quinta-feira, 4 de novembro de 2021

.: Crítica: "Eternos" é a continuação de um universo com novos super-heróis

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em novembro de 2021


"Eternos" chega ao Universo Cinematográfico da Marvel com uma nova roupagem dada pelas mãos mágicas e mente brilhante da diretora Chloé Zhao. Inicialmente, letreiros num fundo preto contextualizam a história que apresenta a quarta fase dos heróis Marvel. Nos primeiros minutos, o longa segue a receita de introduzir os personagens para depois, impactar com uma sequência de muita ação e efeitos especiais. 

Com Sersi (Gemma Chan), Ikaris (Richard Madden), Ajak (Salma Hayek), Thena (Angelina Jolie), Kingo (Kumail Nanjiani), Duende (Lia McHugh), Phastos (Brian Tyree Henry), Druig (Barry Keoghan), Makkari (Lauren Ridloff) e Gilgamesh (Don Lee) reunidos, conhecemos os inimigos Deviantes e, ao público, cabe ficar com os olhos grudados na tela do cinema. Sim! Esse é o tipo de longa para se ver bem grande.

Os Eternos, raça de seres imortais que viveram durante a antiguidade da Terra, é um grupo de defensores secretos, aqui presente desde o início da humanidade -o que é retratado, detalhadamente, até de modo didático. Seguindo essa linha do tempo do Planeta Terra, há espaço para uma fotografia de muita beleza ao longo de 2h37min de filme.

No entanto, a luta dos Eternos não está restrita a aparição de seres também capazes de evoluírem, os malignos Deviantes. Por trás de tudo há "deuses" chamados de modo divino: os Celestiais. Eles são os primeiros seres vivos do universo, extraterrestres poderosos, sendo que alguns chegaram ao ponto de criarem outras raças ou experimentos com as já existentes.

No entanto, é sempre bom lembrar que se trata de uma adaptação de personagens de HQs para os cinemas em pleno 2021, quando a humanidade se julga altamente moderna, mas age de modo tão retrógrado e, às vezes, como primatas. Assim, em "Eternos", o lado humano e falho ganha foco na narrativa para, então, explodir a força dos super poderes dos Eternos, que também se passam por seres mortais -até a página 2, pois os Deviantes voltam a atacar. Assim, cabem características diversas como o fato de um dos Eternos ser gay -Phastos (Brian Tyree Henry)- e outra ser surda-muda -Makkari (Lauren Ridloff). Há representatividade em "Eternos"!

Não há como negar que a leveza na trama é trazida por Kingo (Kumail Nanjiani, de "Goosebumps"), de traços árabes. Ao longo dos séculos decidiu incorporar um ator de Bollywood -uma família, na verdade-, o que garante uma linda sequência bastante colorida e coreografada com muitas pessoas em cena, capaz de fazer as produções do gênero se orgulharem da homenagem. 

A necessidade de Kingo registrar o que viverá com os Eternos, o faz levar um humano junto da missão. Assim, o amo tem registros hilários com câmeras filmadoras que simplesmente brotam do estoque de seu criado. Tal registro faz lembrar e muito o filme que, atualmente, é uma série de sucesso: "What We Do In The Shadows". Seja pela forma em que as filmagens são exibidas ou pela situação de amo e criado. Aqui não temos o humano Guillermo de la Cruz e o vampiro Nandor, embora, Kingo revele que seu criado tenha pensado que ele fosse um. Essa dupla em cena garante boas risadas. Outro personagem que torna a trama leve é Gilgamesh (Don Lee, "Invasão Zumbi"), quem cuida da dupla personalidade de Thena, mas é capaz de trazer piadas que suavizam a trama de embates.

Contudo, é muito gratificante reencontrar Angelina Jolie no posto de heróina, aqui ela é Thena. Poderosíssima e de movimentos precisos, faz o queixo do público cair durante confronto final. É inevitável, mesmo após anos, deixar de observar as poses dela após os duelos e não recordar sua atuação em "Tomb Raider". Outra figura da velha guarda do meio cinematográfico que integra os Eternos é a atriz de traços latinos: Salma Hayek. Como Ajak ela é a cabeça do grupo e quem fala diretamente com deus. Apesar de certo desfecho, a presença da personagem é constante na película.

Druig (Barry Keoghan, da série "Chernobyl") é um herói que tem consciencia de sua responsabilidade, porém tem bom coração e quer interferir na ação do homem impedindo brigas e, claro, assassinatos. Entre ele e Makkari rola um afeto maior do que de amizade, mas não evolui, nesse longa. É Phastos (Brian Tyree Henry), o cérebro do grupo, que em sua humanidade consegue formar uma família ao lado de outro homem tendo um filhinho para criar. 


Aos corações apaixonados da plateia, cabe o reencontro com o príncipe da "Cinderella", Richard Madden, que interpreta Ikaris. Em "Eternos" ele é um dos membros de destaque, com os poderes do "Super-Homem", seja por voar e ter visão de calor. Em tempo, por vezes, a Marvel brinca com a DC seja fazendo uma comparação entre Ikaris e "Superman" ou por mencionar o Batman.

E não é que Ikaris é desenhado no próprio "Eternos" como que um Peter Pan?! Tendo o amor de Sersi, que seria a Wendy e da Sininho/Tinkerbell, no caso, Duende/Sprite -quem mostra devoção a ele até o fim da história?! Ao declarar ciúmes, Duende traz para a tela o seu lado Claudia de "Entrevista com o Vampiro", ao menos ela tem o desejo de se tornar mulher realizado.

A relação de amor entre Ikaris e Sersi (Gemma Chan, de "Capitã Marvel") tem encontros que, por vezes, lembram a relação conturbada de Aragorn e Arwen, de "O Senhor dos Anéis". E não se surpreenda, há tempo até para uma cena de amorzinho do casal. Essa mulher de coração partido é quem irá salvar a humanidade. Ela é capaz de transformar lava, acredite!

O longa com orçamento de 200 milhões tem uma apresentação estética belíssima, embora, por vezes, escura. Algo bem diferente do visto recentemente em "Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis", mas há traços dessa última produção do UCM em "Eternos". Não somente por retratar um herói longe da sua essência que precisa ser resgatada diante do perigo, mas pela estética de como os poderes ganham força em cena quando colocados em ação. 

"Eternos" é uma produção mais madura com heróis passíveis de erros, ainda que sejam robôs. Aos fãs, fica só a expectativa do que está por vir com essa nova fase! Afinal, as duas cenas pós-créditos prometem. Não somente com a inserção do irmão de Thanos, Eros (Harry Styles), mas um papel de maior peso para Kit Harington, quem revela ter um árvore genealógica complicada de explicar!

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* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


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