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segunda-feira, 14 de julho de 2025

.: Entrevista com Andrea Jundi: a estreia de uma autora que recusa o cinismo


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação.

Há quem diga que todo livro é um abrigo provisório - desses que acolhem até que a vida volte a caber dentro da gente. Em “O Menino e o Livreiro”, publicado pela editora E-Galáxia, Andrea Jundi não escreve apenas um romance de estreia: ela consegue erguer, página por página, uma morada sensível para os órfãos de afeto, para os que foram deixados na estação errada e para os que, apesar de tudo, ainda esperam um trem que os leve a algum lugar que mereça ser chamado de casa.

Roteirista com mais de 20 anos de mercado, Andrea estreia na literatura com a segurança de quem conhece o ritmo das imagens, mas aposta na delicadeza da palavra como potência transformadora. O protagonista do romance, Carlos, é um menino abandonado que não se torna estatística, mas personagem - não por negação da realidade, mas por uma escolha radical: a de escrever esperança sem anestesiar a dor.

Em tempos em que cinismo virou sinônimo de lucidez, a autora faz o movimento inverso e se arrisca onde poucos ousam: acredita no afeto, investe na escuta, escolhe a ternura como campo de batalha. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ela fala sobre infância e abandono, sobre roteiros e reinvenções, sobre literatura como gesto de reparação. E, principalmente, sobre os livros que salvam - mesmo quando ninguém mais parece disposto a tentar. Compre o livro "O Menino e o Livreiro", de Andrea Jundi, neste link.


Resenhando.com - Você escolheu contar uma história de abandono sem cair na tragédia anunciada. Como autora, que riscos você correu ao optar por uma narrativa esperançosa em um país em que a infância é diariamente sacrificada?
Andrea Jundi - A escrita para mim acontece enquanto escrevo. Quando comecei a escrever "O Menino e o Livreiro", não sabia qual seria o caminho a percorrer, não tinha um final definido e tampouco sabia todos os personagens que fariam parte da história. Carlos se mostrou para mim desde o início como um menino cheio de amor e de vida e, como um novelo, conforme ia puxando o fio, fui sendo guiada por esse caminho do afeto das relações. Escrever qualquer tipo de história sempre envolve o risco de não ser bem aceito. É algo que os escritores lidam diariamente, não importa o tamanho de seu sucesso já conquistado. Mas quando escrevemos com verdade, sempre haverá público. "O Menino e o Livreiro" trata de um tema muito difícil que me toca profundamente, e a tendência à tragédia, na minha opinião, é mais óbvia do que o caminho da esperança. Mas quando se trata de crianças, se nós adultos não conseguirmos ajudá-los a encontrar uma saída, o que resta?


Resenhando.com - "O Menino e o Livreiro" surgiu de uma imagem mental vívida. O que mais a sua cabeça anda projetando? Você costuma confiar nos delírios criativos como ponto de partida ou prefere o planejamento racional da estrutura?
Andrea Jundi - Adorei o “delírios criativos” (risos). Sim, eles são sempre meu ponto de partida. Não sou uma escritora que cria toda a estrutura com começo, meio e fim, antes de começar a escrever. Eu parto de uma cena que está muito clara em minha mente e a partir daí começo a desenvolver a personagem principal, sua trama central. Depois disso é natural que outros personagens comecem a surgir para suprir essa trama. A escrita estruturada para mim acontece quando escrevo roteiro de longa metragem. Aí, sim, preciso ter a curva dramática traçada antes de mergulhar no roteiro em si. Já a escrita literária é onde me permito ser livre na criação, onde me sinto mais à vontade no desordem. Não que não haja ordem alguma, mas ela vai nascendo a partir de um entrelaçado e não de uma linha. Nesse momento estou dedicada a escrever meu próximo livro e ele também surgiu de uma cena muito vívida em minha cabeça, um delírio criativo. Já encontrei a trama central e estou agora descobrindo a trilha das duas protagonistas. Sentindo dores e amores com elas, me entristecendo e me deslumbrando com cada etapa. Às vezes me sinto como numa mata intocada, perdida, mas vou insistindo no caminho e é como se elas me sussurrassem para onde seguir até encontrar um novo rastro para seguir.

Resenhando.com - Você fala de “cargas nos vagões” e escolhas impostas - quais dessas cargas você mesma ainda carrega e quais precisou deixar para escrever esse livro?
Andrea Jundi - Carrego uma carga enorme e linda que foi meu trabalho como assistente de direção no audiovisual. Ele que me trouxe ao longo de mais de vinte anos quase toda minha experiência em contar histórias e me colocou em contato com universos diversos que enriqueceram o meu, me deram repertório. Saí dessa estação mas levei a carga comigo. A maior carga que tive que deixar foi a síndrome de impostora, essa porque nunca agregou. Sempre escrevi pra mim mesma, não mostrava para ninguém, mas quando decidi escrever para os outros lerem, tive que enfrentar o medo do julgamento, medo do olhar dos outros sobre mim. Não sei se consegui deixar mesmo essa carga para trás, mas tenho conseguido ressignificá-la como parte de quem eu sou e me dando o direito de mudar e melhorar sempre.

Resenhando.com - Ao transformar um menino rejeitado em protagonista de uma jornada afetiva e simbólica, você também desafia a lógica de que a dor precisa ser exibida com crueza. A literatura brasileira está pronta para histórias ternas ou ainda prefere o chicote?
Andrea Jundi - Não escrevi com ternura de forma racional, mas durante a escrita, quando precisei fazer escolhas da narrativa, algo me impedia de ser cruel com o Carlos. Ele é um personagem que traz uma carga enorme de abandono em diferentes camadas, mas teve a sorte de encontrar pessoas que o ajudaram a seguir. Existem muitas histórias assim, de crianças que encontram uma mão no meio do caminho e outras tantas crianças como o João, irmão de Carlos, que são engolidos pelo sistema cruel. A existência do João tem a importância não só de representar essa dureza, mas também de enxergarmos as várias camadas que todos têm. Carlos enxerga nos olhos de João as camadas do irmão, sua bondade ressecada pela falta de amor e de cuidado e através desse olhar de Carlos, entendemos que ninguém é bom ou ruim e só, mas que somos moldados por situações externas que muitas vezes não escolhemos viver e ainda assim, estamos tentando fazer o melhor que podemos com o que nos restou. Às vezes, quase nada. A literatura brasileira é riquíssima e diversa e tem espaço para todo tipo de narrativa. Desde que lancei o livro recebo mensagens profundas de pessoas que se emocionaram muito com a história e que foram tocadas de uma forma que fazia tempo não sentiam. Estamos vivendo tempos muito difíceis e acho que histórias afetivas tem sido bem recebidas.


Resenhando.com - O livreiro e o assistente que acolhem Carlos parecem quase figuras arquetípicas — guardiões da palavra. Em quem você se inspirou para criar esses personagens que, em outro tempo, talvez fossem chamados de “mestres”?
Andrea Jundi - No caso de Romeo, o livreiro, ele e Carlos se conectam através de suas faltas, de seus vazios. Romeo tem um papel de mestre porque, ao permitir que sua solidão seja invadida, percebe que esse é o único papel que lhe compete; guiar esse menino. Não há outro papel para ele na vida de Carlos que não seja o de acolhê-lo. Tive avôs muito presentes em minha vida e talvez se forma inconsciente, tenha um pouco de cada um em Romeo. Já Pietro agrega com sua própria experiência de abandono, que é diferente da de Carlos, mas que também tem uma carga suficiente para moldar sua personalidade. Vejo mais o Pietro sendo guiado pelo Carlos do que o contrário, porque a dor do abandono de Carlos coloca o Pietro em movimento para também tentar entender sua própria história.


Resenhando.com - Você veio do audiovisual, um território coletivo e visual, e passou para a literatura, solitária e silenciosa. O que se ganha - e o que se perde - ao fazer essa travessia?
Andrea Jundi - Por vezes sinto bastante falta da coletividade do audiovisual. Sou uma pessoa que sempre andou em grupo e trabalhar nessa área é tão intenso, que as equipes acabam ficando muito ligadas umas às outras. Por outro lado, apesar de ser bastante social, sempre tive prazer no silêncio e em ficar sozinha. Ainda muito nova percebi essa necessidade e desde adolescente já escrevia fechada no quarto, ou ficava ouvindo música. Minha cabeça está o tempo todo criando cenas e imagens, acho que a minha solidão também é um pouco barulhenta rsrs. Fui encontrando saídas para o excesso de solidão que a escrita impõe e há um tempo faço parte de um grupo de escrita literária aqui em Lisboa, a Amora, uma forma de me cercar de pessoas criativas e também exercitar a escrita em grupo. Eu me mantive no audiovisual através da escrita de roteiros e para além de ficar perto dessa arte que amo, ainda posso trabalhar em equipe de tempos em tempos. Em roteiro, sempre acabo fazendo algum laboratório online com encontros semanais, onde lemos e opinamos nos projetos uns dos outros, enriquecendo o trabalho e dando um tempo na solidão quando ela pesa. Mas no geral, gosto desse silêncio da escrita.


Resenhando.com - A infância é quase sempre narrada por adultos. Como foi acessar uma voz infantil sem resvalar no tom professoral ou nostálgico? O que o menino Carlos ensinou a você que a roteirista Andrea ainda não sabia?
Andrea Jundi - Eu amo crianças, tenho um profundo respeito por essas mini pessoas, seus conhecimentos simples e leves muitas vezes tão mais profundos que os nossos. Tenho dois filhos, hoje com oito e 11 anos e somos muito ligados. Amo receber os amigos deles, viajar com amigos que têm filhos e observar essa interação entre eles, ouvir suas teorias sobre as questões da vida, as dúvidas que têm e como no geral pensam de forma tão mais límpida, mais simples. Acho que o tom afetuoso do livro tem muito a ver com a ingenuidade da criança. Apesar de não ser narrado em primeira pessoa, o olhar inocente de Carlos permeia a história. Uma vez ouvi uma menina em situação de guerra responder à pergunta de uma repórter sobre o que ela sonhava em ser quando crescesse, e ela disse que ali eles não sonhavam. Nunca mais esqueci aquilo, como pode uma criança não sonhar? Como podemos nós, como adultos, permitir que crianças não sonhem? Carlos me deu o dever de encontrar uma saída para ele e precisei enxergar através dos seus olhos o que ele precisava.

Resenhando.com - Morando em Portugal, você publicou por uma editora brasileira. Essa geografia afetiva da escrita - entre Brasil, Londres e Lisboa - impacta no modo como você observa e escreve suas personagens?
Andrea Jundi - Morar fora do Brasil me fez entender que muitas histórias e sentimentos são universais, mas tenho uma alma brasileira e através do meu trabalho no audiovisual, pude conhecer vidas muito diferentes da que eu cresci inserida. Amo gente, gosto de conversar e escutar histórias diversas, morei em uma vila de pescadores muito pobre no nordeste do Brasil para filmar um longa metragem e algumas daquelas crianças só tinham água com açúcar para enganar a fome. Filmei em comunidades, sentei no sofá de moradores e ouvi sobre seus medos e suas conquistas. Filmei com refugiados sírios e conheci os sonhos de seus filhos pequenos. Conheci quem voltou a ouvir pela primeira vez depois de anos surdo, quem ganhou seu primeiro cão guia que seria seus olhos a partir dali, presenciei o primeiro dia de dois irmãos chegando à sua nova casa com seus pais adotivos. Tudo isso no Brasil. Acredito que meus personagens terão sempre alma de brasileiro, minha gente, que eu conheço e entendo melhor que qualquer outro povo.

Resenhando.com - Seu livro fala sobre “quem parte e quem escolhe ficar”. Se pudesse revisitar os roteiros da sua própria vida, de quais personagens você teria partido antes, e para quais teria ficado mais tempo?
Andrea Jundi - No geral sou bem resolvida com as minhas escolhas. Gosto de me relacionar com as pessoas, aprofundar amizades, criar bases seguras. Tenho tendência a ser da turma que escolhe ficar e prefiro pensar que fiz o meu melhor antes de partir. Têm amizades e parceiros de trabalho que ficaram pelo caminho e sei que foi melhor assim porque não somavam na minha vida, mas conforme vou mudando de estação sempre dou um jeito de arrastar uns comigo. Sou apegada (risos). E se for para ficar, tem que fazer valer a pena.


Resenhando.com - Há um momento em que Romeo pergunta a Carlos sobre as cargas que ele escolhe levar. Qual foi a carga mais pesada que você precisou transformar em literatura para que não te esmagasse na vida real?
Andrea Jundi - Qualquer coisa que relacione criança à dor me machuca em um lugar profundo. No Brasil, mais de 5,5 milhões de crianças não têm pai na certidão de nascimento e outros tantos só tem o nome do pai na certidão, mas não os tem na vida real. Milhares de casas são lideradas por mulheres, mas numa sociedade que não olha por elas com o respeito e cuidado necessários. Na ponta final, quem sofre de muitos tipos de abandonos, são as crianças. O Estado vira a cara para essas crianças toda vez que não cuida de suas mães, toda vez que cerceia a liberdade às mulheres sobre seus próprios corpos e que as pune por crimes cometidos pelos homens. Acho que o tom afetivo do livro é o meu próprio afeto querendo gritar mais alto do que a raiva que sinto desse abandono imposto.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

.: Entre o luxo e o desejo, "Emmanuelle" volta com sofisticação e controvérsia


A personagem que revolucionou o erotismo nos cinemas retorna às telas brasileiras repaginada em "Emmanuelle", nova produção francesa dirigida por Audrey Diwan, vencedora do Leão de Ouro por L'Événement. A estreia do longa nos cinemas brasileiros será nesta quinta-feira, dia 10 de julho, com distribuição da Imovision. É um reboot ousado e moderno da franquia que começou nos anos 1970, agora protagonizado por Noémie Merlant ("Retrato de uma Jovem em Chamas"), ao lado de Naomi Watts e Will Sharpe.

O filme teve sua estreia mundial no prestigiado Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, em setembro de 2024, e depois uma passagem discreta por salas francesas. Baseado no romance de Emmanuelle Arsan, publicado em 1967, esta nova encarnação de "Emmanuelle" busca reinterpretar a jornada de descoberta sexual da protagonista a partir de uma perspectiva feminina mais contemporânea.

A direção sensível e provocadora de Diwan, em parceria com o roteiro coescrito com Rebecca Zlotowski, aposta menos na exploração e mais na subjetividade dos desejos, em uma abordagem elogiada por parte da crítica como "mais cerebral do que carnal". A trama acompanha Emmanuelle, uma executiva de uma rede de hotéis de luxo, enviada a Hong Kong para avaliar a performance de um hotel da rede e encontrar razões para dispensar a gerente local, Margot (Naomi Watts). 

Mas a viagem, inicialmente profissional, é transformada em uma busca pessoal por prazer, liberdade e reconexão com o próprio corpo. Entre experiências sensoriais em ambientes luxuosos e encontros intensos com diferentes personagens - incluindo o enigmático Kei (Will Sharpe) - Emmanuelle atravessa uma jornada de erotismo, autoconhecimento e frustração emocional. Um detalhe curioso: parte das filmagens ocorreu nas Chungking Mansions, locação famosa do filme "Amores Expressos" (1994), de Wong Kar-wai, cineasta cultuado por Audrey Diwan.

O elenco também conta com Jamie Campbell Bower (Stranger Things), Chacha Huang, Anthony Wong e Carole Franck. A produção passou por Paris e Hong Kong, e incorporou elementos visuais sofisticados e referências ao cinema asiático contemporâneo. Inicialmente, Léa Seydoux havia sido escalada para o papel principal, mas foi substituída por Merlant em 2023.

Embora o filme tenha chamado atenção por sua proposta de renovar uma franquia famosa pela ousadia, a recepção crítica internacional foi polarizada. No site Rotten Tomatoes, Emmanuelle de 2024 acumula apenas 17% de aprovação entre os críticos - uma média decepcionante de 4,8/10 - com parte da imprensa considerando a produção "uma odisseia erótica sem brilho", apesar da excelência técnica e da densidade temática prometida. Ainda assim, a estética refinada e a tentativa de romper com o erotismo masculino tradicional tornam o filme um experimento cinematográfico relevante, sobretudo em tempos de debate sobre representação e sexualidade no audiovisual.

Para o público brasileiro, acostumado a associar "Emmanuelle" aos filmes exibidos no "Cine Privê" da TV Bandeirantes nos anos 1990, a nova versão deve surpreender: trata-se de um drama erótico elegante, que pretende ser feminista e reflexivo, ainda que sem abandonar o apelo sensual. A classificação indicativa é, naturalmente, para maiores de 18 anos. O filme promete reabrir o debate sobre o erotismo no cinema contemporâneo: pode uma mulher se redescobrir em meio ao luxo, ao desejo e à culpa? Audrey Diwan, ao que tudo indica, quer provocar mais do que seduzir.


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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Programação do Cineflix Santos
“Emmanuelle” | Sala 4
Classificação:
 18 anos. Ano de produção: 2024. Idiomas originais: inglês e francês. Direção: Audrey Diwan. Roteiro: Audrey Diwan e Rebecca Zlotowski. Elenco: Noémie Merlant,Will Sharpe, Jamie Campbell Bower, Naomi Watts, Chacha Huang e outros. Duração: 1h45. Cenas pós-créditos: não. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Legendado
11/7/2025 - Sexta-feira: 20h50
12/7/2025 - Sábado: 20h50
13/7/2025 - Domingo: 20h50
14/7/2025 - Segunda-feira: 20h50
15/7/2025 - Terça-feira: 20h50
16/7/2025 - Quarta-feira: 20h50

quinta-feira, 10 de julho de 2025

.: Com Rihanna azul, "Os Smurfs" cantam alto em nova aventura musical


"Smurfs", o novo longa-metragem musical em animação e live-action da Paramount Animation, foi antecipada para esta quinta-feira, dia 10 de julho. Dirigido por Chris Miller (conhecido por "Shrek 3" e "Gato de Botas"), com co-direção de Matt Landon, o filme busca resgatar a essência das histórias originais criadas por Peyo. 

O elenco brasileiro de dublagem tem no elenco Bruno Gagliasso, como Gargamel e o Razamel, além de Jeniffer Nascimento, Diego Martins e Tatá Estaniecki. A trama acompanha Smurfette, que lidera uma missão no mundo real para resgatar o Papai Smurf, sequestrado pelos bruxos Gargamel e Razamel. Ao longo da aventura, os Smurfs formam alianças com novos aliados e descobrem o que realmente importa. 

Na versão americana, o filme contará com a cantora Rihanna como Smurfette, que assume as músicas originais e é produtora musical do filme, e John Goodman, como Papai Smurf. James Corden dubla um novo personagem chamado "Sem Nome". Esse personagem aparece na primeira imagem do filme ao lado de Papai Smurf e Smurfette, e terá um papel importante na trama. 

Com forte apelo nostálgico, mas também voltado para uma nova geração, o novo "Smurfs" busca equilibrar o humor ingênuo dos personagens clássicos com a sofisticação da música pop contemporânea. É uma aventura musical que, mesmo cercada de críticas sobre sua profundidade narrativa, promete encantar crianças e fãs da franquia - com a vantagem extra de oferecer a rara chance de ver (e ouvir) uma Rihanna "azulada". No Brasil, o filme será exibido com sessões diárias em salas como a do Cineflix Santos, sempre às 15h00, entre os dias 10 a 16 de julho. Há uma cena pós-créditos. 


Bastidores e curiosidades
Rihanna já conhecia bem o universo dos Smurfs desde a infância, o que a tornou uma escolha natural para Smurfette, segundo a produção. James Corden, no elenco como o personagem Sem Nome, contou que tentou por oito anos incluir Rihanna no Carpool Karaoke, e finalmente pôde cantar com ela – mesmo que em forma de personagem animado no filme. O compositor Henry Jackman (de "Puss in Boots") assina a trilha sonora musical do filme. 

O filme fez pré-estreia mundial em Bruxelas em 28 de junho de 2025, mesclando fantasia com cenas em live-action - e foi seguido por um curta de "Bob Esponja, Order Up", nos cinemas  A recepção inicial foi mista. O site Rotten Tomatoes destacou que a proposta talvez soe confusa para diferentes públicos. Além disso, críticas apontam que a história é básica, com pouco foco na música, e questionam o apelo geral. Por outro lado, a animação e a musicalidade - especialmente de Rihanna - receberam elogios.


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Programação do Cineflix Santos
“Smurfs” | Sala 2 | Animação
Classificação:
 livre. Ano de produção: 2025. Idioma original: inglês. Direção: Chris Miller. Co-direção: Matt Landon. Roteiro: Pam Brady. Elenco: Rihanna, James Corden, John Goodman e outros. Duração: 1h32. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.


Dublado
10/7/2025 - Quinta-feira: 15h00
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h00
12/7/2025 - Sábado: 15h00
13/7/2025 - Domingo: 15h00
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h00
15/7/2025 - Terça-feira: 15h00
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h00

terça-feira, 8 de julho de 2025

.: Entrevista com Ricardo Martins: a imagem como dívida e ponte


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Mara Iga

Em tempos de ruído, Ricardo Martins escolheu escutar. Ouviu a mata pulsando sob os pés, os xapiripë sussurrando entre galhos, e o chamado de um povo que ainda insiste em existir com dignidade onde quase tudo conspira contra. Consagrado por capturar a beleza bruta da natureza brasileira, o fotógrafo e documentarista se jogou em uma das mais radicais experiências da carreira: conviver com os Yanomami, um dos últimos povos originários isolados da floresta amazônica, e registrar a intimidade deles  sem invadi-la.

Surgiram daí o livro “Os Últimos Filhos da Floresta” e a série “Aventura Fotográfica Yanomami”, que estrearam no MIS-SP como um chamado poético, político e urgente. Mas este não é apenas mais um projeto de imagens: é também um gesto de devolução. Parte da renda financia a construção de uma escola na aldeia Hemare Pi Wei, um pedido das lideranças indígenas e um símbolo da ponte possível entre mundos.

Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Ricardo Martins conversa sobre fronteiras éticas, espiritualidade, colonialismo contemporâneo, fotografia como afeto - e sobre o que, mesmo depois de 15 livros, ele ainda não conseguiu traduzir com uma lente. Prepare-se para mergulhar em um território onde o retrato vira reza, a arte vira dívida, e a floresta, enfim, responde. Compre os livros de Ricardo Martins neste link. 

Resenhando.com - Você já fotografou vales, serras, bichos e cidades. Mas e os silêncios dos Yanomami - você conseguiu capturar algum nas imagens? Justifique.
Ricardo Martins - Os silêncios dos Yanomami aparecem no gesto de uma criança que observa quieta, no olhar profundo de um ancião, no intervalo entre uma palavra e outra dita ao redor da fogueira. Eu tentei, com todo respeito, deixar espaço para que esses silêncios respirassem dentro das imagens — sem invadir, sem traduzir demais. Acho que quem vê as fotos com o coração aberto, talvez consiga ouvi-los também.


Resenhando.com - Ao ouvir de um líder indígena que seu nome “ecoou pela floresta”, o que ecoou em você naquele instante? Algum Ricardo ficou pra trás?
Ricardo Martins - Naquela hora, não ecoou só o meu nome — ecoou tudo o que eu vivi até chegar ali. Ecoaram as escolhas, as renúncias, as perguntas que me acompanham desde sempre. Um Ricardo mais apressado, mais urbano, mais ansioso ficou pra trás sim. Porque ali, na floresta, o tempo é outro. O ouvir é outro. E ser chamado de verdade por alguém que carrega a sabedoria do território me fez entender que eu estava sendo visto, mas também sendo acolhido.


Resenhando.com - “Os Últimos Filhos da Floresta” é um título quase apocalíptico. Você o escolheu com tristeza, urgência ou revolta?
Ricardo Martins - Eu escolhi com um pouco de tudo isso: tristeza, urgência e revolta. Mas acima de tudo, com amor. O título não é um fim — é um grito. Um aviso. Os Yanomami são guardiões de um mundo que está desaparecendo, e a gente precisa parar de fingir que isso não está acontecendo. O livro é um tributo, mas também é um alarme.


Resenhando.com - Documentar é escolher o que entra no enquadramento. Do que você teve que abrir mão para respeitar o invisível sagrado dos Yanomami?
Ricardo Martins - Abri mão da pressa. Abri mão da lógica do “conteúdo” que tudo quer mostrar. Não fotografei cerimônias que me pediram para não registrar. Não fiz perguntas que atravessassem barreiras sagradas. Eu estava ali como hóspede, e mais do que documentar, eu precisava escutar — mesmo quando a escuta era em silêncio.


Resenhando.com - Na hora de dormir na mata ou presenciar um ritual, em que momento o fotógrafo cedeu lugar ao homem?
Ricardo Martins - Quando escurece na floresta e o barulho do mundo de fora some, é o homem que sente medo, frio, beleza, presença. Nessas horas, a câmera até pode estar ao lado, mas ela perde força. Eu dormi em rede, me alimentei com eles, vivi o dia como eles vivem. E percebi que fotografar também é um gesto humano, mas ele precisa vir depois da escuta, depois do respeito.


Resenhando.com - Sua contrapartida foi a construção de uma escola. Você acredita que a câmera pode ser um tipo de ponte - ou também pode ser um invasor disfarçado?
Ricardo Martins - Ela pode ser os dois. Tudo depende de como se usa, de onde vem o olhar. Se você entra com a câmera como se ela fosse uma arma ou um troféu, ela vira invasora. Mas se ela vem junto com o coração, com o tempo, com o propósito verdadeiro — ela vira ponte. Minha intenção com o projeto sempre foi devolver algo real, algo que ficasse. A escola é essa devolução concreta. A fotografia, espero, seja também.


Resenhando.com - Os xapiripë, os espíritos brincalhões da floresta, aparecem nas fotos? Ou são justamente aquilo que escapa de toda lente?
Ricardo Martins - Eles escapam, claro. E ainda bem que escapam. A fotografia pode até registrar uma atmosfera, um brilho estranho na neblina, um movimento sutil… Mas os xapiripë vivem num plano que não se deixa capturar. Eles dançam no invisível. E talvez, quem olhar com atenção, sinta a presença deles - mesmo que não veja.


Resenhando.com - Se fosse possível mostrar apenas uma imagem desse projeto ao presidente da República, qual seria — e o que ela gritaria, em silêncio, para ele?
Ricardo Martins - Seria exatamente a fotografia da capa do livro: o retrato direto, firme e silencioso. O olhar dele atravessa quem vê, como se dissesse: “Nós estamos aqui. Seguimos de pé.” Essa imagem não precisa de legenda. Ela carrega dignidade, história e uma força ancestral que não se curva. A pintura no rosto, o cocar, a mão apoiada - tudo ali é resistência e sabedoria. Ela grita em silêncio: “Nos respeite. Nos proteja. Pare de fingir que não vê.” Mostrá-la ao presidente seria como obrigá-lo a encarar o que muitos ainda insistem em ignorar: que os povos originários não são passado. São presente. E precisam de políticas, não de promessas. Essa foto é um espelho. E quem a encara de verdade, precisa se perguntar: de que lado da história eu estou?

Resenhando.com - Você já retratou a Amazônia como paisagem. Agora, a retrata como corpo. Como isso transformou sua forma de existir no mundo?
Ricardo Martins - Antes, a floresta era horizonte. Agora, é pele. É carne. É o cheiro do urucum, o som dos passos leves, o gosto da mandioca. Conviver com os Yanomami me tirou da posição de observador e me colocou num lugar de troca. Hoje, carrego a floresta dentro — não como uma ideia bonita, mas como um compromisso.


Resenhando.com - Depois de 15 livros e tantas expedições, o que a floresta ainda te nega? E o que você ainda não teve coragem de perguntar a ela?
Ricardo Martins - A floresta ainda me nega todas as respostas prontas. E talvez esse seja o maior presente. Eu ainda não tive coragem de perguntar se estou pronto pra parar. Porque acho que no fundo, enquanto houver floresta viva e gente lutando por ela, meu caminho ainda é esse: contar, mostrar, devolver.

.: David Corenswet assume o manto de “Superman” em sessões antecipadas


O herói mais emblemático dos quadrinhos retorna às telonas em "Superman", um dos lançamentos mais aguardados de 2025. Com direção de James Gunn, o novo filme não apenas apresenta um Clark Kent em início de carreira jornalística, mas também resgata a essência do herói movido pela compaixão e pela fé na humanidade. Em Santos, no Cineflix, haverá sessões antecipadas. Na terça-feira, dia 8 de julho, às 20h00, o cinema do Miramar Shopping recebe na Sala 4. Quarta-feira, dia 9, haverá sessões às 15h40, em versão dublada e, na versão legendada, às 18h20 e 21h00. 

No papel que já pertenceu a nomes como Christopher Reeve, Dean Cain, Tom Welling e Henry Cavill, agora é David Corenswet quem veste a capa e encara o desafio de representar o kryptoniano mais famoso da cultura pop. E ele não está sozinho: Rachel Brosnahan vive uma Lois Lane espirituosa, enquanto Nicholas Hoult dá vida a um Lex Luthor promissoramente ameaçador.

O filme marca o pontapé inicial do chamado "Capítulo Um: deuses e Monstros", nova fase do Universo Cinematográfico da DC (DCU), com uma abordagem menos sombria e mais inspiradora. A produção reúne um elenco de peso que inclui ainda Isabela Merced ("Mulher-Gavião"), Nathan Fillion ("Lanterna Verde"), Edi Gathegi ("Senhor Incrível"), Anthony Carrigan ("Metamorfo"), além de Neva Howell e Pruit Taylor Vince como os pais adotivos de Clark, Martha e Jonathan Kent.

Com 2 horas e 9 minutos de duração, a produção já desperta especulações entre os fãs mais atentos. Em sua conta no Threads, Gunn confirmou que o tempo inclui os créditos e possíveis cenas pós-créditos, levantando expectativas sobre a introdução de personagens do futuro do DCU. Um dos palpites mais fortes é a aparição de "Supergirl", vivida por Milly Alcock ("House of the Dragon"), cujo filme solo, "Woman of Tomorrow", já tem estreia marcada para julho de 2026.

Outro detalhe que promete emocionar os fãs mais nostálgicos é a participação especial de Will Reeve, filho do eterno Christopher Reeve, numa homenagem discreta, mas simbólica, à trajetória cinematográfica do herói. “Superman” tem estreia oficial agendada para o dia 10 de julho, mas os fãs santistas poderão conferir o longa em sessões antecipadas na Sala 4 do Cineflix Santos. É uma oportunidade imperdível para reencontrar um Superman que, enfim, volta a acreditar - e nos faz acreditar também - no poder da bondade.


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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Programação do Cineflix Santos
“Superman” | Sala 4
Classificação:
 PG13. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: James Gunn. Elenco: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult e outros. Duração: 2h09. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Dublado
8/7/2025 - Terça-feira: 15h40
9/7/2025 - Quarta-feira: 15h40
10/7/2025 - Quinta-feira: 15h40
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h40
12/7/2025 - Sábado: 15h40
13/7/2025 - Domingo: 15h40
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h40
15/7/2025 - Terça-feira: 15h40
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h40

Legendado
8/7/2025 - Terça-feira: 20h00
9/7/2025 - Quarta-feira: 18h20 e 21h00
10/7/2025 - Quinta-feira: 18h20 e 21h00
11/7/2025 - Sexta-feira: 18h20 e 21h00
12/7/2025 - Sábado: 18h20 e 21h00
13/7/2025 - Domingo: 18h20 e 21h00
14/7/2025 - Segunda-feira: 18h20 e 21h00
15/7/2025 - Terça-feira: 18h20 e 21h00
16/7/2025 - Quarta-feira: 18h20 e 21h00

terça-feira, 1 de julho de 2025

.: "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu", de Ricardo Cappelli, é um relato inédito


O livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu", que chega às livrarias em julho pelo selo História Real da Intrínseca, é o testemunho inédito e candente de um gestor público que, quando menos esperava, foi chamado a exercer um papel crítico na defesa das nossas instituições democráticas. Ricardo Cappelli, que foi interventor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, revela os bastidores desse período crucial em que a democracia brasileira correu grave risco. Ao transportar o leitor até os episódios dramáticos do dia 8 de janeiro e das semanas seguintes, Cappelli relembra as terríveis pressões e insistentes tentativas de sabotagem que enfrentou, numa guerra de nervos sem trégua.

“Nisso, o major da Silva, que estava comigo lá, me toca e fala: ‘Coronel, olha para trás.’ Quando eu olhei para trás, tinha uma linha de choque do Exército, montada com blindados, e, por interessante que parecesse, eles não estavam voltados para o acampamento. Eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”, ressaltaria Naime (coronel Jorge Eduardo Naime Barreto - chefe do Departamento Operacional da PM). Em meio a tudo isso, o general Dutra e eu tivemos uma discussão muito dura, apesar de formalmente respeitosa. Eu enfatizei a gravidade do que estava acontecendo e disse que medidas enérgicas precisavam ser tomadas. Dutra tentou contemporizar, argumentando que o quadro não era tão crítico assim. Quando percebeu que eu não retrocederia, o general, numa tentativa final de impedir a minha ação, disse que se a PM entrasse teríamos um banho de sangue. 

"Banho de sangue por quê, general? O senhor está me dizendo que tem manifestantes armados dentro do acampamento, em uma área militar, e que eles estão sendo protegidos pelo Exército brasileiro?”. Relatos impactantes como este permeiam toda a obra que aborda também o impacto das fake news durante este período conturbado. É emblemático o caso da suposta morte de uma manifestante presa no acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. A notícia falsa reverberou na Câmara dos Deputados.

“Quando recebi a notícia da morte de uma manifestante, corri para o hospital. Lá, verifiquei que se tratava de mais uma mentira. Uma mentira perigosa, que poderia provocar reações extremas e gerar conflitos. Uma senhora havia se sentido mal e fora transferida para uma unidade hospitalar do DF. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) denunciou a ocorrência da suposta morte em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, causando comoção e indignação. Segundo o portal de notícias G1, a parlamentar chegou a dizer que o caso tinha sido confirmado pela Ordem dos Advogados do Brasil no DF, mas depois disse que cometeu um ‘equívoco’”, relembra o autor.

Ao longo de toda a narrativa, Ricardo Cappelli demonstra como sempre procurou tomar decisões técnicas para se afastar da polarização política que assola o Brasil. Após conversas com policiais feridos no dia 8 de janeiro, o autor chegou à conclusão que o desfecho poderia ter sido ainda mais trágico. “Ficou claro para mim que os extremistas queriam ter em mãos o cadáver de um policial. Isso poderia desestabilizar as forças de segurança. A estratégia era transformar a manifestação em um gatilho para uma crise institucional ainda mais grave do que a que fora realmente provocada”, conclui. Compre o livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu" neste link.


A sessão de autógrafos em Brasília vai ocorrer no dia 08 de julho (terça-feira), a partir das 19h, na Livraria Travessa do Casa Park. Foto: Jerônimo Gonzalez

Sobre o autor
Ricardo Cappelli é gestor público desde 1999 e especialista em administração pública pela Fundação Getulio Vargas. Foi interventor federal da Segurança Pública no Distrito Federal, ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e ministro em exercício da Justiça e Segurança Pública, funções exercidas no fatídico, intenso e histórico ano de 2023. Atualmente preside a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes, é carioca de nascimento e brasiliense de coração desde 2003. Define-se como um nacionalista e democrata convicto marcado por um dia. Compre o livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu" neste link.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

.: Crítica musical: A Filial em busca das raízes do hip hop

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Luisa Lambert

Skatista de rua há mais de 30 anos, atuante na cena nacional, Edu Lopes, também conhecido como apenasedu, fundou no final da década de noventa o grupo A FILIAL. E agora o grupo está lançando seu quinto e mais novo álbum chamado “Primeiro Disco”. Um trabalho em que se torna evidente o retorno à raiz do autêntico rap, com forte influência da “golden era” do hip hop e da cultura de rua.

A trajetória de Edu Lopes começou no início dos anos 90 quando em conjunto com BNegão criou o “The Funk Fuckers”, banda que integrou – assim como Planet Hemp, O Rappa e Black Alien – o núcleo que daria a cara da música produzida nas ruas do Rio de Janeiro durante os anos 90.

Com A FILIAL foram lançados quatro discos, tendo inclusive alcançado boas críticas na mídia do exterior. O quinto álbum do grupo se chama “Primeiro Disco”. À primeira vista pode parecer confuso. Porém, ao ouvir a abrangente reformulação na linguagem musical e a reaproximação dos fundamentos do seu berço, tudo começa a fazer mais sentido. O álbum tem uma cara evidente de “começo”, que para um projeto com vinte oito anos de estrada é realmente um posicionamento claro de recomeço artístico.

Edu Lopes entende que o momento é positivo para a consolidação do estilo hip-hop. “Quando comecei, era algo para a cena underground. Hoje em dia vejo ele inserido de vez na nossa cultura musical”. Ele reconhece os trabalhos de grupos pioneiros, como o Racionais MCs. “A Gravadora Trama também investiu em vários nomes do estilo, abrindo portas para vários deles”.

Com participações de Daniel Shadow, Matéria Prima e Old Dirty Bacon, A FILIAL traz uma bagagem consistente de décadas dedicadas às rimas e batidas que empurra passos à frente os fundamentos dessa cultura de rua, que se desdobrou em sub gêneros e ganhou enorme abrangência dentro do mainstream brasileiro na última década. Bagagem que se traduz numa espécie de “mapa da mina”, um fôlego que contribui no ancoramento de valores inegociáveis para o hip hop original.

"Qualquer Qualquer Tanto Faz"

 
"Qualquer MC"


Foto: Marcos Myara

domingo, 15 de junho de 2025

.: Entrevista: Jacyr Pasternak usa a ficção como denúncia clínica


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Autor de romances que flertam com o policial e com o sarcasmo, o médico infectologista Jacyr Pasternak chega ao terceiro livro de ficção com "Receita Fatal", publicado pela editora Labrador, um thriller mordaz que transforma tragédia em provocação. Com 35 anos de atuação no Hospital Albert Einstein e uma bagagem que inclui pandemias reais como HIV e Covid-19, Pasternak mira agora outra ameaça silenciosa: a ignorância travestida de tratamento. “Foi uma terapia mental, sim, devido ao que provocou as mortes — mais uma vez uma denúncia”, confessa o autor sobre a família exterminada nas páginas do novo livro.

Na entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ele não poupa ironia ao falar da medicina alternativa, que, na obra, é praticamente uma personagem vilã. E propõe um remédio direto: “A melhor terapia para as ditas medicinas alternativas, na verdade, são duas: a educação e as noções de ciência”. Com personagens de nomes quase teatrais e diálogos que provocam riso e incômodo, Pasternak constrói um enredo que expõe "o charlatanismo desabrido de profissionais inescrupulosos”, como define Heidi Strecker na quarta capa da obra.

E se o sarcasmo fosse mesmo uma vacina contra a desinformação? “Sarcasmo e ironia são as coisas que mais incomodam os praticantes de charlatanismo em todos os campos”, afirma o autor, que vê na literatura uma forma de resistência: “Estamos em plena septicemia cultural crônica, com piora importante desde que as redes sociais formaram experts em tudo o que nada sabem com um mínimo de profundidade”. Nesta entrevista, Jacyr Pasternak prova que ficção bem escrita pode ser, sim, um antídoto poderoso. Apoie o portal Resenhando.com e compre o livro "Receita Fatal" neste link.

Resenhando.com - Em um país onde reality shows fazem mais sucesso do que livros, o senhor acredita que o público está preparado para digerir um thriller que mistura pseudociência, sarcasmo e cadáveres da elite paulistana?
Jacyr Pasternak - Imagino que o povo que se diverte com os reality shows não é exatamente o povo que consome literatura policial. Acredito que temos um número suficiente de leitores de literatura policial para procurar um livro que mistura o whodunit, quem fez a maldade, com sarcasmo, um pouco de humor e uma espécie de denúncia de pseudociência.


Resenhando.com - O senhor já viu muita coisa bizarra na medicina real. Mas... sinceramente: qual foi a pseudoterapia mais absurda que ouviu alguém defender com convicção?
Jacyr Pasternak - Já vi tantas...mas, sinceramente, a defesa do uso de cloroquina e ivermectina para tratar Covid 19 é forte candidata a mais fatal de todas, e defendida por convicção por expoentes da direita, incluindo direita médica - que não é pequena.


Resenhando.com - O senhor já matou uma família inteira - pelo menos no papel. Foi mais prazeroso como escritor ou mais terapêutico como médico?
Jacyr Pasternak - Olha…prazeroso não é bem o termo para matar uma família, (risos)... Mas foi uma terapia mental, sim, devido ao que provocou as mortes - mais uma vez uma denúncia.


Resenhando.com - Em "Receita Fatal", a medicina alternativa é praticamente uma personagem vilã. Se pudesse, o senhor receitaria qual antídoto à sociedade para esse culto às curas mágicas?
Jacyr Pasternak - A melhor terapia para as ditas medicinas alternativas, na verdade, são duas: a educação e as noções de ciência. Se a pessoa tiver essas noções, certamente não cairá como um pato nas medicinas ditas alternativas ou em "curas mágicas", ou nas mãos de um "João de Deus". O que não consigo entender é como pessoas muito bem formadas e ilustradas e ilustres caem nessas "curas mágicas".


Resenhando.com - Os nomes dos personagens têm um quê teatral: Emerenciana, Marisa, Chico que odeia ser chamado de Chico... Existe aí um certo deboche com os arquétipos da nossa sociedade?
Jacyr Pasternak - Não foi inteiramente consciente, mas o deboche, agora que você assinalou, de fato, existe. Achar nomes para personagens não é nada simples. Raymond Chandler, se não estou enganado, usava lista telefônica, isso no tempo em que as listas eram impressas (risos).


Resenhando.com - A ironia é sua seringa narrativa preferida. Em tempos tão sensíveis, o senhor acha que ainda é possível "vacinar" o leitor com sarcasmo?
Jacyr Pasternak - Sarcasmo e ironia são as coisas que mais incomodam os praticantes de charlatanismo em todos os campos. Humor também funciona para mostrar os pés de barro de autoritários, e a medicina alternativa tem este aspecto autoritário de “acredite em mim porque Deus me deu este poder”, ou “porque sou professor doutor, porque a mafia de branco esconde esta sensacional cura, porque me perseguem...”.


Resenhando.com - Considerando que muitos dos seus leitores podem ser pacientes ou colegas, já pensou em oferecer um curso de "literatura profilática"? Quem seria o público-alvo ideal?
Jacyr Pasternak - Existem literaturas profiláticas e corretivas, existe a revista Questão de Ciência, brasileira, que se dedica a isto, existe a revista americana Septic. Tentam, não digo que com grande sucesso. O público-alvo é mais quem está se educando; quem já acha que sabe tudo, provavelmente, é caso perdido...


Resenhando.com - Se o senhor tivesse que diagnosticar a literatura policial brasileira contemporânea, qual seria o parecer clínico?
Jacyr Pasternak - A literatura policial brasileira não é muito ampla, mas tem excelentes escritores, como Rubem Fonseca, Luiz Garcia Roza, Marcos Rey. Há uma dificuldade na literatura policial no Brasil: literatura policial é mais imaginada e praticada em países onde tem polícia que investiga e justiça que funciona, ambas as condições que não são exatamente o que acontece no Brasil, concorda?


Resenhando.com - Se a pseudociência fosse uma bactéria hospitalar, o senhor acha que a literatura ainda poderia ser o antibiótico certo - ou já estamos todos em septicemia cultural?
Jacyr Pasternak - Estamos em plena septicemia cultural crônica, com piora importante desde que as redes sociais formaram experts em tudo o que nada sabem com um mínimo de profundidade.


Resenhando.com - Como médico, o senhor já enfrentou pandemias reais - HIV, Covid-19, gripes letais - mas agora se aventura na ficção para narrar outra praga: a ignorância travestida de tratamento. O que dá mais trabalho, combater um vírus ou desmascarar um charlatão com diploma falso e Instagram "bombado"?
Jacyr Pasternak - Combater um vírus nas fases iniciais de uma pandemia quando ele não é conhecido ou é um mutante, é muito dificil. Mas a ciência acaba por encontrar a solução. Desmascarar um charlatão ou um influencer com zilhões de seguidores é muito mais dificil. O dr. Drauzio Varella “tem tentado”. Veja o que aconteceu, usaram IA para clonar o Drauzio e fazê-lo de menino propaganda de suplementos alimentares que ele denuncia sempre que pode. A criatividade de sacripantas e charlatões é infinita. Só com mais educação de qualidade a sociedade vai conseguir relegar os charlatões com diploma falso e também os charlatões com diploma de verdade a sua ação deletéria. Sumir não vão sumir nunca...

sábado, 14 de junho de 2025

.: Live action de "Como Treinar o Seu Dragão" respeita o original e encanta

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em junho de 2025


O live action de "Como Treinar o Seu Dragão", mantém fidelidade ao original e garante encantamento visual. A produção com direção e roteiro de Dean DeBlois ("Lilo & Stitch", 2002) não cria ou corta situações para fazer a história render e se adaptar aos novos tempos -como foi feito com "Lilo  Stitch", também em cartaz nos cinemas e, originalmente, foi dirigido por DeBlois. Neste, a versão humana da animação de 2010 acontece magicamente na telona, repetindo o que fez há 15 anos, fisgando o público do início ao fim, agradando, inclusive, quem não curte a temática viking. 

Agora em live action, sem se apoiar no visual falso dos efeitos especiais, ainda que emplaque a fantasiosa história de amizade de um garoto com um dragão, "Como Treinar o Seu Dragão" entrega história boa e envolve tão bem, a ponto de passar a impressão de que toda aquela ficção está acontecendo diante de seus olhos. De fato, por vezes, tal relação remeta ao clássico "História Sem Fim", quando Arteiro e Bastian estabeleçam um forte elo com Falkor, um dragão da Terra da Fantasia.

A nova produção, adapta a animação com primor e respeito aos fãs que, fatalmente, esperam rever as cenas marcantes. Tudo está lá para o puro deleite dos que amam a história do jovem viking amigo do dragão Banguela. No elenco, como o protagonista Soluço (Mason Thames, de "Telefone Preto") convence o merecimento do papel de garoto que não se enquadra no seu povoado e também não quer matar um dragão, ainda mais depois de capturar com um verdadeiro Fúria da Noite e estabelecer um elo de amizade com uma espécie tão mal vista pelos vikings.

Com Gerard Butler, o eterno "Fantasma da Ópera" (2004), na pele do pai brutamontes de Soluço, a dobradinha em cena conquista com tamanha facilidade, tornando tão claras as diferenças na forma de pai e filho verem as formas de realizarem as coisas. A parceria de Soluço com a autêntica guerreira da ilha de Berk, Astrid (Nico Parker, de "Dumbo" e "Bridget Jones: Louca pelo Garoto") também flui na trama. 

Até os rivais de Soluço entregam veracidade na trama de ação e fantasia como Fishlegs interpretado por Julian Dennison (o jovem mutante de "Deadpool 2") ou a Cabeça Quente (Bronwyn James, de "Wicked") e seu irmão gêmeo Cabeça Dura (Harry Trevaldwyn, de "Agência"). Em tempo, "Como Treinar o Seu Dragão" é nitidamente uma produção para ser assistida na telona com muita pipoca e a certeza de sair satisfeito com o produto final, pois o longa está simplesmente impecável.


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN


"Como Treinar o Seu Dragão" (How To Train Your Dragon). Ingressos on-line neste linkGênero: fantasia, açãoClassificação: 10 anos. Duração: 1h56. Direção: Dean DeBloisRoteiro: Dean DeBloisElenco: Mason Thames, Gerard Butler, Nico Parker, Julian Dennison, Gabriel Howell, Hary Trevaldwyn, Bronwyn James, Nick Frost. Sinopse: Na ilha de Berk, um garoto viking chamado Soluço desafia a tradição ao fazer amizade com o dragão Banguela. No entanto, quando uma ameaça surge, a amizade de Soluço com Banguela se torna a chave para forjar um novo futuro.. Confira os horários: neste link

Trailer "Como Treinar o Seu Dragão"



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quarta-feira, 11 de junho de 2025

.: Escritor Lucas de Matos estará na Feira do Livro de Maputo em Moçambique


Além de um sarau poético, o autor marca presença em painéis literários no Instituto Guimarães Rosa. Foto: Inage Kauana

Lucas de Matos, comunicador e escritor baiano, desembarca em Moçambique para uma série de atividades literárias na Feira do Livro de Maputo, do IGR - Instituto Guimarães Rosa. O autor de "Preto Ozado" e "Antes que o Mar Silencie" integra a comitiva do Coletivo Flipeba no projeto "Escrita Viajante e as Diversidades Culturais Diaspóricas", com atividades nos dias 16 e 17 de junho.

“É a minha primeira viagem internacional, e é simbólico que seja para o continente africano”, declara o escritor que já participou de atividades online com os países Angola e Moçambique. Sua agenda envolve debates literários e um sarau. No dia 16 de junho, Lucas realiza a apresentação do lançamento do livro "Confissões de Viajante (Sem Grana)", de Manoela Ramos, às 15h00.

No mesmo dia, às 18h00, o autor participa de um painel coletivo sobre o "Legado dos Festivais Literários - Conexão Bahia/ Maputo". No dia seguinte, dia 17 de junho, apresenta o "Sarau Poético", com textos de seus livros, além de poemas de escritoras moçambicanas como Paulina Chiziane e Noémia de Sousa, às 15h00. O poeta finaliza recitando na "Festa O Pente", do agitador cultural Uran Rodrigues.

A viagem ao continente africano surge com a incumbência de comunicador: Lucas, junto a Uran, fará a cobertura e assessoria da escritora Manoela Ramos, integrando o Coletivo da Festa Literária de Boipeba, da qual ela é uma das curadoras. O projeto busca fomentar a leitura e a produção literária a partir de experiências de viagem conectadas à diáspora africana. “É uma alegria poder contribuir para a difusão de iniciativas literárias por meio da comunicação. Faremos uma cobertura com todos os detalhes dessa imersão”, relata.

O projeto conta com o apoio financeiro do Governo da Bahia, por meio do Fundo de Cultura e da Secretaria de Cultura (Secult-BA), além do apoio internacional da plataforma Flotar, Fundo Cicla, Instituto Guimarães Rosa, Embaixada do Brasil e da própria Feira do Livro de Maputo 2025, que tem curadoria de Juci Reis.

Sinopse de "Antes que o Mar Silencie"
Assim como o mar, a escrita de Lucas de Matos tem uma força e um movimento belo, pedagógico e ancestral que nos instiga tanto a boiar na calmaria quanto a mergulhar no agito das suas ondas-palavras. Antes que o mar silencie é um chamado para atentar questões de ser e estar, a partir de versos cheios de ousadia, consciência de si e letramento socioambiental. Vale a pena tirar as boias e se jogar nesse mar poético encantador de um poeta que exala sede de vida. Mergulhemos nessas águas.

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