segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

.: Resenha crítica de "Zé Colmeia - O Filme", em 3D

Amigos trazem confusão para 3 dimensões

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2011



A duplinha do barulho está de volta. Saiba mais de Zé Colmeia - O Filme!



Os efeitos gerados pelo 3D são o grande chamariz dos filmes do momento (além de ser uma boa tentativa para "quebrar" a pirataria de filmes em cartaz nas salas de cinema ou que ainda, nem mesmo, estrearam). Entretanto, aliar o útil ao agradável é a grande sacada. Para tanto, o estúdios estão "mexendo os seus pauzinhos" para (re)emplacar grandes sucessos do passado. Por que não "reviver" as histórias que se passaram no Parque Jellystone? A ideia é boa, porém o resultado final de "Zé Colmeia - O Filme", não!

A nova película dirigida por Eric Brevig (Viagem Ao Centro da Terra- O Filme) até que usa bastante da novidade que está em quase todos os cinemas do Brasil, o 3D, porém esquece do item que torna um longa interessante e envolvente: um enredo bem elaborado. Os personagens são cativantes e velhos conhecidos, porém a história não surpreende e nem consegue ser engraçada. Resultado: "Zé Colmeia - O Filme" é muito bobinho, com efeitos até divertidos!

Neste, Zé Colmeia ao lado de seu fiel e paciente amigo, Catatau, aprontam mil e uma em busca de comida humana, ou seja, continuam arquitetando planos para roubar as cestas de piquenique dos visitantes do parque, que é protegido pelo guarda florestal Smith. As gracinhas das cenas iniciais até que não deixam má impressão, afinal, a história está sendo apresentada. A decepção, na realidade, fica por conta deste filme não ser um desenho nos moldes em que Zé Colmeia foi conhecido, mas um filme com atores reais. Portanto, a magia dos ursos de Jellystone perde o seu brilho.

Eis que surge o momento de desespero do peludão. Como manter a sua rotina de comilança com o parque fechado? Para tanto, a dupla dinâmica junto ao guarda florestal Smith e a documentarista Rachel (Anna Faris - Todo mundo em pânico) lutam contra o prefeito pela permanência do Parque Jellystone. Como assim? Simples. Justamente, no ano do centenário do Parque Jellystone, o prefeito Brown decide lotear a área verde para a iniciativa privada. Desta forma, ele conseguirá arrecadar dinheiro suficiente para comprar os votos necessários para se tornar governador do estado. 


Nem é preciso comentar muito a respeito da história, pois esta tem sequências totalmente previsíveis. A produção cinematográfica que leva o nome do urso protagonista usa, abusa e risca (negativamente) da memória afetiva do público mais velho para levá-los para as salas de cinemas junto a seus filhos, sobrinhos e afins, mas é evidente que não irá marcar a nova geração que mal conhece as excelentes produções da empresa de desenho animado, Hanna-Barbera, da dupla de cartunistas estadunidenses William Hanna e Joseph Barbera. O filme, fraquinho, pode divertir, só não espere muito!

Filme: Zé Colmeia - O Filme (Yoggi Bear, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Infantil
Duração: 80 minutos
Direção: Eric Brevig
Roteiro: Jeffrey Ventimilia, Joshua Sternin, Brad Copeland
Elenco: Dan Aykroyd, Justin Timberlake, Tom Cavanagh, Anna Faris

domingo, 2 de janeiro de 2011

.: Dossiê Nelson Rodrigues

Um guia de A a Z para você aproveitar melhor a obra do autor

Por: Helder Miranda

Em janeiro de 2011


Dossiê Nelson Rodrigues: No baú dos textos perdidos, um especial sobre o escritor e dramaturgo com tudo o que você precisa, ou não, saber sobre ele.


Caso você ainda não tenha lido O Anjo Pornográfico, de Ruy Castro, mas quer saber os fatos mais curiosos e interessantes de sua biografia, o Resenhando preparou um resumão para você. Da cultura inútil, aos dramas familiares e à vida como ela é. Delicie-se com este enredo rocambolesco, que não passa de vida real!

• É o quinto filho dos catorze que do casal Maria Esther Falcão e Mário Rodrigues. 

• Quando tinha quatro anos, uma vizinha, Dona Caridade, invade a casa dele e diz para sua mãe: "Todos os seus filhos podem freqüentar a minha casa, menos o Nelson." Como ninguém entendesse a razão, ela afirmou que vira o menino aos beijos com sua filha Odélia, de três anos. 

• Aos 14, perdeu a virgindade com uma prostituta da rua Benedito Hipólito, as que ficavam em melhor ambiente, eram as mais bonitas e cobravam mais caro. 

• Mais tarde, criou um tabloide de quatro páginas intitulado Alma Infantil, que surgiu da correspondência com seu primo Augusto Rodrigues Filho, que não conhecia pessoalmente e morava em Recife. Depois de cinco números e muitos ataques a políticos pernambucanos e cariocas, desistiu do jornal.

• Teve uma irmã, Dorinha, que morreu aos nove meses, em setembro de 1927, de gastrenterite. Abandonou, neste ano, a terceira série do ginásio no Curso Normal de Preparatórios e nunca mais voltou à escola.

• Publica artigos a partir de fevereiro de 1928, todos com grande sensibilidade poética. O lado fúnebre só apareceu na crônica de 16 de março, "O rato..." em que conta como viu o bicho morto, achatado por um carro, em frente à Biblioteca Nacional.

• Sob a alegação de que um dos Rodrigues era o mandante do assassinato do argentino Carlos Pinto, repórter de A Democracia, o tenente-coronel Carlos Reis manda a polícia prendê-los. Foram todos presos, menos Nelson, que escapou por não estar no Rio, em viagem para o Recife, única forma encontrada pela família para tentar livrá-lo da depressão em que se encontrava. 

• Em 26 de dezembro de 1929 o jornal estampa matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia e José Thibau Jr. Foi a fórmula encontrada para o diário não sair sem assunto, após o natal. No dia seguinte, pela manhã, Sylvia entra na redação da Crítica procurando por Mário Rodrigues. Como não o encontrou, pede para falar com seu filho Roberto e lhe dá um tiro no estômago. Nelson testemunhou a cena, aos 17 anos. 

• Roberto faleceu no dia 29. Milton, o mais velho, ia para o porão do palacete, antigo território de Roberto, apagava as luzes e ficava horas no escuro. Nelson, chorava. Joffre, de catorze anos, ganhou do pai um revólver e passou a andar armado pela cidade à noite. Se encontrasse Sylvia, a mataria.

• Dois meses depois da morte de Roberto, Mário Rodrigues falece de encefalite aguda e hemorragia. A família se muda para outra casa em Copacabana. No mesmo dia em que Nelson completava 18 anos, Sylvia era absolvida.

• Com 21 anos, já havia arrancado todos os dentes e posto dentadura. 

• Vai para Campos do Jordão cuidar da tuberculose. Passou lá de abril de 1934 a junho de 1935. Durante esse período, só os irmãos Milton e Augustinho foram visitá-lo, uma só vez. 

• Em abril de 1936, Joffre, com 21 anos, foi levado para o Sanatório em Correias, no Rio de Janeiro, com tuberculose. Nelson ficou ao lado do irmão durante sete meses, até ele falecer.

• Em 1937, após muita conversa, Roberto Marinho concordou em contratar Elza Bretanha como secretária de Henrique Tavares, gerente de O Globo Juvenil. Na época, a redação só tinha homens. Nelson se aproxima de Elza, expõe sua má situação financeira e de saúde, e propõe casamento. 

• Volta a ser internado por tuberculose e, nos quatro meses em que fica isolado, demonstra seu lado ciumento. Vivia atormentado e, na volta, terminou o noivado. O coração, no entanto, falou mais forte do que o infundado ciúme e voltaram a marcar a data do casamento, contrariando a mãe da noiva e o patrão de ambos.

• Dia 29 de abril de 1940, sem externar qualquer anormalidade, Elza saiu para trabalhar, mas foi para a casa de uma amiga, onde trocou de roupa e se casou no civil, diante do juiz. Depois, foram comemorar tomando uma média com torrada na leiteria "Palmira". Voltaram para O Globo Juvenil e trabalharam normalmente. Haviam acertado, por vontade de ambos, que a noite de núpcias só aconteceria após o casamento religioso.

• Os irmãos de Elza ficaram sabendo e falaram até em matá-lo. Nelson alugou uma casinha no Engenho Novo, comprou móveis de segunda mão. Mário, o irmão, deu ao casal a cama e a penteadeira. Finalmente a sogra permite e o casamento religioso acontece em 17 de maio. Para se casar, com quase 28 anos, ele precisou ser batizado, fazer a primeira comunhão e estudar catecismo.

• Após seis meses de casamento, certa manhã Nelson acorda e comunica a Elza que estava cego. Não enxergava nada. Descobriu, indo ao médico, que se tratava de uma seqüela da tuberculose. Tomou muito anti-inflamatório, melhorou, mas 30 por cento de sua visão estava perdida para sempre, nos dois olhos. Apesar do estado de penúria em que se encontravam, o focalizado pediu a Elza que deixasse o emprego quando se casassem. Logo que pode comprou um telefone e ligava para ela de hora em hora. Saudades ou ciúme? 

• No meio do ano de 1941 escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado. Nessa época as peças ficavam, no máximo, duas semanas em cartaz. Nelson oferece sua peça para dois grandes artistas de então: Dulcina e Jaime Costa, mas eles a recusam. O autor, necessitando de dinheiro, começou a se mexer: submeteu a peça a Henrique Pongetti, Carlos Drummond de Andrade e ao crítico Álvaro Lins. Mas não conseguiu encená-la.

• Nasce Joffre, seu primeiro filho. O autor, por ordens médicas, não podia ficar perto do filho. Descobre que foi premiado com uma úlcera do duodeno. O médico lhe prescreve regime alimentar e manda que ele pare de tomar café e de fumar, coisa que nunca fez. 

• Em 9 de dezembro de 1942, A mulher sem pecado foi levada à cena pela "Comédia Brasileira", com direção de Rodolfo Mayer, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Lá ficou por duas semanas e não teve repercussão nenhuma perante o público. Alguns críticos e amigos elogiaram, e isso bastava ao autor.

• Em janeiro de 1943 Nelson escreve sua segunda peça teatral: Vestido de Noiva. Elza, sua mulher, fez mais de vinte cópias datilografadas para serem entregues a jornalistas, críticos e amigos. O primeiro a receber foi Manuel Bandeira. Ele gostou. Como outros, escreveu sobre ela e elogiou. Os jornais e suplementos falavam sobre Vestido de Noiva mas o autor não conseguia encená-la. Todos diziam que era uma peça que exigia cenário complexo e teria custo muito alto. Só Thomaz Santa Rosa, um pernambucano ex-funcionário do Banco do Brasil, cantor lírico, desenhista, músico e poeta, achou que era possível. Falou então com um polonês recém-chegado ao Brasil: Zbigniew Ziembinski.

• De agosto de 1959 a fevereiro de 1960, milhares de leitores acompanharam a história de Engraçadinha e sua família em "Asfalto Selvagem". Foram publicados dois livros, intitulados "Engraçadinha — seus amores e seus pecados dos doze aos dezoito" e "Engraçadinha — depois dos trinta".

• Apresentado por sua irmã Helena, Nelson conhece Lúcia Cruz Lima, que logo passa a ser sua namorada. Só que desta vez a coisa era séria. Casada e bem casada, mãe de três filhos, ela logo se apaixona, deixa o marido e volta a viver com os pais. Ele demora dois anos para se separar de Elza. Seus amigos Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Cláudio Mello e Souza ficam chocados. Nos primeiros meses de 1963 nada impedia a separação do autor. Já havia alugado um pequeno apartamento e Lúcia estava grávida. Após um almoço de despedida, após o qual Elza tentou suicidar-se, ele partiu de malas e bagagens para o apartamento de sua mãe. Ia ficar lá uns tempos até acertar tudo.

• Nelson escreveu para Walter Clark a primeira novela brasileira de todos os tempos: "A morte sem espelho". Apesar do grande elenco — Fernanda Montenegro, Fernando Tôrres, Sérgio Brito (que também respondida pela direção), Ítalo Rossi, Paulo Gracindo (que estreava na TV), música de Vinícius de Moraes — não foi autorizada a sua apresentação às oito e meia da noite. Foi empurrada para o horário das vinte e três e trinta. Walter Clark apelou, sem sucesso, até para D. Helder Câmara. Conseguiu, finalmente, autorização para o horário das dez horas, que não compensava financeiramente. Nelson foi convidado a encerrá-la rapidamente.

• Ficou claro nesse episódio que o problema era o nome do autor. Na sua novela seguinte, "Sonho de Amor", em 1964, seu nome apareceu mas ela foi anunciada como 'uma adaptação de "O Tronco do Ipê"', de José de Alencar". Sua última novela para a TV foi "O Desconhecido", com direção de Fernando Tôrres e Jece Valadão, Nathalia Timberg, Carlos Alberto, Joana Fomm e outros mais, que só foi liberada graças ao poder de convencimento de Walter Clark.

• Nessa época é chamado por Carlos Lacerda, ocasião em que é informado da criação da Editora Nova Fronteira. Lacerda, que o malhou por tanto tempo, pediu-lhe um romance e deu-lhe um cheque de dois milhões de cruzeiros. Era algo em torno de novecentos dólares, mas para quem estava pendurado, foi ótimo. Ele escreveu "O Casamento". Quando Lacerda leu o livro, ficou assustadíssimo Era um carnaval de incestos e perversões às vésperas de um casamento. Vendeu-o para Alfredo Machado, da Editora Eldorado. O livro vendeu 8.000 exemplares nas primeiras duas semanas de setembro de 1966, empatando com as vendas do novo romance de Jorge Amado, "Dona Flor e seus dois maridos". A morte de seu irmão, Mário Filho, impediu por algum tempo que ele fizesse a divulgação da obra. Quando reanimou, o livro teve sua venda proibida pelo ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva. Sua venda foi liberada novamente em fevereiro de 1967.

• Indignado com o apoio dado pelo jornal "O Globo" à proibição da venda de seu romance, Nelson começa a estudar sua mudança para o "Correio da Manhã". Avisa que não pode deixar a TV Globo e, para sua alegria, é informado que não precisaria deixar nem o jornal "O Globo". O que o "Correio" queria dele eram as suas "Memórias". A estréia ocorreu em 18 de fevereiro de 1967 em grande estilo. Fez um sucesso enorme.

• 1970 marca o início dos anos duros da ditadura militar no Brasil. Nelson, conhecido e admirado pelos militares, luta para tirar da prisão Hélio Pellegrino e Zuenir Ventura. Com mais de 57 anos, ele se sentia desgastado, sem espaço — seu apartamento vivia lotado de enfermeiras por causa de sua filha, enfim, era chegada a hora de se separar de Lúcia, o que ocorreu sem traumas.

• Logo em seguida vai morar com Helena Maria, que era 35 anos mais nova que ele, e que trabalhava com ele no jornal. Em 1972 começa nova luta: seu filho, Nelsinho é um dos terroristas mais procurados pelas forças armadas. "Prancha" (seu codinome) foi apanhado em 30 de março de 1972. Dois anos antes, quando seu filho já vivia na clandestinidade, Nelson consegue com o presidente da República, Gal. Medici, que ele saísse do país. Nelsinho não aceita o privilégio. O drama de Nelsinho se desenrolava longe dos olhos do autor. Apesar disso, face a seu prestígio e contatos com os militares, era muito procurado para ajudar pessoas em apuros com o regime militar. De 1969 a 1973 ele teve participação ativa na localização, libertação ou fuga de diversos suspeitos de crimes políticos. Após a prisão de Nelsinho, começa a luta para localizá-lo e procurar mantê-lo vivo, pois a tortura corria solta.

• Nelson Rodrigues faleceu na manhã do dia 21 de dezembro de 1980, um domingo. No fim da tarde daquele dia ele faria treze pontos na loteria esportiva, num "bolo" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo". Dois meses depois, Elza cumpriu o seu pedido — de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. É só".

Baú: Livros curiosos de Nelson Rodrigues que todo leitor deveria conhecer 

A cabra vadia (Companhia das Letras) – A seleção de artigos escritos para o jornal "O Globo" em 1968 dá continuidade ao "Óbvio Ululante". Com seu humor habitual, o jornalista pernambucano comenta a agitada vida política e cultural do ano de 1968. 

A menina sem estrela (Companhia das Letras) – Em oitenta capítulos, o escritor e dramaturgo conta sua vida em detalhes. A "menina sem estrela" que dá título à publicação é Daniela, sua filha cega. A série de lembranças foi publicada entre 18 de fevereiro e 31 de maio de 1967 no "Correio da Manhã", ao mesmo tempo em que Nelson mantinha a coluna "À Sombra das Chuteiras Imortais" em "O Globo" e participava de programas de TV na Rede Globo. 

A mentira (Companhia das Letras) – Na trama, Doutor Maciel é obcecado pela filha Lúcia, caçula de quatro irmãs. Ao revelar que está grávida, a adolescente Lúcia causa um "terremoto" familiar. Este foi o primeiro folhetim assinado sem pseudônimo por Nelson Rodrigues e, também, seu primeiro romance. Foi escrito em 1953, mesmo ano em que escreveu a peça "A falecida". Em diálogos rápidos, as reviravoltas se sucedem no melhor tom folhetinesco. 

Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo (Companhia das Letras) – Durante seis meses no "Diário da Noite", Nelson Rodrigues escreveu uma coluna feminina intitulada "Myrna escreve". Escondido pelo pseudônimo, respondia às cartas das leitoras que pediam conselhos amorosos. Como era de se esperar, dava conselhos típicos da irônica filosofia "nelson-rodrigueana", exagerava na submissão feminina e baseava-se no bordão "amar é sofrer".

Nelson Rodrigues: Teatro Completo: Volume Único, Sabato Magaldi (Nova Aguilar) – Os prefácios dos quatro tomos, por Sábato Magaldi, constituem uma obra à parte. Amigo de Nelson Rodrigues, o estudioso fez novas divisões não puramente cronológicas - peças psicológicas, míticas e tragédias cariocas, que têm orientado praticamente toda a pesquisa feita sobre a obra do dramaturgo.

Baú de Nelson Rodrigues (Companhia das Letras) – Fruto de uma pesquisa de sete anos feita pelo diretor teatral Caco Coelho, o livro compila os melhores textos do início da atividade do então repórter e crítico, que já trazem seu estilo inconfundível e antecipam personagens e procedimentos de obras posteriores de ficção e teatro. 

Profeta Tricolor: Cem anos de Fluminense (Companhia das Letras) – Coletânea com mais de setenta crônicas organizadas por Nelson Rodrigues Filho, sobre a paixão do pai pelo Fluminense.

Remador de Ben-Hur: Confissões Culturais (Companhia das Letras) – Trata-se das crônicas inéditas publicadas originalmente em jornais e revistas entre 1957 e 1979. São textos sobre cultura, música, literatura e comportamento. 

Peças teatrais: A Mulher Sem Pecado (1941), Vestido de Noiva (1943), Álbum de Família (1946), Anjo Negro (1947), Senhora dos Afogados (1947), Dorotéia (1949), Valsa nº.6 (1951), A Falecida (1953), Perdoa-me Por Me Traíres (1957), Viúva, Porém Honesta (1957), Os Sete Gatinhos (1958), Boca de Ouro (1959), Beijo no Asfalto (1960), Otto Lara Resende ou Bonitinha, Mas Ordinária (1962), Toda Nudez Será Castigada (1965), Anti-Nelson Rodrigues (1973) e A Serpente (1978).

Telenovelas: A Morta no Espelho (TV Rio, 1963), Sonho de Amor (TV Rio, 1964) e O Desconhecido (TV Rio, 1964).

 Filmes: Somos Dois (1950), Meu Destino é Pecar (1952), Mulheres e Milhões (1961), Boca de Ouro (1962), Meu Nome é Pelé (1963), Bonitinha, Mas Ordinária (1963), Asfalto Selvagem (1964), A Falecida (1965), O Beijo (1966), Engraçadinha Depois dos Trinta (1966), Toda Nudez será Castigada (1973), O Casamento (1975), A Dama Do Lotação (1978), Os Sete Gatinhos (1980), O Beijo no Asfalto (1980), Bonitinha, mas ordinária (1980), Álbum de Família (1981), Engraçadinha (1981), Perdoa-me por Me Traíres ( 1983) e Boca de Ouro (1990).

Sobre o Autor: Amor em segredo - As histórias infiéis que vivi com meu pai, Nelson Rodrigues, Sônia Rodrigues, Editora Agir, Rio de Janeiro, 2005.
Flor de obsessão: as 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues, "Companhia das Letras", São Paulo, 1997, seleção e organização: Ruy Castro.
Nelson Rodrigues - Dramaturgia e Encenações, Sabato Magaldi, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1987
Nelson Rodrigues - Expressionista, Eudinir Fraga, Ed. Atelier, S.Paulo.
Nelson Rodrigues, meu irmão, Stella Rodrigues, José Olympio Editora, Rio, 1986.
Nelson Rodrigues: Flor de Obsessão, Carlos Vogt e Berta Waldman, Editora Brasiliense, São Paulo, 1985.
Teatro brasileiro moderno, Décio de Almeida Prado, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1988
Teatro de Nelson Rodrigues: uma realidade em agonia, Ronaldo Lima Lins, Editora Francisco Alves/MEC, Rio, 1979

Top 5 das Frases de Nelson Rodrigues

“Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar”.
“Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca”.
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
“O amor bem-sucedido não interessa a ninguém”.
“Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”.
“Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem”.

sábado, 1 de janeiro de 2011

.: Resenha crítica da animação "Enrolados"

Princesa e ladrão em um 3D incrivelmente fascinante
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em fevereiro de 2011


Em produção Disney, Rapunzel faz história em um lindo dia de passeio. Saiba mais de "Enrolados"!


A reinvenção de histórias infantis conhecidas mundialmente é a grande moda que garante o sucesso das animações da atualidade. "Enrolados", dos estúdios Disney volta a beber da fonte que lhe deu tanta credibilidade, ou seja, apresenta as aventuras de uma princesa por meio de adaptações (com o intuito de conquistar um novo público). Na versão Disney, Rapunzel (Porque a Disney demorou tanto para elaborar um desenho protagonizado por esta princesa?) não é tão linda e delicada, quanto as que estampavam os esboços divulgados pela Disney. Contudo, os efeitos das novas tecnologias (como por exemplo, os cabelos belamente realísticos) contribuem para a rápida aceitação da forma final desta personagem.

A 50ª animação produzida pela Walt Disney Pictures apresenta o colorido fascinante (já famoso) e as cenas musicadas (que marcaram os clássicos dos estúdios do Mickey Mouse). Eis que já deixo um alerta! Não pense que irá escutar músicas "pop" atuais no desenrolar do filme, como acontece em sucessos da Dreamworks, como por exemplo, a quadrilogia de Shrek. No entanto, "Sua Mãe Sabe Mais" e a cena musical no bar sobre os sonhos encaixam-se perfeitamente na trama e somente enriquecem o longa. 

Outro ponto positivo é a diversão proporcionada pelo texto leve e sagaz. Este, tem o poder de fazer com que "Enrolados" não seja cansativo. Desta forma, há agilidade suficiente para que o público mantenha total atenção no longa e acompanhe Rapunzel descobrindo o mundo que não conhece sem perceber cada minuto que passa. Você que acompanha os desenhos Disney deve estar com a impressão de conhecer esta personagem. Acredite, você já viu algo parecido em Aladdin. De fato, a princesa Jasmine não sabe o que há além dos muros do palácio de Agrabah, neste meio tempo conhece um ladrão e se apaixona. Que coincidência!

Em contrapartida, é ressaltado no trailer que "é preciso dois para ficar enrolados". Enrolados não é voltado somente para o "Clube da Luluzinha", mas também para o "Clube do Bolinha", pois o ladrão Flynn Ryder é o personagem que impulsiona todos os grandes acontecimentos do enredo. Ao fugir com a coroa roubada de uma princesa sumida, ele torna-se "refém" de Rapunzel, dona de madeixas fortes e implacáveis e seu amigo camaleão, chamado Pascal (que lembra Mulan e seu amigo dragão"zinho"?). Como? A mocinha tem sua torre invadida pelo ladrão Flynn (e seu produto de roubo). Entretanto, o cafajeste é "rastreado" pelo cavalo Maximus que nutre profunda antipatia pelo galanteador de mão leve. 

O 3D da nova produção Disney não impacta e nem irrita os olhos como o longa Avatar, apenas mexe com o imaginário do público deixando a sensação de total interatividade com a história da princesa perdida. Tanto é que não é difícil perceber que há pessoas próximas tentando "pegar" as imagens reproduzidas em três dimensões. Não há uma dúvida sequer, Enrolados é imperdível!


Sinopse: Flynn Ryder (Zachary Levi) é o bandido mais procurado e sedutor do reino. Um dia, em plena fuga, ele se esconde em uma torre. Lá conhece Rapunzel (Mandy Moore), uma jovem prestes a completar 18 anos que tem um enorme cabelo dourado, de 21 metros de comprimento. Rapunzel deseja deixar seu confinamento na torre para ver as luzes que sempre surgem no dia de seu aniversário. Para tanto, faz um acordo com Flynn. Ele a ajuda a fugir e ela lhe devolve a valiosa tiara que tinha roubado. Só que a mamãe Gothel (Donna Murphy), que manteve Rapunzel na torre durante toda a sua vida, não quer que ela deixe o local de jeito nenhum.

Filme: Enrolados (Tangled, EUA)      
Ano: 2010
Gênero: Animação / Aventura / Comédia
Duração: 92 min
Direção: Nathan Greno, Byron Howard
Roteiro: Dan Fogelman
Elenco original: Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy, Ron Perlman
Site Disney: http://www.disney.com.br/filmes/cinema/enrolados


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.: Resenha crítica de "Querido John", com Channing Tatum

Um love story bonitinho

 Por: Mary Ellen Farias dos Santos
  Em janeiro de 2011



Um romance ambientado na recente guerra entre O Oriente Médio e os Estados Unidos. Saiba mais de Querido John!


Um soldado (bonitão) e uma universitária (insossa) formam o par romântico do longa "Querido John", dirigido por Lasse Hallström (Gilbert Grape - Aprendiz de sonhador). Entretanto, a história de amor (bonitinha) dos jovens, John (Channing Tatum) e Savannah (Amanda Seyfried) ganha um toque especial quando passa a ter como pano de fundo os ataques de 11 de setembro de 2001, ou seja, a guerra entre o Oriente Médio e os Estados Unidos que, recentemente, abalou o mundo. 

O filme originário do livro homônimo escrito por Nicholas Sparks (também autor do livro A última canção, que também foi adaptado para as telonas) narra a tórrida história de amor juvenil de John e Savannah durante duas semanas à beira-mar. É claro que "os espinhos desta rosa" surgem, pois as férias do soldado terminam. Para servir o país (que tanto ama, típico estaduniense) John precisa voltar para o seu posto nas Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos, enquanto que ela retoma os estudos na faculdade. 

Eis que o ápice do clichê das histórias de pombinhos separados pela cruel guerra aparece em Querido John, o que, afinal, justifica o título: as cartas. Na tentativa de manter a chama do amor viva, John e Savannah prometem colocar tudo no papel durante o ano em que estiverem afastados. Uau! Que história de amor mais clichê, não? Entretanto o "tempero" especial da película é colocado quando os aviões sequestrados por terroristas derrubam as torres gêmeas do World Trade Center, assim como também toda e qualquer chance de John e Savannah construírem um elo mais forte de convívio. 


Apesar de já ter feito o possível e quase ter perdido a vida, ao saber da situação de emergência do país (que tanto ama, claro!), John não pensa duas vezes, renova o período de alistamento militar e acaba estremecendo o namoro com Savannah. Contudo, o ponto mais fraco do filme fica por conta de uma reviravolta totalmente injustificável e sem sentido que separa os pombinhos apaixonados. A situação é tão inexplicável que faz o público questionar se Savannah e John realmente se amaram desde o início da história.

Embora "Querido John", retome (a velha e eficaz) temática da guerra (lembremos dos clássicos "... E o vento levou" e "No amor e na guerra"), a história de amor (ou talvez uma paixão juvenil) de John e Savannah não chega a ser tão tórrida e envolvente quanto a de Scarlett O´Hara e Rhett Butler ou tão tocante quanto o amor do jornalista Ernest Hemingway pela enfermeira Agnes von Kurowsky. Logo, não tem qualquer chance de vir a ser um clássico do cinema, mas cumpre a missão de todo bom filme romântico, fazer com que o público suspire com o desfecho e até derrame algumas lágrimas.

Filme: Querido John (Dear John, E.U.A.)
Ano: 2010
Gênero: Drama / Romance
Duração: 105 minutos
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: Jamie Linden, Nicholas Sparks (livro)
Elenco: Channing Tatum, Amanda Seyfried, Richard Jenkins, Henry Thomas, D.J. Cotrona

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

.: Resenha crítica de "Festival Rocky de Terror", The Rocky Horror Picture Show

Pesadelos da meia-noite
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em dezembro de 2010



Uma inovação entre os musicais. Festival Rocky de Terror é o crème de la crème da mescla de gêneros. Saiba mais!


Um filme com acontecimentos e personagens totalmente às avessas. Contudo, "Festival Rocky de Terror", produção de 1975 que narra uma história totalmente surpreendente e bastante apimentada, não foi um sucesso de bilheteria. Para comemorar os 35 anos que completa em 2010, o seriado musical Glee fez uma homenagem nesta segunda temporada, com o quinto episódio intitulado: "The Rocky Horror Glee Show". 

É certo que o seriado, ao elaborar este episódio especial de Halloween em homenagem ao filme somente provocou os jovens e/ou os curiosos de plantão. Afinal, que filme é esse? O longa dirigido por Jim Sharman é um misto de gêneros, pois nele há terror, romance, ficção científica com um toque de filmes de série B ao som de muito rock´n´roll. Após responder a primeira pergunta surge uma nova dúvida: "Como um seriado musical pode homenagear um filme de terror com um tom de pesadelo erótico?". A resposta é simples, o seriado do momento, Glee, cortou as cenas em que há insinuações provocantes e deu uma nova roupagem para a trilha sonora do filme que grudam na mente como chiclete.

"Festival Rocky de Terror" é uma película tão "abusada", que já na apresentação conhecidíssima do estúdio Fox há uma modificação sonora, ou seja, as batidas (Tam-tam-ram/Tam-tam-ram...) têm um ritmo diferente que coordenam com as músicas do filme. E a história de humanos e alienígenas? Bem, tudo começa com uma boca vermelhona apresentando um pouquinho do que o espectador terá diante de seus olhos (o seriado Glee reproduziu de modo idêntico). 

Após tal apresentação sem qualquer sentido ou noção, na área externa de uma igreja, os recém-casados Betty e Ralph atravessam a porta da casa de Deus -em meio à comemoração, pode-se notar que todos os atores do longa estão ali presentes, porém como integrantes da família dos noivos- para receber os cumprimentos. Eis que surgem os protagonistas: Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon). Empolgada, Janet consegue pegar o buquê da noiva. 


Os noivos partem. Brad e Janet caminham pelo pequeno cemitério, ao lado da igreja, quando ele toma coragem e -em um dueto "rock romântico"- pede a mão da moçoila em casamento. Este é o ponta-pé inicial das loucuras que os jovenzinhos vão viver nos próximos minutos do longa. Após partirem de Denton, numa noitinha de novembro, para visitarem o Dr. Everett Scott, ex-tutor e amigo dos dois, devido a um tempestade, eles acabam se perdendo pelo caminho e pedem socorro para os moradores de um casarão nada convencional.

Vale a pena assistir "Festival Rocky de Terror"? Com toda certeza. Afinal, a Terra parou enquanto tudo isso aconteceu com Brad e Janet. O sucesso dos teatros em película somente desperta o desejo de participar da exibição especialmente espetacular. O que esta sessão tem de especial? Simples. Nela o público se fantasia, grita e arremessa refrigerante, pipoca... uns nos outros, ou seja, reproduzem algumas palavras da canção "Science Fiction Double Feat": "tarde da noite/ dupla apresentação do filme/ eu quero ir". Como no Brasil não são divulgadas exibições deste clássico da meia-noite, o jeito é ver e rever em casa!

Filme: Festival Rocky de Terror (The Rocky Horror Picture Show, E.U.A.)
Ano: 1975
Gênero: Musical/Comédia/Terror
Duração: 96 minutos
Direção: Jim Sharman
Roteiro: Richard O'Brien, Jim Sharman
Elenco: Tim Curry (Dr. Frank-N-Furter), Susan Sarandon (Janet Weiss), Barry Bostwick (Brad Majors), Richard O'Brien (Riff Raff), Patricia Quinn (Magenta), Nell Campbell (Columbia), Jonathan Adams (Dr. Everett Von Scott), Peter Hinwood (Rocky Horror), Meat Loaf (Eddie), Jeremy Newson (Ralph Hapschatt), Hilary Labow (Betty Munroe Hapschatt)


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sábado, 2 de outubro de 2010

.: Resenha do clássico "...E o vento levou", com Vivien Leigh e Clark Gable

Scarlett e suas turbulentas histórias de amor
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em outubro de 2010


Um dramalhão mexicano rodado nos estúdios americanos que, apesar dos muitos problemas, deu certo e fez história. Saiba mais de ...E o vento levou


Uma mulher que não mede esforços para conseguir o que deseja. Scarlett O´Hara é uma protagonista tão determinada que, nem mesmo a Guerra Civil Americana, consegue destruir a sua gana e o seu fervor desenfreado em concretizar os seus objetivos de vida. Nas várias tentativas de ficar com o seu amor juvenil, a filha de um imigrante irlandês que se tornou um rico fazendeiro do sul dos Estados Unidos, passa de mocinha mimada à uma mulher resistente à chuvas e vendavais.

O clássico dos cinemas mundiais, "... E o vento levou", que retrata a força feminina, começa com Scarlett, ainda jovem, vivendo em Tara (fazenda de seu pai que era muito próspera), irremediavelmente apaixonada por Ashley Wilkes, filho do fazendeiro vizinho. Embora seja cortejada por (muitos) outros rapazes, a bela e rica da região somente tem olhos para o herdeiro dos Wilkes. Certa de que seu amor é correspondido e que, com ele se casará, a mocinha acaba surpreendendo-se quando, em um churrasco, seu "queridinho" escolhe a prima, Melanie Hamilton, para ser sua esposa. É neste mesmo encontro familiar que Scarlett conhece o capitão (poderoso) Rhett Butler, mas este não lhe chama a atenção.

Para rebater a desfeita de Ashley, Scarlett casa-se com Charles Hamilton, irmão de Melanie, somente com o intuito de fazer ciúmes. Contudo, ela não consegue ver (tão bem) o resultado de sua pirraça, pois Ashley e Charles partem para a Guerra. Solícita, a jovem passa a ser a melhor "amiga" de Melanie, moça de bom coração. No entanto, para Scarlett, esta amizade não passa de um fingimento, pois tudo o que ela deseja é roubar o marido de Melanie. Vontade que passa a ser mais latente, quando Scarlett descobre estar viúva, tendo o seu caminho livre até Ashley. É o que pensa a jovem, pois para ela, Melanie, sempre doente, não passa de uma carta fora do baralho. 

Para tanto, a viuvinha vai para a cidade de Atlanta para viver com Melanie e aguardar (fervorosamente) a volta de Ashley. Em contrapartida, a guerra começa a afetar a todos, e Scarlett serve ao Sul, como enfermeira, ajudando a cuidar dos feridos. É então, que diante da realidade cruel que ela passa fome e chega à pobreza. 

Ao voltar para a fazenda dos pais, Scarlett encontra sua mãe morta, seu pai louco e toda a fortuna destruída. Diante dessa situação desesperadora ela toma as devidas providências para não deixar que tomem a sua querida "Tara". Sem medir esforços Scarlett pede ajuda a Rhett. Tão determinada que, sem panos para fazer um vestido encantador, ela pega as cortinas (Clichê, hein! Afinal, é possível ver esta cópia em "A Noviça Rebelde" e até no novíssimo "Encantada") da casa, que ainda estão em perfeito estado. Esta tentativa é falha, porém o destino une Rhett e Scarlett, após a mocinha da história ficar viúva pela segunda vez.

Neste casamento de interesses (mil), em meio a brigas e discussões conjugais Scarlett fica grávida e dá a luz à Bonnie. Embora tenha uma filha com Rhett, ela somente descobre seu amor por ele quando tudo está perdido. Ufa! Depois de toda essa teia de intrigas (mexicanas) o final de ... E o Vento Levou consegue surpreender. Entretanto, as confusões em torno da escolha dos atores e da difícil elaboração do roteiro tornam este longa ainda mais interessante. Portanto, os "Extras" deste DVD, ou melhor, o documentário e as informações especiais são um prato feito para matar toda e qualquer curiosidade a respeito deste longa. De fato, este pode não ser o filme que vai marcar sua vida, mas vale a pena assistir!

Filme: ... E o Vento Levou (Gone With the Wind, Reino Unido)
Ano: 1939
Gênero: Terror/Comédia
Duração: 233 minutos
Direção: Victor Fleming
Roteiro: Margaret Mitchell, Sidney Howard
Elenco: Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland, Leslie Howard, Hattie McDaniel

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

.: Entrevista com Marco Ricca, ator e diretor

“A dificuldade não foi em produzir, mas em arrumar dinheiro”. - Marco Ricca


Por: Ester Jacopetti, repórter convidada
Em outubro de 2010


Do megasucesso “Ti Ti Ti” para a direção de “Cabeça a Prêmio”: Ator, Marco Ricca fala sobre as dificuldades na produção do seu primeiro longa metragem, “Cabeça a Prêmio”. 


Dirigindo seu primeiro longa “Cabeça a Prêmio”, o ator Marco Ricca, sem papas na língua, diz que a maior dificuldade de se produzir um filme nacional, é a falta de patrocinadores. “Os caras dão o dinheiro na hora que eles querem! Campanha política, e o caralho, desviando pra outros lugares, eu to falando tudo isso aqui, você pode anotar tudo!” esbravejou o diretor, que perdeu editais em São Paulo após alguns diretores paulistas reclamarem que o filme seria 90% rodado fora da cidade. 

Ricca, que já dirigiu inúmeras peças de teatro, se aventura pela primeira vez no mundo do cinema. Já tem 20 anos de carreira, atuou em 30 peças e filmes, foi co-produtor de quatro longas e roteirista de “Crime Delicado” (dirigido por Beto Brant). Seu mais recente espetáculo, “A Grande Volta”, dirigido por ele, é encenado por Rodrigo Lombardi e Fulvio Stefanini. Ricca também faz parte do elenco de “Ti Ti Ti”, novela da rede Globo. 

Com roteiro de Felipe Braga e participação de Marco Ricca, “Cabeça a Prêmio” é baseado no livro de Marçal de Aquino, mesmo autor de “O Invasor” e “Matadores”. No elenco, estão: Alice Braga, Eduardo Moscovis, Fulvio Stefanini, Cássio Gabus Mendes, Otávio Miller, César Troncoso, Via Negromonte, e o uruguaio Daniel Hendler. 

Ao escolher essa história pra contar, enfatizou: “Eu costumo dizer que o livro já está praticamente roteirizado, só que ele é um filme muito grande. E um dos métodos era fazer com que essa obra, coubesse dentro do cinema nacional, de baixo orçamento, baixo recursos, e todas as possibilidades que o livro pede” argumenta.

A história acontece numa cidadezinha do centro-oeste brasileiro, próxima à divisa com a Bolívia. Dois irmãos pecuaristas, vividos por Fulvio e Otávio comandam uma fazenda de cabeças de gados e contrabando de drogas. Alice Braga interpreta Elaine, filha do “poderoso” Miro, personagem de Fulvio, que se envolve sorrateiramente com o piloto do patrão Denis, personagem de Daniel Hendler. 

Após a descoberta do romance, Miro manda seus fieis pistoleiros, personagens de Cássio Gabus Mendes e Eduardo Moscovis, irem atrás da filha e do piloto, que fogem. Em “Cabeça a Prêmio” as histórias se cruzam e tomam finais inesperados. Confira agora um bate papo super descontraído com ator e diretor, Marco Ricca que, durante a entrevista, mostrou simplicidade, simpatia e bom humor.



RESENHANDO - Como surgiu a ideia de fazer desse livro um filme?
MARCO RICCA – Tudo nasce da obra do Marçal, que é um estilo que eu gosto muito. A gente começou a adaptar e já tinha uma primeira adaptação feita pelo Felipe, então começou uma nova brincadeira, que surgiu da vontade de contar a historia da vida desses personagens. A história eu gosto muito. Costumo dizer que o livro “Cabeça a Prêmio” já está praticamente roteirizado, só que ele é um filme muito grande, um dos grandes métodos era fazer como que essa obra coubesse dentro do cinema nacional, ou seja, com baixo orçamento, baixos recursos, e todas as possibilidades que o livro pede, inclusive a locação de lugares. 


RESENHANDO – O que mais o fascina nesta obra?
MR – O que mais me fascina nesse livro é que os personagens são grandiosos, dão margens a você verticalizá-los ainda mais, e possibilidade de ter vários atores em particular fazendo grandes trabalhos. Eu acho que é um filme de personagens para atores.


RESENHANDO - Quais foram as maiores dificuldades você sentiu?
MR – Não foi em produzir, mas, em “arrumar” dinheiro. Essa é única dificuldade do cinema nacional, o resto é lindo! E a viagem mais linda da minha vida foi fazer esse filme, tirando a parte de produção, arrumar dinheiro, etc.. Essa é a parte pior, e agora tem também a segunda, que é exibir, que também é difícil pra burro. Tirando esses dois, o resto é uma maravilha, nós nos debruçamos no roteiro, é um momento lindo, a gente cria, imagina, flerta, depois vai, faz viagens, leva a equipe de arte, fotografia, foi tudo lindo, com os meus amigos, uma delícia! A dificuldade é aguentar o fardo de estar longe de casa, mas isso não é necessariamente uma dificuldade, nos divertimos muito, por mais que estivéssemos contando uma tragédia familiar, foi um filme que corresponde pra mim o momento mais feliz da minha vida.


RESENHANDO - Você chegou pensar em participar do elenco? 
MR – Não! Tive a felicidade de escrever pensando em cada um desses atores, e a felicidade de convidá-los. Eles foram malucos de aceitar (risos). 


RESENHANDO - Como foi a escolha do elenco?
MR – Convidei meus amigos que, acima de tudo, são talentosos demais. Minha mãe, que amo demais também, não está no filme (risos). Eu chamei meus amigos talentosos e tive a felicidade de eles toparem.



RESENHANDO - Você já trabalhou com outras adaptações do Marçal, isso de alguma forma te intimidou?
MR – Eu trabalhei em “O Invasor” como ator, e no filme “Indelicado” a gente roteirizou. Querendo ou não, na minha historia no cinema, apesar de eu ter feito bastantes filmes, acho que o mais importante foi fazer “O Invasor”. A primeira vez que eu peguei um roteiro de cinema na mão, falei: “Meu Deus! Tem um roteiro aqui!”. Fiquei impressionado, era o roteiro do Marçal, vindo de uma obra ainda inacabada, que depois ficou lindo. Então começou uma parceria, e uma profunda admiração pela literatura do Marçal Aquino, depois viramos amigos, ele teve essa infelicidade (risos). E aí eu achei que, de alguma forma, seria um exercício natural, por mais que eu soubesse que poderia ser até perigoso, porque é muito próximo tudo isso. Entre nós existe muitos cineastas, poderia ser muito influenciável, existem temas nas obras do Marçal que perpassam pelas essas historias outros livros deles, que tem haver com o “Cabeça a Prêmio”. Então havia um risco, mas, também, um desejo de continuar essa parceria, que não vai acabar aqui.


RESENHANDO – Com o fato de o roteirista Felipe estar junto, no dia-a-dia, vocês trabalhavam no texto também?
MR – Totalmente trabalhando junto! O Felipe foi o meu grande parceiro no filme, essa é a verdade. Desde o começo, e revendo a tradução da legenda, quem fazia era ele. Teve uma hora que ele ia à minha casa, parecia um garoto, e agora ele virou quase o meu pai. E ele virou pai, inclusive (risos). Ele é muito dono desse filme, do roteiro, nessa viagem que a gente fez de locação fomos transformando o roteiro, apesar de já existir, e mudamos também durante a própria filmagem, o cinema é muito vivo. Lembro que tomava muita bronca da galera porque eu modificava muitas coisas, mas acho que se eu fizer o segundo vai ser pior, porque o cinema é vivo, é ali na hora, é onde a gente chega, acontece. Eu tinha uma qualidade de atores, não dava pra engessá-los e dizer: “façam isso”. É um filme que, de alguma forma, tenho de responder por ele, até pelos erros, mas, querendo ou não, é credenciado a todos nós, porque é muito coletivo.


RESENHANDO - Por que a escolha do Daniel Hendler?
MR – Porque ele é meu amigo também! (risos). E além do que, eu o admiro pra caralho. Ele é um dos grandes atores também. É impressionante o trabalho dele no meu modo de entender, um ator de inteligência rara. Ele estava louco pra estar aqui, mas também virou diretor, então ele está lançando, não conseguiu vir. Conheci o Daniel a partir de uma amiga minha, ao viajar para o filme “Via Láctea” pra Argentina, e passei uma semana com ele falando de futebol e outras coisas mais. Ficamos amigos, e voltei com a imagem dele na cabeça. Sempre tive vontade de flertar com essa coisa de latino-americano e, no livro, o personagem não é gringo, mas tive vontade de fazer com que fosse. Assim como o Sergio Troncoso, também nos conhecemos em festivais, virou meu amigo, e é um puta de um ator. Chamei pra fazer uma ponta e ganhou o filme todo, ele que não ia nem ter fala! Teve uma pessoa, uma vez numa entrevista, que me perguntou: “Marco, você é muito rico ou tem muitos amigos?”. Eu disse: “Tenho muitos amigos!” (risos). Porque olha a qualidade que eu tenho na mão, né?! Não dá pra pagar essa galera direito! (risos).


RESENHANDO - Sua carreira de ator teve alguma influência nesse seu primeiro filme?
MR – Fui cercado por uma equipe impressionante, fiz muitos longas, e todo mundo que estava lá eu já tinha trabalhado junto. Então é um filme que todo mundo comprou muito a briga e a ideia, essa foi a influência, a gente rouba um pouco de cada um, dos diretores, atores que eu trabalhei.


RESENHANDO - Você pensou muito em como os atores iam participar?
MR – O filme é de personagens! Se eu tenho orgulho de alguma coisa do filme é a unidade de interpretação, ninguém tem um momento de pensar “nossa escapou, não está direito”. Acho que talvez seja uma extensão natural, eu sou muito metido, e já tinha trabalhado com o Zé Bob em outros filmes como diretor de fotografia, que é um parceirão, e também fica fácil fazer filme com um cara desses. Eu poderia ficar em casa dirigindo, que estava tudo certo, mas, eu fui (risos)!


RESENHANDO - Por que você decidiu contar essa história, com personagens tão angustiados?
MR – É tão maluco isso, porque o livro do Marçal também tem muita coisa engraçada. A ironia perpassa a obra, mas o filme, querendo ou não, já tem um pouco isso. A adaptação carregou e conduziu pra uma coisa mais trágica. Quando eu falo trágico, no sentido que parece que a natureza conspirou contrariamente, não é apenas um drama familiar, não é só um quiproquó de falta de ideias. Obviamente a gente pegou personagens que estão em crise, que começam em uma derrocada. A primeira cena entre o Fulvio e o Otavio, eles falam que as coisas estão caindo, que tem de modificar a estrutura financeira, tem de parar... No fundo, no fundo, nós estamos falando de historias de amor que, às vezes, dão ou não certo. Existe uma má compreensão em relação ao personagem do Du. É angustiante porque a vida é angustiante mesmo! Vou ter que dizer que a vida é angustiante! To muito angustiado agora (risos).


RESENHANDO - Como foi relação de vocês todos durante as filmagens?
MR – Era muito louco, porque depois que a gente acabava as filmagens de 15, 16 horas, continuávamos conversando, bebendo. Era incrível a concentração às cinco horas da manhã no dia seguinte. Cada um tinha um desenho muito claro na cabeça, e muito difícil. Não sei se isso sou eu quem enxergo, talvez eu tenha generosidade, mas tem uma marca muito clara de cada artista. Se escorregar ali, pode virar uma marca de canastrice de quinta categoria, essa é que a verdade! É muito certeiro o trabalho de cada um, e é muito invejável é impressionante. 



RESENHANDO - Como a marca de um ator pode interferir em um trabalho?
MR – Você pega o trabalho do Otavio, que era um personagem muito perigoso, que poderia cair numa caricatura, o Du também, o Cássio que também trata tudo com humor, então na hora da merda põe uma piada. A gente estava o tempo todo concentrado, e isso é uma virtude, de chamar esse tipo de atores, e essa foi uma das minhas brigas também! O cinema nacional tem muito essa mania de lançar. Eu não quis lançar ninguém nesse filme, eu não tenho essa mania, “eu que lancei esse ator”. Esse é um filme de atores conhecidos pra caramba, só o Fulvio que está começando (risos). Grandes atores que desenvolveram o trabalho e embarcaram nos personagens.


RESENHANDO - Como foi a relação com o diretor de fotografia, Zé Bob?
MR – Tem uma coisa muito importante. O Zé é um diretor de fotografia, e essa relação, muitas vezes, no cinema, é a do cara que faz o serviço dele. Não tô falando da maioria, mas o Zé é um cara que interferiu muito no trabalho como um todo com os atores. Nós estávamos confinados com os atores que eu queria filmar, numa sala que era menor que esse tapete aqui (aponta para o objeto), então, a gente não queria um cenário, e nós demos um jeito. E o Zé teve que ensaiar, e a gente dentro daquele lugar que não cabia ninguém. Todo mundo teve de colaborar para que nós conseguíssemos fazer as filmagens, a fotografia. A equipe toda foi assim. Tivemos muito essa coisa de estender o tapete para os atores. Não o tapete vermelho, clamoroso, às vezes cheio de barro, de merda (risos).


RESENHANDO - E os patrocínios?
MR – Eu acho que os editais, assim como a iniciativa privada, que a gente tem que conhecer a pessoa, tem que jantar com o cara, edital também é feito por amigos de amigos e amigos, então eu acho que talvez a venda do segundo filme vá ser mais fácil. Eu ganhei alguns editais aqui em São Paulo, não só eu, mas outros diretores gritaram, e tiraram meu dinheiro, eu viajei com 700 mil reais a mais na minha conta pra gente fazer o filme, e duas semanas depois tiraram o dinheiro. Eu entrei nesse edital e todas as regras estavam claras, fui dar mão pro prefeito e secretário de cultura no domingo no Ipiranga, tirei fotografias com esses caras, e duas semanas depois tiraram o dinheiro que estaria entrando na conta. Tudo isso porque houve um grito de cineastas paulistas. Eles alegaram que, apesar de o filme ser feito por um paulista, com produção paulista, a maior parte do filme não seria feito em São Paulo. 


RESENHANDO – Isso o revoltou?
MR – Não foi só comigo, eu até poderia entender que estou começando agora, e meio que invadindo a praia deles. Do BNDS nós ganhamos um edital há um ano e meio atrás, e a primeira parcela foi feito agora, então o filme foi feito com dinheiro próprio, então se eu não tivesse uma grana pra arrumar, pegar emprestado, eu não estava com o filme pronto aqui. Os caras dão o dinheiro na hora que eles querem! Campanha política, e o caralho, desviando pra outros lugares, eu to falando tudo isso aqui, você pode anotar tudo! Se eles não quiserem me dar o dinheiro não tem problema não! Quer dizer, depois de um ano meio de ganhar o edital, eles vieram pagar a primeira parcela agora, depois que a gente começou a gritar! Isso é um absurdo, um desrespeito! E ai se tem gente que conhece não sei quem, pega o telefone, e libera o dinheiro, eu não conheço ninguém, não sou amigo de ninguém... Então é meio complicado! Eu tinha prometido falar sobre isso!
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