quando chega em casa, ainda ouve novamente o que foi feito”.


Resenhando - Você e o Guto Goffi são apontados como os reais fundadores do Barão. Quais lembranças você tem desse início da banda?
Maurício Barros -
Eu e o Guto estudávamos juntos e ficamos amigos. Tempos depois decidimos montar uma banda e começamos a procurar músicos. Chamei o Dé, um amigo nosso indicou o Frejat e o Guto chamou o Léo Jaime, que não topou, mas indicou o Cazuza. Éramos muito novos. Os ensaios eram na sala da minha casa. Passávamos as tardes tocando. Um bando de garotos. Eu tinha 17 anos, o Dé tinha 16. Cazuza tinha alguns anos a mais, mas também era bem jovem, contrastando com a maturidade de suas letras, como “Down em Mim” e “Todo Amor que Houver Nessa Vida”, que são do nosso primeiro disco, lançado em 1982. Lembro do Cazuza mexendo nas letras e escrevendo deitado no chão. A rapaziada na rua ficava dançando ao som das nossas músicas.


Você chegou a sair da banda no final dos anos 80 para fundar o Buana 4, que emplacou até música em novela da Rede Globo. Por que esse projeto não seguiu adiante?
Maurício Barros -
Pois é, a música “Eu Só Quero Ser Feliz”, foi tema de abertura da novela “Top Model”. Eu cantava e tocava teclados. Era bacana. Gravamos um disco pela EMI-Odeon. Teve clipe no Fantástico e fizemos uma temporada no Teatro Ipanema onde o Barão havia lançado o segundo álbum. Iniciamos a turnê pelo Sul do país e quando chegamos em Porto Alegre, estava todo mundo atordoado, pois o Plano Collor estava sendo anunciado na televisão. Isso afetou bastante o mercado de shows naquele primeiro momento, especialmente para uma banda que estava começando. Depois ficamos sem gravadora e fui convidado a participar da turnê de 10 anos do Barão. Tempos depois o Buana acabou.


A canção "Abra Essa Porta" é o primeiro single desse trabalho solo. Na sua opinião, o que difere esse seu trabalho solo do Barão?
Maurício Barros - Produzi discos do Frejat e o mais recente do Barão Vermelho. Sou autor de alguns sucessos do grupo, como “Por Você” e “Puro Êxtase”, entre outras. “Abra Essa Porta”, e todo o meu álbum, é algo mais pessoal. Sempre achei que essas músicas deveriam ser interpretadas por mim e com uma sonoridade diferente da banda.


Como tecladista, quais foram suas influências principais?
Mauricio Barros -
Rick Wakeman e os tecladistas de rock progressivo, Arnaldo Baptista, Elton John, Jon Lord, Mu Carvalho, Nicky Hopkins, os pianistas de blues/rock’n’roll e Brian Eno, só para citar alguns exemplos.


Como é que atua o Maurício Barros produtor?
Maurício Barros -
Participo da escolha do repertório, o melhor tom e arranjo. Presto atenção nas letras. No estúdio, sempre que possível, procuro trabalhar com técnicos que eu conheça, para não perder tempo. Gosto do Pro Tools e de plug-ins em geral. Faço uso da tecnologia disponível, mas acho fundamental uma boa interpretação, seja do cantor ou instrumentista. Sou daqueles que saem do estúdio à noite e, quando chega em casa, ainda ouve novamente o que foi feito. Participo da mixagem e fico atento aos detalhes.


Ainda no single "Abra Essa Porta", você mostra um bom potencial como intérprete. Foi difícil encarar o vocal principal ou o processo se deu naturalmente?
Maurício Barros -
Eu já cantava no Buana 4. Também cantava algumas músicas nos shows da Midnight Blues Band e cantei em duas músicas no disco “Viva” do Barão. Portanto, acho que foi natural. Gosto de cantar. Fiz aulas de canto há alguns anos atrás. Por ser autor das músicas, fico mais à vontade pra cantar.


Quais são os seus planos?
Mauricio Barros -
Quero mostrar o meu som. O trabalho de divulgação está sendo feito. Gravei um clipe e vou colocar vários conteúdos no meu canal do YouTube para quem quiser saber mais sobre o álbum. Em 2022, estarei com o Barão na turnê comemorativa de 40 anos do primeiro disco. Mas, eventualmente, posso fazer alguns shows do meu trabalho solo. Tenho várias músicas que não entraram no álbum. Por isso, a ideia é dar seguimento ao meu trabalho em paralelo ao do Barão Vermelho.


Maurício Barros - "Abra Essa Porta" [feat. Otto]



.: Crítica: "Sem Palavras" é o idioma como instrumento de contestação


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando. Fotos: Nana Moraes.

Espetáculo que abriu a edição 2021 da Ocupação Mirada, "Sem Palavras", da Companhia Brasileira de Teatro, é, de fato, uma celebração. Apresentado no palco do Sesc Santos dentro da programação de espetáculos presenciais, "Sem Palavras" é anárquico e combativo ao mesmo tempo. Ao longo de várias esquetes que, de alguma maneira, são conectadas à realidade das pessoas que assistem, a peça teatral escancara o Brasil de hoje.

Todos os atores de "Sem Palavras", espetáculo de autoria de Marcio Abreu, tem o seu momento de brilhar. Na estreia do espetáculo em território brasileiro, depois de passar por festivais internacionais na França e Alemanha, duas figuras atraíram todos os olhares: as travestis de cabelos cor-de-rosa e loiro que, dizem, são irmãs. Gêmeas. Livres, leves, soltas, muitas vezes nuas e combativas ao longo de scarpins rosa-metálicos e botas de cano alto. São puro poder em um país que mata a comunidade LGBTQIAP+ só por serem quem são.

No espetáculo figuram todos os tipos, que vão de Jem e as Hologramas a homens frustrados com a próprias vidas e descontando a tristeza em tudo e em todos. Não é, de fato, o que acontece? O teatro do Sesc Santos, lotado, marcou a reabertura do Festival, que ano passado foi impedido de ser realizado por conta das complicações da covid-19 ao redor do mundo. Isso foi de alguma maneira uma celebração à vida, um abraço à arte, as pessoas voltando à vida normal. 

Não se pode deixar que pensar que o espetáculo "Sem Palavras" homenageia a língua portuguesa. À palavra, à pronúncia, à beleza do idioma e, com isso, não se furta a lançar mão de nudez, gritos, danças e exemplos de vida na prática. A palavra e o idioma como ofício e instrumento de contestação. A anarquia como estratégia de recomeço. Ou há algo mais disruptivo e contra o sistema e o status quo como uma travesti, de escarpin rosa metálico, recebendo, nua, os aplausos do público no final do espetáculo? 


.: "Aprendi com meu pai a não ter medo de errar", diz André Abujamra


Apresentado por Marcelo Tas, o programa inédito vai ao ar nesta terça-feira, dia 30, na TV Cultura. Foto: Julia Rugai

Nesta terça-feira, dia 30, Marcelo Tas conversa no #Provoca com o compositor, cantor, multi-instrumentista, ator e diretor André Abujamra. Filho do provocador Antônio Abujamra, que comandou o programa "Provocações" por 15 anos, André conta sobre a relação com o pai, diz que aprendeu a tocar antes de falar e comenta sobre não ter medo de errar, a morte de Marília Mendonça e a indicação ao Grammy Latino. Vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h

O compositor comenta que teve sorte de ser filho do inspirador Abu. "As frases que eu mais ouvi do meu pai desde pequenininho, com três anos, era: a vida é sua, estrague-a como quiser, enforque-se na corda da liberdade (...) uma coisa que meu pai me ensinou e eu aprendi direitinho, assim como meu irmão mesmo ele não sendo artista, era não ter medo de errar (...) e eu gosto de inventar a loucura, tinha uma banda de dois integrantes, vamos dar um tempo, a próxima banda vai ter 35", conta.

Ainda sobre o pai, ele diz: "O papai trabalhava demais, mas ele fazia, por exemplo, o Dia do Rei. Uma vez por ano, a gente acordava e ele falava hoje é o Dia do Rei. Tudo o que a gente pedia, ele fazia. Parque de diversão, sorvete. Eu me lembro de uma cena, que depois de ir ao Playcenter, jogar videogame, falamos que queríamos comer macarrão no Bexiga e eu caí com a cabeça no prato".

Por fim, o muti-instrumentista comenta que aprendeu a tocar antes de falar, e que quando ouve uma orquestra escuta tudo separado. Sobre a morte de Marília Mendonça, ele diz: "fiquei muito mal por não conhecer o trabalho da artista popular, se eu não conhecia essa menina, ninguém me conhece", afirma.

.: Grátis: Teatro da Conspiração conta a história trágica de 50 órfãos

Teatro da Conspiração traz espetáculo que se inspira em história trágica de 50 órfãos do Brasil dos anos 30 e 40. Foto: Arô Ribeiro


A montagem faz uma reflexão sobre uma história tenebrosa do Brasil envolvendo a trajetória real de 50 meninos órfãos e o uso de trabalhos forçados em fazendas de membros da Ação Integralista do Brasil. Com uma dramaturgia poética, o espetáculo é centrado no trabalho do elenco utilizando elementos do teatro dança, cantos de trabalho e canções tradicionais infantis.

Com uma proposta que busca refletir questões da sociedade brasileira,  o Teatro da Conspiração apresenta seu novo espetáculo: Tão Somente Meninos. As apresentações acontecem de forma online e gratuita nos dias 25, 26, 27 e 28 de novembro, e 2, 3, 4, 5, 10 e 11 de dezembro. Sempre 20h. Os ingressos podem ser reservados pelo Sympla. A montagem faz uma reflexão sobre uma história tenebrosa do Brasil envolvendo a trajetória real de 50 meninos órfãos e o uso de trabalhos forçados em fazendas de membros da Ação Integralista Brasileira. A dramaturgia é de Solange Dias e a direção é de Cássio Castelan. No elenco, estão Alessandra Moreira, Dudu Oliveira, Edi Cardoso e Márcio Ribeiro.

A trama traz um encontro de 50 “meninos velhos” em volta de um poço, onde história, desejos, medos e sonhos dessas vidas são colocados à tona. Para a criação da dramaturgia, o coletivo se inspirou na tese de doutorado Educação, Autoritarismo e Eugenia: Exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-45)”, defendida em 2011 pelo professor e historiador Sidney Aguilar Filho na Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, baseada na investigação de farta documentação e entrevistas com pessoas que tiveram envolvimento direto ou indireto com o episódio dos meninos, inclusive três sobreviventes, que na época da pesquisa, estavam beirando os 90 anos de idade.

“Os meninos simplesmente não tinham nome, eram chamados por números e sofreram um processo de desumanização. No espetáculo criamos um encontro ficcional e mágico entre eles e fizemos questão de resgatar seus nomes: Miro, Zequinha, Zico e Olímpio representam a vida dos 50 órfãos, trazendo uma reflexão sobre suas dores, permeando momentos poéticos e lúdicos. Apesar de ser algo que ocorreu entre as décadas de 30 e 40 do século passado, a trama é uma luz ao que acontece atualmente no Brasil com os discursos de meritocracia, de desqualificação da vida, racismo e autoritarismo”, conta Solange Dias.

A história de 50 meninos órfãos é real: eles tinham de nove a onze anos e a maioria negros. Todos foram retirados do Educandário Romão de Mattos Duarte (Rio de Janeiro), sob a guarda do Juizado de Menores do Distrito Federal, e levados para uma propriedade privada em Campina do Monte Alegre(São Paulo). Por uma década, essas crianças foram submetidas, sem nenhuma remuneração, nem estudo, a uma condição sub-humana em longas jornadas de trabalho agrícola e pecuário , em fazendas de membros da Ação Integralista Brasileira, um movimento político brasileiro ultranacionalista, conservador e tradicionalista católico de extrema-direita, inspirado no fascismo italiano e no nazismo alemão.

Com uma dramaturgia poética, a peça conta com quatro intérpretes que narram as histórias de seus personagens, variando entre os tempos de infância e da velhice. O cenário traz poucos elementos e vai para uma linha não-realista, onírica, ao simbolizar um poço, espaço em que muitos dos órfãos eram colocados de castigo como forma de punição.

O espetáculo é centrado no trabalho do elenco utilizando elementos do teatro dança e partituras de ação. A música também tem papel importante ao mostrar as camadas dos personagens a partir de canções tradicionais infantis e cantos de trabalho que ditando o ritmo árduo do dia a dia.

Para a criação do espetáculo, foram utilizadas também outras referências. “Nos inspiramos em várias fontes da realidade brasileira, de uma sociedade que subjuga os corpos na exploração do trabalho, em uma época em que ainda temos notícias de trabalhos em situação de semiescravidão. O sistema de opressão e as questões históricas estão em evidência na montagem, em que arte nos faz olhar e refletir sobre as nossas feridas”, enfatiza a dramaturga.

As transmissões são feitas em parceria com Oficina de Atores Nilton Travesso, Cia do Nó (Santo André), Cia. Do Flores (São Bernardo do Campo), Cia. Feijamkarroz (Ribeirão Pires), Cia. Quartum Crescente e Cia. Cordelística (Mauá), e Estação Cultura de São Caetano do Sul.

Teatro da Conspiração

O Teatro da Conspiração, ao longo de seus 20 anos de existência, vem se consolidando como um coletivo na busca de um rigor técnico do trabalho do intérprete e da construção da cena, além do aprimoramento da escrita de dramaturgias inéditas em produções de diferentes formatos e estéticas.

Em seu repertório investigam-se diversas temáticas, entre elas, a história recente do país em Geração 80 (2002) e Tito - É melhor morrer do que perder a vida (2007), questões sociopolíticas em Cantos Periféricos (2003), o infantil A Princesa e a Costureira (2016) e o juvenil Os Livros de Jonas (2018).


FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Solange Dias. Direção: Cássio Castelan. Elenco: Alessandra Moreira, Dudu Oliveira, Edi Cardoso e Márcio Ribeiro. Direção Musical: Letícia Góes. Direção de Movimento: André Pastore. Cenários e Figurinos: Guto Togniazzolo. Iluminação: Mauro Martorelli. Operação de luz: Dida Genofre. Operação de som: Carolina Gracindo.  Produção audiovisual: Rolo B. Cine. Registro em foto: Arô Ribeiro e Léo Xymox. Arte Gráfica: Pedro Penafiel. Produção: Maju Tóffuli. Assessoria de Imprensa e Redes Sociais: Renato Fernandes. Parceria: Oficina de Atores Nilton Travesso, Cia. do Nó, Cia. Quartum Crescente, Cia. Cordelística, Cia. Feijamkarroz, Estação Cultura de São Caetano do Sul.


 SERVIÇO

Tão Somente Meninos

Classificação: 14 Anos. Duração: 80 Minutos

Transmissão Online nos dias: 25, 26, 27 e 28 de novembro. E 2, 3, 4, 5, 10 e 11 de dezembro. Sempre 20h

GRÁTIS Reservas em: https://sympla.com/teatrodaconspiracao


← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.