quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

.: Entrevista: Carla Camurati, a corajosa diretora de "8 Presidentes 1 Juramento"


Carla Camurati, grande nome da retomada do cinema nacional com o filme "Carlota Joaquina", estrelado por Marieta Severo em meados dos anos 90, volta em 2022 com uma série documental necessária para entender os dias de hoje. Foto: Divulgação


Erros, acertos e consequências dos últimos oito governos brasileiros são retratados em "8 Presidentes 1 Juramento - A História de Um Tempo Presente’, minissérie que a TV Globo exibe a partir do dia 2 de janeiro para resgatar a história da política do Brasil desde o processo de redemocratização do país. A série tem como base o filme produzido pela Copacabana Filmes em coprodução com a Globo Filmes, GloboNews e o Globoplay. 

 “A série cumpre a missão de conectar a eleição de 2022 com a história da política brasileira desde a constituinte e trazer as gerações seguintes para uma visita à nossa história viva. Os jovens estão encarregados de construir o nosso futuro. E para isso é fundamental que tenham conhecimento do que passou nas últimas décadas. A exibição aumenta muito a nossa responsabilidade ao propor um debate sobre a nossa política e a história do nosso tempo presente. Ela convida toda a população do país a fazer parte deste debate”, afirma a diretora Carla Camuratti, que fechou o ciclo do filme com o mandato de Jair Bolsonaro e a eleição para o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

 A produção tem como fio condutor registros captados pela imprensa nacional e estrangeira ao longo das décadas, além de materiais vindos do cinema, de jornais, revistas e de outras mídias. “Rever os fatos é muito importante. A reprodução deles com atores deixaria de cumprir com a oportunidade de usar o passado recente para entender e transformar o presente e o futuro. A linguagem tinha que ter uma dramaturgia construída com os vários registros do que vivemos nesses anos. Sem opiniões, sem explicações e sem filtro”, explica a diretora. 

 O fim da Ditadura Militar no Brasil e o movimento Diretas Já, em meados dos anos 80, são o ponto de partida da história. A Constituição de 1988 - a oitava do país, concebida a partir da grande participação popular - é um dos destaques desta década em virtude dos avanços sociais que a Carta Magna permitiu desde sua promulgação. Assim como a eleição e posse de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pelo voto direto, que marcou o início dos anos 90. A gestão presidencial, marcada pelo confisco das cadernetas de poupança e a alta inflação no Brasil, era uma realidade dos brasileiros nesta época. Ainda no início da década, Collor sofreu impeachment e o então vice, Itamar Franco, assumiu a Presidência.  

 O segundo episódio revisita as disputas eleitorais que culminaram com as vitórias de Fernando Henrique Cardoso, ambas em primeiro turno, e o início do Plano Real, em 1994, que trouxe estabilidade econômica para o país. A virada para os anos 2000, a celebração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil e o inédito tratamento brasileiro contra a AIDS encerram o capítulo. Entre os destaques do terceiro e do quarto episódios estão a descoberta do Pré-Sal durante o governo Lula e a chegada da primeira mulher à presidência do Brasil, Dilma Rousseff.

O quinto e último episódio da minissérie começa com a posse de Temer no lugar de Dilma, que sofreu impeachment, e iria até a eleição em que Jair Bolsonaro se tornou presidente do Brasil. Para a versão no canal, o episódio ganhou conteúdo inédito em relação ao filme e inclui momentos marcantes das políticas adotadas pelo governo Bolsonaro até o processo eleitoral de 2022, que resultou na eleição de Lula como presidente da república, e as manifestações ocorridas em diversas partes do Brasil, após a divulgação do resultado das urnas.

“Queria uma mistura entre fatos e emoções e não de opiniões sobre essa vivência. E queria deixar em aberto para que o espectador criasse as suas impressões. Como não existem entrevistas feitas por mim, o filme acontece sempre no presente. Conseguimos um resultado onde é possível observar os protagonistas construindo a história no momento em que ela está acontecendo”, conclui Camurati. "8 Presidentes 1 Juramento - A História de um Tempo Presente" estreia na TV Globo nesta segunda-feira, dia 2 de janeiro, logo depois de "This Is Us".  Confira abaixo a entrevista completa de Carla Camurati.

 
O que representa a exibição desta produção logo após um importante processo eleitoral pelo qual o país passou?
Carla Camurati - 
Podemos dizer que a série nasce no mesmo ano em que já precisa passar no vestibular. O processo eleitoral que nos conduziu ao terceiro mandato do Presidente Lula já veio carregado de relevância histórica. A série cumpre, portanto, a missão de conectar a eleição de 2022 com a história da política brasileira desde a constituinte. A exibição aumenta muito a nossa responsabilidade ao propor um debate sobre a nossa política e a história do nosso tempo presente. A decisão da Globo de exibir essa série sobre a política é muito positiva e corajosa. Ela convida toda a população do país a fazer parte deste debate e, com isso, crescem as chances de a população ter uma visão ampla e histórica dos movimentos políticos.


Acredita que os brasileiros acabam por esquecer da própria história enquanto nação?
Carla Camurati - 
Temos uma história política muito rica, intensa e às vezes difícil de lembrar...  Quem viveu o governo militar, a constituinte e a redemocratização não se esquecerá nunca dessa etapa da história. A série busca trazer as gerações seguintes para uma visita à nossa história. Os jovens estão encarregados de construir o nosso futuro. E para cumprir essa missão que a vida lhes reserva é fundamental que eles tenham o conhecimento do que passou nas últimas décadas.

 
Como surgiu a ideia de fazer este filme ?
Carla Camurati - 
Às vezes, durmo com um problema e acordo com uma ideia... Estávamos em 2015, eu andava consumida com a condução da política brasileira. O comportamento de boa parte dos políticos era constrangedor... Aliás, tem sido muito difícil assistir como o Legislativo tem se comportado frente ao país. A mentira virou moeda corrente e o interesse público desapareceu, cedendo lugar ao interesse pessoal. Comecei a ter a sensação de que os jovens não tinham a menor ideia do que havia acontecido no país. Falta conhecimento sobre o passado recente. Trata-se de um passado que influi muito no presente. Um tempo ainda ao nosso alcance. Vejo isso como um conhecimento central se quisermos mudar o rumo da nossa História.

 
Por que se aventurar no formato do cinema documental e qual é a grande diferença para o formato ficcional?
Carla Camurati - 
Eu precisava fazer esse filme. E este trabalho precisava ter as imagens reais do que vivemos. Rever os fatos é muito importante. A reprodução deles com atores deixaria de cumprir com a missão de usar o passado recente para entender e transformar o presente e o futuro. A linguagem que eu pensei para esse filme tinha que ter uma dramaturgia construída com os vários registros do que vivemos nesses anos ... Sem opiniões, sem explicações e sem filtro.


Qual parte do documentário você gosta mais?
Carla Camurati - 
O que eu mais gosto neste trabalho é o conjunto. Sempre gostei de História e há algum tempo venho estudando a história do tempo presente. Fiz filmes sobre histórias passadas, mortas no tempo. E, nessa série, vemos a História viva, aquela que ainda podemos mudar o curso. Grande parte das pessoas estão vivas e/os fatos que acabamos de viver ainda estão repercutindo no presente. Hoje podemos reviver 30 anos da história política brasileira com todos os fatos e seus protagonistas. Está tudo registrado. E quando colocamos a História do Brasil na mesa, sem versões e narrativas, aprendemos muito sobre o que somos, sobre a nossa diversidade. É isso que eu mais gosto na série: ela oferece uma visão ampla dos principais movimentos da nossa vida política. Nos mostra o caminho que percorremos na construção da nossa democracia.

 
O documentário, basicamente, se utiliza de materiais jornalísticos (imagens, entrevistas, recortes de jornais e capas de revistas). Na sua visão, qual a missão do jornalismo brasileiro?
Carla Camurati - 
O jornalismo brasileiro na sua pluralidade cumpre muito bem a missão de nos manter informados sobre tudo o que acontece ou pode acontecer. Podemos observar também, ao longo da série, como a comunicação mudou nesse período, não só pela quantidade e pluralidade de registros, mas também na sua forma de narrar os fatos. Os jornalistas têm sido os nossos olhos e ouvidos no universo da política e, com certeza, se a democracia brasileira segue viva, apesar de todos os percalços, o jornalismo desempenhou um papel importante.



.: "Pureza": livro de Garth Greenwell se aprofunda em um universo de amor


Na cidade de Sófia, capital da Bulgária, respiram-se os ares agitados de uma democracia recém-conquistada. Em meio a essa atmosfera efervescente - cheia de eletricidade, libido e busca pelo prazer - Garth Greenwell dá voz a um professor americano que fez da Bulgária sua casa. No início do romance "Pureza", publicado no Brasil pela editora Todavia, o protagonista acaba de se separar de R., um estudante de Portugal, o único homem que já amou com um sentimento de pureza que nem imaginava ser possível. 

Nesta nova etapa de sua vida, uma série de encontros com estudantes, outros escritores como ele ou amantes esporádicos revelam novas formas de intimidade, poder sexual e desejo que o confrontarão com suas cicatrizes. O romance começa justamente quando a história de amor termina. É o momento em que o narrador descobre a vida que se abre para ele sob o signo do desespero, mas também da liberdade — os aplicativos de encontro descortinam um imenso campo de aventuras possíveis. 

Uma transformação social e também física se dá quando ele vivencia a submissão sadomasoquista com um estranho, questionando os limites do prazer, da dor e do abandono aos desejos do outro. No centro desse tríptico ele relembra sua história de amor com R. As primeiras semanas, depois a rotina apaixonada e a partida inexorável de seu amante. Por fim, na terceira parte do livro reencontramos o narrador após o rompimento, desta vez tentando a dominação sexual e brincando com os limites de seus princípios morais ao flertar com um de seus ex-alunos.

O aclamado segundo romance de Garth Greenwell pode ser lido como um livro de histórias ou como uma delicada sinfonia em três movimentos. Com sua prosa sensual e rica em detalhes, meditações e descrições acuradas, Greenwell consegue capturar no papel os diferentes dialetos do erotismo e do desejo contemporâneos em um texto de força extraordinária. Você pode comprar o romance "Pureza" neste link.


O autor
Nascido em 1978, o norte-americano Garth Greenwell é poeta, crítico e professor. Com "O que Te Pertence", tornou-se um dos nomes mais celebrados da ficção contemporânea. Compre o romance "Pureza" neste link.

.: Tudo sobre a nova temporada de "Grease, o Musical", que chega a SP


Inspirado em sucesso na Broadway e nos cinemas, "Grease - O Musical" faz nova temporada no Teatro Claro SP em janeiro de 2023. Com canções originais cantadas em português, adaptação oficial brasileira é dirigida e produzida por Ricardo Marques, vencedor em 2022 do conceituado prêmio inglês Olivier Awards. Foto: Caio Gallucci 


A bem-sucedida versão brasileira de "Grease - O Musical" retorna em 2023 ao palco do Teatro Claro SP para uma curta temporada entre os dias 5 de janeiro e 5 de março, com apresentações de quinta a domingo. O espetáculo é inspirado no musical da Broadway de 1971, que foi transformado no icônico filme de 1978, estrelado por John Travolta e Olivia Newton-John.

Com canções clássicas eternizadas pelo filme e outras composições inéditas, a produção oficial está em cartaz simultaneamente em Londres e ambas as encenações foram produzidas por Ricardo Marques, que venceu o prêmio conceituado prêmio inglês Olivier Awards de 2022 pela produção de "De Volta o Futuro – O Musical" (que estreia na Broadway em 2023). Na versão brasileira, todas as músicas são cantadas em português, mas, no final, o elenco volta ao palco para um mix com as canções originais em inglês. 

Já o elenco traz os talentosos Tiago Prado, Luli, Alice Zamur, Nathan Leitão, Sofie Orleans, Carol Pita, Camila Brandão, Julio Oliveira, Pedro Nasser, Rafa Diverse, Julia Pronio, Vicky Maila, Celso Till, Talihel, Ruy Brissac, Nick Vila Maior, Carla Hossri, Larissa Fernandes, Yasmin Lifer, Julio Felix, Vinicius Cosant, Josemara Macedo e André Gomes. 

Um retrato da revolução sexual e comportamental dos anos 50, "Grease - O Musical" retrata um romance improvável entre a tímida Sandy e o popular Danny. Eles se apaixonaram durante um verão inesquecível nas praias da Califórnia. Quando voltam às aulas, eles descobrem que frequentam a mesma escola. Danny lidera a gangue do Burguer Palace Boys, um grupo que gosta de jaquetas de couro e muito gel no cabelo, e Sandy passa tempo com as Pink Ladies, lideradas pela firme e sarcástica Rizzo. Quando os dois se reúnem, Sandy percebe que Danny não é o mesmo por quem se apaixonou e, por isto, ambos precisam mudar caso queiram ficar juntos.

Para contar essa história leve e divertida, o musical conta com efeitos especiais caprichados, como um voo em cena. O cenário reproduz 12 ambientes; a produção até comprou a carcaça de um carro de verdade para transformá-lo em um Ford Custom de 1951. A montagem ainda tem 90 figurinos e 40 perucas! "Grease, o Musical" é uma realização da 4Act Entretenimento, produtora conhecida por produções como "Ghost - O Musical", "A Era do Rock" e "Castelo Rá-Tim-Bum - O Musical". 


Sobre o produtor Ricardo Marques
Após montar diversos musicais de sucesso no Brasil (entre eles destacam-se “Ghost - O Musical”, “A Era do Rock” e “Castelo Rá-Tim-Bum - O Musical”), o produtor Ricardo Marques, à frente da 4Act Entretenimento, decidiu se aventurar no berço do gênero teatral, o West End de Londres. 

Com um sonho a ser realizado, ele começou a trabalhar em dois projetos para estrearem nos palcos da Inglaterra. Com a diminuição nos casos de Covid-19 e a retomada dos teatros no Reino Unido, as peças, finalmente, puderam marcar sua estreia no West End: Grease – o musical (2022), no Dominion Theatre, e De Volta para o Futuro – o musical (2021), no Adelphi Theatre.

Ficha técnica
"Grease - O Munsical"
Equipe Criativa
Direção: 
Ricardo Marques
Assistente de direção: Igor Pushinov
Direção musical: Paulo Nogueira
Coreografias:  Elcio Bonazzi
Assistente de coreografia: Victoria Ariante
Cenógrafia: J. C. Serroni
Figurinista: Márcio Vinícius
Visagista: Antonio Vanfill
Desenho de som: Tocko Michelazzo
Desenho de luz: Rogério Cândido
Versionistas: Silvano Vieira e Sofia Bragança
Produtor de objetos: Clau Carmo

Equipe de Stage
Production stage manager (PSM): 
Esteban Grossy
Stage manager: Tatah Cerquinho
Stage manager: Vivian Rodrigues

Equipe de produção
Gerente de produção: 
Bia Izar
Assistente de produção: Clayton Epfani
Produtora administrativa: Juliana Lorensseto
Produtora de conteúdo: Marilia Di Dio

Elenco
Danny: 
Tiago Prado
Sandy: Luli
Rizzo: Alice Zamur
Kenickie: Nathan Leitão
Frenchy: Sofie Orleans
Marty: Carol Pita
Jan: Camila Brandão
Sonny: Julio Oliveira
Doody: Pedro Nasser
Roger: Rafa Diverse
Patty: Julia Pronio
Cha Cha: Giulliane Mallen
Eugene: Celso Till
Johnny Casino: Talihel
Vince Fontaine / Officer Maiale: Ruy Brissac
Teen Angel: Nick Vila Maior
Miss Lynch: Carla Hossri
Ensemble: Alice Zamur, Yasmin Lifer e Julio Felix
Dance captain: Vinicius Cosant
Swing: Josemara Macedo e André Gomes

Orquestra
Maestro / Pianista1: 
Paulo Nogueira
Pianista 2: André Repizo
Reed: Chiquinho de Almeida
Trombonista: Douglas Freitas
Trompetista: Bruno Belasco
Baterista: Douglas Andrade
Baixista: Mauro Domenech
Guitarrista: Thiago Lima
Pianista (ensaio): Roniel de Souza / André Luz Coletti


Serviço
"Grease - O Musical"
Temporada a partir de 5 de janeiro de 2023
Local:
 Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia - R. Olimpíadas, 360 - Vila Olímpia, São Paulo - SP, 04551-000
Capacidade: 799 pessoas
http://teatroclarosp.com.br/
Classificação:
 12 anos
Duração: 140 minutos
Capacodade: 799 pessoas
Acessibilidade
Ar-condicionado


Sessões
Quintas, sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 19h.
Ingressos: 
de R$ 50 a R$ 200.
Até dia 15 de dezembro, os ingressos estão em pré-venda e custam entre R$ 40 e R$ 150.
Confira legislação vigente para meia-entrada.


Canais de venda oficiais
www.sympla.com.br - com taxa de serviço

Bilheteria física - sem taxa de serviço
Teatro Claro (Shopping Vila Olímpia)
De segunda a sábado, das 10h às 22h. Domingos e feriados, das 12h às 20h.
Telefone: (11) 3448-5061


.: Comédia “Duetos", de Peter Quilter, prorroga temporada de sucesso


O espetáculo conta com Patricya Travassos e Marcelo Faria no elenco, além da direção de Ernesto Piccolo, figurino de Claudio Tovar e trilha sonora de Rodrigo Penna. Encenada em mais de 20 países e traduzida para dez idiomas, a peça do premiado dramaturgo britânico recebe sua primeira montagem no Brasil. Foto: André Wanderley


Com Patricya Travassos e Marcelo Faria no elenco sob a direção de Ernesto Piccolo, peça retrata de forma cômica os encontros e desencontros da vida amorosa contemporânea. Sucesso de público e de crítica, "Duetos", peça do premiado dramaturgo britânico Peter Quilter, caiu tanto nas graças do público de São Paulo que sua temporada no Teatro Raul Cortez foi prorrogada. As apresentações serão retomadas no dia 6 de janeiro e vão até 29 do mesmo mês, às sextas e sábados, às 21h, e domingo, às 18h.

O texto de Quilter examina e retrata de forma cômica o mundo caótico dos relacionamentos modernos, onde a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa, através de quatro histórias de uma mulher e um homem - não necessariamente casais - às voltas com seus próprios desejos e traumas em busca do amor, e enfrentando a solidão. “Duetos” é apresentado e patrocinado pela Brasilcap, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com produção geral e realização da Inova Brand.

"A peça, na sua essência, fala de solidão mesmo, e de uma forma muito divertida. Das relações mais diversas que o ser humano experimenta para tornar a solidão menos dolorosa. São os encontros às escuras; a secretária e o patrão que têm uma relação de amor em que só não casam, não transam; o casal que vai separar, vai experimentar a solidão, mas não consegue; e por fim a noiva que está casando pela terceira vez, e dá tudo errado. É uma lente de aumento, uma sátira dessas situações", conta Ernesto Piccolo.


Elenco e direção
A atriz, autora e apresentadora Patricya Travassos dispensa apresentações: mais de 40 anos de carreira, 35 novelas, dez filmes, nove peças de teatro, três livros publicados, mais de 30 músicas compostas. "Eu amo comédia. Adoro assistir e adoro fazer comédia. E ter quatro histórias na mão é muito divertido. Quatro personagens, quatro pensamentos, quatro carências, quatro caracterizações. Está sendo muito rico pra mim. Estamos chegando a lugares muito divertidos e ao mesmo tempo muito profundos - apesar de engraçados, os personagens falam de emoções muito humanas. Está sendo um presente nesse momento difícil, saindo da pandemia. Precisamos rir, mais do que nunca. Precisamos ir ao teatro. A nossa classe foi muito prejudicada nesses últimos anos, então eu espero que seja um sucesso", afirma Patricya Travassos.

Marcelo Faria também é conhecido pelos seus mais de 30 anos de carreira, 35 novelas, 5 filmes e 10 peças de teatro, entre elas “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, que ficou 5 anos em cartaz, e “Razões para Ser Bonita”, ao lado de Ingrid Guimarães, durante três anos. "Este projeto por si só já é um desafio para qualquer ator. Interpretar num mesmo espetáculo quatro personagens já é estimulante, mas não para por aí. São quatro histórias distintas com um mesmo enredo - encontros e desencontros, solidão e a busca pelo amor e por um/a companheiro/a ideal. Nos diverte tanto que com certeza divertirá quem estiver na plateia. Eu sempre adorei desafios, e o palco me desafia sempre. Quatro personagens. Quatro trocas de roupa em cena, camarim aberto, e uma companheira que é uma mestra da comédia", completa Marcelo Faria.

Ernesto Piccolo é ator e diretor com mais de 30 anos de carreira. Entre seus recentes trabalhos como diretor de teatro estão “D.P.A. - Detetives do Prédio Azul, A Peça”; “Divã”; “Doidas e Santas”; “A História de Nós Dois”; “Simples Assim”, de Martha Medeiros”; “O Ovo de Novo - Galinha Pintadinha”; “Andança - Beth Carvalho, o Musical”. Desde 2010 dirige o festival de diversidade cultural Tangolomango, que reúne grupos culturais populares, tradicionais e contemporâneos, de várias partes do Brasil e da América Latina.


A montagem
O cenário de J.C. Serroni apresenta, em cada lateral do palco, um camarim onde atriz e ator farão, às vistas do público, suas trocas de roupa para cada cena. As próprias trocas são pequenas cenas individuais. De acordo com a luz, estes camarins estarão ora visíveis, ora invisíveis. Os demais elementos serão mudados a cada cena. Os figurinos são de Claudio Tovar, a iluminação de Aurélio de Simoni e a trilha sonora de Rodrigo Penna.


Peter Quilter
Nascido em Colchester, Inglaterra, Peter Quilter é dramaturgo do West End londrino e da Broadway. As suas peças foram traduzidas para 30 idiomas e apresentadas em mais de 40 países. Atualmente, Quilter tem mais de 14 produções ativas acontecendo pelo mundo, totalizando mais de 30 espetáculos realizados.

Uma das produções de grande destaque é o espetáculo “End of the Rainbow”, que foi adaptado para o filme vencedor do Oscar “Judy” (2019), estrelado por Renée Zellweger.  Ele também é autor da comédia “Glorious!”, de West End e Broadway, adaptada para o filme “Florence Foster Jenkins” (2016), dirigido por Stephen Frears e estrelado por Meryl Streep.

Ficha técnica:
"Duetos"
Texto:
 Peter Quilter
Direção: Ernesto Piccolo
Tradução: João Polessa Dantas
Adaptação do texto: Patricya Travassos e Ernesto Piccolo
Elenco: Patricya Travassos e Marcelo Faria
Cenário: J.C. Serroni
Figurino: Claudio Tovar
Iluminação: Aurélio de Simoni
Trilha sonora: Rodrigo Penna
Preparação corporal: Daniella Visco
Visagismo: Rafael Senna
Direção de arte gráfica, foto e vídeo: Mauricio Tavares
Registro fotográfico: André Wanderley
Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação e Carlos Pinho
Casting: Kananda Raia
Direção de produção: Claudio Tizo
Produção administrativa: Filomena Mancuzo
Produção executiva geral e administração: Sérgio Lopes - Inova Brand
Produção geral e marketing: Mauricio Tavares - Inova Brand
Realização: Inova Brand, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo
  

Serviço:
"Duetos"
Em cartaz de 6 a 29 de janeiro.
Teatro Raul Cortez - Fecomercio - 
Rua Doutor Plínio Barreto, 285 - Bela Vista / São Paulo
Telefone: (11) 3254-1731
Horários: sextas e sábados às 21h, domingo às 18h
Ingressos: R$120 e R$60 (meia); ingresso popular (10% capacidade) R$50 e R$25 (meia)
Vendas: bilheteria e Sympla - www.sympla.com.br e https://bileto.sympla.com.br/event/76645 

Site oficial do espetáculo: www.duetosacomedia.com.br
Horário da bilheteria:
 terça a quinta-feira, das 14h às 20h. Sexta-feira a domingo, das 14h até o início do espetáculo.
Duração: 80 minutos.
Classificação: livre.
Temporada: de 6 a 29 de janeiro.

.: Filme "Pluft, O Fantasminha" estreia na TV Globo em formato de minissérie


Na imagem, Sebastião (Arthur Aguiar), João (Lucas Salles) e Juliano (Hugo Germano), um trio hilariante. Foto: Globo/Divulgação

As tardes de domingo da TV Globo prometem emoção e muita fantasia com "Pluft, O Fantasminha", série em três episódios derivada do filme de mesmo nome, a partir do dia 8 de janeiro, após a "Temperatura Máxima". Inspirado no clássico infantil de Maria Clara Machado, o primeiro infantil brasileiro de live-action em 3D é uma produção da Raccord Produções, coprodução da Globo Filmes e do Gloob, e tem direção de Rosane Svartman e foi exibido nos cinemas em 2022. Confira a crítica do filme: "Pluft, O Fantasminha", filme brasileiro belíssimo para a família.

Para a diretora, exibir Pluft na televisão é uma alegria. “O filme fala sobre o medo de quem é diferente e como o afeto nos ajuda a vencer esse medo. É um filme sobre amizade, coragem e também sobre crescer. Meu coração fica quentinho sabendo que a televisão vai poder levar essa história brasileira, de fantasia e amor, criada pela Maria Clara Machado em 1955, para tantas crianças. E de todas as idades!”, declara Rosane.

Na história, a menina Maribel (Lola Belli) é sequestrada pelo pirata Perna-de-Pau (Juliano Cazarré), que quer usá-la para achar o tesouro deixado pelo seu avô, o falecido Capitão Bonança Arco-íris. Na casa abandonada onde o Capitão  morou, Maribel espera pela ajuda dos marinheiros Sebastião (Arthur Aguiar), João (Lucas Salles) e Juliano (Hugo Germano), muito amigos do velho capitão, que saem em uma atrapalhada busca pela garota. Eles demoram a chegar e ela acaba conhecendo o fantasminha Pluft (Nicolas Cruz), que morre de medo de gente, a Mãe Fantasma (Fabiula Nascimento) e sua família. Assim nasce uma inesperada amizade em meio a muitas aventuras. 

A diretora Rosane e Clélia Bessa, produtora do filme, tinham como um dos desafios dar veracidade à magia de Pluft do teatro nas telas de cinema. As referências encontradas foram o ilusionista francês Marie-Georges-Jean Méliès, um dos precursores do cinema e dos efeitos especiais, no início do século 20, e o clipe subaquático de “Only You”, do Portishead.

A partir disso, surgiu a ideia de usar uma piscina como possibilidade para dar vida aos fantasmas. Por duas semanas, equipe e elenco se prepararam e filmaram em uma piscina, em São Paulo, com tecnologia, preparadores e profissionais especializados em filmagens subaquáticas com equipamentos. “O fantasma tinha que ser mágico! Precisávamos pensar num truque que traduzisse a linguagem do teatro pro cinema. Depois de muita pesquisa e testes, achamos que filmar debaixo d'água era a solução. Para fantasmas, o ar teria mesmo uma densidade diferente”, conta Rosane.

Fabiula viveu um desafio enorme para filmar as cenas debaixo d’água, e o resultado surpreende na tela. “Foram dias de muita realização, porque estávamos fazendo uma coisa inédita no país. O filme é totalmente finalizado e feito por brasileiros. Dá uma alegria imensa e muita honra de fazer parte de um projeto tão grande e tão especial. O filme é lindo, para a família toda. Um encontro com a fábula, com a coisa mais lúdica que é o universo da criança. Fico muito feliz em saber que ele vai para as telas da TV e chegará na casa de muita gente”, ressalta a atriz.

"Pluft, O Fantasminha" tem direção de Rosane Svartman, produção executiva de Diogo Dahl, produção de Clélia Bessa e roteiro de Cacá Mourthé e José Lavigne. Os três episódios irão ao ar a partir do dia 8 de janeiro, aos domingos, após a "Temperatura Máxima".

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

.: Entrevista exclusiva: Bernardo Braga Pasqualette fala sobre Daniella Perez


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Quem tem alguma memória de 1992 com certeza se lembra de onde estava quando descobriu que Daniella Perez, a "namoradinha do Brasil" da época, conhecida nacionalmente como a Yasmin da novela (ainda das oito) "De Corpo e Alma", havia sido assassinada. Não só pela presença impactante da atriz e bailarina na televisão, quando entrava nos lares brasileiros pela porta da frente, mas pela brutalidade como tudo aconteceu.

Todos amavam Daniella Perez e estendiam esse apreço à personagem que ela defendia com unhas,  dentes e muito carisma na novela escrita por Glória Perez, mãe da atriz. Foi um crime tão impactante que marcou gerações. Não teve um único dia, nesses últimos 30 anos, que ela não seja lembrada, também, pelo público que a admirava.

Autor do livro "Daniella Perez: Biografia, Crime e Justiça" , lançado pela editora Record, o escritor Bernardo Braga Pasqualette fala sobre tudo o que permeia essa história em uma entrevista exclusiva. Considerando o mais completo relato investigativo sobre as circunstâncias e motivações do crime hediondo que vitimou a estrela que conquistava cada vez mais espaço no coração do público brasileiro. O livro conquistou o segundo lugar de "Melhores do Ano" na categoria Livros do portal Resenhando.com.

Nesta quarta-feira, 28 de dezembro de 2022, mais de 30 anos se passaram. A partir da estreia da minissérie "Pacto Brutal", dirigida por Tatiana Issa, e agora com a biografia escrita por Pasqualette, a história finalmente passou a ser contada pela ótica da verdade - sem o sensacionalismo que as manchetes da época trataram o caso e sem os boatos maledicentes que envolviam a atriz e o assassino dela. Nesta entrevista exclusiva, ele conta detalhes sobre a história que chocou o país e só agora, mais de 30 anos depois, foi contada com a dignidade que uma estrela merece.


Resenhando.com - Que motivação o levou a se interessar pelo assunto e publicar o livro 30 anos depois? 
Bernardo Braga Pasqualette -
Esse é o trabalho de uma vida. Comecei a acompanhar o caso junto a minha avó, tinha nove anos quando ocorreu o crime. Durante a década de 1990, líamos bastante sobre o caso nos jornais e revistas e recortávamos as principais reportagens. Minha avó ouvia rádio na frequência AM e tomava as próprias anotações, hábito que acabei por adquirir. O rádio era um complemento em relação ao que líamos, só que mais aprofundado. Ouvíamos os debates populares, onde múltiplos pontos de vista eram apresentados. Dessa combinação entre ler e escutar resultou o meu livro.


Resenhando.com - Então essa é uma pesquisa feita ao longo de uma vida?
Bernardo Braga Pasqualette - Sim. Acompanhei o caso de forma muito viva entre 93-97, mas o “dia D” foi 15 de maio de 97, quando tentei acompanhar o julgamento da então acusada Paula Thomaz e fui barrado na porta da sala de audiências. Foi uma decepção muito grande. Li no jornal que havia vagas para estudantes mediante ordem de chegada, cheguei cedo pela manhã (o julgamento começaria à tarde), mas as vagas eram para estudantes de direito e não para alunos do ginásio. Percebi, naquele momento, que algum dia contaria essa história.


Resenhando.com - E o personagem mais marcante desta história, entre os envolvidos, para você, quem foi?
Bernardo Braga Pasqualette - O mais óbvio seria destacar o papel da Glória, mãe da Daniella, pela sua luta por justiça e contra a impunidade. Sem dúvida que o papel dela foi fundamental e muito digno diante de circunstâncias tão adversas. Mas, permito-me destacar o papel do advogado Hugo da Silveira, testemunha ocular dos fatos e cuja participação foi fundamental para a rápida elucidação do caso. Sua altivez a se dispor a testemunhar em várias fases do processo é absolutamente louvável e digna de reconhecimento, sobretudo em um país onde a maioria das pessoas tem medo de testemunhar.


Resenhando.com - Existe algo no caso que você considerou importante para o caso e que poucas pessoas dão importância?
Bernardo Braga Pasqualette - Sem dúvida, o que mais me marcou foi o julgamento do Guilherme. Por dois motivos. Primeiro, porque ao final de 93, quando ele já abandonara a narrativa de que sua então esposa não estivera no local do crime, ele afirmou publicamente que não era inocente, mas apenas que queria assumir a sua responsabilidade no crime e que a ré também assumisse a dela. Minha avó recortou as revistas e, durante o julgamento, ela não se conformava com a tese defendida pela defesa de que o réu era inocente. A sua indignação é algo que retenho na alma. Mais curioso é que ela ficou mais brava com o Paulo Ramalho, advogado do réu, do que com o próprio acusado. Depois, pela postura performática do réu, que se valia de artifícios como voz em falsete, onomatopeias, o que era muito enfatizado pelas rádios. No dia seguinte ao julgamento, li no jornal que enquanto o acusado se comportava como um ator a serviço de seu personagem, o irmão da Daniella não conseguia segurar as lágrimas acompanhando a audiência. Aquilo também me marcou muito.  


Resenhando.com - Quando você percebeu que era a hora de parar de pesquisar e começar a escrever o livro?
Bernardo Braga Pasqualette - Quando eu percebi, já tinha um livro pronto. Foi o primeiro livro que escrevi e o terceiro que publiquei. Sempre houve no Brasil muito insegurança jurídica em relação a biografias não autorizadas, o que só foi decidido pelo STF em 2015. Ainda tinha a discussão sobre “direito ao esquecimento” que também só foi resolvido definitivamente pela Justiça em 2021.  


Resenhando.com - Qual a contribuição dada pela mãe de Daniella, Gloria Perez, para que o livro acontecesse?
Bernardo Braga Pasqualette - Tentei contato com a família da Daniella de diversas formas e, em janeiro de 2022, tive uma reunião com a Gloria e o Rodrigo Perez (irmão da atriz e advogado criminalista). Foi uma conversa sóbria, franca e transparente, porém não evoluiu para uma entrevista. Encaro com naturalidade e entendo ser parte da liberdade de expressão não se manifestar.


Resenhando.com - A que você atribui o fato de ela não ter dado - pelo menos diretamente - uma entrevista para o livro?
Bernardo Braga Pasqualette - Eu realmente acredito que a postura de não se manifestar também é uma forma de resposta, além de fazer parte da liberdade de expressão. Fui aluno do ministro Luís Roberto Barroso e uma de suas lições carrego comigo na alma: “Nunca devemos piorar aquilo que já é ruim”. Tudo o que esteve ao meu alcance para não aumentar o sofrimento da família da Daniella, acredite, eu fiz: a mãe dela foi a primeira a saber do trabalho fora do meu círculo mais íntimo, não fiz lançamento ou noite de autógrafos, não utilizei no encarte fotos da Daniella ao lado do algoz como se fossem um casal na ficção, enfim, tudo o que pude fazer, mantendo a independência do trabalho, eu fiz.

Resenhando.com - Ao contrário do documentário "Pacto Brutal", você optou por dar espaço para os assassinos de Daniella Perez. Por quê?
Bernardo Braga Pasqualette - 
O meu maior objetivo é que o meu livro sobreviva ao tempo, então ouvir todos os lados é algo inegociável. Sou jornalista por vocação, minha prioridade é a informação do público, sem filtros ou embargos. Mais que isso: ao longo da década de 90 havia a narrativa de parcialidade da imprensa, que as defesas não tinham o mesmo espaço na mídia que a acusação, que a opinião pública estava sendo manipulada e por aí vai, então este ponto foi algo que sempre me preocupou bastante. Eu me coloco no lugar da família da Daniella e me questiono o que eu sentiria em relação a alguém condenado pela morte de um ente querido meu? É uma pergunta difícil e eu lhe respondo com a máxima transparência: eu me indignaria com a mera existência desta pessoa. Contudo, como jornalista eu não posso me deixar levar pelas minhas próprias opiniões ou sentimentos, pois a minha obrigação é entregar ao público uma abordagem isenta, com os pontos fortes e fracos das três versões levadas a Juízo. Dali por diante, cada um faz o seu próprio juízo de valor. Encaro eventuais críticas ao meu trabalho com serenidade, mas, friso, que no meu livro realizei uma escuta ativa das defesas e relatei os seus pontos de vista, independentemente de concordar ou não.

Resenhando.com - O que é mais diferente e mais igual entre os Brasis de 1992 e 2022?
Bernardo Braga Pasqualette - 
O Brasil de 1992 era muito mais preconceituoso se comparado à nossa sociedade atual. Basta lembrar os insultos misóginos e homofóbicos direcionados aos acusados. Até hoje, as defesas questionam o tratamento dado pela mídia a ambos, com destaque para o sensacionalismo com o qual suas pretensas escolhas em suas vidas pessoais eram divulgadas, o que, em suas visões, pode até ter comprometido a imparcialidade dos julgamentos. Vou lhe dar um exemplo: na década de 1990 chegou a ser publicado que o crime “teria caraterística nitidamente gay” ou que o Guilherme matou a Daniella por supostamente ser homossexual. Isto é homofobia, algo absolutamente inaceitável e que deve ser combatido. Trato estas questões de forma aberta no meu livro, pois entendo ser dever de todos se insurgir ante o preconceito. Nisso, acho que andamos para frente, as pessoas devem ser julgadas pelo o que elas fizeram e não por suas pretensas escolhas em suas vidas pessoais, que frise-se, diz respeito somente a elas. Hoje, na abordagem de crimes de grande repercussão, noto uma preocupação maior da mídia, tanto em não pré-julgar, como também muito mais restritiva e cautelosa em relação à desqualificação pessoal dos acusados.

Resenhando.com - O que a história de Daniella Perez tem a ensinar nos dias de hoje?
Bernardo Braga Pasqualette - 
Daniella deixa uma lição muito atual, no campo da integridade e da ética, algo que também acaba por passar despercebido ante a brutalidade do crime. Temos que lembrar que a atriz era bailarina por vocação e estava emendando, cada vez com mais destaque, sua terceira telenovela. Naquele momento, tinha uma carreira em linha ascendente e a personagem Yasmin havia arrebatado a audiência. Tanto que naquele segundo semestre de 1992, a atriz tinha adquirido a alcunha de “namoradinha do Brasil”. Além disso, Daniella era filha da autora da trama, o que despertou a cobiça de Guilherme de Pádua. Mesmo sofrendo assédio para que interviesse junto à sua mãe em favor do personagem de Guilherme, ela simplesmente se recusou a agir de forma desonesta. Naquele longínquo 1992, em um momento em que a juventude falou tão alto nas ruas do país em favor do impeachment do (presidente) Collor, uma voz jovem foi brutalmente calada. Uma mulher foi morta justamente por não se permitir claudicar, negando-se a prejudicar seus colegas em favor de quem quer que fosse. Este é um exemplo que sobrevive ao tempo.

Resenhando.com - Em que o livro contribui para a memória de Daniella Perez - e porque as pessoas devem conhecer esta história?
Bernardo Braga Pasqualette - 
Eu penso que o caso deixa duas grandes contribuições à sociedade atual. A primeira delas é a tentativa de culpabilização da vítima, quando o algoz a acusa, ainda no momento inicial, de constantemente o assediar e, posteriormente, de ter mantido um inverossímil caso extraconjugal com ele. Isso é algo absolutamente inaceitável, mas, infelizmente, sempre foi uma estratégia comum em crime praticados contra mulheres. Também é digno de nota o fato de que Daniella estava sendo assediada por um homem em seu ambiente de trabalho. Após o crime, testemunhos foram unânimes que o assédio era público e notório nos bastidores da novela, mas, mesmo assim, nada foi feito para cessar tal conduta odiosa. Não de trata de culpabilizar ninguém pelo o que aconteceu, até porque um crime horrendo como aquele era inimaginável. Porém, é fundamental sublinhar o fato de que uma mulher era assediada em seu ambiente de trabalho, várias pessoas tinham ciência do fato e nada foi feito. Essa situação não deixa de escancarar o machismo estrutural existente em nossa sociedade e como é comum relativizar esta prática nefasta e sexista. Será que algo mudou em nossa sociedade após 30 anos? Deixo essa reflexão final.


+ Sobre o livro
Escrito sob a forma de uma reportagem literária, "Daniella Perez: Biografia, Crime e Justiça", escrito por Bernardo Braga Pasqualette, é composto de um perfil biográfico de Daniella Perez e uma minuciosa análise do crime que a vitimou. Publicado pela editora Record, o trabalho se valeu majoritariamente de fontes primárias, além de terem sido analisadas inúmeras reportagens sobre a investigação criminal, o julgamento e a execução das penas dos condenados, além do processo que os condenou por homicídio duplamente qualificado. O livro conta a história de uma estrela em ascensão e de sua partida precoce, mas também é o mais completo relato investigativo das circunstâncias e motivações de um crime hediondo, trazendo à luz todas as nuances de um crime bárbaro que causou enorme comoção em todo o país.

.: Cineflix Santos: "Gato de Botas 2: O Último Pedido", é a 1ᵃ estreia de 2023


A animação "Gato de Botas 2: O Último Pedido" ("Puss in Boots: The Last Wish") é a estreia da semana no Cineflix Cinemas, em Santos. Com Antonio Banderas, Salma Hayek e Harvey Guillen entre os dubladores originais, filme é uma boa opção para a garotada nas férias. Por conta de seu gosto pelo perigo e pelo desrespeito à segurança pessoal, o Gato de Botas descobre que só lhe resta uma vida. Com apenas uma vida restante, ele precisa pedir ajuda para uma antiga parceira - que atualmente é sua rival e inimiga mortal, Kitty Pata Mansa - para continuar vivo. Então, o destemido bichano parte em uma jornada épica pela Floresta Negra para encontrar a mítica Estrela dos Desejos, capaz de proporcionar o legendário Último Desejo e restaurar as nove vidas que perdeu.

Seguem em cartaz no Cineflix a aventura "Avatar: O Caminho da Água" ("Avatar: The Way of Water"), sequência do clássico do diretor James Cameron em cópias dubladas e legendadas. No elenco, Zoe Saldana, Michelle Yeoh, Sam Worthington vivem as aventuras dos personagens, que devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora quando uma antiga ameaça ressurge.

Outra animação que vem fazendo sucesso é “Mundo Estranho” ("Strange World"), a mais nova produção da Walt Disney Animation Studios, que gira em torno de uma lendária família de exploradores em sua tentativa de navegar por uma terra inexplorada e traiçoeira ao lado de uma eclética equipe. Para quem quer encarar o período de festas de uma maneira inusitada, a comédia de humor sarcástico "O Menu" ("The Menu"), com Anya Taylor-Joy, Ralph Fiennes e Nicholas Hoult, está no cardápio da semana.  

Atenção: dias 31 de dezembro e 1° de janeiro, a rede Cineflix estará fechada. Confira os dias, horários e sinopses para você ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo do cinema. Cineflix Santos fica Miramar Shopping: rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo. Programação do Cineflix em outras localidades neste link ou no app Cineflix.

Estreia da semana no Cineflix Santos

"Gato de Botas 2: O Último Pedido" ("Puss in Boots: The Last Wish")
Gênero: animação. Classificação: 10 anos. Ano de Produção: 2022. Idioma: inglês. Direção: Joel Crawford. Roteiro: Tom Wheeler. Duração: 1h42. Dubladores originais: Antonio Banderas, Salma Hayek, Harvey Guillen e outros. Sinopse: por conta de seu gosto pelo perigo e pelo desrespeito à segurança pessoal, o Gato de Botas descobre que perdeu oito das nove vidas que têm direito. Com apenas uma vida restante, ele precisa pedir ajuda para uma antiga parceira - que atualmente é sua rival e inimiga mortal, Kitty Pata Mansa - para continuar vivo. Então, o destemido bichano parte em uma jornada épica pela Floresta Negra para encontrar a mítica Estrela dos Desejos, capaz de proporcionar o legendário Último Desejo e restaurar as vidas que perdeu.

Sala 1 (dublado)
2/1/2022 - Segunda-feira: 16h - 18h15
3/1/2022 - Terça-feira: 16h - 18h15
4/1/2022 - Quarta-feira: 16h - 18h15

Sala 2 (dublado)
2/1/2022 - Segunda-feira: 15h - 17h15
3/1/2022 - Terça-feira: 15h - 17h15
4/1/2022 - Quarta-feira: 15h - 17h15

Sala 3 (legendado)
2/1/2022 - Segunda-feira: 20h30
3/1/2022 - Terça-feira: 20h30
4/1/2022 - Quarta-feira: 20h30

"Gato de Botas 2: O Último Pedido"- Trailer dublado

Seguem em cartaz no Cineflix Santos

"Avatar: O Caminho da Água" ("Avatar: The Way of Water")
Gênero: ação, aventura, fantasia e ficção científica. Classificação: 12 anos. Ano de Produção: 2022. Idioma: inglês. Direção: James Cameron. Duração: 3h12. Elenco: Zoe Saldana, Michelle Yeoh, Sam Worthington e outros. Sinopse: após formar uma família, Jake Sully e Ney'tiri fazem de tudo para ficarem juntos. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora quando uma antiga ameaça ressurge, e Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos.

Sala 2 (legendado)
29/12/2022 - Quinta-feira: 19h30
30/12/2022 - Sexta-feira: 19h30
2/1/2022 - Segunda-feira: 19h30
3/1/2022 - Terça-feira: 19h30
4/1/2022 - Quarta-feira: 19h30

Sala 3 (legendado)
29/12/2022 - Quinta-feira: 15h10 - 20h
30/12/2022 - Sexta-feira: 15h10 - 20h
2/1/2022 - Segunda-feira: 15h10 - 20h
3/1/2022 - Terça-feira: 15h10 - 20h
4/1/2022 - Quarta-feira: 15h10 - 20h

Sala 4 (dublado)
29/12/2022 - Quinta-feira: 16h - 20h15
30/12/2022 - Sexta-feira: 16h - 20h15
2/1/2022 - Segunda-feira: 16h - 20h15
3/1/2022 - Terça-feira: 16h - 20h15
4/1/2022 - Quarta-feira: 16h - 20h15

"Avatar: O Caminho da Água" - Trailer


"Mundo Estranho" ("Strange World")
Gênero: animação. Classificação: 10 anos. Ano de produção: 2022. Idioma: português. Diretor: Don Hall . Duração: 1h41. Sinopse: Os lendários Clades são uma família de exploradores cujas diferenças ameaçam a última missão.

Sala 2 (dublado)
29/12/2022 - Quinta-feira: 15h - 17h15
30/12/2022 - Sexta-feira: 15h - 17h15

"Mundo Estranho" - Trailer


"O Menu" ("The Menu")
Gênero: humor ácido e suspense. Classificação: 16 anos. Ano de produção: 2022. Idioma: inglês. Direção: Mark Mylod. Duração: 1h47. Elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Fiennes, Nicholas Hoult e outros. Sinopse: um casal (Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult) viaja para uma ilha costeira para comer em um restaurante exclusivo, onde o chef (Ralph Fiennes) preparou um cardápio farto, com algumas surpresas chocantes.

Sala 1 (legendado)
29/12/2022 - Quinta-feira: 15h40 - 17h55 - 20h10
30/12/2022 - Sexta-feira: 15h40 - 17h55 - 20h10

"O Menu" - Trailer

.: Histórico, Festival do Futuro celebra cultura e democracia em Brasília


O Festival do Futuro, festa popular da posse do presidente Lula, terá uma programação extensa e diversa, que começará às 10h, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e chegará até a madrugada. Os shows serão realizados nos palcos Elza Soares e Gal Costa, montados especialmente para receber este momento de celebração da cultura, da arte, da alegria e da democracia.

O festival será aberto por um cortejo popular, um panorama das culturas populares e tradicionais brasileiras em múltiplas manifestações. Também terá um espetáculo especial para mostrar a arte e a música do Distrito Federal. Uma feira gastronômica oferecerá comida bem brasileira ao público do festival.

Confira os horários dos shows:

10h - Cortejo de Manifestações Populares

11h (Palco Elza Soares) - Show "Brasília de Todos os Ritmos"
Direção geral: Dorival Brandão
Direção musical: Alê Capone E Adriano Rocha

12h30 (Palco Gal Costa) - Show Kleber Lucas Convida: Clóvis Pinho, Leonardo Gonçalves, Mn Mc e Sarah Renata

15h50 (Palco Gal Costa) - Show Juliano Maderada e Banda

18h30 (Palco Elza Soares) - Show "Futuro Ancestral". Participações: Drik Barbosa, Marissol Mwab, Ellen Oléria, Fioti, Gog, Rael, Rappin Hood, Salgadinho e Gog.

19h40 (Palco Gal Costa) - Show "Outra Vez Cantar"
Direção musical: Daniel Ganjaman. Participações: Alessandra Leão, Chico César E Geraldo Azevedo, Fernanda Takai, Francisco El Hombre E Luê, Flor Gil, Johnny Hooker, Lirinha, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Paulo Miklos, Tulipa Ruiz e Thalma de Freitas

20h55 (Palco Elza Soares) - Show "Amanã Vai Ser Outro Dia". Direção musical: Itamar Assiere. Participações: Aline Calixto, Fernanda Abreu, Jards Macalé, Maria Rita, Martinho Da Vila, Paula Lima, Leoni, Renegado, Rogeria Holtz, Teresa Cristina, Romero Ferro, Zélia Duncan E Delacruz

22h50 (Palco Gal Costa) - Show Baianasystem convida Margareth Menezes

0h10 (Palco Elza Soares) - Show Gaby Amarantos convida Aíla, Kâe Guajajara E Jaloo

1h10 (Palco Gal Costa) - Show Duda Beat convida Almerio, Doralyce, Luedji Luna E Zé Ibarra

2h10 (Palco Gal Costa) - Show Pabllo Vittar convida Lukinhas E Urias

3h10 (Palco Elza Soares) - Valesca Popozuda convida Mc Marks E Mc Rahell



.: "Arrabalde - Em Busca da Amazônia", o livro de João Moreira Salles

Panorama do maior bioma nacional, "Arrabalde" mistura relatos, entrevistas e pesquisas para retratar as variadas percepções da Amazônia por aqueles que se relacionam com ela num volume que atua em sua ampla defesa.

Chega às livrarias "Arrabalde - Em Busca da Amazônia", do documentarista, produtor de cinema e fundador da revista Piauí, João Moreira Salles. A maior floresta tropical do mundo, ainda encerra mistérios que instigam pesquisadores e leigos. Produz 20% da água doce do planeta e abriga por volta de 16 mil espécies de árvores. Ao apurar a forma como o território vem sendo ocupado desde os anos 1960, João Moreira Salles evidencia a falta de curiosidade e afeto que pautou os modelos de exploração do bioma, o qual foi sendo devastado e reduzido à lógica das economias extrativistas.

Resultado da estadia de seis meses de Moreira Salles no Pará e tributário da literatura de viagens, Arrabalde nos convida a olhar atentamente para a floresta, em sua complexidade biológica e social, em sua desordem natural e potente, que alarmou a mentalidade racional de tantos homens que lá tentaram fazer empresa. Caleidoscópio das relações dos brasileiros com a Amazônia, este volume é uma defesa contundente de nosso maior patrimônio ambiental e um ensaio sobre seu presente e suas possibilidades de futuro. Você pode comprar o livro "Arrabalde - Em Busca da Amazônia" neste link.


Sobre o autor
João Moreira Salles é documentarista, produtor de cinema e fundador da revista piauí. Dirigiu, entre outros, Nelson Freire (2003), Entreatos (2004), Santiago (2006) e No intenso agora (2017). Compre o livro "Arrabalde - Em Busca da Amazônia" neste link.

.: Revista serrote #42: Nadia Urbinati, Teju Cole e Denise Ferreira da Silva

Nadia Urbinati sobre populismo e democracia, ensaio do escritor Teju Cole em homenagem a Edward Said e textos dos vencedores do concurso de ensaísmo serrote

 
“O que caracteriza o populismo no século 21?”. A questão norteia o texto da pesquisadora italiana Nadia Urbinati publicado na 42ª edição da serrote, revista de ensaios do Instituto Moreira Salles. Com artigos de autores brasileiros e internacionais, o novo número, já disponível nas livrarias, trata de temas centrais do debate atual, do enfraquecimento das democracias às disputas pela memória.

Principal destaque da edição, o ensaio de Urbinati analisa como o populismo tem transformado as democracias representativas por dentro, subvertendo a ordem institucional. Segundo a pesquisadora, “o populismo não é um movimento subversivo, mas antes um processo que se apropria das normas e ferramentas da política representativa. Como vemos hoje, os populistas exploram as disfunções da democracia constitucional e por vezes tentam remodelar a constituição. Daí a novidade do populismo contemporâneo, que se desenvolveu dentro de democracias constitucionais. Essa novidade reforça o fato de que as formas populistas espelham justo a ordem política contra a qual elas reagem.”

A publicação traz também os textos dos três autores premiados na edição deste ano do concurso de ensaísmo serrote. Primeiro colocado, o escritor e tradutor soteropolitano Igor de Albuquerque assina o ensaio “Modos de Sentar”, no qual investiga como a sexualidade, os papéis de gênero e as disputas de poder são representadas nos hits da música nacional, do pop ao sertanejo. “Mais do que mera obsessão com uma posição específica, a onipresença da sentada nas letras concentra uma série de significados, contradições, tensões e perspectivas”, afirma.

O historiador porto-alegrense Guilherme Moraes ficou em segundo lugar com o texto “Esboço para Uma Teoria do Conformismo”. O autor analisa a presença do sentimento de conformismo no Brasil, cuja preponderância beneficiaria as classes dominantes. Em sua argumentação, identifica três elementos centrais na criação e manutenção desse sentimento: a religiosidade messiânica, o comodismo mercantil e a repressão.

No ensaio “Greve nos Canaviais”, terceiro colocado no concurso, o sociólogo pernambucano Guilherme Benzaquen aborda o episódio de paralisação dos trabalhadores rurais de Pernambuco em 1979, durante a ditadura militar. A partir dos relatos dos grevistas, enfatiza a potência emancipatória da memória em todas as lutas.

A revista publica ainda um texto em homenagem ao pensador palestino Edward Said assinado pelo escritor nigeriano-americano Teju Cole. A partir de suas próprias memórias de viagens, Cole intercala reflexões sobre a obra de Said, a paixão de ambos pela música e a realidade palestina, marcada pela violência da ocupação israelense. Segundo o escritor, “era sempre a Palestina que fazia o coração de Said pulsar. Por ter dado a tudo isso uma expressão, assim como demonstrado uma clara determinação, ajudou a abrir os olhos de muitos de nós que não éramos palestinos de nascimento, afinidade ou adoção.”

Outro destaque é “Nem Mesmo pela Lei Daqui”, da filósofa Denise Ferreira da Silva, professora titular da Universidade de British Columbia. O texto é o primeiro capítulo do livro "Acumulação Negativa: Valor e Negridade", com previsão de lançamento em 2023 pela Companhia das Letras. A partir de cenas do consagrado livro de ficção "Kindred: Laços de Sangue", de Octavia Butler, a pesquisadora analisa os mecanismos que sustentam as práticas de violência simbólica ou física contra pessoas negras e latinas em regimes democráticos. Segundo a autora, “seja lá o que a lei proteja, o que se enquadre nesse modo de prover igualdade, não inclui uma pessoa negra”.

Já em “Vultos na Mata”, o filósofo Claudio Medeiros escreve sobre o contexto pós-abolição da escravatura no Brasil. O que aconteceu com as pessoas que foram alforriadas? Onde elas foram morar? Quais eram seus nomes? A partir de questões como essas, o pesquisador aborda os diversos processos de exclusão social criados pelo Estado brasileiro, da segregação nas cidades ao apagamento das histórias dos indivíduos.

A escritora mexicana Margo Glantz, por sua vez, assina um ensaio sobre a pintora Frida Kahlo. Glantz aborda a complexidade da produção da artista, para além da fama atualmente associada ao seu nome. Em seus autorretratos, defende a autora, Frida investigava os desconfortos associados ao corpo, ao fato de ser mulher e ao enfrentamento da alteridade.

Um dos principais nomes da literatura argentina, Ricardo Piglia (1941-2017) está presente neste número com um texto sobre a obra de dois escritores conterrâneos seus: Roberto Arlt e Rodolfo Walsh. Piglia aborda como a obra dos dois autores é marcada pelas tensões entre jornalismo e literatura e informação e experiência.

A reflexão sobre a escrita também está presente no ensaio da romancista norte-americana Mary Gaitskill A autora reflete sobre a potência das grandes obras de ficção que conseguem criar um universo de pulsação e “tessitura interna”. Segundo Gaitskill, “é por meios poéticos e irracionais que o mundo oculto de uma história fica radicalmente iluminado, como uma música que irrompe pode elucidar a cena de um filme ou de um programa de TV”.

O tema dos gêneros textuais é abordado ainda pelo consagrado filósofo checo Vilém Flusser (1920-1991), em um artigo sobre as diferenças entre um texto em formato acadêmico ou ensaístico. “A escolha entre fazer um tratado e um ensaio é uma decisão existencial. [...] Devo formular meus pensamentos em estilo acadêmico (isto é, despersonalizado), ou devo recorrer a um estilo vivo (isto é, meu)? A decisão tomada afetará profundamente o trabalho a ser feito. Não é uma decisão que diz respeito à forma apenas. Diz respeito igualmente ao conteúdo”, pontua.

A serrote #42 publica dois ensaios visuais assinados pela artista Andréa Hygino: "Prova de Estado" (2013), série de oito gravuras obtidas a partir da impressão de tampos de carteiras escolares antigas, e "Exercício da Destreza" (2016), na qual a artista trata, a partir de desenhos, da prática violenta de exigir que canhotos escrevam com a mão direita. Também estão presentes trabalhos dos artistas Kika Diniz, Jonathas de Andrade, Mauro Piva, Marcelo Macedo, Rommulo Vieira da Conceição, Ishiuchi Miyako, Laís Amaral, Gustavo Nazareno, Ignasi Aballí e Arthur Arnold. Você pode comprar a revista serrote #42 neste link.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

.: Crítica: "O Amor Dá Voltas" é comédia romântica gostosa de acompanhar


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em dezembro de 2022


Uma história extremamente agradável de se acompanhar na telona, principalmente estando no fim de um ano tão conturbado quanto 2022. "O Amor Dá Voltas", em cartaz no Cineflix Cinemas, novo filme protagonizado por Cleo, uma comédia romântica, com o toque certo de drama, simplesmente acontece, de modo que não se nota o tempo passar. Afinal, logo nos primeiros minutos de filme, a mocinha planta no público uma gigante torcida em favor próprio. É inegável o carisma da atriz.

No entanto, como o título sugere, no amor, nem tudo é direto e reto. Pode dar voltas por caminhos pra lá de tortuosos, uma vez que nem todas as verdades são ditas. Assim, André (Igor Algelkorte), um jovem médico, após passar um ano fora do Brasil trabalhando na África como voluntário para as pessoas mais necessitadas, regressa. No aeroporto, reencontra a namorada Beta (Juliana Didone) e a cunhada Dani (Cleo Pires). Contudo, a história de amor que ele acredita estar vivendo é bem diferente.

Afinal, Beta não está mais solteira, além de ser mãe de uma garotinha. Enquanto Dani toma coragem para trazer toda a verdade não somente para André, mas para a irmã, histórias do passado tornam o triângulo amoroso surpreendente. Dani, uma ultra romântica de cartas, precisa também revelar o amor que sente pelo ex-cunhado sem uso de artifícios. 

"O Amor Dá Voltas" é o tipo de filme para se ver e rever, além de deixar o recado claro que o cinema brasileiro é capaz de unir romance, comédia e drama com excelência. É um longa imperdível, não somente pelo roteiro de qualidade de Marcos Bernstein e Victor Atherino, mas por também garantir uma fotografia impressionante. A produção de 1h39 é um presente visual, seja em cenas externas e solares ou ainda internas e noturnas. Vale a pena conferir nas telas dos cinemas!


Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Filme: "O Amor Dá Voltas"
Classificação: 12 anos
Ano de produção: 2022
Diretor: Marcos Bernstein
Roteiro: Marcos Bernstein e Victor Atherino
Duração: 1h39
Elenco: Cleo Pires, Igor Angelkorte e Juliana Didone.


Trailer





.: Dubladores do "Homem-Aranha" revelam detalhes dos bastidores


Manolo Rey, Sérgio Cantú e Wirley Contaifer. Eles dão voz, respectivamente, às versões interpretadas pelos atores Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland. Foto: Lourival Ribeiro/SBT


Os fãs de “Homem-Aranha” não podem perder o programa "The Noite" desta sexta-feira, dia 30 de dezembro. O apresentador Danilo Gentili conversa com os dubladores do personagem: Manolo Rey, Sérgio Cantú e Wirley Contaifer. Eles dão voz, respectivamente, às versões interpretadas pelos atores Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland.

Eles contam como foram escolhidos para a função e Manolo revela ter sido o responsável por indicar os colegas. “Serginho já tinha dublado o Andrew Garfield, aí no trailer eu o chamei e achei que tinha tudo a ver. No Wirley eu também indiquei ”, conta. Os convidados dizem com quanto tempo recebem os episódios para dublar antes da estreia, o sigilo envolvido no processo e como os acontecimentos com seus personagens os afetam pessoalmente. O programa vai ao à 0h30 no SBT.

Os críticos de cinema do portal Resenhando.com assistem as estreias dos filmes no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo. Confira os dias, horários e sinopses dos filmes para você ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo do cinema. Programação do Cineflix em outras localidades neste link ou no app Cineflix.
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