quinta-feira, 10 de julho de 2025

.: Com Rihanna azul, "Os Smurfs" cantam alto em nova aventura musical


"Smurfs", o novo longa-metragem musical em animação e live-action da Paramount Animation, foi antecipada para esta quinta-feira, dia 10 de julho. Dirigido por Chris Miller (conhecido por "Shrek 3" e "Gato de Botas"), com co-direção de Matt Landon, o filme busca resgatar a essência das histórias originais criadas por Peyo. 

O elenco brasileiro de dublagem tem no elenco Bruno Gagliasso, como Gargamel e o Razamel, além de Jeniffer Nascimento, Diego Martins e Tatá Estaniecki. A trama acompanha Smurfette, que lidera uma missão no mundo real para resgatar o Papai Smurf, sequestrado pelos bruxos Gargamel e Razamel. Ao longo da aventura, os Smurfs formam alianças com novos aliados e descobrem o que realmente importa. 

Na versão americana, o filme contará com a cantora Rihanna como Smurfette, que assume as músicas originais e é produtora musical do filme, e John Goodman, como Papai Smurf. James Corden dubla um novo personagem chamado "Sem Nome". Esse personagem aparece na primeira imagem do filme ao lado de Papai Smurf e Smurfette, e terá um papel importante na trama. 

Com forte apelo nostálgico, mas também voltado para uma nova geração, o novo "Smurfs" busca equilibrar o humor ingênuo dos personagens clássicos com a sofisticação da música pop contemporânea. É uma aventura musical que, mesmo cercada de críticas sobre sua profundidade narrativa, promete encantar crianças e fãs da franquia - com a vantagem extra de oferecer a rara chance de ver (e ouvir) uma Rihanna "azulada". No Brasil, o filme será exibido com sessões diárias em salas como a do Cineflix Santos, sempre às 15h00, entre os dias 10 a 16 de julho. Há uma cena pós-créditos. 


Bastidores e curiosidades
Rihanna já conhecia bem o universo dos Smurfs desde a infância, o que a tornou uma escolha natural para Smurfette, segundo a produção. James Corden, no elenco como o personagem Sem Nome, contou que tentou por oito anos incluir Rihanna no Carpool Karaoke, e finalmente pôde cantar com ela – mesmo que em forma de personagem animado no filme. O compositor Henry Jackman (de "Puss in Boots") assina a trilha sonora musical do filme. 

O filme fez pré-estreia mundial em Bruxelas em 28 de junho de 2025, mesclando fantasia com cenas em live-action - e foi seguido por um curta de "Bob Esponja, Order Up", nos cinemas  A recepção inicial foi mista. O site Rotten Tomatoes destacou que a proposta talvez soe confusa para diferentes públicos. Além disso, críticas apontam que a história é básica, com pouco foco na música, e questionam o apelo geral. Por outro lado, a animação e a musicalidade - especialmente de Rihanna - receberam elogios.


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Programação do Cineflix Santos
“Smurfs” | Sala 2 | Animação
Classificação:
 livre. Ano de produção: 2025. Idioma original: inglês. Direção: Chris Miller. Co-direção: Matt Landon. Roteiro: Pam Brady. Elenco: Rihanna, James Corden, John Goodman e outros. Duração: 1h32. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.


Dublado
10/7/2025 - Quinta-feira: 15h00
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h00
12/7/2025 - Sábado: 15h00
13/7/2025 - Domingo: 15h00
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h00
15/7/2025 - Terça-feira: 15h00
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h00

.: Crítica: musical “Wicked” desafia a gravidade e as expectativas


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação/Jairo Goldflus

Existe um momento em que o teatro deixa de ser teatro e passa a ser transcendência, em que a arte deixa de apenas entreter e começa a transformar. “Wicked - A História Não Contada das Bruxas de Oz”, em cartaz no Teatro Renault, é exatamente isso: um salto entre o bom e o inesquecível. E se a palavra “clássico” já pairava sobre essa história nascida nos palcos da Broadway, o que se vê na terceira montagem brasileira é o nascimento de um novo patamar para o teatro musical no país.

Myra Ruiz não interpreta Elphaba - ela É Elphaba. E isso não é apenas um elogio, é um aviso. Prepare-se para testemunhar uma entrega artística de tirar o fôlego, que combina técnica vocal absurda, presença cênica hipnótica e uma força emocional que faz tremer a poltrona. Ver Myra “voar” - literalmente e metaforicamente - enquanto canta “Desafiando a Gravidade” é uma experiência de se guardar talismã verde-esmeralda. Em uma era de performances cada vez mais plastificadas, ela entrega verdade.

Bel Barros, como Glinda, na apresentação que substituiu Fabi Bang, encontra o tom exato entre o carisma solar e a frivolidade encantadora da bruxa boa. A química com Myra é mais do que uma parceria: é a prova de que antagonismos podem gerar beleza. Já Luisa Bresser, como Nessarose, mostra um domínio emocional raro para tanta juventude. A transição da atriz, de doce para amarga, é digna de nota - e, se o futuro da dramaturgia musical brasileira precisa de representantes, ela certamente já está convocada.

Hipólyto, como Fiyero, encontra mais um papel que o desafia e o valoriza. O Fiyero interpretado por ele tem charme, mas também tem camadas - algo raro nesse tipo de papel. E Cleto Baccic, como sempre, é a cereja do bolo: o Mágico de Oz dele destila cinismo com vulnerabilidade, lembrando a todos os espectadores que até o poder pode ser patético. Há algo que diferencia esta montagem das anteriores: ela ouve o tempo. 

Sob a direção de John Stefaniuk e com novos figurinos, efeitos visuais e sistemas de voo que parecem saídos de uma ficção científica glamurosa, o espetáculo conecta-se às angústias e urgências do presente. A mensagem de resistência, identidade e amizade feminina não poderia ser mais atual. “Wicked” não é apenas um musical: é uma alegoria queer, um manifesto feminista, uma crítica às narrativas oficiais. Tudo isso embalado em luz verde e rosa, plumas, vassouras e canções que colam na alma.

Além disso, o projeto extrapola os limites do palco. O leilão de figurinos em prol do GIV, as ações durante o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e a participação ativa do elenco em iniciativas sociais mostram que esta produção entende o que significa “teatro vivo”. Se o teatro é um espelho, “Wicked” é aquele espelho mágico que nos mostra não só quem somos, mas quem podemos ser.

E que prazer vê-lo em cartaz justamente agora, quando a cultura brasileira parece, mais do que nunca, precisar de esperança, de empatia e de um pouco de feitiçaria também. Não é novidade que "Wicked" sempre será o melhor espetáculo do ano em todas as vezes em que estiver em cartaz. Mas, sem qualquer exagero, também é o melhor espetáculo que você terá a honra de assistir em toda a sua vida.


Serviço
"Wicked - A História Não Contada das Bruxas de Oz"
Quartas, quintas e sextas-feiras, às 20h00. Sábados e domingos, às 15h00 e às 19h30.
Teatro Renault - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - República/São Paulo.
Bilheteria oficial no Teatro Renault (sem taxa de conveniência): de terça a domingo, das 12h00 às 20h00 (exceto feriados). Site e app Ticket For Fun: ticketsforfun.com.br.
Temporada estendida até 10 de agosto de 2025.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

.: Crítica: "Megan 2.0" é sequência fraca que não supera "Acompanhante Perfeita"

Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em julho de 2025


A verdade é que "M3gan", o longa de terror com ficção científica com um toque de zoeira, surpreendeu positivamente a todos em janeiro de 2023 a ponto de anunciar uma sequência. Com data marcada para a estreia nos cinemas em 2025, antes, "M3gan 2.0" lançou trailers geradores de total empolgação para o público que foi fisgado dois anos antes. Contudo, o segundo filme não consegue realizar nem a metade da metade prometido ao som de "Toxic" na voz de Britney Spears.

Até mesmo a bonequinha cibernética assassina, dirigida mais uma vez por Gerard Johnstone, surge na trama perdida. Desta vez, a dançarina que faz jorrar sangue, canta e está mais comedida. Um dos pontos mais negativos e que acontece logo no início da produção, é o fato de demorar horrores para ela aparecer em cena. Seja por primeiramente ter perdido sua estrutura original ou por ser colocada num "corpo" provisório que pouco permite. "M3gan 2.0" parece que deseja ser levado a sério e erra feio, embora lance algumas piadinhas.

Assim, Megan fica sem propósito, tanto quanto o filme todo em suas 2 horas de duração. A boneca assassina dançante chega a perder o protagonismo para a novata Amelia (Ivanna Sakhno), num corpo de mulher, a máquina de matar adulta é focada, uma vez que foi criada a partir da base de dados de Megan com maior aprimoramento. Para acabar com a nova ameaça, Megan precisa retornar e Gemma (Allison Williams) o faz -para a alegria de Cady (Violet Mcgraw, A Maldição da Residência Hill").

Enquanto o filme vai passando, por vezes, quem curtiu o primeiro, fatalmente, irá se perguntar a respeito da necessidade desse retorno. E a resposta é que não, a bonequinha nem mesmo deveria ter voltado, não assim de modo aleatório e com um enredo totalmente fraco. Infelizmente, "M3gan 2.0" não acontece. É chato, sem sentido e descartável, ainda que valha a pena por trazer uma Megan crescida. Por outro lado, fica como um autêntico "M3gan 2.0" o longa "Acompanhante Perfeita", embora seja para maiores.


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"Megan 2.0" (Megan 2.0"). Ingressos on-line neste linkGênero: terror, ficção científicaClassificação: 14 anos. Duração: 2h04. Direção: Gerard Johnstone. Roteiro: Gerard Johnstone, Akela CooperElenco: Ana de Armas, Ian McShane, Anjelica Huston. Sinopse: BDois anos após M3GAN sair do controle, sua criadora, Gemma, tornou-se defensora da regulamentação da I.A. Confira os horários: neste link

Trailer "Megan 2.0"



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.: "Superman": herói menos mártir e mais humano chuta sombras da DCU


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

O melhor filme do "Superman" de todos os tempos não tem vergonha de ser solar - e isso é revolucionário. Em tempos em que super-heróis se tornaram mártires sisudos ou memes ambulantes, o filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 10 de julho, após anos em que o personagem foi soterrado por versões sombrias e soturnas. O filme devolve ao kryptoniano a leveza, a compaixão e a fé na bondade humana. E faz isso sem soar ingênuo - pelo contrário: este é, talvez, o "Superman" mais consciente, político e espirituoso já feito.

O novo longa-metragem de James Gunn não só resgata o idealismo que sempre foi a essência do herói, mas faz isso com ironia, consciência geopolítica e uma química tão explosiva entre os protagonistas que faz qualquer outro casal Clark/Lois parecer encenação de formatura. David Corenswet encarna um Superman que não é aquele escoteiro de moral imaculada, mas um herói humano demais: arrogante em certos momentos, cego em outros, e brilhantemente perdido entre salvar o mundo e pagar o aluguel. 

E a mágica acontece quando entra em cena a Lois Lane de Rachel Brosnahan - espirituosa, sagaz, com faro jornalístico afiado e, finalmente, com olhos que não se enganam diante de um par de óculos. Esqueça a Lois enganada por um disfarce ridículo. Aqui, ela sabe. E isso muda tudo. James Gunn, recém-egresso da Marvel e dos irreverentes personagens de "Guardiões da Galáxia", aplica no filme a mesma alquimia: ação com afeto, humor com consciência e personagens que se contradizem, erram e brilham. "Superman" tem cenas épicas, mas são os detalhes que encantam.

Nicholas Hoult oferece um Lex Luthor de digestão lenta: não é o vilão megalomaníaco instantâneo que o público está habituado a ver, mas uma ameaça que fermenta, cínica e atual, como os verdadeiros tiranos dos tempos de hoje. Gunn não se furta a críticas diretas - há sátiras impiedosas às redes sociais, à cultura da performance e aos ditadores de sempre. Há humor inteligente, que não teme rir da própria mitologia. 

É como se o Superman tivesse bebido do espírito anárquico dos Guardiões da Galáxia, mas com luz solar ao invés de sarcasmo sombrio dos filmes da DC Comics. Há até algo do lirismo dos primeiros "Homem-Aranha", de Sam Raimi, na forma como Gunn filma entre a leveza do voo e a melancolia do dever. O elenco de apoio é um trunfo à parte. Skyler Gisondo é um Jimmy Olsen deliciosamente fora do eixo, enquanto Sara Sampaio surpreende como uma Eve Teschmacher magnética, charmosa e tão tridimensional que merecia um spin-off

Mas quem de fato sequestra o coração da plateia é Krypto, o cachorro da Supergirl. Brilhando em todas as cenas, ele é o elo afetivo entre a insanidade dos poderes e a necessidade de carinho. Falando em Supergirl, Milly Alcock surge como uma força da natureza: imperfeita, irreverente e caótica. Em pouco tempo de tela, ela convence o público de que o futuro da DC pode ser mais feminino, imprevisível e complexo. 

O filme ainda introduz, com timing cômico preciso, heróis como Senhor Incrível (Edi Gathegi) e Lanterna Verde (Guy Gardner) . Eles aliviam a tensão sem parecerem alívio cômico: são presenças integradas, vivas, parte da engrenagem de um universo que parece, pela primeira vez em anos, realmente conectado.

A crítica social está por toda parte: das sátiras mordazes aos ditadores até a zombaria elegante da idiotização causada pelas redes sociais. "Superman" fala de guerras, poder, ego e influência - tudo isso com a leveza de quem não precisa gritar para ser ouvido. O longa sabe onde pisa, e cada fala tem uma espinha crítica sutil, porém contundente. E, sim, há duas cenas pós-créditos. No final, "Superman" não devolve ao público apenas o personagem, mas um sentimento quase extinto nos tempos atuais: a esperança. E isso, vindo de Hollywood, é quase um superpoder.


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Programação do Cineflix Santos
“Superman” | Sala 4
Classificação:
 PG13. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: James Gunn. Elenco: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult e outros. Duração: 2h09. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.


Dublado
9/7/2025 - Quarta-feira: 15h40
10/7/2025 - Quinta-feira: 15h40
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h40
12/7/2025 - Sábado: 15h40
13/7/2025 - Domingo: 15h40
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h40
15/7/2025 - Terça-feira: 15h40
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h40


Legendado
9/7/2025 - Quarta-feira: 18h20 e 21h00
10/7/2025 - Quinta-feira: 18h20 e 21h00
11/7/2025 - Sexta-feira: 18h20 e 21h00
12/7/2025 - Sábado: 18h20 e 21h00
13/7/2025 - Domingo: 18h20 e 21h00
14/7/2025 - Segunda-feira: 18h20 e 21h00
15/7/2025 - Terça-feira: 18h20 e 21h00
16/7/2025 - Quarta-feira: 18h20 e 21h00



.: Entrevista: Bruno Baroni transforma caos hospitalar em comédia de plantão


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Abílio Gil

Ele já salvou vidas com estetoscópio na mão e agora arranca gargalhadas com um jaleco e uma peruca loira. Bruno Baroni, médico formado em 2020 em plena pandemia, decidiu que o hospital também podia ser palco - e viralizou ao transformar o cotidiano tenso das emergências em esquetes que dialogam com milhões de seguidores. Agora, ele leva esse universo para os palcos com a comédia teatral “Eu Também Sou Médico”, que mistura stand-up, personagens hilários e caos institucional com precisão cirúrgica.  O espetáculo fica em cartaz até dia 29 de julho no Teatro Uol, com sessões às terças, às 20h00. Depois, parte em turnê por Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. 

A peça, em parceria com a roteirista e atriz Thaisa Damous, estreia em São Paulo e já tem sessões esgotadas. Na encenação, Bruno dá vida a tipos reconhecíveis por qualquer brasileiro que já passou por um postinho ou UPA: desde a residente insegura até a temida Doutora Dinossauro. Mas é com a enfermeira Sandra, diva do SUS e fenômeno nas redes, que ele conquista plateias e desafia os estereótipos do profissional de saúde.

Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Bruno Baroni fala sobre vaidade médica, humor como remédio, a responsabilidade de rir do que dói - e como sobreviveu ao plantão mais longo do mundo: o da pandemia. Prepare-se para uma consulta fora do comum. E pode rir à vontade: aqui, o convênio é com o bom senso.

Resenhando.com - Você viralizou com a enfermeira Sandra. Mas diga com sinceridade de jaleco: quem é mais difícil de lidar, o algoritmo ou o paciente que “só quer uma dipirona”?
Bruno Baroni - Com toda a certeza o algoritmo! Até porque o algoritmo é algo completamente instável e imprevisível! Eu estudei seis anos de medicina e três anos de pós-graduação em dermatologia, então sou preparado pra tratar e cuidar do paciente! Quando aprendemos medicina, não é ensinado só o tratamento de uma doença, mas tambem aprendemos a como lidar com todas as possíveis complicações que podem acontecer com um paciente! Já o algoritmo, não é algo que aprendemos em lugar nenhum! Ainda mais eu, que cai de paraquedas nesse mundo do entretenimento, sem nenhuma pretensão.

Resenhando.com - A medicina exige precisão. A comédia exige timing. Quando o plantão virou palco e você decidiu que o estetoscópio também podia ser microfone?
Bruno Baroni - A comédia sempre fez parte da minha personalidade! Eu consumia quando criança muito conteúdo de humoristas muito conhecidos, e me identificava naquilo que eu via nos comediantes! Eu sempre tive esse olhar mais cênico das coisas, e conseguia visualizar cenas na minha cabeça de coisas do cotidiano que poderiam ser traduzidas em cenas de comédia! Quando o meu reconhecimento na internet aconteceu eu vi que eu conseguia levar pras pessoas o meu ponto de vista das coisas! Mas eu sinto que eu tenho uma necessidade de levar o riso pras pessoas de uma maneira mais próxima! Quero estar de frente com as pessoas! Eu me juntei com minha amiga roteirista Thaisa Damous em dezembro e decidi! Vamos escrever juntos uma peça, e vamos pros palcos!


Resenhando.com - 
Qual foi a primeira vez que você riu - de nervoso - dentro de um hospital? E teve que disfarçar com um “licença, vou ali buscar o prontuário”?
Bruno Baroni - É dificil lembrar de um momento específico! Ate porque minha memória é uma coisa a ser estudada, de tão enferrujada! Mas eu me lembro de momentos que me marcavam! Os momentos de alegria e risos na hora do café, quando todos os setores se juntavam em um só lugar pra fofocar e
compartilhar histórias! Enfermeiros, técnicos, médicos, auxiliares de limpeza, recepcionistas, todos em um só lugar rindo em unidade! Aquilo me trazia um conforto tão grande! Eu sempre sentia que o riso trazia as pessoas a se unir! Aqueles momentos para mim eram mágicos!


Resenhando.com - 
“Eu Também Sou Médico” mistura stand-up, teatro e caos hospitalar. Você aredita que, no fundo, médicos e atores vivem do mesmo combustível: improviso e vaidade?
Bruno Baroni - Não acredito que os médicos e atores vivam de um combustível de improviso e vaidade! Até porque os atores e médicos devem fazer uma desconstrução do ego, tanto para ter empatia e se colocar no lugar do paciente, quanto nos palcos quando se entrega a um papel de algum personagem!


Resenhando.com - 
Sandra, sua enfermeira pop, virou oráculo da saúde pública nas redes. O que ela diria hoje para um estudante do primeiro ano de medicina? 
Bruno Baroni - Ela diria para colar na enfermagem! E sempre tratar todo o setor de maneira educada! Porque uma boa relação com a equipe do plantão faz com que o trabalho flua muito melhor! Ainda mais quando estamos começando! Todos estão ali para te ajudar, e te ver ajudar o próximo


Resenhando.com - 
Entre a pandemia e a fama, o que você aprendeu sobre remédio que não se compra em farmácia?
Bruno Baroni - A empatia! Saber se colocar no lugar do outro é algo que não se compra. E é o diferencial na hora de formar um profissional competente e humanizado. Saber entender as dificuldades e medos do meu paciente, e saber cuidar de forma individualizada cada pessoa!

Resenhando.com - Você se formou em 2020, no meio do colapso. Agora estreia nos palcos. Como foi sair da linha de frente da UTI direto para a coxia do teatro?
Bruno Baroni - Desde o último ano de faculdade comecei a fazer videos para a internet, e meu
crescimento aconteceu de forma muito espontânea e exponencial! Minha paixão pela comédia só foi
crescendo a cada ano! Eu tenho um prazer enorme em fazer o outro rir, tirar uma gargalhada de alguém!
E eu queria muito levar isso pras pessoas pessoalmente e nao só pela tela do celular!


Resenhando.com - 
Você está com quase três milhões de seguidores e uma peça em turnê. Em que
momento você se deu conta de que também era 
artista - e não só médico comediante?
Bruno Baroni - Nunca me enxerguei so como um médico comediante! Sentia que eu era um profissional multifacetado! Ao mesmo tempo medico, ao mesmo tempo humorista, criador de conteúdo!
Mas senti que queria essa mudada de chave na carreira indo pros palcos pra sentir o calor do publico!
Transformar aquele publico das redes em publico que eu poderia enxergar, abraçar e agradecer por todo
o carinho que me deram. Porque foi esse carinho que me fez chegar até aqui! Foi esse carinho que me
fez me sentir talvez o artista que sou hoje!


Ficha técnica
Espetáculo “Eu Também Sou Médico”
Elenco: Bruno Baroni e Thaisa Damous
Texto: Bruno Baroni e Thaisa Damous
Direção: Camila Vaz e Thaisa Damous
Produção: Ika Tronco
Figurino: Danilo Diniz
Iluminação: Vini
Cenografia: Grazi Bastos
Assessoria de Imprensa: Angelina Colicchio e Diogo Locci - Pevi 56 


Serviço
Espetáculo “Eu Também Sou Médico”
Teatro Uol (Av. Higienópolis, 618 - Consolação)
Até dia 29 de julho, terças-feiras, às 20h00
Ingressos: entre R$ 45,00 e R$ 120,00. À venda pelo site do Teatro Uol
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos

.: Com mais de 40 anos, "Brasil: Nunca Mais" terá primeiro lançamento público


Primeiro lançamento público em 40 anos, terá programação com exposição, parte da equipe que fez o livro e roda de conversa com autógrafos

O Memorial da Resistência de São Paulo, com a Editora Vozes, realiza neste sábado, dia 12 de julho, a partir das 14h00, o evento “Brasil: Nunca Mais - 40 Anos”, em celebração às quatro décadas da publicação da obra que se tornou referência na luta pelos direitos humanos no Brasil. É a 43ª edição do livro e o primeiro lançamento público do livro em 40 anos, com presença de parte da equipe que driblou a ditadura em um trabalho realizado em sigilo absoluto que recebeu o codinome de “Projeto A”.

Entre as presenças confirmadas, estão Paulo Vannuchi -  jornalista, ex-preso político, ex-ministro dos Direitos Humanos e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; Frei Betto - Frade Dominicano, jornalista, escritor brasileiro e ex-preso político; e Ricardo Kotscho - jornalista, escritor e secretário de imprensa no governo Lula 1. Conhecido como a mais ampla pesquisa já realizada pela sociedade civil sobre a tortura no Brasil durante a Ditadura Civil-Militar (1964–1985), o livro "Brasil: Nunca Mais", lançado em julho de 1985, ficou 92 semanas na lista dos livros mais vendidos de não ficção no Brasil.

Empreendido entre 1979 e 1985, o projeto "Brasil: Nunca Mais" é a mais ampla pesquisa já realizada pela sociedade civil sobre a tortura no Brasil durante a Ditadura Civil-Militar (1964–1985), o projeto foi conduzido sob sigilo por advogados, jornalistas e defensores de direitos humanos, que acessaram legalmente os arquivos do Superior Tribunal Militar (STM) e fez cópias de mais de 700 mil páginas de processos, nos quais vítimas e testemunhas relataram torturas, prisões arbitrárias e outros crimes cometidos por agentes do Estado.

Com base nesse vasto material documental, o livro revelou ao público nacional e internacional a dimensão das violações sistemáticas dos direitos humanos no Brasil, se tornando um marco na redemocratização e na construção de políticas de memória e justiça. A publicação teve repercussão imediata e "Brasil: Nunca Mais" ficou 92 semanas na lista dos livros mais vendidos de não-ficção no Brasil quando foi lançado, além de ter sido publicado simultaneamente no exterior como estratégia de proteção e visibilidade. A iniciativa inspirou projetos semelhantes em outros países da América Latina e ajudou a consolidar o debate sobre verdade, reparação e justiça de transição.

A programação do evento inicia-se com uma visita mediada pelo curador da exposição, Diego Matos, seguida de uma mesa com convidados que participaram da redação e coordenação editorial do livro, com mediação do jornalista Camilo Vannuchi, que também apresentará seu novo podcast sobre a memória do projeto "Brasil: Nunca Mais". O encerramento terá venda da edição comemorativa da obra (43ª edição) pela Editora Vozes, coquetel de confraternização e sessão de autógrafos do livro.
 

Curiosidades sobre o projeto
O trabalho foi realizado em sigilo absoluto e recebeu o codinome de “Projeto A”. Os documentos copiados foram enviados para fora do Brasil e microfilmados nos Estados Unidos, para garantir sua segurança. A produção contou com o apoio logístico da Arquidiocese de São Paulo, tornando-se um raro caso de cooperação entre igrejas cristãs e movimentos de direitos humanos durante a ditadura. A sistematização dos dados resultou em um dos primeiros grandes bancos de dados sobre violações de direitos humanos na América Latina. “Compre a edição comemorativa de 40 anos de "Brasil: Nunca Mais" neste link.

Equipe do projeto BNM, legenda da Esquerda para a direita: Dom Paulo Evaristo Arns, Reverendo Jaime Wright, Philipe Potter- secretário de Conselho Mundial de Igrejas, Charles Roy Harper Jr.- Pastor brasileiro e membro do Conselho Mundial de Igrejas em Genebra.  Rabino Henry Sobel, o jurista Hélio Bicudo,  Frei Betto, Paulo de Tarso Vannuchi, Luiz Eduardo Greenhalgh, Ricardo Kotscho, Eny Raimundo Moreira, Leda Corazza, Carlos Lichtsztejn, Anivaldo Padilha, Luis Carlos Sigmaringa Seixas, Marco Aurélio Garcia e Petrônio Pereira de Souza 


Programação
Espaço expositivo - 3º andar
14h00 | Visita mediada à exposição temporária Uma Vertigem Visionária — Brasil: Nunca Mais, com o curador Diego Matos
Inscrições abertas: Visita mediada "Uma Vertigem Visionária - Brasil: Nunca Mais" (vagas limitadas)

Auditório - 5º andar
15h00 | Abertura oficial
Com Ana Pato, Diretora Técnica do Memorial da Resistência de São Paulo, e Thiago Alexandre Haykawa, diretor da Editora Vozes.

15h15 | Apresentação e lançamento da série em podcast "Nunca Mais"
Produção pela NAV Reportagens e narrado pelo jornalista e escritor Camilo Vannuchi.

15h30 | Mesa de debate “Brasil: Nunca Mais - 40 Anos”
Com a participação de Paulo Vannuchi, jornalista e cientista político; Ricardo Kotscho, jornalista e escritor; e Frei Betto, frade dominicano e escritor — ambos diretamente envolvidos na elaboração do projeto original. A mediação será conduzida pelo jornalista e escritor Camilo Vannuchi.

16h30 | Confraternização
Coquetel, venda de livros e sessão de autógrafos

16h30 | Coquetel e sessão de autógrafos

Memorial da Resistência de São Paulo
Largo General Osório, 66 – Santa Efigênia / São Paulo - SP

.: Maria Adelaide Amaral autografa "O Bruxo" na Livraria das Perdizes


A consagrada escritora Maria Adelaide Amaral convida o público para o relançamento de "O Bruxo", obra que retorna às livrarias em edição revista, com prefácio inédito da própria dramaturga e apresentação de Andréa del Fuego. O evento acontece neste sábado, dia 12 de julho, das 15h00 às 18h00, na Livraria das Perdizes, em São Paulo, com sessão de autógrafos e encontro com leitores.

O romance acompanha Ana, uma escritora de meia-idade que, diante do fim de um casamento de 25 anos, mergulha em questões existenciais e afetivas. Ao buscar respostas fora da racionalidade com a ajuda de um místico, a protagonista embarca em uma jornada de reencontro consigo mesma, marcada por embates familiares, descobertas e transformações profundas.

Em "O Bruxo", publicação da editora Instante, a autora trata de temas como amor, envelhecimento, amizade, doença e renascimento, e lança um olhar agudo sobre as contradições humanas. A escrita precisa e sensível de Maria Adelaide Amaral conduz o leitor por uma trama que dialoga com a experiência feminina e os dilemas universais do viver. Com mais de 30 obras publicadas e uma trajetória premiada no teatro, literatura e televisão, a autora é uma das vozes mais potentes da cultura brasileira. Compre o livro "O Bruxo" neste link.


Serviço:
Lançamento do livro "O Bruxo", de Maria Adelaide Amaral
Sábado, dia 12 de julho
Das 15h00 às 18h00
Livraria das Perdizes 
Rua Bartira, 317, Perdizes - São Paulo / SP
Entrada: franca – estacionamento no local 

.: Mercadão recebe exposição de grafite para celebrar o Mês do Rock


Mostra gratuita reúne telas inspiradas em ícones como Rita Lee, Beatles, Chorão e Elvis Presley. Na imagem, obra da grafiteira Tia Bob

O Mercado Municipal Paulistano, o Mercadão, recebe, de 9 a 30 de julho de 2025, a exposição “Retratos do Rock”, uma mostra de grafite em homenagem ao Mês do Rock. As obras celebram grandes nomes do gênero no Brasil e no mundo, como Rita Lee, The Beatles, Chorão, Elvis Presley e André Matos, e propõem um encontro entre música e arte urbana. 

A iniciativa é realizada pelo Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e Catavento Cultural e Educacional, por meio das Fábricas de Cultura, em parceria com a Mercado SP, concessionária que administra o Mercadão e o Mercado Kinjo Yamato.  

“O rock é mais do que música, é expressão, contestação e liberdade. Trazer essa linguagem para o Mercadão através do grafite é uma forma de manter viva a conexão entre arte, cultura e o espírito urbano da cidade”, afirma Aldo Bonametti, CEO da Mercado SP. 

A exposição reúne 11 obras produzidas por grafiteiros que atuam nos territórios das Fábricas de Cultura. Cada tela traduz a energia, a atitude e os valores que o rock representa - liberdade, resistência e crítica social - aproximando diferentes gerações por meio da linguagem visual. Assinam as obras os artistas Tia Bob (@jaqueline.tiabob), Faty (@faty.damafiagirls), Nany Dias (@nanydias1), Ana Kia (@art.ana.kia), Mandi (@mandirodrigo), Melancia (@robsonmelancia), Mel Zabunov (@mel.zabunov), Rico (@rico.artes) e Banguone (@banguone). 


Serviço
Exposição “Retratos do Rock”
Local: Hall de entrada do Espaço de Gastronomia e Cultura do Mercadão 
Período: De 9 a 30 de julho de 2025 
Entrada gratuita 
Endereço: Rua da Cantareira, 306 - Centro Histórico de São Paulo 

.: TV Cultura exibe premiada animação brasileira "Fabulosos João e Maria"


Neste sábado, dia 12 de julho, a TV Cultura exibe a animação "Fabulosos João e Maria", uma releitura contemporânea do clássico infantil "João e Maria", invertendo vários aspectos da história original. O filme vai ao ar às 14h15, na faixa "Matinê Cultura".

 O longa-metragem é inspirado em uma das histórias dos Irmãos Grimm, com direção de Arnaldo Galvão e roteiro junto a Flavio de Souza. Na história, João e Maria fogem para a floresta encantada para escapar de um reformatório, depois que perdem sua casa. Lá, eles encontram seus avós espirituais, mas também se deparam com uma bruxa malvada.

Esta é a primeira exibição de "Fabulosos João e Maria", após a estreia nos cinemas, que ocorreu em fevereiro deste ano. A animação foi selecionada para mais de 50 festivais de animação, nos quais ganhou 18 prêmios principais, como Royal Society of Television & Motion Picture Awards, Gangtok International Film Festival e Calcutta International Cult Film Festival.

terça-feira, 8 de julho de 2025

.: Entrevista com Ricardo Martins: a imagem como dívida e ponte


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Mara Iga

Em tempos de ruído, Ricardo Martins escolheu escutar. Ouviu a mata pulsando sob os pés, os xapiripë sussurrando entre galhos, e o chamado de um povo que ainda insiste em existir com dignidade onde quase tudo conspira contra. Consagrado por capturar a beleza bruta da natureza brasileira, o fotógrafo e documentarista se jogou em uma das mais radicais experiências da carreira: conviver com os Yanomami, um dos últimos povos originários isolados da floresta amazônica, e registrar a intimidade deles  sem invadi-la.

Surgiram daí o livro “Os Últimos Filhos da Floresta” e a série “Aventura Fotográfica Yanomami”, que estrearam no MIS-SP como um chamado poético, político e urgente. Mas este não é apenas mais um projeto de imagens: é também um gesto de devolução. Parte da renda financia a construção de uma escola na aldeia Hemare Pi Wei, um pedido das lideranças indígenas e um símbolo da ponte possível entre mundos.

Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Ricardo Martins conversa sobre fronteiras éticas, espiritualidade, colonialismo contemporâneo, fotografia como afeto - e sobre o que, mesmo depois de 15 livros, ele ainda não conseguiu traduzir com uma lente. Prepare-se para mergulhar em um território onde o retrato vira reza, a arte vira dívida, e a floresta, enfim, responde. Compre os livros de Ricardo Martins neste link. 

Resenhando.com - Você já fotografou vales, serras, bichos e cidades. Mas e os silêncios dos Yanomami - você conseguiu capturar algum nas imagens? Justifique.
Ricardo Martins - Os silêncios dos Yanomami aparecem no gesto de uma criança que observa quieta, no olhar profundo de um ancião, no intervalo entre uma palavra e outra dita ao redor da fogueira. Eu tentei, com todo respeito, deixar espaço para que esses silêncios respirassem dentro das imagens — sem invadir, sem traduzir demais. Acho que quem vê as fotos com o coração aberto, talvez consiga ouvi-los também.


Resenhando.com - Ao ouvir de um líder indígena que seu nome “ecoou pela floresta”, o que ecoou em você naquele instante? Algum Ricardo ficou pra trás?
Ricardo Martins - Naquela hora, não ecoou só o meu nome — ecoou tudo o que eu vivi até chegar ali. Ecoaram as escolhas, as renúncias, as perguntas que me acompanham desde sempre. Um Ricardo mais apressado, mais urbano, mais ansioso ficou pra trás sim. Porque ali, na floresta, o tempo é outro. O ouvir é outro. E ser chamado de verdade por alguém que carrega a sabedoria do território me fez entender que eu estava sendo visto, mas também sendo acolhido.


Resenhando.com - “Os Últimos Filhos da Floresta” é um título quase apocalíptico. Você o escolheu com tristeza, urgência ou revolta?
Ricardo Martins - Eu escolhi com um pouco de tudo isso: tristeza, urgência e revolta. Mas acima de tudo, com amor. O título não é um fim — é um grito. Um aviso. Os Yanomami são guardiões de um mundo que está desaparecendo, e a gente precisa parar de fingir que isso não está acontecendo. O livro é um tributo, mas também é um alarme.


Resenhando.com - Documentar é escolher o que entra no enquadramento. Do que você teve que abrir mão para respeitar o invisível sagrado dos Yanomami?
Ricardo Martins - Abri mão da pressa. Abri mão da lógica do “conteúdo” que tudo quer mostrar. Não fotografei cerimônias que me pediram para não registrar. Não fiz perguntas que atravessassem barreiras sagradas. Eu estava ali como hóspede, e mais do que documentar, eu precisava escutar — mesmo quando a escuta era em silêncio.


Resenhando.com - Na hora de dormir na mata ou presenciar um ritual, em que momento o fotógrafo cedeu lugar ao homem?
Ricardo Martins - Quando escurece na floresta e o barulho do mundo de fora some, é o homem que sente medo, frio, beleza, presença. Nessas horas, a câmera até pode estar ao lado, mas ela perde força. Eu dormi em rede, me alimentei com eles, vivi o dia como eles vivem. E percebi que fotografar também é um gesto humano, mas ele precisa vir depois da escuta, depois do respeito.


Resenhando.com - Sua contrapartida foi a construção de uma escola. Você acredita que a câmera pode ser um tipo de ponte - ou também pode ser um invasor disfarçado?
Ricardo Martins - Ela pode ser os dois. Tudo depende de como se usa, de onde vem o olhar. Se você entra com a câmera como se ela fosse uma arma ou um troféu, ela vira invasora. Mas se ela vem junto com o coração, com o tempo, com o propósito verdadeiro — ela vira ponte. Minha intenção com o projeto sempre foi devolver algo real, algo que ficasse. A escola é essa devolução concreta. A fotografia, espero, seja também.


Resenhando.com - Os xapiripë, os espíritos brincalhões da floresta, aparecem nas fotos? Ou são justamente aquilo que escapa de toda lente?
Ricardo Martins - Eles escapam, claro. E ainda bem que escapam. A fotografia pode até registrar uma atmosfera, um brilho estranho na neblina, um movimento sutil… Mas os xapiripë vivem num plano que não se deixa capturar. Eles dançam no invisível. E talvez, quem olhar com atenção, sinta a presença deles - mesmo que não veja.


Resenhando.com - Se fosse possível mostrar apenas uma imagem desse projeto ao presidente da República, qual seria — e o que ela gritaria, em silêncio, para ele?
Ricardo Martins - Seria exatamente a fotografia da capa do livro: o retrato direto, firme e silencioso. O olhar dele atravessa quem vê, como se dissesse: “Nós estamos aqui. Seguimos de pé.” Essa imagem não precisa de legenda. Ela carrega dignidade, história e uma força ancestral que não se curva. A pintura no rosto, o cocar, a mão apoiada - tudo ali é resistência e sabedoria. Ela grita em silêncio: “Nos respeite. Nos proteja. Pare de fingir que não vê.” Mostrá-la ao presidente seria como obrigá-lo a encarar o que muitos ainda insistem em ignorar: que os povos originários não são passado. São presente. E precisam de políticas, não de promessas. Essa foto é um espelho. E quem a encara de verdade, precisa se perguntar: de que lado da história eu estou?

Resenhando.com - Você já retratou a Amazônia como paisagem. Agora, a retrata como corpo. Como isso transformou sua forma de existir no mundo?
Ricardo Martins - Antes, a floresta era horizonte. Agora, é pele. É carne. É o cheiro do urucum, o som dos passos leves, o gosto da mandioca. Conviver com os Yanomami me tirou da posição de observador e me colocou num lugar de troca. Hoje, carrego a floresta dentro — não como uma ideia bonita, mas como um compromisso.


Resenhando.com - Depois de 15 livros e tantas expedições, o que a floresta ainda te nega? E o que você ainda não teve coragem de perguntar a ela?
Ricardo Martins - A floresta ainda me nega todas as respostas prontas. E talvez esse seja o maior presente. Eu ainda não tive coragem de perguntar se estou pronto pra parar. Porque acho que no fundo, enquanto houver floresta viva e gente lutando por ela, meu caminho ainda é esse: contar, mostrar, devolver.

.: "Cidade Partida - 30 Anos Depois" é o relato de um Brasil que ainda sangra


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Quando Zuenir Ventura lançou "Cidade Partida" em 1994, o Brasil ainda não havia cicatrizado as feridas da chacina da Candelária e do massacre em Vigário Geral. O que o jornalista fez não foi apenas reportar: foi desvelar, palavra que, aliás, aparece com frequência nos depoimentos que compõem esta nova edição-homenagem, organizada por Elisa Ventura, Isabella Rosado Nunes e Mauro Ventura. Trinta anos depois, a expressão que Zuenir criou virou clichê e, pior, realidade permanente.

"Cidade Partida - 30 Anos Depois", publicado pela Pallas Editora, não é uma simples reedição com nova capa ou posfácio requentado. É um mergulho coletivo na ferida aberta por um dos livros-reportagem mais contundentes da história recente. É também um tributo ao ofício do jornalismo que ainda ousa ouvir vozes silenciadas, ao poder da escuta como gesto político e, sobretudo, a um homem de 93 anos que ainda sonha com uma cidade unida.

Com uma entrevista inédita de Zuenir realizada em 2024, e reflexões assinadas por nomes como Luiz Eduardo Soares, Tainá de Paula, Silvia Ramos e Eliana Sousa Silva, o livro atualiza a pergunta que jamais deveria ter sido esquecida: quantas cidades cabem dentro do Rio de Janeiro? Zuenir relata, com a simplicidade que só os grandes dominam, a incursão de dez meses em Vigário Geral após a chacina de 1993. 

Como um homem branco da Zona Sul que ousou atravessar os túneis - físicos e simbólicos - que separam o “asfalto” da favela, ele oferece ao leitor, ainda hoje, uma lição de desconforto. Não o desconforto do medo, mas o do espanto ético: como pode um país suportar tanta desigualdade e ainda fingir normalidade? A crítica que se fazia em 1994 é dolorosamente atual. 

Se antes se falava de uma “cidade partida”, hoje Zuenir admite: existe uma cidade “tripartida”, tomada por narcomilícias, milícias, Estado paralelo e um poder público ausente - ou, pior, conivente. Os textos que acompanham esta edição especial ampliam a obra original. São vozes que vivem e pensam o Rio de Janeiro das múltiplas violências e resistência e questionam o rótulo de “cidade partida” como um reducionismo perigoso. 

Eliana Sousa Silva, por exemplo, afirma que não se trata de uma cidade cortada ao meio, mas de uma cidade estruturalmente desigual, onde o racismo, a exclusão e a hierarquização da vida moldam o espaço urbano. O livro acerta ao propor um contraponto geracional, ao mesclar especialistas, ativistas, artistas, educadores e moradores de favelas. A entrevista com DJ Marlboro - ao lado de Juju Rude e Anderson Sá - mostra que o funk, há décadas demonizado, foi e ainda é uma das linguagens que mais conecta as margens ao centro, embora siga sendo desmerecido por isso.

"Cidade Partida - 30 Anos Depois" é um livro necessário e que exige um posicionamento ético. Quem ainda se emociona com a beleza do Rio de Janeiro precisa, antes, encarar a feiura social. Quem sonha com um Brasil mais justo, deve ouvir os ecos entre os muros que separam os ricos dos pobres. O livro-reportagem virou um conceito, uma lente através da qual o Brasil passou a enxergar o Rio de Janeiro - e, por extensão, as próprias contradições.

O que se encontra neste volume é um testemunho coletivo sobre o espanto que persiste. O susto de perceber que a realidade pouco mudou desde as chacinas da Candelária e de Vigário Geral, eventos que motivaram Zuenir a mergulhar por dez meses na favela de Vigário, acompanhado pelo sociólogo Caio Ferraz, na tentativa de entender o que há por trás da violência, da exclusão e da indiferença.

Mais do que denunciar, o livro propôs escuta. A nova edição reflete sobre os avanços, os retrocessos e as permanências da desigualdade urbana. A obra reúne também entrevistas com personagens emblemáticos como Rubem César Fernandes, Manoel Ribeiro, José Junior e João Roberto Ripper. A crítica social que antes soava como alerta agora ecoa como a crônica de uma tragédia anunciada, diante do fortalecimento de milícias e da ausência efetiva do Estado em territórios inteiros.

O mérito maior da publicação está em reconectar o jornalismo literário de Zuenir Ventura à realidade presente, sem perder de vista a complexidade da cidade. O relato do jornalista ao entrevistar o traficante Flávio Negão - com quem conversa tentando entender não apenas os crimes, mas as motivações, a lógica de sobrevivência e o senso de humanidade - continua sendo um dos pontos mais polêmicos e valiosos da obra. Não por glamurizar o criminoso, mas por se recusar a desumanizá-lo.

Trata-se de uma edição que também atualiza o debate sobre representatividade, políticas públicas, cultura periférica, direito à cidade e racismo estrutural. "Cidade Partida - 30 Anos Depois" é, portanto, um documento vivo, provocador e necessário. É o Brasil que se vê dividido e precisa, mais do que nunca, reagir. Talvez o momento mais comovente da obra esteja na voz do próprio autor. 

Quando ele diz, com certa frustração, que ainda não conseguiu escrever o livro sobre a “cidade unida” que tanto sonhou, não se ouve a resignação de um jornalista veterano, mas a persistência de um ideal: o de que narrar o abismo é também uma forma de construir pontes. Compre o livro "Cidade Partida - 30 Anos Depois" neste link.


.: David Corenswet assume o manto de “Superman” em sessões antecipadas


O herói mais emblemático dos quadrinhos retorna às telonas em "Superman", um dos lançamentos mais aguardados de 2025. Com direção de James Gunn, o novo filme não apenas apresenta um Clark Kent em início de carreira jornalística, mas também resgata a essência do herói movido pela compaixão e pela fé na humanidade. Em Santos, no Cineflix, haverá sessões antecipadas. Na terça-feira, dia 8 de julho, às 20h00, o cinema do Miramar Shopping recebe na Sala 4. Quarta-feira, dia 9, haverá sessões às 15h40, em versão dublada e, na versão legendada, às 18h20 e 21h00. 

No papel que já pertenceu a nomes como Christopher Reeve, Dean Cain, Tom Welling e Henry Cavill, agora é David Corenswet quem veste a capa e encara o desafio de representar o kryptoniano mais famoso da cultura pop. E ele não está sozinho: Rachel Brosnahan vive uma Lois Lane espirituosa, enquanto Nicholas Hoult dá vida a um Lex Luthor promissoramente ameaçador.

O filme marca o pontapé inicial do chamado "Capítulo Um: deuses e Monstros", nova fase do Universo Cinematográfico da DC (DCU), com uma abordagem menos sombria e mais inspiradora. A produção reúne um elenco de peso que inclui ainda Isabela Merced ("Mulher-Gavião"), Nathan Fillion ("Lanterna Verde"), Edi Gathegi ("Senhor Incrível"), Anthony Carrigan ("Metamorfo"), além de Neva Howell e Pruit Taylor Vince como os pais adotivos de Clark, Martha e Jonathan Kent.

Com 2 horas e 9 minutos de duração, a produção já desperta especulações entre os fãs mais atentos. Em sua conta no Threads, Gunn confirmou que o tempo inclui os créditos e possíveis cenas pós-créditos, levantando expectativas sobre a introdução de personagens do futuro do DCU. Um dos palpites mais fortes é a aparição de "Supergirl", vivida por Milly Alcock ("House of the Dragon"), cujo filme solo, "Woman of Tomorrow", já tem estreia marcada para julho de 2026.

Outro detalhe que promete emocionar os fãs mais nostálgicos é a participação especial de Will Reeve, filho do eterno Christopher Reeve, numa homenagem discreta, mas simbólica, à trajetória cinematográfica do herói. “Superman” tem estreia oficial agendada para o dia 10 de julho, mas os fãs santistas poderão conferir o longa em sessões antecipadas na Sala 4 do Cineflix Santos. É uma oportunidade imperdível para reencontrar um Superman que, enfim, volta a acreditar - e nos faz acreditar também - no poder da bondade.


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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Programação do Cineflix Santos
“Superman” | Sala 4
Classificação:
 PG13. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: James Gunn. Elenco: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult e outros. Duração: 2h09. Cenas pós-créditos: sim. Cineflix Santos | Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP.

Dublado
8/7/2025 - Terça-feira: 15h40
9/7/2025 - Quarta-feira: 15h40
10/7/2025 - Quinta-feira: 15h40
11/7/2025 - Sexta-feira: 15h40
12/7/2025 - Sábado: 15h40
13/7/2025 - Domingo: 15h40
14/7/2025 - Segunda-feira: 15h40
15/7/2025 - Terça-feira: 15h40
16/7/2025 - Quarta-feira: 15h40

Legendado
8/7/2025 - Terça-feira: 20h00
9/7/2025 - Quarta-feira: 18h20 e 21h00
10/7/2025 - Quinta-feira: 18h20 e 21h00
11/7/2025 - Sexta-feira: 18h20 e 21h00
12/7/2025 - Sábado: 18h20 e 21h00
13/7/2025 - Domingo: 18h20 e 21h00
14/7/2025 - Segunda-feira: 18h20 e 21h00
15/7/2025 - Terça-feira: 18h20 e 21h00
16/7/2025 - Quarta-feira: 18h20 e 21h00

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