A atriz Cláudia Abreu apresenta a última semana de "Virgínia", seu primeiro monólogo, que foi idealizado e escrito por ela a partir da vida e da obra de Virginia Woolf (1882-1941) no Sesc 24 de Maio. Em cena, a atriz interpreta a genial escritora inglesa, cuja trajetória foi marcada por tragédias pessoais e uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de ‘dar corpo’ às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.
"Virginia" é o resultado dos vários atravessamentos que Virginia Woolf (1882-1941) provocou em Claudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espetáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos. Primeiro monólogo da carreira da atriz, o solo - em cartaz até dia 7 de agosto no Sesc 24 de Maio - marca ainda a sua estreia na dramaturgia e o retorno da parceria com Amir Haddad, que a dirigiu em "Noite de Reis" (1997).
A relação de Claudia com Virginia Woolf começa em "Orlando", montagem assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como "Mrs Dalloway", "Ao Farol" e "As Ondas". No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.
"Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?’, questiona a atriz, que enxerga "Virginia" também como um marco de maturidade em sua trajetória: ‘o texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, e também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje’, avalia.
A dramaturgia de "Virginia" foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Em seus últimos momentos, ela rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo. A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de ‘dar corpo’ às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.
"Fazer o monólogo foi uma opção natural neste processo, pois todas as vozes estão dentro dela. Eu nunca quis estar sozinha, sempre gostei do jogo cênico com outros colegas, mas a personagem me impeliu para isso", analisa Claudia, cujo processo de criação se desenvolveu a partir de uma série de improvisações que fez ao longo dos últimos anos, em especial durante o período pandêmico, já acompanhada por Amir Haddad.
A chegada de Amir ao projeto vem ao encontro do desejo de Claudia em encenar o seu próprio texto. "Ele tem como premissa a liberdade, permite que o ator seja o autor de sua escrita cênica, isso foi fundamental em todo o processo. O ator é um ser da oralidade, a maior parte do texto foi escrita a partir do que eu improvisava de maneira espontânea e depois organizava como dramaturgia", relata a atriz, que se aventurou na escrita pela primeira vez com o roteiro da série "Valentins", em 2017, da qual também é cocriadora.Malu Valle, que assina a codireção da montagem, chegou no processo quando Amir se recuperava de covid e contribuiu em toda a etapa final de "Virginia".
Leia +:
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Ficha técnica:
Espetáculo: "Virgínia".
Idealização, dramaturgia e atuação: Cláudia Abreu.
Direção: Amir Haddad.
Codireção: Malu Valle.
Direção de movimento: Marcia Rubin.
Figurinos: Marcelo Olinto.
Iluminação: Beto Bruel.
Trilha sonora com colaboração de José Henrique Fonseca: Dany Roland.
Operação de som: Bruna Moreti.
Assistente de iluminação / operação de luz: Igor Sane.
Operação de som nos ensaios: Máxima Cutrim.
Design gráfico: Carolina Pinheiro.
Fotos: Rogério Faissal, Pablo Henriques e José Henrique Fonseca.
Assessoria de imprensa: Vanessa Cardoso e Pedro Neves.
Direção de produção: Dadá Maia.
Produtores associados: Cláudia Abreu, Dadá Maia e Mario Canivello.
Temporada até dia 7 de agosto. Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
Local: Sesc 24 de Maio (Teatro) - Rua 24 de Maio, 109 - 350 metros do metrô República.
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 12 (credencial plena). Venda on-line no site sescsp.org.br/24demaio e presencial, nas bilheterias das unidades Sesc SP.
Classificação: 14 anos.
Duração do espetáculo: 60 minutos.