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sábado, 19 de junho de 2021

.: Coletânea mostra a genialidade de Aretha Franklin


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Se teve uma intérprete que foi unanimidade na música, esta foi Aretha Franklin, que faleceu em 2018. Sua técnica vocal, moldada na música gospel dos Estados Unidos, juntamente com o jazz, acabou por se tornar uma versão única da soul music. Muito além do timbre agudo único, Aretha tinha na emoção o seu maior trunfo. Era impossível ouvi-la e ficar indiferente.

A coletânea "The Genius Of Aretha Franklin", lançada recentemente, traz 15 faixas gravadas entre os anos 60 e 70, período apontado como a sua melhor fase segundo a crítica. É possível ouvir alguns hits como "Chain of Fools", "I Say A Little Prayer", "A Natural Woman", "Respect" e 'Think", que se mesclam com outras canções menos conhecidas, mas igualmente ótimas, como "Day Dreaming".

Além de tocar piano com maestria, Aretha conseguia potencializar uma canção de tal forma, que a mesma acabava se identificando diretamente com sua interpretação. Um exemplo disso foi "I Say a Little Prayer", cujo autor, Burt Bacharach, chegou a apontar a versão de Aretha como a melhor que ele tinha ouvido.

Poderia citar ainda a versão épica de "Bridge Over Troubled Waters", de Paul Simon, como outro exemplo de sua genialidade. Nesta coletânea foi incluída a versão em estúdio, que é um exemplo de biscoito fino da música.

Poderia escrever centenas de linhas e ainda assim isso seria insuficiente para descrever a emoção que a voz de Aretha proporciona. Essa coletânea é apenas uma pequena amostra de sua obra. Mas já dá uma dimensão exata de sua importância na música.


"I Say a Little Prayer"

"A Natural Woman"

"Chain of Fools"



sexta-feira, 11 de junho de 2021

.: Banda Fluctua lança EP autoral na linha do indie brasileiro


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Formada no Rio de Janeiro, a banda Fluctua está lançando o seu primeiro EP com quatro canções autorais, que vem obtendo boa receptividade junto a crítica.  E o trabalho, que segue a linha da MPB com um toque alternativo (o indie brasileiro), vem obtendo boa receptividade junto a crítica.

O trio é formado por Eduardo Waghabi (teclados), Moreno Leon (vocais) e João Faria (baixo). Eduardo é filho de Antonio Waghabi Filho, o Magro (do grupo MPB-4), enquanto que João é filho de Ruy Faria (também fundador do MPB-4) e de Cynara Faria, do Quarteto em Cy. Tanto Magro como Ruy são falecidos, mas deixaram um legado musical com os filhos, que começa a dar bons resultados.

A formação do trio se deu por meio de jam sessions realizadas nos estúdios localizados na Praça São Salvador, no Rio de Janeiro. A partir daí passaram a produzir um material autoral, que ganhou forma com o passar do tempo e depois de muitos ensaios.

O EP conta com quatro canções. Duas delas ("O Tempo Dirá" e "Loteria") já haviam sido divulgadas em 2020. E agora se juntam com mais duas canções: "Céu do Teu Olhar" e "Do Que Vi". Todas as quatro composições seguem uma mescla de várias tendências musicais. Mais ou menos como Djavan fazia e ainda faz em seus trabalhos, experimentando novos sons e texturas para os arranjos.

A voz de Moreno Leon é suave, com influência da soul music. Já Eduardo e João formam uma poderosa cozinha rítmica que deu forma e vida para as canções. Juntos, eles mostram um trabalho bem interessante e que merece ser conhecido. O EP já está disponível nas plataformas digitais Spotfy, Deezer, Amazon Music, Bandcamp, Youtube Music, Tidal e Soundcloud. Vale a pena conferir.

"O Tempo Dirá"


 "Loteria"


sexta-feira, 28 de maio de 2021

.: Rodrigo Santos revisita clássicos em "A Festa Rock 2"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Rodrigo Santos continua na ativa produzindo coisas novas na música. O seu mais recente projeto é  "A Festa Rock", que chega ao segundo volume nas plataformas digitais de streaming. Trata-se de releituras de músicas que marcaram os anos 80, seja no rock nacional, seja na MPB.

O incansável músico foi integrante do Barão Vermelho por 26 anos e teve trabalhos anteriores com Kid Abelha, Lobão e Leo Jaime, entre outros. Nos últimos anos vem desenvolvendo uma fértil carreira solo com trabalhos autorais. Também gravou um disco em parceria com Fernando Magalhães, do Barão Vermelho, além de realizar um projeto com Roberto Menescal e Leila Pinheiro interpretando músicas de Cazuza em ritmo bossa nova. Também tocou com Andy Summers (The Police) e João Barone no projeto Call The Police, cantando canções do grupo britânico.

Com tantos projetos realizados, Rodrigo é apelidado pelos amigos como o soldado do próximo passo. E ainda encontrou tempo para lançar o livro "Cara a Cara", uma autobiografia em que conta como conseguiu superar o vício com drogas e álcool, além de detalhar passagens marcantes da carreira musical.

"A Festa Rock Volume 2" inclui medleys das músicas de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee, Raul Seixas, Chico Buarque, Titãs, Beto Guedes, Paralamas do Sucesso, Zeca Baleiro, Alceu Valença, Lenine, Cazuza, Legião Urbana, Nando Reis, O Rappa e Plebe Rude.

Sem sair de casa por conta da pandemia, Rodrigo montou um estúdio caseiro e durante esse período começou a produzir com amigos e músicos. Em agosto de 2020 lançou nas plataformas digitais o CD autoral “Livre” e em seguida, resolveu dar continuidade à série chamada Rodrigo Santos – "A Festa Rock", idealizada em 2010 com o intuito de transformar os medleys que Rodrigo fazia em seus shows em CD. E ao mesmo tempo homenagear a história do rock nacional e da MPB.

O músico criou e cronometrou os medleys em casa, gravando inicialmente as bases guias no violão e depois passando para o formato Power trio: baixo, guitarra e bateria. “Acabei escolhendo cada uma pelo encadeamento das músicas, pelo ritmo, pelo tom, pelas décadas, pelos estilos das bandas, da temática da letra ou simplesmente por afinidade de audição”, explicou Rodrigo

As canções em forma de medleys acabaram funcionando muito bem. "Televisão", hit dos Titãs, por exemplo, é interpretada tendo "Papai Me Empresta o Carro", de Rita Lee na sequência. E há de se ressaltar o fato do músico ter amadurecido bastante como intérprete. Rodrigo realizou a produção musical dos três volumes do projeto, num total de 70 músicas e 37 medleys, e seu empresário, Luiz Paulo Assunção, ficou encarregado da produção executiva do CD. Vale a pena conferir.

"Televisão/Papai me Empresta o Carro"

"Anunciação/ Hoje Eu Quero Sair Só"

"Ideologia/O Nosso Amor a Gente Inventa"


sexta-feira, 21 de maio de 2021

.: George Harrison e amigos: há 50 anos, a música ajudava Bangladesh


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

O Concerto para Bangladesh foi um concerto beneficente organizado pelo ex-guitarrista dos Beatles. George Harrison, e o músico indiano Ravi Shankar em agosto de 1971, nos Estados Unidos. O evento serviu para mostrar como a música podia ajudar a aumentar a conscientização internacional e financiar a ajuda aos refugiados do Paquistão Oriental, após a Guerra de Libertação de Bangladesh.

Os shows foram realizados às 14h30 e 20h no domingo, 1º de agosto de 1971, no Madison Square Garden, na cidade de Nova York. O evento foi o primeiro de tal magnitude e contou com um supergrupo de artistas que incluía Harrison, o ex-beatle Ringo Starr, Bob Dylan, Eric Clapton, Billy Preston, Leon Russell e a banda Badfinger. Além disso, Shankar e Ali Akbar Khan - ambos com raízes ancestrais em Bangladesh – fizeram  uma apresentação de abertura de música clássica indiana.

George Harrison apresentou canções de sua autoria da época dos Beatles e outras de sua carreira solo. Ringo cantou It Don´t Come Easy, que ele compôs em parceria com Harrison. Leon Russell canta um cover excelente de Jumpin Jack Flash dos Rolling Stones. Um destaque desse concerto foi a apresentação de Bob Dylan, que interpreta clássicos como Just Like a Woman e Blowin The Wind, acompanhado de George Harrison e outros músicos conhecidos.

Um álbum triplo em vinil foi lançado na época e virou um sucesso de vendas. Atualmente pode ser encontrado em CD e DVD. Em 1985, por meio da receita arrecadada com o álbum e filme ao vivo, cerca de US $ 12 milhões foram enviados a Bangladesh, e as vendas do álbum ao vivo e do lançamento em DVD do filme continuam a beneficiar o Fundo George Harrison para a Unicef. Décadas depois, Shankar diria sobre o sucesso do evento: "Em um dia, o mundo inteiro soube o nome de Bangladesh. Foi uma ocasião fantástica".

O Concerto para Bangladesh é reconhecido como um projeto de ajuda humanitária muito bem-sucedido e influente, gerando conscientização e fundos consideráveis, além de fornecer lições valiosas e inspiração para projetos que se seguiram, como o Live Aid em 1985.


"Something" (George Harrison)


"My Sweet Lord" (George Harrison)

"Love Minus Zero/No Limit" (Bob Dylan)

sexta-feira, 7 de maio de 2021

.: CD mostra concerto ao vivo que celebra a obra de Willie Nelson


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Em janeiro de 2019 foi realizado um concerto em Nashville, nos Estados Unidos, para homenagear a lenda da música folk, Willie Nelson. E agora esse registro chega em CD, intitulado "Willie: Life & Songs Of An American Outlaw", com performances repletas de estrelas da música.

Além do próprio Willie Nelson, o concerto conta com nomes como Alison Krauss, The Avett Brothers, Bobby Bare, Chris Stapleton, Dave Matthews, Emmylou Harris, Eric Church, George Strait, Jack Johnson, Jamey Johnson, Jason Isbell, Jimmy Buffett, John Mellencamp, Kris Kristofferson, Lee Ann Womack, Lukas Nelson, Lyle Lovett, Margo Price, Micah Nelson, Nathaniel Rateliff, Norah Jones e The Little Willies, Ray Benson, Rodney Crowell, Sheryl Crow, Steve Earle, Sturgill Simpson, Susan Tedeschi & Derek Trucks e Vince Gill.

Os destaques incluem "Willie Got Me Stoned" (Interpretada por Jack Johnson) e clássicos de Nelson como "Whiskey River" (Interpretada por Chris Stapleton ), “Me and Paul” (Interpretada por Eric Church), “Blue Eyes Crying In The Rain” (Interpretada por Vince Gill), junto com os duetos “The Harder They Come” (com Jimmy Buffett), “Crazy” (com Dave Matthews), “Always On My Mind” (com Chris Stapleton e Derek Trucks), “After The Fire Is Gone” (com Sheryl Crow). No final, todos se juntam no palco para cantar "On The Road Again", um dos hits mais conhecidos do homenageado.

Willie Nelson merece mesmo todas as homenagens, especialmente por ainda estar na ativa, tocando e cantando bem como sempre fêz. É um verdadeiro patrimônio da música folk.

"Willie Got Me Stoned"


"Good Hearted Woman"

"Always On My Mind"

sábado, 1 de maio de 2021

.: Lucinda Williams presta tributo musical a Tom Petty em CD


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Lucinda Williams
acaba de lançar um novo disco com composições de Tom Petty. E o trabalho que presta um bonito tributo ao músico americano, que faleceu em 2017 aos 66 anos, ficou acima da média segundo a crítica especializada.

Para quem não conhece, Lucinda Williams é cantora e compositora americana ligada ao segmento folk e ao rock. Iniciou a carreira ainda no final dos anos 70 e  aos poucos foi conquistando seu espaço e tendo reconhecido o seu valor com três prêmios Grammy.

Lucinda Williams nasceu na Louisiana e sempre se orgulhou de sua herança, ao mesmo tempo em que entende as contradições e a bagagem que ela traz. Tom Petty era um nativo da Flórida que também amava o Sul dos Estados Unidos, sem alimentar ilusões sobre ele. Então faz sentido que ela fosse uma fã de Petty, e não simplesmente um talentoso compositor respeitando outro.

A escolha de um repertório de suas músicas favoritas de Tom Petty resultou nesse CD intitulado “Runnin 'Down a Dream: A Tribute to Tom Petty” incluindo "Gainesville", "Down South", "Rebels", "Southern Accents" e "Louisiana Rain". É nessas músicas que Lucinda Williams parece mais comprometida, com um senso de experiência compartilhada informando seus vocais e adicionando profundidade à sua apresentação.

Dito isso, Williams soa muito em casa em todas as 13 canções que ela interpreta. “You Wreck Me” parece ter sido escrito com sua vulnerabilidade desafiadora em mente; ela traz um funk doce e sutil para "Wildflowers", e ela e sua banda aproveitam ao máximo o ritmo matador de "You Don't Know How It Feels".

Ela gravou todo este material ao vivo no estúdio com sua banda apoiando-a. Essas versões foram feitas com amor e sem pensar demais no processo. Ouvir Lucinda Williams explorar o mundo dentro das canções de Tom Petty envolverá os fãs dos dois artistas.

"Wildflowres"

"I Won´t Back Down"

"Stolen Moments"

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sábado, 24 de abril de 2021

.: Cheap Trick revitaliza seu som com CD "In Another World"


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Cheap Trick é uma daquelas bandas originárias dos anos 70 que você dificilmente deixa de gostar quando ouve pela primeira vez. E em seu mais recente disco, "In Another World", o grupo sinaliza uma revitalização de sua sonoridade. São ótimas canções que oscilam entre o rock de arena e o pop em alguns momentos.

A formação atual conta com Rick Nielsen (guitarra), Robin Zander (vocal), Tom Petersson (baixo) e Daxx Nielsen (bateria), filho de Rick. A primeira impressão que se tem ao ouvir o disco é que os músicos integrantes parecem estar prestando homenagem às suas influências musicais. Canções como "The Summer Looks Good On You" e "Light Up the Fire" soam como se a banda estivesse nos anos 70. O grupo parece positivamente confortável em mesclar seus riffs de rock de arena estilo The Who com harmonias vocais dos Beatles.

A balada "So it Goes" tem um certo clima no arranjo que lembra o Led Zeppelin, enquanto que na energética "The Party" há momentos que lembram o som de Jimi Hendrix. Há também uma ótima releitura de "Gimme Some Truth", da carreira solo do ex-beatle John Lennon, outra referência importante para o "Cheap Trick". Essa faixa conta com a participação especial de Steve Jones, guitarrista do Sex Pistols.

"In Another World" faz jus ao legado do "Cheap Trick". Um legado que nem sempre teve a merecida exposição na mídia. Mas que mesmo assim se manteve íntegro e fiel às suas origens musicais dos anos 60, em especial, buscando inspiração nas canções dos Beatles.

"In Another World"

 
"Light Up The Fire"

"Final Days"  

sábado, 17 de abril de 2021

.: "Eleventeen": o canto do cisne de Lee Kerslake


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Falecido em setembro de 2020, o baterista Lee Kerslake deixou um legado importante na história do rock. Mas antes de partir conseguiu deixar gravado um álbum solo com canções inéditas. A produção chega agora ao público e funciona como o seu canto do cisne.

Com uma carreira que remonta à década de 60, o primeiro passo de Lee Kerslake para os holofotes do rock foi com a banda The Gods, gravando "Genesis" em 1968 e "To Samuel A Son" em 1969. Mas foi a partir de 1972, quando entrou no grupo britânico Uriah Heep que ele passou a se projetar como um dos grandes bateristas de sua época, permanecendo na banda por mais de 30 anos. Foi no Heep que ele acabou sendo apelidado de The Bear (O Urso).

No início dos anos 80, participou das gravações dos dois primeiros álbuns solo de Ozzy Osbourne, apontados como os melhores da carreira do ex-vocalista do Black Sabbath. E mais recentemente fundou o grupo Living Loud com o cantor Jimmy Barnes, o guitarrista Steve Morse e o baixista Bob Daisley, além do tecladista Don Airey.

Em 2007, decidiu deixar o Uriah Heep por conta de seus problemas de saúde. Alguns anos depois, em 2015, começou a produzir as canções desse seu primeiro disco, finalizando a produção em 2019, que agora está sendo divulgada de forma póstuma em sua homenagem.

"Eleventeen" é uma coleção de oito canções, sete delas escritas ou co-escritas por Lee, começando com a singela "Celia Sienna", passando pela igualmente ótima "Take Nothing For Granted", inspirada em sua esposa e mais algumas coisas de sua vida. Há ainda uma versão de "You´ve Got a Friend", de Carole King, que Lee fêz questão de dedicar a todos os seus amigos da música.

Esse disco representa não somente a despedida de um músico. Deixa claro a sua genialidade, que ia muito além das baquetas e de um kit de bateria ao fundo do palco. Faz justiça ao músico que ele sempre foi, com toda certeza.

"Celia Sienna"

"Home Is Where The Heart Is"

 "Take Nothing for Granted"


sexta-feira, 9 de abril de 2021

.: Entrevista: Maggie Reilly tem obra revisitada em CD


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

A cantora britânica Maggie Reilly está tendo parte de sua obra revisitada por intermédio  do lançamento de uma coletânea em CD. E a iniciativa acabou chamando a atenção da crítica especializada para seu trabalho, seja em carreira solo, seja em colaborações com músicos como Mike Oldfield, Jack Bruce e David Gilmour, só para citar alguns exemplos. 

Dona de uma voz singular e doce, Maggie aparenta estar antenada com o som pop mais suave dos anos 80, muito embora também invista em uma sonoridade mais dançante em alguns momentos. Com Mike Oldfield, por exemplo, gravou o hit "Moonlight Shadow". Mas teve sucessos na carreira solo, como a dançante "Everytime We Touch". Em entrevista para o Resenhando, Maggie conta detalhes sobre o seu início da música e sobre algumas passagens marcantes da carreira. E apesar de ainda não ter vindo ao Brasil, revela conhecer um pouco de nossa arte. “A música brasileira tem uma forte carga emocional”.


Resenhando - Como foi o seu início na música?
Maggie Reilly - Meu pai era cantor de uma banda na Escócia. Então eu cresci assistindo ele e cantando com ele às vezes. Entrei para uma banda quando tinha 15 anos ou mais e fiz shows na Escócia por um tempo. Então, um amigo que era compositor me pediu para cantar algumas de suas canções em seu filme, apenas para variar as vozes que alguns produtores ouviram e me ofereceram um contrato de gravação.


Resenhando - Durante sua carreira percebemos vários trabalhos com músicos e bandas conceituadas. Como foram essas experiências?
Maggie Reilly - Tive muita sorte de ter a chance de trabalhar com alguns músicos brilhantes. Eu fui questionada de várias maneiras. Ou eu os conheci primeiro e então eles me perguntaram se eu o faria. Ou alguém entrou em contato comigo para ver se eu estava interessada em trabalhar com eles. Isso significa que tive a chance de trabalhar musicalmente em todos os setores. De coisas como os grupos Sisters of Mercy e The Stranglers, passando por Simon Nicol (Fairport Convention), Mike Oldfield, Jack Bruce e David Gilmour. Sempre me arrependi de "aqueles que fugiram". Fui procurada, mas não consegui conciliar as datas funcionarem em alguns casos, como com Gerry Rafferty e John Martyn, para citar apenas dois exemplos.


Resenhando - Seu trabalho com Mike Oldfield foi marcante. Quais as maiores lembranças desse período?
Maggie Reilly - Trabalhar com Mike por quatro ou cinco anos foi uma mistura de memórias. Muito trabalho duro no estúdio, gravávamos e depois gravávamos em turnê. Os shows eram fantásticos, eu costumava sair na frente a qualquer momento E tinha uma pausa para ouvir as partes instrumentais. Foi uma experiência muito intensa trabalhar com muitos grandes músicos que estiveram envolvidos ao longo dos anos, muitos de nós mantemos contato e trabalhamos juntos novamente quando possível ao longo dos anos desde então.


Resenhando - Como foi trabalhar com o lendário Jack Bruce?
Maggie Reilly - Eu conheci Jack em um hotel da Alemanha. Nós dois estávamos em turnê ao mesmo tempo. Um tempo depois, recebi um telefonema de seu letrista perguntando se eu estaria interessada em gravar uma música com Jack. Sempre fui um grande fã dele e adorei todo o seu trabalho solo, então disse que adoraria. Lembro que gravamos em uma casa com vista para uma floresta. Depois no aniversário de Jack, houve alguns shows em Colônia, na Alemanha, para o aniversário dele que foram gravados para um filme. É muito triste por ele não estar mais por perto. Seu filho Malcom convocou um grupo de amigos de todo o mundo para fazer um show em Londres há alguns anos para celebrar sua memória. Tive a honra de ser convidada a participar.


Resenhando - Você gravou um elogiado disco em 2003, com releituras de canções que marcaram a sua formação musical. Pretende repetir essa experiência?
Maggie Reilly - Ah, esse foi o álbum "Save It For a Rainy Day". Foi minha tentativa de gravar músicas de outros compositores que admirava. Essa música-título do disco era de Stephen Bishop, sempre adorei o material dele. Eu fiz o álbum na Dinamarca com a maioria de músicos dinamarqueses e a ideia era torná-lo o mais ao vivo possível. Então ficamos a maior parte do tempo no estúdio tocando as músicas até que estivéssemos felizes com o resultado. Sim, eu gostaria de fazer algo assim de novo. Talvez incluir uma música de Milton Nascimento ou da Flora Purim na próxima vez.


Resenhando - Você conhece bem a nossa música. Já esteve no Brasil?
Maggie Reilly - Conheci a Flora Purim e o Airto Moreira nos anos 70 quando estava no CadoBelle e então conheci o Milton Nascimento. Eu amo músicas como Silver Sword (do repertório de Flora Purim) e "Nada Será como Antes". A música é tão emocional que adoro. Mas nunca estive no Brasil. Há alguns anos quase consegui ir, mas não consegui encaixar na minha agenda. Morei ao lado de uma senhora brasileira por muitos anos em Londres. Vou apenas dizer que sempre gostei de suas festas muito animadas. Também nos últimos anos o bairro local teve muitos negócios brasileiros movimentando, o que tem animado a região musicalmente e culturalmente. Espero um dia poder ver o seu país. Ir e tocar lá seria fantástico.


Resenhando - Como foi a recepção do seu disco nos Estados Unidos?
Maggie Reilly - Eu tive sorte de poder sair depois da primeira onda para terminar alguns programas de TV que não foram cancelados. Então o álbum foi lançado e as pessoas parecem gostar. Esse tem sido um ponto brilhante em uma época sombria.


Resenhando - A pandemia afetou o trabalho dos músicos?
Maggie Reilly - A pandemia foi terrível para o mundo. Todo mundo sofreu. Músicos tiveram tudo cancelado e muitos não tinham uma tábua de salvação e caíram na rede por qualquer ajuda do governo. Aqueles que tinham energia conseguiram usar o desligamento forçado para escrever novas canções ou gravar. Eu tinha acabado de fazer o master do meu novo álbum, o Passado Presente Futuro. Estava prestes a fazer uma turnê e programas de TV. Então tudo parou. Como todo mundo, estou ansiosa para voltar à vida normal em breve, mas quem sabe quando será? Temos que aguardar e continuar redobrando os cuidados com a saúde.


"Everytime We Touch"

"Moonlight Shadow"

"Follow The Midnight Sun"

sexta-feira, 2 de abril de 2021

.: Suzi Quatro - a última rebelde do rock está de volta com novo álbum


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Prestes a completar 71 anos, a lendária roqueira americana Suzi Quatro, continua em plena atividade e parece encarar uma aposentadoria como algo bem distante do tempo presente. Seu mais recente álbum, "The Devil In Me", apresenta a sua velha e infalível receita de som, baseada nos primórdios do rock´n roll em sua essência.

Para quem  não se lembra, Suzi Quatro (cujo nome verdadeiro é Susan Kay Quatrocchio) surgiu no final dos anos 60 mas veio a estourar a partir de 1973, com o lançamento de hits como "48 Crash" e "Can The Can", que se encaixavam no conceito do chamado Glam Rock.

Nesse novo disco, ela se volta exatamente para as suas raízes musicais setentistas. E arrasa, como sempre fez no vocal e com seu poderoso e inseparável baixo elétrico. Para ser honesto, ouvir canções como  "Betty Who" ou a faixa-título, "The Devil In Me", nos dá tanto prazer como ouvir clássicos como "Smoke on the Water" do Deep Purple. A mesma impressão se tem ao ouvirmos a ótima faixa Motor City Riders, essa com a grife pessoal de Suzi Quatro.

Tudo funciona porque soa autêntico. Ela é um ícone legítimo, mas é fato que  não falamos sobre ela nem a mencionamos tanto quanto deveríamos. E curiosamente ela fez mais sucesso na Europa e na Austrália do que no seu País de orígem. No Brasil lembro de ouvir 48 Crash nas rádios nos anos 70.

Suzi Quatro foi uma grande influência também pelo seu pioneirismo. Sendo uma frontwoman em um período do rock dominado pelos homens, ajudou a quebrar barreiras e colocar a mulher com o merecido destaque no cenário do rock. E o mais legal é saber que ela continua na ativa, cantando e tocando como nunca. Vida longa para a Suzi Quatro!

"The Devil In me"

"Betty Who"

"Motor City Riders"



sexta-feira, 19 de março de 2021

.: Os 40 anos de acontecências musicais de Cláudio Nucci



Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Claudio Nucci está comemorando 40 anos de carreira solo brindando os fãs e amantes da MPB com um novo disco, revisitando seus maiores sucessos e apresentando canções inéditas, que seguem a receita de seus trabalhos anteriores. Em entrevista para o Resenhando, ele conta detalhes desse novo trabalho e explica como o período no grupo vocal Boca livre foi importante para sua formação musical, além de comentar o atual panorama para os artistas em meio a pandemia do Covid 19. “Sentimos falta do palco, das reações imediatas, de ouvir o púbico cantando junto”.

Resenhando - Nesse seu novo trabalho você só revisita as canções marcantes de seus 40 anos de carreira ou tem material inédito? Fale sobre o conceito desse trabalho.
Claudio Nucci -
Comemorar 40 anos de gravações e publicações é especial, por isso eu resolvi catar o que de mais querido do público eu tenho, e que represente bem minha história na música. Cheguei a 10 canções que já foram gravadas e que são importantes, entre meus lançamentos. E, claro, comemorar sem mostrar algo novo, não vale. Então tem três novas músicas. O conceito é inovar nos arranjos, em que escolhi levadas de violão mais vigorosas e rasqueadas pra músicas que antes tinham violões dedilhados. Mas tem também violões dedilhados. De resto, baixo, ritmo, instrumentos de sopro, cordas, enfeitando a sonoridade.


Como o período no Boca Livre ajudou a moldar sua formação musical?
Claudio Nucci -
O período do Boca para mim foi a consolidação de uma fase anterior, a do Semente, que foi um grupo bem bacana. Foi uma época em que surgiram músicas como "Toada", "Quero Quero" e "Acontecência", por exemplo. Daí, ganhei experiência em estúdio, em cantar junto, em me apresentar no palco. Foi muito bom conhecer outros artistas através dessa experiência também.


Sua carreira solo conta com discos gravados em parceria com o Zé Renato, que foram bem recebidos pela crítica. Vocês pensam em repetir a parceria?
Claudio Nucci -
Já andamos fazendo shows por aí recentemente e tudo pode acontecer. Temos músicas boas e inéditas ainda.


Um de seus primeiros sucessos foi "Acontecência", que tocou bastante nas rádios na época do lançamento. Como se deu a inspiração para esse seu hit?
Claudio Nucci - "
Acontecência" tem letra de Juca Filho, que teve uma vivência de infância no interior, como eu. Minha inspiração veio ao ouvir um disco do Marcus Pereira, um pesquisador de música daquela época e que tinha um selo de música regional brasileira.


Recentemente você reuniu a banda Zil, que formou no final dos anos 80 com outros músicos conhecidos, como Ricardo Silveira. Como foi essa experiência?
Claudio Nucci -
Foi como um renascimento do projeto de fazer música instrumental misturada com música com letra, que o Semente fazia também. E, claro, conviver com todas essas feras, de quem sou amigo até hoje.


Você gravou disco com canções de Dorival Caymmi e também canções de Nelson Cavaquinho. Você pensa em produzir um outro disco como intérprete no futuro?
Claudio Nucci -
Sim, temos um cancioneiro riquíssimo e que merece toda a sorte de projetos. O Brasil é um baú e tanto!


Como tem sido esse período da pandemia para os músicos em geral?
Claudio Nucci -
Tem sido bem sofrido, porque sentimos, mais do que a diminuição das oportunidades de trabalho, que é um problema de todas as categorias profissionais e com as quais nos solidarizamos, a falta do contato com o público, do palco, das reações imediatas, de estar com gente por perto, cantando junto.

"Quero Quero"


 "Acontecência"

"Sapato Velho"


sexta-feira, 12 de março de 2021

.: "Who´s Next": há 50 anos, o auge do The Who em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

A banda britânica The Who iniciava a década de 70 com um desafio: superar o sucesso de seu disco lançado no final dos anos 60, a ópera rock "Tommy". E há 50 anos era lançado "Who´s Next", considerado o ponto mais alto, o auge da carreira do grupo.

Conceitualmente, Pete Townshend elaborou as canções para compor uma nova ópera rock, que se chamaria "Lifehouse". Entretanto a ideia não vingou em estúdio e a gravadora achou melhor lançar um álbum convencional, com composições inéditas e sem o conceito original imaginado.

Nessa época a formação original da banda estava completa, com Pete Townshend (guitarra, teclados e backing vocals), Roger Daltrey (vocal), John Entwistle (baixo e backing vocals) e Keith Moon (bateria).

"Who´s Next" ganhou força pelo fato de as canções serem excelentes. Só as faixas "Baba O´Riley" e "Won´t Get Fooled Again", dois verdadeiros hinos do rock, já valeriam a audição do álbum. Mas há outras com o famoso peso que o The Who imprimia em suas gravações, como "Bargain", "Love Ain´t For Keeping" e "Going Mobile".

As composições de Townshend são excepcionais. O vocal de Daltrey está incrivelmente poderoso, assim como a cozinha rítmica formada por Keith Moon e John Entwistle. Moon aliás apresenta um repertório de viradas e intervenções nas baquetas que até hoje impressiona quem ouve o álbum pela primeira vez.

Destaco ainda as baladas "Behind Blue Eyes" e "The Song Is Over", onde Daltrey brilha de forma intensa com seu vocal forte. "Pure And Easy", com vocal de Pete Townshend, é outro momento inspirado e intenso desse disco.

"Who´s Next" representa o auge criativo da banda britânica, que anos depois ainda gravaria um ótimo álbum duplo ("Quadrophenia") e outros discos com menor impacto para a carreira, até a morte de Keith Moon em 1978. E prosseguir até os dias de hoje, mas sem Entwistle (que faleceu em 2002).

"Won´t Get Fooled Again"

"Baba O´Riley"

 "Behind Blue Eyes"


sábado, 6 de março de 2021

.: Alice Cooper volta para suas raízes com CD "Detroit Stories"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Um veterano do rock retorna às suas raízes com uma celebração ruidosa de hard rock inspirada no som dos anos 60 e 70. Trata-se do lendário Alice Cooper, que acaba de lançar o CD "Detroit Stories", cuja sonoridade remete ao seu início de carreira.

E quem poderia imaginar que três dos álbuns lançados durante a pandemia Covid-19 seriam de roqueiros septuagenários da velha escola? Após o retorno feroz do Blue Oyster Cult (com o CD "The Symbol Remains"), e do AC / DC (com o album "Power Up"), Alice Cooper apresenta um álbum completo que vale a pena ouvir. É uma homenagem à cena original de rock & roll de Detroit,  que deu ao mundo The Stooges, The MC5, Mitch Ryder e The Detroit Wheels, The Rationals, Bob Seger e, claro, o próprio Alice Cooper.

"Detroit Stories" inclui versões cover de canções importantes dos dias de glória da cena do rock de Detroit, misturadas com novas canções que se complementam com a energia pré-punk crua do MC5, dos dos grupos mais influentes que ajudou a nortear o movimento punk.

O álbum também apresenta vários nomes conhecidos como convidados, de Detroit / Michigan, incluindo Wayne Kramer (do MC5) e Mark Farner (do Grand Funk Railroad,  de Michigan), além dos músicos que formavam a sua banda de apoio nos anos 70 e do virtuoso do blues-rock Joe Bonamassa.

Destaco as faixas "Rock´n Roll" (um sensacional cover da banda Velvet Underground), "Sister Anne" (do MC5) e "Devil With A Blue Dress" (de Mitch Ryder And The Detroit Wheels). Não foi nenhuma surpresa constatar que o produtor original de Alice Cooper, Bob Ezrin, estivesse de volta ao comando deste seu 21º álbum solo. Ezrin segue um caminho seguro através das variadas correntes musicais de Detroit Stories, resultando em um álbum extenso que, no entanto, se mantém unido como um todo coeso. Para se ouvir em alto e bom som!

"Rock´n Roll"

"Our Love Will Change the World"

"Social Debris"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

.: Michael Schenker comemora 40 anos de carreira solo com CD "Immortal"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

O músico alemão Michael Schenker já tem o seu nome escrito na história do rock como integrante de bandas como Scorpions e U.F.O. E prestes a comemorar 40 anos como artista solo ele reativa o mítico Michael Schenker Group com convidados especiais em um disco com material inédito e som calcado no seu tradicional hard rock setentista.

Intitulado "Immortal", o novo disco traz nomes de peso nos vocais principais, como Ronnie Romero (atual vocalista da banda Rainbow), Ralf Scheepers (da banda Primal Fear) e o veterano Joe Lynn Turner (ex-vocalista das bandas Deep Purple e Rainbow), além de Michael Voss, da banda Mad Max, que produziu o álbum ao lado do homenageado.

A presença de nomes diferentes e de várias gerações do rock dá uma dimensão da importância de Michael Schenker. O som de sua guitarra ajudou a inspirar músicos na área do hard rock e do heavy metal, inclusive bandas da atualidade. É possível notar sua influência em várias bandas de heavy metal com o chamado estilo melódico.

Destaco as faixas "The Queen Of Thorns And Roses" (com um riff matador de hard rock) e "Sail The Darkness" (com um riff que lembra Black Sabbath da fase com o Ozzy Osbourne no vocal). E há espaço para uma balada mais lenta na faixa "After The Rain" (com um belo e providencial solo de guitarra na introdução).

"Immortal" é mais um acerto desse veterano músico alemão, que apesar de já ter seu nome entre os mais influentes da história do rock, ainda encontra fôlego para produzir material inédito em disco. Um feito e tanto nos tempos atuais.

"Sail The Darkness"


"After The Rain"

"In Search Of Peace Of Mind"


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

.: Coletânea mostra o melhor da dupla Matthew Sweet e Susanna Hoffs


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Em 2006, a dupla formada por Matthew Sweet e Susanna Hoffs lançou o primeiro álbum do projeto "Under The Covers", somente com releituras de canções clássicas dos anos 60. 70 e 80. A ideia deu tão certos que viriam ainda mais dois discos. E agora o público pode conferir uma coletânea lançada em CD que reúne parte dessa produção da dupla.

O CD contém 30 faixas escolhidas dos três volumes do projeto "Under The Covers". Na prática, as canções mostram as influências que a dupla recebeu durante a sua formação musical. O repertório dessa coletânea passeia por Beatles (And Your Bird Can Sing, do álbum Revolver), Carly Simon (You´re So Vain), Echo and The Bunnymen (Killing Moon), Velvet Underground (Sunday Morning), Neil Young (On The Way Home), Rod Stewart (Maggie May), Tom Petty (Free Fallin) e até Ramones (I Wanna Be Sedated) entrou na lista, que inclui ainda outros artistas e bandas.

As interpretações de Matthew e Susanna soam convincentes em todos os aspectos. Eles procuraram ser fieis aos arranjos originais, o que acabou conferindo um certo ar sincero ao tributo musical. E a voz agradável de Susanna, que foi integrante da banda The Bangles nos anos 80, ajuda muito no resultado final. Se você puder, confira os três volumes desse ótimo projeto da dupla. Ou se preferir um bom aperitivo, esta coletânea pode ser a pedida mais certa.

"And Your Bird Can Sing"

"Sunday Morning"

"I Wanna Be Sedated"


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

.: Allman Betts Band revive o bom e velho rock sulista dos anos 60/70


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Formada por filhos de músicos lendários da Allman Brothers, a Allman Betts Band chega ao seu segundo disco, intitulado "Bless Your Heart",  buscando reviver o velho e bom rock sulista dos Estados Unidos produzido nas décadas de 60 e 70. E o resultado ficou acima da média.

O álbum apresenta 13 faixas da banda de sete integrantes liderada por Devon Allman (teclados) e Duane Betts (guitarra solo), filhos de Gregg Allman e Dickey Betts respectivamente. No baixo está Berry Oakley Jr., filho do lendário baixista Berry Oakley. Johnny Stachela (guitarra), John Ginty (teclados), R Scott Bryan (percussão) e John Lum (bateria) completam a formação.

"Bless Your Heart" foi gravado no Muscle Shoals Sound Studio. Teve um início forte com a faixa "Pale Horse Rider", que tem um toque ocidental. Betts veio com o riff que Devon Allman descreve como "indutor de vertigem". E revela que a história da música "meio que se escreveu sozinha".

O disco segue com “Carolina Song”, que tem forte influência de Tom Petty. “Ashes of My Lovers” apresenta Betts nos vocais principais e é outra faixa com sentimento ocidental. “Magnolia Road” foi o primeiro single lançado do álbum e tem Allman e Betts trocando os vocais principais com a guitarra slide de Johnny Stachela.

Berry Oakley Jr. faz sua estreia vocal em um álbum da Allman Betts Band com "The Doctor’s Daughter", composição de sua autoria. Em "Bless Your Heart", The Allman Betts Band continua a fazer o que faz de melhor: mostrar o bom e velho rock sulista com toques de blues. As 13 faixas levam o ouvinte a um passeio e são preenchidas com uma abundância de texturas. Vale a pena conferir esse som.

"Pale Horse Rider"

"Magnolia Road"

"Southern Rain"



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

.: Tony Spinner chega ao 10º album com "Love Is The Answer"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

O guitarrista Tony Spinner está lançando um disco com 12 canções do estilo blues rock. Intitulado "Love Is The Answer", o álbum vem sendo elogiado pela crítica especializada e mostra influência de nomes consagrados do estilo, como Johnny Winter e Eric Clapton.

Spinner pode ser considerado um guitarrista discípulo da velha escola do blues rock, que conta ainda com um vocal convincente e eficaz. Não é difícil imaginar que tenha sido influenciado por nomes como Jimi Hendrix, Robin Trower, Rory Gallagher, Johnny Winter, Eric Clapton, Duane Allman, Billy Gibbons e uma série de outros excelentes músicos (acescentaria ainda Peter Frampton nessa lista)

Junte isso com o fato de ter também tocado e feito turnês com Paul Gilbert, Pat Travers e com a banda Toto, só para citar alguns exemplos. Toda essa bagagem profissional lhe deu confiança para desenvolver uma sólida carreira solo, que chega até esse seu ótimo momento com esse novo disco autoral, o décimo de sua discografia.

Gostei muito das faixas "Someone To Bring Me Love", "Dizzy", "Big River" (com solo de guitarra inspirado em Clapton) e da faixa titulo ("Love Is The Answer", que lembra muito as canções pop de Peter Frampton), todas com um certo sabor dos anos 70.  E o disco fecha com um set acústico na faixa "I Gotta Go", com aquela batida característica do blues no arranjo.

Apesar de não ser muito conhecido do grande público, Tony Spinner mostra qualidades interessantes em seu trabalho autoral. E com certeza deve conquistar seu merecido espaço dentro do cenário do blues rock.

"Someone To Bring Me Love"

"Love Is The Answer"

"Dizzy"

sábado, 30 de janeiro de 2021

.: A redescoberta do Negro Gato Getúlio Cortes, por Luiz Gomes Otero


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Getúlio Cortes, um dos ícones da Jovem Guarda, que compôs uma série de hits para vários intérpretes incluindo o Rei Roberto Carlos, lançou finalmente um disco cantando suas músicas. Denominado "As Histórias de Getúlio Cortês", o CD foi idealizado por Marcelo Fróes e produzido por André Paixão, por intermédio do selo Discobertas. A iniciativa ajudou a resgatar uma parte rica e importante de nossa música popular.

Para quem não sabe, Getúlio Cortes é irmão de Gerson King Combo, um dos precursores da chamada soul music brasileira. Mas foi na época da Jovem Guarda, nos anos 60, que ele acabou se destacando como autor de hits antológicos, entre eles, "Negro Gato", que foi regravado por Renato e Seus Blue Caps, Roberto Carlos e Luiz Melodia, entre outros.

Apesar de ter mais de 80 anos, Getúlio Cortes surpreende com uma voz firme e afinada em 10 canções acompanhadas por uma banda básica (guitarra, bateria, baixo e teclados) no CD. Dessa relação, quatro canções integram o repertório de Roberto Carlos: "Negro Gato", "Eu Só Tenho Um Caminho", "O Tempo Vai Apagar" e "Atitudes".

Há outras canções bem interessantes, como "Quase Fui lhe Procurar" (do repertório de Wanderléa) e outras menos conhecidas como "Ponha no Lugar" e "Por Motivo de Força Maior". As letras são simples e diretas, feitas para que o ouvinte possa se identificar com a mensagem logo na primeira audição.

O que causa surpresa para o ouvinte é constatar o fato de Getúlio Cortes ter conseguido gravar somente agora, com mais de 80 anos, o seu primeiro disco como intérprete. Sua voz está clara, firme e limpa. E com certeza, suas histórias merecem ser divulgadas para o público, pois fazem parte da memória de nossa cultura popular.

"Por Motivo de Força Maior"


"Eu Só Tenho Um Caminho"


domingo, 17 de janeiro de 2021

.: Sammy Hagar and The Circle lança o CD "Lockdown 2020"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Sammy Hagar e os demais integrantes do supergrupo The Circle passaram o ano de 2020 isolados em função da pandemia. No entanto, isso não os impediu de gravarem e produzirem animados vídeos com covers de bandas dos anos 60, 70 e 80, na sua maioria. E o resultado dessas performances pode ser conferido no mais novo CD, intitulado apropriadamente como "Lockdown 2020".

Para quem não sabe, a The Circle conta com Michael Anthony (baixo e vocais), Vic Johnson (guitarra) e Jason Bonhan (bateria, filho do lendário John Bonham do Led Zeppelin), além do próprio Sammy Hagar no vocal e guitarra. Hagar e Michael Anthony integraram o Van Halen. E a proximidade com Jason Bonham e Vic Johnson acabou resultando nessa combinação sonora explosiva do The Circle.

O disco sugere uma série de performances no estilo jam session descompromissada. E é exatamente assim que parece, pois os músicos estão totalmente à vontade com seus instrumentos, sem aquela preocupação de errar determinada nota ou timbre vocal. Sammy Hagar é ainda dono de um vocal potente e versátil, perfeito para o hard rock setentista principalmente.  Ao lado de outras feras, só poderia render ainda mais para o ouvinte.

Destaque para as versões de "Whole Lotta Rosie" (AC/DC), "Keep A Knockin" (Little Richard) e "Won´t Get Fooled Again" (The Who), além de "Right Now" (Van Halen) e "Three Little Birds" (Bob Marley), além de "Heroes" (David Bowie). "Lockdown 2020" é um disco para se ouvir sem se preocupar com performances perfeccionistas dos músicos. É pura curtição e espontaneidade, como deve ser sempre no rock.

"Whole Lotta Rosie"


"Three Little Birds"

"Heroes"


sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

.: Crítica musical: coletânea reúne hits da banda britânica Slade


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

"Cum On Feel The Hitz" é uma coleção superlativa e abrangente de singles da banda britânica Slade, que compreende o período de 1970 a 1991. Lançado como um CD duplo, é composto por 43 singles, incluindo todos os seis singles número um do Reino Unido: "Coz I Luv You", "Take Me Bak 'Home", "Mama Weer All Crazee Now", "Cum On Feel The Noize", "Skweeze Me, Pleeze Me" e“ Merry Xmas Everybody ”e um total de 16 singles no Top 10.

Formado no ano de 1966 em Wolverhampton, na Inglaterra, o Slade permaneceu nas paradas durante três décadas. Ao longo dos anos 70, tornou-se uma das maiores bandas da Europa, lançando seis álbuns de sucesso, e seus singles de sucesso marcaram de forma definitiva aquele período. A sensacional parceria de composição de Noddy Holder (vocalista)  e Jim Lea (guitarrista) forneceu uma trilha sonora para o chamado Glam Rock dos anos 70, com uma série de 17 singles no Top 20 consecutivos entre 1971 e 1976.

Destaco aqui as faixas "Nobody´s Fool" e as baladas "Everyday", "How Does It Feel" e "My Oh My". Mas as demais faixas merecem ser redescobertas, como "Lock Up Your Daughters" e "Get Down And Get With It", ambas verdadeiros petardos sonoros que embalaram os anos 70, além de "Cum On Feel The Noize" que foi regravada com sucesso nos anos 80 pela banda Quite Riot.

Nos anos 80 o Slade viveu um renascimento impulsionado por uma aparição espetacular no Reading Festival em 1980. Emplacou sucessos como "My Oh My", que alcançou o número 2 em 1983 e um ano depois com "Run Runaway", consolidando seu legado como uma das melhores bandas do Reino Unido. Esta coletânea serve como prova da alta qualidade do talento do grupo.

 - "Get Down and Get With"

"Cum On Feel The Noize"

"My Oh My"


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