sábado, 1 de janeiro de 2011

.: Resenha crítica da animação "Enrolados"

Princesa e ladrão em um 3D incrivelmente fascinante
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em fevereiro de 2011


Em produção Disney, Rapunzel faz história em um lindo dia de passeio. Saiba mais de "Enrolados"!


A reinvenção de histórias infantis conhecidas mundialmente é a grande moda que garante o sucesso das animações da atualidade. "Enrolados", dos estúdios Disney volta a beber da fonte que lhe deu tanta credibilidade, ou seja, apresenta as aventuras de uma princesa por meio de adaptações (com o intuito de conquistar um novo público). Na versão Disney, Rapunzel (Porque a Disney demorou tanto para elaborar um desenho protagonizado por esta princesa?) não é tão linda e delicada, quanto as que estampavam os esboços divulgados pela Disney. Contudo, os efeitos das novas tecnologias (como por exemplo, os cabelos belamente realísticos) contribuem para a rápida aceitação da forma final desta personagem.

A 50ª animação produzida pela Walt Disney Pictures apresenta o colorido fascinante (já famoso) e as cenas musicadas (que marcaram os clássicos dos estúdios do Mickey Mouse). Eis que já deixo um alerta! Não pense que irá escutar músicas "pop" atuais no desenrolar do filme, como acontece em sucessos da Dreamworks, como por exemplo, a quadrilogia de Shrek. No entanto, "Sua Mãe Sabe Mais" e a cena musical no bar sobre os sonhos encaixam-se perfeitamente na trama e somente enriquecem o longa. 

Outro ponto positivo é a diversão proporcionada pelo texto leve e sagaz. Este, tem o poder de fazer com que "Enrolados" não seja cansativo. Desta forma, há agilidade suficiente para que o público mantenha total atenção no longa e acompanhe Rapunzel descobrindo o mundo que não conhece sem perceber cada minuto que passa. Você que acompanha os desenhos Disney deve estar com a impressão de conhecer esta personagem. Acredite, você já viu algo parecido em Aladdin. De fato, a princesa Jasmine não sabe o que há além dos muros do palácio de Agrabah, neste meio tempo conhece um ladrão e se apaixona. Que coincidência!

Em contrapartida, é ressaltado no trailer que "é preciso dois para ficar enrolados". Enrolados não é voltado somente para o "Clube da Luluzinha", mas também para o "Clube do Bolinha", pois o ladrão Flynn Ryder é o personagem que impulsiona todos os grandes acontecimentos do enredo. Ao fugir com a coroa roubada de uma princesa sumida, ele torna-se "refém" de Rapunzel, dona de madeixas fortes e implacáveis e seu amigo camaleão, chamado Pascal (que lembra Mulan e seu amigo dragão"zinho"?). Como? A mocinha tem sua torre invadida pelo ladrão Flynn (e seu produto de roubo). Entretanto, o cafajeste é "rastreado" pelo cavalo Maximus que nutre profunda antipatia pelo galanteador de mão leve. 

O 3D da nova produção Disney não impacta e nem irrita os olhos como o longa Avatar, apenas mexe com o imaginário do público deixando a sensação de total interatividade com a história da princesa perdida. Tanto é que não é difícil perceber que há pessoas próximas tentando "pegar" as imagens reproduzidas em três dimensões. Não há uma dúvida sequer, Enrolados é imperdível!


Sinopse: Flynn Ryder (Zachary Levi) é o bandido mais procurado e sedutor do reino. Um dia, em plena fuga, ele se esconde em uma torre. Lá conhece Rapunzel (Mandy Moore), uma jovem prestes a completar 18 anos que tem um enorme cabelo dourado, de 21 metros de comprimento. Rapunzel deseja deixar seu confinamento na torre para ver as luzes que sempre surgem no dia de seu aniversário. Para tanto, faz um acordo com Flynn. Ele a ajuda a fugir e ela lhe devolve a valiosa tiara que tinha roubado. Só que a mamãe Gothel (Donna Murphy), que manteve Rapunzel na torre durante toda a sua vida, não quer que ela deixe o local de jeito nenhum.

Filme: Enrolados (Tangled, EUA)      
Ano: 2010
Gênero: Animação / Aventura / Comédia
Duração: 92 min
Direção: Nathan Greno, Byron Howard
Roteiro: Dan Fogelman
Elenco original: Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy, Ron Perlman
Site Disney: http://www.disney.com.br/filmes/cinema/enrolados


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.: Resenha crítica de "Querido John", com Channing Tatum

Um love story bonitinho

 Por: Mary Ellen Farias dos Santos
  Em janeiro de 2011



Um romance ambientado na recente guerra entre O Oriente Médio e os Estados Unidos. Saiba mais de Querido John!


Um soldado (bonitão) e uma universitária (insossa) formam o par romântico do longa "Querido John", dirigido por Lasse Hallström (Gilbert Grape - Aprendiz de sonhador). Entretanto, a história de amor (bonitinha) dos jovens, John (Channing Tatum) e Savannah (Amanda Seyfried) ganha um toque especial quando passa a ter como pano de fundo os ataques de 11 de setembro de 2001, ou seja, a guerra entre o Oriente Médio e os Estados Unidos que, recentemente, abalou o mundo. 

O filme originário do livro homônimo escrito por Nicholas Sparks (também autor do livro A última canção, que também foi adaptado para as telonas) narra a tórrida história de amor juvenil de John e Savannah durante duas semanas à beira-mar. É claro que "os espinhos desta rosa" surgem, pois as férias do soldado terminam. Para servir o país (que tanto ama, típico estaduniense) John precisa voltar para o seu posto nas Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos, enquanto que ela retoma os estudos na faculdade. 

Eis que o ápice do clichê das histórias de pombinhos separados pela cruel guerra aparece em Querido John, o que, afinal, justifica o título: as cartas. Na tentativa de manter a chama do amor viva, John e Savannah prometem colocar tudo no papel durante o ano em que estiverem afastados. Uau! Que história de amor mais clichê, não? Entretanto o "tempero" especial da película é colocado quando os aviões sequestrados por terroristas derrubam as torres gêmeas do World Trade Center, assim como também toda e qualquer chance de John e Savannah construírem um elo mais forte de convívio. 


Apesar de já ter feito o possível e quase ter perdido a vida, ao saber da situação de emergência do país (que tanto ama, claro!), John não pensa duas vezes, renova o período de alistamento militar e acaba estremecendo o namoro com Savannah. Contudo, o ponto mais fraco do filme fica por conta de uma reviravolta totalmente injustificável e sem sentido que separa os pombinhos apaixonados. A situação é tão inexplicável que faz o público questionar se Savannah e John realmente se amaram desde o início da história.

Embora "Querido John", retome (a velha e eficaz) temática da guerra (lembremos dos clássicos "... E o vento levou" e "No amor e na guerra"), a história de amor (ou talvez uma paixão juvenil) de John e Savannah não chega a ser tão tórrida e envolvente quanto a de Scarlett O´Hara e Rhett Butler ou tão tocante quanto o amor do jornalista Ernest Hemingway pela enfermeira Agnes von Kurowsky. Logo, não tem qualquer chance de vir a ser um clássico do cinema, mas cumpre a missão de todo bom filme romântico, fazer com que o público suspire com o desfecho e até derrame algumas lágrimas.

Filme: Querido John (Dear John, E.U.A.)
Ano: 2010
Gênero: Drama / Romance
Duração: 105 minutos
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: Jamie Linden, Nicholas Sparks (livro)
Elenco: Channing Tatum, Amanda Seyfried, Richard Jenkins, Henry Thomas, D.J. Cotrona

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

.: Resenha crítica de "Festival Rocky de Terror", The Rocky Horror Picture Show

Pesadelos da meia-noite
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em dezembro de 2010



Uma inovação entre os musicais. Festival Rocky de Terror é o crème de la crème da mescla de gêneros. Saiba mais!


Um filme com acontecimentos e personagens totalmente às avessas. Contudo, "Festival Rocky de Terror", produção de 1975 que narra uma história totalmente surpreendente e bastante apimentada, não foi um sucesso de bilheteria. Para comemorar os 35 anos que completa em 2010, o seriado musical Glee fez uma homenagem nesta segunda temporada, com o quinto episódio intitulado: "The Rocky Horror Glee Show". 

É certo que o seriado, ao elaborar este episódio especial de Halloween em homenagem ao filme somente provocou os jovens e/ou os curiosos de plantão. Afinal, que filme é esse? O longa dirigido por Jim Sharman é um misto de gêneros, pois nele há terror, romance, ficção científica com um toque de filmes de série B ao som de muito rock´n´roll. Após responder a primeira pergunta surge uma nova dúvida: "Como um seriado musical pode homenagear um filme de terror com um tom de pesadelo erótico?". A resposta é simples, o seriado do momento, Glee, cortou as cenas em que há insinuações provocantes e deu uma nova roupagem para a trilha sonora do filme que grudam na mente como chiclete.

"Festival Rocky de Terror" é uma película tão "abusada", que já na apresentação conhecidíssima do estúdio Fox há uma modificação sonora, ou seja, as batidas (Tam-tam-ram/Tam-tam-ram...) têm um ritmo diferente que coordenam com as músicas do filme. E a história de humanos e alienígenas? Bem, tudo começa com uma boca vermelhona apresentando um pouquinho do que o espectador terá diante de seus olhos (o seriado Glee reproduziu de modo idêntico). 

Após tal apresentação sem qualquer sentido ou noção, na área externa de uma igreja, os recém-casados Betty e Ralph atravessam a porta da casa de Deus -em meio à comemoração, pode-se notar que todos os atores do longa estão ali presentes, porém como integrantes da família dos noivos- para receber os cumprimentos. Eis que surgem os protagonistas: Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon). Empolgada, Janet consegue pegar o buquê da noiva. 


Os noivos partem. Brad e Janet caminham pelo pequeno cemitério, ao lado da igreja, quando ele toma coragem e -em um dueto "rock romântico"- pede a mão da moçoila em casamento. Este é o ponta-pé inicial das loucuras que os jovenzinhos vão viver nos próximos minutos do longa. Após partirem de Denton, numa noitinha de novembro, para visitarem o Dr. Everett Scott, ex-tutor e amigo dos dois, devido a um tempestade, eles acabam se perdendo pelo caminho e pedem socorro para os moradores de um casarão nada convencional.

Vale a pena assistir "Festival Rocky de Terror"? Com toda certeza. Afinal, a Terra parou enquanto tudo isso aconteceu com Brad e Janet. O sucesso dos teatros em película somente desperta o desejo de participar da exibição especialmente espetacular. O que esta sessão tem de especial? Simples. Nela o público se fantasia, grita e arremessa refrigerante, pipoca... uns nos outros, ou seja, reproduzem algumas palavras da canção "Science Fiction Double Feat": "tarde da noite/ dupla apresentação do filme/ eu quero ir". Como no Brasil não são divulgadas exibições deste clássico da meia-noite, o jeito é ver e rever em casa!

Filme: Festival Rocky de Terror (The Rocky Horror Picture Show, E.U.A.)
Ano: 1975
Gênero: Musical/Comédia/Terror
Duração: 96 minutos
Direção: Jim Sharman
Roteiro: Richard O'Brien, Jim Sharman
Elenco: Tim Curry (Dr. Frank-N-Furter), Susan Sarandon (Janet Weiss), Barry Bostwick (Brad Majors), Richard O'Brien (Riff Raff), Patricia Quinn (Magenta), Nell Campbell (Columbia), Jonathan Adams (Dr. Everett Von Scott), Peter Hinwood (Rocky Horror), Meat Loaf (Eddie), Jeremy Newson (Ralph Hapschatt), Hilary Labow (Betty Munroe Hapschatt)


Trailer


sábado, 2 de outubro de 2010

.: Resenha do clássico "...E o vento levou", com Vivien Leigh e Clark Gable

Scarlett e suas turbulentas histórias de amor
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em outubro de 2010


Um dramalhão mexicano rodado nos estúdios americanos que, apesar dos muitos problemas, deu certo e fez história. Saiba mais de ...E o vento levou


Uma mulher que não mede esforços para conseguir o que deseja. Scarlett O´Hara é uma protagonista tão determinada que, nem mesmo a Guerra Civil Americana, consegue destruir a sua gana e o seu fervor desenfreado em concretizar os seus objetivos de vida. Nas várias tentativas de ficar com o seu amor juvenil, a filha de um imigrante irlandês que se tornou um rico fazendeiro do sul dos Estados Unidos, passa de mocinha mimada à uma mulher resistente à chuvas e vendavais.

O clássico dos cinemas mundiais, "... E o vento levou", que retrata a força feminina, começa com Scarlett, ainda jovem, vivendo em Tara (fazenda de seu pai que era muito próspera), irremediavelmente apaixonada por Ashley Wilkes, filho do fazendeiro vizinho. Embora seja cortejada por (muitos) outros rapazes, a bela e rica da região somente tem olhos para o herdeiro dos Wilkes. Certa de que seu amor é correspondido e que, com ele se casará, a mocinha acaba surpreendendo-se quando, em um churrasco, seu "queridinho" escolhe a prima, Melanie Hamilton, para ser sua esposa. É neste mesmo encontro familiar que Scarlett conhece o capitão (poderoso) Rhett Butler, mas este não lhe chama a atenção.

Para rebater a desfeita de Ashley, Scarlett casa-se com Charles Hamilton, irmão de Melanie, somente com o intuito de fazer ciúmes. Contudo, ela não consegue ver (tão bem) o resultado de sua pirraça, pois Ashley e Charles partem para a Guerra. Solícita, a jovem passa a ser a melhor "amiga" de Melanie, moça de bom coração. No entanto, para Scarlett, esta amizade não passa de um fingimento, pois tudo o que ela deseja é roubar o marido de Melanie. Vontade que passa a ser mais latente, quando Scarlett descobre estar viúva, tendo o seu caminho livre até Ashley. É o que pensa a jovem, pois para ela, Melanie, sempre doente, não passa de uma carta fora do baralho. 

Para tanto, a viuvinha vai para a cidade de Atlanta para viver com Melanie e aguardar (fervorosamente) a volta de Ashley. Em contrapartida, a guerra começa a afetar a todos, e Scarlett serve ao Sul, como enfermeira, ajudando a cuidar dos feridos. É então, que diante da realidade cruel que ela passa fome e chega à pobreza. 

Ao voltar para a fazenda dos pais, Scarlett encontra sua mãe morta, seu pai louco e toda a fortuna destruída. Diante dessa situação desesperadora ela toma as devidas providências para não deixar que tomem a sua querida "Tara". Sem medir esforços Scarlett pede ajuda a Rhett. Tão determinada que, sem panos para fazer um vestido encantador, ela pega as cortinas (Clichê, hein! Afinal, é possível ver esta cópia em "A Noviça Rebelde" e até no novíssimo "Encantada") da casa, que ainda estão em perfeito estado. Esta tentativa é falha, porém o destino une Rhett e Scarlett, após a mocinha da história ficar viúva pela segunda vez.

Neste casamento de interesses (mil), em meio a brigas e discussões conjugais Scarlett fica grávida e dá a luz à Bonnie. Embora tenha uma filha com Rhett, ela somente descobre seu amor por ele quando tudo está perdido. Ufa! Depois de toda essa teia de intrigas (mexicanas) o final de ... E o Vento Levou consegue surpreender. Entretanto, as confusões em torno da escolha dos atores e da difícil elaboração do roteiro tornam este longa ainda mais interessante. Portanto, os "Extras" deste DVD, ou melhor, o documentário e as informações especiais são um prato feito para matar toda e qualquer curiosidade a respeito deste longa. De fato, este pode não ser o filme que vai marcar sua vida, mas vale a pena assistir!

Filme: ... E o Vento Levou (Gone With the Wind, Reino Unido)
Ano: 1939
Gênero: Terror/Comédia
Duração: 233 minutos
Direção: Victor Fleming
Roteiro: Margaret Mitchell, Sidney Howard
Elenco: Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland, Leslie Howard, Hattie McDaniel

Trailer


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

.: Entrevista com Marco Ricca, ator e diretor

“A dificuldade não foi em produzir, mas em arrumar dinheiro”. - Marco Ricca


Por: Ester Jacopetti, repórter convidada
Em outubro de 2010


Do megasucesso “Ti Ti Ti” para a direção de “Cabeça a Prêmio”: Ator, Marco Ricca fala sobre as dificuldades na produção do seu primeiro longa metragem, “Cabeça a Prêmio”. 


Dirigindo seu primeiro longa “Cabeça a Prêmio”, o ator Marco Ricca, sem papas na língua, diz que a maior dificuldade de se produzir um filme nacional, é a falta de patrocinadores. “Os caras dão o dinheiro na hora que eles querem! Campanha política, e o caralho, desviando pra outros lugares, eu to falando tudo isso aqui, você pode anotar tudo!” esbravejou o diretor, que perdeu editais em São Paulo após alguns diretores paulistas reclamarem que o filme seria 90% rodado fora da cidade. 

Ricca, que já dirigiu inúmeras peças de teatro, se aventura pela primeira vez no mundo do cinema. Já tem 20 anos de carreira, atuou em 30 peças e filmes, foi co-produtor de quatro longas e roteirista de “Crime Delicado” (dirigido por Beto Brant). Seu mais recente espetáculo, “A Grande Volta”, dirigido por ele, é encenado por Rodrigo Lombardi e Fulvio Stefanini. Ricca também faz parte do elenco de “Ti Ti Ti”, novela da rede Globo. 

Com roteiro de Felipe Braga e participação de Marco Ricca, “Cabeça a Prêmio” é baseado no livro de Marçal de Aquino, mesmo autor de “O Invasor” e “Matadores”. No elenco, estão: Alice Braga, Eduardo Moscovis, Fulvio Stefanini, Cássio Gabus Mendes, Otávio Miller, César Troncoso, Via Negromonte, e o uruguaio Daniel Hendler. 

Ao escolher essa história pra contar, enfatizou: “Eu costumo dizer que o livro já está praticamente roteirizado, só que ele é um filme muito grande. E um dos métodos era fazer com que essa obra, coubesse dentro do cinema nacional, de baixo orçamento, baixo recursos, e todas as possibilidades que o livro pede” argumenta.

A história acontece numa cidadezinha do centro-oeste brasileiro, próxima à divisa com a Bolívia. Dois irmãos pecuaristas, vividos por Fulvio e Otávio comandam uma fazenda de cabeças de gados e contrabando de drogas. Alice Braga interpreta Elaine, filha do “poderoso” Miro, personagem de Fulvio, que se envolve sorrateiramente com o piloto do patrão Denis, personagem de Daniel Hendler. 

Após a descoberta do romance, Miro manda seus fieis pistoleiros, personagens de Cássio Gabus Mendes e Eduardo Moscovis, irem atrás da filha e do piloto, que fogem. Em “Cabeça a Prêmio” as histórias se cruzam e tomam finais inesperados. Confira agora um bate papo super descontraído com ator e diretor, Marco Ricca que, durante a entrevista, mostrou simplicidade, simpatia e bom humor.



RESENHANDO - Como surgiu a ideia de fazer desse livro um filme?
MARCO RICCA – Tudo nasce da obra do Marçal, que é um estilo que eu gosto muito. A gente começou a adaptar e já tinha uma primeira adaptação feita pelo Felipe, então começou uma nova brincadeira, que surgiu da vontade de contar a historia da vida desses personagens. A história eu gosto muito. Costumo dizer que o livro “Cabeça a Prêmio” já está praticamente roteirizado, só que ele é um filme muito grande, um dos grandes métodos era fazer como que essa obra coubesse dentro do cinema nacional, ou seja, com baixo orçamento, baixos recursos, e todas as possibilidades que o livro pede, inclusive a locação de lugares. 


RESENHANDO – O que mais o fascina nesta obra?
MR – O que mais me fascina nesse livro é que os personagens são grandiosos, dão margens a você verticalizá-los ainda mais, e possibilidade de ter vários atores em particular fazendo grandes trabalhos. Eu acho que é um filme de personagens para atores.


RESENHANDO - Quais foram as maiores dificuldades você sentiu?
MR – Não foi em produzir, mas, em “arrumar” dinheiro. Essa é única dificuldade do cinema nacional, o resto é lindo! E a viagem mais linda da minha vida foi fazer esse filme, tirando a parte de produção, arrumar dinheiro, etc.. Essa é a parte pior, e agora tem também a segunda, que é exibir, que também é difícil pra burro. Tirando esses dois, o resto é uma maravilha, nós nos debruçamos no roteiro, é um momento lindo, a gente cria, imagina, flerta, depois vai, faz viagens, leva a equipe de arte, fotografia, foi tudo lindo, com os meus amigos, uma delícia! A dificuldade é aguentar o fardo de estar longe de casa, mas isso não é necessariamente uma dificuldade, nos divertimos muito, por mais que estivéssemos contando uma tragédia familiar, foi um filme que corresponde pra mim o momento mais feliz da minha vida.


RESENHANDO - Você chegou pensar em participar do elenco? 
MR – Não! Tive a felicidade de escrever pensando em cada um desses atores, e a felicidade de convidá-los. Eles foram malucos de aceitar (risos). 


RESENHANDO - Como foi a escolha do elenco?
MR – Convidei meus amigos que, acima de tudo, são talentosos demais. Minha mãe, que amo demais também, não está no filme (risos). Eu chamei meus amigos talentosos e tive a felicidade de eles toparem.



RESENHANDO - Você já trabalhou com outras adaptações do Marçal, isso de alguma forma te intimidou?
MR – Eu trabalhei em “O Invasor” como ator, e no filme “Indelicado” a gente roteirizou. Querendo ou não, na minha historia no cinema, apesar de eu ter feito bastantes filmes, acho que o mais importante foi fazer “O Invasor”. A primeira vez que eu peguei um roteiro de cinema na mão, falei: “Meu Deus! Tem um roteiro aqui!”. Fiquei impressionado, era o roteiro do Marçal, vindo de uma obra ainda inacabada, que depois ficou lindo. Então começou uma parceria, e uma profunda admiração pela literatura do Marçal Aquino, depois viramos amigos, ele teve essa infelicidade (risos). E aí eu achei que, de alguma forma, seria um exercício natural, por mais que eu soubesse que poderia ser até perigoso, porque é muito próximo tudo isso. Entre nós existe muitos cineastas, poderia ser muito influenciável, existem temas nas obras do Marçal que perpassam pelas essas historias outros livros deles, que tem haver com o “Cabeça a Prêmio”. Então havia um risco, mas, também, um desejo de continuar essa parceria, que não vai acabar aqui.


RESENHANDO – Com o fato de o roteirista Felipe estar junto, no dia-a-dia, vocês trabalhavam no texto também?
MR – Totalmente trabalhando junto! O Felipe foi o meu grande parceiro no filme, essa é a verdade. Desde o começo, e revendo a tradução da legenda, quem fazia era ele. Teve uma hora que ele ia à minha casa, parecia um garoto, e agora ele virou quase o meu pai. E ele virou pai, inclusive (risos). Ele é muito dono desse filme, do roteiro, nessa viagem que a gente fez de locação fomos transformando o roteiro, apesar de já existir, e mudamos também durante a própria filmagem, o cinema é muito vivo. Lembro que tomava muita bronca da galera porque eu modificava muitas coisas, mas acho que se eu fizer o segundo vai ser pior, porque o cinema é vivo, é ali na hora, é onde a gente chega, acontece. Eu tinha uma qualidade de atores, não dava pra engessá-los e dizer: “façam isso”. É um filme que, de alguma forma, tenho de responder por ele, até pelos erros, mas, querendo ou não, é credenciado a todos nós, porque é muito coletivo.


RESENHANDO - Por que a escolha do Daniel Hendler?
MR – Porque ele é meu amigo também! (risos). E além do que, eu o admiro pra caralho. Ele é um dos grandes atores também. É impressionante o trabalho dele no meu modo de entender, um ator de inteligência rara. Ele estava louco pra estar aqui, mas também virou diretor, então ele está lançando, não conseguiu vir. Conheci o Daniel a partir de uma amiga minha, ao viajar para o filme “Via Láctea” pra Argentina, e passei uma semana com ele falando de futebol e outras coisas mais. Ficamos amigos, e voltei com a imagem dele na cabeça. Sempre tive vontade de flertar com essa coisa de latino-americano e, no livro, o personagem não é gringo, mas tive vontade de fazer com que fosse. Assim como o Sergio Troncoso, também nos conhecemos em festivais, virou meu amigo, e é um puta de um ator. Chamei pra fazer uma ponta e ganhou o filme todo, ele que não ia nem ter fala! Teve uma pessoa, uma vez numa entrevista, que me perguntou: “Marco, você é muito rico ou tem muitos amigos?”. Eu disse: “Tenho muitos amigos!” (risos). Porque olha a qualidade que eu tenho na mão, né?! Não dá pra pagar essa galera direito! (risos).


RESENHANDO - Sua carreira de ator teve alguma influência nesse seu primeiro filme?
MR – Fui cercado por uma equipe impressionante, fiz muitos longas, e todo mundo que estava lá eu já tinha trabalhado junto. Então é um filme que todo mundo comprou muito a briga e a ideia, essa foi a influência, a gente rouba um pouco de cada um, dos diretores, atores que eu trabalhei.


RESENHANDO - Você pensou muito em como os atores iam participar?
MR – O filme é de personagens! Se eu tenho orgulho de alguma coisa do filme é a unidade de interpretação, ninguém tem um momento de pensar “nossa escapou, não está direito”. Acho que talvez seja uma extensão natural, eu sou muito metido, e já tinha trabalhado com o Zé Bob em outros filmes como diretor de fotografia, que é um parceirão, e também fica fácil fazer filme com um cara desses. Eu poderia ficar em casa dirigindo, que estava tudo certo, mas, eu fui (risos)!


RESENHANDO - Por que você decidiu contar essa história, com personagens tão angustiados?
MR – É tão maluco isso, porque o livro do Marçal também tem muita coisa engraçada. A ironia perpassa a obra, mas o filme, querendo ou não, já tem um pouco isso. A adaptação carregou e conduziu pra uma coisa mais trágica. Quando eu falo trágico, no sentido que parece que a natureza conspirou contrariamente, não é apenas um drama familiar, não é só um quiproquó de falta de ideias. Obviamente a gente pegou personagens que estão em crise, que começam em uma derrocada. A primeira cena entre o Fulvio e o Otavio, eles falam que as coisas estão caindo, que tem de modificar a estrutura financeira, tem de parar... No fundo, no fundo, nós estamos falando de historias de amor que, às vezes, dão ou não certo. Existe uma má compreensão em relação ao personagem do Du. É angustiante porque a vida é angustiante mesmo! Vou ter que dizer que a vida é angustiante! To muito angustiado agora (risos).


RESENHANDO - Como foi relação de vocês todos durante as filmagens?
MR – Era muito louco, porque depois que a gente acabava as filmagens de 15, 16 horas, continuávamos conversando, bebendo. Era incrível a concentração às cinco horas da manhã no dia seguinte. Cada um tinha um desenho muito claro na cabeça, e muito difícil. Não sei se isso sou eu quem enxergo, talvez eu tenha generosidade, mas tem uma marca muito clara de cada artista. Se escorregar ali, pode virar uma marca de canastrice de quinta categoria, essa é que a verdade! É muito certeiro o trabalho de cada um, e é muito invejável é impressionante. 



RESENHANDO - Como a marca de um ator pode interferir em um trabalho?
MR – Você pega o trabalho do Otavio, que era um personagem muito perigoso, que poderia cair numa caricatura, o Du também, o Cássio que também trata tudo com humor, então na hora da merda põe uma piada. A gente estava o tempo todo concentrado, e isso é uma virtude, de chamar esse tipo de atores, e essa foi uma das minhas brigas também! O cinema nacional tem muito essa mania de lançar. Eu não quis lançar ninguém nesse filme, eu não tenho essa mania, “eu que lancei esse ator”. Esse é um filme de atores conhecidos pra caramba, só o Fulvio que está começando (risos). Grandes atores que desenvolveram o trabalho e embarcaram nos personagens.


RESENHANDO - Como foi a relação com o diretor de fotografia, Zé Bob?
MR – Tem uma coisa muito importante. O Zé é um diretor de fotografia, e essa relação, muitas vezes, no cinema, é a do cara que faz o serviço dele. Não tô falando da maioria, mas o Zé é um cara que interferiu muito no trabalho como um todo com os atores. Nós estávamos confinados com os atores que eu queria filmar, numa sala que era menor que esse tapete aqui (aponta para o objeto), então, a gente não queria um cenário, e nós demos um jeito. E o Zé teve que ensaiar, e a gente dentro daquele lugar que não cabia ninguém. Todo mundo teve de colaborar para que nós conseguíssemos fazer as filmagens, a fotografia. A equipe toda foi assim. Tivemos muito essa coisa de estender o tapete para os atores. Não o tapete vermelho, clamoroso, às vezes cheio de barro, de merda (risos).


RESENHANDO - E os patrocínios?
MR – Eu acho que os editais, assim como a iniciativa privada, que a gente tem que conhecer a pessoa, tem que jantar com o cara, edital também é feito por amigos de amigos e amigos, então eu acho que talvez a venda do segundo filme vá ser mais fácil. Eu ganhei alguns editais aqui em São Paulo, não só eu, mas outros diretores gritaram, e tiraram meu dinheiro, eu viajei com 700 mil reais a mais na minha conta pra gente fazer o filme, e duas semanas depois tiraram o dinheiro. Eu entrei nesse edital e todas as regras estavam claras, fui dar mão pro prefeito e secretário de cultura no domingo no Ipiranga, tirei fotografias com esses caras, e duas semanas depois tiraram o dinheiro que estaria entrando na conta. Tudo isso porque houve um grito de cineastas paulistas. Eles alegaram que, apesar de o filme ser feito por um paulista, com produção paulista, a maior parte do filme não seria feito em São Paulo. 


RESENHANDO – Isso o revoltou?
MR – Não foi só comigo, eu até poderia entender que estou começando agora, e meio que invadindo a praia deles. Do BNDS nós ganhamos um edital há um ano e meio atrás, e a primeira parcela foi feito agora, então o filme foi feito com dinheiro próprio, então se eu não tivesse uma grana pra arrumar, pegar emprestado, eu não estava com o filme pronto aqui. Os caras dão o dinheiro na hora que eles querem! Campanha política, e o caralho, desviando pra outros lugares, eu to falando tudo isso aqui, você pode anotar tudo! Se eles não quiserem me dar o dinheiro não tem problema não! Quer dizer, depois de um ano meio de ganhar o edital, eles vieram pagar a primeira parcela agora, depois que a gente começou a gritar! Isso é um absurdo, um desrespeito! E ai se tem gente que conhece não sei quem, pega o telefone, e libera o dinheiro, eu não conheço ninguém, não sou amigo de ninguém... Então é meio complicado! Eu tinha prometido falar sobre isso!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

.: Conversa com Guillermo Arriaga, escritor

Guillermo Arriaga, um escritor à mercê de seus personagens

Por: Lídia Maria de Melo, convidada especial

Em setembro de 2010


Munido de arco e flechas, o premiado escritor e cineasta mexicano Guillermo Arriaga se embrenha por semanas no deserto ao Norte de seu país.


‘‘Sou enlouquecido por caçadas’’, confessa. Essa atividade, como diz, requer paciência e dedicação, mas o põe em contato com a natureza árida que tanto o atrai e ele tão bem retrata em seus filmes e livros. ‘‘Mantenho uma relação profunda com esse território. É a paisagem que melhor entendo’’.

Mas nem a caça, que ele pratica desde os 12 anos, nem o deserto conseguem afastá-lo da decisão que anunciou a seus pais, Carlos e Amélia, quando ainda era criança: ‘‘Quero me tornar escritor. E também ator, diretor e atleta profissional’’.

Os esportes continuam em sua vida, mas como atividade amadora. ‘‘Tenho feito futebol, tênis, pingue-pongue, squash, natação, voleibol, beisebol, box e pólo aquático, além da caça’’, relaciona, frisando que não vê contradição entre o pendor literário e a atividade esportiva. ‘‘Pensar que um escritor não faz esportes não passa de um lugar comum. É preciso acabar com os clichês’’.

Arriaga, que é graduado em Comunicação e História, até chegou a jogar futebol em um time de primeira divisão. ‘‘Mas careci de talento e disciplina’’, reconhece. Uma doença no coração foi outro motivo de impedimento.

As demais escolhas feitas na infância estão sendo cumpridas.Todas convergem para o principal motor que move esse homem de 52 anos, 1,86m, 92 quilos e grandes olhos verdes, que passam a impressão de nunca se fechar: ‘‘Desde menino, me seduz a ideia de contar histórias’’.

Para Arriaga, não há diferença entre escrever livros ou filmes.Tudo é produção literária. ‘‘Eu sou um escritor,um contador de histórias’’. Há muito, desde ‘‘Amores Brutos’’, ‘‘21 Gramas’’ e ‘‘Babel’’ , seu dom para a narrativa ultrapassa as fronteiras mexicanas e o coloca entre os principais nomes do cinema atual e da literatura latino-americana contemporânea.


ENTREVISTA: Entrevistei Guillermo Arriaga por e-mail, entre duas viagens dele em junho. Uma, ao Festival de Cinema em Aruba, e outra, a Vancouver, no Canadá, onde estuda o filho, Santiago, de 17 anos. E continuamos mantendo conversas, nas madrugadas, pelo site de relacionamentos Twitter, onde ele escreve em espanhol e inglês, mas até se esforça para se comunicar em português: ‘‘Boa sorte, Lídia. Boa noite’’. Quando não consegue, Arrisca um portunhol, como fez antes do primeiro jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo: ‘‘Claro que voy a ver o jogo do Brasil’’.

Sempre gentil e amistoso, sem afetações típicas de celebridades, esse ex-professor universitário, nascido na Cidade do México sob o nome completo de Guillermo Arriaga Jordán, fala de literatura, cinema, esportes, família, infância e escritores favoritos. Também dá dicas para quem deseja se aventurar no mundo das narrativas e conta sobre os novos textos que está produzindo.

No ano que vem, dentro da série ‘‘Cities of Love’’ (Cidades do Amor), participará do projeto ‘‘Rio, Eu Te Amo’’ com um curta-metragem sobre a Cidade Maravilhosa, ao lado de mais nove diretores. Entre eles, Fernando Meirelles (‘‘Cidade de Deus’’ e ‘‘Ensaio Sobre a Cegueira’’) e José Padilha (‘‘Tropa de Elite’’). Arriaga ainda não tem ideia do tema que abordará, nem de quem convidar.

Para retratar o Rio de Janeiro, não encontrará dificuldade: ‘‘Adoro o Brasil, é um país ao qual volto a cada ano. Parece-me um lugar vital, intenso, poderoso. Sua força se traduz em sua arte e sua cultura. Os brasileiros às vezes ignoram a maravilha de sociedade que são’’.

No início do ano, rodou o curta-metragem ‘‘El Pozo’’ (O Poço) para a TV Azteca, como parte da comemoração dos 200 anos da independência do México. Com pessoas comuns de pequenos povoados do Estado de Cohauila, contou um pouco da revolução mexicana. O filme será exibido neste mês de setembro no Festival de Veneza, onde Arriaga integrará o júri dos longa-metragens.

Atualmente, está às voltas com duas novas histórias. Uma tem como tema o ciúme doentio. ‘‘Como não sou ciumento, me parecem muito estranhos os ciumentos. E escrever sobre ciumento é mais estranho ainda’’, comenta.

A outra é uma encomenda do ator Brad Pitt. A primeira versão está pronta, mas Arriaga precisa reescrever, prática comum enquanto cria. É a adaptação do livro ‘‘The Tiger: A True Story of Vengeance and Survival’’, de John Vaillant, ainda inédito no Brasil e que trata de tigres da Sibéria. Junto com Darren Atonofsky, o mesmo diretor de ‘‘O Lutador’’, Brad Pitt faz a produção do trabalho, mas ainda não sabe se vai estrelar.

Arriaga desenvolve seus enredos no escritório que mantém em sua própria casa. Entre os objetos da decoração, além dos troféus, destacam-se caveiras de vários tipos. ‘‘É para lembrar que a morte nos acerca diariamente e que a arte é a única maneira de vencê-la’’.

A PRÓPRIA VIDA LHE DÁ ENREDOS E INSPIRAÇÃO: Guillermo Arriaga iniciou a vida profissional de escritor em 1991, aos 33 anos, com o romance ‘‘Esquadrão Guilhotina’’, sob as bênçãos de Laura Esquivel. Ao participar de um concurso literário, não venceu, mas a autora de ‘‘Como Água Para Chocolate’’ , que fazia parte do júri, indicou-o a seu editor, Jaime Aljure. A obra foi escrita quando ele tinha 22 anos.

Marcadas por episódios garimpados em sua própria vida, as histórias do mexicano estão ainda nos romances ‘‘O Búfalo da Noite’’ (1994) e ‘‘Um Doce Aroma de Morte’’ (1999), vertidos para vários idiomas e editados no Brasil pela Gryphus. Ele também publicou a coletânea de contos ‘‘Retorno 201’’, recém-traduzida para o romeno e com lançamento brasileiro previsto para este ano.

O título desse livro de contos faz referência ao endereço do conjunto habitacional de classe média onde Arriaga morou na infância, na própria Cidade do México: ‘‘Cresci na Unidade Modelo, Retorno 201, apartamento 87, telefone 32-3301, Zona Postal 13, Delegação Iztapalapa’’.

Digo que me faltam informações sobre essa obra, e ele me responde: ‘‘Eu escrevi ‘‘Retorno 201’’ entre os 24 e 26 anos de idade. Três contos foram escritos depois’’. Arriaga conta também que, enquanto criava ‘‘O Búfalo da Noite’’, ouvia a guitarra de Jimmi Hendrix e o rock do grupo inglês The Doors. Já ‘‘Um Doce Aroma de Morte’’ foi produzido sob os acordes de Los Tigres Del Norte, um grupo regional de música latino-americana, e o impacto das imagens fotografadas por Miguel Rio Branco, espanhol radicado no Brasil.

Desde o título, esse romance é marcado por descrições de cheiros: de queimado, do perfume da personagem morta, do corpo em decomposição, da morte. Pergunto a Arriaga como isso é possível, já que ele perdeu o olfato aos 13 anos, durante uma briga de rua.

A explicação inicial parece simples: ‘‘Quando um cego perde a visão, seu olfato fica mais refinado. Quando alguém perde o olfato, o sentido do paladar se faz mais agudo e preciso’’. Mas o complemento surpreende: ‘‘Há ocasiões em que posso cheirar com a língua. E não é uma metáfora, é real. E quando há muita umidade e certas condições, sou capaz de perceber cheiros distantes’’.

O escritor lembra que o poeta argentino Jorge Luiz Borges era cego e obcecado por espelhos. ‘‘Eu tenho obsessão por odores’’.


DEPOIS DE CORRER O MUNDO, A ESTREIA NO MÉXICO: Noite de 20 de julho. Chove torrencialmente na Cidade do México. O aguaceiro não é empecilho para que o escritor e cineasta Guillermo Arriaga chegue ao cinema onde, finalmente, ocorrerá a avant-premiére de ‘‘Fuego’’ (Fogo) em território mexicano.

O filme, que no Brasil recebeu o inadequado título de ‘‘Vidas que se Cruzam", marcou sua estreia como diretor há dois anos, no Festival de Veneza, sob longos aplausos. No elenco, duas ganhadoras de Oscar, Charlize Theron e Kim Basinger.

Originalmente denominado ‘‘The Burning Plain’’ (Planície Queimada, numa tradução livre), o longa-metragem já esteve em cartaz em outros 15 países, mas só no dia 23 de julho entrou em circuito nacional no México, por problemas com os distribuidores.

O título brasileiro remete ao estilo de narrar de Arriaga e serviria a qualquer um de seus outros trabalhos. Na Espanha, o filme foi chamado de ‘‘Lejos de La Tierra Quemada’’ (Longe da Terra Queimada), na Argentina, ‘‘Camino a La Redención’’ (Caminho para a Redenção), na Venezuela, ‘‘Corazones Ardientes’’ (Corações Ardentes).

Arriaga só opinou no título do México, que faz referência a uma cena de incêndio que ele testemunhou aos 9 anos de idade e vitimou uma família, perto de sua casa. No filme, histórias também escritas por Arriaga são entrelaçadas, do mesmo modo como ele já fez em ‘‘Amores Brutos’’, ‘‘21 Gramas’’, ‘‘Os Três Enterros de Melquíades Estrada’’ e ‘‘Babel’’.

A carga dramática leva o público a se esquecer da beleza física de Charlize Theron. Interpretando Sylvia, ela é uma mulher sofrida que parece carregar nos ombros todo o peso do mundo. Gina, de Kim Basinger, transmite a impressão de estar diante de sua última chance para ser feliz. Tessa Ia, na pele de Maria, é uma sábia menina.

Jennifer Lawrence, aos 17 anos, vive uma adolescente impetuosa, que lhe valeu o Prêmio de Melhor Atriz Revelação, no Festival de Veneza, em 2008. Sua personagem leva o nome da filha de Arriaga, Mariana. ‘‘Jennifer acaba de ser anunciada como a protagonista de ‘‘The X-Men’’, festeja o escritor.

Claro que o longa tem personagens masculinos. Os principais são vividos por Joaquim de Almeida, J. D. Pardo, John Corbett e José María Yazpik. Mas Arriaga fez um filme em que as mulheres, com seus amores, seus anseios e suas angústias, obrigam os homens a orbitar em torno delas. Na sessão de 20 de julho, realizada apenas para convidados, com a presença do elenco mexicano, Arriaga é recebido por jornalistas, fãs, amigos e a família. ‘‘Muito emocionado’’, confessou no site de relacionamentos Twitter.

‘‘Vou entrar no tapete vermelho. Vieram meus pais (Carlos e Amélia), meus irmãos (Carlos, Jorge e a também escritora Patrícia Arriaga Jordán) e sobrinhos e primos e muita gente’’. À tarde, ele agradeceu aos jornalistas que compareceram à entrevista coletiva de divulgação do filme e ainda expressou: ‘‘De coração, obrigado por suas palavras de alento. A todos que me escreveram, um abraço. Me comove o apoio que recebi da comunidade twitera’’.

Nos dias que precederam a estreia mexicana, Arriaga estava visivelmente nervoso e passava horas desperto. Quando não dava entrevistas, deixava notas no Twitter. Relacionou no site o nome de toda a equipe que trabalhou no filme, diante e atrás das câmeras. Seus seguidores no site até iniciaram uma campanha para que ele dormisse. Enviei também uma mensagem e ele me respondeu em português: ‘‘Não (tenho) conseguido dormir. Estava em entrevista com jornalistas. Tudo bem em Santos?’’.


TRÊS FILMES E UMA BRIGA PELA AUTORIA: Embora registre em seu currículo curtas como ‘‘Rogélio’’ e ‘‘El Pozo’’, Arriaga tornou-se conhecido no mundo cinematográfico pelos roteiros dos filmes ‘‘Amores Brutos’’; ‘‘21 Gramas’’ e ‘‘Babel’’.

Os longa-metragens foram dirigidos por Alejandro González Iñárritu,conterrâneo com quem Arriaga rompeu definitivamente há quatro anos.‘‘Ele traiu acordos de cavalheiros que fizemos quando decidimos trabalhar juntos.E traiu desde o início’’, diz.

Arriaga evita se alongar sobre o fim da parceria, mas é público que não aceita o fato de um diretor ser considerado o autor em um trabalho cinematográfico. Ele defende que, como em uma peça teatral,a realização é de toda uma equipe, a partir da história do escritor. Por isso, abomina a expressão ''Um filme de...'', utilizada nos créditos antes do nome do diretor. ‘‘Parece-me sempre uma falta de respeito com todos os que fazem o filme’’, explica. ‘‘E qual foi a razão para seguirmos juntos?’’, ele mesmo pergunta, para em seguida responder: ‘‘Muito fácil: as obras se saíam bem’’.

NAS MADRUGADAS, É QUE NASCEM AS HISTÓRIAS: É nas madrugadas que Guillermo Arriaga escreve diariamente. ‘‘A noite diz coisas que de dia não se pode escutar’’,explica. Diante do computador, não espera por musas ou inspiração. ‘‘A musa, para mim, aparece quando me sento para escrever’’. E ele tem um bom argumento para nunca desistir de atingir a marca de ao menos meia página até as 9 da manhã. ‘‘Um caixa de banco não se questiona se tem que ir trabalhar’’. Há um outro mais fatalista: ‘‘Não descanso nenhum dia. A morte tampouco. Se me surpreende, que ao menos fique alguma coisa depois de mim’’.

A morte é um tema mais do que recorrente em seus escritos: ‘‘Ela está tão certa de nos alcançar, que nos dá toda uma vida de vantagem’’. É uma grande preocupação?, pergunto. Ele nega, mas nunca demonstra indiferença ao assunto. Em junho, diante da notícia do falecimento do escritor português José Saramago, expressou: ‘‘Hoje, só morreu um pouco de Saramago. O outro Saramago sobrevive e, para que viva mais, é preciso lê-lo’’.

Também não deixou de comentar o assassinato do candidato ao governo do estado mexicano de Tamaulipas, antes das eleições: ‘‘Lamento profundamente a morte de Rodolfo Torre. Cada vida perdida me dói. Toda morte insensata é uma vergonha para o México’’.

A expressão mais comovida foi sobre a recente perda do ator Dennis Hopper. ‘‘Estou triste e me sinto mal de não ter podido produzir seu último filme como diretor. Não éramos próximos, mas confiou em mim. Pude vê-lo umas semanas antes. Era um tipo muito inteligente, agradável e talentoso. Sempre foi amável comigo. De verdade, lamento’’.


ENCICLOPÉDIAS E CARTAS: Quando criança, Arriaga passava horas nas ruas, depois que chegava da escola. Mas se admirava com os textos curtos das enciclopédias e escrevia cartas para as meninas. Era a maneira como melhor se organizava, já que sofria de hiperatividade e déficit de atenção.

Ainda hoje se distrai todo o tempo, por isso cria artifícios para se concentrar. Se fraqueja diante do silêncio de seus personagens, lembra das palavras de Marguerite Duras: ‘É preciso ser mais forte que a obra’’.
Ele escreve tanto que às vezes provoca lesões nos nervos das mãos. Mas se consola: ‘‘Criar nos cobra cotas. Não importa, criamos mundos narrativos, personagens’’.

De antemão, nunca sabe qual será o final de seus enredos e prefere conhecer pouco sobre os personagens. ‘‘Gosto de descobrir junto com eles’’, diz. ‘‘Se sei demasiadamente, sinto que não vão me surpreender’’.

Quase todas suas histórias estão relacionadas a algum fato que viveu, sentiu ou presenciou. Ele nunca pesquisa antes de escrever. ‘‘Falo somente do que conheço. Quero que em meu trabalho se sinta a rua, o campo. Que se sintam esses lugares, esses momentos, essa gente, que me são próximos’’.

Muitos de seus personagens recebem os nomes de seus familiares, amigos e animais. No filme Amores Brutos, por exemplo, o cachorro de estimação do protagonista se chama Cofi. Uma homenagem ao cão que teve quando criança. Ao terminar de escrever um romance ou um filme, Arriaga submete o texto a um grupo de pessoas em quem confia. Entre eles, estão a mulher, Maria Eugênia, que ele chama carinhosamente de Maru, e a filha de 15 anos, Mariana.

A partir das sugestões, ele reescreve várias vezes. ‘‘Essa é a tarefa de um escritor. Polir a linguagem de tal maneira que pareça que é fácil’’. Compara seu método, com o do ex-jogador francês Platini: ‘‘Para que pareça fácil dar um passe de 50 metros, é necessário praticar anos’’.

Além dos pais, Carlos e Amélia, que sempre o educaram para que seguisse sua vocação, uma de suas grandes incentivadoras é Maria Eugênia, a quem ele define como ‘‘mulher maravilhosa’’. Quando se casaram e ele lhe disse que queria escrever, ela o apoiou: ‘‘Adiante’’. Quando soube que isso iria significar dificuldades econômicas, não recuou: ‘‘Ela acreditou em mim e, graças a ela e a seu amor e incentivo, pude dedicar-me a ser escritor’’.

A última vez que conversei com Arriaga, antes de finalizar esta matéria, foi na madrugada de 25 de julho. ‘‘Buenas, que bom encontrá-lo de novo na madrugada’’, saudei. Prontamente, ele retornou, dominando quase totalmente o português:‘‘Boa noite, meu querida Lídia. Viajo uma semana. Depois, eu vou voltar’’. Então, até a volta. A gente se fala!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

.: "Bliss", crônica de Helder Moraes Miranda publicada na revista "Viver Integral"


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Sou o cara do ponto de ônibus com uma estranha predisposição de criar histórias para os que estão na fila. Há, nela, de tudo – acredite – com tantos rostos e roupas de frio e de calor que sempre se modificam a cada dia, eu estou lá, vendo tudo enquanto sigo para o trabalho. Do romântico inveterado (e talvez eu me enquadre nesse perfil), à vilã incorrigível e meio desajeitada, passando pela velhinha dócil que não leva a culpa de ter atrapalhado um romance, mas fez isso, e hoje tem a simpatia da maioria.

Sou um observador contraditório por ser um péssimo fisionomista, ter a memória fraca e, muitas vezes, distraído a ponto de não retribuir cumprimentos na rua porque não vi. Você pode perguntar quem sou eu, e o que me assinala para escrever sobre livros. A vida, eu responderia. Não sou um crítico, mas um apaixonado. Até porque discordo dos especializados, na maioria das vezes.

Escrever sobre literatura e seus bastidores não é tarefa penosa. É vida. Explico: comecei a escrever desde os seis anos, e leio desde então. Quando não sabia escrever, desenhava. Trabalho com isso, conheço pessoas, elaboro reportagens e, quando um livro me agrada, resenho. Diante de tanta doçura, perdi a fala quando conheci Ana Miranda – vencedora por duas vezes do prêmio Jabuti, o maior na área literária no Brasil.

Troquei alguns e-mails com Fernanda Young e, talvez por tê-la entrevistado algumas vezes, dei um depoimento sobre ela (que até hoje não sei se foi publicado) para a revista Imprensa. Levo o mérito de ter entrevistado aos 21 anos, com um colega de redação, o escritor Sidney Sheldon. Claro, também me decepcionei com alguns, que se mostraram verdadeiros babacas, mas o que importa, mesmo, são os textos que eles fazem, com uma grande possibilidade de mexer comigo.

A sensação de ter este espaço para falar de algo que é tão pouco valorizado, e sem o ar solene e pedante como é, sim, tratada a literatura – e seus escritores, e seus livros, e seus roteiristas, e seus leitores – me remete a um antigo conto, que li recentemente. Chama-se "Bliss", de Katherine Mansfield. Assim como saudade, que não tem tradução fora da língua portuguesa, "bliss", em uma tradução apressada, significa "mais que felicidade".

Fala de uma mulher que promove um jantar para o marido e amigos, e é surpreendida por um acontecimento que pode mudar tudo. Esse final desconcertante pode ser a mesma sensação diante de um livro novo. Estou na berlinda, como cada escritor quando termina um texto, sempre à mercê da aceitação, ou não, do leitor que pode optar por fechar o livro ou seguir para a próxima página.


*Texto publicado na extinta revista "Viver Integral", em setembro de 2010.

Bastidores

O texto foi enviado em anexo com o seguinte recado no corpo do e-mail, em 9 de agosto de 2010:

Queridos Celso e Cris, tudo bem?

Conforme combinado, segue anexo com texto para a minha coluna sobre livros na "Viver Integral". Espero que gostem, esse será o estilo que penso. Uma abordagem diferenciada, e mais pop, sobre o mundo dos livros. Anexo uma arte com o nome da coluna "Protagonismos", uma foto minha (pode sair bem pequenininha mesmo, e o texto. Espero que gostem. Um abraço,

Helder

O e-mail era para o querido Celso Bertolli e sua gentil esposa Cris. As artes citadas eram essas:


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

.: Resenha crítica de "Os Mercenários", que é uma bobagem

Testosterona inconsistente: O Brasil pelos olhos de Stallone 
Por: Helder Miranda
Em agosto de 2010

Longa só se sustenta pela memória afetiva de um público que já cresceu. 


"Os Mercenários" é, assumidamente, uma bobagem. Logo na primeira cena, talvez pelo colorido, fui remetido a dois filmes antigos, de minha infância - Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva e Os Trapalhões nas Terras dos Monstros. Não entro no mérito do boicote, é perda de tempo, mas, se você não foi um moleque dos anos 90, não veja. 

Assim como Renato Aragão, Stalonne vai escalando famosos para fazer algumas pontas ao seu bel-prazer. O roteiro segue o mesmo estilo dos longas de ação que eram transmitidos à tarde, na TV Bandeirantes, cheios de memória afetiva de minha época de criança. Com medalhões do gênero, como Dolph Lundgren (Soldado Universal), Jet Li, Jason Statham (o protagonista de Carga Explosiva), e até o pai de Todo Mundo Odeia o Chris, é tão ruim que tem seu charme. Só faltou Van Damme.

Cheio de tiradas de efeito, todas "esquecíveis", algumas cenas de ação forçadas, e um machismo que não chega a incomodar, porque o próprio filme não se sustenta. Os Mercenários é salvo pela memória afetiva de um público que já cresceu. Quem foi moleque no auge de Sylvester Stallone e brincou com os bonecos emborrachados do S.O.S Comandos - me remeteu a isso também - pode se reconhecer ali. Minha única pretensão era conferir o último trabalho da fofinha Brittany Murphy, que não apareceu e me frustrou um pouquinho, mas como ganhei os convites, em uma ação de marketing da California Filmes para evitar o "boicote" (?), estava ali para me divertir. 

A percepção do que é "envelhecer mal" me incomodou em Os Mercenários. Menos pelo botox e mais pela dificuldade em partir para outros projetos mais dignos, íntegros, do ator que está à frente disso. A participação de Bruce Willis só se justifica pela afetividade. Ali, no cinema, vi o tempo passar em frente a um Mickey Rourke irreconhecível, e também quando não acreditei nas peripécias espetaculares de um Stallone envelhecido, muito menos no olhar romântico de Gisele Itié para o seu personagem. É como a mulher madura que insiste em roupas de menina e maquiagem pesada: não dá.

Por outro lado, só um filme como esse me deixaria acordado, em um dia em que dormi às 4h, acordei às 7h, recomecei a trabalhar o dia todo e encarei a sessão das 22h. Gisele Itié, dublada por ela mesma, é uma atração à parte. Se fosse um filme "bom", pode ter certeza de que eu dormiria, como já aconteceu outras vezes, mas estava diante de algo em que não conseguia parar de ver. 

Um detalhe curioso foi quando o projetor apresentou algum problema e o longa teve de voltar alguns minutos dos já assistidos. As pessoas reclamavam quase que em unanimidade, queriam ver o filme de onde estava, não precisava voltar. Minha mulher, que começou a esboçar sinais de desespero, também fez coro. Como imaginei que, em algum momento, os personagens viram para cá, eu quis ver o Brasil pelos olhos de Stallone. Mas não aconteceu também. Vale, também, por uma cena em que o protagonista troca farpas, ridículas, com Arnold Schwarzenegger e finaliza, com a única frase que me lembro: "Ele quer ser presidente".

Filme: Os Mercenários (The Expendables, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Ação
Duração: 103 minutos
Direção: Sylvester Stallone
Roteiro: Dave Callaham, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone , Jason Statham , Jet Li , Dolph Lundgren , Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke

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