sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

.: Entrevista com Darlan Cunha, ator da série "Cidade dos Homens"

"Quero continuar sendo ator, mas acho que o ator deve ter mais de uma profissão" - Darlan Cunha

Por: Eduardo Caetano
Em dezembro de 2005




Segunda-feira, 14 de novembro de 2005. Feriado prolongado. Cinco e dez da tarde. Depois de diversas tentativas, finalmente consigo entrevistar o ator Darlan Cunha, que está no horário nobre da Globo, às sextas-feiras, vivendo mais uma vez o jovem Laranjinha, na quarta temporada da série Cidade dos Homens. Apesar de entrevistá-lo por telefone (moro em Santos e ele no Rio de Janeiro), para mim, este momento tem um sabor especial. Não só por ser fã de Cidade dos Homens e do trabalho dele desde quando a série estreou em 2002, mas por estar a três meses "correndo atrás" desta entrevista e pela oportunidade que tive de conhecê-lo pessoalmente.

Quando estive fazendo um curso no Rio, em agosto, consegui descobrir a escola em que Darlan estudava e fui até lá fazer plantão na portaria. Darlan está no segundo ano do Ensino Médio. Nos conhecemos ali, na saída da escola. Na ocasião, pude constatar o que já deduzia por acompanhar sua trajetória em algumas entrevistas: Darlan é simples, simpático, “tranqüilão” como costuma se definir. Antes desse encontro nosso único contato foi virtual, ele havia me aceito como amigo no orkut.

Naquela oportunidade, Darlan me apresentou Douglas Silva, falante, extrovertido. Eles me passaram os contatos da Produtora O2, responsável pela produção da série e da carreira dos jovens. Fui até lá mais tarde, mas não pude fazer a entrevista por uma questão contratual. Tiramos fotos.

E eu fiquei no aguardo da liberação para poder entrevistá-los. O tempo passou. Um, dois, quase três meses. Agora, com a série no ar, os atores estão livres para entrevistas. Novamente liguei na O2 e obtive os telefones da dupla. Como já combinei com Douglas, em breve, o meu próximo entrevistado. Quanto a Darlan, foi muito receptivo. Assim como sua namorada Camila, que me atendeu numa das diversas ligações que fiz até encontrá-lo, e sua mãe dona Márcia, que muito me ajudou nesta empreitada com sua paciência em me atender todas as vezes e marcar o horário para a entrevista.

O sucesso continua sendo estrondoso. Até ano passado a série foi assistida por 35 milhões de pessoas no Brasil. Este ano começou a ser exibida na França em Português e em Francês. O último dos cinco episódios desta temporada é assinado e dirigido por Regina Casé e vai ao ar no dia 16 de dezembro.

Mas, afinal, quem é Darlan Cunha? Nascido e criado na periferia de um grande centro urbano de um país no qual o abismo social é absurdo. Negro, numa sociedade na qual o racismo é velado, pode-se dizer que, aos dezessete anos, Darlan Cunha é um vencedor. Um dia, em sua vida de criança moradora de uma favela no Morro Chapéu Mangueira, teve a chance de participar de um grupo de teatro. Darlan e sua família souberam agarrar esta oportunidade, que permitiu que tivesse um destino diferente de tantos outros garotos que faziam parte do mesmo universo que o seu.


Hoje, muita coisa mudou em sua vida. Darlan tem consciência da projeção que tomou seu trabalho, mas sabe também que o artista tem que ser completo. Pensa em fazer cursos no exterior, quer fazer faculdade de Cinema, aprender fotografia, compor e cantar RAP, voltar ao teatro, fazer novela. Saindo da adolescência, ingressando na vida adulta, Darlan tem várias oportunidades de escolhas pela frente, mas uma coisa é certa, pretende continuar no meio artístico. “Quero continuar sendo ator, mas acho que o ator deve ter mais de uma profissão”, considera.

Antes de qualquer coisa, conversar com Darlan é divertido e surpreendente. Quando me preparava para uma grande resposta, imaginando que tinha formulado a melhor das perguntas, ele era monossilábico e respondia: “Ahã!”. Já quando era despretensioso, ele desatava a falar com seu carregado sotaque carioca e conversamos como se fôssemos amigos de longa data. Confira esta entrevista!



RESENHANDO - Darlan, “Cidade dos Homens” está sendo um sucesso mais uma vez. Esta é a quarta e última temporada da série. Como está o clima entre a equipe?
DARLAN - Bom, é um clima de despedida mesmo. A gente está um pouco triste por estar encerrando este trabalho, mas muito feliz porque ano que vem tem o longa, né? E a gente vai batalhar também para ser um sucesso: “Cidade dos Homens – O Filme”.


RESENHANDO - Sempre achei que o trabalho de vocês, e esta proposta de discutir a realidade na ficção, são muito bons. Percebi também que há uma melhora a cada ano na produção, nos temas abordados... Há essa preocupação em fazer cada vez melhor?
DARLAN - Ahã!


RESENHANDO -  Quando você está filmando “Cidade dos Homens”, como fica a tua rotina?
DARLAN - É muito puxado. A equipe me pega em casa às cinco da manhã e a gente vai até às cinco da tarde. Isso acontece porque muitas vezes o plano de filmagens é decidido na hora. Aí eu chego em casa e só como alguma coisa e logo durmo.


RESENHANDO - E você fica afastado da escola.
DARLAN - Nessa época a gente que está filmando fica com professores particulares.


RESENHANDO - E longe do período de gravações como é o teu cotidiano?
DARLAN - Eu sou tranqüilão! 


RESENHANDO - O que você costuma fazer?
DARLAN - Ah, eu estudo de manhã, namoro, vou à praia, jogo videogame, saio com meu cachorro... Antes eu praticava uma porção de esportes. Surfava direto, fazia natação e jiu-jitsu. Só que aí eu me mudei de casa e ficou longe para mim, né? Mas eu quero ver se volto a treinar, fazer essas coisas.



RESENHANDO - Como foi o começo da sua carreira? 
DARLAN - Eu tinha nove anos quando uma vizinha nossa da época comentou sobre um grupo de teatro lá da comunidade, do Ernesto Piccolo. Aí eu fui, meio assim de brincadeira. Só que aí eu fui gostando e continuei. Aí fiz minha primeira peça, que foi um musical. Depois veio a segunda peça e quando chegou a vez da terceira o José Celso (do grupo Nós do Morro) assistiu e gostou de mim e me convidou para fazer um teste para o filme Cidade de Deus. 


RESENHANDO - E o que mudou e o que se manteve na sua vida depois da fama? 
DARLAN - Bem, agora eu estudo em escola particular e pude dar uma vida melhor a minha família. A gente morava no Morro da Mangueira, agora estamos num apartamento no Vidigal. 


RESENHANDO - Você sofreu algum tipo de preconceito depois que ficou famoso por parte de pessoas que faziam parte da tua vida antes do sucesso?
DARLAN - Eu sou nascido e criado no morro e escuto muita história. Tem sempre um ou outro que não gosta de você, algumas pessoas que acham que você tem que “babar o ovo” delas. Mas quando “neguinho” vem e fica falando besteira eu deixo pra lá, nestas horas tem que ter cabeça de vento. A gente muda com as pessoas e as pessoas mudam com a gente, é normal. Mas continuo tendo contato com a comunidade, tenho amigos lá. 


RESENHANDO - Eu vi uma entrevista do Douglas Silva na qual ele comenta que pretende continuar como ator, mas gostaria de fazer faculdade de Direito. Você pretende continuar no meio artístico?
DARLAN - O Douglas cada semana quer ser alguma coisa diferente. (risos!) Uma hora quer fazer Direito, outra quer seguir na Carreira Militar, depois muda de idéia. Se deixar quer ser até Presidente. E eu acho que ele tem competência para tudo isso. Eu quero continuar sendo Ator, mas acho que o Ator deve ter mais de uma profissão. Eu vou cursar faculdade de Cinema. Também vou fazer um curso de Fotografia.


RESENHANDO -  Você pretende prestar o vestibular assim que concluir o Ensino Médio?
DARLAN - Não. Eu estou no segundo ano porque faço aniversário em julho. Eu penso em fazer uns cursos no exterior e depois fazer minha faculdade de Cinema.


RESENHANDO -  Você também é muito ligado ao RAP, tem algum plano nesse sentido?
DARLAN - Eu já escrevi algumas letras, penso em produzir um CD. Quem sabe até cantar...


RESENHANDO -  E fazer novela não faz parte dos teus planos?
DARLAN - Dos meus sim, né? (risos!) Só que nunca me chamaram. A Regina (Casé) fala que eu tenho que ser galã de novela.


RESENHANDO - E você acha que não é possível?
DARLAN - Eu nunca vi galã preto. Ainda existe muito racismo. Mas se a Regina disse, quem sabe ela não tem algum plano para mim?


RESENHANDO - A Regina Casé compõe a equipe de roteiristas e diretores de “Cidade dos Homens” e é mãe da sua ex-namorada. Como é a sua relação com ela? 
DARLAN - Ah... A Regina já é totalmente da minha família. É minha segunda mãe. Ela se preocupa muito comigo, quer saber se eu estou bem, essas coisas. Foi ela que apresentou os antigos donos do apartamento que eu moro agora. Ela é uma pessoa muito sincera e muito autoritária também. Ela vai começar a empresariar a gente, o Douglas e eu.



RESENHANDO -  No making off do filme Meu tio matou um cara o diretor Jorge Furtado comenta que você perguntou para ele se o teu personagem, o Duca, olharia para o corpo da Soraia (Déborah Secco), que estava de biquíni. Você tem esse tipo de preocupação sobre o que o personagem vai fazer?
DARLAN - Tento imaginar o que eu faria se estivesse naquela situação. Leio bastante o roteiro, cem vezes se precisar, para entender o texto e imaginar o que faria, não para decorar as falas. É menos preocupante.


RESENHANDO -  Você tem alguma técnica para compor seus personagens?
DARLAN - Eu faço assim: se o personagem fala pouco e observa mais, eu tento ir exercitando isso aqui em casa. Se for um personagem chorão, eu procuro me emocionar mais com as coisas. Se for chato, eu fico perturbando minha mãe. Todo mundo aqui em casa sofre com meus personagens.


RESENHANDO - Você faz uma espécie de laboratório com sua família?
DARLAN - É.


RESENHANDO -  E como foi fazer o Duca de Meu tio matou um cara?
DARLAN - Foi muito bom, uma experiência diferente. Eu não imaginava fazer um garoto de classe média.


RESENHANDO -  Você tem medo de se viciar ou ficar rotulado em fazer só um tipo de personagem, por exemplo o Laranjinha?
DARLAN - Bem no comecinho eu tinha. O Duca foi importante para eu ver que não preciso ter esse medo. A Regina me aconselhou sobre isso também.



RESENHANDO - E como foi o encontro que você e o Douglas tiveram com o Presidente Lula?
DARLAN - Na segunda temporada, em 2003, teve um episódio que Laranjinha e Acerola iam até o Gabinete do Presidente. Só que aí ele não podia gravar para a série. Quando passou na televisão, ele se interessou pelo nosso trabalho e quis receber a gente lá. Ele recebeu "super" bem e deu um globo terrestre de mármore com pedras para a gente.


RESENHANDO - Você também foi tema de um documentário há dois anos, né?
DARLAN - É. O Douglas e eu fomos tema do Nós no Set, um curta-metragem com quase meia hora feito pelo pessoal do Nós do Cinema. Entrou no making off do DVD da segunda temporada. Foi uma homenagem. Mostra a gente surfando, mostra as nossas casas...


RESENHANDO - Darlan, como é a tua relação com o público e com a imprensa? Você gosta de ser celebridade?
DARLAN - De vez em quando me param, perguntam da série, pedem autógrafo. Eu costumo andar de táxi, às vezes pego ônibus e as pessoas reconhecem e vem conversar. Mas já teve eventos que as pessoas não me deixavam nem comer porque queriam autógrafos. Aí, por educação, eu dei, né?... Com a imprensa é tranqüilo. Os repórteres me ligam para marcar entrevistas. Até gosto de me sentir celebridade, mas a minha vida é comum, ninguém tira foto de mim na rua, na praia, essas coisas.


RESENHANDO - Darlan, tem algum recado que queira deixar para quem acessar o Resenhando?
DARLAN - Vem aí Cidade dos Homens – O Filme. A gente começa a gravar no início do ano que vem.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

.: Resenha de "Os delírios de consumo de Becky Bloom", Sophie Kinsella

Delírios de gastadora compulsiva são pano de fundo para história de amor 
Por: Helder Moraes Miranda

Em dezembro de 2005


Se você já saiu com objetivo de comprar um chocolate e voltou para casa com um par de botas, leia este livro!


Difícil não se identificar ou conhecer alguém que tenha o perfil da personagem-título do excelente "Os delírios de consumo de Becky Bloom", romance de estréia da escritora Sophie Kinsella, lançado no Brasil pela Editora Record. Materialista, a personagem também acumula características muito interessantes, como por exemplo, atrapalhada, sensível, carinhosa, otimista, boba, equivocada e bondosa: mais humanizada, impossível. 

O primeiro livro da trilogia -depois dele, foram lançados "Becky Bloom - Delírios de Consumo na 5a Avenida" e "As listas de casamento de Becky Bloom"- conta a história de Rebecca Bloom, jornalista especializada no mercado financeiro que é consumidora compulsiva e se enforca em dívidas. Bem ao estilo "faça o que eu digo, não faça o que eu faço", Becky se envolve em inúmeras confusões -enquanto mantém uma coluna para leitores controlarem seus gastos, foge de seu gerente de banco como o diabo da cruz e inventa fórmulas mirabolantes (quase sempre mal-sucedidas) para quitar seus cartões de crédito, e débito. Como se não bastasse, a personagem ainda encontra tempo para se apaixonar pelo sensato Luke Brandon, com quem antipatiza no início do livro pelo fato dele ser o oposto dela, e precisa manter o emprego.

"Rebecca sou eu, minhas irmãs. São todas as minhas amigas que já saíram para comprar um chocolate e voltaram para casa com um par de botas", define a autora. Segundo Kinsella, Becky Bloom representa todos aqueles que já se viram parados diante de uma vitrine e souberam que precisavam comprar aquele momentâneo objeto de desejo.

Atribuído como "leve e engraçado" pelo Daily Mail, o romance tem linguagem fácil, envolvente e é capaz de prender do início ao fim. Para os consumistas de plantão, um exemplar de "Os delírios de consumo de Becky Bloom" pode ser um incentivo para aqueles que pretendem parar de gastar e dar os primeiros passos para iniciar uma caderneta de poupança... Por outro lado, também é um ótimo pretexto para presentear amigos, ou a si próprio.

Livro: Os delírios de consumo de Becky Bloom
Título Original Inglês: The Secret Dreamworld of a Shopaholic
Autora: Sophie Kinsella
432 páginas
Ano: 2004
Tradução: Eliane Fraga
Editora: Record

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

.: Entrevista com Marina Elali, cantora e compositora brasileira

"O mais importante é que todas as cantoras têm uma coisa em comum, o amor pela arte, pela música" - Marina Elali

Por: Helder Moraes Miranda
Em novembro de 2005



Uma das grandes estrelas da MPB da nova geração, Marina de Souza Dantas Elali falou com exclusividade ao Resenhando e, mais importante que isto, respondeu as perguntas de fãs de todo o Brasil. As impressões que ela deixou são as melhores: muito receptiva, expansiva, simpática, talentosa, inteligente, linda e rodeada por uma equipe competente, que facilitou nosso contato com ela.

Marina, que recentemente lançou o primeiro CD com selo da Som Livre que leva o nome dela, demonstrou ser mais que uma cantora, mas também um ser pensante no mundo da música. Não há dúvida que ela está preparada para ser a diva da música da nova geração, em um período de entressafra para o lançamento de grandes cantoras, já que estamos em um período que a maioria das carreiras musicais, seja bandas ou novos nomes, é efêmera.

Pudera, para quem desconhece suas origens, é bom alertar: não é apenas um rostinho bonito, tem conteúdo, bagagem: estudou música no Berklee College of Music, uma das mais conceituadas escolas do mundo, situada nos EUA. Além disso, a moça em questão é neta de José Dantas, mais conhecido como Zédantas, parceiro do rei do baião Luiz Gonzaga e um dos compositores mais importantes da música brasileira, que tem em sua trajetória composições como "A dança da moda", "A volta da asa branca" e "Riacho do navio".

Todo este sucesso não é apenas sorte de principiante: a jovem cantora, que antes de ficar famosa em todo Brasil já tinha fã-clube em Natal, contabiliza cerca de 300 shows e já cantou ao lado de gente de peso, como Nana Caymmi, Gal Costa, Zeca Baleiro e Agnaldo Rayol.

Aos quatro anos, Marina ficou encantada com a música clássica que era tocada durante suas aulas de balé, mas descobriu a música pop ao assistir um vídeo de Madonna. Sua estréia como cantora, porém, aconteceu em sua festa de debutante, quando completava 15 anos. Entre os convidados, estava um produtor musical de Natal, que a convidou para abrir um show do cantor Fagner.

Depois disto, Marina foi estudar música nos Estados Unidos. Em Boston, passou por três anos de aulas de canto e teoria. De volta ao Brasil, participou de programas da Rede Globo, como "A turma do Didi" e a novela "O clone". No cinema, atuou como atriz no filme "Maria, mãe do filho de Deus". A nós, meros mortais, resta dizer: "Canta, potiguar, canta!".

  
RESENHANDO - Como você analisa o cenário da música brasileira atualmente?
MARINA ELALI - Recentemente eu participei da Festa Nacional da Música em Canela- RS, e Fiquei muito feliz ao saber durante um debate, que aproximadamente 76% dos discos vendidos no Brasil são de artistas brasileiros, o que nos mostra que a nossa música está em alta.


RESENHANDO - Ser uma ex-participante de reality show abre ou fecha mais portas? Você já sofreu alguma discriminação em sua carreira por isto? Qual sua concepção sobre o preconceito?
MARINA ELALI - Participar do Fama Três deu mais visibilidade à minha carreira, tornei-me conhecida nacionalmente e muitas portas se abriram. E em relação a discriminação, eu nunca tive nenhum problema. Pelo contrário, só aconteceram coisas boas na minha carreira depois do programa.


RESENHANDO - Você foi uma das poucas ex-participantes de todas as edições do programa Fama que não caiu no ostracismo. Qual o segredo? Pode apontar quais são os erros dos outros participantes, de acordo com seu ponto de vista?
MARINA ELALI - Fazer sucesso, permanecer na mídia, é muito difícil. A carreira artística, na minha opinião, deve ser trabalhada pouco a pouco, com metas, objetivos, Ideais. Acho que não há receita para uma carreira promissora, o cantor precisa ter muita disposição, amor pela música, ter força de vontade e batalhar muito pelo seu ideal. Agrupar tudo isso é difícil e muita gente, mesmo talentosa, acaba abandonando o sonho no meio do caminho. Persistência talvez seja a palavra chave.


RESENHANDO - Algumas pessoas questionam o critério de seleção do FAMA ao afirmar que a maioria dos participantes é "carta marcada" ou entra por indicação de alguém. O que tem a dizer sobre isto?
MARINA ELALI - Acredito que algumas pessoas façam teste e que outras sejam indicadas. As pessoas que participaram comigo do Fama Três são muito talentosas e na minha opinião mereceram participar do programa.


RESENHANDO - Qual lembrança mais marcante que tem de sua participação no Fama? Como eram os bastidores do programa?
MARINA ELALI - Fiquei muito emocionada ao cantar "Atrás da porta", de Chico Buarque, justamente no dia do aniversário dele. Gosto muito dessa música e me entreguei na interpretação. Quanto aos bastidores, como tínhamos atividades durante todo o tempo, não sobrava muito espaço para o lazer, o bate-papo. Quando nos reuníamos para as refeições o momento era de descontração e muito incentivo.


RESENHANDO - Como foi o processo de escolha do repertório de seu primeiro CD?
MARINA ELALI - Na verdade eu passei quase dois anos trabalhando no meu primeiro disco. Em 2003 comecei a escolher o repertório, gravei algumas canções e continuei pesquisando, ouvindo e compondo até o último mês de gravação. Estou muito feliz com o resultado final deste trabalho.


RESENHANDO - Você inseriu no repertório do CD um grande sucesso da cantora Rosana "O amor e o poder", qual a razão?
MARINA ELALI - Essa história é legal. Quando eu estava no Fama Três, uma de minhas apresentações foi com esta música. Quando saí, do Fama as pessoas me paravam na rua para falar que adoraram minha interpretação. Recebi inúmeros e-mails, telefonemas e cartas. Em todos os shows o público falava: - Marina, cante "a deusa". Esta música está no meu CD porque meu público me incentivou a gravá-la e é, sem dúvida, uma das faixas do disco que eu mais gosto.


RESENHANDO - Por ser bonita, você deve ter recebido inúmeros convites para estrelar ensaios sensuais. Alguma revista masculina já lhe convidou para posar nua? Qual a sua opinião sobre o assunto? Você faria um ensaio deste tipo?
MARINA ELALI - Não recebi nenhum convite para estrelar ensaios sensuais. Minha concentração está voltada, única e exclusivamente, para a minha carreira como cantora.


RESENHANDO - Quais cantoras a influenciaram a lutar para seguir a carreira adiante?
MARINA ELALI - Quando eu assisti pela primeira vez ao vídeo da cantora Madonna, tive a certeza absoluta do que eu queria para mim: o palco. Mas eu sou bem eclética, gosto de Zizi Possi a Celine Dion. Em cada artista consigo admirar um potencial. Gosto muito de Mariah Carey, Daniela Mercury, Sade, Alicia Keys, Britney Spears, Christina Aguilera, Ivete Sangalo...


RESENHANDO - Já foi convidada para gravar duetos? Com quem você gostaria de gravar?
MARINA ELALI - Nunca gravei um dueto, mas tive uma experiência maravilhosa no início de minha carreira. Eu estava cantando "Con te partiró', e de repente, Agnaldo Rayol subiu ao palco para cantar comigo. Foi um dueto improvisado, mas muito marcante para mim. Gostaria de gravar com tanta gente... Alexandre Pires, Gabriel o pensador, Jorge Vercilo, Brian Mcknight, Lionel Richie, Sting, George Michael... E por aí vai a lista.


RESENHANDO - Qual a música de seu primeiro CD que você prefere? E se você pudesse escolher, qual seria a canção de trabalho depois de "Mulheres Gostam"? Que música gostaria de interpretar e gravar em seus próximos trabalhos?
MARINA ELALI - Ai, que difícil! Adoro "Vem dançar", "Só por você", "Conselhos", "Vem vem", "Hipnotizar você", que é composição minha com Lincoln Olivetti. Deixa eu parar senão vou acabar colocando as 14 faixas do CD... Paralelamente à música "Mulheres gostam", que estamos trabalhando, "Você", de Roberto e Erasmo Carlos também está com excelente aceitação, até mesmo porque faz parte da trilha sonora da novela América, da Rede Globo, tema do casal Sol e Tião.


RESENHANDO - Pretende lançar DVD? Pode nos adiantar detalhes?
MARINA ELALI - Com certeza. Adorei a experiência de gravar meu primeiro videoclipe. A música, "Mulheres gostam", pedia um cenário sensual e mágico, e assim foi, filmamos tudo em Natal, em várias locações, uma mais bonita do que a outra, foi uma semana inesquecível. Sobre o DVD não posso adiantar detalhes porque na verdade eu ainda não comecei este projeto, mas é um sonho que pretendo realizar o mais rápido possível. Sem falar que os meus fãs já estão me cobrando. Mas acredito que tudo tem seu tempo e acho que agora é o momento de divulgar o meu primeiro disco. Na hora certa, vou lançar meu DVD.


RESENHANDO - Acredita estar preparada para a carreira internacional? Se tivesse que escolher entre a carreira no Brasil ou no exterior, qual seria a opção?
MARINA ELALI - É interessante como várias pessoas já me perguntaram sobre carreira internacional e esta pergunta me deixa feliz, surpresa e um pouco assustada. Confesso que é um grande sonho representar o nosso país em outros países do mundo. Se eu estou preparada? Se um dia surgir uma oportunidade não vou pensar duas vezes, vou encarar como mais um trabalho profissional, vou dar o melhor de mim como eu sempre faço, mas nunca vou deixar de ser uma cantora brasileira.


RESENHANDO - Por ser uma cantora de estilo popular, têm receio de ser rotulada de brega?
MARINA ELALI - Acho que o artista não deve se preocupar com quem não gosta ou critica o trabalho dele, deve se preocupar em ser um bom profissional, deve respeitar seus fãs e ser sincero em tudo que faz.



RESENHANDO - Conhecendo os bastidores, o que pensa atualmente sobre fazer parte do meio artístico? Existe rivalidade?
MARINA ELALI - Estou entrando no meio artístico agora, mas acho que sempre existe um lugar ao sol para todos. Rivalidade ocorre em qualquer profissão.


RESENHANDO - Como é sua relação pessoal com outros cantores e grupos? Com quais bandas e cantores você tem laços de amizade mais estreitos? Rola muito assédio?
MARINA ELALI - Como respondi na pergunta anterior estou começando agora e ainda não conheço muitos artistas. Na Festa Nacional da Música tive a chance de conversar com alguns ídolos meus, e o que me deixou mais feliz foi perceber que estes cantores e músicos que eu sempre fui fã hoje me respeitamcomo cantora. Recebi elogios de Elba Ramalho, por exemplo, não dá nem pra explicar. O assédio às vezes rola, tem que saber lidar, afinal de contas faz parte, né?


RESENHANDO - Durante as turnês, como você lida com a distância da família?
MARINA ELALI - Aos 17 anos, saí de Natal para morar nos Estados Unidos, onde fui estudar música. A saudade que eu sentia de minha família era imensa. Depois, de volta ao Brasil, para seguir a carreira de cantora, fui para o Rio de Janeiro, novamente sozinha. Então, acabei me acostumando com a distância. agora, que lanço meu CD, e que quero rodar o Brasil com meu show, a separação é inevitável, mas sei que meus pais, meu irmão, meus avós queridos e todos os meus familiares saberão compensar este afastamento toda vez que nos encontrarmos. Família na vida da gente é tudo.


RESENHANDO - Quais são seus ídolos na música e quais bandas novas merecem destaque hoje?
MARINA ELALI - Madonna, Mariah Carey, Daniela Mercury, Michael Jackson, Sting, Lionel Richie, Djavan, Zizi Possi, Jennifer Lopez, Britney Spears, Christina Aguilera, Phill Collins, Alicia Keys, Celine Dion, Laura Pausini, Gabriel o Pensador, Sade, Sarah McLachlan. Na verdade ouço mais cantores do que bandas, gosto de Maroon 5.



RESENHANDO - Além de cantar, você pretende investir na dramaturgia? 
MARINA ELALI - Durante quase cinco anos fiz aulas de teatro, sempre gostei da arte de interpretar. E fiz também aulas de atuação no Emmerson College - Boston/EUA. No palco, isso me ajuda. Já participei, cantando, de dois filmes "Didi - o Cupido Trapalhão" e "A Fronteira", e fazendo uma pequena participação em "Maria - a mãe do filho de Deus". Adorei. Também fiz uma participação na novela "O Clone", da Globo. Fui cantar e dançar na fictícia boate Nefertiti. Mas nesse momento estou apenas pensando em minha carreira como cantora, e o palco me dá a oportunidade de atuar, dançar e interpretar ao mesmo tempo.


RESENHANDO - Pode falar sobre sua infância? O que lia e escutava?
MARINA ELALI - Durante a minha infância fiz aulas de ballet, piano, participei de coral, de grupo de teatro, desfilei, estudei outros estilos de dança, fiz tudo que deu tempo. Gostava de ouvir música clássica, e na verdade sempre gostei mais de ouvir do que de ler, portanto me lembro mais dos meus discos do que dos meus livros. Recebi uma bagagem cultural de minha família que foi primordial para meu amadurecimento. Sou neta de Zédantas, que foi o parceiro de Luiz Gonzaga, então, fui criada, desde pequenininha, nesse meio artístico. Embora eu não tenha, infelizmente, conhecido meu avô, minha avó Iolanda sempre fez questão de apresentar-me toda a herança cultural deixada por ele. Por outro lado, meu pai é palestino e fui apresentada à música e à dança árabe ainda muito jovem. Sou apaixonada por ritmos, estilos, e tudo o que toca o meu coração passa a fazer parte de meu repertório, seja para cantar ou somente ouvir.


RESENHANDO - Como foi despertado o gosto pela música?
MARINA ELALI - Ih! Faz tempo. Desde pequenininha eu já demonstrava que seguiria a carreira artística. Aos três anos eu fazia aulas de dança, balé clássico. Depois passei a cantar no coral do colégio, fiz piano clássico e ouvia tudo o que emitia som. Cresci dando valor à música, até mesmo pela forte influência de minha família. Antes de completar 14 anos eu já sabia que minha realização seria o palco, o canto, a voz. Para isso abdiquei de minha juventude em Natal, ao lado da família e dos amigos, e fui estudar música nos Estados Unidos, na Berklee College of Music, de Boston, de onde saí formada.


RESENHANDO - O que diferencia Marina Elali das outras cantoras?
MARINA ELALI - Não existe uma voz igual à outra, uma pessoa igual a outra, e é isso que torna cada ser humano especial, pois ele é único. Sou diferente das outras cantoras porque todas somos diferentes, e o mais importante é que todas as cantoras têm uma coisa em comum, o amor pela arte, pela música.


RESENHANDO - Que conselho você dá para quem está começando a carreira?
MARINA ELALI - A nossa carreira é uma carreira linda, porém cheia de dificuldades, e pra enfrentar o lado bom e o ruim é preciso coragem e amor à arte. Estudo e aprimoramento são quesitos fundamentais. Dedicação, força de vontade, profissionalismo e fé também não podem faltar. Boa sorte!

terça-feira, 1 de novembro de 2005

.: Resenha de "O Esplendor de Portugal", António Lobo Antunes

O real, o imaginário e as lembranças
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em novembro de 2005


A estética da capa de "O Esplendor de Portugal" é bastante simples, apesar da cor bastante chamativa. No entanto, o diferencial deste não está fora, mas sim em seu interior, isto é, o texto do escritor português António Lobo Antunes.

Neste, o 13º romance de Antunes, o belo e o cruel de Angola, África, são retratados de maneira inteligente. Outro ponto interessante é o jogo com o leitor, seja na questão do narrador ou nas disposições de certos trechos da obra.

Com um "Q" de Roberto Drummond, Lobo Antunes inclui em sua história personagens com bastante veracidade e outros pouco ficcionais. A história é de uma família de portugueses, brancos, abastados, que vivem do plantio do algodão em Angola. 

O pai, por azar dos filhos, é um pobre coitado, alcoólatra e completamente fraco. Sua mulher tenta sobreviver, pois seus três filhos são criados em meio a violência do preconceito. Em meio a flashbacks o leitor conhece estes filhos: o primogênito Carlos, bastardo e mestiço, Clarisse, uma mulher completamente mundana e Rui, epiléptico que sempre está internado em um hospício.

Tudo (aparentemente) começa em 24 de dezembro de 1995, da seguinte maneira: "Quando disse que tinha convidado os meus irmãos para passarem a noite de Natal conosco / (estávamos a almoçar na cozinha e viam-se os guindastes e os barcos a seguir aos últimos telhados da Ajuda) / a Lena encheu-me o prato de fumaça, desapareceu na fumaça e enquanto desaparecia a voz embaciou os vidros antes de se sumir também / - Já não vês os teus irmãos há quinze anos".

Um leitura bastante diferente das que muito (para não se dizer, sempre) se vê por aí. Não há como negar o quanto é difícil ler este livro de uma "tacada" só, mas é ainda mais fácil dizer que apesar da dificuldade, o texto e seu contexto são fatores primordiais que seguram e chamam o leitor para dentro da obra, criando rapidamente um vínculo entre leitor e obra. É simplesmente fantástico mergulhar neste universo de lembranças e versões de uma mesma história. Por tanto seja rápido, aproveite e arrisque-se nesta boa leitura!


O autor: António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, em 1942. Licenciou-se em Medicina, exerceu a Psiquiatria e participou da Guerra Colonial de Angola até render-se à literatura e tornar-se escritor aclamado pela crítica. Recebeu diversos prêmios literários conceituados. Desde que publicou seu primeiro romance, Memória de elefante, em 1979, vive da literatura. Entre seus livros mais importantes estão: "Fado alexandrino", "Auto dos danados", "A ordem natural das coisas" e "Manual dos inquisidores".

Livro: O Esplendor de Portugal
Autor: António Lobo Antunes
382 páginas
Editora: Rocco

domingo, 9 de outubro de 2005

.: Resenha de "Rota 66: A História da Polícia Que Mata", Caco Barcellos

A realidade nua e crua (nada de peneiras para tampar o real)
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em outubro de 2005


O que dizer de um jornalista sagaz e que desempenha muito bem a sua profissão? Caco Barcellos dá conta do recado e (re)publica o melhor livro na área de jornalismo: Rota 66: A História da Polícia Que Mata.


Ambientação e uma narração perfeita. "Rota 66: A História da Polícia Que Mata", de Caco Barcellos é definitivamente o melhor livro jornalístico escrito por um brasileiro. Sei que é errado elogiar e perder-se em adjetivos, mas é praticamente impossível não falar positivamente sobre esta obra que tem cada palavra no seu devido lugar.

Para melhor explicar a minha definição incluo aqui o parágrafo inicial do livro, capítulo 1 - A Perseguição. "A Veraneio cinza nunca esteve tão perto. A 200, 300 metros, 15 segundos: a sirene parece o ruído de um monstro enfurecido. Os faróis piscam sem parar. O farolete portátil de 5 mil watts lança luzes no retrovisor de todos os carros à frente. Os motoristas, assustados, abrem caminho com dificuldade por causa do trânsito movimentado nesta madrugada de quarta-feira, no Jardim América. A Veraneio, com manobras bruscas, vai chegando perto, cada vez mais perto dos três homens do Fusca azul. Eles estão na Maestro Chiafarelli e têm à frente uma parede de automóveis à espera do sinal verde para o cruzamento da avenida Brasil".

Muito fala-se que ao conhecer alguém, são os primeiros segundos que definem como será tal relacionamento. Contudo, este livro já no primeiro parágrafo agarra o leitor de tal maneira que o não dá brechas de um afastamento, mesmo que este seja de curto tempo. A narrativa de Barcellos é descritiva, porém sem repetições, apenas reveladora. A cada palavra lida e aprofunda-se na cruel história da polícia e dos bandidos.

A publicação da Editora Record traz a apresentação de Narciso Kalili, datada de 6 de agosto de 1992, a qual diz: "Caco Barcellos é um jornalista que tem lado. Aliás, lado que ele, desde o começo da carreira, no Rio Grande do Sul, nunca escondeu. Um lado que continua o mesmo - o dos mais fracos, o das vítimas". Tendo lido isto, não é difícil perceber qual o rumo de Rota 66.

Este best-seller pode sem dúvida nenhuma ficar ao lado de grandes obras jornalísticas muito conhecidas como por exemplo, "Fama e Anonimato", de Gay Talese e o polêmico "A Sangue Frio", de Truman Capote. Caso entrasse em detalhes da escrita de Caco levaria dias e dias analisando-a, sei que este não é o intuito desta resenha, mas deve-se levar em conta que muitos podem tentar seguir seus passos no rastro, mas seria uma tarefa tão árdua que praticamente impediria a qualquer um, mesmo que este tenha a maior força de vontade de ser o novo Caco Barcellos. No entanto, para começar a engatinhar nesta escrita envolvente nada melhor do que perder-se na leitura de "Rota 66: A História da Polícia Que Mata" e "Abusado: O Dono do Morro Santa Marta". Aproveite e boa leitura!

Livro: Rota 66: A História da Polícia Que Mata
Autor: Caco Barcellos
350 páginas
Editora: Record

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

.: Resenha de "Lira dos Vinte Anos", Álvares de Azevedo

Obra de Azevedo é amor à flor da pele
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em outubro de 2005


Lira dos Vinte Anos: o romantismo da segunda geração em um dos textos encontrados após a morte de Álvares de Azevedo. 


Poesias e mais poesias do mal-do-século (poesias de visão trágica da existência, angústia da solidão, abordagem da morte e melancolia da vida e dos desenganos amorosos) produzidas na maestria do poeta brasileiro Álvares de Azevedo. A editora Paulus, que republicou "Lira dos Vinte Anos", em 2004, adicionou nesta, uma apresentação da obra e vida do autor.

Não há dúvida de que ler e interpretar o lirismo ingênuo e, às vezes, erótico, de Azevedo, é mergulhar no ultra-romantismo que abrangeu as décadas de 1840 a 1850. As 182 poesias denotam um extremo sentimento de saudade, além de exaltação ao amor. Um exemplo é A T..., na página 39, de dezembro, 1851. Neste, já no título há um jogo com o leitor. No corpo da poesia a figura amada é comparada a uma flor e a um anjo. 

Outro ponto que se percebe é o da evolução poética. Inicialmente ele descreve o ser amado e em seguida há "fogo no olhar" e por fim, a loucura de "Beijar-te nos cabelos soluçando / E no teu seio ser feliz morrendo!".

As poesias de Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo ora trazem um sentimento de amor e desejos, ora fúnebres e alegres, ora misterioso e envolvente, ora enlouquecedores e sensuais, ora oníricos e aparentemente reais e ora a junção de todas estas classificações. 


A T... 
Álvares de Azevedo


No amor basta uma noite para fazer de um homem um Deus. - PROPÉRCIO

Amoroso palor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos, 
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra... 
Quanto sofro por ti! Nas longas noites
Adoeço de amor e de desejos...
E nos meus sonhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura:
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens;
E ela mesma suave descorando
Os alvacentos véus soltar do colo, 
Cheirosas flores desparzir sorrindo
Da mágica cintura.
Sinto na fronte pétalas de flores, 
Sinto-as nos lábios e de amor suspiro... 
Mas flores e perfumes embriagam...
E no fogo da febre, e em meu delírio 
Embebem na minh'alma enamorada 
Delicioso veneno.

Estrela de mistério! em tua fronte
Os céus revela e mostra-me na terra, 
Como um anjo que dorme, a tua imagem 
E teus encantos, onde amor estende
Nessa morena tez a cor de rosa.
Meu amor, minha vida, eu sofro tanto!
O fogo de teus olhos me fascina,
O langor de teus olhos me enlanguece, 
Cada suspiro que te abala o seio
Vem no meu peito enlouquecer minh'alma!

Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando, 
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh'alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu'alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros 
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira, 
Que eu posso na tu'alma ser ditoso, 
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!

Dezembro, 1851.

Livros: Lira dos Vinte Anos
Autor: Álvares de Azevedo
198 páginas
Editora: Paulus

terça-feira, 4 de outubro de 2005

.: Resenha de "Big Love", Sarah Dunn

Big Love é um Big livro
Por: Helder Moraes Miranda

Em outubro de 2005


Mostarda faz ex-namorado transformar-se em monstro. Confira na crítica do livro que vai virar filme pelas mãos do diretor de A Múmia e Van Helsing!


A Nova Fronteira mudou o estilo de seus livros editados, e para melhor. Obras com uma linguagem mais pop começam a fazer parte do selo da editora. Um deles, é o ótimo "Big Love", de Sarah Dunn, que no início prende atenção pela chamada de capa "porque um namorado bonito é como um sofá branco: um convite ao desastre".

A história, legal e bem escrita, gira em torno da colunista de relacionamentos de um jornal de pequeno porte Alison Hopkins, que é abandonada pelo namorado quando promove um jantar para amigos em sua casa. O rapaz sai para comprar mostarda e desmancha com ela por meio de um telefonema, ao dizer que reatou com a ex-namorada, a quem atribui a característica de "vício".

De volta ao fascinante e confuso mundo dos solteiros, Alison é obrigada a recomeçar, ao mesmo tempo em que fica tentada a dividir com leitores a história de sua decepção amorosa e questionamentos como "amar é o bastante?", "vale a pena investir em encontros que provavelmente não vão dar em nada?".

E, em busca da felicidade, ela encontra coisas maiores, como o auto-conhecimento e sabedoria para fazer escolhas. Mais que uma boa leitura, Big Love é um exemplo para leitores de como as adversidades podem ser enfrentadas com bom humor.

A autora: Sara Dunn abandonou a bem-sucedida carreira na TV -foi roteirista e produtora dos seriados Murphy Brown, Veronica1s Closet e Spin City- para escrever Big Love.

Livro:  Big Love
Autora: Sara Dunn
208 páginas
Editora: Nova Fronteira

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

.: Resenha de "O Cisne", Gudbergur Bergsson

Uma menina que descobre um novo e imenso mundo
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em outubro de 2005


Em O Cisne, garota é enviada para uma pequena fazenda de criação para reparar os seus pecados.


Em "O Cisne", do escritor islandês Gudbergur Bergsson, tudo começa num cenário em que há bastante movimento. "Mal o ônibus arrancou, a menina começou a sentir, falta das pequenas pedras listas da praia e do mar. Essa sensação de nostalgia tornou-se mais dolorosa quando chegaram aos prados, onde crescia a erva, cantavam as aves, corria um caudaloso rio e reverberava o sol sobre as lagoas e os pântanos".

A obra publicada pela editora Rocco traz uma história completamente romanceada. Entretanto, tem como ponto principal uma menina que após cometer pequenos furtos é mandada para uma fazenda, lugar distante da qual vivia. Ao prepará-la para a sua ida, o pai diz: "Se você conseguir cair nas graças do fazendeiro, talvez ele lhe dê trabalho para todo o inverno, e pagando um salário. [...] - E, ainda que não seja exatamente assim, é preciso acreditar nisso - acrescentou o pai".

No campo, embora contrariada, ela procura adaptar-se. É no cotidiano que a menina descobre a beleza da natureza, inicialmente, quando o fazendeiro lhe manda buscar um cavalo zaino. "Quando chegou, o fazendeiro, que a estava esperando, perguntou-lhe por que não voltara montada no cavalo. / Não é preciso levar sempre os cavalos pela rédea? - perguntou ela.".

É na obra, dividida em 23 capítulos, que o leitor descobre a pureza dos sentimentos e que nada deve ser imposto, mas sempre de acordo entre ambas as partes, isto é, primeiramente deve-se conquistar o que se deseja. Outra lição do texto é a de que nada é por acaso. "Um pensamento vazio, muito diferente das recordações e idéias inúteis que haviam ocupado o dia e tanta importância haviam adquirido: especialmente, a idéia de que cada coisa tinha um propósito em cada lugar".

Enfim, O Cisne é uma excelente opção de leitura para adolescentes que estão em seu período de transição e muitas vezes, sentem-se perdidos em meio a tantas mudanças (não somente físicas). Contudo, após tantas dificuldades de compreensão e diálogos, tornam-se cisnes brancos como neve que sabem alcançar vôos na medida certa, sabendo enfrentar qualquer abismo à frente, sozinhos.

Livro: O Cisne
Autor: Gudbergur Bergsson
190 páginas
Editora: Rocco

sábado, 1 de outubro de 2005

.: Entrevista com Wanessa Camargo, cantora

"Quem não gostar, só tem que respeitar" - Wanessa Camargo

Por: Helder Moraes Miranda

Em outubro de 2005


Wanessa Camargo fala sobre W: Não se sabe se porque a expectativa era grande, a redação do Resenhando esperava que fosse para ser um R.G especial, mas se tornou igual. A entrevistada em questão não respondeu todas as perguntas - vindas de fãs de toda região do Brasil. Questões que poderiam servir de esclarecimento, e para dar versões ao que foi contado pela grande imprensa. 

Diante destas questões, enviadas por e-mail, a entrevistada se mostrou monossilábica, o que não correspondeu à imagem expansiva que mostra em outros veículos. Mesmo assim, uma das cantoras mais promissoras da música brasileira merece, no mínimo, um registro. A você, boa leitura!

A filha: Zilú e Zezé Di Camargo passaram o Natal de 1982 à espera de seu primeiro filho. Wanessa Godói Camargo nasceu em 28 de dezembro. A menina nasceu e cresceu em Goiânia (GO), onde teve uma infância simples, mas feliz. "Nós fomos sempre tão unidos em casa, tive tanto carinho, que eu nem chegava a me dar conta das dificuldades financeiras", conta Wanessa. "Eu não me achava diferente das pessoas que tinham tudo". 

Quando menina, Wanessa sonhava se tornar artista. Ela via as cantoras famosas na televisão e imaginava como seria estar lá no palco também. Na época, seu pai integrava a dupla sertaneja Zazá & Zezé com um amigo, mas não tinha muito êxito. Então, Wanessa costumava brincar dizendo que se seu pai não conseguisse fazer sucesso, ela conseguiria e o ajudaria nas despesas. "Fui uma criança muito feliz e sonhadora", conta. "Não podia conhecer a Disney, como queria, mas sempre tive o principal, que é saúde, educação, família e um teto". 

Embora o orçamento fosse curto, Zilú e Zezé faziam questão de educar Wanessa em bons colégios particulares, porque não abriam mão de uma boa formação. Ela fez o maternal e o jardim 1 no Elefante Colorido, em Goiânia, mas não chegou a fazer o jardim 2, porque o dinheiro não deu. Depois de um ano sem aulas, ela passou a estudar em São Paulo (SP), tendo sido alfabetizada no colégio Pixoxó. Fez a 1a, 2ª e a 3ª séries do Ensino Fundamental no São Miguel Arcanjo e depois ficou no Mackenzie até o primeiro ano do Ensino Médio. 


Wanessa e seus colegas de turma eram de classes sociais diferentes, o que fez com que ela sofresse preconceito. "Muita gente zombava de mim, sofri muita humilhação. Os meninos, por exemplo, até me achavam bonita, mas me chamavam de pobretona para baixo. Todos iam de carro à escola, menos eu, e até isso era motivo de gozação. Uma vez, para me deixar feliz, meu pai pegou um fusca emprestado só para me dar o gostinho de ir à aula de carro", lembra Wanessa.

"Foram agressões que marcaram, mas eu sabia que era bem mais feliz que aquelas pessoas e sempre tive muito orgulho de meus pais. Eu não guardo rancor algum, não sinto raiva quando penso nisso. Apenas fico triste em ver como tem tanta gente que só pensa em dinheiro. É claro que hoje em dia eu moro numa casa melhor, tenho a oportunidade de viajar, de freqüentar certos lugares, mas minha felicidade não mudou". 

Zezé sempre foi uma grande influência artística para Wanessa, que costumava acompanhá-lo em seus shows. Ela pôde ver seu pai se tornar um compositor solicitado e, depois, cantor consagrado ao lado de seu tio, na dupla Zezé Di Camargo & Luciano, no início dos anos 90. Infelizmente, o sucesso também trouxe alguns problemas: entre 1998 e 1999, Wellington José, outro tio de Wanessa, passou três meses sob o poder de seqüestradores. O trauma familiar levou à decisão de que ela e seus irmãos (Camilla e Igor, mais novos) iriam morar nos EUA, onde ela cursou a 2ª série do Ensino Médio e parte da 3ª, no colégio American Heritage.

Muito antes disso, porém, Wanessa já tinha começado a explorar o seu lado artístico. Aos oito anos, ela cantava numa banda cover. A banda fazia versões para músicas de Xuxa e Leandro & Leonardo e se apresentava em clubes. Com 11 anos, começou a estudar teatro e logo foi escalada para o elenco de "Miausical", uma versão brasileira de "Cats" que ficou dois meses em cartaz em São Paulo, apesar da bilheteria decepcionante. Com 13 anos, Wanessa passou a se dedicar também à dança e ao sapateado. 

Aos 14 anos, surgiu a oportunidade de integrar o corpo de baile que acompanhava a dupla Zezé Di Camargo & Luciano em turnê. Wanessa fez teste para uma das vagas e foi aprovada. "Eu não levei vantagem na seleção por ser filha do patrão. Meu pai mesmo disse para o coreógrafo: 'Eu, mais que qualquer pessoa, não quero ver minha filha pagando mico. Se ela não for apta para o trabalho, é melhor que ela fique de fora'. 
Mas eu fui escolhida, até porque eu já estudava dança há tempos e tinha um preparo físico maravilhoso, pois fazia ginástica rítmica desportiva desde os 6 anos e pratiquei ginástica olímpica dos 11 aos 14 anos", conta. 


A jovem dançou nos shows de Zezé Di Camargo & Luciano até os 16 anos, pois seu tio foi seqüestrado e ela foi morar nos EUA. A experiência no exterior impulsionou sua carreira: Wanessa fazia parte do coral do colégio e acabou sendo convidada a integrar o Coral Jovem da Flórida, com o qual teve a oportunidade de se apresentar na sonhada Disney e em palcos célebres, como o Carnegie Hall, em Nova York. 

Wanessa fechou contrato com a gravadora BMG em 2000, antes mesmo de voltar para o Brasil - em 1999, ela tinha se apresentado no programa de Hebe Camargo e mostrado o seu talento como cantora. Quando voltou a morar em seu país, em 2001, seu primeiro CD já estava pronto. Wanessa chegou para trabalhar: fez um exaustivo roteiro de divulgação do disco em programas de rádio e TV e não demorou para alcançar o sucesso. 

"No início, as pessoas me olhavam com desconfiança. Antes mesmo de me ouvir, achavam que minha música não deveria ser boa, que eu estava tentando faturar em cima da fama do meu pai", ela lembra. "Tive que passar por cima disso, mas logo ficou claro que meu trabalho era completamente diferente do que se esperava. Mostrei que estava batalhando uma carreira a sério e que eu tinha qualidade". Dito e feito: seu CD de estréia vendeu 205 mil cópias, graças a hits como O amor não deixa, Apaixonada por você e Eu posso te sentir. 

Na American Inovative School, em São Paulo, Wanessa terminou o Ensino Médio. E a partir de maio de 2001, quando fez sua primeira apresentação solo (na casa paulista DirecTV Music Hall), passou a lidar com uma agenda de shows. 

Já habituada à intensa rotina de ensaios, sessões de fotografia, gravações de clipes e entrevistas, Wanessa lançou seu segundo álbum em 2001. Com os sucessos Eu quero ser o seu amor, Tanta saudade e Gostar de mim, este disco teve vendagem ainda maior: 300 mil cópias. No mesmo ano, estreou no cinema, no filme recordista de bilheteria Xuxa e os Duendes, de Rogério Gomes e Paulo Sérgio Almeida. E sua carreira como compositora se estabelece cada vez mais.


No ano seguinte, Wanessa já havia conquistado seu espaço, tendo seu talento como cantora reconhecido. Em novembro de 2002 lançou seu terceiro álbum, fez carreira na televisão, participando do especial Jovens Tardes, na Rede Globo de Televisão, sob direção de Marlene Mattos, sendo recorde de audiência no horário. Em outubro de 2003, encarou o desafio de gravar seu primeiro CD e DVD - Transparente, ao vivo, no Claro Hall (RJ), que foram lançados em março de 2004. Neste mesmo ano, aceitou o convite para desfilar como destaque da Escola de Samba G.R.E.S Beija Flor de Nilópolis, ajudando a escola a ser campeã do Carnaval 2004.

Ainda em 2004, fez uma participação especial no filme Cine Gibi, de Maurício de Souza, e também interpretou a personagem Diana no Sítio do Pica-Pau Amarelo, da Rede Globo de Televisão. No início de 2005, foi protagonista da campanha publicitária "Incentivo a Leitura", da Secretaria do Estado da Cultura do Governo de São Paulo e doou seu cachê para que este fosse investido na educação do estado. Além disso, teve seu site reconhecido por um dos maiores prêmios da internet brasileira (iBEST), conquistando a segunda posição na categoria personalidades.

Depois disso, diminuiu sua agenda de compromissos para se dedicar para o seu quinto álbum. Depois de muitas pesquisas, dias e noites compondo, lançou em agosto de 2005 seu mais novo e desafiante trabalho, onde tem participação efetiva em onze, das quinze faixas que compõem o disco. Nas horas vagas, Wanessa aproveita para se aprofundar ainda mais no campo musical, aprender novos idiomas, fazer cursos e ler, mas o tempo livre é bem pouco - Wanessa sabe que é preciso trabalhar duro para ter seus sonhos sempre realizados.


Discografia

CD Wanessa Camargo W (Agosto 2005)
CD e DVD Wanessa Camargo Transparente - Ao Vivo (Abril 2004)
CD Wanessa Camargo (Novembro 2002)
CD Wanessa Camargo (Novembro 2001)
CD Wanessa Camargo (Novembro 2000)

RESENHANDO - No seu novo CD, "W", você mudou totalmente de estilo. Por que esta mudança, e por que escolher um ritmo praticamente desconhecido entre os brasileiros? 
WANESSA CAMARGO - Meu produtor César Lemos, que mora nos Estados Unidos, me apresentou o ritmo e me apaixonei de cara, porque tem uma batida que nos faz sentir vontade de dançar, de mexer a cintura. Assim como nós brasileiros gostamos.


RESENHANDO -  Neste novo trabalho, além de mostrar sua evolução no mundo da música, você também mostrou que tem talento como compositora. Como você compõe e com qual música de "W" você mais se identificou? 
WANESSA CAMARGO - Eu me identifico com todas, do contrário não cantaria. Eu componho em horários inusitados, em momentos que estou sozinha e começo a escrever. Não tem hora, nem lugar certo.


RESENHANDO - Em todo seu repertório de músicas gravadas, qual é a predileta? E qual música gostaria de gravar?
WANESSA CAMARGO - Eu adoro todas as músicas deste CD, porque cada uma foi feita com o maior carinho e cuidado.



RESENHANDO - Na comunidade do Orkut "Shakira Brasil", você está sendo acusada de plagiar a música "La Tortura", da cantora Shakira, e copiar o estilo dela no clipe. O que acha disto? Você a utilizou como referência?
WANESSA CAMARGO - As pessoas adoram comparar, ao invés de ouvir e avaliar que a única coisa que tem em comum, é o ritmo - Reggaeton. Admiro e respeito o trabalho da Shakira, mas não copio ninguém. 


RESENHANDO - Ainda sobre Orkut, as comunidades contrárias a você tem mais gente do que as favoráveis. O que tem a dizer a estas pessoas?
WANESSA CAMARGO - Nada. Eu respeito a opinião dos outros. Só acho que para criticar, tem que ter fundamento, tem que conhecer.


RESENHANDO - Em seu blog, você se comunica com seus fãs e emite opiniões sobre atualidades. Qual a vantagem de ter este canal aberto com seu público?
WANESSA CAMARGO - É um contato que tenho diretamente com eles, sem nenhuma interferência. É um espaço em que me sinto mais próxima deles e eles também.


RESENHANDO - Com quem você pretende, ou sonha, gravar um dueto?
WANESSA CAMARGO - Tem tanta gente... Rita Lee, Roberto Carlos, Nando Reis* são alguns deles.


RESENHANDO - Em seu início de sua carreira, houve a afirmação de que você desejava ser a Mariah Carey brasileira. Isto procede? Se for verdade, por que? 
WANESSA CAMARGO - A verdade é que admirava muito o trabalho da Mariah Carey e ela me inspirava. Porém, eu quero ser a Wanessa Camargo. Só isso.



RESENHANDO - Com a carreira estabilizada e conhecendo os bastidores, o que pensa atualmente sobre fazer parte do meio artístico? Existe rivalidade? 
WANESSA CAMARGO - É inevitável, se quero ser cantora. Não tenho opinião sobre isso, porque não convivo muito no meio. 


RESENHANDO - Como você lida com a distância da família durante as turnês? 
WANESSA CAMARGO - Sinto saudade, mas telefono sempre que possível. E faz parte, não tem jeito...


RESENHANDO - Como é ter um pai famoso?
WANESSA CAMARGO - Fico feliz por ter um pai que faz o que gosta e conquistou seu espaço.


RESENHANDO - O filme "Dois filhos de Francisco" foi aclamado pela crítica e pelo público. No que isto colabora para que você lance um olhar mais atencioso para as dificuldades enfrentadas por toda sua família antes da fama?
WANESSA CAMARGO - Eu já conheço a história e o filme é uma grande homenagem aos meus avós, que sempre batalharam para que sua família tivesse melhores condições. Eu já tenho um olhar atencioso sobre a situação do país, mas acho, que vai servir para que o resto do país também tenha e conheça uma história de uma família guerreira que conquistou o sucesso.


RESENHANDO -  Você pretende investir na dramaturgia? Fazer mais filmes? Na época da produção da novela América, revistas publicaram que você seria a protagonista, Sol, hoje interpretada por Déborah Secco. Isto é verdade?
WANESSA CAMARGO - Eu quero sempre cantar e fazer música. Se surgirem outros projetos interessantes, é claro que vou avaliar. Mas meu objetivo é cantar e levar meu novo show para todo o país.


RESENHANDO - Passados cinco anos de sua estréia, o que você gostaria de dizer aos que não acreditaram em seu sucesso?
WANESSA CAMARGO - Que escutem meu trabalho. Gosto é uma coisa muito pessoal. Quem não gostar, só tem que respeitar.


*Wanessa acaba de gravar com Nando Reis o dueto O lavrador, que faz parte da trilha sonora do filme 2 Filhos de Francisco.

Perguntas enviadas, que não foram respondidas:

RESENHANDO -  Recentemente, houve um boato de que estava internada por bulimia. O que realmente aconteceu e o que acha dos boatos que inventam sobre você? Até que ponto isto interfere na vida e machuca seu lado pessoal?

RESENHANDO - Como é sua relação pessoal com outros grupos? Com quais bandas e cantores você tem laços de amizade mais estreito? Rola muito assédio?

RESENHANDO - Como você analisa o cenário da música brasileira atualmente?

RESENHANDO - Quem são seus ídolos na música e quais bandas novas merecem destaque hoje?

RESENHANDO - O que a levou a declarar à revista VEJA que havia perdido a virgindade? Como ficou a relação com seu pai após ele ficar sabendo disto pela revista?

RESENHANDO - Após o traumatizante seqüestro de seu tio, você morou durante algum tempo nos Estados Unidos para fugir da violência no Brasil. O que a fez mudar de idéia e voltar?

RESENHANDO - O que diferencia Wanessa Camargo das outras cantoras pop?

RESENHANDO - Você tem feito diversas campanhas sobre a importância da literatura. Qual o papel dos livros para você, e quais seus livros e autor preferido?

.: Resenha de "Pânico na Biblioteca", Eoin Colfer

Ação, suspense e muita bagunça em uma Biblioteca
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em outubro de 2005


Marquinhos e Duda (Eduardo), dois irmãos com uma missão praticamente impossível. Eles, após muito arrumarrem confusão em casa, os irmãos de Daniel, Bruno e JC, terão de passar as férias na Biblioteca, a qual é organizada e zelada por Dona Ângela, mais conhecida pelas crianças de toda a cidade pelo apelido de Dona Batata. Por que? Porque ela aterroriza a todos que entram na Biblioteca.

Creio que nem seja preciso falar mais alguma coisa. "Pânico na Biblioteca", de Eoin Colfer, editado pela Record,  tem tudo para ser um grande sucesso entre os pequenos. A livro, com muitas gravuras, tem uma narrativa dinâmica, além de contar uma história cheia de momentos surpreendentes. 

Um exemplo é quando uma sombra cai em Marquinhos enquanto ele bagunçava os livros e trocava sua fichas de referências por pura maldade. "Era a Dona Batata. Tinha aparecido sem fazer um som, como uma bibliotecária ninja". Toda essa situação terrível não foi percebida por Marquinhos, somente Duda presenciou tudo. "A mão esquerda de Dona Batata se moveu com velocidade de um raio, pegando o carimbo de livro e atirando-o em um movimento preciso e suave. Ele deu cambalhotas no ar tão rápido que sibilou. Marquinhos se virou bem a tempo de ver o bloco de madeira e borracha indo em sua direção. Era tarde demais para sair do caminho. Só o que Marquinhos pôde fazer foi fechar os olhos e guinchar feito um gatinho".

O que aconteceu em seguida? "O carimbo bateu na ficha de referência na mão de Marquinhos, arrancando-a de seus dedos e a esmagando na prateleira. A força do arremesso foi tanta que a ficha ficou ali por vários segundos depois de o carimbo ter caído no chão. Duas palavras ficaram estampadas no papel em tinta roxa: BENS DANIFICADOS".

É certo que as aventuras dos irmãos não acaba por aqui, mas é certo que o gostinho de ler este livro foi despertado, pois o texto de Eoin Colfer sempre mantém o desejo de algo mais, principalmente ao contar uma história interessante como esta, que além de incentivar à leitura, simultaneamente, leva às crianças a desejar conhecer uma biblioteca e por fim, tornar-se grande freqüentador desta. Definitivamente, a mensagem deste livro é muito positiva e inteligente. Mergulhe neste reino de estantes repletas de livros e revistas, em uma fábula sobre o poder da leitura e da imaginação neste mundo em que tudo torna-se cada vez mais descartável. 

AUTOR: Eoin Colfer nasceu e foi criado em Wexford, cidade litorânea no sudeste da Irlanda. Começou a escrever peças ainda muito cedo, obrigando seus infelizes colegas de turma a se vestir de vikings arruaceiros. Intimidado pelo encorajamento constante da família, ele continuou a escrever depois de adulto. Seu primeiro romance, Benny and Omar, tornou-se um best seller na Irlanda, e Artemis Fowl, seu primeiro livro com o brilhante e jovem anti-herói, virou um sucesso internacional imediatamente. Artemis Fowl ganhou o WHSmith de Livro Infantil do Ano na “Escolha Popular” e o de Livro Infantil do Ano do British Books Awards.

Livro: Pânico na Biblioteca
Autor: Eoin Colfer
96 páginas
Editora: Record

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

.: Resenha de "Reinventando os Quadrinhos", Scott McCloud

Uma releitura dos quadrinhos na era digital
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2005


A releitura dos quadrinhos feita por Scott McCloud realça a beleza deste universo da imaginação. McCloud teve seus quadrinhos traduzidos para 14 idiomas. 


"Reinventando os Quadrinhos - Como a Imaginação e a Tecnologia Vêm Revolucionando Essa Forma de Arte", de Scott McCloud, é uma continuação de Desvendando os Quadrinhos. Contudo, não há porque desesperar-se, caso não tenha o primeiro livro, pois neste lançamento da M. Books, McCloud teve um grande cuidado com os seus leitores e fez uma recapitulação de sua obra em 3 páginas, apesar deste livro ser continuação e levar os quadrinhos ao patamar seguinte, assim como explorar as as doze revoluções no modo como são criados, lidos e percebidos na era digital. 

A obra que trata de quadrinhos é toda contada e desenhada, como nos velhos conhecidos, gibis e tiras de jornais, sendo até em preto e branco. O livro divido em duas partes traz belas ilustrações que abordam o universo dos quadrinhos, o criador e o seu leitor. Em Definindo a Rota: Uma Arte "Baixa" Toma a Alta Estrada, na Parte 1 do livro, McCloud conta que Will Eisner criador de The Spirit, ao dizer que os quadrinhos eram uma legítima forma literária e artística, chegou a ser motivo de risada para quem estava nos bastidores do programa em que o desenhista fez esta afirmação: "Falar de quadrinhos como 'arte' ou 'literatura' não dava muito certo nos velhos tempos".

Dentre os assuntos tratados nesta obra estão este tipo de arte como forma de literatura, a batalha pelos direitos dos criadores, a percepção volátil e transitória que o público tem dos quadrinhos e mostra como se constrói a representação sexual e étnica neste meio, além de pintar um impressionante retrato das revoluções digitais nos quadrinhos, incluindo informações sobre a complexidade desse processo, o explosivo mundo da difusão online e os desafios do infinito cenário digital.

Na página 35 está um exemplo. "Pela abordagem direta, os quadrinistas podem decidir retratar seus mundos num nível de detalhes quase fotográfico, usando mídias tradicionais, computação gráfica ou fotos reais. Mas claro, o realismo de um grande romance ou conto envolve muito mais do que descrições de detalhes superficiais".

Ao final da obra há também um índice remissivo, além de nomes de alguns livros e quadrinhos que auxiliaram Scott McCloud na produção de Reinventando os Quadrinhos. Vale a pena mergulhar novamente neste universo tendo a teoria como apoio. Confira!

O AUTOR: Scott McCloud é um dos 10 mais importantes cartunistas e desenhistas de quadrinho dos EUA, nos últimos 10 anos. Vencedor por quatro vezes do prêmio Harvey and Eisner, McCloud é, também, autor de Desvendando os Quadrinhos - best-seller premiado, em 1995, no 8º Troféu HQMix, como Melhor Livro Teórico deste segmento. Seus quadrinhos foram traduzidos para 14 idiomas. Ele proferiu conferência sobre mídias digitais no Laboratório de Mídia do MIT e na Smithsonian Institution. Para saber mais sobre ele, visite o site: www.scottmccloud.com

Livro: Reinventando os Quadrinhos - Como a Imaginação e a Tecnologia Vêm Revolucionando Essa Forma de Arte
Autor: Scott McCloud
260 páginas
Formato: 17 X 25
Editora: M.Books
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