sábado, 6 de setembro de 2025

.: Crítica: "Ladrões" tem empolgante trama crescente com desfecho incrível

 
Cena de "Ladrões", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em setembro


O simples favor de cuidar do gato do vizinho é capaz de deixar a vida de Hank Thompson (Austin Butler, de "Elvis") totalmente de pernas para o ar durante os anos 90. Em "Ladrões", o rapaz que um dia foi uma promessa do beisebol até se envolver num grave acidente, agora em Nova Iorque, leva uma vida comum, trabalhando como bartender e curtindo sua namorada, Yvonne (Zoë Kravitz, de "Batman").

Assim, aceitando realizar um favor para o vizinho punk Russ (Matt Smith), Hank vira alvo de  uma gangue de criminosos e, inicialmente, paga indo parar por dias no hospital. Contudo, os problemas somente ganham maiores proporções colocando quem Hank ama na mira dos bandidos em disputa de uma bolada de dinheiro que precisa de uma chave para ser resgatada. No entanto, Hank também precisa lutar bravamente para sobreviver.

"Ladrões" é o tipo de filme que entrega tudo e mais um pouco. Surpreendente, a trama embarca numa crescente em que tudo vai piorando e deixando sempre a sensação de não haver saída para Hank. De fato, o diretor de "A Baleia" e "O Cisne Negro" tem o dom de caminhar por histórias distintas e impressionar positivamente. Na poltrona do cinema, o público é facilmente fisgado já no início para a empolgante história que poderia acontecer com qualquer um.

Com sagacidade na escolha da trama, que é originária do livro de estreia de Charlie Huston, tendo roteiro do autor, Darren Aronofsky, põe em destaque o talentoso e versátil Austin Butler, ao lado de Zoë Kravitz, Matt Smith, Regina King, Liev Schreiber, assim como o cantor Bad Bunny e o rapper Action Bronson e o resultado é um filmaço. Tem ainda na cena final a participação de Laura Dern (Jurassic Park). Imperdível!

O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN


"Ladrões" ("Caught Stealing")Ingressos on-line neste linkGênero: açãoClassificação indicativa: 16 anos. Duração: 1h47. Direção: Darren Aronofsky. Roteiro: Charlie Huston. Elenco: Austin Butler (Hank Thompson), Zoë Kravitz (Yvonne), Matt Smith (Russ), Regina King, Liev Schreiber, Vincent D’Onofrio, Carol Kane, Griffin Dunne, Bad Bunny (Benito A. Martínez Ocasio), entre outros. Distribuição no Brasil: Sony Pictures. Cenas pós-créditos: não, apenas durante. Sinopse: Hank Thompson, ex-jogador de beisebol do ensino médio e bartender alcoólatra, aceita cuidar do gato de um vizinho punk e, inadvertidamente, torna-se alvo de criminosos por causa de uma chave escondida na jaula do animal. Ele precisa lutar para sobreviver num submundo violento e absurdamente variado, enquanto busca entender por que está sendo caçado. Confira os horários: neste link

Trailer "Ladrões"




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.: "Amores à Parte" retrata sentimentos confusos na não monogamia



Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em agosto de 2025


O longa de comédia romântica "Amores à Parte" é a mais pura representação de relacionamentos conturbados que transpiram modernidade, mas somente até a página 2, uma vez que sentimentos são difíceis de seguir regras. Com a desculpa de que estão numa relação aberta casais buscam algo a mais, mas somente se machucam.

A produção do diretor Michael Angelo Covino, que também atua como Paul, o marido de Julie (Dakota Johnson) passa por um gigante teste quando se vê diante dos amigos Ashley (Adria Arjona) e Carey (Kyle Marvin) e Julie revela ter feito sexo com outro homem.

Numa dança das cadeiras, as relações fervem com direito a tapas e pontapés. "Amores à Parte" faz rir, mas entrega mais drama diante das dificuldades de que cada personagem encontra para se entender dentro das parcerias consolidadas como casamento.

Não é um grande ou marcante filme, mas vale a pena conferir o olhar diferenciado sobre casamentos que se mostram felizes, sem serem, de fato. Na ebulição das emoções, até mesmo os relacionamentos que se rotulam como abertos e sem apego, podem gerar confusões tremendas quando faz o que faz com uma pessoa de fora.


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"Amores à Parte" ("Splitsvill")Ingressos on-line neste linkGênero: romance, comédiaClassificação indicativa: 14 anos (não recomendado para menores) | Ano de produção: 2025 | Idioma: Inglês | Direção: Michael Angelo Covino | Roteiro: Michael Angelo Covino e Kyle Marvin | Elenco: Dakota Johnson, Adria Arjona, Kyle Marvin, Michael Angelo Covino; apoio de Nicholas Braun, O-T Fagbenle, David Castañeda, Charlie Gillespie, Simon Webster e Nahéma Ricci | Distribuição no Brasil: Diamond Films | Duração: aproximadamente 100 minutos (cerca de 1h40min) | Cenas pós-créditos: não. Sinopse: Após o pedido de divórcio da esposa, Carey busca conforto nos amigos Julie e Paul, mas se surpreende ao descobrir que eles mantêm um relacionamento aberto. Experimentando o mesmo, ele acaba extrapolando limites e provocando um verdadeiro caos afetivo entre os envolvidos. Confira os horários: neste link

Trailer "Amores à Parte"


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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

.: Crítica: "Invocação do mal 4: O último ritual" emociona enquanto assusta


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em setembro


Para encerrar, a franquia de terror "Invocação do mal 4: O último ritual" vai além de um caso assustador vivido por uma família na Pensilvânia em que Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) precisam resolver (a contragosto). Ao dar espaço para a carga emocional do amor entre pais e filhos em meio a sacrifícios, a produção volta ao período em que Lorraine está grávida da filha, Judy (Mia Tomlinson), inserindo outros atores na pele do casal. 

Em meio a um parto conturbado, a menina natimorta responde a um milagre, mas cresce perturbada. Assim, a história da mais impactante assombração retorna para a vida dos Warren, a boneca Annabelle. Mesmo com uma repetição capaz de afastar o que lhe apavora -e agora com maior frequência-, Judy, agora uma moça, prestes a se casar, tentar enfrentar seus medos.

Enquanto os casos mais marcantes retornam para a trama -tal qual uma despedida-, os Warren, incluindo, o futuro integrante da família, acabam encarando de frente seus medos mais obscuros e, alguns, que aparentavam estar resolvidos. Enquanto tudo se agiganta, inclusive Annabelle, os bons sustos e a sensação de angústia de certas cenas são garantidos, reforçando a qualidade da franquia dentro do gênero.

É inegável que "Invocação do mal 4: O último ritual", dirigido por Michael Chaves ("Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio", "A Freira 2"), encerra a história dos pioneiros demonologistas com chave de ouro, ainda mais se tratando de uma sequência. De fato, não há como superar o primeiro, uma vez também que surgiram produções derivadas -causando um certo esgotamento dos casos. 

Ao resgatar personagens atendidos pelo casal, o último filme garante uma sensação boa, fazendo lembrar que o caso foi resolvido, mas também desperta saudade, por se tratar do fim, tal qual uma despedida. De fato, "Invocação do mal 4: O último ritual", brinda a família e expõe até onde o amor de pais e filhos pode ir, ainda que seja preciso colocar a vida em risco. Imperdível!

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"Invocação do mal 4: O último ritual" ("The Conjuring: last Rites")Ingressos on-line neste linkGênero: terrorClassificação indicativa: 16 anos. Duração: 2h15. Idioma original: inglês. Direção: Michael Chaves. Roteiro: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick. Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson, Ben Hardy, Steve Coulter, Rebecca Calder, Elliot Cowan, Kíla Lord Cassidy, Beau Gadsdon, John Brotherton e Shannon Kook. Distribuição no Brasil: Warner Bros. Pictures. Cenas pós-créditos: não. Sinopse: Ed e Lorraine Warren investigam o caso mais sombrio de suas carreiras, envolvendo a família Smurl, em uma trama baseada em acontecimentos reais que promete encerrar a franquia com intensidade e terror. Confira os horários: neste link

Trailer "Invocação do mal 4: O último ritual"




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.: Entrevista com Wilson Simoninha: ele respira música, por Luiz Gomes Otero


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

A frase do título está correta, pois Wilson Simoninha, filho de um dos maiores cantores que o país produziu (Wilson Simonal), parece mesmo respirar música. Ele não só atua cantando e tocando suas composições, como ainda trabalha na produção musical de programas da TV, como o "Domingão com Huck" e "Viver Sertanejo" com o cantor Daniel, só pra citar dois exemplos.

Mas como a música não pode parar, Simoninha já está preparando um novo álbum de canções inéditas, que deve marcar um ponto de virada na sua carreira. E continua desenvolvendo vários projetos em paralelo com outros nomes conhecidos, como Xande de Pilares. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ele conta como desenvolveu sua carreira em paralelo com a atividade de produtor. “Esse trânsito entre palco, estúdio e audiovisual mantém meu trabalho em movimento e me inspira a explorar diferentes formas de levar música ao público”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música? Com quem você tocou antes da carreira solo?Wilson Simoninha - Meu início na música foi bastante natural. Autoditdata, ouvindo as coisas que aconteciam na minha casa. Mais tarde estudei na fanfarra da minha escola e depois estudei piano com vários maestros. Ainda adolescente formei várias bandas com o sobrinho do Jorge Benjor e com o João Marcelo Boscoli

Resenhando.com - Seu pai certamente foi uma fonte de inspiração sua como intérprete. Além dele, quais foram suas referências?
Wilson Simoninha - Sim, meu pai é considerado um dos maiores cantores da história da música brasileira, então não tem como ser diferente. Mas obviamente outros artistas me inspiraram também, como Jorge Benjor, Tim Maia, João Gilberto. Entre os brasileiros a lista é gigante. E entre os internacionais posso citar Stevie Wonder,  Michael Jackson e principalmente Marvin Gaye. A soul music foi uma forte influência na minha caminhada na música.


Resenhando.com - Sua discografia tem ótimos momentos nas músicas autorais. Você gosta de compor sozinho ou também faz parcerias?
Wilson Simoninha - Eu não tenho preferência entre compor sozinho ou em parceria. Tenho ótimos parceiros, como Bernardo Vilhena, Carlos Rennó, Marcelo de Luca entre outros. Tem uma parceria nova com o Xande de Pilares. Mas também gosto de compor sozinho. O importante a colocar a sua inspiração para fora.


Resenhando.com - Você atua também como produtor. Você continua nessa atividade em paralelo com a música?
Wilson Simoninha - Sigo atuando como produtor e diretor musical em paralelo à minha carreira como músico. Essa é uma dimensão fundamental do meu trabalho. Desde 2001, estou à frente da S de Samba, produtora que fundei com Jair Oliveira, onde criamos trilhas publicitárias premiadas e desenvolvemos projetos musicais para marcas, cinema e televisão. Na TV Globo, assino a direção musical do Domingão desde 2016, passando pelas fases com Faustão e agora com Luciano Huck. E também, com a mesma intensidade e carinho, faço a direção musical do programa Viver Sertanejo, apresentado pelo cantor Daniel. Além disso, produzi as duas edições do especial Falas Negras e, mais recentemente, a inédita atração Pagode 90. Fui ainda responsável pela produção artística do documentário Chic Show (Globoplay). Esse trânsito entre palco, estúdio e audiovisual mantém meu trabalho em movimento e me inspira a explorar diferentes formas de levar música ao público


Resenhando.com - Fale sobre seus planos atuais na música. Você pretende gravar um novo álbum?
Wilson Simoninha - Sim, estou preparando um novo álbum de inéditas, que deve marcar mais um capítulo importante da minha trajetória. Depois de tantos projetos como diretor musical, produtor e intérprete, senti que era o momento de voltar ao estúdio para trazer novas canções e ideias. Tenho buscado arranjos que dialoguem com a minha história, mas também apontem para o futuro sempre guiado pela reinvenção, pelo talento das parcerias e pela alegria que a música me proporciona. É um trabalho que está sendo construído com muito carinho e que espero compartilhar em breve com o público.


"Sa Marina"

"Flor do Futuro"

"Mais Um Lamento"

.: Entrevista: Delphis Fonseca transforma Sinatra em experiência viva no palco


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: divulgação

Há quem diga que certas canções sobrevivem ao tempo porque carregam em si um sopro de eternidade. Mas o que acontece quando um artista decide não apenas cantar esses clássicos, e sim dialogar com eles, emprestando corpo, voz e alma a melodias que atravessaram gerações? É esse o risco - e também a ousadia - de Delphis Fonseca, que leva ao palco do Teatro Jardim Sul, em São Paulo, o espetáculo “Sinatra & Cia – Os Maiores Sucessos da Era de Ouro”.

Mais do que um tributo, trata-se de um mergulho afetivo em memórias que pertencem a todos nós, embaladas por Sinatra, Elvis, Nat King Cole, Charles Aznavour e tantos outros. Delphis, que também é jornalista, locutor e apresentador, sabe como poucos transformar um show em experiência: não basta interpretar, é preciso contar histórias, criar cumplicidade, surpreender. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, o artista fala de bastidores, improvisos, riscos e segredos de quem vive entre a reverência ao passado e a urgência do presente. Afinal, como ele mesmo afirma, “as grandes canções não têm prazo de validade”.


Resenhando.com - Se Frank Sinatra pudesse assistir ao seu show “Sinatra & Cia” escondido na plateia, qual você acredita que seria a primeira reação dele: aplaudir, corrigir ou dar uma piscadela cúmplice?
Delphis Fonseca - (Risos) Puxa, pergunta interessante! Já fico imaginando a cena! (Risos) Eu não sou um cover de Frank Sinatra, nem me atreveria. Sou um apaixonado pela boa música, e grande parte dela vem desse artista incrível. Gosto de músicas do mundo inteiro: canto em português, inglês, francês, Italiano, espanhol e japonês. E também tenho meu repertório próprio nesses idiomas com canções com alguns parceiros musicais. Gosto de toda música que me toca o coração. Mas, voltando a sua pergunta, acredito que se o Sinatra estivesse na plateia do meu show, seria melhor eu não saber… (Risos) Essa situação me lembrou uma passagem que aconteceu com o Sinatra no início de carreira, quando ele ainda não era o dono da fama. Ele estava cantando em um jazz bar quando entrou o Cole Porter. Quando ele viu o famoso compositor entrando, falou logo pra banda: “Vou cantar 'Night and Day'". Esse era um dos grandes sucessos escritos por Porter na época. Sinatra não sabia a letra direito e acabou se enrolando na apresentação e improvisando como pode. Cole Porter achou aquilo muito engraçado, pois percebeu que Sinatra estava tentando impressioná-lo. E aí começou uma grande parceria, que anos depois, iria conquistar o mundo. Agora, na verdade, Sinatra tinha um temperamento forte, e muitas vezes, imprevisível. Gosto de imaginar que ele sentiria meu respeito pelo seu legado, e que me apoiaria, mas não sem me chamar de canto e dar uma boas duras! (Risos).


Resenhando.com - Você se define mais como um “tradutor de emoções” ou como um “ator que canta”? Afinal, interpretar clássicos imortais exige muito mais do que afinação.
Delphis Fonseca - Você tem toda a razão! É muito mais que só afinação, perfeito. Eu me defino como intérprete. Amo interpretar, como ator, cantor, palestrante, apresentador, comunicador, essa é a minha veia. Música é vida, e a vida de cada um de nós, por si só, é sempre um grande e exclusivo clássico. Se você entende isso, tudo se encaixa na sua interpretação. Sobretudo, interpretar histórias que agreguem emoções profundas, sejam elas de amor, alegria e, também de tristeza; uma vez que a Vida é uma somatória de todas essas emoções se revezando de forma randômica. As canções tristes fazem parte dessa mesma estrada, onde logo alí adiante, virá uma outra trazendo a alegria, a esperança e o amor de volta à cena.


Resenhando.com - Na era do streaming e do consumo descartável, o que significa insistir na ideia de que “as grandes canções são eternas”? É um ato de resistência cultural?
Delphis Fonseca - De forma nenhuma. Eu não resisto às mudanças. Eu procuro entendê-las e transformá-las em algo adequado às minhas capacidades e objetivos. Resistir às mudanças é desistir de viver nesse mundo que muda a cada instante. Eu canto músicas contemporâneas também: gosto de Ed Sheeran, Adele, Bruno Mars, Sam Smith, Robbie Williams e outros. Mas, mudar não necessariamente significa jogar fora tudo o que foi vivido, e sim aprender outras coisas e fundí-las em um nova criação, potencializar tudo aquilo em novo cenário cultural ainda mais rico. O chamado “descartável" sempre existiu, não é novidade. Entendo que ele traga um registro de momentos superficiais da cultura naquele momento, e nada além. Por isso, é imediatamente reconhecido pelo público. Mas, quando esse momento passa, não deixa sua marca mais profundo no emocional das pessoas, se torna obsoleto. A verdade é que não há receita de sucesso, seja ele instantâneo e passageiro, e, muito menos, duradouro a ponto de se tornar um clássico.


Resenhando.com - Há espaço para improviso num show de tributo, ou seguir a partitura com precisão é uma forma de respeito? Você já quebrou protocolos no palco e surpreendeu o público?
Delphis Fonseca - Sem dúvida, isso no que eu acredito e é a forma que interpreto. Talvez, não haja esse espaço em um show cover, de personificação, onde o público espera ouvir o artista original. No meu caso, sou intérprete, e como tal, me dou a liberdade de deixar a minha emoção trabalhar comigo de forma autêntica. Quando eu canto, eu me emociono de fato, não simulo isso. Emoção só é, de fato, emoção se for real, e a platéia sente isso de imediato. Acho que isso seja respeitar a obra do autor, é permitir à ela cumprir o seu papel junto ao público: emocionar. Não penso, necessariamente, em quebrar protocolos só pra ser diferente. Mas, é da minha natureza não me prender a regras que me vão contra a minha identidade. Eu converso muito com o público durante o show, conto histórias da minha vida, das músicas, divido pensamentos, peço opiniões do público. E brinco: “Não se preocupem, eu também vou cantar hoje!" (risos). Eu respeito e sou muito grato ao público que me acompanha, que vai aos meus shows, adoro interagir com ele. Não digo que essa seja a forma certa de se fazer, mas é assim que eu faço, essa é a minha verdade.


Resenhando.com - Elvis, Nat King Cole, Charles Aznavour… cada um deles tinha também suas sombras pessoais. Quando você canta esses ícones, pensa mais no mito ou no ser humano?
Delphis Fonseca - Todos temos nossas sombras. Todos, sem exceção. Cabe a cada um de nós conseguir iluminá-las, mas cada qual a sua própria. Nossas sombras dizem respeito somente à nós mesmos, desde que, obviamente, não afete as vidas de outras pessoas. O que chamamos de "mito" é uma pessoa, como todas as outras, mas que diferente da maioria, traz consigo a necessidade de expressar sua arte em forma de música, e sofre inúmeras pressões que o próprio meio impõe, tudo isso somado aos seus próprios desafios particulares de vida. Cada um tem uma forma de se comportar diante disso tudo. Toda essa vivência, dá a ele a bagagem emocional para ser quem ele é artisticamente. Portanto, isso é muito particular. Não posso mistura isso com a minha vida, ou então estaria procurando interpretar as canções como ele, e isso só teria validade se eu fosse um “impersonator”. Não tenho nada contra a esse tipo de trabalho, aliás, gosto muito quando ele é bem feito. Por exemplo, o trabalho feito pelo Dean Zee, vivendo Elvis Presley, é maravilhoso. Faz com respeito e com primor. Cada um na sua.

Resenhando.com - O espetáculo acontece em São Paulo, mas a lista de artistas que você interpreta atravessa fronteiras. Qual foi a canção internacional que mais mexeu com plateias brasileiras? E com você?
Delphis Fonseca - Não tenho uma única música, mas muitas! rs Tous Les Visages De L’Amour (She), de Charles Aznavour é uma canção de amor sensacional e que eu amo e o público também. Tem mais impacto em francês. Ela tem tudo a ver comigo, sou romântico por natureza. "Bridge Over Troubled Water", de Paul Simon e Art Garfunkel, é outra canção que faz muito sucesso com o público. Ela é realmente muito impactante e com uma letra linda, que muitos conhecem. "That's Life" é uma música de vida. É divertida, mas muito profunda. Foi resgatada dos anos 70 para ser tema do primeiro filme do Coringa. É uma música incrível! Vou cantar todas elas nesse show.


Resenhando.com - Você também é jornalista, locutor e apresentador. O que o Delphis comunicador emprestou ao Delphis cantor - e vice-versa?
Delphis Fonseca - Eu acredito que somos o que somos devido a tudo aquilo que vivenciamos em nossa existência, desde antes mesmo de nos reconhecermos por gente. Tudo aquilo que fazemos na vida, seja em âmbito pessoal ou profissional, real ou virtual, tudo aquilo que aprendemos, forma quem nós somos. Tudo se mistura. Essas atividades que você citou: jornalista, apresentador, cantor. Todas elas são funções de comunicação, cada qual da sua forma, dentro de seu próprio cenário, mas são atividades onde uma pessoa se comunica com várias outras. Então, eu diria que eu unifiquei tudo isso em uma única atividade onde eu apresento minhas interpretações musicais, contando histórias e entretendo o público com boa música.


Resenhando.com - O palco exige presença. Mas fora dele, no silêncio, qual é a música que você canta só para si, quase como uma prece íntima?
Delphis Fonseca - Uma música que eu sempre gostei foi "Canção da América" de Milton Nascimento, esse gênio da música. A letra fala de relacionamento humano, de amor e de amizade de verdade, exatamente como eu acredito que deva ser e como procuro vivenciar.


Resenhando.com - Se tivesse de incluir no repertório um hit da música pop atual - digamos, de Lady Gaga, Adele, Bruno Mars ou qualquer outro artista, nacional ou internacional - qual você ousaria transformar em “canção eterna”?
Delphis Fonseca - "Photograph", do Ed Sheeran. Acho que ele é um artista incrível!


Resenhando.com - Você já cantou com orquestra, quinteto, piano solo… mas qual seria a formação mais “maluca” com a qual toparia revisitar os clássicos? Talvez um DJ, um trio de jazz ou até uma escola de samba?
Delphis Fonseca - Recentemente regravei "Tous Les Visages de L’Amour" em um ritmo mais para cima, uma versão pop. Está no meu Spotify. Também, demos novas roupagens para "Blue Velvet", "Garota de Ipanema", em português e em inglês; e outras que ainda serão lançadas. Músicas próprias e inéditas também estão em estúdio e logo serão lançadas. Agora eu fiquei impressionado com a sua pergunta! Tá me espionando?? (Risos). É que, entre outras coisas, estou fazendo um trabalho com um DJ muito conhecido em São Paulo, que ainda não posso revelar. Tem fusão musical vindo por aí! E acho que você vai gostar!

.: Crítica literária: Luna Vitrolira, poetisa e performer, de Recife para o mundo


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

A poetisa e performer pernambucana Luna Vitrolira desembarca em São Paulo com uma agenda intensa de apresentações, mesas de conversa e oficinas que antecipam sua primeira tour literária na Europa, programada para setembro e outubro, com passagens por Portugal, França, Inglaterra, Alemanha e Espanha.

A programação em São Paulo destaca a força da poesia nordestina e feminina contemporânea. No dia 9 de setembro, Luna divide a mesa “Entrelinhas Pernambucanas” com as poetisas Cida Pedrosa e Dayane Rocha, no Sesc CPF, abordando as ancestralidades, resistências e a potência da poesia produzida no Nordeste. No dia 10 de setembro, no Sesc 24 de Maio, apresenta o espetáculo “Em Nome da Liberdade”, em que entrelaça poesia falada, música e performance corporal para revisitar memórias de resistência da população negra.

No Sesc Taubaté, em 11 de setembro, repete a mesa “Entrelinhas Pernambucanas”. Já no Sesc Vila Mariana, conduz no próximo dia 13, uma oficina de criação poética e performance, seguida de apresentação pública gratuita dia 14 de setembro, às 15h00, na Praça de Eventos da unidade.

Após os compromissos em São Paulo, Luna segue para Juazeiro do Norte (12 de setembro, Balada Literária do Cariri) e Niterói (17 a 20 de setembro, com o grupo Mulheres de Repente no edital Pulsar). Logo depois, embarca para Lisboa, onde lança o livro “Memória Tem Águas Espessas” (23 de setembro, Livraria Travessa – Galeria Verso) e abre o Festival de Poesia de Lisboa (25 de setembro). A turnê inclui ainda apresentações no Festival Middle Ground, em Berlim, e no Festival FÓLIO, em Óbidos.

Luna Vitrolira é uma multiartista de destaque, sendo poetisa, cantora, compositora, pesquisadora e palestrante. Com uma trajetória marcada pela oralidade e pela poética das vozes, ela já se apresentou em eventos como a Flip e a Bienal do Livro de Pernambuco. Além de sua carreira artística, Luna é uma voz ativa em projetos de inclusão social e equidade de gênero, e atua em programas voltados para as juventudes periféricas.

Natural de Recife, iniciou sua trajetória artística aos 15 anos na cena da poesia falada, no sertão do Pajeú. Para Luna, a poesia é uma forma de existir, conectando-a ao mundo e à espiritualidade. Sua obra reflete processos de autorreconhecimento e de cura, marcados por sua busca por suas raízes ancestrais. "Memória tem Águas Espessas", nasce dessa imersão na memória canavieira da Zona da Mata de Pernambuco, abordando temas como ancestralidade, perdão e identidade, influenciado por escritoras negras como Conceição Evaristo e Grada Kilomba.

Luna estreou na literatura com "Aquenda - O amor Às Vezes É Isso", finalista do Prêmio Jabuti em 2019, transformado em um projeto transmídia. Além da poesia, ela é idealizadora do projeto "Mulheres de Repente" e jurada de prêmios literários como o Jabuti e o Oceanos. Luna também se destaca como CMO da 99Jobs, atuando em projetos que promovem equidade de gênero e combate ao racismo, voltados para a juventude periférica e instituições educacionais.

"Eu Acredito no Amor"


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